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CADERNO DE OFTALMOLOGIA Conselho Diretora Cientifica: Prof.a Dra. Paula Diniz Galera - UNB/DF Conselheiros Científicos: Prof. Dr. João Antonio Tadeu Pigatto - UFRGS/RS Prof. Dr. Fabiano Montiani-Ferreira - UFPR/PR Prof. Dr. Fábio Luiz da Cunha Brito - UFRPE/PE Profa. Dra. Ana Maria Barros Soares - UFF/RJ Artigos Afecções e tratamento do sistema de drenagem lacrimal canino Alterações oculares causadas por herpesvirus felino: Revisão de literatura O F T A L M O L O G I A Afecções e tratamento do sistema de drenagem lacrimal canino Diseases and treatment of the canine lacrimal drainage system Maria Fernanda Silva Machado* Paula Diniz Galera** Mário Sérgio Almeida Falcão*** Rosana Marques Silva**** Machado MFS, Galera PD, Falcão MSA, Silva RM. Afecções e tratamento do siste- ma de drenagem lacrimal canino. MEDVEP - Rev Cientif Vet Pequenos Anim Esti 2008;6(17):82-91. O aparelho de drenagem lacrimal canino é composto por punctas (punctum lacrimales) e ductos lacrimais, sacos lacrimais e ductos nasolacrimais. Alteração no funcionamento desse sistema resulta em extravasamento do fi lme lacrimal que é denominado epífora, sinal clínico referido com freqüência na rotina oftalmológica, cujo diagnóstico muitas vezes é subestimado. As afecções do aparelho de drenagem lacrimal se dividem em congênitas e adquiridas e o objetivo do tratamento é propor- cionar uma melhora na drenagem lacrimal, seja por meio da formação de um novo trajeto ou pela desobstrução do trajeto já existente. As maiores difi culdades encon- tradas nos tratamentos estão relacionadas às recidivas no pós-operatório, muitas vezes tornando o processo frustrante para o clínico e o proprietário. Este trabalho é uma revisão de literatura sobre as afecções do sistema lacrimal, métodos diagnósti- cos e terapêutica. Palavras-chave: aparelho, canino, epífora, lacrimal. The canine nasolacrimal system is compound by punctas and lacrimal ducts, lacrimal sac and nasolacrimal ducts. Functional disorders of nasolacrimal system re- sults in tear fi lm outfl ow denominated epiphora, a clinical manifestation commonly referred which diagnosis is many times underestimated. Nasolacrimal system dise- ases are either congenital or acquired and its treatment intend to improve lacrimal drain by forming a new drainage way or by performing nasolacrimal fl ushing. The biggest diffi culties met on the treatment are related to post-operative recurrence of- ten defeating clinicians and owners. This is a literature revision about nasolacrimal system diseases, diagnostic procedures and therapeutic management. Keywords: canine, epiphora, lacrimal, system. *Residente de Anestesiologia e Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais/ Faculdade de Agronomia e Medi- cina Veterinária – Universidade de Brasília (FAV/UnB); **Profª. Adjunto de Cirurgia de Pequenos Animais - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – Universidade de Brasília (FAV/UnB); ***Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Saúde Animal da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – Universidade de Brasília (FAV/UnB); Professor de Cirurgia de Pequenos Animais – Faculdade da Terra (FTB); ****Profª. Adjunto de Anatomia - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – Universidade de Brasília (FAV/UnB); Correspondência: paulaeye@unb.br O F T A L M O L O G I A 82 Medvep - Revista Científi ca de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2008;6(17);82-91. Introdução e revisão de literatura O fi lme lacrimal desempenha papel importante na manutenção da integridade ocular, sendo responsável pela lubrifi cação e nutrição da córnea, remoção de corpos estranhos e fornecimento de substâncias antibacterianas. Descrito como um fl uido trilaminar, constitui-se das ca- madas lipídica, aquosa e mucosa (1). A camada lipídica, mais externa, fornece uma cober- tura fi na e oleosa para a porção aquosa promovendo uma boa distribuição da lágrima sobre a córnea e retardando sua evaporação. A porção aquosa é a parte intermediária da lágrima, sendo o componente de maior quantidade da lágrima, constituído de água, eletrólitos, glicose, glicopro- teínas e proteínas lacrimais. Já a camada mucosa, a mais interna e em contato direto com o epitélio corneal, é com- posta por mucina, uma glicoproteína secretada pelas célu- las caliciformes da conjuntiva. Essa camada tem a função de preencher as irregularidades da córnea, promovendo uma superfície ocular opticamente lisa (2). Parte do fi lme lacrimal sofre evaporação na superfí- cie ocular, e o restante deve ser drenado pelo sistema de ductos