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Laís Kemelly UNIME 2020.1 Anamnese Identificação Idade ● Criança: ↳ Lactente: bronquite, pneumonite, rinite, atresia de esôfago!!! ↳ Doença escolar: lactente + sarampo e coqueluche, asma ↳ Adolescente: DPOC, tuberculose ↳ Adulto: tudo + câncer de pulmão ● adulto/idoso (40 – 60 anos): ↳ pneumonias em geral (podem evoluir sem sintomas) ↳ bronquite crônica ↳ enfisema ↳ carcinoma brônquico Sexo ● Mulheres: ↳ doenças pulmonares parenquimatosas difusas associadas às doenças do tecido conjuntivo (lúpus, artrite reumatoide) ↳ sarcoidose ↳ linfangioleimomiomatose (?) ● Homens: ↳ Pneumoconioses ↳ doenças relacionadas ao tabaco, que é mais prevalente em homens: DPOC ↳ tuberculose ↳ criptococose Cor da pele ● Negros: tuberculose e sarcaiodse ● Caucasianos: colagenoses Procedência, profissão e ocupação ● Locais mais industrializados: pneumoconioses ● Importante questionar o tipo de material que o paciente lida, se exerce atividade ao ar livre ou em ambiente fechado. Antecedentes Pessoais ● Infecções pulmonares graves: podem reduzir as reservas respiratórias no futuro por conta da proliferação de tecido cicatricial (fibrose pulmonar) ● Antecedentes traumáticos: com ou sem fraturas, podem causar pneumotórax, hemotórax ou hérnias diafragmáticas. ● Perda de consciência: pneumonias aspirativas, abcessos. ● Passado alérgico: rinite alérgica, bronquite, asma e edema angioneurótico. ● Diabéticos: mais vulneráveis a infecções, principalmente pneumonias. Importante questionar sobre uso de medicamentos, alergias, imunodepressão. Hábitos de Vida ● Tabagismo: deve-se coletar uma história detalhada para determinar o grau de dependência. ↳ Quantos cigarros fuma por dia? ↳ Quando iniciou o hábito? ↳ Já interrompeu o uso? Por quanto tempo? ● Etilismo: pode desencadear pneumonias ● Nebulização sem recomendação terapêutica: predisposição para aumento da atividade de certas bactérias, como Pseudomonas Aerobacter Laís Kemelly UNIME 2020.1 Interrogatório Sintomatológico Dor torácica, tosse, expectoração, hemoptise, vômica, dispneia, sibilância, rouquidão e cornagem. Dor Torácica Localização, irradiação, intensidade, frequência, início, duração, fatores de melhora, fatores de piora. ● Pleurites e pleurisias: dor acompanhada de tosse seca de timbre alto, febre e dispneia (progressiva) ↳ Dor aguda, intensa e em pontada. ↳ Localização pequena e limitada, não irradia. (pct define com precisão) ↳ Aumenta com a tosse e movimentos do tórax. Quando a dor cessa, surge a dispneia. Isso é um sinal de que o derrame se instalou. ● Pleurites diafragmáticas: características anteriores e ↳ Posição antálgica (semissentado), comprimindo o hemitórax oposto. ↳ O paciente não consegue referir com precisão o local da dor. ● Pleurites apicais: dor no pescoço e no ombro ● Pneumotórax espontâneo benigno: ↳ Dor súbita, aguda e intensa, “punhalada”. ↳ Associada à dispneia (proporcional à pressão na cavidade pleural) ● Viroses: dor difusa, localização retroesternal, piora com a tosse, que é seca. ● Esofagite: queimação retroesternal, início quando o paciente se deita. Tosse ● Tosse produtiva/úmida: quando acompanhada de secreções. Não deve ser combatida pois está eliminando algum corpo estranho das vias respiratórias ● Tosse seca: apenas causa irritação das vias respiratórias, inútil. ● Tosse quintosa: geralmente iniciada durante a madrugada, acompanhada de vômitos e sensação de asfixia. ● Tosse síncope: após crise intensa, resulta em perda de consciência. ● Tosse bitonal: acontece devido a paresia ou paralisia de uma das cordas vocais, podendo indicar comprometimento do nervo laríngeo inferior. ● Tosse rouca: característica da laringite crônica, comum nos tabagistas ● Tosse reprimida: evitada pelo paciente por causar dor torácica ou abdmonial (ex. pneumotórax espontâneo) ● Tosse associada a beber/comer: relacionada a doença do esôfago superior (divertículo, doença neuromuscular) ● Tosse psicogênica: decorrente de tensões emocionais. Expectoração Geralmente é consequência da tosse. Avaliar: volume, cor, odor, transparência, consistência; Escarro seroso: água, eletrólitos, proteínas e pobre em células Escarro mucoide: muita água, proteínas, eletrólitos, mas