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A1 - PROCESSO PENAL II - LARISSA_MATHEUS_NATANAEL - USJT

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Página 1 de 10 
 
Atividade Avaliativa A1 
 
 
Nota:____________ 
 
 
7º Semestre | Turma: DIR4AN-BUB | Sala: 211 
 
 
Disciplina: Direito Processual Penal II 
Professor: Luiz Roberto Cicogna Faggioni 
 
 
Componentes do grupo: 
 
Larissa Dicmann Ballo RA. 81713559; 
Matheus Dutine de Melo RA. 817115281; 
Natanael Rodolfo Piauhy de Oliveira RA. 81715773. 
 
 
 
 
Página 2 de 10 
 
1. 
 Sim. A gravação ambiental é considerada prova lícita e 
amplamente aceita no âmbito do processo penal, quando gravada por um dos 
interlocutores da conversa, mesmo que não haja conhecimento da gravação pelo 
outro, desde que não exista, ali, sigilosidade. 
 No caso em epígrafe, trata-se de advogado instruindo 
testemunhas a mentir em juízo. Dessa forma, não estamos diante de situação em 
que o sigilo das conversas, garantido aos advogados pelo art. 7º da Lei nº 8.906/94, 
incida, vez que tal prerrogativa somente se aplica quando estiver caracterizada a 
relação advogado e cliente, o que não é o caso, levando em consideração que a 
aludida conversa se deu entre o advogado Luciano e as testemunhas. 
 Esse entendimento já foi confirmado em julgamento sob a 
sistemática da repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal, e é com base 
nesse entendimento que a jurisprudência do Egrégio Superior Tribunal de Justiça 
decide, in verbis: 
Como visto, na linha do entendimento esposado pelo magistrado, a 
hipótese parece ser de gravação ambiental, entendida como aquela 
efetivada por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro, 
cuja legalidade é amplamente admitida pelos Tribunais Superiores, 
quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva da conversa. 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS 
CORPUS. (...) 3. Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal 
firmado sob a sistemática da repercussão geral, "é lícita a prova 
consistente em gravação ambiental realizada por um dos 
interlocutores sem conhecimento do outro" (RE n. 583.937 QO-RG, 
Relator Ministro CEZAR PELUSO, julgado em 19/11/2009, REPERCUSSÃO 
GERAL - MÉRITO DJe-237 de 18/12/2009) [...] 
No caso em apreço há de se considerar, além da probabilidade de 
tratar-se a hipótese de gravação ambiental, como já mencionado 
alhures, a inexistência de provas indubitáveis de que a conversa 
estava acobertada pelo sigilo profissional, já que, a priori, não se tem 
notícia de que Valmira de Freitas Santos e Larisse Batista Silvestre dos 
Santos eram suas clientes, ou de que lá teriam ido para contratar os 
seus serviços. Destarte, inviável o trancamento da ação penal na via 
estreita do mandamus, por depender a análise definitiva acerca da 
licitude ou ilicitude da prova produzida de dilação probatória. Ante o 
exposto, acolhido o parecer ministerial de cúpula, denego a ordem 
impetrada. É como voto. Goiânia, 11 de julho de 2019. (fls. 150-157) II. 
Licitude de gravação ambiental feita por um dos interlocutores A 
 
