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prof
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.Legislação sobre perícias.
 ...................................................................................................... 3 
 2. Lesões corporais sob o ponto de vista jurídico. 
 ................................................................... 8 
3. Energias de Ordem Mecânica: Traumatologia Médico-legal. 
 ............................................. 11 
4. Energias de Ordem Química, cáusticos e venenos, embriaguez, toxicomanias. ................. 17 
5. Energias de Ordem Física: Efeitos da temperatura, eletricidade, pressão atmosférica, 
radiações, luz e som ......................................................................................................................... 29 
6. Energias de Ordem Físico-Química: Asfixias em geral. Asfixias em espécie: por gases 
irrespiráveis, por monóxido de carbono, por sufocação direta, por sufocação indireta, por 
afogamento, por enforcamento, por estrangulamento, por esganadura, por 
soterramento.. e por confinamento. ........................................................................................ 33 
7. Tanatologia Médico-legal.
 .................................................................................................... 37 
 8. Tanatognose e cronotanatognose. 
 .................................................................................... 39 
9. Fenômenos cadavéricos ..................................................................................................... .........40 
10. Necropsia, necroscopia. ................................................................................................... 46 
11. Mortes violentas, suspeitas e naturais. 
 ............................................................................. 49 
12. Crimes contra a dignidade sexual e provas periciais. ....................................................... 50 
13. Exame perinecroscópico de aborto e infanticídio
 .............................................................. 58 
14. Questões
 ........................................................................................................................... 61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
 
 
 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para 
dúvidas relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um 
bom desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao 
entrar em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. 
O professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
 
Bons estudos!
 
 1 
 
NOÇÕES BÁSICAS DE MEDICINA LEGAL 
 
Antes de iniciarmos os tópicos do edital, gostaria de fazer algumas considerações para trazer 
algumas ideias referentes à Medicina Legal. 
Este curso é sobre NOÇÕES da Medicinal Legal. Pretende ser um curso bem atual, completo 
(no que tange à abrangência do concurso). 
Então, vamos iniciar o curso buscando alguns conceitos sobre a Medicina Legal. 
O que é a Medicina Legal? 
É a medicina da Lei. Ou seja: 
- Pode ser entendida como a medicina que presta serviços às Ciências Jurídicas e Sociais (Genival 
Veloso de França). 
- É a Medicina que presta esclarecimentos à Justiça. 
- É o estudo do homem são ou doente, vivo ou morto, somente naquilo que possa formar assunto de 
questões forenses". (De Crecchio) 
- É a disciplina que utiliza a totalidade das ciências médicas para dar respostas às questões 
jurídicas". (Bonnet) 
- É a arte de relatar em juízo (Ambroise Paré). Paré escreveu o primeiro trabalho científico de 
Medicina Legal denominado Tratado de Relatórios, em 1575 na França. 
Porém foi Paulus Zacchias em 1621, na Itália, que foi considerado o pai da Medicina Legal ao 
publicar a obra ―Questões Médico- Legais‖. (Cuidado: bancas costumam gostar destes caras e de suas 
obras. Portanto, memorize as mais importantes). 
A Medicina Legal é uma Ciência que aplica o conhecimento de diversos ramos da Medicina quando 
necessárias ao Direito. Por todas estas especificidades, a Medicina Legal foi reconhecida como 
especialidade médica pelo CFM em sua Resolução 1845/2008. 
 
Para que ela serve? 
Basicamente ela se presta a esclarecer situações legais, crimes ou acontecimentos, auxiliando a 
Justiça em determinar causas, infratores, etc. 
Lembre-se que a Medicina Legal analisa fatores INTRÍNSECOS (aqui é um ponto em que a banca 
pode tentar fazer você errar, ao buscar confundi-lo com fatores extrínsecos, que é referente à 
Criminalística). 
A Medicina Legal não é uma Ciência moderna. Já é desenvolvida há décadas. Desempenha um 
papel muito importante, que é uma das disciplinas em cursos de Medicina e carreiras jurídicas. 
A Medicina legal está relacionada com diversas áreas do Direito, tais como: Penal (em casos, por 
exemplo, de lesões corporais, estupro, necropsias, etc); Civil (um dos casos mais frequentes seria em 
relação à identificação da paternidade, anulação de casamento, perícias nas separações judiciais, 
etc); Administrativo (obtenção de licenças para tratamento de saúde e de casos de aposentadorias); 
Trabalhista (análise de acidentes, doenças ocupacionais, pedido de insalubridade, periculosidade, 
simulação de doenças ou acidentes, etc); Penitenciário (referente às condições carcerárias e 
incorrências desta, pois, o indivíduo está sob tutela do Estado); Internacional Público (proteção à 
infância e velhice, etc) ou Privado (aplicação da Lei Penal no Brasil); Processual Civil e Processual 
Penal (pode-se relacionar com o contraditório, produção de provas, imputabilidade); Previdenciário 
(licenças; afastamentos médicos; aposentadorias por invalidez, etc), entre outros. 
Em resumo: a medicina legal é importante porque é através dela que se confecciona a prova material 
de vários delitos. 
No Brasil se desenvolve e se fortalece com o surgimento das primeiras escolas médicas e jurídicas; 
o Código Criminal de 1830 e, a obrigatoriedade em 1834 do ensino da Medicina Legal nas escolas de 
Medicina e Direito. 
 
A Medicina legal pode ser classificada em dois grandes blocos: 
1. MEDICINA LEGAL GERAL: 
Estuda a Deontologia e Diceologia Médica, ou seja, os Deveres e Direitos do médico, tais como: 
Ética Médica; Exercício Legal e ilegal da Medicina; Responsabilidades Médicas; Segredos Médicos; 
Honorários Médicos; Publicidades e Publicações Médicas; 
 
2. MEDICINA LEGAL ESPECIAL: 
Estuda a realização e a documentação de todos os exames periciais ao seu alcance, quando 
solicitados pela Justiça. Poderia citar: Antropologia médico-legal (estuda a identificação Médico Legal 
e Judiciária); Traumatologia médico legal (Estuda as lesões corporais provocadas por energias 
 
 2 
 
físicas químicas, mecânicas, etc.); Infortunística (estuda os Acidentes e as Doenças profissionais); 
Asfixiologia (estuda o enforcamento, estrangulamento, esganadura, sufocação, soterramento, 
afogamento, gases tóxicos e confinamento); Toxicologia (estudo d os efeitos dos cáusticos, 
venenos e tóxicos); Sexologia (estuda os crimes contra os costumes, gravidez parto e puerpério, 
aborto, infanticídio, casamento, esterilização humana, identificação da paternidade e 
maternidade, fecundação artificial e as anomalias sexuais); Tanatologia (estuda a morte, as 
necrópsias, as exumações, os destinos do cadáveres,os tipos de morte e a cronotanatognose); 
Criminalística e Criminologia médico legal (estuda os motivos e locais dos crimes, as perícias técnicas 
em busca de criminosos e a criminogênese); Psiquiatria/Psicologia/Psicopatologia Forense (estuda as 
doenças físicas e mentais e seus relacionamentos com a Justiça); Vitimologia (estuda a vítima e a sua 
participação no crime); Genética médico legal (exames de DNA, e tc ) . 
 
Encontrei esta imagem na internet (desconheço autoria) e acho muito legal para ilustrar: 
 
 
 
Perícias e Peritos 
-perícia: trabalho técnico para elucidação de problemas de várias naturezas; 
- perito: técnico que, designado pela Justiça, recebe o encargo de prestar esclarecimentos no 
processo; 
- perícia médica: realizada gratuitamente em seres humanos por médicos legista, decorrente de 
solicitação judicial ou policial. 
- perito: deve recusar a perícia quando se tratar de afinidade, total incapacidade de realizá-la, falta de 
condições técnicas ou motivo de doença (suspeição), tendo em vista que deve ser imparcial. Pode 
comparecer no inquérito sumário e julgamento e tem que ter as seguintes qualidades : ciência, 
consciência e técnica. 
- identidade: caracteres que individualizam a pessoa; 
- identificação: emprego de meios para determinar a identidade. 
 
Quem não pode ser perito? 
Não pode ser perito: o incapaz, pois não é apto para o exercício de seus direitos civis, além de não 
possuir conhecimento técnico específico; pessoas impedidas (Código de Processo Civil, art. 134 - parte, 
testemunha, cônjuge ou qualquer outro parente, em linha reta ou colateral até o 3º grau); e nos casos 
de suspeição (CPC, art. 135 - o amigo íntimo ou inimigo capital de uma das partes). 
Encontrei esta imagem na internet (desconheço a autoria). Achei bem interessante, para resumir as 
atividades do perito: 
 
 3 
 
 
 
Quais são os deveres do perito? 
Aceitar o encargo de executar a perícia, exercer a função, respeitar os prazos, comparecer às 
audiências desde que intimado com antecedência de 5 dias (sob pena de condução coercitiva), fornecer 
informações verídicas (dever de lealdade) etc. 
 
Quais são os direitos do perito? 
Escusar-se do encargo, pedir prorrogação de prazos, receber informações, ouvir testemunhas, 
verificar documentos de qualquer lugar, ser indenizado das despesas relativas ao serviço prestado, 
honorários (CPC, art. 421 e Código de Processo Penal, art.159, §1º) etc. 
 
 
A prática médico-pericial obedece a uma extensa e complexa relação de leis, decretos, portarias e 
instruções normativas, que estabelecem os limites de atuação dos setores administrativos e indicam 
quais as competências e atribuições do médico investido em função pericial. 
A aplicação dos dispositivos contidos nos principais diplomas legais (leis, decretos e portarias), todos 
da área federal, depende da avaliação médico-pericial. 
Vamos falar um pouco dos documentos médicos-legais mais importantes: Atestado, notificação, auto, 
laudo e parecer. 
 
