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Biossegurança na Odontologia

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"É o conjunto de ações voltadas para a prevenção, mineralização ou eliminação de riscos inerentes às 
atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnologia e prestação de serviços visando à 
saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados."
Biossegurança em odontologia é um conjunto de procedimento adaptados no consultório com o objetivo e 
dar proteção e segurança ao paciente, ao profissional e sua equipe.
Em toda atividade odontológica, tão importante quanto o aprimoramento técnico e científico é a 
conscientização dos riscos de contaminação durante o atendimento odontológico. A cada dia, pesquisas vêm 
demonstrando que, em todos os instrumentos odontológicos, dos mais simples aos mais sofisticados, 
esconde-se um universo de microrganismos patogênicos.
Ferrari (2001) esclarece que o princípio de biossegurança é uma questão de consciência profissional. Os 
procedimentos devem ser executados como um ritual, independentemente de quem seja o paciente, já que 
não seria ético nem sufi ciente submeter os pacientes a exames laboratoriais.
Os profissionais da odontologia cirurgiões dentistas, ASBs, higienistas, técnicos em higiene dental e técnicos 
em laboratório de próteses estão sob risco constante de adquirir doenças no exercício de suas funções.
As principais doenças infecto-contagiosas que representam riscos em consultório odontológico podem ser 
causadas por vírus como Catapora, Hepatite B, Hepatite C, Conjuntivite Herpética, Herpes Simples, Herpes 
Zoster, Mononucleose Infecciosa, Sarampo, Rubéola, Parotidite, Gripe, Papilomavírus Humano, 
Citomegalovírus, HIV.
O controle de infecção é constituído por recursos materiais e protocolos que agrupam as recomendações 
para prevenção, vigilância, diagnóstico e tratamento de infecções, visando à segurança da equipe e dos 
pacientes, em quaisquer situações ou local onde se prestem cuidados de saúde.
Segundo a Dra Lusiane Camilo Borges, 70% das doenças adquiridas pela equipe odontológica são advindas da 
boca do paciente e normalmente pelas vias aéreas por meio da dispersão do aerossol.
A inspiração do ar contaminado (aerossol) ou o contato saliva-sangue faz com que ocorra a propagação da 
contaminação.
1983- Ministério da saúde lançou a portaria 196 para fornecer parâmetros de orientação no controle de 
infecção hospitalar.
Comissões, projetos a resoluções - Normas para Biossegurança.
Norma regulamentora nº 32 ou NR 32
Seu objetivo é prevenir os acidentes e o adoecimento causado pelo trabalho nos profissionais da saúde, 
eliminando ou controlado as condições de risco presentes nos serviços.
Porta de entrada dos agentes infecciosos
Via Aérea: a contaminação da mucosa nasal ocorre pela inalação de aerossóis que ficam em suspensão e 
apresentam altas concentrações de agentes infecciosos e virulentos.
Via Ocular: a contaminação da mucosa conjuntiva ocorre por lançamento de gotículas ou aerossóis de 
material infectantes nos olhos.
Via Oral: a contaminação da mucosa oral ocorre por realização de refeições no ambiente clínico.
Falta de procedimentos higiênicos (levar a mão a boca após manuseio de materiais contaminados);
Lançamento de gotículas ou aerossóis de material infectante na boca.
Via Cutânea: a contaminação do indivíduo pode ocorrer pelo contato da pele não integra, resultante de 
cortes, abrasões ou dermatites com material infectantes ou por injurias causadas por instrumentos 
perfurocortantes contaminados.
Infecção Cruzada
Quando a transmissão dos microrganismos ocorre entre pacientes, entre pacientes e a equipe de trabalho e 
Biossegurança na Odontologia
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Quando a transmissão dos microrganismos ocorre entre pacientes, entre pacientes e a equipe de trabalho e 
entre a equipe de trabalho dentro de um ambiente clínico, o processo é denominado infecção cruzada.
Vias de transmissão
Dentro de um ambiente Odontológico podemos considerar quatro grandes vias pelas quais as infecções 
podem ser transmitidas da fonte ao hospedeiro:
-Secreções orais e orofaríngeas (direta ou indireta), 
Ex: Corte- saliva/ Goticulas de saliva (espirro, tosse)
Sangue (principal via de transmissão)
-Água
-Ar
Terminologia em Biossegurança
Assepsia: é o conjunto de métodos empregados para impedir que determinado local, superfície, 
equipamento e/ou instrumental seja contaminado.
Antissepsia: é a eliminação de formas vegetativas de bactérias patogênicas de um tecido vivo. Também 
com uso de substâncias microbiocidas ou microbiostáticas de uso em pele e mucosa. A grande 
diferenciação de assepsia e antissepsia está basicamente que o primeiro é feito em superfícies, 
equipamentos, instrumentais e o segundo em tecido como mucosa e pele. 