 
Página 3 de 10 
 
irresignação da defesa não prospera. Com efeito, a jurisprudência do 
Superior Tribunal de Justiça é firme em salientar que gravação 
ambiental realizada por um dos interlocutores é lícita como meio de 
prova em processo penal. A propósito: [...] 1. A gravação ambiental 
realizada por um dos interlocutores sem o consentimento da outra 
parte, quando não restar caracterizada violação de sigilo, é 
considerada prova lícita. Precedentes desta Corte e do Supremo 
Tribunal Federal. 2. A Lei n.º 9.296/96, que disciplina a parte final do inciso 
XII do art. 5.º da Constituição Federal, não se aplica às gravações 
ambientais. 3. Em recente assentada, por ocasião do recebimento da 
denúncia nos autos da APn n.º 707/DF, a Corte Especial deste Superior 
Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que a gravação 
clandestina feita por um dos participantes da conversa é válida como 
prova para a deflagração de persecução criminal. 4. Reconhecida a 
legalidade da prova contra a qual se insurgem os recorrentes, não há 
falar em ausência de justa causa para a ação penal. 5. Recurso 
improvido. (RHC n. 34.733/MG, Rel. Ministro Jorge Mussi, 5ª T., DJe 
19/8/2014) [...] 5. É lícita a prova consistente em gravação ambiental 
realizada por um dos interlocutores sem conhecimento do outro (RE 
583937 QO-RG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 
19/11/2009, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe - 237 DIVULG 
17/122009 PUBLIC 18/12/2009). 6. A gravação de diálogo pelo cliente 
com seu advogado, para defesa de direito próprio, não configura prova 
ilícita ou violação ao sigilo profissional. Precedentes. 7. Recurso em 
Habeas Corpus improvido. (RHC n. 48.397/RJ, Rel. Ministro Nefi 
Cordeiro, 6ª T., DJe 16/9/2016) Na espécie, observo que o querelado, 
advogado, foi gravado enquanto tinha conversa ríspida com duas 
interlocutoras - que não eram suas clientes -, que entregaram a 
gravação ao querelante, gravemente ofendido em sua honra, conforme 
verifica-se da queixa-crime de fls. 14-22. Portanto, é o caso de afastar a 
alegada nulidade da prova, até porque não há no caso relação 
advogado-cliente a ser protegida. III. Dispositivo À vista do exposto, 
com base no art. 34, XX, c/c o art. 246, ambos do RISTJ, nego 
provimento ao recurso. Publique-se. Intimem-se. Brasília/DF, 18 de 
março de 2020. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ.
1
 
 Como se extrai do trecho sublinhado acima, na realidade até 
mesmo o sigilo profissional pode ser relativizado, sob a ótica do Princípio da 
Proporcionalidade, vez que quando destinada a defesa de direito próprio, a 
jurisprudência entende cabível a interceptação ambiental como prova lícita para o 
caso de cliente que grava conversa com seu advogado sem o consentimento desse 
último. 
 Assim é também o que ensina a doutrina de Guilherme Nucci: 
 
1
 (STJ - RHC: 123917 GO 2020/0033279-8, Relator: Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Data de Publicação: DJ 
24/03/2020). 
 
 
Página 4 de 10 
 
“Pacificado é o entendimento dos Tribunais Superiores no sentido de que a 
gravação ambiental realidade por um dos interlocutores sem o 
conhecimento do outro não é, para fins penais, considerada prova ilícita. 
Não tendo o colóquio o caráter de sigilosidade, pode ser registrado sem que 
um dos participantes tenha conhecimento de tal, autorizando-se a utilização 
desta prova, lícita, em qualquer processo”
2
 
 Tal é o entendimento sobre a interceptação ambiental, pelo fato 
de ela não ser regulada pela Lei nº 9.296/96, que tratou por regulamentar o inciso XII 
do artigo 5º da CF. A referida lei disciplina a interceptação telefônica, que não se 
confunde com a primeira. 
 Dessa maneira, a interceptação telefônica é, via de regra, 
prova ilícita, quando não há o permissivo jurisdicional. No entanto, para o caso da 
interceptação ambiental, como no caso em tela, a regra é justamente o inverso. 
 As interceptações ambientais são plenamente aceitas como 
provas lícitas, exceto nos casos em que for maculado o sigilo existente na conversa 
(sigilo esse que, conforme jurisprudência sublinhada anteriormente, vem sendo 
também relativizado, tendo os tribunais alargado o cabimento da interceptação 
ambiental no rol das provas lícitas). 
 Tal entendimento tem por núcleo o Princípio da 
Proporcionalidade, que como ensina Pedro Lenza: 
 “... o princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade, em essência, 
consubstancia uma pauta de natureza axiológica que emana diretamente das ideias de justiça, 
equidade, bom senso, prudência, moderação, justa medida, proibição de excesso, direito justo e 
valore afins; precede e condiciona a positivação jurídica, inclusive de âmbito constitucional; e, ainda, 
enquanto princípio geral o direito, serve de regra de interpretação para todo o ordenamento jurídico: 
 Trata-se de princípio extremamente importante, em especial na 
situação de colisão entre valores constitucionalizados. 
 Como parâmetro, podemos destacara necessidade de preenchimento de 
três importantes elementos: 
 Necessidade: por alguns denominada exigibilidade, a adoção da medida 
que possa restringir direitos só se legítima se indispensável para o caso concreto e não se 
puder substitui-la por outra menos gravosa; 
 
2
 (NUCCI, Guilherme de Souza, Código de Processo Penal Comentado, Rio de Janeiro: Editora Forense, 13ª ed., 2014, p.326). 
 
