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Resumo de Direito das Coisas
- Posse e Propriedade
Direito
Faculdade de Paraíso do Norte (FAPAN)
50 pag.
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DIREITO DAS COISAS - RESUMO DE POSSE E PROPRIEDADE 
· Conceito: é o complexo das normas reguladoras das relações jurídicas 
referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem.
· Somente concernem ao direito das coisas os bens que podem ser objeto de 
apropriação pelo homem, quer sejam móveis ou imóveis.
· O direito das coisas compreende tão somente bens materiais, isto é, a 
propriedade e os seus desmembramentos.
· Evolução histórica:
 O direito das coisas é a parte do direito civil que por mais longo tempo se 
manteve fiel a tradição romana e aos princípios individualistas, que traçaram a 
história da humanidade.
 Inicialmente a propriedade, eixo em torno do qual gira todo o direito das 
coisas, caracterizava-se pelo seu feitio nitidamente individualista: tratava-se, 
então, de relação jurídica puramente privada e individual, de caráter sagrado e 
absoluto.
 O homem podia usar, gozar e dispor da coisa que lhe pertencesse, como 
melhor lhe aprouvesse, sem que fosse lícito opor qualquer restrição ao livre 
exercício desse direito. Todas as legislações, sem discrepância, proclamavam 
então a intangibilidade do domínio, verdadeiro resquício da propriedade 
quiritária, no direito romano, sinônima de direito absoluto, de propriedade 
absoluta. 
Em virtude do surgimento das tendências fundamentais da civilização atual, 
que reconheceu e proclamou, urbi et orbi, o predomínio do interesse público 
sobre o privado, assistiu-se ao quadro seguinte: o direito civil a pregar o 
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absolutismo do direito de propriedade, enquanto o interesse público, de 
conteúdo social, veiculado através do direito constitucional e do direito 
administrativo, solapava e destruía, aos poucos, os direitos do proprietário. 
Atualmente existe a preponderância do interesse público sobre o privado vindo 
o titular da propriedade, incontestavelmente, exercitar determinado direito, mas 
em consonância com os direitos dos outros cidadãos; não existe, para o 
mesmo, o direito de usar e abusar, como sucedia outrora, mas apenas o direito 
de usar sem abusar, ou de usar sem ferir interesses sociais. A propriedade de 
hoje – a serviço da função social – tem de ser geradora de novas riquezas, de 
mais trabalho e emprego, tornando-se apta a concorrer para o bem geral do 
povo. A antiga noção de absolutismo exclusivista desapareceu.
Princípios dos Direito Reais
- Princípio da aderência, especialização ou inerência: São caracterizados 
apenas pela existência de dois elementos: o titular e a coisa, prescindindo de 
um sujeito passivo.
Princípio do absolutismo: é o direito oponível erga omnes, contra todos, ou 
seja, é o famoso direito de sequela ou jus persequendi, no qual, o titular do 
direito tem a faculdade de perseguir e reivindicar a coisa contra quem quer que 
a detenha. Aqui a caracterização se dá pela existência de uma obrigação 
passiva universal, imposta a todos os membros da sociedade indistintamente, 
no sentido de que devem respeitar o titular do direito.
- Princípio da publicidade ou visibilidade: como o direito real é oponível contra 
todas a pessoas, se faz necessário haver a notoriedade desses direitos para 
que toda a sociedade tenha conhecimento de sua existência. Assim, no caso 
de bens imóveis, é imprescindível que se tenha realizado o registro, já no caso 
de bens móveis, a publicidade se dá pela simples tradição. 
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- Princípio da taxatividade: Não se é possível criar novos direitos reais se não 
tiver previsão legal, porque eles são taxativos, isto é, já vêm definidos, 
enumerados pela lei (numerus clausus).
- Princípio da tipicidade ou tipificação: “Tipos, como se sabe, são conceitos, 
moldes rígidos previstos pelo legislador e identificados por regimes jurídicos 
que lhes são próprios.”
Só se considera direitos reais se este direito tiver amoldado no texto legal, ou 
seja, os direitos reais existem de acordo com os tipos legais. 
- Princípio da perpetuidade: o direito real, é um direito perpétuo, não se perde 
uma coisa por não usá-la. Na usucapião, não se perde a coisa pelo não uso, 
mas porque outro usou pelo tempo necessário.
-Princípio do desmembramento: os direitos reais podem ser desmembrados, 
isto é, podem ser transferidos a terceiros, limitando a própria propriedade e 
sendo, ao mesmo tempo, por ela limitados.
-Princípio da exclusividade: não se pode ter dois direitos reais sobre 
determinada coisa, se eu tenho um notebook, por exemplo, eu sou o titular do 
direito real, só eu tenho o domínio da coisa, não pode existir outra pessoa 
titular do mesmo objeto.
 Direito Reais e Pessoais
Distinção relativamente moderna, tanto que não chegou a ser idealizada ou 
desenvolvida pelo direito romano.
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 Entre os romanos as ações de direito privado subdividiam-se em dois grandes 
grupo: actio in rem e actio in personam, tutelando as primeiras os direitos reais 
e as segundas, os direitos pessoais.
 As expressões jus in re e jus ad rem, empregadas para distinguir os direitos 
reais dos pessoas são, de certo modo recentes, tendo surgido, pela primeira 
vez no direito canônico.
 Teses que pretendem identificar a diferença entre os direitos pessoais do 
direito real:
a) Teses Unitárias:
1. Teoria personalista:
- Defendida por Planiol, Ferrara, Ortolan e etc.
- Considerava o direito como uma proportio hominis ad hominem e não uma 
relação jurídica entre a pessoa e a coisa.
- Ideia basilar: o ensinamento de Kant de que não se pode aceitar a 
instituição de uma relação jurídica diretamente entre a pessoa do sujeito e a 
própria coisa, já que todo direito, correlato obrigatório de um dever, é 
necessariamente uma relação entre pessoas.
- Considera o direito real como uma obrigação passiva universal, ou seja, um 
dever geral de se abster de qualquer ingerência no bem que esta em poder de 
alguém.
- Três são os elementos constitutivos do direito real: o sujeito ativo, sujeito 
passivo e o objeto.
- É uma obrigação de conteúdo negativo, em que a coletividade deve 
respeitar o direito do proprietário e abster-se da prática de atos lesivos a esse 
direito.
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- Demogue entende que a eficácia erga omnes do direito real é mais 
enérgica e forte do que a que se manifesta no direito pessoal; daí empregar as 
expressões direito absoluto e relativo. O primeiro (real) é oponível contra todos 
e o segundo (pessoal), apenas contra uma ou algumas pessoas determinadas.
2. Teoria impersonalista:
- Procura a despersonalização do direito, materializando-o ou 
patrimonializando-o.
- Transforma as obrigações num direito real sobre a respectiva prestação 
com exclusão do devedor.
- Para esta teoria, a obrigação contém em si um valor econômico que 
independe da pessoa do devedor, sendo que o direito real extrairia seu valor 
patrimonial dos bens materiais e o direito pessoal,da subordinação de uma 
vontade que se obriga a agir ou a abster-se.
- Concebe o direito real e obrigacional numa só noção, sem contudo 
identificá-los.
b) Tese Dualista:
1. Teoria Clássica ou realista:
- Adotada pelo nosso ordenamento.
- Caracteriza o direito real como uma relação entre a pessoa (natural ou 
jurídica) e a coisa, que se estabelece diretamente e sem intermediário, 
contendo, portanto, três elementos: o sujeito ativo, a coisa e a inflexão imediata 
do sujeito ativo sobre a coisa.
- Com relação ao direito pessoal, considera uma relação entre pessoas 
(proportio hominis ad hominem), abrangendo tanto o sujeito ativo como o 
passivo e a prestação que ao primeiro deve o segundo.
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 Os direitos relativos são contrapostos deveres que implicam uma privação na 
esfera jurídica do sujeito. São oponíveis entre as partes de uma relação jurídica 
(intra partes).
 Os direitos absolutos, da qual faz parte o direito real, contrapõem-se deveres que 
nada interferem na esfera jurídica de seus sujeitos. São oponíveis a todos (erga 
omnes).
 Diferença entre direitos reais e direitos pessoais (ou obrigacionais). POSSE
· Teorias da posse:
1. Teoria subjetivista:
- Defendida por Savigny.
- A posse seria o poder físico sobre a coisa por quem tem vontade de ser 
dono e se defende contra agressões.
- Dois elementos: 
a) Cunho objetivo (material) denominado de corpus que é o poder físico sobre 
a coisa.
b) Cunho subjetivo chamado de animus, que é a vontade de ser dono – animus 
domini -, ou como dizem alguns, vontade de ter a coisa para si – animus rem 
sibi habendi.
- Para a caracterização da posse o possuidor teria que exercer sobre a coisa 
um controle físico imediato, ou seja, ter a coisa ao seu alcance e à sua 
disposição.
 
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2. Teoria objetivista:
- Defendida por Jhering.
- Para essa teoria a posse seria a exterioridade, a visibilidade do domínio.
