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Afecções e tto do sistema de drenagem lacrimal canino

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CADERNO DE OFTALMOLOGIA
Conselho
Diretora Cientifica:
Prof.a Dra. Paula Diniz Galera 
- UNB/DF
Conselheiros Científicos:
Prof. Dr. João Antonio Tadeu Pigatto 
- UFRGS/RS 
Prof. Dr. Fabiano Montiani-Ferreira
 - UFPR/PR
Prof. Dr. Fábio Luiz da Cunha Brito
 - UFRPE/PE
Profa. Dra. Ana Maria Barros Soares
 - UFF/RJ
Artigos
Afecções e tratamento do sistema de 
drenagem lacrimal canino
Alterações oculares causadas por 
herpesvirus felino: Revisão de literatura
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Afecções e tratamento do sistema de 
drenagem lacrimal canino
Diseases and treatment of the canine lacrimal drainage 
system 
Maria Fernanda Silva Machado* 
Paula Diniz Galera**
Mário Sérgio Almeida Falcão*** 
Rosana Marques Silva****
Machado MFS, Galera PD, Falcão MSA, Silva RM. Afecções e tratamento do siste-
ma de drenagem lacrimal canino. MEDVEP - Rev Cientif Vet Pequenos Anim Esti 
2008;6(17):82-91.
O aparelho de drenagem lacrimal canino é composto por punctas (punctum 
lacrimales) e ductos lacrimais, sacos lacrimais e ductos nasolacrimais. Alteração no 
funcionamento desse sistema resulta em extravasamento do fi lme lacrimal que é 
denominado epífora, sinal clínico referido com freqüência na rotina oftalmológica, 
cujo diagnóstico muitas vezes é subestimado. As afecções do aparelho de drenagem 
lacrimal se dividem em congênitas e adquiridas e o objetivo do tratamento é propor-
cionar uma melhora na drenagem lacrimal, seja por meio da formação de um novo 
trajeto ou pela desobstrução do trajeto já existente. As maiores difi culdades encon-
tradas nos tratamentos estão relacionadas às recidivas no pós-operatório, muitas 
vezes tornando o processo frustrante para o clínico e o proprietário. Este trabalho é 
uma revisão de literatura sobre as afecções do sistema lacrimal, métodos diagnósti-
cos e terapêutica.
Palavras-chave: aparelho, canino, epífora, lacrimal.
The canine nasolacrimal system is compound by punctas and lacrimal ducts, 
lacrimal sac and nasolacrimal ducts. Functional disorders of nasolacrimal system re-
sults in tear fi lm outfl ow denominated epiphora, a clinical manifestation commonly 
referred which diagnosis is many times underestimated. Nasolacrimal system dise-
ases are either congenital or acquired and its treatment intend to improve lacrimal 
drain by forming a new drainage way or by performing nasolacrimal fl ushing. The 
biggest diffi culties met on the treatment are related to post-operative recurrence of-
ten defeating clinicians and owners. This is a literature revision about nasolacrimal 
system diseases, diagnostic procedures and therapeutic management.
Keywords: canine, epiphora, lacrimal, system.
*Residente de Anestesiologia e Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais/ Faculdade de Agronomia e Medi-
cina Veterinária – Universidade de Brasília (FAV/UnB);
**Profª. Adjunto de Cirurgia de Pequenos Animais - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária 
– Universidade de Brasília (FAV/UnB);
***Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Saúde Animal da Faculdade de Agronomia e Medicina 
Veterinária – Universidade de Brasília (FAV/UnB); Professor de Cirurgia de Pequenos Animais – Faculdade 
da Terra (FTB);
****Profª. Adjunto de Anatomia - Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária – Universidade de 
Brasília (FAV/UnB);
Correspondência: paulaeye@unb.br
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Medvep - Revista Científi ca de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2008;6(17);82-91.
Introdução e revisão de 
literatura
O fi lme lacrimal desempenha papel importante na 
manutenção da integridade ocular, sendo responsável 
pela lubrifi cação e nutrição da córnea, remoção de corpos 
estranhos e fornecimento de substâncias antibacterianas. 
Descrito como um fl uido trilaminar, constitui-se das ca-
madas lipídica, aquosa e mucosa (1).
A camada lipídica, mais externa, fornece uma cober-
tura fi na e oleosa para a porção aquosa promovendo uma 
boa distribuição da lágrima sobre a córnea e retardando 
sua evaporação. A porção aquosa é a parte intermediária 
da lágrima, sendo o componente de maior quantidade da 
lágrima, constituído de água, eletrólitos, glicose, glicopro-
teínas e proteínas lacrimais. Já a camada mucosa, a mais 
interna e em contato direto com o epitélio corneal, é com-
posta por mucina, uma glicoproteína secretada pelas célu-
las caliciformes da conjuntiva. Essa camada tem a função 
de preencher as irregularidades da córnea, promovendo 
uma superfície ocular opticamente lisa (2).
Parte do fi lme lacrimal sofre evaporação na superfí-
cie ocular, e o restante deve ser drenado pelo sistema de 
ductos nasolacrimais (3). O sistema de drenagem é com-
posto pela puncta lacrimal, canalículo lacrimal, saco lacri-
mal, ducto nasolacrimal e puncta nasal (4).
