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DIVERSIDADE NAS SALAS DE AULA: 
UM DESAFIO PARA O EDUCADOR
Nome do aluno
Nome do Professor 
RESUMO
A diversidade social é uma das maiores consequências das alterações sociais, econômicas e políticas que resultaram no mundo como o conhecemos, hoje. Sendo uma realidade mundial, a diversidade social também e se encontra dentro das salas de aula. É preciso que o profissional educador se encontre preparado para lidar com todos os tipos de alunos, enquanto exerce o seu papel de transmitir conhecimento. O objetivo do presente trabalho é apresentar a diversidade social no contexto escolar e informar os profissionais educadores sobre a melhor forma de lidar com esse fenômeno social, sem jamais descuidar do currículo educacional a ser passado. A metodologia utilizada para a produção textual deste trabalho é a revisão bibliográfica e foi feita a partir da leitura e compreensão de artigos que tratem do tema. Os educadores devem sempre promover o respeito e a tolerância, fazendo com que o ambiente escolar seja pacifico e saudável para o aprendizado. 
 
Palavras Chaves: Educação, Diversidade Social, Aprendizagem. 
1 INTRODUÇÃO 
Para que sejam compreendidos os eventos que levaram a educação e as pessoas a chegarem no ponto em que se encontram, é preciso que se visualize a sociedade como um todo. As alterações causadas pela consolidação do capitalismo como sistema econômico vigente transformaram as famílias brasileiras de dentro para fora. Isso é, antes a maioria das famílias dividiam as tarefas da forma clássica: o homem trabalhando fora e a mulher com a função de cuidar da casa e dos filhos. Entretanto, essa realidade foi completamente alterada pelo fato de que se tornou preciso que não só o homem, mas também a mulher estivesse inserida no mercado de trabalho para que a família pudesse se sustentar e evoluir. 
Apesar de parecer um ato simples, o mesmo alterou a sociedade de maneiras drásticas e distintas. Uma dessas mudanças está relacionada com a escola, visto que, na ausência da mãe as crianças precisavam de um lugar para estarem enquanto os pais trabalhavam. A escola passa a se tornar uma das instituições mais importantes da estrutura social do mundo moderno e os assuntos que relacionavam a mesma se tornaram pauta. 
Muitos anos passaram até que as atividades realizadas na escola fossem norteadas através de leis e diretrizes, mas essa instituição milenar ocupa um grande espaço na discussão social. A chegada da tecnologia as casas brasileiras pode ser colocado como um dos fatores que resultaram no sucateamento da educação nacional, isso porque a internet passa a impressão de que é possível aprender e ensinar através desses aparelhos e com apenas cliques. Esse cenário contribui para que o professor deixe de ser visto como a única figura apta para ensinar e a escola deixe de ser reconhecida como o único lugar onde se pode aprender.
No entanto, a tecnologia não foi à única grande alteração social que causou impactos na educação brasileira. A diversidade que segue em franco crescimento em todo o mundo, também trás grandes novas questões para dentro das salas de aula. Partindo do princípio de que educar é um ato político-social, é impossível que não esbarremos com temas polêmicos durante a evolução das aulas. 
Os alunos, em seus papéis de seres pensantes, possuem ideologias e opiniões formuladas sobre tais temas e quanto mais vão avançando nas séries do ensino escolar, mais difícil fica transformar esses pré-conceitos. Logo, o presente trabalho pretende responder a seguinte questão: como o professor pode ensinar o conteúdo proposto de maneira plena sem desrespeitar a diversidade encontrada dentro das salas de aula? 
O objetivo geral do presente trabalho é demonstrar quais são as metodologias de ensino mais adequadas para serem aplicadas nas salas de aula atuais. Os objetivos específicos consistem em fazer com que os educadores compreendam as características sociais e biológicas naturais a cada uma das fases dos alunos durante o período escolar, caracterizar a educação atual nacional e os impactos das alterações sociais na mesma e explanar sobre a diversidade dentro das salas de aula e como lidar com essa nova realidade. 
O presente estudo apresenta uma importância considerável quando analisamos os impasses ideológicos e pessoais que vem ocorrendo dentro das salas de aula, tanto entre alunos quanto entre alunos e professores. É preciso que a escola seja vista como um ambiente que incentive o senso crítico e o livre pensamento, porém não deve ser palco de discussões que saiam do campo acadêmico e entrem na esfera pessoal. O conteúdo programático a ser seguido, e a qualidade do ensino desses conteúdos deve ser prioridade para professores e alunos. 