 
Página 5 de 10 
 
 Adequação: também chamado de pertinência ou idoneidade, quer significar 
que o meio escolhido deve atingir o objetivo perquerido; 
 Proporcionalidade em sentido estrito: sendo a medida necessária e 
adequada, deve-se investigar se ao ato praticado, em termo de realização do objetivo 
pretendido, supera a restrição a outros valores constitucionalizados. Podemos falar em máxima 
efetividade e mínima restrição.”
3
 
 Daí é que surge o fundamento constitucional que permite tal 
efeito ao instituto da interceptação ambiental. 
 Acerca, ainda, do princípio da proporcionalidade, podemos ver 
claramente sua aplicação prática a partir da seguinte ementa, contendo lições da 
ilustre professora Ada Pellegrini Grinover, in verbis: 
PROCESSO - DELITO FORMAL QUE SE CONSUMA COM A GRAVE 
AMEAÇA - AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS – GRAVAÇÃO 
AMBIENTAL – PROVA LÍCITA – DESNECESSÁRIO O RESULTADO 
MATERIAL VISADO PELO AGENTE – RECURSO MINISTERIAL 
PROVIDO. 
1. As declarações espontâneas apresentadas perante a autoridade 
policial(fls.105/107), aliadas às transcrições da gravação feita do diálogo da 
co-ré com a apelada, captada pela primeira interlocutora, dão conta da 
autoria e da materialidade do crime capitulado no artigo 344 do Código 
Penal por parte da apelada. 
2. A prova obtida mediante gravação ambiental, tida pela defesa como 
prova ilícita, há que ser considerada como hábil e boa quando se 
presta a demonstrar ao juiz a verdade real. Embora haja vedação 
expressa e categórica na carta constitucional (art. 5º, inc. LVI) acerca 
da admissão processual de prova ilícita, referida proibição é 
abrandada quando analisada à luz do princípio da proporcionalidade, 
pelo qual caberá ao juiz, diante de cada caso em análise, ponderar os 
valores em jogo e verificar se é mesmo preferível que um crime fique 
impune a reconhecer eficácia à prova que o desvendou, tendo sido 
esta obtida com infringência à norma de direito material ou processual. 
3. Nesse sentido tem se posicionado a maior parte da doutrina e, 
inclusive, a Ilustre Professora Ada Pellegrini Grinover, quando ensina 
que referido princípio integra o direito constitucional brasileiro, de 
modo que pode ser aplicado pelo intérprete da Constituição. 
4. Ademais, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem se 
posicionado pela licitude da prova consistente em gravação de 
conversa por um dos locutores que se vê envolvido nos fatos, como 
ocorreu na espécie.
4
 
 
3
 (LENZA, Pedro, Direito constitucional esquematizado, São Paulo: Saraiva, 21ª ed., 2017, p.166 e 167). 
4
 STJ, Relator Ministro O. G. Fernandes. REsp. nº 1.113.734 – SP (2009/0073629-9). 
 