A puncta lacrimal é a abertura proximal do canalí-
culo lacrimal, inserido no canto medial das pálpebras su-
perior e inferior. O canalículo promove a comunicação da 
conjuntiva ocular com o saco lacrimal (4). Cada canalícu-
lo, superior e inferior, possui uma abertura individual no 
saco lacrimal (5). 
No cão o saco lacrimal é pouco desenvolvido e está 
localizado em uma leve depressão no osso lacrimal. O 
ducto nasolacrimal promove a comunicação do saco la-
crimal com a cavidade nasal, passando pelo osso lacrimal 
onde sofre um estreitamento. O ducto passa através de 
um canal na superfície do osso maxilar e termina no óstio 
nasolacrimal, localizada um centímetro para dentro das 
narinas externas (5,6). 
Desordens no sistema de drenagem lacrimal do cão 
podem ser congênitas ou adquiridas, sendo a primeira en-
contrada com mais freqüência. Independente da causa da 
afecção, alterações na drenagem lacrimal cursam acompa-
nhadas de epífora (2,7). 
Defi ne-se epífora como o derramamento da lágrima 
que, por alterações anatômicas ou distúrbios funcionais, 
não é drenada pelo sistema lacrimal de maneira adequada 
(3). Esse extravasamento de lágrima pode provocar con-
juntivites, dermatites, fi stulações e manchas suboculares, 
constituindo uma queixa freqüente na clínica de pequenos 
animais (8). O conhecimento anatomofi siológico do siste-
ma de drenagem ocular permite a identifi cação de afecções 
desse sistema, bem como auxilia na escolha do tratamento 
adequado para as alterações em questão.
Este trabalho tem por objetivo revisar os aspectos 
anatômicos e de diagnóstico, fornecendo ao clinico emba-
samento para uma adequada abordagem terapêutica. 
Anatomia
O aparelho de drenagem lacrimal do cão é com-
posto pela puncta, canal lacrimal, saco lacrimal e duc-
to nasolacrimal (9). 
Os ductos lacrimais ou canalículos localizam-se na 
margem da conjuntiva palpebral. A puncta é uma estru-
tura oval e seu eixo mais longo localiza-se paralelamente 
à margem palpebral. Ela é a abertura superior e inferior 
destes ductos (3,5,7,9). 
O ducto lacrimal superior e o inferior são envoltos pelo 
músculo orbicular do olho. Unem-se na porção inferior do 
canto medial, desembocando no saco lacrimal. Nos cães, essa 
estrutura se apresenta como uma leve dilatação localizada 
em uma depressão no osso lacrimal (Figura 1) (9). 
Figura 1 - Ilustração fotográfi ca de peça anatômica 
(crânio) de cão, evidenciando osso lacrimal (em 
vermelho) e o orifício da entrada do ducto nasolacrimal.
Afecções e tratamento do sistema de drenagem lacrimal canino
1
83Medvep - Revista Científi ca de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2008;6(17);82-91.
Subseqüente ao saco lacrimal encontra-se o ducto na-
solacrimal, um delgado canal de aproximadamente 0,2cm 
de diâmetro. Entretanto, essas dimensões podem variar 
consideravelmente entre os cães braquicefálicos, mesoce-
fálicos e dolicocefálicos, sendo que nos primeiros é mais 
largo, curto e tortuoso (4,5,7). 
O ducto nasolacrimal sofre um estreitamento ao pas-
sar pelo osso lacrimal, sendo esse um local de possível 
retenção de corpos estranhos. Esse ducto percorre a face 
medial do osso maxilar e desemboca no óstio nasolacrimal 
localizado aproximadamentea 1cm da cavidade nasal. É 
descrito que em 50% dos cães o ducto nasolacrimal possui 
duas aberturas, sendo uma no nível do dente canino den-
tro da cavidade nasal e a outra abertura, comum à maioria 
dos animais, na narina (9). Há autores que descrevem essa 
segunda abertura como uma falha no ducto (5). Alguns 
cães apresentam outra abertura que está localizada na mu-
cosa oral no centro do palato duro atrás dos incisivos e no 
nível dos dentes caninos (2,6,10). 
A função dos ductos nasolacrimais é drenar a lágrima 
da superfície ocular para as passagens nasais. Aproxima-
damente 25% da lágrima produzida sofre evaporação na 
superfície ocular, e o restante é drenado através da puncta 
lacrimal (7). A maior parte do volume é drenada normal-
mente pela puncta inferior. O fluxo lacrimal flui ventral-
mente em resposta à gravidade (1,2,4,10).
Afecções do sistema lacrimal
As desordens do aparelho de drenagem lacrimal po-
dem ser congênitas ou adquiridas. As manifestações clí-
nicas resultantes destas alterações compreendem secreção 
mucopurulenta na puncta, epífora, aumento de volume na 
região do canto ventro medial, corpo estranho no canalí-
culo e fístula drenante na região medial (1,2).