O que constitui o atestado médico e quais as suas partes? 
O atestado médico é a afirmação simples, exata e escrita de um fato e suas consequências. Tem por 
finalidade informar a capacidade ou incapacidade do indivíduo para a realização de determinado ato. 
Deve ter cabeçalho ou preâmbulo, a qualificação do examinado, o nome de quem solicitou, descrição 
do caso e, se absolutamente necessário, diagnóstico através do CID (Código Internacional de 
Doenças). 
 
Notificação 
A notificação é a comunicação compulsória às autoridades competentes de um fato médico por 
necessidade social ou sanitária sobre acidentes de trabalho ou doenças infecto-contagiosas (Código 
Penal, art. 269). Ex.: sarampo, tuberculose etc. 
 
1. Legislação sobre perícias 
Prof. Wagner Luiz Heleno Bertolini 
 
 4 
 
Auto 
Auto é um relatório da perícia médica, ditado diretamente ao escrivão. 
 
Laudo 
Laudo é o documento feito por escrito pelo perito. São suas partes: preâmbulo – que contém nome 
do perito, seus títulos, nome da autoridade que o nomeou, motivo da perícia, nome e qualificação do 
indivíduo a ser examinado; histórico – que é a anamnese do caso, colheita de informações do fato, 
local, envolvidos etc; descrição – que é a parte mais importante, deve ser minuciosa ao relatar as lesões 
e sinais do indivíduo, e se envolver cadáver tem que constar os sinais da morte, identidade, exame 
interno e externo; discussão – que é o diagnóstico onde o perito externará sua opinião, relatório dos 
critérios utilizados; conclusão – que é o resumo do ponto de vista do perito, baseando-se nos elementos 
objetivos e comprovadores de forma segura; por fim respostas aos quesitos – eventualmente oferecidos 
pelas partes ou juízo. 
 
Parecer 
Parecer é um documento solicitado (sempre que o relatório médico suscitar dúvidas) por qualquer 
pessoa a um especialista (perito oficial ou qualquer médico fora da perícia, isto é, assistente técnico), 
procurando documentar o processo com resultados de exames e considerações médicas referentes a 
determinada situação de interesse jurídico. Ou seja, consultam, escrita ou verbalmente, um ou vários 
especialistas sobre o valor científico do laudo em questão. O parecer é a resposta, a conclusão. São 
suas partes: preâmbulo, exposição dos fatos, discussão do assunto, conclusão e respostas às 
perguntas. 
 
E quanto às legislações? 
De uma maneira geral teremos Legislações relacionadas com as seguintes áreas: 
l. Código de Processo Penal 
2. Código de Processo Civil 
3. Código de Ética Médica 
4. Outras legislações. 
Vejamos algumas destas: 
- Leis para o exercício da Medicina – CFM, CRM, Código de Ética Médica 
- Legislação geral – Constituição Federal, CLT, MP, Estatutos, Decretos 
- Legislação da Instituição – Portarias, Normas Técnicas 
 
Vejamos alguns trechos que julgo interessantes para seu concurso. 
 
LEI 10.876, de 2/6/2004. 
Compete privativamente aos ocupantes do cargo de Perito Médico da Previdência Social e 
Supervisor Médico-Pericial... 
I - emissão de parecer conclusivo quanto à capacidade laboral para fins previdenciários; 
II - inspeção de ambientes de trabalho para fins previdenciários; 
III - caracterização da invalidez para benefícios previdenciários e assistenciais; 
IV - execução das demais atividades definidas em regulamento. 
Os Peritos Médicos da Previdência Social poderão requisitar exames complementares e 
pareceres especializados. 
 
TRABALHISTA 
Nos termos do artigo 195 da CLT, a perícia é obrigatória quando for argüida em juízo insalubridade 
ou periculosidade. Com efeito, dispõe o § 2º do referido dispositivo legal: 
―Argüida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por Sindicato, em favor 
de grupo de associados, o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo e, onde hão houver, 
requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho‖. 
 
Código de Processo Civil 
Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será 
assistido por perito, segundo o disposto no art. 421. 
§ 1º - Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no 
órgão de classe competente, respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll, deste Código. 
 
 5 
 
§ 2º - Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, mediante 
certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos. 
§ 3º - Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os requisitos dos 
parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz. 
 
Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo. 
§ 1º - Incumbe às partes, dentro em 5(cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação 
do perito: 
I - indicar o assistente técnico; 
II - apresentar quesitos. 
 
§ 2º - Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição pelo juiz 
do perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas 
que houverem informalmente examinado ou avaliado. 
 
Art. 422. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que Ihe foi cometido, independentemente de 
termo de compromisso. Os assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a impedimento 
ou suspeição. 
 
Art. 525. No caso de haver o crime deixado vestígio, a queixa ou a denúncia não será recebida se 
não for instruída com o exame pericial dos objetos que constituam o corpo de delito. 
 
 
Art. 526. Sem a prova de direito à ação, não será recebida a queixa, nem ordenada qualquer 
diligência preliminarmente requerida pelo ofendido. 
 
Código de Processo Penal 
Art. 158 - Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto 
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
Art. 159 - Os exames de corpo de delito e as outras perícias serão feitos por dois peritos oficiais. 
§ 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e 
ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. § 
 
Exame de Sanidade Mental art. 149 CPP; Exame de vítimas de crimes sexuais ( alienada e ou débil 
mental); Dependência de Drogas; Embriaguez 
 
Psiquiatria Forense: 
Complementar de lesões corporais; Interdição por absoluta ou relativa incapacidade civil (Art. 3.º e 
4.º do C.C.; Anulação de Testamento; Anulação de Negócio Jurídico. 
 
I- Legislação Previdenciária 
É a mais extensa, já que disciplina a atuação da perícia médica na concessão e manutenção de 
diversos benefícios que integram o Plano de Beneficias da Previdência Social. 
- Lei 8.213/91 e Decreto nº 3.048/99 - tratam do Plano de Benefícios do Regime Geral de 
Previdência Social, ai incluídos os Auxílios-doença, Aposentadorias por Invalidez, Auxílios-acidentes, 
Pecúlios, Qualificação e Habilitação do Dependente Maior Inválido, para concessão de benefícios de 
família, entre outros; sua concessão e manutenção dependem de exame médico-pericial; 
- Lei 6.179/74 - trata da renda mensal vitalícia, concebida a maiores de 70 anos ou inválidos, sendo 
indispensável a perícia médica na segunda hipótese; 
- Lei 7.070/82 - trata da concessão de benefícios por invalidez aos portadores de sequelas 
resultantes do uso da talidomida; 
 
Exemplificando a Lei n. 8.213/91, reproduz integralmente o que dispõe os artigos das leis e 
regulamentos previdenciários anteriores. 
 
Seção V - Dos Benefícios 
Art. 42. 
 
 6 
 
§ 1º -"A concessão da aposentadoria por invalidez dependerá da verificação da condição de 
incapacidade mediante exame médico-pericial a cargo da Previdência Social, podendo o segurado, às 
suas expensas, fazer-se acompanhar de médico de sua confiança". 
§ 2º -"A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime Geral de 
Previdência Social não lhe conferirá o direito à aposentadoria por invalidez, salvo quando a 
incapacidade sobrevier por motivo de agravamento ou progressão da doença ou lesão." 
 
Art. 59 - O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o 
período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade 
habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. 
Parágrafo único - Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de 
Previdência Social já portador da doença ou lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando 
a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. 
 
Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do 
afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade 
e enquanto ele permanecer incapaz. 
§ 1º - Quando requerido por segurado afastado da atividade por mais de 30 (trinta) dias, o auxílio-
doença será devido a contar da data da entrada do requerimento. 
§ 2º - (Revogado pela Lei nº 9.032, de 1995) 
§ 3º Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de 
doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral. 
§ 4º - A empresa que dispuser de serviço médico, próprio ou convênio, terá a seu cargo o exame 
médico e o abono das faltas correspondentes ao período referido no § 3º, semente devendo 
encaminhar o segurado a perícia médica da Previdência Social quando a incapacidade ultrapassar a 15 
(quinze) dias. 
 
II- Legislação Trabalhista 
- Capítulo V do Titulo II da Consolidação das Leis do Trabalho e trata da higiene, medicina e 
segurança do trabalho; entre as diversas providências adotadas, institui a obrigatoriedade dos exames 
pré-admissionais, periódicos e demissionais, instrumentos de monitoração do trabalhador. Estas 
avaliações médicas visam, sobretudo, a identificar o nexo de causalidade entre os agravos à saúde e o 
exercício da atividade ou ocupação. 
- Art. 827 da CLT, que assim dispõe: O juiz ou presidente poderá arguir os peritos compromissados 
ou os técnicos, e rubricará, para ser junto ao processo, o laudo que os primeiros tiverem apresentado. 
- Portaria MTb nº 3.214/78 - e as Normas Regulamentadoras (NR). 
 
III- Legislação do Regime Jurídico do Servidor Público Federal 
- Lei 8.112/90 - Regime Jurídico Único do Servidor Público Federal. 
- Lei 7.923/89 e Lei 8.270/91 - tratam, entre outras questões, da concessão dos adicionais de 
insalubridade e periculosidade, que depende de laudo pericial. 
Visando a esclarecer as dúvidas quanto ao papel do atestado médico na concessão da licença de 
natureza médica, transcrevemos os dispositivos legais que disciplinam a questão. 
 