- Dois elementos caracterizadores da posse:
a) Corpus: de cunho objetivo, consiste na atitude de dono.
b) Animus: de cunho subjetivo, estaria inserido no corpus, e se caracteriza por 
ser a vontade de proceder com relação a coisa como procederia o dono.
· Proteção possessória
 O grande mérito da teoria de Jhering é estender e facilitar a proteção 
possessória.
O Direito Romano elaborou medidas rígidas para proteger o possuidor, 
consubstanciadas nos chamados interditos possessórios (ou ações 
possessórias).
 Acerca dos interditos, quem tem legitimidade para ajuizá-los é quem tem a 
posse, independentemente do domínio (propriedade).
 O Direito prescreve duas diferentes espécies de ações para proteger a coisa: 
a ação petitória, também denominada reivindicatória, cujo fundamento é a 
propriedade, e as ações possessórias – ação de reintegração de posse, ação 
de manutenção de posse e interdito proibitório -, cujo fundamento é a posse.
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 As possessórias tem grande vantagem sobre a petitória a qual consiste na 
possibilidade de se obter a proteção liminarmente (in limine litis) por meio da 
antecipação de tutela antes mesmo de o juiz ouvir o réu no processo (inaudita 
altera parte).
 
Exemplo: Caio aluga a Orlando uma fazenda no norte, apesar de Orlando 
morar no sul. Posteriormente, Orlando toma ciência de que a fazenda foi 
invadida, ocasião em que este procura Caio mas descobre que ele encontra-se 
em local incomunicável, viajando pelo mundo. Que medida poderá Orlando 
tomar para proteger a fazenda?
- Pela teoria subjetivista de Savigny, Orlando não pode ajuizar ação 
reivindicatória, posto que não é proprietário, nem ajuizar a ação de reintegração 
de posse, vez que não é possuidor. Neste caso, nada pode fazer para proteger 
a fazenda.
- Pela teoria objetivista de Jhering, Orlando tem a posse e por esse motivo 
poderá manejar a ação de reintegração.
· Natureza jurídica da posse: seria a posse uma mera situação de fato, 
conquanto reconhecida juridicamente, ou seria a posse um verdadeiro direito 
subjetivo?
 Três teorias tentam resolver a questão:
1. Teoria da posse como estado de fato: veem na posse apenas uma situação 
de fato. Filiados a esta corrente encontram-se Clovis Beviláqua, Pontes de 
Miranda, Sílvio Rodrigues e César Fiuza.
2. 
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3. Teoria eclética: alega ser a posse tanto um estado de fato quanto um direito. 
Ideia adotada por Savigny e no Brasil perfilhada pelo Conselheiro Lafayette, 
Spencer Vampré, Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias.
4. Teoria da posse como direito subjetivo: defende que a posse tem natureza de 
direito subjetivo. Jhering defendeu esse posicionamento, afirmando que direito 
subjetivo consiste em um interesse juridicamente protegido. Na doutrina pátria, 
os adeptos desta teoria são Orlando Gomes, Caio Mário e Tito Fulgêncio.
- Para Orlando Gomes e Caio Mário, o fato de a posse estar sempre atrelada 
a uma situação fática não a desconfigura como direito subjetivo. Esses juristas 
asseveram, ademais, que se trata de um direito real.
- Para Tito Fulgêncio a posse não é um mero fato, senão um direito 
· Classificação da posse:
1. Posse Jurídica e Posse Natural
 Critério que vem do Direito Romano, em que eram chamadas de ius 
possessionis e possessio naturalis.
Posse Jurídica: é a posse reconhecida pelo ordenamento jurídico, e à qual 
consequentemente, atribuem-se os efeitos possessórios.
 Posse Natural: é a posse que, embora reúna os elementos do conceito (corpus 
e animus), é relativamente desprovida de efeitos possessórios, em razão de ter 
sido adquirida por meio injusto.
 
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 Posse Natural X Detenção: a posse natural é adquirida viciosamente e não 
produz efeitos apenas relativamente, na relação entre o possuidor ilegítimo e o 
antigo possuidor de quem a posse foi havida. Já a detenção é uma situação em 
que a lei determina que não há posse.
 
 O vício que nega à posse natural os efeitos possessórios opera apenas na 
relação interna entre o possuidor ilegítimo e aquele de quem a coisa foi tomada 
de forma violenta, clandestina ou precária. Por essa razão, somente este pode 
alegar que o outro sujeito tem mera posse natural. Com relação a 
qualquer outra pessoa, a posse natural produzirá todos os efeitos 
possessórios com se fosse jurídica.
2. Posse Justa e Posse Injusta:
 A definição de posse justa seria a contrario sensu da posse injusta. Ou seja, toda 
posse que não fosse injusta é justa.
 Posse Injusta: é a posse adquirida por meio violento, clandestino ou precário.
 Violência: posse obtida por meio de violência, seja ela física ou psicológica. 
Injusta é a situação do ladrão que rouba. 
 Clandestina: é a posse de quem obteve a coisa por meio escuso, de modo que 
o possuidor antecessor não tenha ciência de que outro sujeito adquiriu a posse. 
É o caso clássico do ladrão que furta.
 Precário:é a posse de quem traiu a confiança do possuidor indireto que lhe 
transferiu a posse direta, donde se infere que a posse precária nasce legítima, 
mas se vicia. O possuidor inicia a posse com justa, mas, porquanto deixa de 
restituir a coisa, quando é instado a fazê-lo, sua posse toma o caráter de 
injusta. Exemplo: apropriação indébita.
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Caráter temporário e convalidação da violência da clandestinidade:
3. Posse nova e Posse Velha.
 A classificação da posse em nova e velha tem ainda relevância tanto para o 
direito material quanto para o direito processual.
 Posse nova: é aquela que não completou o prazo de ano e dia da data da 
aquisição.
 
Posse velha: é aquela que já ultrapassou o prazo de ano e dia.
 A posse nova será considerada injusta se o autor da ação possessória provar 
a violência ou a clandestinidade com que a coisa lhe foi tomada. Já a posse 
velha será presumida justa, o que significa dizer que será necessária a prova 
da violência ou da clandestinidade atual para que se considere a posse injusta.
 Com relação ao direito processual, o art. 924 do CPC manteve a dicotomia 
entre as chamadas ação de força Nov e ação de força velha.
 
 O que marca a diferença entre os dois procedimentos é a possibilidade de 
obtenção da decisão liminar sem ouvir o réu (in limine litis e inaudita altera 
parte).
A posse nova poderá ser perdida provisoriamente enquanto a posse velha 
nunca, não sem que o réu seja ouvido. Isso porque, correndo a ação de força 
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velha pelo procedimento comum, a antecipação de tutela, no caso do rito 
ordinário, sujeita-se ao art. 273 do CPC. 
4. Posse com justo título e sem justo título.
Posse com justo título: é aquela que foi obida por um meio que se reputa hábil, 
em tese, a transferir o domínio. 
O justo título tem grande relevância no caso da posse na situação de 
usucapião. Quem possuir a título justo tem a convicção de dono (opinio 
domini), e a usucapião ordinária tem a finalidade, justamente, de consolidar 
uma situação fática – o sujeito possui convicto de ser o proprietário, sem o ser.
Se à posse são adicionadas terras por meio de aluvião (acréscimo de terras à 
propriedade ribeirinha em razão do deposto de sedimentos trazidos pelas 
águas do rio), avulsão (é o acréscimo de sedimentos devido ao deslocamento 
de terras, em deslizamento – a terra solta de um lugar, e vai parar em outro) ou 
abandono de álveo (é o fenômeno do desvio natural de um curso de água, que 
implica o ressecamento do leito anterior, que se incorpora às terras por onde o 
curso passava), o acréscimo de posse também tem justo título, porquanto 
esses fatos naturais são modos de aquisição do domínio.
O justo título há de ser sempre um fato jurídico pelo qual se considera possível 
transmitir o domínio, ainda que essa transmissão não se tenha efetivado, e 
independentemente dos vícios da posse. O justo título refere-se apenas a 
causa da aquisição (causa adquirendi possessionis), e não à qualidade da 
posse adquirida.
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 No caso dos negócios jurídicos, há hipóteses de tradição realizada pelo não 
proprietário (traditio a non domino), em que o título em si preenche os 
requisitos legais mas o negócio é nulo, porquanto um dos sujeitos pretendeu 
transferir mais direitos do que tinha (Nemo plus iruris ad alium transferre potest 
quam ipse habet); há hipóteses de negócio com defeito leve – anulável, 
portanto – mas que, apesar disso, tem em tese, aptidão para transferir a 
propriedade; e há hipóteses de ineficácia, como pode ocorrer com uma 
escritura pública de compra e venda que não seja levada a registro. Em todos 
esses casos, HÁ JUSTO TÍTULO.
 Não tem justo título a posse adquirida por qualquer modo que não tenha 
aptidão para transferir o domínio. Desta forma, não tem justo título os negócios 
jurídicos de execução continuada, por meio de constituição de um direito real 
sobre coisa alheia (usufruto, por exemplo) ou por meio ilícito. 