baixa celularidade. Escarro purulento: rico em piócitos e celularidade alta Escarro hemoptoico: presença de sangue Laís Kemelly UNIME 2020.1 Edema pulmonar agudo: serosa, rica em espuma, coloração rósea. Asmático: mucoide, com alta viscosidade, rica em eosinófilos (marca o fim da crise asmática) Bronquite: mucoide Brônquitico crônico: a mudança para escarro mucopurulento/purulento é sinal de infecção. Hemoptise Eliminação de sangue pela boca. Origem brônquica: causada pela ruptura de vasos, que podem ser: ↳ Íntegros (carcinoma brônquico) ↳ Anormais, dilatados (tuberculose, bronquiectasias) A hemoptise é maciça já que o sangue vem das artérias brônquicas, de alta pressão. Pode evoluir para: ↳ Choque hipovolêmico ↳ Asfixia provocada pelo tamponamento da traqueia por coágulos (causa mais comum de morte) Origem alveolar: causada pela ruptura de capilares ou trasudação de sangue. O volume sanguíneo é menor. Podem evoluir para broncoespasmo grave. Etiologias frequentes: bronquiectasias e tuberculose. Relacionar com informações de anamnese para buscar a causa: ↳ Paciente criança: pneumonias bacterianas e corpos estranhos ↳ Paciente jovem, primeiro episódio, bom estado de saúde: pode possibilitar diagnóstico precoce de tuberculose ↳ Paciente adulto com episódios anteriores: fibroses residuais dos tuberculosos curados. ↳ Paciente adulto, masculino, primeiro episódio, fumante: hipótese de lesão brônquica maligna Vômica Eliminação de pus ou outro líquido pela glote. Pode ser única ou fracionada, proveniente do tórax ou abdome. Origina-se de abcessos ou cistos que acabam drenando para os brônquios. Causas: abcesso pulmonar, empiema, mediastinites supuradas, abcesso subfrênico. Dispneia Dispneia de repouso: dificuldade respiratória mesmo em repouso. Ortopneia: impede o paciente de ficar deitado, obrigando-o a ficar sentado para obter algum alívio Trepopneia: aparece em determinado decúbito lateral. Laís Kemelly UNIME 2020.1 ● Causas obstrutivas: redução do calibre de passagem do ar ● Causas parenquimatosas: redução da área de hematose ● Causas toracopulmonares: redução da elasticidade e movimentação, provocando assimetria entre os hemitórax ● Causas diafragmáticas: qualquer interferência em seus movimentos ● Causas pleurais: irritação da pleura parietal, que reveste os pulmões e possui intensa inervação ● Causas cardíacas ● Causas de origem tecidual ● Causas ligadas ao sistema nervoso Sibilância O paciente refere como “chiado”, percebido principalmente na fase expiratória. Ocorre devido à redução do calibre da árvore brônquica, devida principalmente a espasmo. Causas: asma, bronquite aguda e crônica, infiltrados eosinofílicos, tuberculose brônquica, neoplasias malignas e benignas. Rouquidão Alteração do timbre da voz indica alteração na dinâmica das cordas vocais. Quando é aguda e de curta duração, não tem tanto significado, é frequente nas laringites virais comuns. Caso prolongue, pode indicar tuberculose, difteria, mononucleose infecciosa. Cornagem Dificuldade respiratória por: ↳ Redução do calibre das vias superiores ↳ Redução na altura da laringe Se manifesta por um ruído e estiragem. O paciente desloca a cabeça para trás, visando facilitar a entrada do ar. Causas: laringite, difteria, edema da glote, corpos estranhos. ● Estado de consciência do paciente ● Pele ↳ Coloração (cianose e palidez) ✓Cianose: pele, unhas, lábios e mucosa oral. ✓ Cianose central: transporte insuficiente de O2 até o pulmão ✓ Cianose periférica: vasoconstrição ↳ Grau de hidratação ↳ Lesões sólidas (pápulas, ulcerações, nódulos, urticária) ↳ Lesões líquidas (vesículas, bolhas, pústulas, abcessos) ● Mamas: volume, posição do mamilo, existência de nódulos. ● Sistema esquelético: retrações e abaulamentos. As alterações permitem classificar os tipos de tórax. Laís Kemelly UNIME 2020.1 Exame Físico Inspeção Pode ser realizada com o paciente sentado ou deitado. ● Inspeção estática Avalia a forma do tórax, buscando anomalias ↳ Congênitas ou adquiridas ↳ Localizadas ou difusas ↳ Simétricas ou assimétrias Medida pelo ângulo de Charpy: abertura do ângulo formado pelas últimas costelas. ↳ Normolíneo: = 90° ↳ Longilíneo = < 90° ↳ Brevelíneo = > 90° → Tórax chato/plano: ↳ Típico de longilíneos ↳ Redução