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Curso de 
Oftalmologia Veterinária 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
CÍLIOS, PÁLPEBRAS, APARELHO LACRIMAL E 
CONJUNTIVAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na bibliografia consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
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MÓDULO II 
 
 
Cílios, pálpebras, aparelho lacrimal e conjuntivas 
 
Capítulo 3 - Doenças clínicas e cirúrgicas dos cílios 
 
Os cílios são estruturas que promovem a defesa ocular, e que estão 
diretamente associados na promoção da integridade visual. As alterações que 
envolvem os cílios causam desconforto ocular, uma vez que atritam diretamente com 
a córnea. 
As três principais afecções observadas nos cílios são anormalidades 
congênitas. 
Cílio ectópico: cílio adicional emergindo através da conjuntiva a partir das 
glândulas de meibômio (Figura 15). 
 
 
FIGURA 15: Representação esquemática de cílio ectópico. 
35 
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Distiquíase: cílios adicionais emergindo das aberturas das glândulas de meibômio 
(Figura 16). 
 
 FIGURA 16: Representação esquemática de distiquíase. 
 
Triquíase: cílios e/ou pêlos faciais (localização normal) direcionados à córnea e 
conjuntiva (Figura 17). 
 
FIGURA 17: Representação esquemática de triquíase. 
36 
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37 
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Na anamnese é importante estar atento ao que se relata como desconforto 
visual, vermelhidão e prurido. 
Para identificar essas afecções ciliares é recomendado um criterioso exame 
oftálmico. Doenças perioculares, posição, movimentos e conformação ocular devem 
ser avaliados. Com uso de magnificação, como a lupa de pala, é possível uma 
melhor observação dos cílios. 
Através do exame oftálmico detalhado é possível encontrar sinais clínicos 
como epífora e blefarospasmo, secreção, edema, vascularização, pigmentação e 
úlcera córnea. O diagnóstico é clínico e se baseia nos achados na anamnese e 
exame físico. 
O tratamento está intimamente ligado ao grau de dano nas estruturas 
oculares, e a correção pode ser feita através de procedimentos clínicos e/ou 
cirúrgicos. 
Os cílios ectópicos deverão ser removidos cirurgicamente. Obrigatoriamente 
o folículo piloso também deverá estar incluso nesta ressecção. 
Para distiquíase, que pode causar danos irreversíveis às estruturas oculares, 
recomenda-se realizar procedimentos como epilação mecânica, microcrioepilação ou 
ressecção parcial da placa tarsal. O procedimento escolhido dependerá da 
severidade do caso (Figura 18). A microcrioterapia é feita com equipamento 
específico. 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 18: Microcrioepilação para triquíase e distiquíase em desenho esquemático. 
 
 
Para a correção da triquíase indica-se, além da microcrioepilação, a técnica 
de Stades, que consiste em remover um segmento de pele envolvendo os pêlos 
faciais que tocam a córnea. A incisão é suturada parcialmente (Figura 19). 
 
FIGURA 19: Técnica de Stades em desenho esquemático. Ressecção cutânea e sutura. 
 
 
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39 
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Capítulo 4 - Doenças congênitas, estruturais e inflamatórias das 
pálpebras 
 
As pálpebras e seus anexos realizam várias funções, dentre elas a defesa 
contra agentes externos e o espalhamento do filme lacrimal, evitando assim o 
ressecamento da córnea. 
Devido a essas propriedades funcionais das pálpebras e anexos (cílios), é 
importante estar atento às afecções existentes, visto que anormalidades nessas 
estruturas podem determinar a ocorrência de doenças na superfície ocular. 
As afecções palpebrais serão abordadas em dois capítulos. Neste primeiro 
trataremos das desordens que se referem a alterações congênitas, estruturais e 
inflamatórias como: coloboma, anquilobléfaro, entrópio, ectrópio e blefarites. 
 
Coloboma palpebral 
É o desenvolvimento incompleto da margem palpebral. Esta afecção é de 
origem hereditária. A partir da anamnese e do exame físico é possível encontrar os 
seguintes sinais clínicos: dor, conjuntivite, ceratite e outras afecções congênitas. 
No tratamento do coloboma é indicada a utilização da técnica de Robert e 
Bistner (pedículo de pele, músculo orbicular e placa tarsal), que consiste 
basicamente em desenvolver um pedículo de pele e transferi-lo para a região que 
não foi formada completamente. 
 
Anquilobléfaro (oftalmia neonatal) 
Refere-se à união entre as margens palpebrais superior e inferior. 
Considera-se de 10 a 14 dias o tempo normal de abertura das pálpebras em cães e 
gatos. Portanto, são anquilobléfaros fisiológicos até esta idade. 
Algumas vezes, desenvolvem-se infecções no saco conjuntival antes das 
pálpebras abrirem (oftalmia neonatal). Normalmente esta afecção é decorrente de 
infecções intra-uterinas. As pálpebras assumem aspecto edemaciado e pode haver 
pequena quantidade de material purulento saindo pelo canto nasal. 
 