5. Posse de boa-fé e de má-fé
 Tem posse de boa-fé aquele que desconhece os vícios que a maculam 
(violência, clandestinidade ou precariedade), ou os obstáculos que impedem a 
sua aquisição.
 A lei estatui a presunção de boa-fé em favor do possuidor com justo título, 
presunção que tem natureza relativa (iuris tantum).
É de má-fé a posse de quem mantém a posse mesmo ciente de que é viciada, 
ou de que há óbice à sua aquisição. 
6. Posse direta e Posse indireta
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Posse direta ou imediata: é aquela que é exercida por quem tem a coisa 
materialmente havendo um poder físico imediata. Como possuidores diretos 
podem citar o locatário, o depositário, o comodatário e o usufrutuário.
 Posse indireta ou mediata: exercida por meio de outra pessoa, havendo 
exercício de direito, geralmente decorrente da propriedade. Exemplo: locador, 
depositante, comodante e etc.
 Tanto o possuidor direto quando o indireto podem invocar proteção 
possessório um contra o outro, e também contra terceiros.
7. Composse (posse pro diviso e posse pro indiviso)
 Em regra, a posse é exclusiva, assim como a propriedade. Isso quer dizer que 
duas pessoas não podem, ao mesmo tempo, exercer posses diferentes de uma 
mesma coisa, sem que a posse de uma exclua a da outra.
 Duas ressalvas há que se fazer:
a) Pode a mesma posse desdobrar-se em direta e indireta, o que não fere a 
ideia de que a posse seja exclusiva, pois se trata de uma só posse.
b) Pode a mesma posse ser exercida por mais de um sujeito, nos casos de 
coisa indivisa, de cuja propriedade mais de uma pessoa tem poderes. Esta é a 
hipótese de Composse.
 Composse é a situação em que a mesma posse, de coisa indivisa, é exercida 
por mais de um sujeito. Por exemplo: no caso de uma família que reside em 
uma mesma casa. Independentemente de quem tem a propriedade, todos que 
ali residem têm a posse (poder de usar).
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 Indivisa não significa indivisível. Fala-se em posse da coisa indivisa (pro 
indiviso) para se referir ao fato de que se trata da mesma posse da mesma 
coisa, por inteiro.
No exemplo da casa, pode ocorrer de todos possuírem a sala (pro indiviso), 
mas apenas o pai ter a posse do escritório, por inteiro (in solidum), por não 
permitir que ninguém entre lá. Nesse caso, haveria composse dos demais 
cômodos da casa, mas não do escritório.
 Sobre a composse dispõe o código em seu art. 1199:
 Atos possessórios: são todos aqueles permitidos pelo poder da propriedade 
que tem o possuidor. Tratando-se, por exemplo, do poder de uso, os atos 
possessórios são todos os atos que permitam ao possuidor servir-se da coisa, 
bem como todos os necessários para sua guarda. Havendo composse, não 
pode um dos compossuidores impedir o outro de praticar tais atos. Exemplo: 
Augusto e Berenice, casados em regime da comunhão universal, são, por 
conseguinte, compossuidores da casa em que residem. Não pode Augusto 
impedir Berenice de entrar na casa, nem de ali residir. A entrada, assim como a 
residência, são atos possessórios, que um compossuidor não pode impedir o 
outro depraticar.
8. Posse ad usucapionem
 Refere-se a posse mansa, pacífica e ininterrupta de coisa hábil, que, aliada 
aos demais requisitos exigidos pela lei, compõe as condições da aquisição do 
domínio pela usucapião.
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 A posse ad usucapionem é a que se prolonga por determinado lapso de tempo 
estabelecido em lei, deferindo a seu titular a aquisição do domínio. Ao fim de 
um período de dez anos, aliado a outros requisitos, como o ânimo de dono, o 
exercício contínuo e de forma mansa e pacífica, além do justo título e boa-fé, 
dá origem à usucapião ordinária. Quando a posse, com essas características, 
prolonga-se por quinze anos, a lei defere a aquisição do domínio pela 
usucapião extraordinária, independentemente de título e boa-fé. 
Posse ad interdicta
 É a que pode ser defendida pelos interditos ou ações possessórias, quando 
molestada, mas não conduz à usucapião. O possuidor, como o locatário, por 
exemplo, vítima de ameaça ou de efetiva turbação ou esbulho, tem a faculdade 
de defendê-la ou de recuperá-la pela ação possessória adequada até mesmo 
contra o proprietário.
· Aquisição e Perda da posse
 Aquisição da posse implica considerar que a posse é algo passível de ser 
adquirido, como um direito. Daí que quem entende ser a posse um mero estado 
de fato não deve falar em aquisição, mas constituição.
 O código estabelece a aquisição da posse:
 A aquisição da posse pode se dar por modo originário ou derivado.
a) Aquisição Originária:
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Ø São os casos em que não há relação entre a posse anterior e a posse nova.
Ø Pode ocorrer em duas hipóteses: a coisa não tinha dono (porque nunca teve – 
res nullius – ou porque foi abandonada – res derelictiva), ou porque foi 
esbulhada. 
Ø No caso da coisa sem dono, a aquisição originária da posse é elemento do 
domínio, que é adquirido por ocupação. O sujeito se apodera da coisa, adquire, 
por conseguinte, a posse, e ainda se torna proprietário.
Ø No caso do esbulho, o sujeito toma posse que era exercida por outrem. O 
esbulho é praticado pelo ladrão, que furta ou rouba bens móveis, ou pela 
invasor, que invade os bens imóveis, ou, ainda, por quem se apropria 
indevidamente da coisa, móvel ou imóvel. A posse assim adquirida é injusta, 
seja em razão da violência, da clandestinidade ou da precariedade. Em 
qualquer caso, a posse é dita originária.
Ø Principal consequência jurídica do modo originário de aquisição é o fato de que 
a posse assim adquirida não traz os vícios anteriores. Obviamente, pode 
nascer viciada, como no caso do esbulho, mas se livra do defeito que 
porventura antes maculava.
b) Aquisição derivada
Ø São os casos em que a posse é transmitida de uma possuidor, que, com isso, 
perde a posse, a outro, que a adquire. 
Ø A transferência pode ser real (quando o possuidor atual a entrega ao novo 
possuidor), simbólica (quando o que se entrega é algo que simboliza a coisa, 
como as chaves de uma casa) ou por cláusula contratual (a cláusula constituti, 
por meio da qual opera o constituto possessório). 
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Ø Sobre o constituto possessório tem lugar em caso de contrato que inicialmente 
transmite a posse e que, posteriormente, por meio do constituto, constitui o 
possuidor proprietário.
Ø A posse adquirida por modo derivado mantém todos os vícios que tinha 
anteriormente, ainda que o novo possuidor esteja de boa-fé.
Ø Também se reputa adquirida por modo derivado a posse transmitida por 
sucessão hereditária. 
 Quem pode adquirir a posse:
 O representante, legal ou convencional, não seja o possuidor (considera-se 
mero detentor nos termos do art. 1.198), adquire a posse pelo representado, 
que se torna, assim, possuidor.
Ø A detenção do representante implica a posse do representado. Se alguém violar 
a detenção do representante, conquanto este não tenha proteção possessória, 
ensejará o ajuizamento de interdito pelo representado, pois sua posse terá sido 
violada.
Aquisição por título universal e a título singular
Ø A aquisição se dá a título universal quando se transfere uma universalidade de 
bens, como uma biblioteca, a herança ou parte dela etc.
Ø A aquisição se dá a título singular quando versar sobre a transmissão de uma 
coisa individualizada, como um carro, uma casa, um legado e etc.
Ø O foco do art. 1.207 do CC é na continuidade. Nos casos de aquisição a título 
universal o novo possuidor, na verdade, não inicia posse nova, mas continua a 
posse anterior. Nos casos de aquisição a título singular, ele pode escolher se 
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inicia posse nova oi se continua a antiga. Em qualquer caso, os caracteres da 
posse não se alterarão. Mas há uma peculiaridade: se houver continuidade, o 
tempo da posse não se alterará; todavia, se uma posse nova se iniciar, o tempo 
da posse anterior será desprezado. Isso faz grande diferença nos casos de 
posse injusta e de posse ad usucapionem, pois aquela, se for violenta ou 
clandestina, convalesce após ano e dia, e esta, depois de um determinado 
prazo, enseja usucapião.
Ø Quanto ao legatário, conquanto o legado seja um bem singular, sua posse se 
adquire a título universal, vez que a herança é modo universal de transmitir.
 A aquisição da posse do bem imóvel faz presumir a aquisição da posse das 
coisas móveis que nele se encontrarem, salvo prova em contrário. Presunção 
iuris tantum.
9 Perda da Posse:
Ø Ocorre quando não é mais possível o exercício, sobre a coisa, de poderes 
inerentes ao domínio.
Ø São quatro casos que ocorre a perda da posse:
a) Derrelicção: é o abandono voluntário da coisa.
b) Tradição: ocorre quando o possuidor voluntariamente transfere a posse.
c) Esbulho: a coisa é subtraída do possuidor contra sua vontade 
d) Destruição: é o desaparecimento da coisa do mundo.
