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DIREITO DE FAMÍLIA ! Professor Conrado Paulino da Rosa ORGANIZAÇÕES DO SEMESTRE Trabalharemos os artigos: 1511 a 1783-A. G1 (07/10): predominantemente dissertativa e inspirada em casos. G2 (09/12): terá peso 8 e serão 16 questões objetivas. Terá um trabalho valendo 2. 1. INTRODUÇÃO AO DIREITO DE FAMÍLIA 1.1. BREVE HISTÓRICO: ➡ Roma antiga (a partir de 754 a.c) O Livro “A cidade antiga” de Numa Denis Fustel de Coulanges retrata a família da Roma antiga, a qual era considerada uma religião doméstica. Os humanos entendiam por família a partir como uma reunião de pessoas que detinha um fogo, fazendo seus cultos religiosos e eram chefiadas por um homem chamado “Pater Família”. Esse sujeito fazia a coordenação do culto, bem como tinha um poder absoluto perante a todos os integrantes da família, incluindo a mulher. Todos deviam obediência a esse “Pater família” e essa obediência era justificada através da religiosidade, pois com essa união de pessoas, que não necessariamente era um vínculo biológico, eram cultuados os antepassados daquela própria família. Para se ter um direito a vida eterna, na concepção daquelas pessoas, era necessário ter filhos, garantindo que esse “fogo terno” sempre estivesse presente. Quando um homem não pudesse ter filhos, ele tinha que dar espaço para seu irmão ter filhos com a sua esposa. Se caso aqueles ainda não pudessem ter filhos, se criou o instituto da adoção. A adoção, naquela época, surgiu como um instituto de benefício daqueles adultos. Ainda, não se bastava ter um filho, tinha que ter um filho homem, pois a mulher, quando casava- se, passava a pertencer a família do homem. Já o rapaz, quando o pai morresse, iria substituí-lo. Não existia igualdade entre homens e mulheres (revolução: artigo 1.511 do CC). O sobrenome era algo obrigatório e as mulheres tinham que adotar o sobrenome da família do marido que viessem a se casar (revolução: artigo 1.565, § 1º, do CC). A mulher, com aquele casamento, deixava de cultuar os deuses da sua família e passava a cultuar aqueles adorados pela família do marido. A cerimônia do casamento, em 2019, ainda cultua alguma das práticas daquela época. Quando se casa, em um cartório de registro civil, o documento irá para o Ministério Público para, se tudo estiver correto, tornar aquele ato público - proclama-se (artigo 1.527 do CC). Nas cidades do interior, é mais comum ter o “proclama-se” nos jornais, dando-se publicidade aquele ato. Voltando-se a Roma antiga, não havia jornais, a publicidade acontecia já no casamento, na casa do “Pater família”. Os noivos saiam em marcha nupcial e todos daquela vila iriam saber que os sujeitos tinham se casado. A marcha parava quando chegavam na casa em que os sujeitos iriam morar. O noivo pegava a noiva no colo e a levava para dentro da nova casa e dali se surgia o novo fogo sagrado (tal ato lembra muito a concepção atual do noivo que pega a noiva no colo). Aquela mulher casada, agora deve obediência e respeito a esse novo marido. A mulher não tinha dignidade para pisar naquele chão sagrado, por isso só podia entrar na casa se carregada pelo homem, o qual era digno. Tal ato não era romântico, era uma sobreposição de gênero. Nos dias de hoje, continuamos numa falsa igualdade de gênero. Não existia estado naquela época e, quanto mais presente o Estado, mais a intervenção na família, que antes tinha somente o “Pater Família” para determinar o que se fazia. Alexandra Montano Página de 1 57 As leis das 12 tábuas trouxe o conceito de patrimônio (origem: função do Pater família fazer a gestão dos bens) e matrimônio (origem: função da mãe era cuidar da casa). ➡ Período cristão (a partir de 476 d.c.): Por muito tempo, o Estado e a igreja eram o mesmo instituto. O conceito de família era definido como a formação de pessoas de caráter heterossexual, que se uniam para conceber uma família. A questão da monogamia é uma criação, a qual tem a origem patrimonial. A concepção de família europeia e família brasileira é diferente. O autor Felipe Ariés retrata a família antiga. Ele chegou à conclusão de que a experiência do cuidado que temos com a primeira infância é a partir do século 18. A mortalidade era muito grande. Na família burguesa, as crianças eram entregues aos serviçais e só passavam a fazer parte da família, caso sobrevivessem, na adolescência. O termo “garçom” era usado para se referir às crianças. O termo “infante” vem da origem “aquele que não fala”. No Brasil, por outro lado, puderam observar os portugueses que era comum as crianças e os adultos viverem todos juntos em um mesmo ambiente. A nossa legislação, continua, ainda hoje, muito presa a concepção da família religiosa. A mulher, no artigo 6º do Código Civil de 1916, era considerada relativamente capaz. A Lei 4.121/1962 (Estatuto da mulher casada) mudou essa concepção da mulher relativamente capaz. Tinha outros absurdos no CC/16, quais sejam, a mulher era obrigada a adotar o sobrenome e, caso ela abandonasse o lar, perdia o direito à pensão alimentícia e não ficava com a guarda. Outra situação, o homem, caso descobrisse que a mulher que se casou não era virgem, podia desfazer o casamento. Apenas se possibilitou o divórcio a partir de 1977, através da EC 9/1977 e 6.5.15/1977. Antes de 1977, existia o desquite, sendo que os sujeitos casados não precisavam mais cumprir as obrigações do casamento, mas, todavia, não podia se casar de novo. As pessoas que não eram casadas, mas moravam juntas eram chamadas de “concubinatos” (aqueles que dormem sob a mesma cama). A lei não dizia que eles eram família, portanto não tinham direitos. “Não é o legislador que cria a família, nem o jardineiro que cria a primavera” (crítica do Estado que tentava definir o que era família). Os concubinatos passaram a procurar o judiciário e, em razão disso, o STF, a partir da Súmula 380, deu definição para a questão: Súmula 380 do STF: Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum. Os concubinos eram definidos como uma espécie de sócios. A concubina não tinha pensão alimentícia, mas, sim, indenização pelos “serviços prestados”. Em 1988, a Constituição Federal, no artigo 226 pluralizou esse conceito de família. Art. 226 da CF. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. Alexandra Montano Página de 2 57 § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. Houve uma re-personalização do Direito Civil, uma vez que os direitos passaram a atender as pessoas e não tão somente o patrimônio. 1.2. PÚBLICO X PRIVADO: Art. 1.630 do CC. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores. Art. 55 do ECA. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seusfilhos ou pupilos na rede regular de ensino. Art. 16 do ECA. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; II - opinião e expressão; III - crença e culto religioso; IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; VI - participar da vida política, na forma da lei; VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. Art. 18-A do ECA. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pe los agen tes púb l i cos execu to res de med idas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. Art. 14 do ECA. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos. O dever dos pais é criar e educar os filhos. É obrigatório os pais matricularem as crianças em escolas. O artigo 16 do ECA fala dos direitos comunitários. A Lei n° 13.010, com o artigo 18-A do. ECA, veio acabar com a cultura de correção, que ficou conhecida como Lei de Bernardo (caso Bernardo). É obrigatório os pais vacinarem as crianças. A palavra “menor” é incorreta. Certo é falar infante, criança, menino, menina etc. Embora o Direito de Família seja um Direito Privado, tem forte interseção com o Direito Público. A Lei n° 11.340/06 veio para tutelar as violências domésticas. O Brasil foi condenado a criar essa Lei. É facultado aos indivíduos a forma como irão conviver entre si, mas se houver violência, o Estado irá intervir. Art. 1.513 do CC. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família. Nem sempre a intervenção do Estado é positiva. A ideia do Direito Penal como ultima ratio também vem para o Direito de Família, uma vez que o Estado deve garantir a autonomia privada e só intervir quando de extrema necessidade. 1.3. A IMPORTÂNCIA DOS PAPÉIS SOCIAIS NO DIREITO DE FAMÍLIA: Alexandra Montano Página de 3 57 Imposições que existem sob os sujeitos. Caso não sejam cumpridas tais imposições, o sujeito sofrerá certas punições sociais. Cada pessoa tem o direito de escolher sua organização familiar e não cabe aos outros indivíduos julgar tais decisões. 2. PLURALISMO DAS ENTIDADES RELIGIOSAS Artigo 226 da CF. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. 2.1. UNIÃO ESTÁVEL: A partir de 1988, passou a ser melhor consagrada, deixou de ser sociedade de fato para ser unidade familiar. Existia casos anteriormente em que sobrinhos ganham mais herança do que um companheiro. Ainda a CF, no § 3º, referia que a União Estável era tão somente entre homens e mulheres. 2.2. FAMÍLIA MONOPARENTAL: É aquela formada entre um dos pais e seus descendentes. Ou seja, a partir de um divórcio, ou de uma dissolução de união estável, ou de um estado de viuvez, ou de uma produção independente (adoção -art. 42, caput, do ECA; sistema de reprodução assistida -Resolução 2168/17; maternidade por substituição ou gestação solidária - Resolução 2168/17, não pode ter caráter lucrativo, não podendo ser chamada de “barriga de aluguel”, necessitando ter relação de parentesco com os autores da atividade parental), em que houve filhos, a gente poderá então ter uma família monoparental. Art. 42 do ECA. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil. Deve-se destacar o vocábulo “também” do parágrafo 4º do artigo 226 da CF, uma vez que ele é uma cláusula geral de inclusão. Veio para permitir a interpretação de que o rol de atividades familiar, que estão expressos no artigo 226 da CF, são meramente exemplificativos. Isso quer dizer que a CF não traz um ról fechado do que é família, sendo apenas exemplificativo. Dessa forma, o artigo 226 da CF é numeros abertos (não é taxativo). 2.3. FAMÍLIA HOMOSSEXUAL OU HOMOAFETIVA: Foi a partir do reconhecimento da família homossexual que se passou a construir essa diversidade de modos de família. Alexandra Montano Página de 4 57 O TJRS foi pioneiro em muitas decisões que possibilitaram a família homossexual. Desde 1984, temos câmaras que julgam especificamente questões de família. A primeira decisão que foi muito importante nessa caminhada foi em 1999, de Bruno Mussi, que foi relator de um acórdão que determinou que a competência para decidir questões homoafetivas é a Vara de Família. Antes disso, era aplicada na vara de direito civil. Em 2001, tivemos a primeira decisão no Brasil partilhando bens entre casal homossexual. Foi a primeira vez que não se aplicou à sociedade de fato. Em 2003, tivemos o primeiro julgamento reconhecendo direito sucessório em relação homoafetiva. Após uma relação de 16 anos, um dos companheiros faleceu. Em 2005, tivemos a primeira decisão reconhecendo a adoção de um casal homoafetivo. A O Ministério Público recorreu da decisão e, em 2006, o Tribunal de Justiça, à unanimidade, desproveu o recurso. Em 2010, foi desprovido o recurso especial também interposto pelo Ministério Público. A partir de 2011, o STF reconheceu que todos os direitos que são assegurados aos casais de sexos opostos devem ser assegurados aos casais homossexuais. Qual a legislação aplicada? Se em nenhum ponto a legislação fala dos direitos dos homossexuais, se consagrou que eles têm os mesmos diretos dos heterossexuais. Como resultado desses julgamentos, em 2013, fez-se uma resolução que os oficiais de registros são obrigados a registrar o casamento ou união estável dos homossexuais. 2.4. FAMÍLIA ANAPARENTAL (Ana= sem; parental=pais): É a família entre irmãos. Irmãos podem ser devedores de pensão alimentícia. Artigo 1.697 do CC. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais. O Estado Brasileiro faz políticas públicas através dos dados do IBGE, o qual faz a divisão de espaços que, em casos de irmãos que moram juntos, estes dividem o mesmo espaço. 2.5. FAMÍLIA SOLIDÁRIA: Por exemplo, amigos que moram juntos. Existem casos em que pessoas de terceira idade fazem isso. Essa formação familiar às vezes se dá pela questão do custo e pelo cuidado. 2.6. FAMÍLIA RECONSTITUÍDA/PLURIPARENTAL/ MOSAICO: Por exemplo, casal com filhos de outros casamentos se constituem. Segundo a Lei de registros públicos (Lei n° 6015/63), no artigo 57, § 8º, permite-se que um enteado ou enteada possaacrescentar ao seu nome de família o nome do padrasto ou madrasta. A pessoa continuará sendo filhos de seus pais, mas apenas acrescentará o nome dessa pessoa que detém um vínculo afetivo. 2.7. FAMÍLIA PARALELA/SIMULTÂNEA: Pessoa casada que tenha filhos em uma cidade e tem outra família em outra cidade. 2.8. FAMÍLIA POLIAFETIVA: Família em que há mais de um companheiro ou companheira. Um bom exemplo conhecido é a família do Mr. Catra. O caso que aconteceu em São Paulo não foi um casamento, até porque o CNJ proibiu a escritura de documentos de União Poliafetiva. O Tabelionato reconhece vontades, uma vez que não cabe a ele dizer os direitos. 2.9. FAMÍLIA COPARENTAIS: Por exemplo, casais que não querem manter uma relação afetiva, mas querem ter filhos, realizam um contrato de coparentalidade. Neste contrato, irá ser estabelecido os dias de convívio, quem pagará o que etc. 2.10. FAMÍLIA UNIPESSOAL/SINGLE/CELIBATÁRIA: Alexandra Montano Página de 5 57 Súmula 364 do STJ: o conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. Nem toda família unipessoal é celibatária. Celibatário vem do conceito dos padres e freiras que não casavam. Essa pessoa precisa ser tutelada. Dentro de um espaço geográfico, essa pessoa mora sozinha, mas ela pode conviver com diversos amigos, outros familiares etc. Família é um espaço de realização afetiva. 2.11. FAMÍLIA MULTIESPÉCIES: Por exemplo, existem famílias com mais animais do que crianças. Antigamente, tínhamos uma família institucional. Agora, vemos que a realização da felicidade das pessoas tem sido levada em primeiro lugar, agora dando lugar a família instrumental. Essa família instrumental também vai ser denominada pela doutrina como uma família eudemonista (grego=felicidade). 3. FILIAÇÃO Artigo 227, § 6º, da CF: os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e q u a l i fi c a ç õ e s , p ro i b i d a s q u a i s q u e r d e s i g n a ç õ e s discriminatórias relativas à filiação. Artigo 1.596 do CC. Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e q u a l i fi c a ç õ e s , p ro i b i d a s q u a i s q u e r d e s i g n a ç õ e s discriminatórias relativas à filiação. Perdeu-se a lógica dos filhos bastardos. Todos os filhos são iguais. 