 
 
 
 
Esta condição deve ser tratada através de abertura das pálpebras ao longo 
da linha de fusão, utilizando-se pressão digital ou uma tesoura oftálmica. É 
recomendado colírio ou pomada de antibióticos como a gentamicina ou tobramicina, 
BID ou QID, durante sete dias, e limpeza com cloreto de sódio 0,9% várias vezes ao 
dia. Em uveítes associadas recomenda-se atropina colírio BID por três dias e 
antiinflamatório sistêmico por 10 dias. 
 
Entrópio 
Esta afecção ocorre quando as pálpebras, superior ou inferior, apresentam 
introversão (viradas para dentro), como mostra a Figura 20. É comum em cães e 
provavelmente hereditária em algumas raças. 
 
FIGURA 20: Entrópio em desenho esquemático. Observe a introversão da pálpebra inferior. 
 
 
O início do aparecimento difere entre as raças. Os Shar Peis podem 
desenvolver entrópio logo após a abertura das pálpebras e esta condição pode ser 
revertida com eversão temporária “suturas de alinhavamento”. Algumas raças como 
Retrievers, desenvolvem entrópio em idade posterior. 
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41 
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A afecção pode ser estudada em categorias, isso ocorre devido o entrópio 
possuir diferentes origens. O entrópio pode ser dividido nas seguintes classes, de 
acordo com a origem: 
- Congênito (primário ou anatômico): quando a origem é hereditária. Sabe-se que 
existem raças mais predispostas à entropia congênita, comum em gatos Persas e 
cães das raças Shar Pei, Chow-chow, Labrador, São Bernardo, e Dobermann; 
- Espástico: relacionado a processos dolorosos (úlceras de córnea). O excesso de 
movimento palpebral (blefarospasmo) causa espasmo do músculo orbicular. Este 
tipo de entrópio pode ser diagnosticado com reversão, atravésdo uso de colírio 
anestésico; 
- Adquirido (cicatricial): seqüela de enoftalmo, cicatrizes de conjuntiva ou pálpebras. 
Os sinais clínicos aparecem em decorrência do contato dos pêlos palpebrais e cílios 
com a córnea, causando dor, desconforto, lacrimejamento, blefarospasmo e até 
ceratite. 
No exame físico são encontrados sinais clínicos que sugerem a doença, 
como epífora, blefarospasmo, fotofobia, secreção e alterações corneais. 
O diagnóstico é clínico e baseia-se nos achados da anamnese e exame 
oftálmico. É importante avaliar o olho sem e com anestesia tópica. Muitas vezes o 
entrópio espástico pode ser um componente parcial da inversão palpebral, nas 
situações onde o entrópio congênito ou adquirido cause dor. Após a administração 
do anestésico, restará apenas o componente anatômico (primário). 
Para entrópio espástico, basta tratar a causa. Para o congênito e adquirido, 
o mais indicado é a ressecção músculo cutânea (Hotz-Celsus), não esquecendo 
alguns passos importantes que devem ser seguidos, como: incisão inicial a 3 mm do 
tarso palpebral, promover leve hipocorreção (durante a cicatrização ocorre contração 
da pálpebra), secção da pele e músculo orbicular do olho e para finalizar a sutura 
deve ser iniciada no centro da ferida. 
A técnica consiste na retirada de pele em meia-lua, abaixo ou acima do 
entrópio. A sutura inicia-se no centro da incisão para melhor acabamento. 
Recomenda-se fio seda ou monáilon 4-0. O proprietário deve ser conscientizado em 
relação a recidivas. No pós-operatório tratam-se distúrbios relacionados, e, caso não 
 
 
 
 
 
existam, pomada antibiótica TID durante sete dias (Epitezan® ou Regenon®), e uso 
de colar protetor (Figura 21). 
 
FIGURA 21: Representação esquemática da ressecção músculo cutânea (Hotz-Celsus). 
 
 
Em cães jovens, sobretudo os Shar Peis, deve-se evitar a ressecção 
cutânea inicialmente. Recomendam-se “suturas de alinhavamento”, que, em 
algumas vezes podem solucionar o problema (Figura 22). 
 
FIGURA 22. Representação esquemática da técnica do pregueamento cutâneo para filhotes. 
 
 
Esta técnica é indicada quando os cães ainda não atingiram a maturidade 
facial. Empregam-se suturas de Wolff ou interrompida simples com ou sem captons 
e fios de mononáilon, iniciando-se a cerca de 3 mm da margem palpebral. A sutura 
deverá ser refeita aproximadamente a cada 30 ou 45 dias, até se decidir pelo 
procedimento definitivo ou até mesmo avaliar como não necessária a técnica de 
42 
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Hotz-Celsus. 
Pode ocorrer em determinadas raças o entrópio da prega nasal, sendo mais 
comum o aparecimento da afecção em Pequinês, Pug, Bulldog e demais 
braquicefálicas. 
Os sinais clínicos são idênticos aos cães acometidos com entrópio palpebral. 
O tratamento recomendado é a remoção parcial ou total da prega (Figura 23) 
nasal, a técnica varia de acordo com a severidade do entrópio. 
 