Ø Distinção entre Esbulho e Turbação:
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· Efeitos da Posse:
 Citam-se como efeitos possessórios: a proteção possessória, a percepção dos 
frutos, a responsabilidade pela coisa, o direito à indenização por benfeitorias e 
a usucapião.
a) Proteção Possessória:
Ø A posse jurídica tem o principal efeito de ser protegida pelas ações 
possessórias, chamadas classicamente de interditos possessórios.
Ø A proteção possessória se funda no direito de inércia possessória (ius 
possessionis) – direito da personalidade – do qual são titulares, 
consequentemente, todas as pessoas.
Ø Violado o direito de inércia possessória, vem a ação possessória, para restaurar 
a situação anterior ao delito.
Ø Espécies de proteção possessórias:
1) Legítima Defesa da posse:
- Prevista no §1º do art. 1.210 do CC:
2) Ação de reintegração de posse.
- Serve para reaver a posse que lhe foi esbulhada, o possuidor violado tem a 
seu dispor a chamada ação de reintegração de posse, prevista nos arts. 920 a 
931 do CPC.
- Se a ação for ajuizada até ano e dia da data do esbulho – posse nova – o 
interdito Serpa considerado de força nova espoliativa. Aplicam-se todos os 
dispositivos mencionados, entre os quais se encontra o benefício daantecipação de tutela sem ouvir o réu.
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- Ajuizada após ano e dia – posse velha – o interdito será considerado de 
posse velha espoliativa, correndo pelo procedimento comum.
- O pedido reintegratório depende: da posse anterior, do esbulho, da data do 
esbulho e da perda da posse.
- Prova-se a posse anterior por meio de qualquer ato de propriedade.
3) Ação de manutenção de posse:
- Chama-se turbação o delito possessório que se consubstancia em um 
incômodo à posse. Pela prática da turbação, o possuidor se mantém na posse, 
mas teme a perda iminente.
- Posse nova: denominado de força nova turbativa, correrá pelo 
procedimento especial (art. 922), podendo o autor pedir a manutenção na 
posse antes mesmo de ser ouvido o réu.
- Posse velha: denominado de força velha turbativa, correndo pelo 
procedimento comum.
- Requisito de procedência do pedido: posse anterior, da turbação, da data 
de turbação e da continuação da posse. 
4) Interdito proibitório
- Tem por objetivo de prevenir a violação da posse.
- O requisito é que o autor prove o justo receio de vir a ser molestado.
- O pedido formulado será para que o juiz expeça o mandado proibitório.
Ø Outras considerações acerca das ações possessórias:
a) Fungibilidade das ações possessórias: Art. 920 do CPC
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b) Natureza dúplice das ações possessórias: art. 922 do CPC.
c) Exceção de domínio: não obsta à procedência do pedido possessório a 
alegação do ius possidendi – direito de possuir, decorrente da propriedade ou 
de algum direito, real ou obrigacional, referente aos poderes do domínio. A 
súmula 487 do STF prevê que se ambas as partes, na ação possessória, 
alegarem que tem a propriedade, sairá vencedor aquele que provar o seu 
direito. Deve ficar claro que, para que se aplica a súmula, o autor deve alegar 
ser o proprietário, e o réu deve igualmente fazê-lo, na contestação. Por fim, 
mesmo que se decida o possessório com base no domínio, não haverá coisa 
julgada petitória, ou seja, as partes ainda poderão discutir a propriedade no 
juízo reivindicatório.
d) Pedidos cumulados: Art. 921 do CPC
e) Manutenção provisória na posse: Art. 1.211 do CC. A posse será mantida, até 
que o juiz decida o mérito da ação, com quem tiver a posse direta se não 
houver prova de que a adquiriu por meio proibido.
f) Ajuizamento de ação possessória em face de terceiro: Art. 1.212 do CC. Tem 
o sentido de que também o cúmplice do esbulhador, ou o receptador, podem 
ser réus na ação possessória, não podendo alegar, em sua defesa, que não 
são os autores do esbulho.
g) Nomeação à autoria: Pode acontecer de a coisa encontrar em poder do 
detentor, o qual, apesar de não ter a posse, parece tê-la, vez que se reúnem os 
elementos caracterizadores da posse, corpus e animus, mas não há posse. 
Neste caso o art. 62 do CPC que detentor deverá nomear a autoria o 
proprietário ou possuidor.
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b) Percepção dos frutos
Ø Ocorre apenas com a posse de boa-fé.
Ø Transferir a posse não implica transferir o direito de fruir; por vezes, será 
transferido apenas o direito de uso, ou o de reivindicação.
Ø O titular do direito de fruir, que não exerceu seu direito oportunamente, perde os 
frutos percebidos para o possuidor de boa-fé.
Ø Frutos são bens acessórios extraídos de um bem principal que não se deteriora 
nem diminui com a extração. Classificam-se em pendentes, percipiendos e 
percebidos. São pendentes os frutos que ainda não foram percebidos e nem 
poderiam ser. Percipiendos são os que não foram colhidos, mas já podem ser. 
Por fim, percebidos são os que já foram destacados da coisa principal.
Ø Sobre frutos: Art. 1.215 CC
Ø O possuidor de boa-fé terá direito apenas aos frutos percebidos, são do titular 
do direito de fruir os pendentes e, caso o possuidor de boa-fé os tenha 
percebido antecipadamente, terá de restituí-los. Se já houver consumido, 
depreende-se que será obrigado a indenizar quem a eles tinha direito.
c) Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa
Ø Ocorre apenas com a posse de má-fé
Ø Produz o efeito de gerar para o possuidor a responsabilidade de indenizar o 
proprietário ou possuidor legítimo pela perda ou deterioração da coisa, ainda 
que não tenha concorrido com culpa.
Ø Essa responsabilidade somente se elide se provar o possuidor que a perda ou 
deterioração teria igualmente ocorrido se a coisa estivesse na posse do 
reivindicante.
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d) Indenização pelas benfeitorias
Ø Produzido tanto pela posse de boa-fé como de má-fé.
Ø Sendo de boa-fé, terá direito à indenização pelas benfeitorias úteis e 
necessárias. Da mesma forma, terá direito o possuidor exercer a retenção da 
coisa enquanto não for indenizado. Quanto as benfeitorias voluptuárias, caso o 
reivindicante não as queira custear, poderá o possuidor de boa-fé levantá-las, 
quando isso for possível sem deteriorar a coisa.
Ø Sendo de má-fé, só terá direito à indenização pelas benfeitorias necessárias, 
assim como não terá o direito de retenção. O Código determina a 
compensação do valor das benfeitorias com o valor dos danos que possuidor 
atual tenha que indenizar ao legítimo.
PROPRIEDADE
· Conceito
 No direito positivo, a ideia de propriedade esteve presente desde o Código 
Hamurabi, mais de dois mil anos antes de Cristo, e ganhou seus contornos 
mais fortes quatro milênios mais tarde, no Código Napoleão.
 No código de Hamurabi, com conteúdo mais social, dispunha que “a 
sacerdotisa, o mercador ou outro feudatário poderá vender seu campo, pomar 
e casa desde que o comprador assuma o serviço ligado ao campo, ao pomar e 
à casa”.
 Já o código Napoleônico, com conteúdo mais individual, de acordo com o art. 
544 “a propriedade é o direito de gozar e dispor das coisas da maneira mais 
absoluta, contanto que delas não se faça uso proibido pelas leis e pelos 
regulamentos”.
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 Pode-se, atualmente, conceituar a propriedade, chamada classicamente de 
domínio, como o direito que vincula um sujeito – proprietário – a toda a 
coletividade, com relação a um bem – por um lado, atribuindo ao proprietário os 
poderes de usar, fruir, dispor e reivindicar, e o direito de possuir o bem, assim 
como o dever de, no exercício desses poderes e desse direito, atender à 
função social do bem, e, por outro, impondo à coletividade o dever de respeitar 
a propriedade alheia, concedendo-lhe, por meio do Estado que a representa, o 
direito de exigir que seja cumprida a função social.
· Poderes da propriedade
 Consistem em quatro poderes, conforme art. 1.228 do CC:
 Poder de usar
Ø Chamavam de ius utendi.
Ø Ter o bem à disposição, para dele se servir e para guardá-lo, ou apenas para 
guardá-lo.
Ø O acesso aos frutos naturais do bem se enquadra neste poder.
1) Poder de fruir
Ø Os romanos chamavam de ius fruendi.
Ø Conhecido também como direito de gozar.
Ø Consiste em captar as vantagens geradas pelo bem, como os frutos industriaise civis, os produtos, e quaisquer outras utilidades que o bem produzir.
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Ø Art. 1.232 do CC: Refere-se aos casos em que o proprietário reivindicante perde 
o direito aos frutos para o possuidor de boa-fé que os percebeu, e à questão 
dos produtos minerais, inclusive do subsolo, que a CF estabelece serem 
propriedade da União. 
2) Poder de dispor
Ø Chamava-se de ius abutendi.
Ø Possibilidade de dar ao bem um determinado fim, ou emprego, como o 
consumo, a alienação etc.