A epífora é a manifestação clínica mais evidente nas 
diversas afecções oftalmológicas, sugerindo a investigação 
da causa, a fim de se obter um diagnóstico preciso. Epífo-
ra decorrente de uma obstrução deve ser diferenciada da 
produção excessiva de lágrima, que pode ser causada por 
um distúrbio lacrimal primário ou mesmo por um estímu-
lo doloroso (10). 
Alterações congênitas 
As anomalias congênitas compreendem aplasia de 
puncta, micropuncta, atresia do canal lacrimal e de ducto na-
solacrimal, ectopia de puncta e do canalículo, e deslocamen-
to de puncta causado por entrópio em canto nasal (10). 
Segundo Lavach (11), observa-se um aumento cons-
tante da umidade na região dos olhos, durante os primei-
ros três a quatro meses de vida. Essa secreção geralmente 
é incolor, sendo a queixa principal a alteração de aparên-
cia e não o desconforto do animal.
Aplasia de puncta lacrimal
A aplasia caracteriza-se pelo desenvolvimento in-
completo do tecido de formação do ponto lacrimal. É a 
anomalia congênita mais diagnosticada no cão, podendo 
acometer a puncta superior, inferior - ou ambas - de for-
ma uni ou bilateral (2,11). Embora observada em diversas 
raças, o Cocker Spaniel Americano, Golden Retrievers, 
Poodles Miniaturas e Toy e Samoyedas são as raças mais 
predispostas (10).
A aplasia da puncta superior é assintomática, sendo 
o diagnóstico geralmente acidental. Entretanto, quando 
a puncta inferior é acometida, a epífora se manifesta nos 
animais ainda filhotes. O diagnóstico pode ser confirmado 
através de um exame minucioso com auxílio de aparelho 
de magnificação (1).
 Segundo Lavach (11), se um dos pontos lacrimais es-
tiver presente, esse deve ser canulado e a suave irrigação 
com solução fisiológica poderá provocar um aumento de 
volume no local do ponto lacrimal atrésico, confirmando o 
diagnóstico. A cateterização retrógrada a partir do orifício 
nasal promove uma elevação na conjuntiva, o que servirá 
como ponto de referência para o procedimento cirúrgico 
de correção da aplasia. 
Micropuncta
Segundo Ghahn (10), micropuncta é o incompleto de-
senvolvimento da puncta, apresentando um estrangulamen-
to do ponto lacrimal. Não é freqüente em cães, mas quando 
acometidos, o sinal clínico mais evidente é a epífora. A corre-
ção cirúrgica visa promover a dilatação da puncta. 
Aplasia de canalículo, saco lacrimal e ducto na-
solacrimal
São anomalias congênitas raramente relatadas em 
cães, sendo mais observada em grandes ruminantes e 
eqüinos. Quando o canalículo, o saco ou o ducto estão 
ausentes, o animal apresenta epífora no olho acometido. 
Para confirmação de diagnóstico deve ser realizada a da-
criocistografia, que possibilita a escolha do procedimento 
cirúrgico mais adequado (11).
Afecções e tratamento do sistema de drenagem lacrimal canino
84 Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2008;6(17);82-91.
Ectopia de puncta 
Essa afecção é descrita como uma alteração quanto 
ao posicionamento da puncta, que se apresenta em local 
ectópico, podendo ser assintomático em cães. Mediante 
queixa de epífora crônica, indica-se o reposicionamento 
cirúrgico desta estrutura (11).
O canalículo também pode apresentar um trajeto 
anormal, causando uma drenagem ineficaz da lágrima. 
Essa afecção acomete com mais freqüência os cães braqui-
cefálicos. No diagnóstico, o teste de passagem da fluores-
ceína, também denominado teste de Jones, é negativo, e a 
cateterização do ducto lacrimal é muito difícil, tornando-
se a dacriocistografia exame imprescindível nesses pacien-
tes. A anatomia da face desses animais explica a epífora 
muitas vezes evidenciada nas raças braquicefálicas. A cor-
reção nesses casos é cirúrgica, empregando-se a técnica de 
conjuntivorrinostomia (12).
Alterações adquiridas
Dacriocistite
A dacriocistite é definida como a inflamação no inte-
rior do saco lacrimal e do ducto nasolacrimal. Dacriocistites 
em cães geralmente são secundárias a corpos estranhos que 
se alojam no interior do saco lacrimal. Pode ainda ser causa-
da por dilatações císticas do ducto nasolacrimal ou pelo de-
senvolvimento de neoformações próximas a ele. Os sinais 
clínicos que caracterizam essa afecção constituem epífora, 
conjuntivite persistente, secreção conjuntival purulenta e 
fístulas que drenam ventralmente ao canto nasal (1,8).
Para confirmação do diagnóstico o animal deve ser 
submetido a uma dacriocistografia, exame que permite a 
visualização do local de obstrução, ou uma dilatação do 
ducto ou, ainda, uma massa comprimindo parte do sis-
tema de drenagem. Cultura e antibiograma do exsudato 
devem ser realizados em casos crônicos (2,11,13).
A dacriocistite causada por corpo estranho pode ser 
tratada clinicamente através da lavagem retrógrada ou 
normógrada do sistema de drenagem. Caso o resultado 
não seja satisfatório, o paciente deve ser submetido a um 
procedimento cirúrgico (2).