FIGURA 23: Correção do entrópio da prega nasal. Ressecção das dobras nasais e sutura. 
 
 
Ectrópio 
 
Ectrópio refere-se à eversão das margens palpebrais e acontece 
principalmente na pálpebra inferior (Figura 24). É comum nas raças São Bernardo, 
Cocker, Buldogue, Basset Hound, entre outras. Em geral é congênito, mas pode 
ocorrer em resposta à formação de tecido cicatricial. Na maioria dos casos não 
necessita de tratamento cirúrgico, exceto naqueles pacientes que apresentam 
ceratite e/ou conjuntivite crônica que não respondem a tratamento médico. 
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FIGURA 24: Ectrópio em representação esquemática. Note a eversão da pálpebra inferior. 
 
 
Os sinais clínicos encontrados no exame oftálmico são epífora, conjuntivite, 
secreção e alterações corneais. 
Pelo fato da afecção apresentar sinais clínicos muito parecidos com outras 
doenças palpebrais, o diagnóstico torna-se clínico, baseado na anamnese e exame 
físico. 
A técnica de Kuhnt-Hembolt (V-plastia) é simples e opção eficiente para 
tratamento de ectrópio. Consiste em remoção de um triângulo de pele lateral ou 
medial à área afetada em espessura total. A base do triangulo ficará voltada para o 
tarso palpebral. Sutura-se a conjuntiva com poligalactina 910 5-0 e para pele 
recomenda-se fio seda ou monáilon 4-0 (Figura 25). 
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FIGURA 25: Procedimento de Kuhnt-Hembolt modificado ou V-plastia para ectrópio. 
 
 
Diamond eye 
A expressão “Olhos de Diamante”, ou em inglês Diamond eye refere-se a 
duas afecções associadas, entrópio combinado com ectrópio. 
As causas podem ser variadas, porém as causas mais comuns são: 
tamanho reduzido do bulbo do olho, enoftalmia, fraqueza do músculo retrator lateral, 
pregas faciais e pavilhão auricular pendular. 
A cantoplastia lateral de Wyman é técnica indicada para o tratamento do 
Diamond eye (Figura 26). Consiste na ressecção de um fragmento de pele do canto 
nasal incluindo parte da pálpebra. Após a ressecção da pele, as pálpebras são 
unidas com um ponto de sutura, o tecido subcutâneo é suturado com fio Cat gut 2.0 
e por último, completa-se a dermorrafia com fio mononáilon 3.0. 
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FIGURA 26: Representação esquemática da técnica de correção o Diamond eye. A - Incisão e 
remoção da pele. B – Sutura. 
 
 
Blefarites 
Blefarites referem-se às várias condições inflamatórias das pálpebras. As 
causas variam de acordo com o agente patogênico, estando geralmente 
relacionadas a doenças infecciosas, parasitárias, seborreicas, alérgicas e 
imunomediadas. 
Estas afecções são clinicamente caracterizadas por prurido, secreção 
ocular, desconforto, hiperemia e muitas vezes com aparecimento de edema. 
O diagnóstico consiste na identificação do fator gênico que está promovendo 
o aparecimento da afecção 
O tratamento varia de acordo o agente causador; basicamente as blefarites 
são tratadas com o uso de pomadas oftálmicas (neomicina, bacitracina e polimixina 
B, cloranfenicol), xampus neutros infantis diluídos (5 a 10 vezes em NaCl 0,9%), 
antibióticos e antiinflamatórios sistêmicos e, caso necessário, antiinflamatório tópico. 
Devido a essas variações as blefarites podem ser classificadas em classes 
de acordo com o agente. 
- Blefarite alérgica: normalmente esta condição é uma manifestação clínica 
de atopia. Observa-se edema palpebral pruriginoso e raramente doloroso. 
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O tratamento recomendado baseia-se no uso de compressas frias, anti-
histamínicos como a difenidramina (Benadril® - FH), 2 a 4 mg/kg, VO, BID a QID), e 
glicocorticóides sistêmicos como prednisona, 0,5 a 1,0 mg/Kg, VO, SID a BID) e 
tópicos como prednisona (Pred fort® - FH), 1 gota/TID. A terapia deve ser 
descontinuada gradativamente, pesquisando-se a menor dose efetiva para 
manutenção. Tratar a causa primária é fundamental. 
- Blefarite bacteriana: esta condição é causada pela infestação de bactérias 
patológicas, que podem diferir entre os animais jovens e adultos. 
Em filhotes, blefarite purulenta ocorre como parte da piodermite juvenil. Há 
dor considerável e secreção purulenta. 
Staphylococcus e Streptococcus sp. sãoos mais envolvidos nas blefarites 
bacterianas entre os adultos. Nos casos agudos pode se observar hiperemia, crostas 
e secreção; nos crônicos, é comum fibrose, alopecia e ulceração. 
Para o tratamento, são recomendados antibióticos sistêmicos com base em 
cultura e antibiograma. Pode-se iniciar o tratamento com cefalexina por no mínimo 
21 dias. Orienta-se fazer uma limpeza cuidadosa das margens palpebral e remoção 
de exsudatos purulentos. Casos agudos podem ser tratados com antibióticos tópicos 
(ciprofloxacina ou tobramicina colírio), e os crônicos, além da tópica, recomenda-se 
terapia sistêmica. Preconiza-se ainda o uso de colar protetor devido à afecção ser 
altamente pruriginosa, podendo ocorrer automutilação. 
- Blefarite micótica: é a infecção palpebral por Microsporum e Tricophyton 
sp.; ocorre como parte de problema dermatológico. A alopecia em expansão, 
descamação e hiperemia são os aspectos clínicos, e o diagnóstico é baseado em 
fluorescência por lâmpada de Wood e / ou cultura. 
O tratamento é feito com pomadas de miconazol ou clotrimazol, evitando-se 
o contato com a córnea. Infecções persistentes e/ou profundas podem ser tratadas 
com griseofulvina ou cetoconazol sistêmicos em doses convencionais. 
- Blefarite parasitária: tanto a demodiciose quanto a escabiose, causadas 
respectivamente por Demodex canis e Sarcoptes scabiei, podem afetar as 
pálpebras. As lesões caracterizam-se por hiperemia e prurido (escabiose), 
complicadas por infecções bacterianas e autotraumatismo. 
 
