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Aula de 09 de março de 2020 - contrato de troca - estimatorio - conceito de doação

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Aula de 09/03/2020
Do contrato de Troca (artigo 533 do CC)
Do Contrato de Troca ou Permuta
Trata-se de uma das modalidades de contratos das mais antigas, mesmo antes do desenvolvimento da compreensão do sistema moderno, consistindo seu conceito em síntese em um “Negócio jurídico em que as partes se obrigam a entregar reciprocamente coisas, que não seja dinheiro”.
A proximidade de tal modalidade contratual com o contrato de compra e venda é evidente, pois, a final de contas, o que é uma troca senão uma compra que se paga com um ou outro Bem, em vez de pecúnia?
Das características do contrato de troca:
Trata-se de um contrato Bilateral, na medida em que implicam direitos e obrigações para ambos os contratantes, nada impede, porém, que se apresente na modalidade Multilateral ou Plurilateral, caso concorram mais de dois contraentes com obrigações, desde que seja assim estabelecido pela autonomia da vontade, por exemplo: (Marina troca a figurinha X com Nathalia, em contraprestação à figurinha Y de Carol, que, por sua vez, receberá a figurinha Z de que Nathalia era detentora).
Ou seja, possui vários polos que podem fazer parte da mesma troca ou do mesmo fato jurídico.
A troca é um contrato Oneroso, mesmo não tendo a entrega de pecúnia, nesta modalidade, não a torna um contrato gratuito, de fato, cada benefício recebido, significa um sacrifício patrimonial, sendo aplicáveis, todas as peculiaridades de tal característica, por exemplo, a exceção do contrato não cumprido, ou seja, se não haver a entrega de um bem, não há a obrigação da entrega de outro, respectivamente.
A troca é um contrato Comutativo, ou seja, as obrigações devem equivaler-se juridicamente, conhecendo os contratantes as suas respectivas prestações, pelo que se fala, tal correspondência não será necessariamente econômica, a depender da autonomia da vontade das partes.
A Permuta será válida, enquanto não se provar grande desigualdade de valores, se os valores forem iguais ou inferiores a 50% (do valor de cada bem) substituirá a permuta, ou seja, se o valor a ser pago, seja maior ao valor de 50% do objeto do contrato de troca, a doutrina majoritária, sustenta que descaracterizará a troca.
Pelas suas próprias peculiaridades, a troca ou permuta, em regra, pressupõe que as partes, estejam em iguais condições de negociação, estabelecendo livremente as cláusulas contratuais na fase de “puntuação” (FASE DE NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES OU FASE DE PUNTUAÇÃO esta é a primeira fase na formação de um contrato civil), considerando-se assim, um contrato paritário[footnoteRef:1]. [1: Contratos paritários são aqueles em que as partes interessadas, colocadas em pé de igualdade, discutem, os termos do ato negocial, eliminando os pontos divergentes mediante transigência mútua. O contrato paritário ocorre quando você negocia o contrato, como por exemplo, aluguel de um imóvel.] 
A priori, se trata de um contrato não solene, porém, pode revestir-se necessariamente de solenidade como é o caso de troca de bens imóveis, em que há exigência legal da escritura e do registro no Cartório de Registro de Imóveis (CRI) (art. 108 do CC).
Tal qual na compra e venda o contrato de permuta, é consensual, pois, se concretiza, com a manifestação da vontade, produzindo de imediato seus efeitos jurídicos obrigacionais sem operar de per si a transferência da propriedade, se não a simples obrigação de fazê-lo. 
Trata-se de um contrato nominado, pois, há designação, (nome), sendo a sua existência de uma disciplina legal, é um contrato típico.
Quanto ao tempo, a troca é um contrato instantâneo, já que seus efeitos são produzidos de uma só vez, podendo materializar-se como um contrato de execução imediata, quanto de execução diferida, a depender da situação fática em que a produção concentrada de efeitos se dê ipso facto (pelo próprio fato) à avença ou em data posterior à celebração.
 Do Contrato Estimatório ou Contrato de Consignação
Previsto nos artigos 534[footnoteRef:2] a 537 do Código Civil, também conhecido por contrato de venda em consignação, o contrato estimatório é aquele em que o consignante entrega o um ou vários Bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada. [2: Art. 534 
Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada.
] 
 A propriedade da coisa entregue para venda não é transferida ao consignatário e, após recebida a coisa, este assume uma obrigação alternativa de restituir a coisa ou de pagar o preço dela ao consignante.