Limpeza: é a remoção de sujidade de qualquer superfície com o objetivo de reduzir o número de 
microrganismos presentes. Deve ser feito sempre antes da desinfecção e/ou esterilização. 
Desinfecção: é o processo que elimina microrganismos patogênicos, sem sua eliminação completa. A 
desinfecção não atinge os esporos. Pode ser de alto nível, médio ou baixo. Desinfecção de alto nível: 
destrói todos os microrganismos de objetos inanimados e superfícies, exceto um número elevado de 
esporos bacterianos. Desinfecção de médio nível: elimina todas as bactérias vegetativas, microbactérias 
da tuberculose e a maioria dos vírus e fungos de objetos inanimados e superfícies. Desinfecção de 
baixo nível: elimina a maioria das bactérias vegetativas e alguns vírus e fungos de objetos inanimados e 
superfícies. ( Álcool 70°).
Esterilização: é o processo pelo qual são eliminados todos os microrganismos: esporos, bactérias, 
fungos e protozoários. Os meios de esterilização podem ser físicos ou químicos.
Formas de contaminação 
Direta: ocorre pelo contato direto entre o portador e o hospedeiro. 
Ex: DST, Hepatites virais, HIV.
Indireta: ocorre quando o hospedeiro entra em contato com uma superfície ou substância contaminada. Ex. 
Hepatite B, Herpes simples.
À distância: através do ar, o hospedeiro entra em contato com o microrganismo. 
Ex: Tuberculose, Sarampo, Influenza e Varicela.
Classificação dos ambientes
Áreas não críticas - são aquelas não ocupadas no atendimento dos clientes ou às quais estes não têm 
acesso. Essas áreas exigem limpeza constante com água e sabão.
Áreas semi-críticas - são aquelas vedadas às pessoas estranhas às atividades desenvolvidas.
Ex: lavanderia, laboratórios, biotério. Exigem limpeza e desinfecção. 
Áreas críticas - são aquelas destinadas à assistência direta ao cliente, exigindo rigorosa desinfecção. Ex: 
clínicas de atendimento, setor de esterilização, centro cirúrgico. 
Áreas contaminadas: superfícies que entram em contato com matéria orgânica ( sangue, secreções ou 
excreções), independente de sua localização. Exigem desinfecção e limpeza (cuspideira e bombas) ou 
aquelas vedadas às pessoas estranhas as atividades desenvolvidas.
Ex: laboratórios - pois exigem limpeza e desinfecção constante, semelhante à doméstica.
Medidas de precaução para a equipe odontológica
Nos últimos 20 anos houve um grande empenho institucional em se divulgar de forma ampla e didática os 
critérios para prevenção e controle de riscos no atendimento odontológico.
A coordenação da Vigilância em Saúde de SP, vem modificando a abordagem em consultório e instituições 
de atendimento odontológico, priorizando informar e orientar os dentistas para correção das irregularidades 
por meio de reuniões previas à fiscalização, demonstrando sua preocupação com a dificuldade de adequação 
à legislação em vigor.
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à legislação em vigor.
Um novo modelo de conduta nos é exigido: independente de confirmarmos se o paciente é ou não portador 
de doença de alto risco de transmissibilidade, precisamos estar preparados para atende-lo em qualquer 
situação: em outras palavras, a nossa conduta deve sera mesma para todos os pacientes...
Ou seja, tratar a todos como se fossem portadores de alguma doença infecciosa em potencial.
Nos casos em que estes riscos de morte ou agravamento de saúde, devemos estar aptos a trata-las. Esta será 
mais uma atitude ética para com o ser humano.
O ministério da Saúde Instituiu 4 princípios básicos, tendo como fundamento as "medidas de 
precaução/padrão", ou medidas de precaução universais, que enfatizam a necessidade de se tratar todos os 
pacientes em condições biologicamente seguras.
Principio 1: os profissionais devem tomar medidas para proteger a sua saúde e de sua equipe;
Principio 2: os profissionais devem evitar contato direto com matéria orgânica;
Principio 3: os profissionais devem limitar a propagação de microrganismos;
Principio 4: os profissionais devem tornar seguro o uso de artigos, peças anatômicas e superfícies.
É interessante como esses princípios estão implícitos no exercício profissional segundo o Código da Ética 
Odontológica, no Capitulo III, artigo 9, é nosso dever fundamental:
IV - assegurar as condições adequadas para o desempenho ético-profissional da Odontologia, quando 
investido em função de direção ou responsável técnico; 
V - exercer a profissão mantendo comportamento digno; 
VI - manter atualizados os conhecimentos profissionais, técnico-científicos e culturais, necessários ao pleno 
desempenho do exercício profissional; 
VII - zelar pela saúde e pela dignidade do paciente; 
VIII - resguardar o sigilo profissional;
IX - promover a saúde coletiva no desempenho de suas funções, cargos e cidadania, independentemente de 
exercer a profissão no setor público ou privado;
XIV - assumir responsabilidade pelos atos praticados, ainda que estes tenham sido solicitados ou consentidos 
pelo paciente ou seu responsável;
E no capitulo XI, artigo 32 inciso II, constitui infração ética:
II - oferecer tratamento abaixo dos padrões de qualidade recomendáveis; 
Procedimentos para controle da infecção cruzada
Para realização de controle de infecção efetivo, durante o atendimento do paciente, o profissional e sua 
equipe devem seguir uma série de medidas básicas, que são detalhadas a seguir:
Objetivo principal: prevenção e proteção na transmissão de doenças infectocontagiosas como hepatite B, C 
e D, HIV, tuberculose, herpes simples, gripe e resfriados, entre outras.