Lei 8.112/90 
(...) 
Da Licença por Motivo de doença em Pessoa da Família 
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de doença do cônjuge ou companheiro, 
dos pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas e 
conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação por perícia médica oficial. 
§ 1º A licença somente será deferida se a assistência direta do servidor for indispensável e não 
puder ser prestada simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, 
na forma do disposto no inciso II do art. 44. 
§ 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações, poderá ser concedida a cada período 
de doze meses nas seguintes condições: 
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a remuneração do servidor; e 
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remuneração. (Incluído pela Lei nº 12.269, 
de 2010) 
 
 7 
 
§ 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a partir da data do deferimento da 
primeira licença concedida. 
§ 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não remuneradas, incluídas as respectivas 
prorrogações, concedidas em um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no § 3º, 
não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e II do § 2º. 
 
Da Licença para Tratamento de Saúde 
 
Art. 202 - Será concedido ao servidor licença para tratamento de saúde, a pedido ou de ofício, com 
base em perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus. 
Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será concedida com base em perícia oficial. 
§ 1º Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada na residência do servidor ou no 
estabelecimentohospitalar onde se encontrar internado. 
§ 2º Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde se encontra ou tenha exercício em 
caráter permanente o servidor, e não se configurando as hipóteses previstas nos parágrafos do art. 230, 
será aceito atestado passado por médico particular. 
§ 3º No caso do § 2º deste artigo, o atestado somente produzirá efeitos depois de recepcionado pela 
unidade de recursos humanos do órgão ou entidade. 
§ 4º A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) dias no período de 12 (doze) meses a 
contar do primeiro dia de afastamento será concedida mediante avaliação por junta médica oficial. 
§ 5º A perícia oficial para concessão da licença de que trata o caput deste artigo, bem como nos 
demais casos de perícia oficial previstos nesta Lei, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas hipóteses 
em que abranger o campo de atuação da odontologia. 
 
Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a 15 (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, 
poderá ser dispensada de perícia oficial, na forma definida em regulamento. 
 
Em face da presente legislação, com abrangência no setor público e setor privado, o abono das 
faltas ao trabalho, motivadas por incapacidade resultante de doença ou lesão acidentaria é da 
competência e atribuição do médico perito, especificamente designado para tal função. 
 
IV- Legislação Fiscal 
- Leis 7.713 e 8.541/92 tratam do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e Pessoa Física, ai incluído 
o dispositivo (inciso XIV, art. 6° da Lei 7.713/88 e art. 47 da Lei 8.541/92) que isenta do pagamento de 
Imposto de Renda os proventos de aposentadoria de pessoas portadoras de sequelas de acidentes do 
trabalho ou de doença constante da relação contida no referido inciso, desde que comprovada em 
exame médico-pericial especializado. 
 
V- Legislação Processual Penal e Processual Civil 
O legislador brasileiro, consciente da importância da perícia médico-legal como meio de prova 
absolutamente útil para imposição da sentença sobre o litígio submetido ao Poder Judiciário para 
solucioná-lo, disciplina-o por via dos seguintes dispositivos legais no âmbito do processo penal e civil: 
 
a) Código de Processo Penal – arts. 158 a 184, Capítulo II (Do Exame do Corpo de Delito e das 
Perícias em Geral). 
 
 
 8 
 
 
 
Dano corporal de natureza penal 
As lesões corporais, quando estudadas no tocante à avaliação quantitativa e qualitativa e qualitativa 
do dano, de natureza penal, têm o significado médico-jurídico de caracterizar, no dolo ou na culpa, um 
ato ilícito contra a integridade física ou a saúde da pessoa como proteção da ordem pública e social. 
Melhor seria a designação ―lesões pessoais‖ em lugar de lesões corporais, uma vez que se tem a ideia 
de que apenas estariam contemplados os danos do corpo. O legislador, no entanto, redime-se no 
enunciado do artigo 129 quando anuncia: ―Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem‖. E a 
saúde obviamente, é física ou psíquica. 
O objetivo fundamental do estudo médico-pericial das lesões corporais é a caracterização de sua 
extensão, de sua gravidade ou de sua perenidade, ou seja, de sua quantidade e de sua qualidade. Sob 
o ponto de vista médico-legal, a expressão ―lesão‖ abrange um sentido muito amplo. Enquanto, para a 
medicina curativa, lesão se restringe à alteração anatômica ou funcional de um órgão ou tecido, para a 
medicina legal, é qualquer alteração ou desordem da normalidade, de origem externa e violenta, capaz 
de provocar um dano à saúde em decorrência de culpa, dolo, acidente ou autolesão. Assim, por 
exemplo, um delegado de polícia que raspa arbitrariamente os cabelos de um jovem, sob o aspecto 
patológico, não cometeria nenhuma lesão, porém, em medicina legal, incorreria em tal, embora, para 
alguns, isso represente tão-só constrangimento ilegal, vias de fato ou injúria real (―cortar os cabelos de 
outrem pode constituir crime de lesão corporal, mas é indispensável que a ação provoque uma 
alteração desfavorável no aspecto exterior do indivíduo, de acordo com os padrões sociais médicos‖ – 
JTAERGS 94/109). 
Levando-se em conta a doutrina penal brasileira, pode-se definir lesão, sob o ângulo médico-legal, 
como a consequência de um ato violento capaz de produzir, direta ou indiretamente, qualquer dano à 
integridade física ou à saúde de alguém, ou responsável pelo agravamento ou continuidade de uma 
perturbação já existente. Enfim, lesão é toda alteração do equilíbrio biopsicossocial. Por violência, deve-
se entender não simplesmente a ação mecânica, mas qualquer resultado pelo mais diversos meios 
causadores do dano: físicos, químicos, físicos-químicos, bioquímicos, biodinâmicos ou mistos. Um fato 
de grande interesse médico-pericial é a distinção entre a causa e concausa. Se um homem agride 
outro, lesando um vaso calibroso, e em decorrência surge uma grande hemorragia, existe nesse fato 
uma perfeita relação de causa e efeito. Isso não constituirá dificuldades maiores para o perito nem para 
o juiz. Porém, nem sempre assim acontece. Podem surgir outras consequências independentes do 
ferimento produzido, anteriores ou posteriores à agressão. A isto chamou-se concausas. 
A causa seria o que leva a resultados imediatos e responsáveis por determinadas lesões, suscitando 
sempre, por sua vez, uma relação de causa e efeito. Por concausa, entende-se o conjunto de fatores, 
preexistentes ou supervenientes, suscetiveis de modificar o curso natural do resultado, fatores esses 
que o agente desconhecia ou não podia evitar. É o congresso de fatores anatômicos, fisiológicos ou 
patológicos que existiam ou possam existir, agravando o processo. Não seria a sequencia natural do 
ferimento, mas uma situação evitável sem nenhuma dependência ao fato inicial e sua evolução. 
 
Classificação 
As lesões corporais dividem-se em dolosa ou culposa, e somente as primeiras têm a subdivisão de 
leves, graves e gravíssimas. 
 
Lesões leves: seu conceito é tido por exclusão, isto é, as lesões leves não apresentam nenhum 
resultado estabelecidos nos parágrafos 1º e 2º do artigo 129 do Código Penal. Sua pena é de três 
2. Lesões corporais sob o ponto de vista jurídico 
Prof. Wagner Luiz Heleno Bertolini 
 
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meses a um ano de detenção. Em geral, estão representadas por pequenos danos superficiais, 
comprometendo apenas a pele, a tela subcutânea e pequenos vasos sanguíneos. São de pouca 
repercussão orgânica e de recuperação rápida. 
 
Lesões graves: as lesões corporais grave estão referidas no parágrafo primeiro do citado artigo e se 
caracterizam quando diante de uma das seguintes eventualidades: 
- incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias. 
- perigo de vida. 
- debilidade permanente de membro, sentido ou função. 
- aceleração do parto. 
 
Lesões gravíssimas: as lesões corporais de natureza gravíssima estão agrupadas do parágrafo 2º do 
artigo 129 do código penal. Sua caracterização está no fato de ter a lesão resultado em: 
- incapacidade permanente para o trabalho 
- enfermidade incurável. 
- Perda ou inutilização de membro, sentido ou função. 
- deformidade permanente. 
 
Lesão corporal de natureza cível 
 
Enquanto na avaliação do dano corpóreo de natureza penal estima-se uma reparação de ordem 
pública e coletiva, na avaliação de natureza cível o que se procura reparar são os bens pessoais 
patrimonial e extrapatrimonial através de um montante indenizatório, levando em conta a quantificação 
das perdas econômicas e não econômicas decorrentes de um prejuízo à integridade física, funcional ou 
psíquica sofrido pela vítima. Isto é, reparar o dano emergente (gastos com tratamento, próteses e 
recuperação), o lucro cessante transitório (valor do que se deixa de fazer e ganhar temporariamente), 
lucro cessante permanente (valor da incapacidade permanente total ou parcial)e o dano 
extrapatrimonial ou dano existencial ou prejuízos particulares (danos morais, psíquicos, estéticos ou 
dolorosos, perda de chance e prejuízos futuros e de afirmação pessoal). 
Graças ao estudo da avaliação do dano corporal de natureza cível, será possível estabelecer uma 
doutrina de valorização do corpo humano como forma de resgatar os prejuízos. Esta avaliação, no 
entanto, não tem a mesma qualificação referida nos direitos penal e trabalhista, mas procurar dar ao 
dano sua exata e devida indenização, sem se exceder daquilo que o indivíduo era antes. Contudo, não 
se pode correr risco de um exagero em que se crie um ―estatuto jurídico do corpo‖, onde se venha a 
considerar um indivíduo como um conjunto de partes reparáveis. Procura reparar perda econômica 
imediata decorrente das despesas surgidas, a cessação do lucro ou do ganho em face da incapacidade 
temporária ou definitiva e a depreciação que a vítima sofre em suas relações sociais e profissionais, em 
função das ofensas físicas ou psíquicas recebidas. 
Trata-se, pois, de um estudo mais ou menos recente entre nós, e sua importância reside na 
contribuição do ajuizamento da retribuição mais equitativa possível que o ofendido possa receber após 
o surgimento de um dano pessoal, em que a culpa ou o dolo esteja tipificado. É importante também que 
a perícia entenda que esta forma de avaliar não deve se prender apenas ao dano corporal, mas 
também às consequências que este dano traz sobre a vida relacional da vítima, na exata medida em 
que os diversos parâmetros apontam. O artigo 949 do código civil prevê não apenas a indenização do 
dano à integridade física, mas também a ―algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido‖. 
 