 
Lacerações
As lacerações podem ocorrer na puncta ou nos ca-
nalículos, e geralmente decorrem de algum trauma facial 
(Figura 2). O diagnóstico, além da semiotécnica oftálmica 
com aparelho de magnificação, inclui o teste de “borbu-
lhamento”, que consiste em canular ambas as punctas e 
injetar ar. Se ocorrer o borbulhamento, é possível detectar 
e canular o local da laceração com um tubo de polietileno. 
As lacerações palpebrais são reparadas cirurgicamente, 
reposicionando o tecido em torno do canalículo. Esse olho 
deve ser mantido com a cânula por até três semanas de-
corridas da cirurgia (10). 
Fraturas que envolvem a maxila e o osso lacrimal 
podem comprimir ou lacerar o ducto nasolacrimal e ra-
diografias e dacriocistografia devem ser realizadas para 
confirmação do diagnóstico. O acometimento do ducto 
nasolacrimal pode provocar uma fístula intranasal no lo-
cal da laceração, levando a uma incapacidade funcional do 
sistema de drenagem. Estas fraturas devem ser estabiliza-
das para que posteriormente seja realizada uma reconsti-
tuição do ducto ou o estabelecimento de um novo canal de 
drenagem por meio de um procedimento cirúrgico (11).
Neoplasias do Ducto Nasolacrimal
Segundo Gelatt (2), as neoplasias primárias do duc-
to nasolacrimal são raras nos cães. No entanto, tumores 
da região nasal e do seio maxilar, ou próximas à região 
do ducto lacrimal podem comprimir e até mesmo invadir 
o ducto, provocando quadros de epífora, secreção ocular 
e nasal mucopurulenta ou serossanguinolenta. Além de 
massas ventrais ao canto medial (Figura 3), podem-se ob-
servar prolapso de terceira pálpebra e hiperemia conjunti-
val, ambos provocados pelo aumento de volume local. 
Afecções e tratamento do sistema de drenagem lacrimal canino
Figura 2 - Ilustração fotográfica de pálpebra direita 
com laceração por mordedura, em um cão adulto, sem 
raça definida.Evidencia-se secreção mucopurulenta 
moderada e necrose tecidual próxima à puncta lacrimal.
2
85Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2008;6(17);82-91.
Nesses casos o acometimento geralmente é unilate-
ral. Muitas vezes o exame físico possibilita a observação 
de um aumento de volume na região afetada. O diagnós-
tico requer avaliação minuciosa da face do animal, que 
pode estar assimétrica, exame oftálmico de rotina, incluin-
do o teste de Schirmer e teste da passagem de fluoresceína. 
Para auxiliar no diagnóstico o animal deverá ser submeti-
do à lavagem do sistema lacrimal e a exame radiográfico 
contrastado, confirmando assim as suspeitas (7).
O diagnóstico diferencial para neoplasias do ducto 
lacrimal deve incluir as neoplasias de órbita e das glându-
las anexas, como a glândula da terceira pálpebra, além de 
mucoceles, abscessos e dacriocistite (7,14).
Diagnóstico das afecções do 
sistema de drenagem
Após uma anamnese detalhada, o animal deve 
ser observado quanto à simetria facial, para que pos-
sa ser evidenciado qualquer aumento de volume na 
região ocular e nasal (2, 15).
Segue-se avaliação de pálpebras e conjuntiva. Nas pál-
pebras observa-se o formato, possíveis neoformações, au-
mento de volume, o posicionamento dos cílios e a presença de 
secreções. Nessa fase do exame é possível avaliar a presença 
da puncta lacrimal com o auxílio de uma lupa de aumento, 
diagnosticando-se alterações congênitas. A conjuntiva deve 
ser avaliada principalmente quanto à sua coloração (15).
O passo seguinte do exame oftálmico deve ser a men-
suração da produção lacrimal, através do Teste da Lágri-
ma de Schirmer. Para se detectarem alterações no sistema 
de drenagem, esse exame é imprescindível e deve ser rea-
lizado no início de toda avaliação oftálmica para que não 
ocorram modificações nos resultados, já que qualquer estí-
mulo, seja ele doloroso ou não, poderá alterar a produção 
lacrimal (1,10,15). (Figura 4 e 5)
O teste da lágrima de Schirmer (TLS) consiste na 
mensuração quantitativa da lágrima produzida, em cada 
olho, durante o período de um minuto. Utiliza-se uma fita 
de papel de filtro comercial, que apresenta uma marcação 
milimetrada, ou então uma fita confeccionada com papel 
absorvente (Whatman paper 41) de cinco milímetros de 
largura e 35 milímetros de comprimento (8). 
Esse teste pode ser realizado sem anestesia tópica, 
o chamado TLS I, ou com anestesia tópica, sendo então 
Figura 3 - Ilustração fofográfica de um cão, da raça 
Cocker Spaniel, com neoplasia (melanoma) no canto 
nasal do olho esquerdo, comprimindo a região próxima 
ao ducto nasolacrimal. Evidenciar secreção ocular 
exacerbada e massa tecidual (adenoma) em pálpebra 
superior.