 
Página 6 de 10 
 
 Por fim, corroborando as teses aqui levantadas, diz Norberto 
Avena sobre a admissibilidade das provas derivadas de interceptações ambientais 
sem o consentimento: 
 “Em nível de Constituição Federal, não existe tutela direta das 
interceptações ambientais lato sensu, diferentemente das interceptações telefônicas, nas 
quais existe tutela específica, embora parcial (não abrange as gravações), no art. 5º, XII. Deste 
modo, a questão relacionada à licitude ou ilicitude dos registros ambientais de sons e imagens 
deve ser analisada, unicamente, frente à regra do art. 5º, X, da Carta Magna, que incorpora 
proteção genérica à intimidade, dispositivo este que, ao contrário do que ocorre no citado 
inciso XII, não ressalva a possibilidade de ordem judicial como forma de possibilitar a violação 
da privacidade. 
 Neste contexto, é de se indagar: as formas ambientais de registro 
importam, indistintamente e em qualquer caso, na violação ao direito à intimidade tutelado 
pela Constituição Federal no art. 5º, X? A resposta afigura-se negativa. Na atualidade, é 
consolidado o entendimento no sentido de que nenhuma das formas de interceptações 
ambientais lato sensu importa, necessariamente, em violação ao direito da intimidade. Até 
pode ser que haja essa violação, mas isso não é considerado a regra, e sim a exceção. 
 Sendo assim, vale dizer, sendo regra que interceptações ambientais 
lato sensu não importam, de per si, em afrontamento ao art. 5º, X, da CD, quando importariam 
elas em violação ao direito da intimidade a ponto de tornar ilícitas as provas então obtidas? 
Em duas circunstâncias: 
 1) Quando forem realizadas em ambiente no qual exista expectativa de 
privacidade. [...] 
 2) Quando praticadas com violação de confiança decorrente de 
relações interpessoais (motivada pela amizade, pelo parentesco, pelo casamento etc.) ou de 
relações profissionais (v.g., advogado e cliente, psicólogo e paciente, padre e confidente etc.). [...] 
 Em ambas as situações, impõe-se considerar ilícita a prova resultante das 
gravações ambientais em virtude de terem sido obtidas mediante violação de confiança, vale dizer, 
conduta jamais esperada pelo narrador, para quem se gerou sentimento de profunda decepção com a 
conduta de seu interlocutor. Inclusive, de nada resolveria a existência de ordem judicial autorizando 
os registros ambientais, tendo em vista que o dispositivo da Constituição Federal afrontado foi o art. 
5º, X, que se repisa, não ressalva a possibilidade de autorização do juiz. Cabe ressaltar que, no 
segundo caso ventilado, a quebra do sigilo ainda seria mais grave, uma vez que às pessoas 
que sabem do fato em razão da profissão, função, ofício ou ministério incide o dever de sigilo. 
A propósito, examinando caso concreto que envolvia o registro de diálogo mantido entre 
advogado e respectivo cliente, materializando-se a prática de um crime perpetrado por este 
último, decidiu o STJ que “conversa pessoal e reservada entre advogado e cliente tem toda a 
proteção da lei, porquanto, entre outras reconhecidas garantias do advogado, está a 
inviolabilidade de suas comunicações” (HC 59.967/SP, DJ, 25.09.2006
5
 
 
 
5
 (AVENA, Norberto, Processo penal: esquematizado, Rio de Janeiro: Forense, 6ª ed., 2014, p.481 a 483). 
 
 
Página 7 de 10 
 
2. 
 A lei tratou por estabelecer para que seja decretada a prisão 
preventiva a necessidade de haver prova de que se restou praticado um ilícito, o 
indício claro de quem o teria praticado e a necessidade de haver perigo em deixar o 
infrator da lei em liberdade, como garantia de conservar a ordem pública, econômica 
ou assegurar a aplicação da lei penal. 
 Pois bem, dessa forma, resta claro que tal medida só pode vir a 
ser empregada nos casos em que a gravidade do ilícito seja tamanha que gere uma 
tensão de periculosidade na sociedade. 
 No caso em epígrafe, o senhor Antônio de Souza não cometeu 
nenhum crime que gere impactos relevantes na sociedade, como se constata da 
análise do caso, que denota que houve a falsificação e utilização de documentos 
públicos no intuito de fazer com que o aquele recebesse a herança do senhor 
Ricardo de Souza. 
 O Desembargador Guilherme Nucci assim ensina em sua 
doutrina: 
 “Um furto simples não justifica histeria, nem abalo à ordem, mas um 
latrocínio repercute, negativamente, no seio social, demonstrando que as pessoas honestas 
podem ser atingidas, a qualquer tempo, pela perda da vida, diante de um agente interessado 
no seu patrimônio, gerando, em muitos casos, intranquilidade”
6
 