Parâmetros de avaliação 
Neste estudo, o mais importante é avaliar o dano corporal decorrente da lesão, notadamente no que 
se refere à incapacidade temporária, ao quantum doloris, à incapacidade permanente ao dano estético, 
e ao prejuízo de afirmação pessoal e ao prejuízo futuro. Há também de se consignar com clareza o 
nexo de causalidade e o estado anterior da vítima. Embora o estudo detalhado de cada segmento ou 
órgão afetado seja muito importante, não se pode perder de vista o que isso possa representar no 
conjunto do organismo como um todo. São eles: 
- incapacidade temporária. 
- quantum doloris. 
- incapacidade permanente. 
- dano estético 
- prejuízo de afirmação pessoal. 
- prejuízo futuro. 
 
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- outras modalidades de prejuízo. 
 
Dano corporal de natureza trabalhista 
Assim como o dano corporal é visto sob o ângulo criminal e cível, pode ele também ser avaliado 
mediante os interesses trabalhistas, não só pelo fato de sua importância e repercussão sobre os meios 
produtivos, mas pelas características peculiares em relação às atividades dos obreiros e pelas 
determinações pertinentes à legislação do trabalho. Desse modo estão incluídos neste estudo todos os 
danos corporais e psíquicos oriundos do acidente do trabalho, das doenças do trabalho e das doenças 
profissionais, os quais em face de sua quantidade e qualidade podem ser avaliados e reparados. Deve-
se entender como acidente de trabalho o que ocorre pelo exercício de atividades ou tarefas a serviço da 
empresa, provocando dano corporal ou perturbação funcional que possam produzir a morte ou a perda 
ou a redução da capacidade temporária ou permanente para o trabalho. Por doença do trabalho a 
enfermidade proveniente de certas condições especiais ou excepcionais em que o trabalho venha a ser 
realizado. E como doença profissional qualquer doença inerente ao desempenho de determinados 
ramos da atividade laboral e relacionada pelo Ministério da Previdência Social. 
 
Avaliação do dano corporal de natureza desportiva 
O dano corporal também pode ser avaliado diante de interesses dos desportos, principalmente por 
suas características, incidência, importância e repercussão, bem distintas das avaliações e reparações 
de outros danos corporais de natureza jurídica. Aqui deverão ser estudadas tais avaliações apenas dos 
chamados esportes de competição, com vínculo profissional, deixando à parte os esportes de caráter 
recreativo, estético ou de manutenção da forma física, e até mesmo os esportes competitivos 
amadores. O significado econômico e cultural que os desportos em geral apresentam nos dias atuais 
justifica uma abordagem particularizada. 
Até certo ponto, os parâmetros dessa avaliação se confundem com os parâmetros utilizados para os 
danos de natureza trabalhista, entendendo que na sua maioria os esportes de competição têm uma 
compensação financeira e econômica. O que os distingue são as pequenas lesões que podem 
incapacitar o atleta competitivo que necessita de um resultado integral exigido nas suas conquistas. Nas 
questões que sua incapacidade permanente seja uma intensidade considerável. Além do mais, essas 
atividades desportivas nunca estão relacionadas com a legislação trabalhista, e sim, através de 
compensações contratuais ou securitárias pelo alto valor de suas demandas. Entre nós não existe uma 
legislação trabalhista especial para desportistas profissionais. Os esportes de competição, também 
chamados de rendimento, têm como finalidades a obtenção de marcas ou de resultados, sempre 
alcançados por uma elite de desportistas que, na maioria das vezes, se consagram pelos seus feitos. 
São indivíduos preparados com atenção e cuidados especiais para alcançar o melhor rendimento. 
 
A avaliação médico-legal do dano psíquico 
A avaliação e a valorização do dano de ordem psíquica, seja de natureza penal, civil ou 
administrativa, passam a constituir-se numa prova de grande e real interesse nos dias atuais, ainda que 
considere de difícil e complexa avaliação. Por isso, há de se ressaltar, mesmo para os especialistas em 
psiquiatria médico-legal, a existência destas dificuldades, a partir dos critérios diagnósticos que não se 
ajustam num padrão clínico, dos distúrbios mal caracterizados ou inaparentes, da impossibilidade de 
quantificar o dano, da imprecisão em determinar o nexo causal, da dificuldade de consignar a existência 
de um dano psíquico anterior, da imprecisão de estabelecer a distinção entre um dano neurológico e um 
dano psíquico e da possibilidade muito frequente de simulação e de metassimulação por parte do 
examinado. 
Em primeiro lugar, deve-se fazer uma distinção bem precisa entre dano psíquico e transtorno mental. 
O primeiro caracteriza-se por uma deterioração das funções psíquicas, de forma súbita e inesperada, 
surgida após uma ação deliberada ou culposa de alguém e que traz para a vítima um prejuízo material 
ou moral, haja vista a limitação de suas atividades habituais ou laborativas. Já o transtorno mental, 
chamando ainda por alguns de doença mental, mesmo que tenha como elemento definidor a alteração 
das funções psíquicas, sua origem é de causa natural. Se o exame é requerido no interesse criminal, a 
perícia deve-se orientar por alguma metodologia que se incline a responder aos interesses do artigo 129 
do código penal. Se a questão prende-se às razões do interesse da administração pública, o alvo da 
perícia é no propósito de avaliar as condições do examinado continuar ou não exercendo provisória ou 
definitivamente suas atividades funcionais. E se o objeto da avaliação é no sentido da reparação 
patrimonial ou extrapatrimonial, a perícia deve ser condicionada aos padrões disciplinados pelo código 
civil. E, finalmente, se o interesse da avaliação é no propósito de satisfazer razões de caráter laborativo, 
a perícia deve-se orientar no sentido da legislação do trabalho. 
 
 11 
 
 
 
As energias de ordem mecânica são aquelas capazes de modificar o estado de repouso ou de 
movimento de um corpo, produzindo lesões em parte ou no todo. Os meios mecânicos causadores do 
dano vão desde armas propriamente ditas (punhais, revólveres,soqueiras), armas eventuais (faca, 
navalha, foice, facão, machado), armas naturais (punhos, pés, dentes), até os mais diversos meios 
imagináveis (máquinas, animais, veículos, quedas, explosões, precipitações). 
As lesões produzidas por ação mecânica podem ter suas repercussões externa ou internamente. 
Podem ter como resultado o impacto de um objeto em movimento contra o corpo humano parado (meio 
ativo), ou o instrumento encontrar-se imóvel e o corpo humano em movimento (meio passivo), ou, 
finalmente, os dois se acharem em movimento, indo um contra o outro (ação mista). Esses meios atuam 
por pressão, percussão, tração, torção, compressão, descompressão, explosão, deslizamento e 
contrachoque. 
Segundo o contato, o modo de ação e as características que imprimem às lesões, classificam-se os 
instrumentos mecânicos em: 
- cortantes; 
- contundentes, 
- cortocontundentes, 
- perfurantes, 
- perfurocortantes e 
- perfurocontundentes. 
 
(Acho muito interessante vocês decorarem estes tipos de ações e os tipos de lesões abaixo. As 
bancas gostam de questionar tais classificações. Cuidado com estes nomes que são parecidos e 
podem ser usados pelas bancas. Já vi questões com termos que não existem. Por exemplo: 
instrumentos dilacerantes, contusodilacerantes, perfurodilacerantes, cortodilacerantes). 
Tais ações produzem, respectivamente, feridas incisas, contusas, punctórias, perfuroincisas, 
cortocontusas e perfurocontusas. 
Tais ações produzem, respectivamente, feridas puntiformes, cortantes, contusas, perfurocortantes, 
perfurocontusas e cortocontusas. As feridas, por exemplo, produzidas por vidro, lança, dentes ou 
explosão, ainda que venham a apresentar perdas vultosas de tecidos, não deixam de ser cortantes, 
perfurocortantes, cortocontusas e contusas, correspondentemente. 
 
Mas quais são e quais características apresentam os instrumentos mencionados? 
Instrumento Perfurante: É todo instrumento capaz de produzir uma lesão punctória. Esses 
instrumentos propriamente ditos possuem forma cilíndrica-cônica, são alongados, finos e pontiagudos, 
tais como: agulha, estilete, prego, alfinete etc. Atuam por pressão através da ponta e afastamento das 
fibras do tecido. As lesões produzidas por estes instrumentos são soluções de continuidade que se 
denominam feridas punctórias. O tipo de instrumento será diagnosticado pela qualidade das lesões. 
Mas o diagnóstico da lesão em si, não permite que para avaliação do seu alcance, se façam 
sondagens, desaconselhadas formalmente pela possibilidade de, elas mesmas, produzirem falsos 
trajetos ou alterarem os correspondentes ao instrumento empregado. 
É extremamente variável, pois, o instrumento não contaminado facilitará a recuperação, mas caso 
ocorra processo infeccioso tudo se modificará. Geralmente homicídios, principalmente entre detentos. 
Recém-nascidos também podem ser vítimas desse tipo de lesão (infanticídio). Não é de se desprezar a 
possibilidade de acidente comum ou do trabalho. Como meio de suicídio não é muito frequente. A 
3. Energias de Ordem Mecânica: Traumatologia Médico-legal 
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perícia envolve sempre o exame das lesões em sua forma, aspecto, dimensões e demais caracteres 
que sirvam não só para a determinação diagnóstica, mais ainda para pesquisar o instrumento que as 
produziu. 
 