 
 
 
 
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A demodiciose localizada tende a ser restrita à face, com envolvimento 
palpebral, e é mais comum em cães jovens. A regressão espontânea pode ocorrer, 
mas retenona tópica e ungüento oftálmico de isoflurofato podem ser usados. O 
peróxido de benzoíla em gel (Benzac ® - FH) pode ser friccionado nas pálpebras a 
cada 12 h, evitando-se o contato com a córnea. Em casos generalizados pode-se 
associar banhos de amitraz a cada três dias ou moxidectin (Cydectin 1%) na dose de 
0,5mg/Kg/VO a cada 72h até a obtenção de dois raspados cutâneos negativos. 
A escabiose causa prurido intenso, com várias partes do corpo envolvidas, 
além das pálpebras. O tratamento é feito juntamente com a terapia cutânea, sendo 
os banhos com amitraz e moxidectina bastante eficientes. 
 
Calázio 
Esta afecção é resultado da inflamação das glândulas tarsais. Acontece 
principalmente em animais jovens. A infecção é contida profundamente na placa 
tarsal, e o aumento de volume é visto distendendo a conjuntiva palpebral. O termo 
calázio denota a formação granulomatosa como resultado de secreções tarsais 
retidas nas glândulas. 
Para o diagnóstico observa-se durante a inspeção uma massa amarelo-
acizentada, firme e não dolorosa à palpação. Diferencia-se do hordéolo pela 
consistência e ausência de sensibilidade dolorosa. 
O tratamento é cirúrgico (Figura 27). Pratica-se imobilização da área com 
pinça de Calázio, incisa-se com bisturi, e procede-se curetagem do tecido com 
material apropriado (cureta). Recomendam-se antibióticos e antiinflamatórios tópicos 
como gentamicina e dexametasona por um período de 7 a 10 dias. 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 27: Representação da remoção do calázio. Após a incisão, o tecido é removido com cureta. 
 
 
Hordéolo 
Refere-se à inflamação, infecção e abscesso das glândulas de Zeis ou de 
Moll (hordéolo interno) ou das glândulas tarsais (hordéolo externo). 
Existe sensibilidade dolorosa à palpação, e não forma uma massa tão 
evidente como aquela formada no calázio. É possível observar conjuntiva hiperêmica 
e discreto aumento de volume palpebral. 
O tratamento envolve o uso de compressas quentes, drenagem do 
abscesso, possível pressão manual das lesões sob anestesia tópica e antibióticos 
tópicos. 
 
 
Capítulo 5 – Doenças traumáticas e neoplasias das pálpebras 
 
As condições traumáticas e neoplásicas exigem procedimentos 
reconstrutivos. O conhecimento da anatomia e fisiologia palpebral é fundamental 
49 
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50 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
para preservar a funcionalidade destes anexos. 
 
Laceração palpebral 
As afecções traumáticas são relativamente comuns, principalmente em cães. 
Ocorrem por diferentes causas, freqüentemente é devido a brigas, mordidas, 
arranhões ou acidentes automobilísticos. 
Nesses casos é importante avaliar as extensões das lacerações, determinar 
o grau de infecção e se possível determinar o tempo decorrido após o acidente. 
No tratamento é recomendada a limpeza abundante com solução de cloreto 
de sódio 0,9%, depilação da área afetada, deixando no mínimo uma margem de três 
centímetros. Em alguns casos a correção é clínica, mas geralmente a correção 
torna-se cirúrgica devido a uma grande perda de tecido local, principalmente em 
brigas. 
Caso seja necessária a reconstrução cirúrgica, esta deve ser realizada o 
mais rapidamente possível, estando atento entre a relação da margem palpebral e 
superfície ocular quando realizar a sutura, para evitar a ocorrência de ectrópio ou 
entrópio cicatricial. Fio de poliglactina 910 diâmetro 4.0 a 6.0 são os mais 
recomendados para suturar a conjuntiva. Para pele o mononáilon 4.0 é apropriado. 
O primeiro ponto de sutura proximal ao tarso e deve ser executado de forma que as 
pontas do fio não atritem a córnea, conforme a Figura 28. É indicado o uso de 
antibioticoterapia tópica e sistêmica associado a analgésicos. 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 28: Representação da disposição da sutura em lacerações palpebrais (sutura em “8”). 
 
