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organização da Psicologia como ciência independente (em relação ao livro Psicologia uma nova introdução)

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Psicologia como ciência independente
 A psicologia tem como objeto de estudo a psique (mente): processos mentais e o comportamento humano. Por estudar a subjetividade humana (nada exata como as ciências da época), não foi dada certa importância, pois procedimentos científicos exigem que os cientistas sejam capazes de "objetividade", isto é, que deixem de lado seus preconceitos, seus sentimentos e seus desejos para obterem um conhecimento "verdadeiro", o que gerava conflitos por ser o oposto do que a psicologia pregava inclusive com a subjetividade -que veremos a seguir-, atrasando sua independência, sendo considerada por muitos anos e por muitos filósofos, ramos de ciências, mas não uma ciência independente. Por exemplo para Titchner, a psicologia era ramo da biologia, e para Comte, objeto da psicologia pode ser repartido sem prejuízo entre a biologia e a sociologia.
 A subjetividade privada enfatizava a liberdade dos homens para decidir e agir de acordo com sua própria cabeça construindo referências internas e elaborando suas crenças sem qualquer tipo de limitação e restrições impostas pelas tradições. Tradições pelas quais podemos considerar dentre outras coisas, a cultura, que transformam o individuo afastando-o se suas próprias crenças, ou seja,afastando da própria natureza (onde instinto predomina), impondo modos de ser. Essa subjetividade é formada em momentos de crise social, levando o indivíduo recorrer ao seu foro intimo, seus sentimentos e seus critérios o que se tornou objeto de estudos nos últimos três séculos.
 A passagem do Renascimento para a Idade Moderna foi definido por Descartes, filósofo que marca o fim de todo um conjunto de crenças que fundamentavam o conhecimento (quando dizia que o homem apenas chega a sabedoria quando se sabe que sempre tem mais a aprender). Essa passagem foi um marco de grande importância para a psicologia pela perca de referências, que trouxe à tona a sensação de liberdade de ter suas próprias escolhas, e também um certo medo, pelo mesmo motivo: “como saber o que penso, qual a minha verdade, sem um ponto seguro de apoio?” . Não podendo esperar pelo conselho de uma figura de autoridade, o homem se viu obrigado a escolher seus caminhos e arcar com as consequências de suas opções. A igreja surgiu então dizendo que a liberdade foi dada por Deus, e que esta deve ser usada com sabedoria, ou caso contrário pagaremos pelas consequências e que devemos se sujeitar sempre a uma ordem superior, desvalorizando nossos desejos e projetos particulares , pois nosso corpo é fonte de desejo e dispersão, mais uma vez, contradizendo a subjetividade e atrasando o processo de independência.
 As coisas começam a encaminhar para a psicologia quando surge-se uma crise onde se descobre que a liberdade é mera ilusão e que existe uma presença forte, mas sempre disfarçada, das Disciplinas em todas as esferas da vida. Quando os homens passam pelas experiências de uma subjetividade privatizada e ao mesmo tempo percebem que não são tão livres quanto imaginavam, gerando conflitos internos que sentem sede por conhecimento querendo pensar acerca das causas e do significado de tudo que fazem, sentem e pensam sobre eles mesmos, fazendo com que até mesmo o Estado busque um estudo do homem que controle essas diferenças individuais: “como educá-los de forma mais eficaz?”. Nesse momento, até mesmo as subjetividades formadas pelos modelos liberais e românticos, sentindo-se contestadas e problemáticas, são atraídas pelos estudos psicológicos.
 É assim que no final do século XIX o homem passa de estudante para objeto de estudo, e assim estão dadas as condições para a elaboração dos projetos de psicologia como ciência independente, na qual Wundt tem seu papel, pois a partir de seus estudos diferenciou a psicologia de outras áreas do conhecimento e formulou o 1º projeto de psicologia como ciência independente, criou o primeiro laboratório dedicado a psicologia experimental e tornou-se a primeira pessoa a ser chamada de psicólogo.

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