3) Poder de reivindicar
Ø Consubstancia-se na faculdade de perseguir o bem (ius persequendi) e tomá-lo 
de quem quer que o possua ou detenha injustamente.
 Direito de possuir
Ø A posse consiste no exercício de fato, pleno ou não, de poderes inerentes à 
propriedade. Por essa razão, além dos quatro poderes mencionados, a 
propriedade também concede ao proprietário o direito de possuir o bem, que os 
romanos chamavam de ius possidendi.
· Fundamentos da Propriedade: Teorias.
1) Teoria da ocupação: 
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Ø Sustentada em especial por Kant.
Ø O sujeito adquire a propriedade pelo simples fato de se assenhorear da coisa.
Ø Não explica qual o fundamento racional de o sujeito se tornar proprietário 
daquilo de que se apropria.
Ø Afirma um fato, não constrói uma doutrina.
2) Teoria do Trabalho
Ø Pensada originalmente por Locke, posteriormente adotada, entre muitos, por 
Jhering.
Ø Proprietário deve ser quem, por seu trabalho, dá destinação social à coisa.
Ø A propriedade não se relaciona com a atividade do proprietário – em outras 
palavras, a análise histórica não revela ser o trabalho realizado no bem o 
fundamento de os grupos primitivos, inicialmente, e as grandes sociedades, 
hoje, aceitarem e protegerem a propriedade.
3) Teoria da Lei
Ø Esposada por Hobbes, Montesquieu e Bentham.
Ø O sujeito somente tem a propriedade em razão de a lei lhe garantir esse direito.
Ø Cuida do fato, mas não o explica. É certo que não há propriedade se a lei assim 
não determinar, mas qual o fundamento de a lei reconhecer a propriedade?
4) Teoria do instituto de conservação
Ø Adotada por Beviláqua.
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Ø Cesar Fiuza se refere como teoria da natureza humana.
Ø É o instituto de conservação, que impele a pessoa a tomar para sai as coisas 
que lhe são úteis e necessárias.
Ø As sociedades e os ordenamentos jurídico reconhecem o direito de propriedade 
porquanto a ideia de propriedade é natural.
· Função social da Propriedade
 Nossa cultura jurídica, hoje, em um novo modelo de Estado, revela-se 
traumatizada pelo individualismo exacerbado da era pós-Revolução Francesa.
 A ideia de função social da propriedade não é nova. Ela ficou adormecida, ao 
longo do século XIX, para que o povo tivesse acesso ao direito de propriedade.
O domínio ganhou o caráter absoluto que ficou positivado no art. 544 do 
Código de Napoleão para afastar a ingerência maléfica do Estado e do senhor 
feudal consagrada pela tripartição em domínio iminente (do Estado), domínio 
direto (do senhor) e do domínio útil (do vassalo). O camponês tinha que dividir 
com o rei e o senhor o resultado do seu trabalho.
 A noção de propriedade é natural, tanto que mesmo os animais se apoderam 
daquilo de que precisam para sobreviver, e se defendem de usurpadores.
 
A função social consiste na manutenção do bem-estar social, na dinâmica dos 
bens e na circulação de riquezas para que as pessoas tenham acesso aos 
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bens de que necessitam e para que a economia seja impulsionada, gerando 
empregos e renda.
 A importância de se determinar se um bem cumpre ou não sua função social 
se refere à possibilidade de intervenção do Estado nos casos em que a 
resposta á negativa.
· Propriedade Plena e Propriedade limitada
 Classificar a propriedade em plena ou limitada consiste na possibilidade de o 
proprietário transferir algum dos poderes que o domínio lhe concede.
 
Propriedade plena ocorre quando todos os poderes do domínio encontram-se 
nas mãos do proprietário.
 
Quando o proprietário transfere a outrem algum dos poderes do domínio, faz 
nascer para este um direito real sobre coisa alheia tendo por consequência que 
a propriedade torna-se limitada.
 
A propriedade presume-se plena.
 A propriedade se considera também limitada quando não reveste seu caráter 
perpétuo, ou seja, quando sujeita a condição resolutiva.
· Extensão da propriedade do solo
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 No Direito Romano, dizia-se que a propriedade se estendia “do céu ao 
inferno”.
 Conforme o critério utilitário adotado pelo nosso Direito, a propriedade do solo 
abrange também o subsolo e o espaço aéreo correspondentes, “em altura e 
profundidade úteis ao seus exercício”, nos termos do art. 1.229, “não podendo 
o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma 
altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-
las”.
 A propriedade do solo não abrange a dos recursos minerais, dos potenciais de 
energia elétrica e dos monumentos arqueológicos, os quais pertencem à União. 
Ressalva-se o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na 
construção civil, contanto que não se submetam à transformação industrial.
Com relação às águas, sabe-se que pertencem elas aos Estados, sejam 
superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes ou em depósito, salvo as 
que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, 
estendam-se a território estrangeiro ou dele provenham. Neste caso será 
propriedade da União. 
· Limitações ao direito de Propriedade
 Restrições Constitucionais – São aquelas impostas pela Constituição Federal. 
 Restrições Administrativas – Estas são mais numerosas:
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Decreto Lei nº 25 de 30-11-1937, que organiza a proteção do patrimônio 
histórico e artístico Nacional. – arts. 17 e 18 e art. 22: 
 Limitações de Natureza Militar – São numerosas, sendo as mais importantes:
a) Decreto-Lei nº4.812 de 8-10-1942, dispõe sobre requisição de móveis e 
imóveis necessários às forças armadas, e à defesa passiva da população.
b) Decreto-Lei nº6.430 de 17-4-1944, prevê sobre transações de terras, 
particulares na faixa de cento e cinquenta quilômetros ao longo da fronteira do 
território nacional, bem como sobre alienação, transferências e enfiteuse.
b) Decreto-Lei nº3.437 de 17-04-1941, estabelece providências a respeito de 
aforamentos de terrenos e sobre a construção de edifícios em zonas 
fortificadas, vedando, outrossim, a sua reconstrução nas proximidades dos 
terrenos das fortificações, dentro dos limites enunciados.
d) Decreto-Lei nº4008 de 12-1-1942, dispõe sobre a requisição de bens 
destinados ao transporte aéreo.
e) Decreto-Lei nº6634 de 2-5-1979, dispõe sobre faixa de fronteira
f) Lei nº 5.130 de 1-10-1966, dispõe sobre as zonas indispensáveis à defesa 
do país e dá outras providências.Limitações Destinadas à proteção da lavoura, do comercio e da indústria 
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Ø Quanto à lavoura, importante mencionar as disposições legais que proibiram o 
plantio de novos cafeeiros e instituíram as quotas de equilíbrio(Decreto Lei 
nº3380 de 1-7-1941, outrossim é digna · Conceito: é o complexo das 
normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de 
apropriação pelo homem.
· Somente concernem ao direito das coisas os bens que podem ser objeto de 
apropriação pelo homem, quer sejam móveis ou imóveis.
· O direito das coisas compreende tão somente bens materiais, isto é, a 
propriedade e os seus desmembramentos.
Limitações de Natureza Militar – São numerosas, sendo as mais importantes:
a) Decreto-Lei nº4.812 de 8-10-1942, dispõe sobre requisição de móveis e 
imóveis necessários às forças armadas, e à defesa passiva da população.
b) Decreto-Lei nº6.430 de 17-4-1944, prevê sobre transações de terras, 
particulares na faixa de cento e cinquenta quilômetros ao longo da fronteira do 
território nacional, bem como sobre alienação, transferências e enfiteuse.
c) Decreto-Lei nº3.437 de 17-04-1941, estabelece providências a respeito de 
aforamentos de terrenos e sobre a construção de edifícios em zonas 
fortificadas, vedando, outrossim, a sua reconstrução nas proximidades dos 
terrenos das fortificações, dentro dos limites enunciados.
d) Decreto-Lei nº4008 de 12-1-1942, dispõe sobre a requisição de bens 
destinados ao transporte aéreo.
e) Decreto-Lei nº6634 de 2-5-1979, dispõe sobre faixa de fronteira
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f) Lei nº 5.130 de 1-10-1966, dispõe sobre as zonas indispensáveis à defesa 
do país e dá outras providências. 
 Limitações Destinadas à proteção da lavoura, do comercio e da indústria 
Ø Quanto à lavoura, importante mencionar as disposições legais que proibiram o 
plantio de novos cafeeiros e instituíram as quotas de equilíbrio(Decreto Lei 
nº3380 de 1-7-1941, outrossim é digna de realce as normas que tratam do 
aproveitamento das canas, visando à limitação da produção(decreto-lei 3855 
de 21-11-1941.) 
Ø Quanto ao Comércio, importante ressaltam-se as restrições sobre propriedade, 
transferência, penhor ou caução das ações ou quotas de capital dos bancos de 
depósito(Dec. – lei n. 3.182, de 9-4-1941) e as relativas aos direitos de 
proprietário ou sócio, ou ainda sobre ações de estabelecimento bancários que 
se dediquem à venda de títulos da dívida pública(dec.-lei 3.545, de 22-8-1941).
