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CRISE E URGÊNCIA EM SAÚDE MENTAL PROF. JAILSON MACHADO Prof. Jailson Machado Enfermeiro formado pela Faculdade Adventista da Bahia – FADBA; Extensão universitária em Prevenção dos Problemas Relacionados ao Uso de Drogas. Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Brasil; Extensão universitária em Sistema para detecção do Uso abusivo e dependência de substâncias Psicoativas. Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP, Brasil; MBA em Urgência, Emergência e UTI pela Faculdade Pitágoras de Feira de Santana; Mestrando em Tecnologias em Saúde pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública; Professor da Faculdade Pitágoras de Feira de Santana; Professor da Faculdade Estácio de Feira de Santana. INVENTÁRIO DE SINTOMAS DE STRESS PARA ADULTOS DE LIPP (ISSL) Fornece uma medida objetiva da sintomatologia do estresse em jovens acima de 15 anos e adultos. O ISSL permite verificar se a pessoa tem stress, em que fase está (alerta, resistência, quase-exaustão ou exaustão) e qual a prevalência de sintomas, sejam físicos ou psicológicos. Fase I – Alerta (luta) Na ocorrência de 7 ou mais: é a fase de contato com a fonte de estresse, com suas sensações típicas na qual o organismo perde o seu equilíbrio e se prepara para enfrentar a situação estabelecida em função de sua adaptação. São sensações desagradáveis, fornecendo condições para reação á estas sendo fundamentais para a sobrevivência do indivíduo. Fase II – Resistencia (luta) Na ocorrência de 4 ou mais: fase intermediária em que o organismo procura retorno ao equilíbrio. Apresenta-se desgaste, com esquecimento, cansativa e duvidosa. Pode ocorrer nesta fase adaptação ou eliminação dos agentes estressantes e consequente reequilíbrio e harmonia ou evoluir para próxima fase em consequência da não adaptação e/ou eliminação da fonte de estresse. Fase III – Exaustão (esgotamento) Na ocorrência de 9 ou mais: fase “crítica e perigosa”, ocorrendo uma espécie de retorno a primeira fase, porém agravada e com comprometimentos físicos em formas de doenças. … Emergência provoca entre os que rodeiam o paciente? • Insegurança • Confusão • Medo • Angústia • Incertezas GRAU DE URGÊNCIA ▪Urgência ▪Emergencia ▪Situação eletiva EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA • Situações que envolvem risco de vida ou risco social grave, necessitando de INTERVENÇÕES IMEDIATAS E INADIÁVEIS (horas-minutos). • Ex: violência, suicídio, automutilação, autonegligência, juízo crítico muito comprometido. URGÊNCIA PSIQUIÁTRICA • Distúrbio do pensamento, Situações que implicam risco menores de vida ou social, necessitando de INTERVENÇÕES A CURTO PRAZO (dias-semanas) • Comportamento bizarro, quadros agudos de ansiedade, desequilíbrio psicológico. SITUAÇÕES ELETIVAS • A rapidez da intervenção não é critério essencialmente importante • Ansiedade leve, distúrbios de relacionamento interpessoal, informações sobre medicação, fornecimento de receitas. “AVALIAÇÃO EXAME DO ESTADO MENTAL” A mente humana é uma integridade indivisível mas o funcionamento psíquico pode ser analisado em diversas FUNÇÕES MENTAIS. FUNÇÕES MENTAIS ✓ Consciência ✓ Atenção ✓ Sensopercepção ✓ Orientação ✓ Memória ✓ Inteligência ✓ Afetividade ✓ Pensamento ✓ Conduta ✓ Linguagem OBJETIVOS ➢ESTABILIZAÇÃO DO QUADRO - evitar o risco vital, reparar o dano (se houver), aliviar o sofrimento, prevenir a repetição do episódio. ➢ESTABELECER HIPÓTESE DIAGNÓSTICA ➢EXCLUSÃO DE UMA CAUSA ORGÂNICA ➢ENCAMINHAMENTO - orientar a família e/ou o paciente. ➢OUTROS - Exame Clínico, Estudos Diagnósticos Adicionais (Avaliações Complementares), Exames Complementares. …O PROFISSIONAL DE SAÚDE DEVE! ▪ Adotar atitudes que não causem lesão ao paciente; ▪ Evitar se expor desnecessariamente; ▪ Adotar uma atitude sóbria, empática; ▪ Respeitar a dignidade do paciente. Manejo Verbal É a primeira e melhor escolha. • Manter o local tranquilo • Atitude do entrevistador deve ser calma, respeitosa e direta, mostrar-se capaz de auxiliar o paciente. Utilizar frases curtas e diretas, sendo necessário repeti-las várias vezes. Manejo Verbal • Estimular o paciente a falar sobre suas angustias e medo, desta forma poderá expressar-se pela fala e não pela ação violenta. • Deixar claro que se dispõem de mecanismos capazes de conter a agitação, com a intenção de ajudá-lo e não de medir força. ABORDAGEM INICIAL Estratégia Geral 1. Autoproteção 2. Prevenção quanto ao perigo 3. Descartar transtornos mentais orgânicos 4. Descartar a possibilidade de psicose iminente 5. Contenção mecânica 6. Contenção Química 1. AUTOPROTEÇÃO • Saiba tanto quanto possível sobre os pacientes, antes de encontrá-los. • Deixe os procedimentos de contenção física para profissionais treinados. • Esteja alerta para os riscos de violência iminente. • Atente para a segurança do espaço físico à sua volta (por ex., acesso a portas, objetos da sala). ...segue 1. AUTOPROTEÇÃO • Tenha outras pessoas presentes durante a avaliação, se necessário. • Garanta a presença de outras pessoas nas imediações. • Atente para o desenvolvimento de uma aliança com o paciente (por ex., não confronte ou ameace pacientes com psicoses paranoides). 2. PREVENÇÃO QUANTO AO PERIGO A. Previna ferimentos auto-infligidos e suicídio. B. Avalie brevemente o paciente para o risco de violência. Se houver risco considere as opções: 1. Informe o paciente de que a violência não é aceitável. 2. Aborde o paciente de uma forma não-ameaçadora. 3. Ofereça garantias, acalme ou auxilie o teste de realidade do paciente. ...segue 2. PREVENÇÃO QUANTO AO PERIGO 4. Ofereça medicamentos. 5. Informe o paciente de que a contenção ou o isolamento será usado, se for necessário. 6. Tenha equipes prontas para conter o paciente 7. Quando os pacientes forem contidos, observe-os sempre, atentamente, e verifique constantemente seus sinais vitais. 3. Descarte transtornos mentais orgânicos • Pelo estado de consciência e psicomotricidade. 4. Descarte a possibilidade de psicose iminente Comportamento do paciente durante a entrevista é o preditor mais importante de violência iminente: • Paciente com as mãos fechadas, com a musculatura tensa, sentado na ponta da cadeira, inquieto; • Paciente que fala alto, de forma ameaçadora ou que blasfema; • Paciente desconfiado ou com o humor irritado, exaltado ou eufórico; 5. CONTENÇÃO MECÂNICA “Ao contrário do que muitas vezes se pensa, a reação do paciente à contenção mecânica é, no final do tratamento, de gratidão, ao se dar conta de que foi impedido de agir de forma destrutiva durante seu episódio de agitação.” 5. CONTENÇÃO MECÂNICA Consta na Resolução nº. 1.598/2000, do Conselho Federal de Medicina, a indicação e prescrição de contenção física ao paciente psiquiátrico pelo médico. PARECER TÉCNICO COREN-MS N. º 004/2004: O enfermeiro possui competência técnica e legal para realizar a prescrição da contenção e/ descontenção física de pacientes em risco para a violência dirigida a si mesmo ou aos outros, constituindo atividade compartilhada com o profissional médico, independente da presença deste. 