Instrumento Cortante: É todo instrumento que agem por um gume afiado, por pressão e 
deslizamento atuando linearmente sobre a pele ou sobre os órgãos, produz feridas incisas. Navalha, 
bisturi, lâmina, canivete, faca de gume cerrado, pedaço de vidro etc. Agem por pressão e deslizamento 
produzindo a secção uniforme dos tecidos. Possuem bordas nítidas e regulares, há hemorragia 
geralmente abundante, corte perfeito dos tecidos moles, ausência de outro trauma em torno da lesão. É 
necessário estudar cuidadosamente os caracteres da lesão, não sendo omitido o exame minucioso das 
vestes quando a região afetada era coberta por ela. Depende da sede comprometida, da extensão e 
profundidade do ferimento, são mortais quando atingem a região do pescoço (denomina-se 
esgorjamento, se atingir a região anterior e degolamento, se atingir a região posterior). 
 
ESGORJAMENTO 
 
 
 
ferida incisa na região anterior ou lateral do pescoço 
 
- DEGOLAMENTO 
 
 
ferida incisa no plano posterior do pescoço (nuca) 
DICA: GOLA da camisa fica na parte de trás do pescoço = degolamento 
 
 
- DECAPITAÇÃO: separação da cabeça do corpo. 
 
 13 
 
 
 
Não sendo isso, em geral não assumem essa gravidade extrema, mas podem ser gravíssimas 
quando situadas no rosto (cicatriz queloideana – deformidade permanente). 
Algumas características: 
- O esgorjamento e o degolamento indicam homicídio, suicídio ou, raramente, acidente. 
- Esgorjamento e degolamento profundos, concomitantes, que atinjam a coluna vertebral, serão 
homicídio. 
- Esgorjamento por violento golpe que atinja a coluna cervical é sugestivo de homicídio. 
- Degolamento com lesão da medula é, em geral, homicídio. 
No caso de atingir nervos de membros, podem produzir perturbações motora e sensitiva, e daí 
debilidade do segmento, enfermidade incurável que pode impedir o trabalho etc. Não havendo essas 
consequências, elas são consideradas leves. 
Podem variar, é homicida frequentemente, mas pode tratar-se de lesão de defesa (indicativo de luta) 
ou mesmo suicida. A lesão acidental pode ocorrer, mas geralmente é de menor gravidade e não chega 
ao legista, senão ao clínico. Elemento cortante, número de lesões, sede, direção, características, 
profundidade, regularidade, lesões de defesa. O médico legista através de fatos relatados e 
observados, poderá prestar esclarecimentos à justiça. 
Os instrumentos cortantes não podem ser confundidos com os instrumentos cortocontundentes, 
como a foice, o machado, pois, estes agem mais pelo peso e pela força com que são empregados do 
que pelo gume. 
Segundo a doutrina, são características das feridas incisas: 
- regularidade das bordas; 
- regularidade do fundo da lesão; 
- ausência de vestigios traumáticos em torno da ferida; 
- predominância do comprimento sobre a profundidade; 
- afastamento das bordas da ferida; 
- presença de cauda de escoriação voltada para o lado onde terminou a ação do instrumento; 
- vertentes cortadas obliquamente; 
- centro da ferida mais profunda que as extremidades; 
- perfil de corte de aspecto angular, quando o instrumento atua de forma perpendicular, ou em forma 
de bisel, quando o instrumento atua em sentido oblíquo. 
A evolução da cicatriz de uma ferida incisa permite a presunção da data de sua produção. Assim, 
distinguem-se três fases no processo de formação de uma cicatriz incisa: 
- fase inicial ou de quiescência: inicia-se, simultaneamente à produção do ferimento dos tecidos, 
graças ao surgimento de coágulo sanguíneo; 
- fase de fibroplasia: se inicia no segundo dia com intensa produção de fibroblastos- início no 
segundo dia através de uma intensa reprodução de fibroblastos; 
- fase de maturação: também chamada fase de retração cicatricial, se inicia por volta do sexto 
dia pós-trauma, por uma intensificação de produção de fibras colágenas pelos fibroblastos e 
elaboração do colágeno. 
 
Instrumento Contundente: é todo agente mecânico, líquido, gasoso ou sólido, que, atuando 
violentamente por pressão, explosão, flexão, torção, sucção, percussão, distensão, compressão, 
descompressão, arrastamento, deslizamento, contragolpe, ou de forma mista, traumatiza o 
organismo. 
 
 
 14 
 
- Sólido: pau, tijolo, mão de pilão. 
- Líquido: queda n'água, jato d'água. 
- Gasoso: jato forte de ar sobre pressão 
- Naturais: mãos, pés, cabeça, chifres de boi etc. 
- Usuais: bengala, bastão, cassetete, etc.- Eventuais: pedra, martelo. 
Mecanismo de Ação: 
- Ativo: quando o objeto possuidor de força viva, choca-se contra o corpo da vítima; 
- Passivo: quando o corpo da vítima, sob ação da força viva, choca-se contra o objeto; 
- Misto: quando tanto o corpo da vítima, quanto o objeto possuidor de força viva, chocam-se entre si. 
A resultante da ação desses instrumentos depende da intensidade do seu movimento, de sua 
dinâmica traumatizante, e, conjugado este fato, a região do corpo atingida e as condições da próxima 
ação, as lesões decorrentes poderão ser superficiais ou profundas, citam-se das mais leves às mais 
graves: 
- Rubefação: alteração vasomotora da região; dura cerca de duas horas no máximo; 
- Edema: derrame seroso; 
- Escoriação: perda traumática da epiderme (serosidade, gotas de sangue, crosta); 
- Equimose: derrame hemático que infiltra e coagula nas malhas do tecido. Permite dizer qual o 
ponto onde se produziu a violência. Indica a natureza do atentado. Pode afirmar se o indivíduo achava-
se vivo no momento do traumatismo. Indica a data provável da violência. 
 
Espectro Equimótico de LEGRAND de SAULLE: a equimose superficial é envolvida por uma 
sucessão de cores que se inicia pelos bordos. Tem importância pericial para determinar, em alguns 
casos, a data provável da agressão. 
- 1º dia: lívida ou vermelha - 7º ao 10º dia: esverdeada 
- 2º e 3º dia: arroxeada - 10º ao 12º dia: amarela-esverdeada 
- 4º e 6º dia: azul - 12º ao 17º dia: amarela 
 
Hematoma: é uma coleção hemática produzida pelo sangue extravasado de vasos calibrosos, não 
capilares, que descola a pele e afasta a trama dos tecidos formando uma cavidade circunscrita onde se 
deposita. 
 
Bossa Sanguínea: é um hematoma em que o derrame sanguíneo impossibilitado de se difundir nos 
tecidos moles em geral, por planos ósseos subjacentes, coleciona determinando a formação de 
verdadeiras bossas. 
 
Bossa Linfática: são coleções de linfas produzidas por contusões tangenciais, como acontece nos 
atropelamentos, em que os pneus, por atrição, deslocam a pele formando grandes bossas linfáticas, 
entre o plano ósseo e os tegumentos. 
 
Luxação: é o afastamento repentino e duradouro de uma das extremidades. 
 
Fratura: é a solução de continuidade, parcial ou total dos ossos submetidos à ação de instrumentos 
contundente. 
 
Ferida Contusa: 
- Forma, fundo e vertentes irregulares; 
- Bordas escovadas; 
- Ângulos obtusos; 
- Derrame hemorrágico externo menos intenso do que na ferida incisa; 
- Aspecto tormentoso no seu interior; 
- Retalhos conservados em forma de ponte, unindo as margens da lesão, contrastando com os 
tecidos mortificados; 
- Nervos, vasos ou tendões, conservados no fundo da lesão. 
 
Na apreciação detalhada das equimoses é preciso distingui-las das hipóstases, das equimoses 
espontâneas post mortem, das pseudo-equimoses, traumatismos post-mortem, das doenças como 
púrpura, escorbuto, hemofilia, intoxicação por arsênio, epilepsia etc. O prognóstico depende da lesão 
em si, conforme a região, ferida seccionando ou dilacerando órgãos importantes, e dependendo do 
 
 15 
 
peso da arma e força viva com que esta é acionada, podendo produzir comoções de vulto. Em geral o 
prognóstico é grave quanto à vida, ou em hipótese mais benigna, quanto à importância, causando um 
dano que incapacite para o trabalho. 
Do ponto de vista jurídico, essas lesões podem significar dependendo da sede, a natureza de uma 
violência: pescoço, rosto, orifícios, região genital etc. A forma caracteriza o instrumento ou meio que as 
produziu. As dimensões para identificar o agente produtor, quando produzidas com vida a existência de 
reação própria. É finalmente a sede, a forma e a disposição são elementos que bem estudados podem 
esclarecer a possibilidade de simulações, podendo evidenciar se foi homicídio, acidente ou suicídio. A 
importância de realização de uma perícia bem feita, traduz a possibilidade da identificação do agente da 
lesão e também, o tipo ou natureza do crime, através, evidentemente de pesquisas minuciosas e 
detalhadas da lesão. 
 