2 AS FASES DA VIDA HUMANA DURANTE O PERÍODO ESCOLAR
2.1 Infância
Como a maioria dos seres vivos, os humanos possuem fases durante toda a sua vida. De modo simplificado essas fases podem ser dividas entre a infância, a adolescência, a fase adulta e a velhice. Ao longo dos anos a ideia adotada sobre a infância e a criança em si, foi passando por grandes transformações. Na antiguidade a criança era vista apenas como um adulto em proporções físicas menores, e se compreendia que a evolução deste aconteceria apenas de forma física. 
Como bem coloca Áries (1981), nos períodos que se seguirão após o século XII, a evolução da infância era medida pelo nível de auxilio materno que a criança necessitava. A partir do momento que esta passava a executar tarefas sem o auxilio de um cuidador, já estava pronta para se tornar um adulto e passava a exercer funções características a tal fase da vida. Neste cenário, podemos entender que a infância não era de fato vivida nesse período, devido à figura da criança nunca ser desassociada da figura dos adultos. 
Na Roma Antiga a visão da infância passou a ser associada diretamente com o momento do nascimento. Para que o bebê, assim que saísse do ventre de sua mãe, recebesse o direito de viver, era preciso que fosse aceito pelo seu progenitor. Dada essa questão, na época eram legítimas as execuções das crianças que não fossem aceitas pelos seus pais ou que apresentassem alguma deficiência aparente (VEYNE, 1989). 
Foi apenas no século XVIII, com o intermédio da Igreja Católica, que passaram a ser considerados atos de bruxaria o assassinato de bebês e crianças. Pode-se afirmar que a Igreja Católica, enquanto instituição mediadora das ações morais e éticas da época, consolidou a imagem da criança como alguém que deve ser cuidado e protegido através da figura do menino Jesus. A criança passa a ser vista pela igreja e pela sociedade da época como um ser inocente que veio do céu há pouco tempo e por isso é detentor de sabedorias inacessíveis aos adultos (HEYWOOD, 2004). 
O desenvolvimento do conceito de infância se deu juntamente com o desenvolvimento do conceito de família. Sendo a criança agora, o motivo de alegria da instituição social que é a família, de modo que a mesma passa a dever ser amada e educada. Nasce dessa concepção um novo costume, o de planejar a gravidez e o nascimento do filho (ÁRIES, 1981). 
Segundo Gagnebin (1997), é nesse momento que finalmente a criança passa a ser reconhecida como representante da sua figura e pode viver a sua infância de forma plena. Passa a se compreender também, os erros na concepção que defendia que a criança era posse de seus pais até a idade a adulta. Essa ideia foi transformada e a criança passou a ser compreendida como ser pensante e detentor de vontade e gostos próprios. 
Nesse cenário, surge a escola, como um local totalmente destinado às crianças, ao seu desenvolvimento e educação pedagógica. Nesse espaço a criança deve ser estimulada e moldada de acordo com as normas morais da sociedade em que está inserida.
2.2 Adolescência
O adolescente se encontra em uma fase de transição – no sentido mais amplo da palavra – ou seja, ele ainda está transitando entre a infância e a fase adulta. Devido ao fato de serem extremamente jovens, ainda não possuem experiências sociais que lhes tenham causadograndes ensinamentos e também não são maduros o suficiente para lidar com certos sentimentos e responsabilidades.
As doenças de natureza psicológica vêm cada vez mais afetando os adolescentes e os jovens em geral. Segundo Costa (2017), esse cenário é ocasionado pela grande ausência dos pais ou responsáveis legais devido às mudanças sociais ocorridas ao longo dos anos. O mercado de trabalho atual exige uma grande atenção e consome muito tempo do dia dos cidadãos em geral, e, para a autora, isso faz com que os filhos não tenham a atenção que necessitam. Portanto, esses não são auxiliados quando estão passando por algum tipo de sofrimento emocional e psicológico. 
O período que corresponde à adolescência tem como característica básica ser uma fase de provação. Ou seja, a todo o momento é solicitado que esse adolescente comprove e coloque em prática todos os ensinamentos que recebeu durante a sua infância. Esse momento, que deveria ser permitido errar para que esse ser possa acumular experiências que lhe tragam ensinamentos, é neste momento que o jovem é mais pressionado para não cometer erros. Por ter sobre si todas as expectativas de melhora de seus pais e familiares próximos, é comum que essa seja uma fase onde ocorram muitas crises. A sensação de insuficiência e de incapacidade afeta a inteligência acadêmica e emocional e amedronta os adolescentes (MARTY; CARDOSO, 2008). 