nasolacrimais (3). O sistema de drenagem é com- posto pela puncta lacrimal, canalículo lacrimal, saco lacri- mal, ducto nasolacrimal e puncta nasal (4). A puncta lacrimal é a abertura proximal do canalí- culo lacrimal, inserido no canto medial das pálpebras su- perior e inferior. O canalículo promove a comunicação da conjuntiva ocular com o saco lacrimal (4). Cada canalícu- lo, superior e inferior, possui uma abertura individual no saco lacrimal (5). No cão o saco lacrimal é pouco desenvolvido e está localizado em uma leve depressão no osso lacrimal. O ducto nasolacrimal promove a comunicação do saco la- crimal com a cavidade nasal, passando pelo osso lacrimal onde sofre um estreitamento. O ducto passa através de um canal na superfície do osso maxilar e termina no óstio nasolacrimal, localizada um centímetro para dentro das narinas externas (5,6). Desordens no sistema de drenagem lacrimal do cão podem ser congênitas ou adquiridas, sendo a primeira en- contrada com mais freqüência. Independente da causa da afecção, alterações na drenagem lacrimal cursam acompa- nhadas de epífora (2,7). Defi ne-se epífora como o derramamento da lágrima que, por alterações anatômicas ou distúrbios funcionais, não é drenada pelo sistema lacrimal de maneira adequada (3). Esse extravasamento de lágrima pode provocar con- juntivites, dermatites, fi stulações e manchas suboculares, constituindo uma queixa freqüente na clínica de pequenos animais (8). O conhecimento anatomofi siológico do siste- ma de drenagem ocular permite a identifi cação de afecções desse sistema, bem como auxilia na escolha do tratamento adequado para as alterações em questão. Este trabalho tem por objetivo revisar os aspectos anatômicos e de diagnóstico, fornecendo ao clinico emba- samento para uma adequada abordagem terapêutica. Anatomia O aparelho de drenagem lacrimal do cão é com- posto pela puncta, canal lacrimal, saco lacrimal e duc- to nasolacrimal (9). Os ductos lacrimais ou canalículos localizam-se na margem da conjuntiva palpebral. A puncta é uma estru- tura oval e seu eixo mais longo localiza-se paralelamente à margem palpebral. Ela é a abertura superior e inferior destes ductos (3,5,7,9). O ducto lacrimal superior e o inferior são envoltos pelo músculo orbicular do olho. Unem-se na porção inferior do canto medial, desembocando no saco lacrimal. Nos cães, essa estrutura se apresenta como uma leve dilatação localizada em uma depressão no osso lacrimal (Figura 1) (9). Figura 1 - Ilustração fotográfi ca de peça anatômica (crânio) de cão, evidenciando osso lacrimal (em vermelho) e o orifício da entrada do ducto nasolacrimal. Afecções e tratamento do sistema de drenagem lacrimal canino 1 83Medvep - Revista Científi ca de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2008;6(17);82-91. Subseqüente ao saco lacrimal encontra-se o ducto na- solacrimal, um delgado canal de aproximadamente 0,2cm de diâmetro. Entretanto, essas dimensões podem variar consideravelmente entre os cães braquicefálicos, mesoce- fálicos e dolicocefálicos, sendo que nos primeiros é mais largo, curto e tortuoso (4,5,7). O ducto nasolacrimal sofre um estreitamento ao pas- sar pelo osso lacrimal, sendo esse um local de possível retenção de corpos estranhos. Esse ducto percorre a face medial do osso maxilar e desemboca no óstio nasolacrimal localizado aproximadamentea 1cm da cavidade nasal. É descrito que em 50% dos cães o ducto nasolacrimal possui duas aberturas, sendo uma no nível do dente canino den- tro da cavidade nasal e a outra abertura, comum à maioria dos animais, na narina (9). Há autores que descrevem essa segunda abertura como uma falha no ducto (5). Alguns cães apresentam outra abertura que está localizada na mu- cosa oral no centro do palato duro atrás dos incisivos e no nível dos dentes caninos (2,6,10). A função dos ductos nasolacrimais é drenar a lágrima da superfície ocular para as passagens nasais. Aproxima- damente 25% da lágrima produzida sofre evaporação na superfície ocular, e o restante é drenado através da puncta lacrimal (7). A maior parte do volume é drenada normal- mente pela puncta inferior. O fluxo lacrimal flui ventral- mente em resposta à gravidade (1,2,4,10). Afecções do sistema lacrimal As desordens do aparelho de drenagem lacrimal po- dem ser congênitas ou adquiridas. As manifestações clí- nicas resultantes destas alterações compreendem secreção mucopurulenta na puncta, epífora, aumento de volume na região do canto ventro medial, corpo estranho no canalí- culo e fístula drenante na região medial (1,2). A epífora é a manifestação clínica mais evidente nas diversas afecções oftalmológicas, sugerindo a investigação