Instrumento Perfurocortante: são chamados perfurocortantes os instrumentos puntiformes, com o 
comprimento predominando sobre a largura e a espessura, um ponto que atua simultaneamente 
por percussão ou pressão, afastando fibras e, por corte, seccionando-as. Existem ainda os 
instrumentos de ponta e de arestas, contendo várias faces e múltiplos ângulos diedros, cortantes ou 
não. São aqueles que além de perfurar o organismo exercem lateralmente uma ação de corte. Facas, 
punhais, canivetes, baionetas etc. 
Classificação: 
- Instrumento perfurocortantede um só gume ou de um só bordo cortante; 
- Instrumento perfurocortantede dois gumes ou de dois bordos cortantes; 
- Instrumento perfurocortantede três ou mais gumes ou bordos cortantes. 
 
Características: São instrumentos que, além de perfurar, pela sua ponta, ainda exercem lateralmente 
ação de corte: 
- Monocortante: faca, peixeira, canivete. 
- Bicortante: punhal 
- Tricortante: lima, florete. 
- Multicortante: apontador de pedreiro, perfuratriz manual. 
Perfura = Pressão 
Corta = Secção 
 
Lesões: 
- Instrumento com um gume: ferida ovalar, com um ângulo agudo e um ângulo arredondado. 
- Instrumento com dois gumes: (botoeira) dois ângulos agudos. 
- Instrumento com três gumes: feridas de forma triangular. 
- Instrumento com muitos gumes: feridas parecidas com as produzidas pelos instrumentos cônicos. 
 
Genérico: Deve ser orientado no sentido de se caracterizar a natureza da lesão, condicionada ao 
instrumento que a produziu. 
- Dependem do local 
- Das formações anatômicas atingidas 
- Da profundidade e largura 
- Da possibilidade de produzirem infecções. 
 
Lesão Corporal - Suicídio - Homicídio – Acidente 
 
Dificilmente podemos calcular a largura do instrumento pelo tamanho do ferimento. Contudo o perito 
pode dar a ideia genérica do elemento cortante, número de lesões, sede, direção, características, 
profundidade, regularidade, lesões de defesa etc. 
 
Instrumento Perfurocontundente: É todo agente traumático que ao atuar sobre o corpo, perfura-o 
e contunde simultaneamente. Os instrumentos desta classe são, na maioria das vezes, os projeteis de 
arma de fogo. Arma de Fogo: São as peças constituídas de um ou dois canos, aberto numa das 
extremidades e parcialmente fechados na parte de trás, por onde se coloca o projétil. 
 
Classificação: 
- Quanto à dimensão: portáteis, semiportáteis e não portáteis. 
- Quanto ao modo de carregar: Antecarga e Retrocarga. 
 
 16 
 
- Quanto ao modo de percussão: Perdeneira e Espoleta. 
- Quanto ao calibre: 
 
A munição compõe-se de cinco partes: 
- Estojo ou cápsula: É um receptáculo de latão ou papelão prensado, de forma cilíndrica contendo os 
outros elementos da munição; 
- Espoleta: É a parte do cartucho que se destina a inflamar a carga. É constituído de fulminato de 
mercúrio, de sulfeto de antimônio e de nitrato de bário. 
- Bucha: É um disco de feltro, cartão, couro, borracha, cortiça ou metal, que se separa a pólvora do 
projétil. 
- Pólvora: É uma substância que explode pela combustão. Há a pólvora negra e a pólvora branca. 
Esta última não tem fumaça. Ambas produzem de 800 a 900 cm3 de gases por grama de peso. Em 
geral são compostas de carvão pulverizados enxofre e salitre. 
- Projétil: É o verdadeiro instrumento perfurocontundente, quase sempre de chumbo nu ou revestido 
de níquel ou qualquer outra liga metálica. Os mais antigos eram esféricos. Os mais modernos são 
cilíndricos-ogivais. 
 
O projétil desloca-se da arma graças a combustão da pólvora, quando ganha movimento de rotação 
propulsão, ao atingir o alvo atuam por pressão, havendo afastamento e rompimento das fibras. O alvo é 
também atingido por compressão de gasesque acompanha o projétil. Uma lesão completa por projétil 
de arma de fogo é constituída de 03 (três) partes: Orifício de entrada, Trajeto e Orifício de saída. 
 
Orifício de Entrada: (elementos): 
- Zona de Contusão: Deve-se ao arrancamento da epiderme motivado pelo movimento rotatório do 
projétil antes de penetrar no corpo, pois sua ação é de início contundente. 
- Aréola Equimótica: É representada por uma zona superficial e relativamente difusa da hemorragia 
oriunda da ruptura de pequenos vasos localizados nas vizinhanças do ferimento. 
- Orla de Enxugo: É uma zona que se encontra nas proximidades do orifício, de cor quase sempre 
escura que se adaptou às faces da bala, limpando-as dos resíduos de pólvora. 
- Zona de Tatuagem: É mais ou menos arredondadas, nos tiros perpendiculares, ou de formas 
crescentes nos oblíquos. É resultante da impregnação de partículas de pólvora incombustas que 
alcançam o corpo. 
- Zona de Esfumaçamento: É produzida pelo depósito de fuligem da pólvora ao redor do orifício de 
entrada. 
- Zona de Chamuscamento ou Queimadura: Tem como responsável a ação superaquecida dos 
gases que atingem e queimam o alvo. 
- Zona de Compressão de Gases: Vista apenas nos primeiros instantes no vivo. É produzida graças 
à ação mecânica dos gases, que acompanha o projétil quando atingem a pele. 
 
Tiro Encostado: É aquele dado com a boca da arma apoiada no alvo. Nesse caso todos os 
elementos que saem da arma penetra na vítima. A ferida de entrada adquire o aspecto de buraco de 
mina (Hoffman), acompanhado de deslocamento trajeto. 
Trajeto: É o caminho que o projétil descreve dentro do organismo. É aberto quando tem orifício de 
saída e em fundo de saco, quando termina em cavidade fechada. Pode ser retilíneo ou sofrer desvios. 
Orifício de Saída: É o orifício produzido pelo projétil isoladamente ou aderido por corpos ou autor que 
a ele se juntam no decorrer do trajeto. 
 
Para o diagnóstico das lesões por instrumentos perfurocontundente, deve-se estudar 
cuidadosamente os caracteres acima registrados, somando-se ao exame das vestes e objetos e 
correlacionado com lesões do corpo da vítima. As características envolvidas na lesão podem fornecer 
dados para evidenciar a natureza da origem dos ferimentos. Os ferimentos perfurocontusos podem 
causar morte, perda da função de um membro ou órgão ou prejuízo da função e ou deformidade local. A 
consequência vai depender: do tipo de arma, número de tiros, o calibre, a distância, idade e condições 
de saúde prévia da vítima, do tempo decorrido entre o recebimento do tiro e os primeiros socorros. 
 
Suicídio (50%) 
- Um ferimento, ponto de eleição (têmporas, boca, pregão precordial). 
- Presença da arma na mão da vítima. 
- Disparo a curta distância, queima roupa ou com a arma apoiada. 
 
 17 
 
- Mãos escurecidas pela pólvora. 
 
Homicídio (35%) 
- Existência de impressões digitais do autor na arma ou nas cápsulas. 
- Vestígio do uso da arma nas mãos do atirador. 
 
Acidente 
 
A perícia envolve sempre o exame das lesões, das vestes e da munição. São exames da alçada do 
médico; contudo, como complemento, é necessário que ele seja auxiliado por outros técnicos para o 
estudo mais especializados. O médico deve ter em mente certas questões para as quais ele busca 
resposta. Ex.: Qual o orifício de entrada? Qual a distância do tiro? Qual a arma usada? A vítima poderia 
ter realizado certos atos antes da morte? As lesões foram produzidas em vida ou depois da morte? Qual 
a causa jurídica da morte? etc. 
 
Instrumento Corto-Contundente: São instrumentos que possuem gume rombo, de corte embotado e 
que agindo sobre o organismo, rompe a integridade da pele, produzindo feridas irregulares, retraídas e 
com bordas muito traumatizadas. Machado, foice, facão, enxada, motosserra, rodas de trem etc. Agem 
por pressão e percussão ou deslizamento. A lesão se faz mais pelo próprio peso e intensidade de 
manejo, do que pelo gume de que são dotados. A forma das feridas varia conforme a região 
comprometida, a intensidade de manejo, a inclinação, o peso e o fio do instrumento. São em regra 
mutilantes, abertas, grandes, fraturas, contusões nas bordas, perda de substância e cicatrizam por 
segunda intenção. 
Será feito com base no tipo de lesão o diagnóstico depende da lesão em si, depende se na região 
atingida havia órgãos importantes, e depende do peso da arma ou da força viva com que esta é 
acionada, podendo produzir comoções de vulto. Em geral, o prognóstico é grave quanto à vida ou em 
hipótese mais benigna, quanto à importância de um dano, incapacitando para o trabalho, deformando, 
inutilizando membro etc. É mais frequente no homicídio e no acidente, sendo raro no suicídio. Na 
perícia, o aspecto da escoriação é suficiente para indicar se o ferimento foi feito num indivíduo vivo ou 
num cadáver. Permite também conclusões quanto ao objeto usado e a natureza do atentado. As 
escoriações produzidas no vivo formam crosta. No cadáver são lisas e muito semelhantes ao aspecto 
de couro ou de pergaminho. 
 
 
Estudam-se todas as substâncias que, por ação física, química ou biológica, são capazes de, 
entrando em reação com os tecidos vivos, causar danos à vida ou à saúde. Podem agir externa 
(cáusticos) ou internamente (venenos). 
 
