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Resenha de Comp Eng Clin 2

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM ENGENHARIA BIOMÉDICA COM ÊNFASE ENGENHARIA CLÍNICA
Resenha Crítica de Caso
Rafael do Nascimento Silva
Trabalho da disciplina Competências de Engenharia Clínica II
Tutor: Prof. Marcio Jorge Gomes Vicente
Ribeirão Preto - SP
2019.3
UMA REVISÃO DOS AVANÇOS DA ENGENHARIA CLÍNICA NO BRASIL
Referências: Thiago Gomes Terra – Acadêmico do curso de Engenharia Biomédico, Adriane Guarienti – Colaboradora, Eder Maiquel Simão – Coorientador, e Luiz Fernando Rodrigues Junior – Orientador.
a) INTRODUÇÃO
A Engenharia no Brasil em um modo geral se inicia a muitas décadas atrás, porém a Engenharia Clínica tem o seu reconhecimento a partir dos anos 90 com a necessidade ter um acompanhamento mais de perto dos equipamentos e tecnologias na área da saúde no nosso país. Com a falta de mão de obra especializada a Engenharia Clínica no seu início tem apenas um papel de realizar manutenções, com o avanço da tecnologia os profissionais necessitam de ter um conhecimento entre áreas para uma melhor abordagem nas soluções dos problemas. Com os fatos inesperados que ocorrem em procedimentos e as falhas e erros operacionais, é iniciada uma gestão de risco para minimizar os efeitos, com isso ferramentas foram implementadas como a Engenharia de Fatores Humanos, Análise de Modo e Efeito de Falha e a Análise de Causa Raiz. 
b) DESENVOLVIMENTO
Devido as diversidades de falhas encontradas em equipamentos eletromédicos que afetavam o desempenho operacional, foi necessário a implantação de normativas de inspeções de desempenho dos equipamentos. 
Com a especialização dos profissionais da Engenharia Clínica as tecnologias são melhores disseminadas dentro âmbito hospitalar com treinamentos específicos para médicos, enfermeiros entre outros. E a partir deste cenário é realizada uma melhor avaliação na aquisição de equipamentos e de novas tecnologias fazendo com que o mercado se adapte as exigências.
Diversos setores como compras, administrativo, agências regulatórias, enfermeiras, médicos e outros, se interage com a Engenharia Clínica, uma vez que informações mais técnicas e detalhadas sobre equipamentos, tecnologias, eficiência, desempenho entre outras, são necessárias. No Brasil o sistema municipal implantado é o Sistema Único de Saúde (SUS), onde possui diversos problemas no seu planejamento, que muitas vezes prejudicando a administração dos equipamentos médicos.
Entre os anos 1980 e 1990 o Brasil sofreu com a falta de mão de obra especializada e começou a buscar soluções em países internacionais para um melhor planejamento de administração de equipamentos. De 1991 a 2000 houve uma revolução no setor, em 1991 a primeira equipe de engenheiros brasileiros foi para uma oficina avançada de Engenharia Clínica em Washington, neste mesmo ano no Brasil foi fundada a Faculdade de Tecnologia da Saúde que administrou durante 3 anos um programa para formação de profissionais com título de Tecnólogos da Saúde. Em 1992 um Termo de Referência para os técnicos de treinamento em manutenção de equipamentos médicos foi publicado pelo Ministério da Saúde, foi fundamental para a qualificação do Técnico de Equipamentos Biomédicos. Em 1993 e 1994 foi iniciado os cursos em universidades para formar engenheiros clínicos no Brasil, nos anos 90 foi consolidado os Mestrados e Doutorados em Engenharia Biomédica, também foram aprovadas a normas nacionais de segurança para equipamentos eletromédicos NBR-IEC 601-1 e NBR-IEC 6012.
Criada pela Lei n° 9782 em 26 de Janeiro de 1999, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é uma agência regulatória relacionada ao Ministério da Saúde, dentre suas especializações a vigilância sanitária dos dispositivos da saúde. Com Resolução da Diretoria Colegiada n° 02 de 2010 implementada pela ANVISA, que tem como propósito “estabelecer os critérios mínimos, a serem seguidos pelos estabelecimentos de saúde, para o gerenciamento de tecnologias em saúde utilizadas na prestação de serviços de saúde, de modo a garantir a sua rastreabilidade, qualidade, eficácia, efetividade e segurança e, no que couber, desempenho, desde a entrada no estabelecimento de saúde até seu destino final, incluindo o planejamento dos recursos físicos, materiais e humanos, bem como da capacitação dos profissionais envolvidos no processo destes (ANVISA, 2010, p. 1)”.
Com essas exigências o engenheiro clínico se tornou muito mais significativo dentro do âmbito hospitalar, sendo requisitado por diversas áreas, como já mencionado, e fundamental para compreensão de novas tecnologias trazidas de fora.
A manutenção é imprescindível para preservar a vida útil de um equipamento, visando a qualidade, disponibilidade e segurança do equipamento. Consequentemente investir em manutenção e em novas tecnologias é um sinal de avanço e crescimento.