da causa, a fim de se obter um diagnóstico preciso. Epífo- ra decorrente de uma obstrução deve ser diferenciada da produção excessiva de lágrima, que pode ser causada por um distúrbio lacrimal primário ou mesmo por um estímu- lo doloroso (10). Alterações congênitas As anomalias congênitas compreendem aplasia de puncta, micropuncta, atresia do canal lacrimal e de ducto na- solacrimal, ectopia de puncta e do canalículo, e deslocamen- to de puncta causado por entrópio em canto nasal (10). Segundo Lavach (11), observa-se um aumento cons- tante da umidade na região dos olhos, durante os primei- ros três a quatro meses de vida. Essa secreção geralmente é incolor, sendo a queixa principal a alteração de aparên- cia e não o desconforto do animal. Aplasia de puncta lacrimal A aplasia caracteriza-se pelo desenvolvimento in- completo do tecido de formação do ponto lacrimal. É a anomalia congênita mais diagnosticada no cão, podendo acometer a puncta superior, inferior - ou ambas - de for- ma uni ou bilateral (2,11). Embora observada em diversas raças, o Cocker Spaniel Americano, Golden Retrievers, Poodles Miniaturas e Toy e Samoyedas são as raças mais predispostas (10). A aplasia da puncta superior é assintomática, sendo o diagnóstico geralmente acidental. Entretanto, quando a puncta inferior é acometida, a epífora se manifesta nos animais ainda filhotes. O diagnóstico pode ser confirmado através de um exame minucioso com auxílio de aparelho de magnificação (1). Segundo Lavach (11), se um dos pontos lacrimais es- tiver presente, esse deve ser canulado e a suave irrigação com solução fisiológica poderá provocar um aumento de volume no local do ponto lacrimal atrésico, confirmando o diagnóstico. A cateterização retrógrada a partir do orifício nasal promove uma elevação na conjuntiva, o que servirá como ponto de referência para o procedimento cirúrgico de correção da aplasia. Micropuncta Segundo Ghahn (10), micropuncta é o incompleto de- senvolvimento da puncta, apresentando um estrangulamen- to do ponto lacrimal. Não é freqüente em cães, mas quando acometidos, o sinal clínico mais evidente é a epífora. A corre- ção cirúrgica visa promover a dilatação da puncta. Aplasia de canalículo, saco lacrimal e ducto na- solacrimal São anomalias congênitas raramente relatadas em cães, sendo mais observada em grandes ruminantes e eqüinos. Quando o canalículo, o saco ou o ducto estão ausentes, o animal apresenta epífora no olho acometido. Para confirmação de diagnóstico deve ser realizada a da- criocistografia, que possibilita a escolha do procedimento cirúrgico mais adequado (11). Afecções e tratamento do sistema de drenagem lacrimal canino 84 Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2008;6(17);82-91. Ectopia de puncta Essa afecção é descrita como uma alteração quanto ao posicionamento da puncta, que se apresenta em local ectópico, podendo ser assintomático em cães. Mediante queixa de epífora crônica, indica-se o reposicionamento cirúrgico desta estrutura (11). O canalículo também pode apresentar um trajeto anormal, causando uma drenagem ineficaz da lágrima. Essa afecção acomete com mais freqüência os cães braqui- cefálicos. No diagnóstico, o teste de passagem da fluores- ceína, também denominado teste de Jones, é negativo, e a cateterização do ducto lacrimal é muito difícil, tornando- se a dacriocistografia exame imprescindível nesses pacien- tes. A anatomia da face desses animais explica a epífora muitas vezes evidenciada nas raças braquicefálicas. A cor- reção nesses casos é cirúrgica, empregando-se a técnica de conjuntivorrinostomia (12). Alterações adquiridas Dacriocistite A dacriocistite é definida como a inflamação no inte- rior do saco lacrimal e do ducto nasolacrimal. Dacriocistites em cães geralmente são secundárias a corpos estranhos que se alojam no interior do saco lacrimal. Pode ainda ser causa- da por dilatações císticas do ducto nasolacrimal ou pelo de- senvolvimento de neoformações próximas a ele. Os sinais clínicos que caracterizam essa afecção constituem epífora, conjuntivite persistente, secreção conjuntival purulenta e fístulas que drenam ventralmente ao canto nasal (1,8). Para confirmação do diagnóstico o animal deve ser submetido a uma dacriocistografia, exame que permite a visualização do local de obstrução, ou uma dilatação do ducto ou, ainda, uma massa comprimindo parte do sis- tema de drenagem. Cultura e antibiograma do exsudato devem ser realizados em casos crônicos (2,11,13). A dacriocistite causada por corpo estranho pode ser tratada clinicamente através da lavagem retrógrada ou normógrada do sistema de drenagem. Caso o resultado não seja