Cáusticos: são substâncias que, de acordo com sua natureza química, provocam lesões 
tegumentares mais ou menos graves. Essas substâncias podem resultar em efeitos coagulantes ou 
liquefacientes. As de efeito coagulante são aquelas que desidratam os tecidos e lhes causam escaras 
endurecidas e de tonalidade diversa, como, por exemplo, o nitrato de prata, o acetato de cobre e o 
cloridrato de zinco. As de efeito liquefaciente produzem escaras úmidas, translúcidas, moles e têm 
como modelo a soda, a potassa e a amônia. A importância do estudo das lesões externas acarretadas 
pela ação dos cáusticos reveste-se de grande significação, não apenas pelo interesse de determinar 
sua gravidade, mas também quanto à necessidade de distinguir uma lesão in vitam e outra post 
4. Energias de Ordem Química, cáusticos e venenos, embriaguez, toxicomanias 
Prof. Wagner Luiz Heleno Bertolini 
 
 18 
 
mortem, e, finalmente, a identidade da substância usada. A gravidade da lesão varia de acordo com a 
quantidade, a concentração e a natureza do cáustico; seu prognóstico depende do seu desdobramento 
por infecção, cicatrizes retráteis ou lesões mais graves como a cegueira. 
A diferença entre as escaras produzidas em vida ou depois da morte nem sempre é fácil, pois alguns 
ácidos, por exemplo, atuam com a mesma intensidade e características no vivo ou no cadáver, e sua 
diferença é tanto mais difícil quanto mais precocemente o morto foi atingido. E a identidade da 
substância é feita pelo aspecto das lesões e por reações químicas. Os ácidos produzem escaras secas 
e de cor variável: as do ácido sulfúrico são esbranquiçadas; as do ácido nítrico: amareladas; as do ácido 
clorídrico, cinza-escuras; as do ácido fênico, esbranquiçadas. As escaras resultantes da ação dos 
álcalis são úmidas, moles e untosas. As escaras produzidas pelos sais geralmente são brancas e 
secas. A identidade das escaras também pode ser feita quimicamente: o ácido sulfúrico se identifica 
com o cloreto de bário a 10%, dando um precipitado branco; o ácido nítrico com a paradifenilamina, 
mostrando uma cor azul; o ácido clorídrico com o nitrato de prata, resultando em uma tonalidade 
esbranquiçada que se enegrece com a luz; a potassa com o cobaltinitrito sódico, dando um precipitado 
amarelado. 
Em geral, a natureza jurídica desses tipos de lesões é acidental ou criminosa e, muito raramente, 
voluntária. Quando criminosa, a sede mais constante das lesões é a face e as regiões do pescoço e do 
tórax, pela evidente intenção do agressor em enfeitar a vítima, motivando-lhe uma deformidadepermanente e aparente. Essas formas de lesão tornaram-se conhecidas como vitriolagem, visto que 
antigamente se usou criminosamente o óleo de vitríolo (ácido sulfúrico) em tais intentos. Seu emprego 
não foi muito esporádico no passado, sobretudo a partir de 1639, na França, com o célebre atentado 
contra a Duquesa de Chaulnes. O diagnóstico diferencial das escaras produzidas in vitam ou post-
mortem não é muito difícil. Quando produzidas após a morte, elas não têm propriamente a forma de 
escara, mostram se apergaminhadas e de tonalidade marrom-escura. E, sob o ponto de vista 
histológico, não apresentam reação vital através dos exames histoquímicos e histológicos. 
 
Venenos: nada mais difícil que definir veneno. Até mesmo os alimentos e os medicamentos podem, 
em determinadas situações, ser prejudiciais à vida ou à saúde, especialmente quando sua nocividade 
sofre profundas modificações em face da dosagem posta, da resistência individual, da maneira de 
ministração e do veículo utilizado. Veja-se só: a estricnina em pequenas doses serve de estimulante, 
porém, em dosagem excessiva, é mortal. Entre os elementos da resistência individual que alteram a 
maior ou menor ação maléfica do veneno, citem-se os seguintes: a idade, o sexo, a tolerância adquirida, 
as condições hepáticas, o estado de repleção do estômago, entre outros. 
O veículo adotado é de suma valia. Assim, o cianeto de potássio, associado ao meio glicosado, 
perde acentuadamente o poder mortal. Pode-se conceituar veneno como qualquer substância que, 
introduzida pelas mais diversas vias no organismo, mesmo homeopaticamente, danifica a vida ou a 
saúde. A velha Lei Penal de 1890 dava ao veneno esta definição: ―Toda substância mineral ou orgânica 
que, ingerida no organismo ou aplicada ao seu exterior, quando absorvida, determine a morte, ponha 
em perigo a vida ou altere profundamente a saúde‖. Vê-se, pois, que a própria lei, como ninguém, não 
nos traz esclarecimento a respeito, porquanto o legislador atual prudentemente evitou qualquer conceito 
sobre o assunto. 
Peterson, Haines e Webster, apud Guilherme Arbenz, definem veneno como a ―substância que, 
quando introduzida no organismo em quantidades relativamente pequenas e agindo quimicamente, é 
capaz de produzir lesão grave à saúde, no caso do indivíduo comum e no gozo de relativa saúde‖ (in 
Medicina Legal e Antropologia Forense). Os venenos se classificam em: 
- quanto ao estado físico: líquidos, sólidos e gasosos; 
- quanto à origem: animal, vegetal, mineral e sintético; 
- quanto às funções químicas: óxidos, ácidos, bases e sais (funções inorgânicas): hidrocarbonetos, 
álcoois, acetonas e aldeídos, ácidos orgânicos, ésteres, aminas, aminoácidos, carboidratos e alcaloides 
(funções orgânicas); 
- quanto ao uso: doméstico, agrícola, industrial, medicinal, cosmético e venenos propriamente ditos. 
 
Noções de Toxologia 
 
É a ciência que estuda as intoxicações, os venenos que as produzem, seus sintomas, seus efeitos, 
seus antídotos e seus métodos de análise. O termo tóxico vem do grego toxicon que quer dizer flecha 
envenenada. A Toxicologia estuda os efeitos nocivos das substâncias químicas no mundo vivo. 
É multidisciplinar, pois engloba conhecimentos de Farmacologia, Bioquímica, Química, Fisiologia, 
Genética e Patologia, entre outras; Esta ciência identifica e quantifica os efeitos prejudiciais associados 
 
 19 
 
a produtos tóxicos, ou seja, qualquer substância que pode provocar danos ou produzir alterações no 
equilíbrio biológico; A toxicologia tem, como principal objetivo, a detecção e identificação de substâncias 
tóxicas, em geral, no seguimento de solicitações processuais de investigação criminal por parte dos 
diversos organismos; Desta maneira, é possível obter pistas relativamente a envenenamentos, 
intoxicações, uso de estupefacientes, entre outros. É a partir desta área que, muitas vezes, é 
descoberta qual a causa da morte do indivíduo em questão e, se o causador o fez involuntariamente ou 
por algum motivo. 
 
Fase do descobrimento: Teve início com o homem primitivo em seu contato com a natureza como 
meio de sobrevivência, que em seu dia a dia tomou contato com plantas e animais, surgindo deste 
contato a identificação de substâncias que eram ou não benéficas a sua vida. 
Fase primitiva: É talvez a parte mais importante, pois estuda os venenos como meio de suicídio, de 
homicídio e até punitivo, trazendo importantes conclusões inclusive para a moderna toxicologia. 
Fase moderna: Início a partir de 1800, com o surgimento de métodos de estudos para identificação 
de venenos, com o que, diminuiu sua atuação criminosa, porém a partir deste conhecimento houve um 
aumento significativo de intoxicações acidentais (ex. uso de agrotóxicos). 
 
Divisão Metodológica da Toxicologia (como Ciência) 
Toxicologia clínica: Estuda os sintomas e sinais clínicos, visando diagnosticar envenenamentos e 
orientar terapia. 
Toxicologia profilática: Estuda a poluição da água, terra, ar e alimentos, procurando manter e 
aumentar a segurança para a vida é saúde humana. 
Toxicologia industrial: Estuda as enfermidades industriais e a insalubridade do ambiente de trabalho. 
Toxicologia analítica: Visa a análise dos produtos tóxicos objetivando determinar sua toxicidade, sua 
concentração tóxica, metabolismo, etc. 
Toxicologia forense: Estuda os aspectos médico-legais procurando esclarecer a ―causa-mortis‖ em 
intoxicações, visando o esclarecimento a justiça da causa das intoxicações. 
 
Fatores que influenciam na Toxicidade 
- Fatores que dependem do sistema biológico, Idade, peso corpóreo, temperatura, fatores genéticos, 
estados nutricionais e patológicos. 
- Quantidade ou concentração do agente tóxico. 
- Estado de dispersão - Importante a forma e o tamanho das partículas. 
- Afinidade pelo tecido ou organismo humano. 
- Solubilidade nos fluídos orgânicos. 
- Sensibilidade do tecido ou organismo humano. 
- Fatores da substância em si. 
 
Principais Agentes Tóxicos 
- Tóxicos Gasosos 
- Tóxicos Voláteis 
- Tóxicos Orgânicos Fixos 
- Tóxicos Orgânicos Metálicos 
- Tóxicos Orgânicos Solúveis 
- Outros 
 
Causas mais frequentes de Intoxicações 
 
- Falhas de técnicas, como vazamentos dos equipamentos, preparação e aplicação dos produtos 
sem a utilização de equipamento adequado de segurança, aplicação contra o vento. Trabalhadores que 
não trocam diariamente de roupa e não tomam banho diário. Trabalhadores que tomam banho em água 
quente, que dilata os poros facilitando a absorção do produto. Trabalhadores que nos horários de 
descanso se alimentam sem lavar as mãos, armazenamento inadequado dos produtos. 
- Outras causas, aplicação de produtos nas horas de maior temperatura, onde o calor intenso dilata 
os poros e facilita a absorção da pele, trabalhadores que voltam a trabalhar após uma intoxicação, ou 
em períodos de repouso de ouras doenças, trabalhadores com baixa resistência física são mais 
suscetíveis, trabalhadores que fazem aplicações sozinhos e em caso de intoxicação não recebem ajuda 
imediata, crianças e animais que tem contato com produtos químicos. As esposas dos operários que se 
intoxicam ao lavar as roupas utilizadas na aplicação e muitas outras formas. 
 