Afecções e tratamento do sistema de drenagem lacrimal canino
3 4
5
86 Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2008;6(17);82-91.
denominado TLS II. O TLS I afere a produção lacrimal re-
flexa além das secreções basais, e o TLS II estima somente 
a secreção lacrimal basal. O mais utilizado é o TLS I (2). 
Valores entre 15 e 25 mm/minuto são considerados nor-
mais. Acima disto, refere-se aumento da produção lacri-
mal. Valores entre 11 e 14 mm/minuto podem significar 
uma diminuição sutil da produção lacrimal, sendo que 
entre seis e 10 mm/minuto, há diminuição significativa 
da produção lacrimal. Considera-se uma redução severa 
da produção lacrimal quando os valores obtidos pelo TLS 
são inferiores a cinco mm/minuto (2, 7).
Para a realização desse exame, o clínico deve lavar 
bem as mãos antes de retirar a fita da embalagem, para que 
a oleosidade da mão não interfira no resultado do exame. 
A tira possui uma chanfradura que deve ser dobrada den-
tro da embalagem. A parte mais curta é colocada dentro 
do saco conjuntival. A fita de Schirmer deve permanecer 
durante um minuto, no fórnice conjuntival (Figura 4) com a 
mínima manipulação durante esse período. Valores acima 
de 25 mm são indicativos de lacrimejamento excessivo, que 
pode estar associado a uma causa irritativa, a exemplo das 
úlceras de córnea, ou decorrente de obstruções (10,15,16).
Caso o paciente apresente secreção ocular mucosa, 
mucopurulenta ou purulenta deve ser realizada a coleta 
desse material antes de dar continuidade ao exame. A cul-
tura é indicada para pacientes que apresentam suspeitas 
de dacriocistite com secreção mucopurulenta e conjun-
tivites recidivantes. A técnica é a mesma utilizada para 
cultura microbiana de outros tecidos. Utiliza-se um swab 
estéril e um tubo com meio de transporte. A coleta deve 
ser realizada a partir da descarga da puncta, ou de fístulas 
na pele. Também pode ser coletado o material do lavado 
do sistema de drenagem lacrimal (10,16,17).
Bactérias oportunistas como Staphylococcus sp., Strep-
tococcus sp., Proteus sp. e Escherichia sp geralmente acome-
tem pacientes que apresentam dacriocistites. Nesses casos, 
indica-se a realização da citologia das secreções encontradas 
ou do lavado nasolacrimal e posterior antibiograma. Não há 
relatos de dacriocistite fúngica em cães (10, 18).
A fluoresceína é utilizada para o diagnóstico de le-
sões ulcerativas na córnea, sendo um corante verde fluo-
rescente solúvel em água. O epitélio corneal é hidrofóbico, 
mas sua porção interna, o estroma, é hidrofílica. Mediante 
lesão do epitélio corneal a fluoresceína fica impregnada 
no estroma, de fácil visualização e comprovação do diag-
nóstico de ceratite ulcerativa. Além disso, a fluoresceína 
também é utilizada no diagnóstico de afecções no apare-
lho de drenagem lacrimal, mediante o Teste de Jones (8). 
Esse teste consiste em observar se o sistema de drenagem 
lacrimal está funcional. Utiliza-se uma fita de fluoresce-
ína umidificada com solução fisiológica, sendo colocada 
em contato com a córnea e a conjuntiva. Decorridos três 
a cinco minutos, examina-se a região nasal e faríngea com 
o auxílio de uma lâmpada de luz com filtro de cobalto ou 
luz ultravioleta. Caso seja observado o corante nas narinas 
ou na cavidade oral, o paciente apresenta uma drenagem 
lacrimal normal. Esse teste é utilizado mediante suspeita 
de obstrução de ducto nasolacrimal. Infelizmente, resul-
tado falso negativo pode ocorrer, sendo necessária a lava-
gem do sistema nasolacrimal para comprovar sua patên-
cia (2,10,13,16,19). (Figura 5)
A lavagem nasolacrimal consiste em cateterizar uma 
das punctas e proceder a uma lavagem de todo o sistema la-
crimal. Para tal, utiliza-se um cateter intravenoso de calibre 
24 (Figura 6) ou uma cânula nasolacrimal, acoplados a uma 
seringa de 3 mililitros contendo solução fisiológica (10,17). 
Para iniciar o procedimento, deve ser instilada uma 
gota de colírio anestésico na conjuntiva. A seguir a puncta 
dorsal e o canalículo são canulados. Injeta-se um pequeno 
volume de solução fisiológica observando a puncta ventral. 
Quando o fluido extravasar nessa puncta, ela deve ser oclu-
ída por compressão digital. A irrigação deve continuar e o 
líquido injetado deve ser observado drenando pela narina ou 
provocando deglutição no paciente ao passar pela faringe. 
Em casos de obstrução, observa-se uma resistência à entrada 
da solução de lavagem, que extravasa na puncta palpebral 
impossibilitando a drenagem pela puncta nasal (2,17).