 
Neoplasias palpebrais 
A pálpebra é local comum de formação neoplásica em cães idosos, não 
havendo uma típica predisposição racial. A maioria das neoplasias palpebrais na 
espécie canina é benigna, sendo o adenoma sebáceo, a neoplasia mais comum. Já 
na espécie felina as neoplasias em geral costumam ser malignas. 
As neoplasias mais comuns na espécie canina são: adenoma sebáceo, 
adenocarcinoma sebáceo, melanoma, histiocitoma e papiloma. 
Em felinos, a neoplasia palpebral mais freqüente é o carcinoma de células 
escamosas, carcinoma de células basais e também podem ocorrer fibrossarcoma e 
mastocitoma. 
As causas são desconhecidas. Os sinais oftálmicos podem ser variáveis. A 
identificação pode ser feita através da visibilização, devido ao surgimento de massas 
nas pálpebras, o que irá depender muito do tamanho do tumor. 
O diagnóstico é baseado na localização e aparência da massa e a 
confirmação é feita mediante citopatologia. O material pode ser colhido através de 
51 
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aspiração com agulha fina ou encaminhamento de toda a massa após excisão 
completa. 
Para o tratamento de tumores é indicada a ressecção cirúrgica associada à 
quimioterapia, em alguns tipos de neoplasias, como mastocitoma. A técnica usada é 
a blefaroplastia, que consiste na remoção da massa e reconstrução da pálpebra. 
Contudo, os tumores palpebrais devem ser removidos antes de alcançarem 
tamanhos consideráveis, o que exigiria uma remoção radical, necessitando de 
procedimentos de blefaropoiese. 
Tumores que envolvam mais que um terço da extensão palpebral necessita 
de procedimentos de reconstrução palpebral (Figura 29), já os menores, podem ser 
excisados e suturados por primeira intenção (Figura 30). 
 
 
 
FIGURA 29: Retalho de avanço/adiantamento para lesões de espessura facial. 
 
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FIGURA 30: Desenho esquemático ilustrando ressecção palpebral. A técnica é indicada em pequenos 
tumores palpebrais como demonstra a figura. 
 
 
A Tabela 01 fornece a classificação histogênica das principais neoplasias 
oculares que acometem cães e gatos (BEDFORD, 2000). 
 
TABELA 01: Classificação histogênica das neoplasias. 
 
CLASSIFICAÇÃO HISTOGÊNIA 
Adenoma 29 – 60% 
Melanoma benigno 13 – 18% 
Papiloma escamoso 11 – 17% 
Adenocarcinoma 2 – 15% 
Melanoma maligno 2,8 – 8% 
Histiocitoma 1,6 – 3,5% 
Mastocitoma 1 – 2,5% 
Carcinoma basocelular 1 – 2,5% 
Carcinoma epidermóide 1 – 2% 
Outros 1 – 5% 
 
 
 
 
 
 
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Capítulo 6 – Terceira pálpebra e ducto nasolacrimal 
 
Terceira pálpebra 
A terceira pálpebra é uma estrutura de proteção móvel, localizada entre a 
córnea e a pálpebra inferior, na porção nasal do saco conjuntival inferior. Além de 
proteção, a glândula localizada na sua base produz lágrima e ainda participa da 
atividade imunológica do olho. 
As duas afecções mais comuns da terceira pálpebra e sua glândula são a 
eversão da cartilagem e a hiperplasia/hipertrofia da glândula da terceira pálpebra. 
 
Eversão da cartilagem 
A eversão da terceira pálpebra refere-se ao enrolamento da margem da 
membrana, em decorrência da curvatura anormal da porção vertical de “T” 
cartilaginoso. É um distúrbio congênito que ocorre devido a uma má formação da 
cartilagem da terceira pálpebra. O Pointer é uma raça predisposta, mas pode ocorrer 
em qualquer raça. 
A principal complicação clínica é a conjuntivite crônica com secreção ocular 
devido à exposição da mucosa conjuntival. Pode ocorrer ceratite e ulceração 
corneal. 
O tratamento é feito mediante a remoção de um fragmento do braço vertical 
do “T” cartilaginoso (Figura 31); isso permite à terceira pálpebra, acomodação em 
sua posição anatômica. 
Nesta técnica, a conjuntiva é aberta com pequena incisão e um fragmento 
de 2mm do braço vertical T é removido. Não é necessário suturar a conjuntiva. 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 31: Cirurgia para eversão da cartilagem mostrada em desenho esquemático. 
 