 Nesse diapasão, já se pronunciou a jurisprudência, in verbis: 
“É providência acautelatória, inserindo-se no conceito de ordem 
pública, visando não só prevenir areprodução de fatos criminosos, 
mas acautelar o meio social e a própria credibilidade da Justiça, em 
face da gravidade do crime e de sua repercussão, convindo a medida 
quando revelada pela sensibilidade do juiz à reação do meio à ação 
criminosa.”
7
 
 
 
6
 (NUCCI, Guilherme de Souza, Código de Processo Penal Comentado, Rio de Janeiro: Editora Forense, 13ª ed., 2014, p.581). 
7
 (TJSP, HC 288.405-3, Bauru, 3.ª C., rel. Walter Guilherme, 10.08.1999, v.u.). 
 
 
Página 8 de 10 
 
“O paciente fora indiciado pela prática dos crimes previstos nos arts. 213 e 
214, c/c art. 224, a [os arts. 214 e 224 do Código Penal foram revogados 
pela Lei 12.015/2009, embora o seu conteúdo tenha sido incorporado p e l o 
art. 213], todos do Código Penal, acusado, juntamente com “N. B.”, de haver 
explorado sexualmente, de forma sistemática, crianças do Município de 
Águas Formosas-MG, mediante o pagamento de módicas quantias em 
dinheiro e pequenos agrados. (...) Ora, em casos tais, a custódia se faz 
necessária não só para prevenir a prática de novos crimes, mas 
também como meio de acautelar a própria credibilidade da justiça, em 
razão da gravidade dos delitos e sua repercussão social.”
8
 
 Ademais, superadas tais questões quanto a gravidade do crime 
cometido, há outros fatores que devem sempre serem sopesados quando se discute 
medida coercitiva tão drástica, como a probabilidade do sujeito tornar a cometer 
delitos. 
 Debruçando-nos sobre o caso concreto, constatamos que o 
senhor Antônio é réu primário, exerce trabalho remunerado e possui residência no 
mesmo município onde tramita o IP. Tais fatores são importantíssimos, pois 
deflagram a periculosidade do agente, demonstrando que a medida acautelatória 
cogitada é deveras incongruente. 
 Guilherme Nucci nos ensina que: 
 “... é indiscutível poder ser decretada a prisão preventiva daquele que 
ostenta, por exemplo, péssimos antecedentes, associando-se a isso a crueldade particular 
com que executou o crime. Confira-se na jurisprudência: STJ: ‘A prisão preventiva, devidamente 
justificada, objetiva, sobretudo, resguardar a ordem pública, retirando do convívio social aquele 
que, diante dos meios de execução utilizados nas práticas delituosas, demonstra ser dotado 
de alta periculosidade, Precedentes citados: HC 118.578-SP, DJe 30.03.2009, RHC 23.426-SP, 
DJe 09.03.2009 e AgRg no HC 105.357-AL, DJe 20.10.2008” (RHC 24.453-SP, 6.ª T., rel. Og 
Fernandes, 07.05.2009, v. u.); ‘Demonstrando o magistrado de forma efetiva a circunstância 
concreta ensejadora da custódia cautelar, consistente na possibilidade de a quadrilha em que, 
supostamente se inserem os pacientes, vir a cometer novos delitos, resta suficientemente 
justificada e fundamentada a imposição do encerramento provisório como forma de garantir a 
ordem pública’ (HC 30.236-RJ, 5.ª T., rel. Felix Fischer, 17.02.2004, v.u., DJ 22.03.2004, p. 335); 
TJSP: “A periculosidade do réu evidenciada pelas circunstâncias em que o crime foi cometido 
basta, por si só, para embasar a custódia cautelar no resguardo da ordem pública, sendo 
irrelevante a primariedade, os bons antecedentes e a residência fixa” ((HC 412.323-3/4, São 
 
8
 (TJMG, HC 1.0000.05.417037-8/000, 1.ª C., rel. Edelberto Santiago, 15.03.2005, v.u.). 
 