Segundo Teixeira (2014), é importante que se compreenda que o adolescente está vivendo em um constante período de luto, isso porque perdeu o seu corpo infantil e é detentor de um corpo com o qual não sabe como lidar. Suas ideias e visões sobre o mundo se mostram erradas e equivocadas, sua criatividade, imaginação e positividade – naturais da infância – são completamente reduzidos e até mesmo perdidos. Bem como tem que lidar com a substituição dos sentimentos antigos, por novas perspectivas que se mostram confusas, como a sua sexualidade, relações amorosas, o meio acadêmico e a cobrança relacionada ao sucesso profissional que são impostas em um momento precoce. 
Dessa forma, essa fase é extremamente complexa não só para o adolescente em si, mas para todos aqueles que convivem diretamente com o mesmo. Para Alberti (2010) o turbilhão de hormônios, mudanças e frustrações deixam esse indivíduo com acessos de agressividade, o torna mais misterioso para com seus pais e os adultos em geral, e as decepções que passa podem desencadear tristezas profundas e constantes. Nesse contexto, o autor complementa que na ausência do auxilio dos pais ou responsáveis legais, passa a ser função da escola e dos profissionais da educação que convivem com esse jovem, alertar os familiares para que esses busquem ajuda profissional para esse adolescente. 
O autor ainda complementa que as atividades tecnológicas quando usadas da forma correta podem ter uma grande importância nesse processo de amadurecimento conturbado no qual esse jovem está inserido. Através da diversão e das risadas nos momentos de aprendizagem é possível que se reduza a parcela de culpa da escola como uma das decepções desse indivíduo. Passando a escola e os profissionais que nela se encontram a ser um suporte e um motivo de distração e descontração para esses adolescentes, de forma que se amenizem essas sensações naturais da idade. 
2.3 A educação brasileira
As políticas educacionais vigentes no país são amparadas pela legislação nacional, chamada de Legislação Educacional. Para compreender melhor esse cenário é importante compreender que as políticas educacionais são, em sua essência, políticas públicas. 
Como mostra o INEP (2006), as políticas públicas estão diretamente interligadas com as Políticas Sociais, que possuem como compromisso atender a todas as necessidades da população, através da criação e distribuição de benefícios e programas sociais. Nessa linha de realização, entram as Políticas Educacionais, visto que a educação é um direito básico que deve ser garantido a todo e qualquer cidadão. É importante salientar que a Política Educacional deve ser formulada mediante as necessidades do povo e respeitando sempre as singularidades de cada um. Porém, tais ações nem sempre são usadas como elemento norteador, devido ao fato de a política como um todo ser sempre moldada por meio dos interesses pessoais de quem a faz. 
Em 1932, nascia o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que tinha como objetivo delimitar as missões e metas centrais para a educação do país. Para o contexto da época, tal documento representou grande importância para a luta de uma educação melhor para jovens e crianças, e trouxe a tona também, o ato de formar um novo ser humano da maneira correta. 
Posterior a esse manifesto, foi criada as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que sofreu uma série de alterações em seu conteúdo até resultar no formato que conhecemos hoje. 
A LDB pode ser compreendida como o conjunto de leis relacionadas à educação nacional em todas as suas fases, desde o maternal até o nível superior. Nesse documento estão garantidos, por lei, o direito e o dever a educação para todos os cidadãos maiores de seis anos, perpassando pela educação infantil (que vai dos zero aos cinco anos), até o ensino superior (que tem apenas idade mínima para ingresso). São também separadas pela LDB, as responsabilidades educacionais direcionadas aos municípios, estados e à federação. 
O sucateamento atual da educação é uma realidade devastadora, as políticas educacionais não parecem mais surtir efeito dentro das salas de aulas do Brasil. A chegada da internet, o imediatismo e a desqualificação da figura do professor enquanto um profissional extremamente importante são alguns dos fatores que resultaram na atual situação. Dessa forma se faz necessário que novas formas de ensino e de aprendizagem sejam desenvolvidas e aplicadas para que o ensino básico nacional volte a cumprir o seu verdadeiro papel que é passar os ensinamentos acadêmicos básicos que vão preparar esse jovem para sua vida profissional (FERREIRA, 2009).