 Os riscos das perdas, deterioração são do consignatário, que suporta a perda ou deterioração da coisa, mesmo que não concorra para a substituição, como por exemplo, fatos naturais, ou não resguardar adequadamente a coisa, não se exonerando da obrigação de pagar o preço, ainda que a restituição se impossibilite sem culpa sua.
Uma sugestão prática e moderna é a contratação de seguros e resseguros para preservar os riscos do contrato.
Do Contrato de Doação
O conceito de contrato de Doação, deve ser extraído a conceituação do texto da lei, onde o artigo 538 do CC define: “Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra”.
Enfim, doação é o contrato pelo qual denominado doador, por ato de liberalidade ou de beneficência, transfere seu patrimônio, algum bem e outra pessoa aceita essa liberalidade, essa pessoa que aceita receber os bens ou um único bem é chamada de donatário.
Por se tratar de vontade, necessariamente, se trata de um contrato, onde uma pessoa disponibiliza seu patrimônio, e outra parte aceita ou não:
Contratual; Trata-se de um contrato, em regra, gratuito, unilateral, consensual e solene.
Gratuito; porque constitui uma liberalidade, não sendo imposto qualquer ônus ao encargo ao beneficiário. Será, no entanto,
Oneroso; se houver tal imposição.
Unilateral; porque cria obrigação para somente uma das partes. Contudo, será bilateral, quando modal ou com encargo para o beneficente.
Consensual; porque se aperfeiçoa com o acordo de vontade entre o doador e donatário, independentemente da entrega da coisa.
Do conceito legal ressaltam os seus traços característicos:
a) a natureza contratual;
b) o animus donandi, ou seja, a intenção de fazer uma liberalidade;
c) a transferência de bens para o patrimônio do donatário; e
d) a aceitação deste.
O primeiro nem precisaria, a rigor, ser mencionado, pois o fato de a doação estar regulada no capítulo dos contratos em espécie já evidencia a sua natureza contratual e, ipso facto, a necessidade da aceitação, cuja menção foi dispensada. Mas o legislador o incluiu, como foi dito, para demonstrar ter optado pela corrente que a considera um contrato.
Assim, o contrato é composto de duas partes – doador e donatário.
A liberalidade ou “animus donandi” é elemento essencial para a configuração da doação, tendo o significado de ação desinteressada de dar a outrem, sem estar obrigada, parte do próprio patrimônio. No direito italiano alude-se a “espírito de liberalidade”, o qual não se aperfeiçoa apenas com a atribuição patrimonial sem contraprestação, mas com a existência, no agente, da intenção de doar pela consciência de conferir a outrem uma vantagem patrimonial sem ser obrigado.
Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.
É legítima a incidência do imposto de transmissão "inter vivos" sobre a doação de imóvel.
A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser rejeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a doação.
 Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-áque aceitou (fictamente), se a doação não for sujeita a encargo.
A aceitação é indispensável para o aperfeiçoamento da doação e pode ser expressa, tácita, presumida ou ficta.
Em geral vem expressa no próprio instrumento. Por exemplo, o donatário comparece à escritura que formaliza a liberalidade para declarar que aceita o benefício. Mas não é imprescindível que seja manifestada simultaneamente à doação, podendo ocorrer posteriormente. É tácita quando revelada pelo comportamento do donatário. Este não declara expressamente que aceita o imóvel que lhe foi doado, mas, por exemplo, recolhe o imposto devido, demonstrando, com isso, a sua adesão ao ato do doador; ou, embora não declare aceitar a doação de um veículo, passa a usá-lo e providencia a regularização da documentação, em seu nome.
A aceitação é presumida pela lei:
a) quando o doador fixa prazo ao donatário, para declarar se aceita, ou não, a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou. O silêncio atua, nesse caso, como manifestação de vontade. Tal presunção só se aplica às doações puras, que não trazem ônus para o aceitante;
 b) quando a doação é feita em contemplação de casamento futuro[footnoteRef:3] com certa e determinada pessoa e o casamento se realiza. A celebração gera a presunção de aceitação, não podendo ser arguida a sua falta. [3: Art. 546 A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar.
] 
 Apenas haverá obrigação de transcrever o instrumento se houver prova de aceitação do benefício. Ta transcrição poderá ser promovida pelo próprio transferente, com prova de aceitação do beneficiário.