Protrusão da glândula da terceira pálpebra (Cherry eye) 
 
A protrusão ocorre geralmente por hiperplasia/hipertrofia da glândula, 
apresenta uma aparência não atrativa e pode causar irritações e inflamações 
oculares (Figura 32). 
A deficiência do tecido conectivo na periórbita pode levar à exposição da 
glândula lacrimal, inflamação, hiperplasia e hipertrofia. Esta afecção pode ser 
unilateral ou bilateral e ocorre com maior freqüência em cães com até dois anos 2 
anos de idade (entre três e seis meses é mais comum). O Cocker Spaniel, Bulldog 
Inglês, Shar Pei e Mastiff são raças predispostas. Em gatos a doença é rara. 
Os sinais mais observados são massa avermelhada no canto medial, 
hipertrofia glandular, prejuízo à produção lacrimal, conjuntivite crônica e secreção 
ocular. 
A remoção da glândula, procedimento muitas vezes executado, pode causar 
a ceratoconjuntivite seca (CCS) em indivíduos predispostos. Como esta glândula 
contribui com cerca de 30 a 40% do filme lacrimal, contra-indica-se sua remoção. O 
tratamento pode ser médico ou cirúrgico. O tratamento médico é feito à base de 
antibiótico e antiinflamatório, onde normalmente a glândula reduz bastante, mas 
dificilmente fica imperceptível. O tratamento cirúrgico consiste na reposição da 
glândula através de várias técnicas. 
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As Figuras 33 e 34 demonstram o procedimento. A sutura é empregada com 
fio poligalactina 910 em padrão contínuo simples. As principais envolvem o 
sepultamento da glândula, através de suturas, e ancoragem da glândula no 
periósteo da órbita. A técnica usada rotineiramente no Hospital Veterinário da 
Universidade Federal do Paraná – Campus Palotina, é o reposicionamento da 
glândula em um “bolso” criado pela conjuntiva da 3ª pálpebra descrita por MORGAN 
(1993). 
Quando não há úlcera de córnea, recomenda-se corticoterapia com 
prednisona colírio (uma gota a cada 8h) cinco dias antes do procedimento cirúrgico, 
continuando por sete dias no pós-operatório. A corticoterapia prévia reduz a 
inflamação e facilita o procedimento; preconiza-se colar elisabetano e 
antiinflamatório não esteroidal sistêmico por cinco dias. Antibioticoterapia tópica fica 
na dependência do desenvolvimento de infecções. 
 
FIGURA 32: Paciente felino apresentando protrusão da glândula da terceira pálpebra. 
 
 
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FIGURA 33: Técnica da bolsa de fumo de Moore para protusão da glândula da terceira pálpebra em 
corte sagital. 
 
 
 
FIGURA 34: Técnica da bolsa de fumo de Moore para protusão da glândula da terceira pálpebra em 
vista frontal. 
 
 
Ducto nasolacrimal 
 
As alterações do ducto nasolacrimal produzem freqüentemente epífora (fluxo 
exagerado de lágrima) por deficiência de drenagem. Isso pode ser decorrente de 
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dacriocistite, tortuosidades ou não-perfuração do ponto lacrimal. 
 
 
Dacriocistite 
 
É a inflamação e obstrução do ducto nasolacrimal. Pode ocorrer devido a 
obstrução por corpos estranhos, principalmente em ductos tortuosos, em pacientes 
braquicefálicos. O diagnóstico é feito mediante observação dos sinais clínicos 
(secreção e pêlos faciais manchados, acúmulo de material purulento no canto medial 
e dor), e através do teste de Schirmer (aumentado) e teste de Robert Jones com 
fluoresceína (o corante não sai pela narina num período de 3 a 5 minutos). 
Nestes casos, indica-se a desobstrução do ducto nasolacrimal. A 
desobstrução deve ser procedida com fio de náilon ou sondas apropriadas para 
lavagem do ducto. O procedimento é feito sob anestesia tópica ou geral. Pode-se 
adaptar um cateter número 20 ou 24 que deve ser inserido em um dos pontos 
lacrimais. Enquanto injeta-se NaCl 0,9% com uma seringa de 5 a 10 mL, faz-se 
pressão simultânea no ponto lacrimal não canulado, forçando a saída da solução 
pela narina (Figura 35). Prossegue-se com associação de corticóide e antibiótico em 
forma de colírio por sete a dez dias. Recomenda-se a administração de antibiótico 
pela via sistêmica, como espiramicina e metronidazol, por 7 a 10 dias ou tilosina na 
dose de 15 mg/Kg a cada 15 dias (quatro doses). 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 35: Desobstrução do ducto em desenho esquemático. 
 