2.3 O aluno autônomo e protagonista
A construção cultural, que é o ato de criar filhos e a forma como se deve educá-los e tratá-los, vem sofrendo grandes alterações ao longo do tempo, ao passo que a figura da criança e do jovem também é vista de outra forma. Em tempos mais remotos era extremamente comum criar os filhos de maneira completamente omissa e até mesmo rigorosa demais, pois assim eles estariam preparados para a vida adulta. Essa visão era sustentada pelo fato de que a criança era vista como um adulto em tamanho reduzido que com o tempo cresceria sustentando a mesma mentalidade. 
Após as mudanças sociais que aniquilaram essa visão passamos pela fase em que a criação deveria ser totalmente assistencialista. Ou seja, era obrigação dos pais executar todas as tarefas possíveis para que essa criança tivesse uma vida confortável até que atingisse a maior idade. Entretanto, ações como essa resultaram em toda uma geração de adultos cômodos, intolerantes e que não possuíam bagagem emocional e psicológica suficientes para lidar com as adversidades naturais da vida adulta. 
A consolidação dos estudos científicos relacionados ao comportamento infantil e juvenil, juntamente com a fixação da ideia de que o profissional educador seria aquele que está apto para executar ações e passar ensinamentos que sejam benéficos para o desenvolvimento acadêmico e pessoal dessa criança, contribuíram de grande forma para uma criação cada vez mais saudável. O meio termo foi encontrado e consiste em não deixar esse jovem sem nenhum auxilio e compreender as limitações da idade que sobre ele recaem, ao mesmo tempo que se deve incentivar o protagonismo e a autonomia dessa criança desde os primórdios da infância. 
A autonomia é muito discutida em meio às ciências humanas, seu significado etimológico é definido pela filosofia como o poder de tomar decisões livremente, enquanto indivíduo, país ou instituição. O autor Marques (2003) nos chama atenção para o fato de que a autonomia vai muito além de fazer o que se temdesejo no momento em que deseja. Principalmente no ambiente escolar a autonomia não deve ser apenas viabilizada, mas deve ser principalmente ensinada. 
Muito mais importante do que dar liberdade para os alunos, é ensina-los como fazer uso da mesma de forma saudável e favorável ao seu desenvolvimento acadêmico e pessoal. Por exemplo, a autonomia não deve ser ensinada no âmbito escolar através da formulação de uma norma que decreta que o aluno tem liberdade para sair das dependências da escola no momento em que desejar, sem antes explicar para o mesmo as consequências de suas ações. 
A autonomia tem o seu significado prático totalmente atrelado ao cumprimento de regras sociais, mesmo que o seu significado teórico nos passe uma impressão exatamente contraria. Vianna (2016) explica que atitudes autônomas compreendem também em analisar, entender e seguir leis e regras sociais que apesar de não serem de nossa livre e total escolha, são plausíveis para uma sociedade pacífica. É de livre autonomia de um cidadão escolher cumprir as regras sociais que ele julgue que façam sentido e sejam benéficas para a convivência em sociedade, mesmo que tal regra não lhe agrade todos os momentos. 
Dessa forma podemos notar a grande importância de compreender de uma forma muito mais profunda todos os significados do termo autonomia e levar em consideração todas as óticas que avaliam tais ações. É preciso que ações autônomas sejam incentivadas no ambiente escolar, mas é função da mesma – através dos conteúdos passados em matérias como sociologia e filosofia – explicar todo o contexto e todas as consequências das ações que estão disponíveis para escolha. 
Já em relação ao protagonismo sabemos que a palavra, em sua tradução literal, significa “lutador principal”. Aquele que está em posição de destaque quando analisamos determinadas situações, sempre tomando a iniciativa e assumindo riscos. Já no contexto escolar esse termo é utilizado para designar o líder de um grupo de alunos, de uma turma ou até mesmo de uma escola. Geralmente é quem é escolhido para dar vós aos desejos e reclamações dos demais, aquele que realiza a comunicação entre os alunos e a gestão da escola. 
Indo além dessa reflexão, o protagonista pode ser considerado aquele que toma atitudes concretas quando os demais indivíduos não o fazem. Sempre se coloca a disposição para servir de exemplo e se voluntariar para realizar ações benéficas para a escola e para a comunidade na qual a mesma está inserida (COSTA, 2016). 