do diâmetro anteroposterior, a parede anterior perde sua convexidade normal: é | |, fica | ( ↳ Aumento na inclinação das costelas ↳ Redução do espaço intercostal ↳ Clavículas oblíquas e salientes ↳ Musculatura pouco desenvolvida ↳ Doença pulmonar crônica → Tórax em tonel/globoso ↳ Aumento do diâmetro anteroposterior ↳ Abaulamento da coluna dorsal ↳ Maior horizontalização dos arcos distais ↳ Enfisematosos e DPOC → Tórax infundibuliforme ↳ Depressão na parte inferior do esterno e região epigástrica ↳ Em geral é congênita → Tórax cariniforme ↳ Esterno proeminente ↳ Costelas horizontalizadas ↳ Pode ser adquirido por raquitismo na infância → Tórax cônico/em sino ↳ Parte inferior extremamente alargada → Tórax cifótico ↳ Curvatura da coluna dorsal ↳ Forma gibosidade → Tórax cifoescoliótico ↳ Cifose + escoliose (desvio da coluna para o lado) Laís Kemelly UNIME 2020.1 ● Inspeção dinâmica Tipo respiratório Movimentação do tórax e abdome Posição em pé ou sentada: respiração torácica ou costal, movimentação predominante da caixa torácica; Decúbito dorsal: respiração diafragmática, movimentação da metade inferior do tórax e andar superior do abdome. Ritmo Respiratório Normalidade: inspiração e inspiração com tempo similar, mesma amplitude e separados por uma leve pausa. Cheyne-Stokes: Apneia, incursões inspiratórias que aumentam progressivamente e depois decrescem até outra apneia. Melhor percepção auditiva do que visual. É causada por conta das variações da tensão de O2 e CO2 no sangue: o excesso de CO2 no período de apneia faz com que os centros respiratórios bulbares enviem estímulos intensos que culminam no aumento progressivo observado. A redução do CO2 reduz o estímulo, causando a queda progressiva. Biot: Apneia seguida de movimentos inspiratórios e expiratórios =/= quanto ao ritmo e amplitude. Kussmal 1. Inspirações ruidosas, gradativamente mais amplas, alternadas com inspirações rápidas e de pequena amplitude 2. Apneia em inspiração 3. Expirações ruidosas, gradativamente mais profundas alternadas com inspirações rápidas e de pequena amplitude 4. Apneia em expiração Suspirosa Os movimentos inspiratórios vão aumentando, seguidos de uma expiração breve e rápida. Tensão emocional e ansiedade. Tiragem Em condições fisiológicas, há um aumento da pressão negativa na cavidade pleural durante a fase inspiratória. O ar vai para o local de menor pressão. A pressão é negativa em relação ao meio. Quanto maior a pressão negativa, maior a tendência de o ar entrar. O brônquio vai colabar, não vai ter passagem de ar pelo local, a pressão vai diminuir mais ainda, os espaços intercostais vão se retrair. A caixa torácica vai se expandir mais devido ao aumento da pressão negativa, mas o volume inspiratório não vai seguir a proporção. Na tiragem, a pressão negativa é maior devido à obstrução brônquica: o parênquima do brônquio entra em colapso, provocando a retração dos espaços intercostais. O pulmão não consegue acompanhar o movimento expansivo da caixa torácica. A tiragem pode ser localizada ou difusa • Supraclavicular • Infraclavicular • Intercostal • Epigástrica Laís Kemelly UNIME 2020.1 Palpação O médico fica atrás do paciente, que deve estar sentado e respirar de forma profunda e pausada. Expansibilidade dos ápices ↳ Mãos: espalmadas, bordas internas tocando a base do pescoço ↳ Polegares: apoiados na coluna vertebral ↳ Demais dedos: fossas supraclaviculares Expansibilidade das bases ↳ Mãos: espalmadas ↳ Polegares: linhas paravertebrais ↳ Demais dedos: recobrindo os arcos costais Frêmito toracovocal Corresponde às vibrações das cordas vocais que chegam na parede torácica. É mais forte na base, ao lado direito. Semiotécnica (amei essa palavra chique): 1. Posicionar- se atrás e à esquerda do paciente 2. Colocar a mão direita sobre a superfície do tórax. 