 
Epífora (dacriocistocromorréia) 
É uma afecção comum, principalmente em cães braquicefálicos (Poodle, 
Shih Tzu, Lhasa Apso entre outros). Ocorre por deficiência na drenagem do filme 
lacrimal e extravazamento de lágrima pelo canto nasal. Clinicamente observa-se 
secreção lacrimal e coloração marrom dos pêlos na região. 
Dentre as causas mais comuns, relacionam–se o lago lacrimal raso, entrópio 
inferior de canto medial e triquíase. A obstrução do ducto, comentada anteriormente, 
agenesia de puncta e estenose de pontos lacrimais também podem estar 
relacionadas à epífora. Nestes casos, o testede Jones tem valor excludente. O 
tratamento está relacionado à correção da causa. Como as causas são variadas, 
dificilmente se obtém completa. Pode-se, alternativamente, manter pêlos curtos e 
fazer limpeza freqüente. 
Para agenesia de ducto, pode-se proceder a técnicas de neoductos. As 
várias técnicas descritas consistem basicamente na criação de um trajeto óculo-
nasal usando uma sonda para leito de cicatrização. Esta sonda pode ser adaptada 
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com uma sonda tipo Tom cat para gatos e uretral número 6 para cães. Em ambas as 
situações deverão ser usados colírios de antibióticos e antiinflamatórios no pós-
operatório. O uso de ácido acetilsalisílico (10 a 20 mg/Kg a cada 8h para cães e 10 
mg/Kg a cada 48 horas para gatos) por um período de até 21 dias, reduz a estenose 
cicatricial e mantém a patência do neoducto. 
 
Capítulo 7 – Conjuntiva 
A conjuntiva é a membrana mucosa móvel que recobre as superfícies 
internas das pálpebras, superfícies interna e externa da terceira pálpebra e a porção 
anterior do globo ocular, adjacente ao limbo. A principal afecção da conjuntiva é a 
conjuntivite. 
 
Conjuntivite em cães 
O termo conjuntivite descreve a inflamação inespecífica da conjuntiva bulbar 
e ou palpebral que pode ser desencadeada por vários agentes. Em cães, as 
conjuntivites são normalmente secundárias. Geralmente não há uma doença 
primária de conjuntiva que determine o processo. Os principais sinais observados 
em conjuntivites agudas são hiperemia conjuntival, quemose, lacrimejamento e 
presença de exsudato. Presença de Folículos linfóides hiperplásicos e 
espessamento de conjuntiva são sinais mais comuns nas conjuntivites crônicas. 
A seguir, listam-se algumas situações que podem desenvolver conjuntivite 
secundária: 
 
Substâncias químicas irritantes 
Neste grupo é comum o contato com produtos de limpezas e conservantes 
de alguns colírios. Torna-se imprescindível a avaliação da córnea em busca de 
lesões. O diagnóstico é firmado pelo histórico e sinais clínicos, e o tratamento, é 
baseado em limpeza exaustiva do olho com NaCl 0,9%, colírios antiinflamatórios 
esteroidais por 7 a 10 dias e antibiótico (colírio ou pomada) em casos de infecção 
bacteriana secundária. 
 
 
 
 
 
 
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Reações de hipersensibilidade do tipo I, II, III e IV 
Em razão da posição exposta do saco conjuntival e conteúdo do tecido 
linfóide, a conjuntivite alérgica freqüentemente ocorre após a entrada de antígenos 
para o interior do saco conjuntival. A resposta é desencadeada por vários tipos de 
antígenos como pólen, poeira, picadas por insetos, toxinas bacterianas, e pode 
ocorrer em todas as espécies. Os sinais clínicos são: hiperemia, quemose, prurido, 
crostas e folículos conjuntivais. O diagnóstico pode ser formulado com o histórico do 
animal, exame físico, testes intradérmicos, citologia e biópsia. O tratamento consiste 
na administração de corticosteróides tópicos e sistêmicos, anti-histamínicos tópicos, 
antibióticos para infecção bacteriana secundária, tratamento dos sinais clínicos e 
evitar um novo contato com os alérgenos. 
São frequentemente associados a atopia, pênfigo foliáceo ou eritematoso e 
outras dermatopatias alérgicas. Em tratamentos em longo prazo pode-se utilizar 
colírio de ciclosporia de 0,2 a 1%. 
 
Irritação mecânica 
Anormalidades palpebrais, déficit lacrimal, estado imune, fatores irritantes e 
dermatopatias. O diagnóstico é baseado pelo exame ocular, avaliação das 
pálpebras, do sistema nasolacrimal, realização do teste de Schirmer e teste de 
Robert Jones. O tratamento baseia-se na correção da causa determinante e 
administração de colírio de glicocorticóide. 
Dentre as conjuntivites de causas primárias as bacterianas (Staphylococcus 
sp. e Streptococcus sp.) e viral, causada pelo vírus da cinomose, são as mais 
comuns. 
Para o tratamento das conjuntivites bacterianas recomenda-se antibióticos 
de amplo espectro, bacitracina, neomicina e polimixina B (para as bactérias Gram-
positivas), e cloranfenicol, gentamicina e tobramicina (para as bactérias Gram-
negativas). Deve-se também remover as crostas e exsudatos com algodão úmido 
embebido em solução salina ou com materiais comerciais para a limpeza do olho, 
extravasar as glândulas tarsais em casos crônicos, antibioticoterapia sistêmica em 
 