Em muitas situações o protagonismo pode proporcionar ensinamentos extremamente ricos e úteis para a vida daquele jovem, principalmente em eventos da vida adulta que exigirão muita desenvoltura. Entretanto, não é preciso passar muitas horas dentro de escolas e observando o convívio dos alunos para reparar que o protagonista é facilmente identificado porque costuma ser uma figura atípica e quase única. Em turmas composta por uma média de 30 a 40 alunos, apenas um desses se torna o protagonista, o líder e o mediador entre sua sala e a direção escolar. 
Aceitando essa realidade, é um dos objetivos da escola formar cada vez mais alunos protagonistas e deixar de incentivar que os demais alunos apenas sigam as ideias lançadas pela figura do líder. As matérias que tratam da sociedade e suas relações ajudam os alunos no desenvolvimento do conhecimento de si mesmos, do meio em que vivem e também na identificação de traços comportamentais de outros indivíduos. Através da consolidação de um senso critico bem fundamentado esse aluno pode avaliar de forma mais clara todo o contexto escolar e se tornar o seu próprio protagonista. 
Não é função do educador escolar iniciar um processo de eliminação e controle das diversidades de seus alunos, cabe ao mesmo respeitá-las e ensinar aos demais alunos o valor dessa prática. É importante que haja a compreensão das singularidades humanas e da validade de cada uma das pessoas, independentemente de suas ideologias, opiniões ou posições. Tornando o ambiente escolar pacífico, respeitoso, acolhedor e propício ao ensino. 
2.4 A diversidade e o ensino 
Para que se inicie essa discussão de forma consistente é preciso que haja a plena compreensão do conceito de “diversidade”. Para Rodrigues e Cruz (2011) a diversidade é fruto de uma grande quantidade de culturas diferentes que convivem no mesmo espaço físico ou em espaços próximos, se origina dos novos modelos de estado ocidentais que pregam pela liberdade e autonomia individual. A diversidade se manifesta de diversas formas, ela pode se apresentar como diversidade de gênero, sexualidade, nacionalidade, ideologia, crenças, etnias, opiniões e línguas. 
A diversidade social ocorre quando encontramos pessoas completamente diferentes nesses quesitos, ocupando o mesmo espaço físico e manifestando suas singularidades existência. Devido a essa definição popularizada, a diversidade é muito associada à imigração. Essa relação não é errada, porém é importante compreender que não é apenas nesse contexto que a diversidade se aplica: as salas de aula também são exemplos claros de diversidade social. 
Assim como o conceito da escola como espaço educacional, a diversidade existe desde a formação das primeiras sociedades, mas o reconhecimento de seu conceito é relativamente recente. A diversidade tem ligação direta com questões culturais, sociais, políticas e econômicas e essa relação se aplica em todos os lugares do mundo. A desigualdade que deriva da diversidade, também é uma realidade mundial, isso porque essas singularidades naturais de cada uma das nações fortalece a ideia de superioridade. Ou seja, acredita-se que certas diferenças fazem com que algumas nações se coloquem como melhores que as demais (SANTANA, 2012).
A diversidade social foi vista por séculos como algo negativo em muitos sentidos, porém as ações educacionais e políticas recentes seguem tentando mudar essa realidade. A ideologia de que as pessoas devem se alterar para se encaixar no padrão social que existe no ambiente onde vivem, vem sendo cada vez mais questionada. A educação com caráter crítico e tolerante, os movimentos sociais e a acessão dos direitos legais para todos os tipos de pessoas reforçam os pontos positivos da diversidade. Como bem coloca Santos (2006), a relação que pode ser construída entre pessoas diferentes trás muitos benefícios para ambas às partes, visto que se caracteriza como uma troca de culturas, aprendizados e experiências. 
Cabe então ao estado, aos educadores e a sociedade de modo geral, incentivar esse convívio pacifico em espaços onde exista diversidade. Sempre prezando pelo respeito, tolerância, compreensão e desconstrução de todo e qualquer preconceito, seja ele por raça, crença, sexualidade, gênero, etnia ou nacionalidade. De forma que os espaços sociais se mantenham saudáveis e propensos ao aprendizado social que pode ser obtido através dessa troca entre pessoas diferentes. 