A doação (propter nuptias) feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar. Só nesse caso será dispensável a aceitação, que decorrerá, simplesmente, da celebração do matrimônio. São, portanto, doações sob condição suspensiva. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
Da Promessa De Doação
Assim como há promessa (ou compromisso) de compra e venda, pode haver, também, promessa de doação. Há controvérsias, no entanto, a respeito da exigibilidade de seu cumprimento.
Para o escritor Caio Mário sustenta ser inexigível o cumprimento de promessa de doação pura, porque esta representa uma liberalidade plena. Não cumprida a promessa, haveria uma execução coativa ou poderia o promitente-doador ser responsabilizado por perdas e danos, nos termos do art. 389 do Código Civil — o que se mostra incompatível com a gratuidade do ato. Tal óbice não existe, contudo, na doação onerosa, porque o encargo imposto ao donatário estabelece um dever exigível do doador.
Para outra corrente, a intenção de praticar a liberalidade manifesta-se no momento da celebração da promessa. A sentença proferida na ação movida pelo promitente-donatário nada mais faz do que  cumprir o que foi convencionado.
Nem faltaria, a espontaneidade, pois se ninguém pode ser compelido a praticar uma liberalidade, pode, contudo, assumir voluntariamente a obrigação de praticá-la. Esta corrente admite promessa de doação entre cônjuges, celebrada em separação judicial consensual, e em favor de filhos do casal, cujo cumprimento, em caso de inadimplemento, pode ser exigido com base no art. 466-B do Código de Processo Civil.
Washington de Barros Monteiro, com efeito, afirma inexistir razão para excluir tal promessa, cuja possibilidade jurídica é expressamente admitida pelo direito alemão. Acrescenta o mestre que ela não contraria qualquer princípio de ordem pública e que dispositivo algum a proíbe.
Na jurisprudência, entretanto, há divergências. Algumas decisões acolhem este último entendimento. Outras, porém, exigem que a promessa convencionada em separação consensual tenha caráter retributivo (não seja de doação pura), havendo ainda manifestações no sentido de que a promessa enseja a possibilidade de arrependimento entre a vontade manifestada e o ato de doar, sendo inadmissível a execução forçada.
Yussef Said Cahali considera necessário distinguir, nas separações consensuais, a doação definitiva da promessa de doação de bens imóveis aos filhos. Na primeira, homologado o acordo por sentença, a doação se tem como consumada, não se sujeitando a retratação unilateral ou bilateral dos autores da liberalidade. 
Antecedendo à sentença homologatória, nada impede a retratação bilateral. Não há necessidade de completar o ato transmissivo por instrumento público, pois, sendo praticado em juízo, tem a mesma eficácia da escritura pública.
A promessa de doação em favor da prole é admitida, “atribuindo-se à cláusula do acordo homologado eficácia plena e irrestrita, sem condições de retratabilidade ou arrependimento, assegurando-se ao beneficiário direito à adjudicação compulsória do imóvel ou à sentença condenatória substitutiva da declaração de vontade recusada”.
Art. 538 Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
Art. 540 A doação feita em contemplação do merecimento do donatário não perde o caráter de liberalidade, como não o perde a doação remuneratória, ou a gravada, no excedente ao valor dos serviços remunerados ou ao encargo imposto.
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
Art. 542 A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.
Art. 543 Se o donatário for absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação, desde que se trate de doação pura.
Art. 544 A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança.
Art. 545 A doação em forma de subvenção periódica ao beneficiado extingue-se morrendo o doador, salvo se este outra coisa dispuser, mas não poderá ultrapassar a vida do donatário.
Art. 546 A doação feita em contemplação de casamento futuro com certa e determinada pessoa, quer pelos nubentes entre si, quer por terceiro a um deles, a ambos, ou aos filhos que, de futuro, houverem um do outro, não pode ser impugnada por falta de aceitação, e só ficará sem efeito se o casamento não se realizar.
Art. 547 O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao donatário.
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro.
Art. 548 É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador.
Art. 549 Nula é também a doação quanto à parte que exceder à de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento.
Art. 550 A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal.
Art. 551 Salvo declaração em contrário, a doação em comum a mais de uma pessoa entende-se distribuída entre elas por igual.
Parágrafo único. Se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo.
Art. 552 O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às conseqüências da evicção ou do vício redibitório.Nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário.
Art. 553 O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a benefício do doador, de terceiro, ou do interesse geral.
Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério Público poderá exigir sua execução, depois da morte do doador, se este não tiver feito.
Art. 554 A doação a entidade futura caducará se, em dois anos, esta não estiver constituída regularmente.
Das espécies de Doação ...... próxima aula......
Bom Estudo !!!!

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