3.1. DA PROVA DE FILIAÇÃO: Artigo 1.603 do CC: A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrada no Registro Civil. Através da certidão de nascimento, poderá ser averiguado se a pessoa é casada. Se a pessoa se divorciar, com o trânsito em julgado da decisão, esse documento irá para o registro, que irá realizar uma averbação constando o divórcio. Artigo 1.604 do CC: Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro. O artigo traz a presunção de veracidade do acento de nascimento de alguém. O erro é o desvio não intencional contrário a verdade. Essa falha no registro pode ser um descuido. Ex.: pai registra o menino no cartório e percebe que eles registraram no cartório o gênero feminino. Alexandra Montano Página de 6 57 Em situações excepcionais, o erro pode ocasionar por razão de outro erro. Ex.: um casal de pessoas negras teve um filho e a criança era branca. Os pais fazem exame de DNA e percebem que a criança não era filho deles, pois tinha sido trocada. Os pais trocam os filhos. É permitida a retificação no registro em razão deste erro. Art. 1.605 do CC. Na falta, ou defeito, do termo de nascimento, poderá provar-se a filiação por qualquer modo admissível em direito: I - quando houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais, conjunta ou separadamente; II - quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já certos. Difícil aplicar este artigo na prática. Ex.: cartório pega fogo e o registro queima. Atualmente, existe registro “na nuvem”, então muito difícil perder documentos. 3.2. FILIAÇÃO MATRIMONIAL: Atualmente, no Código Civil, ainda existe uma situação peculiar do matrimônio que tem origem no Código de Hamurabi. Criou-se uma construção de que todos os filhos da esposa são do marido. Essa presunção é chamada de “Pater is est” (o pai é aquele que as núpcias demonstra). Além da presunção da paternidade, criou-se a ideia de que quem deu à luz é a mãe, a presunção materna. Hoje no Brasil, ainda se presume que quem dá a luz é a mãe e quem está casado com a mãe é o pai. Artigo 1.597 do CC: Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; (...) Esse artigo de presunção dos filhos nascidos no casamento não é um absoluta, como se verifica no artigo seguinte: Art. 1.598 do CC. Salvo prova em contrário, se, antes de decorrido o prazo previsto no inciso II do art. 1.523, a mulher contrair novas núpcias e lhe nascer algum filho, este se presume do primeiro marido, se nascido dentro dos trezentos dias a contar da data do falecimento deste e, do segundo, se o nascimento ocorrer após esse período e já decorrido o prazo a que se refere o inciso I do art. 1597. (180 dias) A presunção jurídica só serve para facilitar o registro, uma vez que os testes de DNA são fáceis de se fazer e não há necessidade dessa presunção absoluta. Ação negatória de paternidade servirá quando o sujeito identificar que não é pai da criança: Art. 1.601 do CC. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível. A presunção jurídica de paternidade só servirá depois de 6 meses (no caso, 180 dias - inciso I do art. 1.597) e se estenderá até 300 dias após o final do relacionamento (inciso II do art. 1.597). Alexandra Montano Página de 7 57 Presumem-se filhos os nascidos180 dias depois de iniciada a convivência conjugal 300 dias depois do término conjugal Essa presunção jurídica NÃO poderá ser aplicada à UNIÃO ESTÁVEL, uma vez que se tem características diferentes do casamento. O caput do artigo refere “casamento” e não se extende para “união estável”. Todavia, o provimento 63 do CNJ permitiu que uma mulher, sozinha, registre o filho do casal em união estável, desde que haja escritura pública ou sentença declaratória de sua relação. Artigo 1.597 do CC. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: (...) III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga; V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido. Esses incisos trabalham com as situações de reprodução assistida. Procedimentos de caráter homólogo: o material genérico pertence ao casal, mas eles não conseguem reproduzir. Biologicamente, o filho é do casal. Procedimentos de caráter heterólogo: um ou ambos integrantes da relação não produz material genético, tendo que contar com a doação do material genético. Na situação do inciso III, o Código traz a ideia da inseminação “in vivo” (procedimento homólogo). A hipótese do inciso IV, é a ideia da fertilização “in vitro” (procedimento homólogo). Existe, também, a possibilidade de utilizar o material genético do marido já falecido: Enunciado 106 CJF: Para que seja presumida a paternidade do marido falecido, será obrigatório quea mulher, ao se submeter a uma das técnicas de reprodução assistida com o material genético do falecido, esteja na condição de viúva, sendo obrigatória, ainda, a autorização escrita do marido para que se utilize seu material genético após sua morte. Enunciado 107 CJF: Finda a sociedade conjugal, na forma do art. 1.571, a regra do inc. IV somente poderá ser aplicada se houver autorização prévia, por escrito, dos ex-cônjuges para a utilização dos embriões excedentários, só podendo ser revogada até o início do procedimento de implantação desses embriões. O inciso V fala da hipótese de reprodução heterológa, em que o embrião não é de um ou não é de ambos. Enunciado 103 CJF: O Código Civil reconhece, no art. 1.593, outras espécies de parentesco civil além daquele decorrente da adoção, acolhendo, assim, a noção de que há também parentesco civil no vínculo parental proveniente quer das técnicas de reprodução assistida heteróloga relativamente ao pai (ou mãe) que não contribuiu com seu material fecundante, quer da paternidade socioafetiva, fundada na posse do estado de filho. Da inseminação heteróloga, no Direito, surge o parentesco. Enunciado 258 CJF: Não cabe a ação prevista no art. 1.601 do Código Civil se a filiação tiver origem em procriação assistida heteróloga, autorizada pelo marido nos termos do inc. V do art. 1.597, cuja paternidade configura presunção absoluta. Se o casal optou por utilizar material genético de terceiro, não poderá o marido ingressar com uma ação negatória de paternidade, pois se presumirá parentesco. Biologicamente, esse filho não é do casal, mas o marido já sabia disso. Alexandra Montano Página de 8 57 3 .3 . F IL IAÇÃO DECORRENTE DE RELACIONAMENTO CONVENCIONAL OU EVENTUAL: Convencional é a hipótese de união estável. Já eventual é a hipótese de relacionamento de período, namoro etc. 3.3.1. RECONHECIMENTO DE FORMA VOLUNTÁRIA: Artigo 1.607 do CC: O filho havido fora do casamento pode ser reconhecido pelos pais, conjunta ou separadamente. O artigo diz que todo aquele nascimento que acontecer fora da presunção matrimonial poderá ser reconhecido por ambos os genitores ou por apenas um deles. O reconhecimento de filhos é irrevogável. A única pessoa que poderá registrar o filho como seu é o homem, não pode a mulher ir ao cartório e querer registrar o nome do marido. Se fosse assim, ela poderia registrar o nome de qualquer um. Art. 1.609 do CC. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito: I - no registro do nascimento; II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório; III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado; IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém. Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento, se ele deixar descendentes. Art. 1.608 do CC. Quando a maternidade constar do termo do nascimento do filho, a mãe só poderá contestá- la, provando a falsidade do termo, ou das declarações nele contidas. Todavia, a mulher, com os devidos documentos do pai, poderá ir ao cartório e, com a certidão de nascido vivo do hospital, registrar a criança. Qualquer que seja a forma de testamento, permite-se o reconhecimento de filhos. Se o pai estiver longe e não puder ir até o local do nascimento do filho, poderá ir ao tabelionato e fazer uma escritura pública. Isso pode ocorrer também antes do nascimento do filho, pois a mãe poderá, com esse documento, registrar, sozinha, o filho no nome do pai. Um exemplo para registro particular é quando o pai está preso. Artigo 6º da Lei 9.804/08: fixação de alimentos a mulher gestante com base nas provas que foram produzidas, sem que se tenha certeza da paternidade. Não se faz DNA durante a ges tação . Qua lque r man i f es tação vo l un tá r i a de reconhecimento pelo pai é válida. Art. 1.614 do CC. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menor pode impugnar o reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à emancipação. O filho maior de 18 anos será reconhecido se quiser. Art. 1.611 do CC. O filho havido fora do casamento, reconhecido por um dos cônjuges, não poderá residir no lar conjugal sem o consentimento do outro. Esse artigo refere-se a Caso de traição. Não se adapta aos tempos atuais, é um resquício do código antigo. 3.3.2 RECONHECIMENTO A PARTIR DA VERIFICAÇÃO OFICIOSA DA PATERNIDADE: Alexandra Montano Página de 9 57 A Lei n° 8.560/92 regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento, bem como dá outras providências. Art. 2º da Lei n° 8.560/92. Em registro de nascimento de menor apenas com a maternidade estabelecida, o oficial remeterá ao juiz certidão integral do registro e o nome e prenome, profissão, identidade e residência do suposto pai, a fim de ser averiguada oficiosamente a procedência da alegação. § 1º O juiz, sempre que possível, ouvirá a mãe sobre a paternidade alegada e mandará, em qualquer caso, notificar o suposto pai, independente de seu estado civil, para que se manifeste sobre a paternidade que lhe é atribuída. § 2º O juiz, quando entender necessário, determinará que a diligência seja realizada em segredo de justiça. § 3º No caso do suposto pai confirmar expressamente a paternidade, será lavrado termo de reconhecimento e remetida certidão ao oficial do registro, para a devida averbação. § 4º Se o suposto pai não atender no prazo de trinta dias, a notificação judicial, ou negar a alegada paternidade, o juiz remeterá os autos ao representante do Ministério Público para que intente, havendo elementos suficientes, a ação de investigação de paternidade. § 5º Nas hipóteses previstas no § 4º deste artigo, é dispensável o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para adoção. § 6º A iniciativa conferida ao Ministério Público não impede a quem tenha legítimo interesse de intentar investigação, visando a obter o pretendido reconhecimento da paternidade. Casos como quando a mulher vai registrar e não tem o intuito de informar o nome do pai, entretanto fala algo como “não vou registrar no nome dele, pois o Ricardo não vale nada”. Nestas hipóteses, o cartório poderá realizar uma investigação de paternidade. Após isso, irá notificar o suposto pai para que ele afirme se é ou não pai da criança. O indivíduo pode negar ou não reponder. Nesse caso, será encaminhado ao MP para que ele analise. 3.3.3. RECONHECIMENTO POR VIA DO PROVIMENTO n° 16/2012 DO CNJ: O CNJ fez uma política pública chamada “pai presente”. Para isso, ele editou um provimento. Art. 1º da Lei n° 8.560/92. Em caso de menor que tenha sido registrado apenas com a maternidade estabelecida, sem obtenção, à época, do reconhecimento de paternidade pelo procedimento descrito no art. 2º, caput, da Lei n° 8.560/92, este deverá ser observado, a qualquer tempo, sempre que, durante a menoridade do filho, a mãe comparecer pessoalmente perante Oficial de Registro de Pessoas Naturais e apontar o suposto pai. O RECONHECIMENTO da PATERNIDADE poderá ocorrer a QUALQUER MOMENTO, sem a presença de advogado. Alexandra Montano Página de 10 57 A nossa consolidação diz que, no caso de o pai não reconhecer ou não responder, o próprio juiz irá mandar um e-mail para a Defensoria Pública, para que ela entre com uma ação no nome da pessoa. 3.3.4. RECONHECIMENTO JUDICIAL DA PARENTALIDADE: Ação de perfiliação compulsória: reconhecimento forçado de parentalidade. Ação de investigação de maternidade. É mais comum ter o nome da mãe e não do pai. Artigo 1.616 do CC. A sentença que julgar procedente a ação de invest igação produzirá os mesmos efe i tos do reconhecimento; mas poderáordenar que o filho se crie e eduque fora da companhia dos pais ou daquele que lhe contestou essa qualidade. A sentença, da investigação de maternidade ou paternidade, de acordo com a primeira parte do artigo 1.616, terá o mesmo efeito se o pai ou a mãe tivesse reconhecido o filho de forma voluntária. A segunda parte tem um caráter inconstitucional, frente ao artigo 227, § 6º, da CF (os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação). A legitimidade desta ação de investigação de paternidade está contida no artigo 1.606 do CC: Art. 1.606 do CC. A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz. Parágrafo único. Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão continuá-la, salvo se julgado extinto o processo. Além do Código Civil, o artigo 27 do ECA também tutela essa ação (características do estado de filiação): Art. 27 do ECA. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça. O direto de filiação é imprescritível (Súmula 149 do STF). Enunciado 521 CJF vai de contramão ao STF e à lei. Na ação de investigação será imprescindível a prova pericial de exame de DNA. A negativa do exame médico de DNA induz veracidade. Artigo 231 do CC: Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa. O STJ diz que não pode condução coercitiva do réu para realizar o exame. Súmula 301 STJ: A recusa do réu, em submeter o exame, traz uma presunção relativa de que o sujeito é pai. A ideia é de que “quem não deve, não teme”. A Lei n° 8.560, no artigo 2°-A, parágrafo único, também refere que a negativa induz veracidade da paternidade. Há a possibilidade de relativização da coisa julgada em demandas de improcedência dos exames de material genético: Enunciado 109 CJF: a restrição da coisa julgada oriunda de demandas reputadas improcedentes por insuficiência de prova não deve prevalecer para inibir a busca da identidade genética pelo investigado. O STF se manifestou sobre a questão no RE 363.889, reconhecendo o direito do filho de, mesmo após o trânsito em julgado, ajuizar novamente a acao: Alexandra Montano Página de 11 57 Também se aplicará a relativização da coisa julgada nas ações de exceptio plurium concumbentium1 . Ex.: sujeito que tinha duas famílias. 1A expressão latina (três palavras) é aplicada precipuamente em casos de investigação de paternidade. Serve como defesa de quem está sendo apontado como pai (exceptio = exceção, defesa, contestação) e tem dúvida sobre sua paternidade, alegando que a mãe "no período da concepção" teve relações sexuais com outro(s) homem(ns) além dele, contestante em dúvida (plurium = muitas; concubentium = relação íntima, concubinato). Certamente que caberá a ele demonstrar isso, com testemunhas ou outro tipo de prova. 3.4. FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA: Aqui se percebe a valorização da afetividade em detrimento dos fatores biológicos. Enunciado 103 CJF: O Código Civil reconhece, no art. 1.593, outras espécies de parentesco civil além daquele decorrente da adoção, acolhendo, assim, a noção de que há também parentesco civil no vínculo parental proveniente quer das técnicas de reprodução assistida heteróloga relativamente ao pai (ou mãe) que não contribuiu com seu material fecundante, quer da paternidade socioafetiva, fundada na posse do estado de filho. Esse enunciado ajuda na redação do artigo 1.593 do CC: Art. 1.593 do CC. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade ou outra origem. O parentesco natural é aquele há uma coincidência com os dados biológicos e os dados registrais. O parentesco civil é aquele que resulta de “outra origem”. Também chamado se derivado. Tudo que não for consanguíneo será parentesco civil. Dentro de parentesco civil teremos a adoção, a adoção à Brasileiro (dar parto alheio como próprio), a hipótese do artigo 1.597, V, do CC, a posse do estado de filiação. Alexandra Montano Página de 12 57 Art. 1.597 do CC. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido. ➡ Posse do estado de filiação: os critérios que os Tribunais tem adotado são o nome (não precisa ser obrigatório), tratamento e fama. O artigo 57, § 8º, da Lei n° 6.015/73 refere a possibilidade, por exemplo, do enteado/enteada colocar o nome do padrasto/madrasta. Se alguém foi criado por uma família, não é difícil demonstrar isso. Ex.: provas documentais, testemunhais etc. A partir dessas provas se terá o tratamento e a fama. A filiação socioafetiva costuma acontecer quando não há disputa patrimonial. Provimento 63/2017 do CNJ: possibilidade destas situações de filiação socioafetiva sejam feitas no cartório civil de pessoas naturais. O provimento 83/2019 melhorou o antigo provimento. Acrescentou que um pai/mãe registral busquem acrescentar no registro aquele padrasto/madrasta. Hoje há uma facilitação de constituir a filiação socioafetiva de modo extrajudicial. O STF, em 2017, julgou um caso que se tornou repercussão geral (622), o qual tinha como foco dizer qual deveria prevalecer: vínculo biólogo ou vínculo afetivo, tendo ele dito que nem um, nem outro. O STF considerou que a verdade afetiva pode coexistir em relação a biológica. Então, hoje pode ter o reconhecimento de uma dupla-parentalidade. Isso cria um espaço para o próximo tópico. 3.5. MULTIPARENTALIDADE: O primeiro caso julgado foi no RS em Santa Maria. Foi um casal de lésbicas que queria ter um filho, mas não tinham dinheiro para a reprodução assistida. Elas chamaram um amigo para que ele desse o material genético. O rapaz pediu que também fosse pai. Os três chegaram em um escritório de direito querendo registrar no nome dos três. A advogada foi até o registro civil, tendo ele negado. A advogada entrou com uma ação declaratória de multiparentalidade. Hoje aquela criança tem 2 mães e 1 pai. 3.6. ADOÇÃO: 3.6.1. DISPOSIÇÕES GERAIS: O adotado tem condição de filho e dispõe dos mesmos direitos e deveres do biológico. Art. 41 do ECA. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes. § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária. ➡ Artigo 28 do ECA: dispõe as modalidades da colocação da criança ou do adolescente em família substituta (guarda, tutela ou adoção) e indica quais as regras das quais devem ser seguidas. O ECA coloca a adoção como uma última medida. ↘ § 1º: A criança ou o adolescente deve sempre ser ouvido por equipe interprofissional. ↘ § 2º: Quando maiores de 12 anos, necessário o seu consentimento. ↘ § 3º: Deverá ser levado em conta o grau de parentesco e afinidade da criança ou do adolescente. ↘ § 4º: Os irmãos deverão ser postos em família substituta juntos, se possível, para evitar que o rompimento dos vínculos. ↘ § 5º: A colocação da criança e do adolescente na família substituta será gradativa e deverá ser feito acompanhamento por equipe interprofissional. Alexandra Montano Página de 13 57 ↘ § 6º: deverão ser seguidos alguns requisitos extras quanto a crianças e adolescentes indígenas ou pertencentes à quilombos. Art. 28 do ECA. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda,tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei. § 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada. § 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu consentimento, colhido em audiência. § 3º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentes com relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida. § 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais. § 5º A colocação da criança ou adolescente em família substituta será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. § 6º Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda obrigatório: I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso. A família extensa ou ampliada é tratada no artigo 25, parágrafo único: Art. 25 do ECA. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. ➡ Artigo 19 do ECA: explícita a excepcionalidade da família substituta. ↘ § 1º: Criança e o adolescente inserido casa de acolhimento familiar ou institucional deverá ter acompanhamento de equipe interprofissional a cada 03 meses. A autoridade judicial vera, através dos relatórios, se é possível a inserção da criança e do adolescente novamente na família ou em família substituta. ↘ § 2º: A criança e o adolescente não deve permanecer mais de 18 meses na casa de acolhimento familiar ou institucional, salvo necessidade. ↘ § 3º: A reintegração familiar sempre terá preferência. Alexandra Montano Página de 14 57 ↘ § 4º: A criança e o adolescente tem direito a convivência com seu pai e sua mãe preso. ↘ § 5º e 6º: a mãe adolescente tem direito a permanecer com seu filho e ela será assistida por equipe especializada. Art. 19 do ECA. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. § 1º Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei. § 2º A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18 (dezoito meses), salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária. § 3º A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em serviços e programas de proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1o do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei. § 4º Será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, independentemente de autorização judicial. § 5º Será garantida a convivência integral da criança com a mãe adolescente que estiver em acolhimento institucional. § 6º A mãe adolescente será assistida por equipe especializada multidisciplinar. É o ECA que disciplina a adoção. Art. 39 do ECA. A adoção de criança e de adolescente reger- se-á segundo o disposto nesta Lei. ➡ Quem pode adotar: todas as pessoas maiores de 18 anos. A regra é que a adoção é até 18 anos. Todavia, há a possibilidade de que, quando o sujeito fez 18 anos, estava sob a tutela do adotante. Art. 40 do ECA O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes. A adoção de maiores de 18 anos será mediante sentença. Art. 1.619 do CC. A adoção de maiores de 18 (dezoito) anos dependerá da assistência efetiva do poder público e de sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. ↘ Tipos de adoção: Art. 42 do ECA. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil. § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do adotando. Alexandra Montano Página de 15 57 § 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família. § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando. Precisa atender aos requisitos do § 3º: existir 16 anos de diferença. § 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os ex- companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão. § 5º Nos casos do § 4o deste artigo, desde que demonstrado efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. § 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. O adotante deve contar com mais de 18 anos e independe seu estado civil. - A adoção unipessoal é a que está prevista no caput do art. 42. - A adoção conjunta está prevista no § 2º do art. 42 (casados civilmente ou união estável - comprovada a estabilidade familiar). - A adoção unilateral está prevista no § 1º do art. 41 (um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro). - § 1º do art. 42: Avó ou avô, irmãos e irmãs não podem adotar. 