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CASOS CONCRETOS – PROCESSO PENAL Caso 1 1 - A Autoridade Policial da 13ª Delegacia de Polícia da Comarca da Capital, que investiga o crime de lesão corporal de natureza grave, do qual foi vítima o segurança da noite TheNight Agenor Silva, obtém elementos de informação que indicam a suspeita de autoria dos fatos ao jovem de classe média Plininho, de 19 anos. O Delegado então determina a intimação de Plininho para que o mesmo compareça em sede policial para prestar esclarecimentos, sob pena de incorrer no crime de desobediência, previsto no art. 330 do CP. Pergunta-se: a. Caso Plininho não compareça para prestar declarações, poderá responde pelo crime do art. 330 do CP? R: Uma parte da doutrina entende que o indiciado que regularmente intimado deixa de comparecer na delegacia, poderia responder pelo crime de desobediência em razão do descumprimento de ordem dada por autoridade pública. Porém, predomina o entendimento de que no Brasil, ninguém está obrigado a produzir provas contra si mesmo, conforme art. 8º, 2, G, do Decreto 678/92, bem como os acusados possuem o direito de permanecer calado, conforme artigo 5º, inciso LXIII da CFRB/88, dessa maneira, o não comparecimento do indiciado, seria uma extensão do direito de permanecer calado, não havendo que se falar em crime de desobediência. b. E se houvesse processo penal tramitando regularmente e o juiz da Vara Criminal intimasse Plininho para o interrogatório, poderia o mesmo responder pelo delito em questão? R: O réu, que, regularmente intimado, não compareceu na AIJ, serão julgado à revelia, somente com a defesa técnica, abrindo mão, momentaneamente, do interrogatório, porém, não há que se falar em crime de desobediência. Caso 2 Jorginho, jovem de classe média, de 19 anos de idade, foi denunciado pela prática da conduta descrita no art. 217-A do CP por manter relações sexuais com sua namorada Tininha, menina com 13 anos de idade. A denúncia foi baseada nos relatos prestados pela mãe da vítima, que, revoltada quando descobriu a situação, noticiou o fato à delegacia de polícia local. Jorginho foi processado e condenado sem que tivesse constituído advogado. Á luz do sistema acusatório diga quais são os direitos de Jorginho durante o processo penal, mencionando ainda as características do nosso sistema processual. R: Os réus, no processo penal, têm direito a uma defesa técnica patrocinada por um defensor constituído de um defensor dativo. No caso concreto, o réu já foi processado e condenado sem defesa técnica, portanto, ele teria direito a um defensor constituído ou um defensor dativo. O sistema processual adotado na CRFB/88 foi o sistema acusatório, ele possui algumas características, são elas: a figura do acusador e a figura do julgador devem estar em pessoas diferentes, os atos processuais são públicos, com a presença do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. Caso 3 Um transeunte anônimo liga para a circunscricional local e diz ter ocorrido um crime de homicídio e que o autor do crime é Paraibinha, conhecido no local. A simples delatio deu ensejo à instauração de inquérito policial. Pergunta-se: é possível instaurar inquérito policial, seguindo denúncia anônima? Responda, orientando-se na doutrina e jurisprudência. R: Alguns autores entendem que a dilatio anônimo não pode da causa a instauração de inquérito pois viola o art. 5, inc. IV da CF que garante a liberdade de pensamento e expressão vedando o anonimato porém predomina o entendimento de que a dilatio anônimo pode dar causa a instauração de um inquérito em razão do principio da proporcionalidade quando houver supremacia do interesse social na operação de infrações penais, entretanto, antes de instaurar o inquérito deve-se realizar a VPI. Caso 4 Em um determinado procedimento investigatório, cujo investigado estava solto, a autoridade policial entendeu com base nos indícios apontados em encerrar a investigação apresentando como termo final, o relatório conclusivo do feito com indiciamento do sujeito, bem como encaminhou as respectivas peças a autoridade judiciária, na forma do artigo 10, parágrafo primeiro do CPP. Tendo como parâmetro o nosso sistema processual penal, analise a questão à luz da adequada hermenêutica constitucional. R: Atualmente, concluído o inquérito o delegado faz o relatório e distribui para uma das varas criminais e o juiz encaminha o inquérito para o promotor de justiça, este poderá oferecer denúncia, requisitar diligências ou requerer o arquivamento. Contudo, em razão do sistema acusatório concluindo o inquérito ele deveria ser encaminhado diretamente para o MP sem a intermediação do juiz. Caso 5 João e José são indiciados em IP pela prática do crime de peculato. Concluído o IP e remetidos ao MP, este vem oferecer denúncia em face de João, silenciando quanto à José, que é recebida pelo juiz na forma em que foi proposta. Pergunta-se: Trata-se a hipótese de arquivamento implícito? Aplica-se a Súmula 524 do STF? R: Sim, trata-se de arquivamento implícito subjetivo. A súmula 524 do STF exige a existência de novas provas para que a ação penal possa ser proposta após o arquivamento o caso concreto trata de um arquivamento implícito, considerado ilegal pelo STF porque dificulta o controle dos princípios da obrigatoriedade e da indivisibilidade, portanto nessa hipótese não há necessidade da observância da súmula 524 do STF, podendo o MP editar a denúncia para incluir o réu que ficou de fora. Caso 6 João, diretor de uma empresa de marketing, agride sua mulher, Maria, modelo fotográfica, causando-lhe lesão de natureza leve. Instaurado inquérito policial, este é concluído após 30 dias, contendo a prova da materialidade e da autoria, e remetido ao Ministério