Ø Quanto à Indústria, devem ser postos à análise os seguintes diplomas:
a)Decreto – lei nº6.213 de 20-01-1944, em que se deparam as limitações 
referentes aos cafés torrados e moídos;
b)Decreto-lei nº 4.661, de 4-9-1942 que dispõe sobre a requisição da produção 
de álcool pelo Instituto do Açúcar e do Álcool.
c)Decreto-lei nº5.428, de 27-4-1943, que prevê a respeito do controle da 
indústria nacional de artefatos de borracha, cuja distribuição é regulada pelo 
Decreto-lei nº6122, de 18-12-1943.
 Limitações Decorrentes das Leis Eleitorais - O Código Eleitoral, Lei nº4737, de 
15-7-1965, encontra importante restrição ao direito de propriedade, porquanto, 
em seu artigo 135 §3, preceitua que a propriedade do particular deve ser 
cedida, obrigatória e gratuitamente para o funcionamento das mesas 
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receptoras, nos dias de eleição. A desobediência, constituirá infração eleitoral, 
vide artigo:
 
Limitações da Lei Penal - Como efeito da Condenação Penal, resulta para o 
sentenciado, além das demais sanções, a perda, em favor da União, dos 
instrumentos do crime, do respectivo produto ou de outro bem ou valor que 
constitua proveito auferido com a prática do fato criminoso. (CP art. 91, n. II, 
letras a e b), senão vejamos: 
Restrições da lei Civil - São inúmeras e dentre as principais podem ser 
indicadas as seguintes:
a)CC art. 1277 a 1298, relações decorrentes do direito de vizinhança:de realce 
as normas que tratam do aproveitamento das canas, visando à limitação da 
produção(decreto-lei 3855 de 21-11-1941.) 
Ø Quanto ao Comércio, importante ressaltam-se as restrições sobre 
propriedade, transferência, penhor ou caução das ações ou quotas de capital 
dos bancos de depósito(Dec. – lei n. 3.182, de 9-4-1941) e as relativas aos 
direitos de proprietário ou sócio, ou ainda sobre ações de estabelecimento 
bancários que se dediquem à venda de títulos da dívida pública(dec.-lei 3.545, 
de 22-8-1941).
Ø Quanto à Indústria, devem ser postos à análise os seguintes diplomas:
a)Decreto – lei nº6.213 de 20-01-1944, em que se deparam as limitações 
referentes aos cafés torrados e moídos;
b)Decreto-lei nº 4.661, de 4-9-1942 que dispõe sobre a requisição da produção 
de álcool pelo Instituto do Açúcar e do Álcool.
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c)Decreto-lei nº5.428, de 27-4-1943, que prevê a respeito do controle da 
indústria nacional de artefatos de borracha, cuja distribuição é regulada pelo 
Decreto-lei nº6122, de 18-12-1943.
Direito das Coisas - Posse
I. Introdução: 
Direito das Coisas é o conjunto das normas que regulam as relações jurídicas entre 
os homens, em face às coisas corpóreas, capazes de satisfazer às suas 
necessidades e suscetíveis de apropriação. No Direito das Coisas estudaremos o 
que, modernamente, denominamos Direitos Reais. Os Direitos Reais, juntamente com 
os Direitos Pessoais estão inseridos na categoria dos Direitos Patrimoniais.
Os Direitos Reais atribuem ao titular poder de senhoria direto e imediato sobre a 
coisa. No Direito Pessoal, o poder do titular atua sobre uma pessoa, o devedor, que 
lhe deve fazer uma prestação de conteúdo econômico. Em ambos se configura uma 
relação jurídica: no Direito Real, ela se estabelece entre seu titular e todas as demais 
pessoas que, indistintamente, estão obrigadas (obrigação passiva universal) a não 
praticar ato que o turbe na utilização de seu direito; no Direito Pessoal, a relação 
jurídica é a que existe entre o titular do Direito Subjetivo (o credor) e uma pessoa (o 
devedor).
Os Direitos Reais estão protegidos por ações reais (actiones in rem) que se intentam, 
não contra uma pessoa determinada (devedor),como sucede no Direito Pessoal, mas 
contra quem quer que tenha turbado a sua utilização (erga omnes). Os Direitos Reais 
outorgam ao titular a faculdade de seqüela, isto é, de perseguir a coisa nas mãos de 
quem quer que a detenha e dão ao titular a faculdade de preferência, ou seja, o poder 
de afastar todos aqueles que reclamem a coisa com base ou em Direito Pessoal ou 
em Direito Real posterior ao dele.
Além disso, vigora, em Direito Romano, o princípio de que os Direitos Reais 
constituem um numerus clausus (número fechado), isto é, só são Direitos Reais os 
criados pelas diferentes fontes de Direito, não havendo assim, a possibilidade de os 
particulares, por acordo de vontade, criarem Direitos Reais de tipo novo.
Entretanto, uma outra corrente de civilistas, inspirados na jurisprudência francesa, 
sustenta ser livre às partes atribuírem realidade a direitos resultantes de convenções 
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costumes.
Entre nós, há ainda alguma controvérsia, questionando-se o fato da enumeração do 
artigo 674 do Código Civil ser meramente exemplificativa ou, ao contrário, de ser 
taxativa. Porém esta enumeração pode ser ampliada pelo legislador quando lhe 
parecer mais conveniente admitir outro Direito Real.
Os jurisconsultos romanos não conheceram esses dois conceitos - Direito Real e 
Direito Pessoal. A própria denominação ius in re com a qual se designam os Direitos 
Reais não se encontra com esse sentido nas fontes. A distinção que hoje fazemos 
entre esses dois direitos, os romanos a faziam no plano processual, com a dicotomia 
actio in rem - actio in personam (ação real - ação pessoal). Partindo desta distinção, 
os autores do Direito Intermédio formularam os conceitos de Direito Real e Direito 
Pessoal.
O Direito Real pode ser classificado, quer tendo em vista o objeto sobre que recai, 
quer tendo em vista a sua finalidade.
Quanto ao objeto:
• Direito de Propriedade;
• Direito Real sobre Coisa Alheia (iura in re aliena).
Quanto a finalidade:
• Direito Real de Gozo;
• Direito Real de Garantia: penhor, hipoteca, anticrese.
Segundo o já referido artigo 674 do Código Civil, são Direitos Reais: propriedade, 
efiteuse, servidões, usufruto, uso, habitação, rendas expressamente constituídas 
sobre imóveis, penhor, anticrese e hipoteca.
Na exposição que se segue, examinaremos um instituto que não é um direito, mas um 
fato - a posse (possessio), um elemento de grande importância na aquisição dos 
Direitos Reais.
II. Conceito e Natureza Jurídica da Posse: 
A palavra possessio provém de potis, radical de potestas, poder; e sessio, da mesma 
origem de sedere, significa estar firme, assentado. Indica, portanto, um poder que se 
prende a uma coisa.
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Os romanos já distinguiam claramente a posse do Direito de Propriedade. A 
jurisprudência romana elaborou o conceito de posse com base na proteção pretoriana 
(pretor - magistrado da Roma Antiga), que, por sua vez, data do início do século II 
a.C..
A posse consiste numa relação de pessoa e coisa, fundada na vontade do possuidor, 
criando mera relação de fato, é a exteriorização do direito de propriedade. A 
propriedade é a relação entre a pessoa e a coisa, que assenta na vontade objetiva da 
lei, implicando um poder jurídico e criando uma relação de direito.
Entre os modernos há duas teorias importantes:
Teoria de Savigny (subjetiva):
A posse é o poder de dispor fisicamente da coisa, com ânimo de considerá-la sua e 
defendê-la contra a intervenção de outrem. Encontram-se, assim, na posse dois 
elementos: um elemento material, o corpus, que é representado pelo poder físico 
sobre a coisa; e, um elemento intelectual, o animus, ou seja, o propósito de ter a coisa 
como sua, isto é, o animus rem sibi habendi.
Os dois elementos são indispensáveis para que se caracterize a posse, pois se faltar 
o corpus, inexiste relação de fato entre a pessoa e a coisa; e, se faltar o animus, não 
existe posse, mas mera detenção.
Teoria de Ihering (objetiva):
Considera que a posse é a condição do exercício da propriedade. Critica 
veementemente Savigny, para ele a distinção entre corpus e animus é irrelevante, 
pois a noção de animus já se encontra na de corpus, sendo a maneira como o 
proprietário age em face da coisa de que é possuidor.
A lei protege todo aquele que age sobre a coisa como se fosse o proprietário, 
explorando-a, dando-lhe o destino para que economicamente foi feita. Em geral, quem 
assim atua é o proprietário, de modo que, protegendo o possuidor, quase sempre o 
legislador está protegendo o proprietário.
Concluindo, protege-se a posse porque ela é a exteriorização do domínio, pois o 
possuidor é o proprietário presuntivo. Tal proteção é conferida através de ações 
possessórias. Enquanto a ação reivindicatória é a propriedade na ofensiva, a ação 
possessória é a propriedade na defensiva. Desse modo, a proteção possessória é um 
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complemento à defesa da propriedade, pois através dela, na maioria das vezes, vai o 
proprietário ficar dispensado da prova de seu domínio.