A vida escolar de um aluno costuma durar mais de uma década, e durante todos esses anos esse indivíduo acumula aprendizados e vivências que formam suas opiniões, crenças, ideologias e preconceitos que o fazem simpatizar com determinadas linhas de pensamento. Segundo Santos (2008), muitos anos se passaram desde que o ambiente escolar era formado por alunos que pertenciam à mesma comunidade. Atualmente, os alunos precisam se deslocar de seus bairros e até mesmo de suas cidades, para ir á escola. A ausência de uma comunidade fixa que seja a origem da maior parte dos alunos faz com que haja a existência de diferentes culturas dentro do ambiente escolar, caracterizando a diversidade dentro das salas de aula. 
As políticas e diretrizes educacionais ainda não se encontram completamente prontas para lidar com essas diferenças culturais, sociais, políticas, econômicas e ideológicas. Mesmo que hajam grandes avanços no que diz respeito a educação inclusiva nas escolas do Brasil, é preciso que os olhares institucionais da educação sejam voltados para a diversidade social dos alunos e não apenas as singularidades biológicas. A escola,na sua qualidade de ambiente formador de novos cidadãos, precisa fazer com que o respeito e a tolerância sejam passados como conceitos básicos no ambiente escolar. 
A ideia de que a pluralidade social humana é consolidada apenas na fase adulta é ultrapassada, visto que as crianças e adolescentes do século XXI não se enquadram mais em um molde educacional como o que é proposto ao longo de todos esses anos. Carvalho; Araújo (1998, p. 44) explicam essa realidade de forma consistente: 
“[...] a escola precisa abandonar um modelo no qual se esperam alunos homogêneos, tratando como iguais os diferentes, e incorporar uma concepção que considere a diversidade tanto no âmbito do trabalho com os conteúdos escolares quanto no das relações interpessoais.”
O aluno se encontra em formação, e apesar de buscar passar a impressão de que é são decididos quanto suas opiniões e crenças, ainda não possuem maturidade e experiência de vida para compreender a complexidade da existência humana e a pluralidade cultural que pode existir em uma sociedade. O profissional educador, como fonte de conhecimento dentro das salas de aula, deve abordar os temas relacionados à diversidade em busca de fazer com que seus alunos o compreendam. 
3 METODOLOGIA 
3.1 O tipo e o campo de estudo
O presente estudo desenvolvido é de natureza descritiva e qualitativa e faz parte da classe das pesquisas bibliográficas. Assim como se apresentam os estudos caracterizados como revisões sistemáticas, este estudo foi elaborado através de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema. Realizou-se a leitura, seleção e compreensão dos materiais acadêmicos encontrados nas plataformas como Scientific Electronic Library Oline (SCIELO), Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde (LILACS) e Public Medine or Publisher Medine (PUBMED), nos idiomas português e inglês. Os sujeitos do estudo são os artigos acadêmicos reconhecidos que tratam da educação e da sociologia como matéria obrigatória nas escolas brasileiras. 
A pesquisa procurou respeitar todos os aspectos éticos e legais existentes, não divulgando nomes ou informações confidenciais de indivíduos, empresas ou instituições que estiveram envolvidos na coleta de dados e nos estudos de casos obtidos através da seleção dos artigos acadêmicos. Bem como, também respeitou as questões éticas no que diz respeito ao profissionalismo e vida pessoas daqueles que exercem atividades como profissionais da área educacional presencial ou não.
Devido a sua condição completamente bibliográfica, a pesquisa apresentada possui potencial de risco nulo. Apresenta benefícios ligados ao conhecimento e a educação. Podendo ser usado como fonte de estudo para alunos que estejam prestes a atuar na área educacional com ênfase no ensino de turmas de alunos, bem como para os pais, responsáveis legais e escolas que busquem informações sobre a diversidade nas salas de aula e ação do professor. 
3.2 Critérios de Inclusão e Exclusão
Os critérios de inclusão adotados no presente trabalho consistem em artigos acadêmicos reconhecidos, que tenham sido escritos dentro do espaço de tempo de 20 anos. Estando esses nos idiomas inglês e português e que tratem da educação e a diversidade nas salas de aula.
Foram excluídos do referencias bibliográficos aqueles artigos que não sejam academicamente reconhecidos, escritos a mais de 20 anos ou que estejam em outro idioma além de português e inglês. Não foram considerados, ainda, aqueles que tratem da educação sem fazer relação com a problemática envolve a diversidade dentro das salas de aula. 