Anamnese: entrevista com o paciente a respeito de suas condições sistêmicas (recomenda-se desenrolar em 
uma de descontração já que algumas vezes ele terá que relatar episódios considerados desagradáveis)
-Devemos anotar TODOS OS DETALHES ditos pelo paciente induzindo-o inclusive a descrever algumas 
circunstancias em que haja necessidade de um contato direto do CD com o médico.
-Durante a anamnese levando-se em consideração a "queixa do paciente", é possível captar suas 
necessidades e suas limitações.
Anamnese: é a primeira e uma das mais importantes medidas de proteção do CD, pessoal auxiliar e 
paciente, já que por meio da anamnese é possível coletar dados a respeito da história pessoal e história 
médica passada e presente do paciente.
Deve-se dar REAL IMPORTÂNCIA a esta etapa, pois somente pela anamnese será possível averiguar se o 
paciente fez transfusões de sangue ou se contaminou com algum agente patogênico... Se é usuário de 
drogas, fumante, entre outros.
Anamnese: é de uso exclusivo do profissional e todas as informações prestadas nela são sigilosas e 
fundamentais para o sucesso do tratamento ser realizado.
Equipamento de proteção individual (EPI)
Dispositivos ou produtos de uso individual, utilizados pelo trabalhador e destinados á proteção de riscos 
suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
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Uso de barreiras nas superfícies 
Atributos da barreira:
-Baixo custo;
-Impermeabilidade;
-Tamanho suficiente para cobrir completamente a área protegida.
Exs: Folhas de alumínio, PVC, plástico
BARREIRA é todo meio que pode ser utilizado como forma de impedir ou dificultar o carregamento de 
agentes patogênicos de um indivíduo para o outro.
Uma complementação para a desinfecção das superfícies é o uso de barreiras, mas elas não eliminam a 
necessidade de desinfecção entre pacientes e deve ser trocada depois de cada paciente. 
USO:
-Áreas de alto contato e superfícies onde colocamos instrumentais;
-Alça do refletor;
-Comandos da cadeira (hoje em dia são nos pés);
-Encosto da cabeça;
-Mangueiras;
-Cabeça, alça e disparador dos RXs;
-Mesa clínica;
-Pontas (tríplice, alta e baixa rotação);
• Retirar o excesso da carga contaminada com papel absorvente.
• Desprezar o papel no saco plástico de lixo, segundo norma ABTN.
• Aplicar o desinfetante na área atingida o tempo necessário
• Remover o desinfetante com papel absorvente.
• Proceder a limpeza com água e sabão.
Desinfeção:
As barreiras de superfícies devem ser práticas, ter preços accessíveis, serem impermeáveis e resistentes. 
Necessitam ser trocadas a cada atendimento odontológico.
► Jamais utilize palha de aço, buchas para limpar/ lavar o instrumental. Instrumental não é louça. 
Removemos a camada passiva do aço danificando e condensando o instrumental a oxidação, 
facilitando a fixação do biofilme (matéria orgânica) inimigo nº 1 da esterilização.
► Vacina de hepatite: vacinação não é certeza de imunização. Existe uma parcela da população que não 
se imuniza (cerca de 10%) e indivíduos que perdem a imunização ao longo dos anos. É necessário que 
se faça um teste denominado ANTI-HBS para confirmar a presença e permanência da imunização para 
hepatite B.
► É fundamental a utilização do detergente enzimático para lavagem de instrumental.
Infelizmente a maioria dos profissionais desconhecem a importância da ação do detergente enzimático e 
utiliza somente sabão detergente comum (emulsificadores de gordura). O detergente enzimático na matéria 
orgânica aderida ao instrumental. Lembrando que material com resíduo de matéria orgânica não tem 
garantia de esterilização independente da marca da autoclave.
Muita atenção aos acidentes com material Biológico. Normalmente a equipe odontológica se acidenta com a 
agulha da seringa carpule ou qualquer material perfurocortante.
ATENÇÃO: qualquer perfuração com ou sem a presença de sangramento, seja superficial ou profunda, com 
ou sem sangue aparente do paciente deve ser notificada com urgência.
Obs: Durante esse período de seis meses, o profissional deve ser orientado a não doar sangue e fazer uso 
sistêmico de preservativos nas relações sexuais.
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