satisfatório, o paciente deve ser submetido a um procedimento cirúrgico (2). Lacerações As lacerações podem ocorrer na puncta ou nos ca- nalículos, e geralmente decorrem de algum trauma facial (Figura 2). O diagnóstico, além da semiotécnica oftálmica com aparelho de magnificação, inclui o teste de “borbu- lhamento”, que consiste em canular ambas as punctas e injetar ar. Se ocorrer o borbulhamento, é possível detectar e canular o local da laceração com um tubo de polietileno. As lacerações palpebrais são reparadas cirurgicamente, reposicionando o tecido em torno do canalículo. Esse olho deve ser mantido com a cânula por até três semanas de- corridas da cirurgia (10). Fraturas que envolvem a maxila e o osso lacrimal podem comprimir ou lacerar o ducto nasolacrimal e ra- diografias e dacriocistografia devem ser realizadas para confirmação do diagnóstico. O acometimento do ducto nasolacrimal pode provocar uma fístula intranasal no lo- cal da laceração, levando a uma incapacidade funcional do sistema de drenagem. Estas fraturas devem ser estabiliza- das para que posteriormente seja realizada uma reconsti- tuição do ducto ou o estabelecimento de um novo canal de drenagem por meio de um procedimento cirúrgico (11). Neoplasias do Ducto Nasolacrimal Segundo Gelatt (2), as neoplasias primárias do duc- to nasolacrimal são raras nos cães. No entanto, tumores da região nasal e do seio maxilar, ou próximas à região do ducto lacrimal podem comprimir e até mesmo invadir o ducto, provocando quadros de epífora, secreção ocular e nasal mucopurulenta ou serossanguinolenta. Além de massas ventrais ao canto medial (Figura 3), podem-se ob- servar prolapso de terceira pálpebra e hiperemia conjunti- val, ambos provocados pelo aumento de volume local. Afecções e tratamento do sistema de drenagem lacrimal canino Figura 2 - Ilustração fotográfica de pálpebra direita com laceração por mordedura, em um cão adulto, sem raça definida.Evidencia-se secreção mucopurulenta moderada e necrose tecidual próxima à puncta lacrimal. 2 85Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2008;6(17);82-91. Nesses casos o acometimento geralmente é unilate- ral. Muitas vezes o exame físico possibilita a observação de um aumento de volume na região afetada. O diagnós- tico requer avaliação minuciosa da face do animal, que pode estar assimétrica, exame oftálmico de rotina, incluin- do o teste de Schirmer e teste da passagem de fluoresceína. Para auxiliar no diagnóstico o animal deverá ser submeti- do à lavagem do sistema lacrimal e a exame radiográfico contrastado, confirmando assim as suspeitas (7). O diagnóstico diferencial para neoplasias do ducto lacrimal deve incluir as neoplasias de órbita e das glându- las anexas, como a glândula da terceira pálpebra, além de mucoceles, abscessos e dacriocistite (7,14). Diagnóstico das afecções do sistema de drenagem Após uma anamnese detalhada, o animal deve ser observado quanto à simetria facial, para que pos- sa ser evidenciado qualquer aumento de volume na região ocular e nasal (2, 15). Segue-se avaliação de pálpebras e conjuntiva. Nas pál- pebras observa-se o formato, possíveis neoformações, au- mento de volume, o posicionamento dos cílios e a presença de secreções. Nessa fase do exame é possível avaliar a presença da puncta lacrimal com o auxílio de uma lupa de aumento, diagnosticando-se alterações congênitas. A conjuntiva deve ser avaliada principalmente quanto à sua coloração (15). O passo seguinte do exame oftálmico deve ser a men- suração da produção lacrimal, através do Teste da Lágri- ma de Schirmer. Para se detectarem alterações no sistema de drenagem, esse exame é imprescindível e deve ser rea- lizado no início de toda avaliação oftálmica para que não ocorram modificações nos resultados, já que qualquer estí- mulo, seja ele doloroso ou não, poderá alterar a produção lacrimal (1,10,15). (Figura 4 e 5) O teste da lágrima de Schirmer (TLS) consiste na mensuração quantitativa da lágrima produzida, em cada olho, durante o período de um minuto. Utiliza-se uma fita de papel de filtro comercial, que apresenta uma marcação milimetrada, ou então uma fita confeccionada com papel absorvente (Whatman paper 41) de cinco milímetros de largura e 35 milímetros de comprimento (8). Esse teste pode ser realizado sem anestesia tópica, o chamado TLS I, ou com anestesia tópica, sendo então Figura 3 - Ilustração fofográfica de um cão, da raça Cocker Spaniel, com neoplasia (melanoma) no canto nasal do olho esquerdo, comprimindo a região próxima ao ducto nasolacrimal. Evidenciar secreção ocular exacerbada e massa tecidual (adenoma) em pálpebra superior. Afecções e tratamento