Afecções e tratamento do sistema de drenagem lacrimal canino
6
87Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2008;6(17);82-91.
Nos pacientes em que a irrigação normógrada não 
obteve sucesso, deve ser avaliada a possibilidade de reali-
zar a irrigação retrógrada, a partir da puncta nasal. Nesse 
procedimento a anestesia geral torna-se necessária para 
canulação do óstio nasal (10).
Após a realização da semiotécnica oftálmica comple-
ta, animais com suspeitas de afecções do sistema lacrimal 
devem ser submetidos a exames complementares para 
estabelecer o diagnóstico e o tratamento que melhor se 
aplicam a cada paciente. Adacriocistografia é um exame 
importante para o diagnóstico de obstrução de ducto ou 
compressão por neoplasia (8,10).
Exames complementares 
As radiografias devem ser realizadas em vários po-
sicionamentos para garantirem uma melhor visualização 
das estruturas. Radiografias nasais com a boca aberta nas 
posições lateral e ventrodorsal revelam os ossos nasais e é 
ao longo desses ossos que o ducto nasolacrimal se projeta. 
Nesses posicionamentos é possível avaliar a presença de tu-
mores nasais, fraturas e processos inflamatórios que podem 
alterar a funcionalidade do sistema de drenagem (10).
A dacriocistorrinografia é uma técnica que se utiliza um 
meio de contraste injetado no aparelho de drenagem lacri-
mal. Esse procedimento é realizado com o animal sob anes-
tesia geral. Ele é colocado em decúbito lateral e sua puncta 
superior ou inferior é canulada com o auxílio de um cateter 
intravenoso de calibre 24 ou uma cânula lacrimal (10). Após 
canular a puncta superior, a puncta inferior deve ser ocluída, 
para que não ocorra vazamento do contraste antes que ele 
penetre todo o ducto nasolacrimal (20). São utilizados con-
trastes à base de Iodo, que tenham uma apresentação mais 
viscosa para que a passagem seja mais lenta (8). 
Kleiner (8) descreveu uma solução para realização da 
dacriocistorrinografia preparada com ¼ de lágrima artifi-
cial (Lácrima Plus®), ¾ de contraste Iodado (Iopamiron) 
e uma tira de teste de fluoresceína, todos os componentes 
colocados em uma seringa de 3 mililitros e injetados atra-
vés da cânula. Para realização do exame, sugere-se que a 
cabeça deva ser mantida um pouco elevada em relação ao 
corpo, porém paralela ao plano da mesa de radiografia, e 
com uma inclinação de 30° para evitar a sobreposição do 
sistema de drenagem.
O resultado da dacriocistorrinografia irá confirmar a 
funcionalidade do sistema de drenagem. Na radiografia 
contrastada é possível visualizar desvios no ducto nasola-
crimal, obstrução, lacerações e anomalias genéticas como 
as agenesias (10,20). 
Outros autores referem que a tomografia computa-
dorizada pode ser uma alternativa de diagnóstico princi-
palmente nos casos de epífora crônica, trauma periorbital 
e massas tumorais. É um exame muito utilizado na medi-
cina humana, mas pouco difundido na medicina veteriná-
ria, principalmente pelo seu custo elevado (14).
Pode-se demonstrar, em estudo com quatro animais, 
que a tomografia associada à dacriocistografia permite a 
visualização de pequenas estruturas, e seus cortes trans-
versais diminuem as sobreposições das imagens. Entretan-
to, a tomografia não pode ser usada como único método 
de diagnóstico. Algumas complicações podem ser obser-
vadas durante a técnica. A principal falha é o extravasa-
mento de contraste pelo ducto nasolacrimal, prejudicando 
a visualização do ducto em sua parte rostral, bem como da 
puncta nasal (14). 
A ressonância magnética constitui outro exame au-
xiliar, sendo um ótimo meio de diagnóstico quando o 
animal apresenta massas tumorais ou abscessos na região 
nasal. Esse exame é ideal para avaliação de tecidos moles, 
mas não evidencia perfeitamente o canal ósseo (4). 
Tratamento
O tratamento efetivo é delineado mediante avaliação 
oftálmica completa do animal. Os tratamentos cirúrgicos 
para a resolução da epífora resumem-se na remoção de 
corpos estranhos ou no estabelecimento de um trajeto efe-
tivo para drenagem do filme lacrimal (8). 
Antes de um procedimento cirúrgico pode-se preco-
nizar o tratamento clínico, que consiste em cateterizar o 
ducto nasolacrimal acometido, submetendo-o a lavagens 
com solução fisiológica (17). A patência desse ducto deve 
ser mantida com auxílio de uma sonda de polietileno, e 
o tratamento tópico deve ser realizado com soluções de 
antibiótico e corticosteróides. A sonda poderá permanecer 
por duas a três semanas, exigindo higiene diária (12). 
O tratamento clínico é indicado para animais com 
obstrução parcial do ducto nasolacrimal, uma vez que a 
obstrução total não permite a canulação do mesmo. Da-
criocistite decorrente da presença de corpos estranhos se 
beneficiam desse tratamento (2).