 
Página 9 de 10 
 
José do Rio Preto, 3.ª C. Extraordinária, rel. Marcos Zanuzzi, 13.03.2003, v.u., JUBI 82/03). Em 
suma, extrai-se da jurisprudência o seguinte conjunto de causas viáveis para autorizar a 
prisão preventiva, com base na garantia da ordem pública: a) gravidade concreta do crime; b) 
envolvimento com o crime organizado; c) reincidência ou maus antecedentes do agente e 
periculosidade; d) particular e anormal modo de execução do delito; e) repercussão efetiva em 
sociedade, gerando real clamor público. O ideal é a associação de, pelo menos, dois desses 
fatores.”
9
 
 Assim, vez que não resta maculada a ordem social ou 
econômica, dado o cometimento do crime pelo réu, não havendo perigo iminente 
gerado pelo exercício de seu estado de liberdade, bem como inexistem maus 
antecedentes que dariam indícios de que o referido poderia oferecer riscos, não se 
vislumbra aqui a viabilidade e sequer a necessidade da decretação da prisão 
preventiva de Antônio de Souza. 
 Cumpre-nos fazer, por derradeiro, uma observação: 
 Diz expressamente o art. 282, §6º, do CPP que só haverá a 
decretação da prisão preventiva quando não cabível nenhuma das medidas 
cautelares previstas no art. 319 do referido código OU quando não cabível a 
substituição da prisão por uma dessas medidas, o que não é o caso. 
 Em conformidade com o exposto, é o entendimento atual 
praticado pelo STJ, in verbis: 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. FRAUDE À LICITAÇÃO. 
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. CORRUPÇÃO ATIVA. LAVAGEM DE 
DINHEIRO. PRISÃO PREVENTIVA. ART. 312 DO CPP. 
DESPROPORCIONALIDADE DA MEDIDA EXTREMA. PROVIDÊNCIAS 
CAUTELARES DIVERSAS. ART. 319 DO CPP. ADEQUAÇÃO E 
SUFICIÊNCIA. COAÇÃO ILEGAL DEMONSTRADA. RECURSO 
PROVIDO. 1. A prisão somente será determinada quando não for 
cabível a sua substituição por outra medida cautelar e quando 
realmente se mostre necessária e adequada às circunstâncias em que 
cometido o delito e às condições pessoais do agente. Exegese do art. 
282, § 6º, do CPP. 2. Evidenciado que a finalidade almejada quando da 
 
9
 (NUCCI, Guilherme de Souza, Código de Processo Penal Comentado, Rio de Janeiro: Editora Forense, 13ª ed., 2014, p.581 
e 582). 
 
 
Página 10 de 10 
 
ordenação da preventiva pode ser atingida com a aplicação de 
medidas cautelares alternativas, como ocorre na espécie, presente o 
constrangimento ilegal apontado na inicial. 3. Observado o binômio 
proporcionalidade e adequação, infere-se, diante das particularidades 
do caso concreto, ser devida e suficiente, para garantir a ordem 
pública e afastar o risco de reiteração delitiva por parte do recorrente, 
a imposição de medidas cautelares diversas da prisão. 4. Recurso 
provido para revogar a prisão preventiva do recorrente, mediante a 
imposição das medidas alternativas previstas no art. 319, incisos i, iv, 
v, vi e viii, e no art. 320, ambos do CPP, proibindo-se-o de firmar 
qualquer tipo de contrato com o poder público e arbitrando-se fiança 
no valor de 50 (cinquenta) salários mínimos, estendendo-se os efeitos 
desta decisão aos demais corréus integrantes do "núcleo de 
operadores" da organização criminosa combatida e que se encontram 
em idêntica situação processual à do ora recorrente, na forma do 
artigo 580 do Código de Processo Penal.
10
 
 Caso o juiz da causa entenda que seja necessária alguma 
medida preventiva, deverá, dada a baixa gravidade do delito cometido no caso em 
tela em comparação com outros, empregar o art. 319 do CPP, e não o art. 312. 
 Dessa forma, reitere-se o dito supra, a opinião aqui exalada é 
pela impossibilidade da decretação da prisão preventiva. 
 
10
 (STJ - RHC: 89651 PI 2017/0243332-0, Relator: Ministro JORGE MUSSI, Data de Julgamento: 26/06/2018, T5 - QUINTA 
TURMA, Data de Publicação: DJe 29/06/2018)

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