5. CONTENÇÃO MECÂNICA A contenção mecânica pode desencadear complicações clínicas graves, como desidratação, redução da perfusão em extremidades, fraturas, depressão respiratória e até mesmo morte súbita. A adequação do comportamento da equipe no manejo da situação é um aspecto fundamental para a prevenção de agressão física ou danos materiais. 5. CONTENÇÃO MECÂNICA Deve ser realizada seguindo algumas recomendações: 1) Preferentemente cinco pessoas devem estar envolvidas na contenção. 2) A contenção deve ser de um material resistente (lençóis se possível). 5. CONTENÇÃO MECÂNICA 3) O paciente deve ser contido se possível em decúbito lateral e com a cabeça levemente elevada. 4) Durante todo o procedimento, o paciente deve ser esclarecido sobre o que está sendo feito, bem como os motivos, tentando explicar o caráter não-punitivo do mesmo. 5. CONTENÇÃOMECÂNICA 5) Durante todo o período de contenção NÃO se pode oferecer líquido ou alimento, sob hipótese alguma, devido ao grande risco de aspiração. 6) Em adultos o tempo máximo de contenção é de 4 horas, com supervisão direta e contínua dos dados vitais e conforto do paciente. 5. CONTENÇÃO MECÂNICA 7) A retirada da contenção pode ser gradual e de comum acordo com o paciente. 8) Realizar os registros em prontuário com anotação dos detalhes, como razões, duração e tipo da contenção física. 9) Proibido o uso destas técnicas em caráter coercitivo/punitivo. 5. Tipos de Contenção Mecânica ❖ Em dois pontos ( somente MMSS); ❖ Em quatro pontos (MMSS e MMII); ❖ Em cinco pontos (MMSS, MMII e TORAX); ❖ Lençol de contenção; ❖ Faixa de contenção no leito. ❖ Grupo de apoio – com auxílio de 8 pessoas. dois pontos quatro pontos Lençol de contenção Faixa de contenção no leito 5. CONTENÇÃO MECÂNICA Manejo Afetivo É comumente utilizado em crianças, tentando com isso acalmá-la. Técnica – A. Abraçar a criança por traz e ficar conversando com ela em tom suave e calmo. B. Abraço de urso, sempre conversando com a criança. 6. Contenção Química TRANQUILIZAÇÃO RÁPIDA – Entende-se por tranquilizarão rápida a obtenção de redução significativa dos sintomas de agitação e agressividade sem a indução de sedação mais profunda ou prolongada. 6. Contenção Química oTRANQUILIZAÇÃO RÁPIDA Medicações mais utilizadas: •Antipsicóticos convencionais; • Benzodiazepínicos; • Antipsicóticos de nova geração. Benzodiazepínicos oFármaco: Midazolam, Diazepam. oIndicação oCaracterísticas farmacológicas oReação adversa oCuidados de enfermagem Antipsicóticos oFármaco: Haldol, Clorpromazina. oIndicação oCaracterísticas farmacológicas oReação adversa oCuidados de enfermagem BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 1. Decreto Presidencial nº 7.508/2011 (www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2011/decreto/D7508.htm) 2. MIGUEL, Eurípedes Constantino, Valentim Gentil, Wagner Farid Gattaz. Clínica Psiquiátrica: A visão do departamento e do instituto de psiquiatria do HCFMUSP. Manole. Barueri – SP, 2011. 3. Ministério da Saúde. Lei federal nº 10.216/2001 4. Ministério da Saúde. Portaria 1600 de 07 de julho de 2011 5. Ministério da Saúde. Portaria 2391/ 02 6. QUEVEDO, João, Ricardo Schimdt, Flávio Kapczinski e cols. Emergências Psiquiátricas. Editora Artmed – 2008 7. Secretaria Municipal de Saúde, Coord. de Urgência e Emergência. Proposta de Regulação da Porta de Entrada das Unidades de Urgência e Emergência de Belo Horizonte. Belo Horizonte: SMSA, 2002. 8p.