do sistema de drenagem lacrimal canino 3 4 5 86 Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2008;6(17);82-91. denominado TLS II. O TLS I afere a produção lacrimal re- flexa além das secreções basais, e o TLS II estima somente a secreção lacrimal basal. O mais utilizado é o TLS I (2). Valores entre 15 e 25 mm/minuto são considerados nor- mais. Acima disto, refere-se aumento da produção lacri- mal. Valores entre 11 e 14 mm/minuto podem significar uma diminuição sutil da produção lacrimal, sendo que entre seis e 10 mm/minuto, há diminuição significativa da produção lacrimal. Considera-se uma redução severa da produção lacrimal quando os valores obtidos pelo TLS são inferiores a cinco mm/minuto (2, 7). Para a realização desse exame, o clínico deve lavar bem as mãos antes de retirar a fita da embalagem, para que a oleosidade da mão não interfira no resultado do exame. A tira possui uma chanfradura que deve ser dobrada den- tro da embalagem. A parte mais curta é colocada dentro do saco conjuntival. A fita de Schirmer deve permanecer durante um minuto, no fórnice conjuntival (Figura 4) com a mínima manipulação durante esse período. Valores acima de 25 mm são indicativos de lacrimejamento excessivo, que pode estar associado a uma causa irritativa, a exemplo das úlceras de córnea, ou decorrente de obstruções (10,15,16). Caso o paciente apresente secreção ocular mucosa, mucopurulenta ou purulenta deve ser realizada a coleta desse material antes de dar continuidade ao exame. A cul- tura é indicada para pacientes que apresentam suspeitas de dacriocistite com secreção mucopurulenta e conjun- tivites recidivantes. A técnica é a mesma utilizada para cultura microbiana de outros tecidos. Utiliza-se um swab estéril e um tubo com meio de transporte. A coleta deve ser realizada a partir da descarga da puncta, ou de fístulas na pele. Também pode ser coletado o material do lavado do sistema de drenagem lacrimal (10,16,17). Bactérias oportunistas como Staphylococcus sp., Strep- tococcus sp., Proteus sp. e Escherichia sp geralmente acome- tem pacientes que apresentam dacriocistites. Nesses casos, indica-se a realização da citologia das secreções encontradas ou do lavado nasolacrimal e posterior antibiograma. Não há relatos de dacriocistite fúngica em cães (10, 18). A fluoresceína é utilizada para o diagnóstico de le- sões ulcerativas na córnea, sendo um corante verde fluo- rescente solúvel em água. O epitélio corneal é hidrofóbico, mas sua porção interna, o estroma, é hidrofílica. Mediante lesão do epitélio corneal a fluoresceína fica impregnada no estroma, de fácil visualização e comprovação do diag- nóstico de ceratite ulcerativa. Além disso, a fluoresceína também é utilizada no diagnóstico de afecções no apare- lho de drenagem lacrimal, mediante o Teste de Jones (8). Esse teste consiste em observar se o sistema de drenagem lacrimal está funcional. Utiliza-se uma fita de fluoresce- ína umidificada com solução fisiológica, sendo colocada em contato com a córnea e a conjuntiva. Decorridos três a cinco minutos, examina-se a região nasal e faríngea com o auxílio de uma lâmpada de luz com filtro de cobalto ou luz ultravioleta. Caso seja observado o corante nas narinas ou na cavidade oral, o paciente apresenta uma drenagem lacrimal normal. Esse teste é utilizado mediante suspeita de obstrução de ducto nasolacrimal. Infelizmente, resul- tado falso negativo pode ocorrer, sendo necessária a lava- gem do sistema nasolacrimal para comprovar sua patên- cia (2,10,13,16,19). (Figura 5) A lavagem nasolacrimal consiste em cateterizar uma das punctas e proceder a uma lavagem de todo o sistema la- crimal. Para tal, utiliza-se um cateter intravenoso de calibre 24 (Figura 6) ou uma cânula nasolacrimal, acoplados a uma seringa de 3 mililitros contendo solução fisiológica (10,17). Para iniciar o procedimento, deve ser instilada uma gota de colírio anestésico na conjuntiva. A seguir a puncta dorsal e o canalículo são canulados. Injeta-se um pequeno volume de solução fisiológica observando a puncta ventral. Quando o fluido extravasar nessa puncta, ela deve ser oclu- ída por compressão digital. A irrigação deve continuar e o líquido injetado deve ser observado drenando pela narina ou provocando deglutição no paciente ao passar pela faringe. Em casos de obstrução, observa-se uma resistência à entrada da solução de lavagem, que extravasa na puncta palpebral impossibilitando a drenagem pela puncta nasal (2,17). Afecções e tratamento do sistema de drenagem lacrimal canino 6 87Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2008;6(17);82-91. Nos pacientes em que a irrigação normógrada não obteve