3. Posicionar a face palmar do 2º ao 4º quirodáctilo 4. Solicitar que o paciente pronuncie palavras ricas em consoantes (“trinta e três”) 5. Deslocar a mão de cima para baixo, comparando as vibrações 6. Pesquisar o FTV nas fossas supraclaviculares 7. Posicionar-se em frente e à direita do paciente 8. Apoiar a mão alternadamente no hemitórax direito e esquerdo, seguindo a linha médio-esternal de cima para baixo. ↓ FTV: derrames pleurais, atelectasias Os derrames afastam o pulmão da parede e dificultam a transmissão das vibrações até a superfície. Pode ser redução ou abolição, a depender da quantidade de líquido/ar na cavidade. A obstrução dos brônquios impede a propagação do som, apesar de haver ressonância (?) ↑ FTV: condensações pulmonares A condensação é a substituição do ar por outro material, sólido ou líquido. Qualquer um deles propaga o som mais rápido (e vamos de física do vestibular) Laís Kemelly UNIME 2020.1 Percussão Ausculta Só capta sons até 5cm abaixo do local de pressão. Deve ser iniciada pela face posterior do tórax. O médico fica atrás e à esquerda do paciente. A percursão divide-se em duas etapas. • Cada hemitórax separadamente e completo. • Percurtir de forma comparativa e simétrica as regiões de ambos. Como percurtir? • A mão esquerda apoia-se levemente do tórax • Movimentos de flexão e extensão do punho • Golpes dados com a extremidade distal do dedo médio Tipos de som: 1. Som claro pulmonar, nas áreas de projeção dos pulmões 2. Som timpânico, no espaço de Traube 3. Som submaciço, na região inferior do esterno 4. Som maciço, na região inframamária direita e na região precordial ● Som claro pulmonar → percussão do pulmão normal ● Hipersonoridade → aumento da quantidade de ar (ex. redução do calibre brônquico) A estenose (redução) causa dificuldade na circulação aérea, principalmente na fase expiratória. Logo, o ar fica “preso” no brônquio e o som percurtido é maior. ● Som maciço → redução da quantidade de ar (ex. atelectasia) O médico fica atrás do paciente. O paciente deve estar com o tórax despido e respirar pausada e profundamente. Segue uma ordem: face posterior, face lateral, face anterior. Sons respiratórios normais Som broncovesicular, regiões: • Esternal superior • Interescapulovertebral direita • 3º e 4º vértebras dorsais É um intermediário entre MV e som brônquico. Múrmurio vesicular Fase inspiratória > fase expiratória Regiões de maior intensidade: • Parte anterossuperior • Axilas • Regiões infraescapulares ↑ MV: • Após esforço • Em pessoas mais magras • Respiração com boca aberta • No lado não afetado por afecções pulmonares ↓ MV: • Pneumotórax, hidrotórax ou espessamento pleural • Enfisema pulmonar • Obstrução de vias aéreas superiores • Oclusão parcial ou total de brônquios ou bronquíolosLaís Kemelly UNIME 2020.1 Sons anormais descontínuos Estertores finos – crepitantes • Ocorrem no final da inspiração • Alta frequência: são agudos • Curta duração • Não se alteram com a tosse Estertores grossos – bolhosos • Início da inspiração e toda a expiração • Menor frequência: são graves • Maior duração Originados pela abertura e fechamento de vias respiratórias com secreção viscosa e espessa. Comuns na bronquite crônica e nas bronquiectasias. Sons anormais contínuos Roncos • Baixa frequência: graves • Aparecem em ambas as fases respiratórias • Predomina na expiração • Surgem e desaparecem em curto período de tempo Originados pela vibração das paredes brônquicas e de seu conteúdo gasoso. Os ductos de passagem do ar sofrem estreitamento devido a um espasmo ou achado de secreção aderido à parede. Comuns na asma brônquica, bronquites, bronquiectasias e obstruções localizadas. Sibilos • Alta frequência: agudos • Aparecem em ambas as fases respiratórias • Múltiplos e disseminados: quando provocados por algo que acomete a árvore brônquica (ex. asma e bronquite). • Localizados: indicam semiobstrução por neoplasia ou corpo estranho Estridor • Produzido pela semiobstrução da laringe ou da traqueia • Intensificado na respiração forçada Sopros • Normais em: 7º vértebra cervical no dorso, traqueia, região interescapular → Sopros tubários: pneumonias bacterianas → Sopros cavitários: brônquio de drenagem permeável → Sopros anfóricos: pneumotórax hipertensivo Originados pela mudança de textura pulmonar. Atrito pleural • Frequência baixa: grave • Duração maior • Irregular e descontínuo • Mais intenso na inspiração Originado do contato dos folhetos visceral e parietal durante o movimento respiratório. Acontece em casos de pleurite, porque os folhetos se recobrem de exsudato. Causa principal: pleurite seca.
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