A partir de 1930 a evolução da manutenção é apresentada em três gerações por Moubray (1997). A primeira focada em uma manutenção corretiva, onde a parada de equipamentos na afetava consideravelmente os índices de produção. A segunda geração é marcada pela chegada de novas tecnologias, um aumento na quantidade de equipamentos inserido na produção e uma redução de mão de obra, sendo necessário uma atenção maior com os equipamentos para não haver paradas indesejadas, o que resultou em um aumento de custos com manutenções preventivas e preditivas, custos elevados que foi necessário realizar um planejamento de manutenção para redução dos mesmos. A terceira geração o foco principal é na produção contínua, onde qualquer parada de equipamentos era sinônimo de perda de lucros e insatisfação. Adotada pela Boing em sua produção a manutenção centrada na confiabilidade (RCM – Reliability Centred Maintenance) soluciona grande parte da insatisfação do planejamento naquele período.
No setor da saúde existe os estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS), que são empresas voltada para o atendimento a pacientes podendo ser públicas ou privadas. Sua evolução consiste em inúmeros avanços da tecnologia que até o presente momento é fundamental para um atendimento eficiente ao paciente. Em diversos países a manutenção não é vista como prioridade, equipamentos são adquiridos e usados até apresentar fadiga, só assim é elaborado um plano de manutenção. Em países que buscam uma melhor excelência no atendimento médico, a maior preocupação está em manter o parque de equipamentos sempre em disponibilidade e rendimento satisfatório.
Um equipamento médico por mais simples que seja possui um custo alto de aquisição, atualmente a Engenharia Clínica é primordial para executar um planejamento eficiente de manutenção para aumentar a vida útil dos equipamentos, assim diminuindo custos com aquisição de novos equipamentos.
No dia a dia de qualquer centro médico os problemas inesperados sempre podem ocorrer, para solucionar esses problemas é fundamental uma gestão de riscos para ter sempre a melhor ação de acordo com a gravidade do problema, nestes casos a presença de engenheiro clínico faz todo a diferença nas tomadas de decisões.
A Engenharia de Fatores Humanos (EFH) é uma ferramenta da Gestão de Riscos, seu foco é voltado para análise de falhas proporcionadas por erros operacionais, como falhas de médicos, enfermeiros, aux. de enfermagem entre outros. Na aquisição de novos equipamentos a EFH também possui um papel importante em verificar a aceitação do equipamento dentro da equipe operacional, pois equipamentos muito complexos podem gerar falhas por parte dos usuários, o que poderia acarretar em erros gravíssimos.
Outra ferramenta importante é Análise de Modo e Efeito no Cuidado da Saúde (HFMEA), em uma visão geral esta ferramenta realiza um planejamento para tratativa de cada falha. Sua organização é baseada em cinco itens: definição do processo ou produto a ser abordado, definição da equipe que irá fazer a análise, desenvolver um diagrama de fluxo e numera-los, realizar um levantamento dos riscos em cada etapa do fluxo e lista-los e por fim detalhar as ações a serem tomadas para sanar ou minimizar os efeitos de falha mostrandoa eficiência da ferramenta. A Análise de Causa Raiz (ACR) é a realização do mapeamento das falhas de um processo, onde é detalhada as informações da causa raiz para um melhor entendimento do problema.
A Engenharia Clínica atualmente está mais voltada para área de gestão de risco, capacitação de pessoas, absorção de novas tecnologias, qualidade de equipamentos entre outros. Sua tendência estará voltada para uma visão global, como serviços de gestão e consultoria, serviço de surte, integração de novos equipamentos, atualização das tecnologias existentes. No Brasil a legislação sanitária publicou a RDC n° 02/2010 referente aos requisitos mínimos para Gestão de Equipamentos Médicos em EAS e a ABNT criou ABNT NBR 15943 (2011) – “Diretrizes para um programa de gerenciamento de equipamentos de infraestrutura de serviços de saúde e de equipamentos para a saúde”, essas referências são de suma importância para os profissionais da Engenharia Clínica.
c) Conclusão
No caso abordado fica evidente que a Engenharia Clínica em um modo geral está em uma fase de transição, nos dias de hoje com a globalização a tecnologia cada dia se renova, isso ajuda muito na área da saúde com pesquisa para descobrir novos métodos de cura para as doenças, melhorar a eficiência de procedimentos, aprimorar medicamentos entre outros. Identificamos que a Engenharia Clínica vem de uma abordagem nas EAS de uma melhora continua na manutenção de equipamentos, buscando a aceitação de novas tecnologias, realizando especializações das equipes operacionais, melhorando o planejamento da gestão de risco e outros fatores mais.
Vemos que no Brasil a saúde pública tem uma defasem absurda em relação a investimentos devido à falta de verba, problemas políticos afetam o desenvolvimento do setor da saúde, o que temos hoje é um Ministério da Saúde querendo adequar os estabelecimentos para tentar oferecer um serviço mais digno a população. Já nas empresas privadas temos uma melhor qualidade de serviço e vemos que alguns centros médicos buscam trazer novos tecnologias e investem em pesquisa, porém estamos muito longe de países que o governo incentiva e se preocupa com a saúde no país.

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