sucesso, deve ser avaliada a possibilidade de reali- zar a irrigação retrógrada, a partir da puncta nasal. Nesse procedimento a anestesia geral torna-se necessária para canulação do óstio nasal (10). Após a realização da semiotécnica oftálmica comple- ta, animais com suspeitas de afecções do sistema lacrimal devem ser submetidos a exames complementares para estabelecer o diagnóstico e o tratamento que melhor se aplicam a cada paciente. Adacriocistografia é um exame importante para o diagnóstico de obstrução de ducto ou compressão por neoplasia (8,10). Exames complementares As radiografias devem ser realizadas em vários po- sicionamentos para garantirem uma melhor visualização das estruturas. Radiografias nasais com a boca aberta nas posições lateral e ventrodorsal revelam os ossos nasais e é ao longo desses ossos que o ducto nasolacrimal se projeta. Nesses posicionamentos é possível avaliar a presença de tu- mores nasais, fraturas e processos inflamatórios que podem alterar a funcionalidade do sistema de drenagem (10). A dacriocistorrinografia é uma técnica que se utiliza um meio de contraste injetado no aparelho de drenagem lacri- mal. Esse procedimento é realizado com o animal sob anes- tesia geral. Ele é colocado em decúbito lateral e sua puncta superior ou inferior é canulada com o auxílio de um cateter intravenoso de calibre 24 ou uma cânula lacrimal (10). Após canular a puncta superior, a puncta inferior deve ser ocluída, para que não ocorra vazamento do contraste antes que ele penetre todo o ducto nasolacrimal (20). São utilizados con- trastes à base de Iodo, que tenham uma apresentação mais viscosa para que a passagem seja mais lenta (8). Kleiner (8) descreveu uma solução para realização da dacriocistorrinografia preparada com ¼ de lágrima artifi- cial (Lácrima Plus®), ¾ de contraste Iodado (Iopamiron) e uma tira de teste de fluoresceína, todos os componentes colocados em uma seringa de 3 mililitros e injetados atra- vés da cânula. Para realização do exame, sugere-se que a cabeça deva ser mantida um pouco elevada em relação ao corpo, porém paralela ao plano da mesa de radiografia, e com uma inclinação de 30° para evitar a sobreposição do sistema de drenagem. O resultado da dacriocistorrinografia irá confirmar a funcionalidade do sistema de drenagem. Na radiografia contrastada é possível visualizar desvios no ducto nasola- crimal, obstrução, lacerações e anomalias genéticas como as agenesias (10,20). Outros autores referem que a tomografia computa- dorizada pode ser uma alternativa de diagnóstico princi- palmente nos casos de epífora crônica, trauma periorbital e massas tumorais. É um exame muito utilizado na medi- cina humana, mas pouco difundido na medicina veteriná- ria, principalmente pelo seu custo elevado (14). Pode-se demonstrar, em estudo com quatro animais, que a tomografia associada à dacriocistografia permite a visualização de pequenas estruturas, e seus cortes trans- versais diminuem as sobreposições das imagens. Entretan- to, a tomografia não pode ser usada como único método de diagnóstico. Algumas complicações podem ser obser- vadas durante a técnica. A principal falha é o extravasa- mento de contraste pelo ducto nasolacrimal, prejudicando a visualização do ducto em sua parte rostral, bem como da puncta nasal (14). A ressonância magnética constitui outro exame au- xiliar, sendo um ótimo meio de diagnóstico quando o animal apresenta massas tumorais ou abscessos na região nasal. Esse exame é ideal para avaliação de tecidos moles, mas não evidencia perfeitamente o canal ósseo (4). Tratamento O tratamento efetivo é delineado mediante avaliação oftálmica completa do animal. Os tratamentos cirúrgicos para a resolução da epífora resumem-se na remoção de corpos estranhos ou no estabelecimento de um trajeto efe- tivo para drenagem do filme lacrimal (8). Antes de um procedimento cirúrgico pode-se preco- nizar o tratamento clínico, que consiste em cateterizar o ducto nasolacrimal acometido, submetendo-o a lavagens com solução fisiológica (17). A patência desse ducto deve ser mantida com auxílio de uma sonda de polietileno, e o tratamento tópico deve ser realizado com soluções de antibiótico e corticosteróides. A sonda poderá permanecer por duas a três semanas, exigindo higiene diária (12). O tratamento clínico é indicado para animais com obstrução parcial do ducto nasolacrimal, uma vez que a obstrução total não permite a canulação do mesmo. Da- criocistite decorrente da presença de corpos estranhos se beneficiam desse tratamento (2). Para todos os procedimentos cirúrgicos o paciente deve ser submetido à avaliação pré-operatória que con- Afecções e