É verdade que, para se facilitar ao proprietário a defesa de seu interesse, em alguns 
casos vai o possuidor obter imerecida proteção. Isso ocorre quando o possuidor não 
é o proprietário, mas um intruso. Como a lei protege a posse, independentemente de 
se fundamentar ou não em direito, esse possuidor vai ser protegido, em detrimento do 
verdadeiro proprietário.
Ihering reconhece tal inconveniente. Mas explica que esse é o preço que se paga, em 
alguns casos, para facilitar o proprietário, protegendo-lhe a posse.
O Código Civil adotou a teoria de Ihering no artigo 485 que, caracterizando a pessoa 
do possuidor, fornece os elementos para extrair-se o conceito legal de posse: 
“Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno, ou não, de 
algum dos poderes inerentes ao domínio, ou propriedade.”
Quanto a natureza jurídica da posse, sustenta Savigny que a posse é ao mesmo 
tempo um direito e um fato. Considerada em si mesma é um fato; considerada nos 
efeitos que gera, isto é, usucapião e interditos, ela se apresenta como um direito.
Para Ihering, a posse é um direito. Partindo de sua célebre definição de direito 
subjetivo, segundo a qual aquele é o interesse juridicamente protegido, é evidente a 
natureza jurídica da posse.
Entretanto não são poucos os juristas que negam à posse a natureza de um direito. 
Aliás, não se pode considerar a posse Direito Real, porque ela não figura na 
enumeração do artigo 674 do Código Civil e segundo Silvio Rodrigues aquela regra é 
taxativa e não exemplificativa, tratando-se aí de numerus clausus.
III. Espécies e Qualificações da Posse
1. Posse Direta e Indireta:
O Direito Civil moderno distingue a posse, quanto ao seu exercício, em direta e 
indireta.
Diz-se indireta a posse quando o seu titular, afastando de si por sua própria vontade 
a detenção da coisa, continua a exercê-la imediatamente após haver transferido a 
outrem a posse direta.
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Há um desdobramento da relação possessória. O Código Civil em seu artigo 486 nos 
mostra que o usufrutuário, o depositário, o credor pignoratício, o locatário e o 
comodatário são possuidores diretos, pois todos detêm a coisa que lhes foi transferida 
pelo dono, mas este, ao transferir a coisa, conservou a posse indireta, por força de 
seu direito dominial.
Assim, a lei reconhecendo o possuidor direto e o possuidor indireto, dá a ambos a 
possibilidade de recorrer aos interditos (ações) para proteger sua posição ante 
terceiros, além de conceder-lhes tais remédios possessórios um contra o outro, se 
necessário for. 
2. Composse:
Desde o Direito Romano, decorre a simultaneidade da existência da posse por mais 
de um possuidor, desde que o exercício por mais de um compossuidor não impeça o 
exercício por parte do outro. Assim, os romanos não admitiam a possessio in solidum, 
ou seja, que várias pessoas possuíssem a mesma coisa sem recíprocas limitações.
A composse no Direito moderno não se alterou muito. O nosso Código Civil, por 
exemplo, em seu artigo 488 afirma: “Se duas ou mais pessoas possuírem coisa 
indivisa ou estiverem no gozo do mesmo direito, poderá cada uma exercer sobre o 
objeto comum atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros 
compossuidores.”
Destaforma, os cônjuges no regime de comunhão de bens (compossuidores sobre 
patrimônio comum) e os condôminos que são compossuidores podem reclamar a 
proteção possessória caso sejam turbados, esbulhados, ou ameaçados em sua 
posse, contra terceiros ou mesmo seus consortes. 
3. Posse Justa e Posse Injusta:
Tanto no Direito Romano como no Direito moderno, os conceitos de posse justa e 
injusta se fundamentam na presença ou não dos vícios da posse: clandestinidade, 
violência e precariedade.
A posse é clandestina quando alguém ocupa coisa de outro às escondidas, sem ser 
percebido, ocultando seu comportamento. A rigor, este caso não pode ser 
caracterizado como posse, pois se opõe à conceituação de exteriorização de domínio, 
onde a publicidade se faz mister para sua existência.
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Apesar disto, o Código Civil em seu artigo 497 admite a convalescência do vício da 
clandestinidade, onde cessada esta característica, através de atos ostensivos do 
possuidor, que além de ocupar a terra alheia, ali constrói, planta e vive, e o 
proprietário deixa de reagir por mais de ano e dia, aquela posse de início viciada, 
deixa de o ser, ganhando juridicidade, possibilitando a seu titular a invocação da 
proteção possessória.
A tomada de posse por meio violento é viciada para fins de direito, mas a lei 
contempla a hipótese da violência cessar e, a posse, originalmente viciada, pode 
ganhar juridicidade. Isto ocorre quando o esbulhado deixa de reagir durante o período 
de ano e dia, e o esbulhador exerce a posse pacífica por tal lapso de tempo, o que 
faz com que este adquira a condição de possuidor, pela cessação da violência.
É precária a posse daquele que, tendo recebido a coisa para depois devolvê-la (como 
o locatário, o comodatário, o usufrutuário, o depositário, etc.), a retém indevidamente, 
quando a mesma lhe é reclamada.
A precariedade prejudica a posse, não permitindo que ela gere efeitos jurídicos e, 
diferentemente da violência e clandestinidade, segundo Silvio Rodrigues, não cessa 
nunca, não gerando, em tempo algum, posse jurídica.
O artigo 492 do Código Civil, presume manter a posse o mesmo caráter com que foi 
adquirida. Mas tal presunção (juris tantum) é relativa, pois se a posse for viciada por 
violência ou clandestinidade, há a possibilidade de convalescência de tais vícios - 
cessados há mais de ano e dia - como dito anteriormente. 
4. Posse de Boa Fé e Posse de Má Fé:
Desde a época dos romanos (possessio bonae fidei e possessio malae fidei), esta 
classificação é feita sob um ângulo subjetivo do possuidor, a fim de se examinar a sua 
posição psicológica em face da relação jurídica.
O nosso Código Civil atual, por exemplo, em seu artigo 490, prescreve: “É de boa fé 
a posse, se o possuidor ignora o vício ou o obstáculo que lhe impede a aquisição da 
coisa, ou do direito possuído”; e em seu parágrafo único: “O possuidor com justo título 
tem por si a presunção de boa fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei 
expressamente não admite esta presunção”. Do disposto, vemos que será a posse de 
má fé quando o possuidor a exercer a despeito de estar ciente de que esta é 
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clandestina, precária, violenta, ou encontra qualquer outro obstáculo jurídico à sua 
legitimidade.
Vemos ainda que o legislador presume posse de boa fé quando o possuidor tem o 
título hábil para conferir ou transmitir direito à posse, como a convenção, a sucessão, 
ou a ocupação segundo Clóvis Beviláquia. Tal presunção, entretanto, admite prova em 
contrário, cabendo o ônus da prova à parte reclamante.
A importância da distinção entre uma espécie de posse e a outra é muito significativa, 
tendo em vista a variedade de seus efeitos no que tange aos frutos percebidos, 
benfeitorias, etc.
Para tal aplicação faz-se necessário identificarmos o instante da cessação da boa fé. 
Segundo o artigo 491 do nosso Código Civil: “A posse de boa fé só perde este caráter, 
no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o 
possuidor não ignora que possui indevidamente”. Portanto a posse de boa fé se 
transforma em posse de má fé ao tomar o possuidor conhecimento do vício que 
infirma sua posse, tendo a parte adversa o ônus de demonstrar as circunstâncias 
externas capazes de provar tal questionamento.
Cabe ressaltar aqui que a jurisprudência dominante entende que, havendo dúvida 
quanto à época em que a posse se tornou viciosa, o melhor critério é fixá-la a partir da 
data da propositura da ação, quando os efeitos de corrente da sentença acolhida 
retroagem a esta data.
5. Posse Nova e Posse Velha
O legislador atual distingue ambas com o intuito de consolidar a situação de fato, que 
possa remir a posse dos vícios da violência e clandestinidade, como fora mostrado 
anteriormente, ou seja, o prazo de ano e dia.
Assim, a posse é considerada velha quando ultrapassar este lapso de tempo (e do 
contrário, nova será) o que, conforme o Código Civil, artigo 508, dá ao possuidor a 
manutenção de sua posse, sumariamente, até que seja convencido pelos meios 
ordinários. 
6. Possessio Naturalis
No Direito Clássico, possessio naturalis era posse caracterizada pela simples 
detenção da coisa, isto é, pelo seu elemento material, não produzindo conseqüências 
jurídicas, sequer sendo tutelada pelos interditos possessórios. 
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7. Possessio Civilis
Também no Direito Clássico, a possessio civilis é a posse oriunda de causa 
reconhecida como idônea pelo ius civile para a aquisição do domínio; a ela, além dos 
elementos de fato que constituem a possessio ad interdicta (o corpus e o animus 
possiendi, ou seja, o elemento objetivo e o elemento subjetivo), acresce um elemento 
jurídico (a causa apta à aquisição do domínio) que é a condição fundamental para a 
produção das conseqüências substanciais da posse, como o usucapião, a aquisição 
de frutos, a utilização da ação pública.