Para todos os procedimentos cirúrgicos o paciente 
deve ser submetido à avaliação pré-operatória que con-
Afecções e tratamento do sistema de drenagem lacrimal canino
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siste em exame oftalmológico, hemograma completo e 
testes bioquímicos referentes a funções hepática e renal. 
Para animais idosos, ou caso o clínico responsável julgue 
necessário, deve ser realizado eletrocardiograma (7, 11). 
Estes procedimentos são realizados mediante aneste-
sia geral. A preparação para a cirurgia deve ser feita com 
uma tricotomia ampla na região a ser manuseada e uma 
anti-sepsia adequada (10, 11). 
Reparo de puncta imperfurada
O tratamento para as afecções congênitas é cirúrgico. 
A técnica descrita para os casos de agenesia de puncta é a 
retirada cirúrgica de parte do tecido conjuntival que está 
recobrindo o canalículo (10,11). 
Com o animal devidamente anestesiado, o ducto 
deve ser cateterizado pela puncta lacrimal existente ou 
em casos em que as punctas superior e inferior estiverem 
acometidas o cateter deve ser introduzido pelo óstio nasal 
(2). Após cateterização, deve-se colocar uma sonda para 
indicar o local da incisão. A sonda empurra a conjuntiva 
evidenciando o local onde deve ser realizada a excisão do 
fragmento conjuntival (11). 
Mediante restabelecimento da abertura da puncta, o 
sistema nasolacrimal deve ser irrigado para a retirada dos 
restos teciduais e para confirmar a desobstrução. O trata-
mento pós-operatório deve empregar solução antibiótica e 
corticosteróide tópicos (11).
Oclusão da puncta por tecido cicatricial ou epífora re-
corrente é uma das complicações pós-operatórias esperadas. 
Nos casos de oclusão, o animal deve ser submetido a novo 
procedimento cirúrgico. Providências devem ser tomadas a 
fim de evitar uma conjuntivite infecciosa ou inflamação do 
canalículo, que podem predispor a um excesso de tecido de 
granulação e subseqüente obstrução da puncta (11).
 Os animais com epífora persistente apresentam um 
quadro de incapacidade funcional do sistema de drena-
gem, embora o ponto lacrimal esteja aberto. Esses pacien-
tes devem ser submetidos a um novo procedimento em 
que um cateter de polietileno mais calibroso deve ser in-
troduzido no sistema nasolacrimal. O tubo deve ser fixado 
junto à pele, sua extremidade superior próxima ao canto 
medial do olho, e a extremidade inferior acima da abertu-
ra nasal. Objetiva-se aumentar o diâmetro do ducto naso-
lacrimal, aumentando sua capacidade de drenagem. Esse 
cateter deve permanecer por até quatro semanas, quando 
a ferida estiver totalmente epitelizada (11).
Dacriocistotomia
O tratamento para dacriocistite consiste em desobs-
truir a via de drenagem por meio de uma irrigação e a 
remoção de qualquer material estranho. Após exame of-
tálmico completo e dacriocistorrinografia, pacientes com 
casos crônicos, nos quais a cateterização não é viável, de-
vem ser submetidos à correção cirúrgica. Em muitos casos 
há o envolvimento ósseo localizado no saco lacrimal pro-
vocando estenose ou até obstrução. Caso a introdução do 
cateter não seja possível deve ser realizada a exploração 
cirúrgica do saco lacrimal (2,10,11).
Esse procedimento é denominado dacriocistotomia e 
foi descrito por Laing e Lavach (11,21). Após a perfuração 
do osso lacrimal encontra-se o saco lacrimal, que deve ser 
incisado e lavado com solução salina para retirada de debris 
e corpos estranhos. Após a lavagem, uma sonda deve ser in-
troduzida até as narinas eliminando qualquer possibilidade 
de obstrução. Essa sonda deve permanecer no pós-operató-
rio. O saco lacrimal deve sofrer cicatrização por segunda in-
tenção e os outros tecidos são suturados com fio absorvível 
e a ferida cutânea com fio não absorvível (11, 21).
Nos pacientes que apresentam dacriocistitecrônica, 
durante o exame oftálmico pré-operatório deve ser coletado 
material para cultura e antibiograma, e a medicação pós-
operatória escolhida de acordo com esses resultados. An-
tiinflamatório e analgésico geralmente são necessários (13).
Dacriocistorrinostomia
Essa técnica deve ser utilizada nos casos em que o clí-
nico opta por fazer um novo canal de drenagem. É indicada 
para pacientes com massas ou neoformações localizadas no 
saco lacrimal ou no canalículo, ou mesmo aderidas a essas 
estruturas (13). Pode-se confeccionar uma cânula previa-
mente, utilizando uma sonda uretral. A extremidade da 
sonda é cortada e aquecida para que seja evertida, adqui-
rindo assim o formato de um “chapéu chinês” o qual, após 
a preparação, deve ser submetido à esterilização (8).
Com o acesso preparado, mede-se a sonda. Ela deve 
ter um comprimento que permita a comunicação da punc-
ta até o acesso no osso nasal. A sonda é colocada através 
da puncta em direção ao osso nasal perfurado adentrando 
a cavidade nasal. Deve permanecer apenas um a dois cen-
tímetros dentro da cavidade nasal, para evitar a irritação 
das vias aéreas e uma posterior infecção secundária (3,8). 