tratamento do sistema de drenagem lacrimal canino 88 Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2008;6(17);82-91. siste em exame oftalmológico, hemograma completo e testes bioquímicos referentes a funções hepática e renal. Para animais idosos, ou caso o clínico responsável julgue necessário, deve ser realizado eletrocardiograma (7, 11). Estes procedimentos são realizados mediante aneste- sia geral. A preparação para a cirurgia deve ser feita com uma tricotomia ampla na região a ser manuseada e uma anti-sepsia adequada (10, 11). Reparo de puncta imperfurada O tratamento para as afecções congênitas é cirúrgico. A técnica descrita para os casos de agenesia de puncta é a retirada cirúrgica de parte do tecido conjuntival que está recobrindo o canalículo (10,11). Com o animal devidamente anestesiado, o ducto deve ser cateterizado pela puncta lacrimal existente ou em casos em que as punctas superior e inferior estiverem acometidas o cateter deve ser introduzido pelo óstio nasal (2). Após cateterização, deve-se colocar uma sonda para indicar o local da incisão. A sonda empurra a conjuntiva evidenciando o local onde deve ser realizada a excisão do fragmento conjuntival (11). Mediante restabelecimento da abertura da puncta, o sistema nasolacrimal deve ser irrigado para a retirada dos restos teciduais e para confirmar a desobstrução. O trata- mento pós-operatório deve empregar solução antibiótica e corticosteróide tópicos (11). Oclusão da puncta por tecido cicatricial ou epífora re- corrente é uma das complicações pós-operatórias esperadas. Nos casos de oclusão, o animal deve ser submetido a novo procedimento cirúrgico. Providências devem ser tomadas a fim de evitar uma conjuntivite infecciosa ou inflamação do canalículo, que podem predispor a um excesso de tecido de granulação e subseqüente obstrução da puncta (11). Os animais com epífora persistente apresentam um quadro de incapacidade funcional do sistema de drena- gem, embora o ponto lacrimal esteja aberto. Esses pacien- tes devem ser submetidos a um novo procedimento em que um cateter de polietileno mais calibroso deve ser in- troduzido no sistema nasolacrimal. O tubo deve ser fixado junto à pele, sua extremidade superior próxima ao canto medial do olho, e a extremidade inferior acima da abertu- ra nasal. Objetiva-se aumentar o diâmetro do ducto naso- lacrimal, aumentando sua capacidade de drenagem. Esse cateter deve permanecer por até quatro semanas, quando a ferida estiver totalmente epitelizada (11). Dacriocistotomia O tratamento para dacriocistite consiste em desobs- truir a via de drenagem por meio de uma irrigação e a remoção de qualquer material estranho. Após exame of- tálmico completo e dacriocistorrinografia, pacientes com casos crônicos, nos quais a cateterização não é viável, de- vem ser submetidos à correção cirúrgica. Em muitos casos há o envolvimento ósseo localizado no saco lacrimal pro- vocando estenose ou até obstrução. Caso a introdução do cateter não seja possível deve ser realizada a exploração cirúrgica do saco lacrimal (2,10,11). Esse procedimento é denominado dacriocistotomia e foi descrito por Laing e Lavach (11,21). Após a perfuração do osso lacrimal encontra-se o saco lacrimal, que deve ser incisado e lavado com solução salina para retirada de debris e corpos estranhos. Após a lavagem, uma sonda deve ser in- troduzida até as narinas eliminando qualquer possibilidade de obstrução. Essa sonda deve permanecer no pós-operató- rio. O saco lacrimal deve sofrer cicatrização por segunda in- tenção e os outros tecidos são suturados com fio absorvível e a ferida cutânea com fio não absorvível (11, 21). Nos pacientes que apresentam dacriocistitecrônica, durante o exame oftálmico pré-operatório deve ser coletado material para cultura e antibiograma, e a medicação pós- operatória escolhida de acordo com esses resultados. An- tiinflamatório e analgésico geralmente são necessários (13). Dacriocistorrinostomia Essa técnica deve ser utilizada nos casos em que o clí- nico opta por fazer um novo canal de drenagem. É indicada para pacientes com massas ou neoformações localizadas no saco lacrimal ou no canalículo, ou mesmo aderidas a essas estruturas (13). Pode-se confeccionar uma cânula previa- mente, utilizando uma sonda uretral. A extremidade da sonda é cortada e aquecida para que seja evertida, adqui- rindo assim o formato de um “chapéu chinês” o qual, após a preparação, deve ser submetido à esterilização (8). Com o acesso preparado, mede-se a sonda. Ela deve ter um comprimento que permita a comunicação da punc- ta até o acesso no osso nasal. A sonda é colocada através da puncta em direção ao osso