Os legisladores atuais apontam que para se conferir a proteção dos interditos à 
posse, basta que ela seja justa, ou seja que não venha eivada dos vícios já 
mencionados. Assim, o titular de uma posse justa pode reclamar e obter proteção 
possessória contra quem o esbulhe, o perturbe, ou o ameace em sua posse, incluindo 
o proprietário da coisa.
Se a posse for injusta, o possuidor será garantido em sua posse apenas contra 
terceiros que não tenham sido vítimas da violência, da clandestinidade, ou da 
precariedade, enfim, de terceiros que não tenham melhor posse.
Quanto à posse ad usucapionem, os juristas atuais a classificam como aquela capaz 
de deferir a seu titular o usucapião da coisa gerando o seu domínio. Para isto hão de 
ser supridos requisitos legais tais como a aquisição pela posse mansa e pacífica, com 
justo título e boa fé, por um período de dez anos entre presentes ou de quinze entre 
ausentes (Código Civil, artigo 551).
Todavia, a lei presume boa fé e justo título, se a posse ultrapassar o tempo de vinte 
anos, independentemente de como foi obtida (presunção absoluta).
IV. Aquisição e Perda da Posse:
De acordo com o Direito Romano a aquisição de posse ou início de posse, se dá 
quando concorrem os seus dois elementos constituintes: fato externo - o corpus 
( apreensão) e um fato interno - animus (intenção), isto é, quando ocorre um ato 
material ligado a uma certa vontade.
A princípio o corpus deve manifestar-se na apreensão material da coisa, ou seja, que 
se entre em contato material com a coisa, porém,os jurisconsultos vão 
espiritualizando esse contato e admitem, por exemplo, que haja tomada de posse com 
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a simples entrega das chaves de um celeiro ou, que preencha o requisito de corpus 
aquele que armou a armadilha em que caiu o animal, antes mesmo de saber da 
existência da presa.
Quanto ao animus, vimos que Savigny entendia que era o animus domini (intenção de 
ser proprietário), e Ihering entendia que era a simples consciência de ter a coisa 
consigo (affectio tenendi). Modernamente, os romanistas acreditam que essas duas 
correntes não levaram em conta a evolução do Direito Romano. Assim, analisando 
através do Direito Clássico, temos que o animus é visto como a intenção de 
assenhorar-se completamente da coisa, tendo sobre ela poder de fato exclusivo e 
independente (animus possidendi); e o possessio naturalis (a simples detenção) não 
exige esta intenção, bastando apenas o elemento físico (o corpus). Já no Direito Pós-
Clássico o animus passa a ser para a posse o elemento preponderante, e no Direito 
Justinianeu, prevalece o animus domini.
Embora, em regra, seja o próprio possuidor que inicie por si a posse, esta também 
pode ser adquirida por meio de representantes, existindo então o corpus por outrem, 
que detém a coisa em lugar do que tem o animus de possuí-la. No início o pater 
familias adquiria a posse por meio do filho ou do escravo, que aparecem como 
instrumentos de sua vontade, mais tarde, a posse pôde ser adquirida por meio de um 
procurador, depois por terceiro (corpore alieno) e finalmente, por meio de qualquer 
estranho (per liberam personam), desde que houvesse a ratificação da pessoa em 
favor de quem a posse era iniciada.
É importante salientar que o detentor não pode transformar a detenção em posse sob 
a alegação de que passou a ter o animus possidendi, pois, no Direito Romano 
vigorava a regra de que a ninguém é dado, por si, mudar a causa de sua posse.
O Código Civil no seu artigo 493 dispõe sobre os modos de aquisição de posse nos 
seguintes casos:
• Pela apreensão da coisa ou pelo exercício do direito.
• Pelo fato de se dispor da coisa ou do direito.
• Por qualquer dos modos de aquisição em geral.
Segundo Silvio Rodrigues, é de pouca utilidade esta enumeração, pois se a posse é 
uma situação de fato e se o possuidor é aquele que exerce poderes inerentes ao 
domínio é evidente que quem quer que se encontre no exercício de tais poderes é 
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porque adquiriu a posse. E outra, se é possível adquirir a posse por qualquer dos 
modos de aquisição em geral (inciso III), isso torna inútil a enumeração feita nos 
incisos I e II. A lei foi mal redigida.
Os modos de aquisição da posse também podem ser classificados :
Tendo em vista a manifestação da vontade do agente: por ato unilateral, que são os 
casos de apreensão, de exercício do direito e de dispor da coisa ou do direito; ou ato 
bilateral, que é o caso da tradição, isto é, a transferência da posse de um possuidor a 
outro. A apreensão pode recair sobre coisa sem dono, com também sobre coisas de 
outrem, mesmo sem a anuência do proprietário.
Tendo em vista a origem da posse: distingue-se em originária, quando não há relação 
de causalidade entre a posse atual e a anterior (sem vícios anteriores); ou derivada 
quando acontece o contrário (com vícios anteriores). A regra está no artigo 492 do 
Código Civil, que presume manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida; e, 
aplicação prática dessa regra se vê no artigo 495 do mesmo código, que encarando a 
sucessão causa mortis, determina transmitir-se a posse com os mesmos caracteres, 
aos herdeiros e legatários do possuidor.
Vemos a influência marcante do Direito Romano na legislação, quando o artigo 494 do 
Código Civil declara poder a posse ser adquirida:
• Pela própria pessoa que a pretende.
• Pelo seu representante ou procurador.
• Por terceiro, sem mandato, dependendo de ratificação .
• Pelo constituto possessório.
A disposição mais importante desse artigo é a do inciso III, que possibilita a aquisição 
de posse por terceiro sem mandato, desde que ratificado o ato; e, o inciso IV se refere 
ao constituto possessório, que ocorre quando aquele que possuía em seu próprio 
nome , passa a possuir em nome de outrem.
No Direito Romano em geral se perde a posse (término da posse) quando desaparece 
um ou os dois elementos constitutivos: animus e corpus. Desta forma, a posse 
termina quando o possuidor abandona a coisa a terceiro; ou perde, contra a sua 
vontade, o poder de fato sobre a coisa; ou, embora continue a ter contato com a 
coisa, não mais a quer possuir.
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Em alguns casos, excepcionalmente a posse se conserva mesmo não tendo o corpus, 
ou o animus. Estas atenuações eram admitidas mesmo no período clássico pelos 
jurisconsultos. O caso de ocupação clandestina do imóvel não acarretava a perda 
imediata da coisa pelo possuidor; também não terminava a posse se o possuidor se 
separasse brevemente da coisa, nem ocorria o término imediato da posse quando 
morria o locatário, por meio de quem o locador possuía. No caso dos terrenos 
destinados a pastagens hibernais ou estivas (saltus hiberni et aestivi), o possuidor não 
deixava de o ser na restante parte do ano, em que se afastou deles. Da mesma 
forma, a loucura do possuidor não ocasionava o término da posse, e por fim, do 
mesmo modo o senhor conservava a posse do escravo fugitivo.
Já no Direito Justinianeu, não há apenas atenuações, como no Direito Clássico, mas 
sim, a idéia de que a posse pode conservar-se unicamente pelo animus (animo solo), 
onde a posse não terminava com a perda apenas do corpus. Neste caso, com a 
prisão na guerra do possuidor conservava-se a posse, ao contrário do que ocorria no 
Direito Clássico. No entanto, se uma pessoa fosse desapossada violentamente de 
uma coisa e se mostrasse impotente para recuperá-la, deixava de ser possuidora.
O Código Civil atualmente prevê a perda da posse das coisas em algumas situações, 
de acordo com o seu artigo 520:
• Pelo abandono.
• Pela tradição.
• Pela perda ou destruição delas, ou por serem postas fora do comércio.
• Pela posse de outrem, ainda contra a vontade do possuidor, se este não 
foi manutenido, ou reintegrado em tempo competente.
• Pelo constituto possessório.
Entretanto, a enumeração acima jamais poderá ser completa, cumprindo encará-la 
como meramente exemplificativa. Neste artigo, como no da aquisição da posse, o 
legislador se esquece que adotou a teoria de Ihering e deixa-se influenciar por 
Savigny, enumerando as possibilidades em que o possuidor adquire ou perde a 
posse, de acordo com a presença do corpus e/ou do animus.
V. Os Efeitos da Posse 
Os efeitos da posse são as conseqüências jurídicas por ela produzidas. São eles:
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• a proteção possessória;
• a percepção dos frutos;a responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa;
• a indenização por benfeitorias e o direito de retenção para garantir seu pagamento;
• o usucapião. 
1. Proteção possessória:
De todos os efeitos da posse, o mais importante é a proteção possessória. A proteção 
possessória consiste no consentimento de meios de defesa da situação de fato, que 
aparenta ser uma exteriorização do domínio. Para facilitar a defesa de seu

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