3.3 Coleta de Dados: Materiais e Métodos
Para o desenvolvimento do presente estudo foram utilizados descritores de pesquisa, sendo eles: a educação, o aluno atual, os impactos da tecnologia na educação tradicional, o professor como agente transformador, o ensino sociológico passado nas salas de aula, a sociologia na construção do aluno protagonista, dentre outros. Foram selecionados e revisados artigos que apresentassem relação com os descritores escolhidos, realizando a seleção e compreensão de informações importantes contidas em cada artigo. 
3.4 Análise de Resultados
Após a realização da leitura e a compreensão dos artigos selecionados para compor o referencial teórico do presente trabalho, alguns conceito se tornaram mais claros e evidentes. O sucateamento do sistema nacional de educação se deve a uma infinidade de fatores, porém, no que diz respeito às salas de aula e a ação direta do professor podemos colocar a insatisfação do sistema educacional nas metodologias de ensino-aprendizagem ultrapassadas. 
Segundo Ferreira (2009) o aluno contemporâneo é completamente diferente daqueles indivíduos que frequentavam as escolas na época em que essas metodologias de ensino foram desenvolvidas e implantadas. A industrialização e a modernização desenvolveram uma sensação de presa e desinteresse para os alunos que se encontram dentro das salas de aula, o modelo que compreende em passar o conteúdo na lousa, explicar os conceitos, aplicar exercícios e provas já não satisfaz mais o sistema educacional atual. 
O autor coloca que é preciso que essa metodologia seja alterada e a escola e os professores procurem maneiras mais interessantes e eficazes de passar o conteúdo programático escolar. Tendo em vista essa necessidade de uma atualização na forma como as matérias são passadas, chegamos no que se refere ao ensino com a presença da diversidade dentro das salas de aula. 
Para Carvalho (2002) é preciso que os professores assumam o compromisso de acabar com todos os preconceitos cultivados pelos alunos que sejam derivados de falta de conhecimento. Essa etapa é extremamente necessária quando analisamos a base de todos os preconceitos sociais: a ignorância. O desconhecimento do outro e a utilização de achismos para formular julgamentos, são os conceitos necessários para que se construa um indivíduo preconceituoso. O preconceito é o que liga a diversidade com a desigualdade, fazendo com que aqueles que se enquadram como “diferentes” sofram exclusão e perseguição por parte dos demais. 
Logo, compreende-se que o professor deve apresentar aos seus alunos todos os tipos de diversidades: raciais, étnicas, religiosas, ideológicas e aquelas que são relacionadas a gênero e sexualidade. Sempre demonstrando que apesar das diferenças de qualquer natureza, esses indivíduos seguem sendo cidadãos com direitos garantidos pela Constituição Federal e devem ser respeitados como tais. 
Ao abordar esses temas, o educador sempre deve se impor frente a mínima manifestação de qualquer ação de preconceito, desrespeito ou intolerância. É importante que o mesmo deixe suas opiniões pessoas fora da sala de aula, e se coloque dentro da sala de aula como uma figura imparcial que defende a educação de qualidade para todos e favorável aos direitos básicos humanos (RODRIGUES, 2011). 
As aulas devem correr de forma saudável, pacifica e propícia ao aprendizado de todos os alunos. Essa realidade pode ser alcançada através da frequência de diálogos onde o professor explique a importância da presença da diversidade em todo o mundo e o quão benéfica são essas trocas sociais. Através dessa ação pedagógica, os alunos absorvem conhecimentos sociais novos que serão usados para a sua formação acadêmica e principalmente humana. Dando origem a adultos éticos, tolerantes e livres de preconceitos que ferem a existência de outrem. 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Mediante os conhecimentos adquiridos para que fosse viabilizada a produção textual do presente trabalho foi possível notar o quanto a diversidade social está presente em todos os ambientes, inclusive dentro das salas de aula. Porém, essa diversidade também se encontra acompanhada de ações de descriminação e de ideologias que pregam a desigualdade. É preciso que o professor se posicione contra essas ações que degradem a existência de um aluno ou um grupo. 
O conhecimento é o caminho para que seja reduzida a quantidade de preconceitos existentes dentro das salas de aula, dessa forma os alunos devem ter acesso aconteúdos que expliquem a origem, definição e importância da existência da pluralidade cultural. O educador deve deixar suas opiniões pessoais em casa e assumir uma posição de concordância com os direitos humanos e que seja favorável ao ensino de todos os conteúdos necessários. 
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