nasal perfurado adentrando a cavidade nasal. Deve permanecer apenas um a dois cen- tímetros dentro da cavidade nasal, para evitar a irritação das vias aéreas e uma posterior infecção secundária (3,8). A sonda deve permanecer nesse novo canal até com- pleta cicatrização. No tratamento pós-operatório o pacien- Afecções e tratamento do sistema de drenagem lacrimal canino 89Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2008;6(17);82-91. te deve ser mantido com antibioticoterapia tópica, e o ca- teter deve ser higienizado frequentemente. Para confirmar a patência do novo trajeto de drenagem, após a retirada da sonda deve ser realizado o Teste de Jones, e a fluoresceína deve ser observada no assoalho da narina (1,9). O tratamento pós-operatório consiste na higienização da sonda com solução de povidine em diluição de 1:50. Prescreve-se, além de antibioticoterapia, a utilização de ácido acetilsalicílico na dose de 10mg/kg, a cada 12 horas, durante sete dias, a fim de reduzir a formação de estenose decorrente de cicatrização exacerbada (13). Kleiner (8) apresentou uma modificação na técnica de dacriocistorrinostomia, indicada principalmente para cães e gatos braquicefálicos de pequeno porte, utilizando uma sonda Tom Cat em substituição a sonda uretral. O compri- mento da sonda deve ser adaptado a anatomia do paciente, sendo que no máximo um centímetro dela deve permanecer na região da narina, evitando assim irritação da mucosa. Conjuntivobucostomia Essa técnica é um método alternativo de fornecer drenagem lacrimal promovendo a comunicação do saco conjuntival com a cavidade oral, indicada geralmente para pacientes com drenagem lacrimal ausente, agenesia de ducto, e neoplasias (1,12). Uma variação dessa técnica é a chamada Conjunti- vorralostomia, procedimento que vale-se da inserção da sonda uretral na região de transição do palato mole com o palato duro após a perfuração do osso da maxilar. O pós- operatório segue os descritos anteriormente (8). Tanto a conjuntivobucostomia quanto a conjuntivor- ralostomia são técnicas de fácil aplicação, mas apresentam grandes possibilidades de complicações no pós-operató- rio. A comunicação com a cavidade oral torna uma fonte de contaminação, podendo provocar infecções em todo o trajeto percorrido pela sonda. Por esses motivos a higiene bucal deve ser preconizada nesses pacientes (1,3). Há relatos desencorajadores com essas duas técnicas. Os animais apresentaram recidiva dos quadros de epífora devido a obstruções inflamatórias ou por restos alimen- tares que ocuparam o novo trajeto de drenagem. Além disso, muitas vezes as sondas migraram por deiscência de sutura, necessitando uma nova intervenção cirúrgica (3). No pós-operatório de todos os procedimentos descri- tos o maior problema encontrado é a cicatrização exacer- bada provocando a estenose ou até obstrução da drena- gem lacrimal. Wouk (22) preconizou a utilização do colírio de ácido salicílico a 0,3%, considerando suas propriedades antifibróticas e antiinflamatórias. A utilização do colírio é indicada após a retirada da sonda nos diferentes procedi- mentos cirúrgicos descritos neste trabalho. Em alguns ani- mais pode ser observada uma reação local de hiperemia conjuntival e lacrimejamento após a instilação do colírio, reações que desaparecem decorridas 48 horas do início da utilização do fármaco (3,22). Conclusão Objetivaram-se, com este trabalho, revisar a anatomia do aparelho de drenagem lacrimal, bem como o diagnósti- co das afecções as distintas possibilidades terapêuticas. Em muitos pacientes a epífora é diagnosticada, mas a causa não é investigada. Isso acontece porque alguns exa- mes de auxílio diagnóstico são negligenciados, inviabili- zando um tratamento efetivo. Como na maioria das vezes as afecções do aparelho de drenagem lacrimal não colocam em risco a acuidade visual do paciente, essas doenças são subestimadas pelo clínico. Entretanto a epífora pode provocar uma constante umidi- ficação do pelo na região do canto nasal ocular e a dacrio- cistite provoca uma dilatação e/ ou infecção do saco lacri- mal, causando desconforto ao animal. Como conseqüências observam-se prurido e complicações outras, a exemplo das conjuntivites recorrentes e ceratites ulcerativas. Os tratamentos, na sua maioria, envolvem procedi- mentos cirúrgicos invasivos e os resultados muitas ve- zes são frustrantes. Mediante as opções expostas para o tratamento dessas afecções espera-se que as dificuldades tenham sido elucidadas, encorajando o clínico a se empe- nhar em um diagnóstico completo e, desta forma, buscar o sucesso terapêutico. 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