 20 
 
Parâmetros Toxicológicos 
 
Toxicidade: É a capacidade de uma substância química produzir lesões, sejam elas físicas, químicas, 
genéticas ou neuropsíquicas, com repercussões comportamentais. 
Intoxicação: É um estado deletério manifestado pela introdução no organismo de produto 
potencialmente danoso. 
Toxicidade aguda: É aquela produzida por uma única dose, seja por via oral, dermal ou pela inalação 
dos vapores. O processo tóxico em que os sintomas aparecem nas primeiras 24 horas após a 
exposição às substâncias. 
Toxicidade crônica: É aquela que resulta da exposição contínua a umdefensivo, sendo que este não 
pode causar não causa toxicidade aguda por apresentar-se em baixas concentrações. A toxicidade 
crônica é mais importante que a toxicidade aguda, pois normalmente ocorre pela contaminação de 
alimentos ou lentamente no seu ambiente de trabalho. Processo tóxico em que os sintomas aparecem 
após as primeiras 24 horas, ou mesmo de semanas ou meses após a exposição às substâncias. 
Toxicidade Recôndita: É o processo tóxico em que ocorrem lesões, sem manifestações clínicas. 
Veneno: É todo e qualquer produto natural ou sintético, biologicamente ativo, que introduzido no 
organismo e absorvido, provoca distúrbios da saúde, inclusive morte, ou, se aplicado sobre tecido vivo e 
capaz de destruído. 
DL50 (Dose Letal): É a dose letal média de um produto puro em mg/Kg do peso do corpo. Esta 
terminologia pode ser empregada para intoxicação oral, dermal ou inalatória. 
Dosagem Diária Aceitável (DDA): Quantidade máxima de composto que, ingerida diariamente, 
durante toda a vida, parece não oferecer risco apreciável à saúde. 
Carência: Compreende o período respeitado entre a aplicação do agrotóxico e a colheita dos 
produtos. 
Efeito Residual: Tempo de permanência do produto nos produtos, no solo, ar ou água podendo trazer 
implicações de ordem toxicológica. 
Antídoto: Toda substância que impede ou inibe a ação de um tóxico é chamada antídoto. 
 
Tipos de tóxicos 
 
Maconha: também denominada marijuana, diamba, liamba, fumo-de-angola, erva maldita, erva-do-
diabo, canábis, birra, haxixe e maria-joana, é conhecida na China e na Índia há 9 mil anos. É extraída 
de certas partes das folhas da Cannabis sativa, planta dióica, erecta, de cheiro acre e inflorecência 
verde-escura. Seu odor é forte e quando em forma de planta seca se parece com o orégano ou com o 
chá grosseiramente picado. Nativa das regiões equatoriais e temperadas, é a droga mais consumida no 
mundo inteiro. Seus maiores exportadores são a Birmânia, a África do Norte, o México e o Líbano. No 
Brasil, está bastante difundida, principalmente no norte e nordeste, nos estados de Alagoas, Maranhão, 
Piauí e Pernambuco. 
Seu consumo é através de xaropes, pastilhas, infusões, bolos de folhas para mascar e, mais 
acentuadamente, em forma de cigarros (baseados, dólar, fininho) ou em cachimbos especiais 
chamados ―maricas‖. 
Alguns não a consideram propriamente um tóxico por não trazer dependência, tolerância, nem crise 
de abstinência. Outros já a aprovam para uso médico em casos de glaucoma e como analgésico e 
calmante nos casos de câncer terminal. Mas é um excitante de graves perturbações psíquicas e leva o 
viciado a associar outro tipo de droga. 
Muitos viciados permanecem em completa prostração, enquanto outros se tornam agitados e 
agressivos. Traz, como regra, a lassidão, o olhar perdido a distância, um comportamento excêntrico, 
uma memória afetada e uma falta de orientação no tempo e espaço. Perdem a ambição, valorizam 
apenas o presente. Têm uma ilusão de prolongamento de vida e uma sensação de flutuar entre as 
nuvens. 
Sua percepção é deformada e surgem problemas psicológicos como: fuga da realidade, indiferença e 
desligamento completo na fase mais aguda. As ilusões, alucinações e dissociação de ideias são 
manifestações mais raras. 
Seu mecanismo de ação não está ainda bem explicado e se conhece pouco sobre seus efeitos 
apesar dos avanços das investigações científicas. A ação do princípio ativo do tetraidrocabiol (THC), 
tudo faz crer, limita-se aos centros nervosos superiores. Sabe-se que in vitro a maconha inibe a 
atividade da adenilatociclase em determinadas células neuroniais através da proteína G. Seu efeito 
varia de 2 a 8 horas. 
 
 21 
 
Sua nocividade é relativa, pois não leva à dependência física, não cria crise de abstinência e podem 
os viciados recuperados com certa facilidade, principalmente os usuários leves. No entanto, os usuários 
pesados podem apresentar a ―síndrome de abstinência‖. 
O haxixe é retirado da resina seca de folhas esmagadas de maconha e comercializado em forma de 
tabletes sólidos, secos e duros, ou úmidos e amolecidos, sendo geralmente misturado ao fumo e usado 
em cigarros ou cachimbo. 
 
Morfina: morfinomania ou morfinofilia é o uso vicioso de tomar morfina. Os mais fracos, com 
predisposição ao vício, com uma primeira dose da droga facilmente se escravizam. Por outro lado, há 
profissões que facilitam a aquisição da substância, como médicos, farmacêuticos e enfermeiras. 
O viciado começa aos poucos, com pequenas doses quase homeopáticas. E cada vez mais o 
organismo vai exigindo dose maior. Chegam, alguns deles, a tomar a cifra inacreditável de 6g por dia. 
Na fase final, chegam a tomar doses de 30 em 30 minutos. 
A morfina é um alcaloide derivado do ópio e apresenta-se em forma de líquido incolor. Esse narcótico 
intramuscular, aplicada nas mais diferentes regiões do corpo, principalmente nos braços, no abdome e 
nas coxas. O viciado mesmo aplica as injeções. Na fase final, premido pela necessidade da droga, 
aplica-se sem assepsia e vai criando, ao longo do corpo, uma série de pequenos abscessos. Ou então, 
esteriliza a agulha na chama de uma vela ou de um fósforo, produzindo nas regiões picadas inúmeras 
tatuagens provenientes da fuligem. 
No início do uso da droga, o paciente sente-se eufórico, disposto, extrovertido, loquaz e alegre. Essa 
fase é chamada de ―lua-de-mel da morfina‖. 
Com o passar dos tempos, o viciado emagrece, torna-se pálido, de costas arqueadas e cor de cera. 
Envelhece precocemente, a pele enruga e o cabelo cai. Surgem a insônia, os suores, os tremores, as 
angústias, o desespero, a inapetência, a impotência sexual e os vômitos. Entra no ―período de estado‖, 
passa à fase de caquexia, vindo a falecer quase sempre de tuberculose ou de problemas cardíacos. 
O processo de intoxicação é rápido. Em pouco tempo, perde o controle, e a necessidade o obriga a 
se picar com frequência e em qualquer ambiente, em face da exagerada dependência que a droga 
provoca. A inteligência, a memória e a vontade do drogado enfraquecem cedo. 
Os homens, quando se viciam por esse narcótico, para obter meios que propiciem a compra da 
droga, roubam, furtam, saqueiam, exploram, extorquem, enganam e matam. As mulheres, na fase de 
abstinência e de excitação, cometem atos incríveis, descem ao mais baixo nível de prostituição a fim de 
adquirirem o tóxico. 
 
Heroína: é um produto sintético (éter diacético da morfina – diacetilmorfina). Tem a forma de pó 
branco e cristalino. Após a diluição, ele é injetado. Pode, ainda, ser misturado ao fumo do cigarro. 
O aspecto do intoxicado é semelhante ao da morfina. Sua decadência é maior e mais rápida, pois a 
heroína é cinco vezes mais potente que a morfina. Em poucas semanas, o drogado torna-se um 
dependente; com 30 dias de uso, o viciado já necessita de tomar uma injeção em cada duas horas. 
Provoca náuseas, vômitos, delírios, convulsões, bloqueios do sistema respiratório, e a morte sobrevém 
muito rápida. 
Tão nociva é essa droga, que muitos países já proibiram sua fabricação e, inclusive, o sem emprego 
pelos médicos. 
 
Cocaína: é um alcaloide estimulante, extraído das folhas da coca. Esse vegetal é um arbusto sul-
americano. 
Apresenta-se na forma de pó branco para ser aspirado como rapé, por fricção da mucosa gengival 
ou diluído e aplicado como injeção. 
É também conhecido como ―poeira divina‖, de uso mais largo entre os rufiões e elegantes prostitutas, 
ou, como mais recentemente, entre os membros da fina flor da sociedade burguesa. 
Colocado na mucosa nasal por aspiração, é esse alcaloide absorvido rapidamente pelo organismo. A 
continuação do uso da cocaína por via nasal termina perfurando o septo nasal, lesão esta muito 
significativa para o diagnóstico da cocainomania. 
Um dos fatos que mais chama a atenção num viciado por essa droga

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