3.6.2. PROCEDIMENTO: Art. 197-A do ECA. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste: I - qualificação completa; II - dados familiares;III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou casamento, ou declaração relativa ao período de união estável; IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas; V - comprovante de renda e domicílio; VI - atestados de sanidade física e mental VII - certidão de antecedentes criminais; VIII - certidão negativa de distribuição cível. A adoção tem idade mínima, mas não máxima. Deve a pessoa apresentar motivos idôneos para querer realizar aquela adoção. O Ministério Publico irá participar deste processo. Art. 197-B do ECA. A autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá: I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe interprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a que se refere o art. 197-C desta Lei; II - requerer a designação de audiência para oitiva dos postulantes em juízo e testemunhas; III - requerer a juntada de documentos complementares e a realização de outras diligências que entender necessárias. O CNA é cadastro nacionalidade de crianças/adolescentes para a adoção. ➡ Estágio de convivência (art. 46 do ECA): a adoção passará pelo estágio de convivência, cujo prazo será de 90 dias, prorrogáveis mais 90 dias, podendo ser estendido conforme as necessidades, segundo o art. 46 do ECA: Alexandra Montano Página de 16 57 Art. 46 do ECA. A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades do caso. § 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a convivência da constituição do vínculo. § 2º A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência. § 2º-A O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária. § 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no mínimo, 30 dias e, no máximo, 45 dias, prorrogável por até igual período, uma única vez, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária. § 4º O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política de garantia do direito à convivência familiar, que apresentarão relatório minucioso acerca da convivência do deferimento da medida. § 5º O estágio de convivência será cumprido no território nacional, preferencialmente na comarca de residência da criança ou do adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de residência da criança. ➡ Da sentença (art. 47, §§ 5º e 6º, do ECA): Será concedido o sobrenome e poderá ser modificado o nome (mediante oitiva da criança e do adolescente, considerando-se a opinião dela e, se maior de 12 anos, seu consentimento). § 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome. § 6º Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta Lei. ➡ Efeitos da adoção (art. 47, § 7º, do ECA): § 7º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6º do art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito. A adoção é constituída com o trânsito em julgado da sentença. ↘ Na hipótese de falecimento de um dos adotantes, após manifestação de vontade anterior do falecido, poderá o outro continuar o processo (§ 6º do art. 42 do ECA): É a exceção. § 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. É a adoção pós morte. Aqui possibilitará que o adotado herde os bens do falecido. ↘ No caso de vir a se separarem os adotantes (§ 4º do art. 42 do ECA): § 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os ex- companheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concessão. Se o estágio de convivência (90 dias, prorrogáveis mais 90 dias) foi realizado na constância do período de convivência, a adoção pode ser conjunta. Alexandra Montano Página de 17 57 ➡ Tratando-se de exceção no procedimento: Art. 50, § 13, do ECA: Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta Lei quando: I - se tratar de pedido de adoção unilateral; II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. Art. 50, § 14, do ECA: Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os requisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei. O intuito é acelerar o processo. 4. RELAÇÕES DE PARENTESCO 4.1. CONCEITO E APLICAÇÕES: A relações de parentesco constitui um vínculo jurídico que originará direitos e obrigações recíprocas. Art. 1.593 do CC. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade ou outra origem. Art. 1.594 do CC. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente. 4.2. MODALIDADES: 4.2.1. EM LINHA RETA: Art. 1.591 do CC. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes. Pessoas que ascendem e descendem. O grau de parentesco sempre vai determinar a distância entre um parente e outro. Artigo 1594 do CC: prevê como se estabelece o parentesco. Na linha reta, não existe limitação na contagem do grau de parentesco (primeiro grau, segundo grau, terceiro etc...). 4.2.2. LINHA RETA COLATERAL: Também chamado de parentesco em linha transversal ou oblíquo. Art. 1.592 do CC. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra. Até o quarto grau. Pertencem ao mesmo tronco, mas não descendem ou ascendem. Segunda parte do artigo 1594 do CC, diz como conta o grau de parentesco na linha reta colateral. Alexandra Montano Página de 18 57 2º grau 1º grau $ Não existe parente em linha reta colateral de primeiro grau. O parentesco começa em segundo grau. Exemplo: irmãos, os quais tem parentesco em segundo grau. Tios e sobrinhos entre si tem parentesco de terceiro grau. Tio avô e sobrinho neto tem quarto grau e este é o limite. Do mesmo modo, os primos também são primos em 4º grau. No Código antigo ia até o sexto grau. Irmãos de mesmo pai e mesma mãe são chamados de bilaterais ou germanos. Irmãos de mãe ou pai diferente são chamados de unilateral. 4.2.3. POR AFINIDADE: Art. 1.595 do CC. Cadacônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. § 1º O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. § 2º Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável. Inicia com o casamento ou união estável. Os cônjuges não são entre si parentes. A relação de parentesco por afinidade une cada um deles com suas famílias, quais sejam os ascendentes, descendentes (não é o filho comum entre eles/exclusivo) e aos irmãos dos companheiros. Ex. de linha reta descendente: enteado, filho do enteado etc. Ex. de linha reta ascendente: sogro, sogra, pais dos sogros, avós sogros etc. Ex. de linha colateral: os irmãos ou irmãs (cunhada ou cunhado) de quem se casa também serão parentes. Ex. (§ 2º do art. 1595) na linha reta, o parentesco por afinidade não se extingue com o findo do casamento. Então, uma vez sogra e sogro sempre serão. A função é a proibição matrimonial (art. 1521, inciso II, do CC), então não pode casar com ex sogra ou ex sogro, enteado ou enteada etc. 5. CASAMENTO 5.1. DISPOSIÇÕES GERAIS: Artigo 1.511 do CC. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. Artigo 1.565 do CC. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consor tes , companheiros e responsáveis pelos encargos da família. Desde 2013, temos a possibilidade do casamento de pessoas do mesmo sexo. 5.2. CAPACIDADE: Artigo 1.517 do CC. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica- se o disposto no parágrafo único do art. 1.631. Então, a pessoa com 16 anos pode casar, mas precisa da autorização dos genitores. Artigo 1.634, caput e inciso III, do CC. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos: III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; Os pais podem revogar até o momento da celebração. Quando negado o consentimento dos pais, o juiz pode suprir: Alexandra Montano Página de 19 57 Artigo 1.519 do CC. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz. Quando estes sujeitos casam, eles são emancipados (artigo 5º, inciso II, do CC): Artigo 5º do CC. A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. II - pelo casamento; Toda a vez que se aplica o art. 1.519, aplica-se o art. 1.641, inciso III, do CC, o qual fala que o regime será o de separação obrigatória/legal dos bens. Aqui, é quando o juiz supre o consentimento dos pais e essa separação é obrigatória, dada pela lei. O artigo 1.520 do CC foi alterado agora em 2019, em março: Art. 1.520 do CC. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código. Ex.: casos em que a menina menor de 16 anos estava grávida e os pais obrigam o casamento. Vedado o casamento infantil. A ideia é erradicar essas práticas no mundo. 5.3. IMPEDIMENTOS: 5.3.1. ABSOLUTOS: Artigo 1521 do CC. Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Se acontecerem as hipóteses deste artigo, o casamento será nulo. Não tem prazo a demandar e qualquer pessoa tem legitimidade. Pode ser arguido de ofício, até o momento do casamento (questões de ordem pública de impedimento absoluto). Artigo 1.548, inciso II, do CC. É nulo o casamento contraído: II - por infringência de impedimento. Artigo 1.522 do CC. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz. ➡ Em razão do parentesco (artigo 1.521, incisos I ao V, do CC): ↘ Inciso I: No parentesco em linha reta, não existe limitação, não pode nenhum. ↘ Inciso II: Não podem casas os afins em linha reta (ex.: casar com sogra, enteado, etc). Não há nenhum impedimento para se casar com a cunhada ou cunhado (art. 1595, § 2º). ↘ Inciso III: bis in idem. Ex. Mulher realiza uma adoção unilateral e depois se casa. O adotante não poderá casar com o padrasto. ↘ Inciso IV: irmãos não podem, bem como os colaterais até terceiro grau (primos e tio avô com sobrinha neta podem casar). A DL 3.200/1941 permite o casamento entre tios e sobrinhos, quando realizado dois laudos periciais demonstrando que os descendentes não teriam problemas congênitos. Enunciado 98 das CJF. O inc. IV do art. 1.521 do novo Código Civil deve ser interpretado à luz do Decreto-lei n. 3.200/41, no Alexandra Montano Página de 20 57 que se refere à possibilidade de casamento entre colaterais de 3º grau. O casamento entre tio e sobrinha será chamado de AVUNCULAR. ↘ Inciso V: não pode casar o adotado com o filho do adotante, pois serão irmãos. Aqui, também há bis in idem. ➡ Em razão do vínculo (artigo 1.521, inciso VI, do CC): Artigo 1.571 do CC. A sociedade conjugal termina: I - pela morte de um dos cônjuges; II - pela nulidade ou anulação do casamento; III - pela separação judicial; IV - pelo divórcio. § 1º O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente. § 2º Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter o nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação judicial. ➡ Em razão da prática de crime (artigo 1.521, inciso VII, do CC): Mesmo que a pessoa que atente a vida do cônjuge cumpra a pena, não poderá, em hipótese nenhuma, casar-se de novo com ele. 5.3.2. RELATIVOS: Causas suspensivas: Artigo 1.523 do CC. Não devem casar: I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros; II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal; IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas. Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex- cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo. Art. 1.524 do CC. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consangüíneos ou afins. ➡ Descumprimento das causas suspensivas (regime de separação obrigatória de bens): Artigo 1.641, inciso I, do CC: Art. 1.641 do CC. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivasda celebração do casamento; ➡ Causas que visam evitar confusão de patrimônio (artigo 1.523, incisos I, III e IV): ↘ Inciso I: viúva ou viúvo com filho do falecido. Essa senhora ou senhor só vai poder casar de novo com o regime de separação de bens. Alexandra Montano Página de 21 57 ↘ Inciso III: divorciado sem a partilha tem causa suspensiva. Artigo 1.581 do CC: Art. 1.581 do CC. O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens. ↘ Inciso IV: quando alguém assume a tutela ou curatela, além de outras obrigações, tem que organizar o patrimônio do tutelado ou curatelado. Para evitar práticas de “esconder” possíveis falhas na organização do patrimônio deste individuo. A pior possibilidade é não poder escolher o modelo de regime de separação de bens. ➡ Causa que visa evitar a confusão de sangue (artigo 1.523, inciso II, do CC): Evitar a confusão de sangue, que é chamada de turbatio sanguinis. Evitar a condição jurídica de confusão de filiação. Ex.: mulher que acabou a relação com o marido não deverá causar em 10 meses ao término da relação. Isso porque, em até 10 meses ao final do casamento (300 dias), tudo que nascer da esposa se presume, juridicamente, deste ex-marido, conforme artigo 1.597, inciso II, do CC. Artigo 1.598 do CC unifica o que estudamos. Art. 1.598 do CC. Salvo prova em contrário, se, antes de decorrido o prazo previsto no inciso II do art. 1.523, a mulher contrair novas núpcias e lhe nascer algum filho, este se presume do primeiro marido, se nascido dentro dos trezentos dias a contar da data do falecimento deste e, do segundo, se o nascimento ocorrer após esse período e já decorrido o prazo a que se refere o inciso I do art. 1597. “Salvo prova em contrário” refere que, caso não realizado exames de DNA. Após 180 dias, os demais filhos, juridicamente, se presumirão do segundo marido. Se no intervalo depois destes 10 meses e antes dos 180 dias, poderá o sujeito reconhecer, voluntariamente, a criança. 5.4. MODALIDADES: 5.4.1. CIVIL: Artigo 226 da CF. Art. 226 da CF. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. (...) Artigo 1.512 do CC. O casamento é civil e gratuita a sua celebração. Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei. Artigo 1.525 ao 1.532 fala dos procedimentos do casamento civil. Art. 1.533 do CC. Celebrar-se-á o casamento, no dia, hora e lugar previamente designados pela autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se mostrem habilitados com a certidão do art. 1.531. O casamento poderá ser realizado no cartório ou fora: Art. 1.534 do CC. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular. § 1º Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato. § 2º Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever. No casamento civil necessita de testemunha, para garantir que a vontade dos contraentes. Não é padrinho ou madrinha. Alexandra Montano Página de 22 57 Algum sujeito irá celebrar o casamento, seguindo à risca o determinado. Art. 1.535 do CC. Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos:"De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados." Para casar, observar-se-á o artigo seguinte: Art. 1.538 do CC. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes: I - recusar a solene afirmação da sua vontade; II - declarar que esta não é livre e espontânea; III - manifestar-se arrependido. Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia. 5.4.2. RELIGIOSO: Artigo 226, parágrafo 2º, da CF: § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. Poderá ser dados efeitos civis ao casamento religioso. Não necessariamente é dado. Artigo 1.515 do CC. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara- se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração. Para dar efeitos civis a um casamento religioso, deverá ser todos os critérios necessários. Art. 1.516 do CC. O registro do casamento religioso submete- se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil. § 1º O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação. § 2º O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532. § 3º Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil. § 1º: Pode ser realizado o casamento civil e religioso no mesmo dia. 5.4.3. Por procuração: Na impossibilidade de um ou pelos dois, o casamento será efetuado por procuração. Ex.: exemplo de casal que um acaba indo morar fora e o outro continua no país de origem pada ir depois. Art. 1.542 do CC. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais. § 1º A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos. § 2º O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo. § 3º A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias. § 4º Só por instrumento público se poderá revogar o mandato. 5.4.4. EM CASO DE MOLÉSTIA GRAVE: Alexandra Montano Página de 23 57 Artigo 1.539 do CC. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever. § 1º A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato. § 2º O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado. Quando um dos nubentes está muito doente e não pode ir até o lugar do casamento. É claro que o nubente deve estar consciente. Aqui, os nubentes se habilitaram, tinham a certidão de habilitação e tão somente não irão ao lugar em que seria celebrado o casamento. 5.4.5. NUNCUPATICO (IN EXTREMIS): Artigo 1.540 do CC. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta,ou, na colateral, até segundo grau. Artigo 1.541 do CC. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de: I - que foram convocadas por parte do enfermo; II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher. § 1º Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados que o requererem, dentro em quinze dias. § 2º Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade competente, com recurso voluntário às partes. § 3º Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos. § 4º O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração. § 5º Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do registro. Não estavam habilitados e um estava prestes a morrer. Nesses casos, o Código possibilita esse tipo de casamento. Vem do latim “a própria voz”. Questão sucessória e previdenciária. Depois da morte, inicia-se um procedimento em que o juiz vai ouvir aquele que sobreviveu e as testemunhas. Terão que dizer que aquela era vontade do morto. RE 1.330.022: casamento nuncupativo avuncular (entre tio e sobrinha). Artigo 1.452 do CC. Constitui-se o penhor de direito mediante instrumento público ou particular, registrado no Registro de Títulos e Documentos. Parágrafo único. O titular de direito empenhado deverá en t rega r ao c redor p igno ra t í c io os documentos comprobatórios desse direito, salvo se tiver interesse legítimo em conservá-los. Alexandra Montano Página de 24 57 5.5. INVALIDADE: Art. 1.563 do CC. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa- fé, nem a resultante de sentença transitada em julgado. Retroage-se à data de celebração. A anulação do casamento é a única possibilidade para retornar ao status de “solteiro”. É muito mais difícil essa hipótese do que se tornar separado. 5.5.1. NULIDADE: Artigo 1.548, inciso II, do CC. É nulo o casamento contraído: II - por infringência de impedimento. É um vicio insanável e se é nulo, é nulo desde sempre, podendo demandar a qualquer tempo. A legitimidade é mais ampla, podendo qualquer interessado ou Ministério Público promover a ação para anular o casamento. Art. 1.549 do CC. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público. Mesmo após a morte do cônjuge poderá decretar a nulidade. O Estatuto da pessoa com deficiência (Lei n° 13.146/15) revogou o inciso I do artigo 1.548 do CC, pois a pessoa ter deficiência não impede a possibilidade dela querer contrair casamento. A enfermidade mental não é mais causa de nulidade então, precisando a pessoa ter mais de 16 anos. Artigo 1.550, § 2º, do CC. A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbio poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador. O casamento antes dos 16 anos é causa de anulabilidade e não nulidade. Quem fundamenta que é causa de nulidade fundamenta no art. 166, inciso VII, do CC. Todavia, as causas de impedimento são taxativas e tal artigo (art. 166 do CC) não pode ser interpretado de forma extensiva. 5.5.2. ANULABILIDADE: A ação cabível também é uma ação de anulação do casamento. Todavia, a anulabilidade não será extensa, mas, sim, limitada para os legítimos para entrar com a ação, mudará o prazo (decadencial). Artigo 1.550 do CC. É anulável o casamento: I - de quem não completou a idade mínima para casar; II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; VI - por incompetência da autoridade celebrante. § 1º. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada. § 2º A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio, expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador. ➡ Inciso I: pessoas menores de 16 anos. Esse casamento pode ser anulado. O nascimento de prole não poderá impedir o casamento, apesar de ele ser anulável. Art. 1.551 do CC. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez. ↘ Legitimidade para propor a ação: Alexandra Montano Página de 25 57 Art. 1.552 do CC. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida: I - pelo próprio cônjuge menor; II - por seus representantes legais; III - por seus ascendentes. ↘ Prazo para anulação: Art. 1.560 do CC. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração, é de: I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550; II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante; III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557; IV - quatro anos, se houver coação. § 1º Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de dezesseis anos, contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do casamento, para seus representantes legais ou ascendentes. (...) Art. 1.553 do CC. O menor que não atingiu a idade núbil poderá, depois de completá-la, confirmar seu casamento, com a autorização de seus representantes legais, se necessária, ou com suprimento judicial. Art. 172 do CC. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro. ➡ Inciso II: quase impossível, uma vez que um dos documentos que será anexado junto será a autorização do representante legal. Aqui também se aplica o artigo 1.551 do CC. ↘ Prazo decadencial e legitimidade: Art. 1.555 do CC. O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de seus herdeiros necessários. § 1º O prazo estabelecido neste artigo será contado do dia em que cessou a incapacidade, no primeiro caso; a partir do casamento, no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz. § 2º Não se anulará o casamento quando à sua celebração houverem assistido os representantes legais do incapaz, ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua aprovação. O MP não tem mais legitimidade. Se os pais tiverem assistido a cerimônia, não terá anulação do casamento, pois se entende que eles estarão concordando. ➡ Inciso III: Vicio da vontade pode ser causa de anulação do casamento. O vicio da vontade (art. 1.514 do CC) é quando algo mácula a vontade, quando a vontade não é totalmente querida. Artigo 1556 do CC. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro. ↘ Requisitos para a configuração do erro essencial quanto à pessoa do outro cônjuge: ▪ 1º requisito: que a situação seja pré-existente a realização da cerimônia do casamento. ▪ 2º requisito: no momento do casamento haja o desconhecimento por parte do outro cônjuge. ▪
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