A sonda deve permanecer nesse novo canal até com-
pleta cicatrização. No tratamento pós-operatório o pacien-
Afecções e tratamento do sistema de drenagem lacrimal canino
89Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2008;6(17);82-91.
te deve ser mantido com antibioticoterapia tópica, e o ca-
teter deve ser higienizado frequentemente. Para confirmar 
a patência do novo trajeto de drenagem, após a retirada da 
sonda deve ser realizado o Teste de Jones, e a fluoresceína 
deve ser observada no assoalho da narina (1,9).
O tratamento pós-operatório consiste na higienização 
da sonda com solução de povidine em diluição de 1:50. 
Prescreve-se, além de antibioticoterapia, a utilização de 
ácido acetilsalicílico na dose de 10mg/kg, a cada 12 horas, 
durante sete dias, a fim de reduzir a formação de estenose 
decorrente de cicatrização exacerbada (13).
Kleiner (8) apresentou uma modificação na técnica de 
dacriocistorrinostomia, indicada principalmente para cães 
e gatos braquicefálicos de pequeno porte, utilizando uma 
sonda Tom Cat em substituição a sonda uretral. O compri-
mento da sonda deve ser adaptado a anatomia do paciente, 
sendo que no máximo um centímetro dela deve permanecer 
na região da narina, evitando assim irritação da mucosa.
Conjuntivobucostomia
Essa técnica é um método alternativo de fornecer 
drenagem lacrimal promovendo a comunicação do saco 
conjuntival com a cavidade oral, indicada geralmente 
para pacientes com drenagem lacrimal ausente, agenesia 
de ducto, e neoplasias (1,12). 
Uma variação dessa técnica é a chamada Conjunti-
vorralostomia, procedimento que vale-se da inserção da 
sonda uretral na região de transição do palato mole com o 
palato duro após a perfuração do osso da maxilar. O pós-
operatório segue os descritos anteriormente (8).
 Tanto a conjuntivobucostomia quanto a conjuntivor-
ralostomia são técnicas de fácil aplicação, mas apresentam 
grandes possibilidades de complicações no pós-operató-
rio. A comunicação com a cavidade oral torna uma fonte 
de contaminação, podendo provocar infecções em todo o 
trajeto percorrido pela sonda. Por esses motivos a higiene 
bucal deve ser preconizada nesses pacientes (1,3). 
Há relatos desencorajadores com essas duas técnicas. 
Os animais apresentaram recidiva dos quadros de epífora 
devido a obstruções inflamatórias ou por restos alimen-
tares que ocuparam o novo trajeto de drenagem. Além 
disso, muitas vezes as sondas migraram por deiscência de 
sutura, necessitando uma nova intervenção cirúrgica (3).
No pós-operatório de todos os procedimentos descri-
tos o maior problema encontrado é a cicatrização exacer-
bada provocando a estenose ou até obstrução da drena-
gem lacrimal. Wouk (22) preconizou a utilização do colírio 
de ácido salicílico a 0,3%, considerando suas propriedades 
antifibróticas e antiinflamatórias. A utilização do colírio é 
indicada após a retirada da sonda nos diferentes procedi-
mentos cirúrgicos descritos neste trabalho. Em alguns ani-
mais pode ser observada uma reação local de hiperemia 
conjuntival e lacrimejamento após a instilação do colírio, 
reações que desaparecem decorridas 48 horas do início da 
utilização do fármaco (3,22).
Conclusão
Objetivaram-se, com este trabalho, revisar a anatomia 
do aparelho de drenagem lacrimal, bem como o diagnósti-
co das afecções as distintas possibilidades terapêuticas.
Em muitos pacientes a epífora é diagnosticada, mas a 
causa não é investigada. Isso acontece porque alguns exa-
mes de auxílio diagnóstico são negligenciados, inviabili-
zando um tratamento efetivo.
Como na maioria das vezes as afecções do aparelho de 
drenagem lacrimal não colocam em risco a acuidade visual 
do paciente, essas doenças são subestimadas pelo clínico. 
Entretanto a epífora pode provocar uma constante umidi-
ficação do pelo na região do canto nasal ocular e a dacrio-
cistite provoca uma dilatação e/ ou infecção do saco lacri-
mal, causando desconforto ao animal. Como conseqüências 
observam-se prurido e complicações outras, a exemplo das 
conjuntivites recorrentes e ceratites ulcerativas.
Os tratamentos, na sua maioria, envolvem procedi-
mentos cirúrgicos invasivos e os resultados muitas ve-
zes são frustrantes. Mediante as opções expostas para o 
tratamento dessas afecções espera-se que as dificuldades 
tenham sido elucidadas, encorajando o clínico a se empe-
nhar em um diagnóstico completo e, desta forma, buscar o 
sucesso terapêutico. 
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FIM DE ARTIGO
Afecções e tratamento do sistema de drenagem lacrimal canino
91Medvep - Revista Científi ca de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação 2008;6(17);82-91.

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