 
 
 
 
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casos graves ou crônicos. Ou se a conjuntivite for secundária à piodermite ou 
seborréia. Recomenda-se colar elisabetano para prevenção da automutilação. 
Na cinomose, a conjuntivite está quase sempre presente nos estágios 
iniciais. Causa eritema grave, secreção serosa combinada com tonsilite, faringite, 
pirexia, anorexia e linfopenia. Principalmente em filhotes, o antígeno viral pode ser 
detectado por métodos imunológicos ou reação em cadeia da polimerase (PCR). O 
tratamento é embasado na administração de antibióticos tópicos e sistêmicos, 
soluções repositórias de lágrima, remoção das crostas e terapia para doenças 
sistêmicas. 
 
Conjuntivite em gatos 
Diferente do que ocorre em cães, a conjuntivite em gatos geralmente é 
desencadeada por causas primárias (vírus ou bactérias). Sendo assim, o uso de 
glicocorticóides gerlamente é contra indicado. Os agentes causadores do complexo 
respiratório superior felino (herpes vírus, clamídia e micoplasma) são 
freqüentemente associados à conjuntivite felina. 
 
Chlamydia psittaci 
A Chlamydia psittaci (bactéria) causa conjuntivite significativa em gatos, e há 
um potencial zoonótico. Esta doença inicialmente unilateral pode atingir o olho 
contralateral em até sete dias; a quemose é marcante e pode estar associada à 
rinite. 
Os principais sinais oculares dessa doença são conjuntiva rosa-acinzentada, 
epífora purulenta, hiperplasia conjuntival e formação dos folículos linfóides. O 
diagnóstico é formulado pelos sinais clínicos, histórico do animal, cultura e teste de 
PCR, raspado de células epiteliais e a demonstração de corpos elementares 
intracitoplasmáticos. A doença responde bem ao tratamento com cloranfenicol ou 
tetraciclina (colírio ou pomada a cada 8h por 21 a 30 dias); em casos severos ou 
para eliminar o estado de portador, deve-se associar a doxiciclina na dose de 5 
mg/Kg a cada 12 h por 30 dias. 
 
 
 
 
 
 
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Herpes vírus felino 1 (HVF-1) 
É a causa mais comum de conjuntivite em gatos. O dano ao tecido ocorre 
devido à lise celular, quando o vírus deixa a célula. A manifestação clínica depende 
da idade do animal e de sua competência imunológica, sendo mais grave em filhotes 
que sofrem uma infecção primária. 
Em filhotes a replicação viral é intensa e pode determinar o desenvolvimento 
da oftalmia neonatal (a Clamídia também pode estar presente). Nos gatos jovens a 
infecção manifesta-se geralmente de forma bilateral, sendo comum a infecção 
concomitante do trato respiratório superior, com sinais de espirros e secreção serosa 
nasal. Também é possível o desenvolvimento de úlceras dendríticas, que são 
observadas com colírio de rosa bengala. Nos casos mais crônicos, a conjuntivite 
pode desenvolver simbléfaro. Em animais adultos ocorre mais comumente a 
manifestação unilateral da doença não sendo obrigatória a presença concomitantede sinais de replicação viral no trato respiratório superior. 
O diagnóstico dessa doença se dá pelo isolamento do antígeno viral, pela 
fluorescência indireta e pelo teste de PCR. O tratamento consiste na administração 
de pomadas de antivirais como idoxuridina, trifluridina ou aciclovir (a cada 12h por 21 
dias) e tratamento convencional para úlcera de córnea (de preferência para 
antibióticos à base de cloranfenicol ou tetraciclina). Estudos demonstram bons 
resultados com interferon alfa 10.000 UI/mL, a cada 8h tópico e L-lisina, 230 a 500 
mg, por via oral, a cada 12h por 30 dias. 
 
Mycoplasma felis 
É uma bactéria da microbiota conjuntival dos gatos e pode ocorrer de forma 
oportunista ou secundária a outras conjuntivites como as anteriormente citadas. A 
cronicidade resulta em espessamento da conjuntiva e formação de 
pseudomembrana. O diagnóstico definitivo necessita de cultura. O Tratamento pode 
ser feito com pomadas ou colírios de tetraciclina, cloranfenicol ou gentamicina a 
cada 6h por 21 a 30 dias. 
Conjuntivites secundárias em gatos estão mais associadas a alterações 
palbebrais ou deficiências do filme lacrimal. 
 
 
 
 
 
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----------------FIM DO MÓDULO II---------------- 
	 
	 
	 
	MÓDULO II 
	 
	Cílios, pálpebras, aparelho lacrimal e conjuntivas 
	Capítulo 3 - Doenças clínicas e cirúrgicas dos cílios 
	 
	Capítulo 5 – Doenças traumáticas e neoplasias das pálpebras 
	 
	 
	Capítulo 6 – Terceira pálpebra e ducto nasolacrimal 
	 
	Capítulo 7 – Conjuntiva

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