Público. Maria, então, procura o Promotor de Justiça e pede a este que não denuncie João, pois o casal já se reconciliou, a lesão já desapareceu e, principalmente, a condenação de João (que é reincidente) faria com que este perdesse o emprego, o que deixaria a própria vítima e seus três filhos menores em situação dificílima. Diante de tais razões, pode o MP deixar de oferecer denúncia? R: As ações penais políticas são regidas pelo principio da obrigatoriedade, ou seja, o MP não pode deixar de oferecer a denúncia. Assim, presentes os elementos mínimos necessários não podem o MP deixar de fazer por questões de foro íntimo. A referida questão, dispõe acerca de uma ação penal pública incondicionada uma vez que foi praticado no âmbito da violência doméstica. Sendo assim, tendo em vista que existem indícios suficientes da autoria, o MP diante das circunstâncias apresentadas pela vítima, não pode deixar de propor ação penal em razão do princípio da obrigatoriedade. Caso 7 Paula, com 16 anos de idade é injuriada e difamada por Estevão. Diante do exposto, pergunta- se: a) De quem é a legitimidade ad causam e ad processum para a propositura da queixa? Ad causam é de Paula, pois ela possui personalidade jurídica, porém a legitimidade ad processum é da representante legal porque Paula é incapaz menor de 18 anos. b) Caso Paula fosse casada, estaria dispensada a representação por parte do cônjuge ou do seu ascendente? Em caso positivo por quê? Em caso negativo quem seria seu representante legal? Não, pois o casamento produz a emancipação somente para os atos da vida civil, como Paula mesmo casada contava 16 anos ela precisará ser representada preferencialmente por seu ascendente. c) Se na data da ocorrência do fato Paula possuísse 18 anos a legitimidade para a propositura da ação seria concorrente ou exclusiva? O art. 34 do CPP estabelece legitimidade concorrente nos casos em que a vítima possui entre 18 e 21 anos porém com a entrada em vigor do CC de 2002 a maioridade civil foi reduzida para 18 anos não mais havendo necessidade da legitimidade concorrenteportanto caso Paula possuísse 18 anos de idade a legitimidade ativa será exclusiva. Caso 9 1- Aristodemo, juiz de direito, em comunhão de desígnios com seu secretário, no dia 20/05/2008, no município de Campinas/SP, pratica o delito descrito no art. 312 do CP, tendo restado consumado o delito. Diante do caso concreto, indaga-se: a) Qual o Juízo com competência para julgar o fato? R: o juiz de direito possui foro ou prerrogativa de função para ser julgado no tribunal de justiça, o seu secretário, apesar de não possuir foro privilegiado, também será julgado no tribunal de justiça tendo em vista que o crime de peculato não é doloso contra a vida e o CPP determina a reunião de ações na jurisdição de maior categoria. Art 78, III. b) Caso fosse crime doloso contra a vida, como ficaria a competência para o julgamento? R: Nos casos de crime doloso contra a vida, uma posição doutrinária entende que o CPP teria aplicação e ambos os agentes deveriam ser julgados no tribunal de justiça, porém como a competência do tribunal de júri tem previsão constitucional, prevalece o entendimento de que deve haver separação de julgamentos, e o juiz por ter foro por prerrogativa de função estabelecido na CRFB/88 será julgado no tribunal de justiça e o seu secretário no tribunal de júri. Questões objetivas. 1 – c: Mévio é governador do Distrito Federal e pratica um crime comum. Por uma questão de competência originária decorrente da prerrogativa de função, será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça. 2 – a Caso um policial militar cometa, em uma mesma comarca, dois delitos conexos, um cujo processo e julgamento seja de competência da justiça estadual militar e o outro, da justiça comum estadual, haverá cisão processual. Caso 10 Deoclécio, pistoleiro profissional, matou um desafeto de Pezão, a mando deste, abandonando o cadáver numa chácara de propriedade de Lindomar, que nada sabia. Temeroso de que lhe atribuíssem a autoria do homicídio, Lindomar sepultou clandestinamente o cadáver da vítima. Isso considerado, indaga-se: 1 - a) A hipótese é de conexão ou continência? R: Ocorreu continência com cumulação subjetiva e conexão objetiva material. b) Haverá reunião das ações penais em um só juízo? c) Qual será o juízo competente para julgar Cabeção, Pezão e Lindomar? b e c) Sim, haverá reunião de ações em único juízo, devendo todos os crimes serem julgados no tribunal do júri. Caso 12 Após uma longa investigação da delegacia de polícia local, Adamastor foi preso às 21h em sua casa, em razão de um mandado de prisão temporária expedido pelo juiz competente, por crime de descaminho. A prisão fora decretada por 10 dias. O advogado de Adamastor impetrou Habeas Corpus requerendo a sua liberdade provisória com fundamento no art. 310 do CPP. Em no máximo 10 linhas, discorra sobre o exposto acima, analisando as hipóteses de cabimento, prazo da prisão temporária. R: A decretação da prisão temporária apresenta alguns equívocos pois o crime de descaminho não admite essa modalidade de prisão bem como o juiz não poderia ter decretado por 10 dias e sim 5, prorrogáveis por + 5, além disso, o mandado de prisão foi cumprido durante um período noturno no interior da casa do indiciado, com evidente afronta ao definido na normal constitucional. Cumpre ressaltar também o equívoco do advogado que requereu a liberdade provisória, quando o certo seria pedir o relaxamento da prisão. Questão objetiva 1- d: são requisitos da prisão preventiva a sua imprescindibilidade para as investigações do inquérito policial e o fato de o indiciado não ter residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade.
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