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THIAGO RAPHAEL CAMPOS MARCELO VICTOR DUARTE CORRÊA A QUALIDADE DO ENSINO A DISTÂNCIA, NA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE RONDÔNIA, NA PERCEPÇÃO DOS DIPLOMADOS NO CURSO DE FORMAÇÃO DE CABOS PORTO VELHO 2019 RESUMO O objetivo deste artigo é avaliar a qualidade do Ensino a Distância na Polícia Militar do Estado de Rondônia na percepção dos alunos do Curso de Formação de Cabos da PMRO, através de uma pesquisa quantitativa exploratória, cujo instrumento de pesquisa foi um questionário com perguntas fechadas. Os resultados encontrados podem ser um importante ponto de estudo e reflexão acerca de ações que possam contribuir para a melhoria ou aprimoramento na qualidade de ensino ofertada pela instituição referida, e também de outras instituições que ofertam cursos na modalidade de Ensino a Distância voltados para a formação e qualificação profissional. Foram levantados, neste estudo, diferentes fatores em relação ao curso, como a estrutura oferecida, as ferramentas, recursos tecnológicos, material didático, clareza e objetividade acerca das disciplinas e conteúdos abordados, interatividade entre professores/tutores com os alunos, bem como o domínio que têm os profissionais dos conteúdos ministrados. Nota-se pelos dados analisados, que a percepção dos alunos no geral foi satisfatória em relação ao curso, podendo considerar, portanto, que a qualidade do ensino foi satisfatória e atendeu às necessidades dos profissionais formados. Concluiu-se que é importante que os cursos passem por uma avaliação constante, considerando indicativos de qualidade que levem em consideração a percepção dos alunos em relação ao curso, sendo uma forma manter a qualidade do ensino e superar os desafios impostos à sociedade, visto as transformações sociais e as demandas que surgem. Palavras-chave: Ensino à Distância. Formação de Cabos. Qualidade de Ensino. ABSTRACT The objective of this article is to evaluate the students' perception of the PMRO Cable Training Course in the Distance Learning modality, through a quantitative exploratory research whose research instrument was a questionnaire with closed questions. The results obtained can be an important point of study and reflection on actions that can contribute to the improvement or improvement in the quality of teaching offered by the mentioned institution and also of other institutions that offer courses in the modality of Distance Learning focused on the formation and professional qualification. In this study, different factors were studied in relation to the course, such as the structure offered, the technological tools and resources, didactic material, clarity and objectivity about the subjects and contents addressed, interactivity between teachers / tutors and students, as well as the domain they have the content professionals taught. It can be observed from the analyzed data that the students' perception in general was satisfactory in relation to the course, being able to consider therefore that the quality of the education was satisfactory and attended the needs of the trained professionals. It was concluded that it is important that courses pass through a constant evaluation, considering quality indicators that take into account the students' perception of the course, being a way to maintain the quality of teaching and overcome the challenges imposed on society, since social transformations and the demands that arise. Keywords: Distance Learning. Cable Formation. Teaching quality. 1 INTRODUÇÃO A velocidade das inovações tecnológicas e o entendimento da sociedade em relação ao papel das instituições públicas têm afetado a dinâmica da gestão pública, demandando dos profissionais dinamismo, empreendedorismo e incidindo em os matizes das suas relações humanas, quer sejam laborais ou de interesse pessoal. Para então responder a essas expectativas, dentre as necessidades mais imediatas, há a crescente diligência pela capacitação e qualificação de pessoas com o principal desígnio de render melhores serviços públicos, sem descuidar, no entanto, dos desejos íntimos por habilitações, especializações e promoções funcionais, preferencialmente, por meio de um modelo de ensino que não comprometa demasiadamente tarefas tidas sob o prisma da segurança pública como impreteríveis. Assim, para suprir esse complexo rol de necessidade, uma face ainda mais arrojada da tecnologia surge expondo importantes ferramentas no âmbito educacional. Fruto desse panorama, o ensino ofertado na modalidade de Ensino a Distância (EaD) vem sendo amplamente utilizado nas mais variadas cátedras das academias brasileiras, contornadas por discussões que, mesmo a despeito de não serem novidade no campo da pesquisa, agregam sempre bom conteúdo à compreensão do assunto, construindo mecanismos educacionais capazes de superar as barreiras de espaço e tempo, rompendo com algumas limitações próprias das formas tradicionais de ensino, particularmente quanto à modalidade presencial, para atender um cotidiano repleto de exigências próprias do momento contemporâneo. O Ensino a Distância desponta nestas linhas como uma perfeita oportunidade para a ampliação do acesso aos cursos de qualificação profissional, inclusos os que ocorrem em complementariedade ao ensino presencial, mesclando em ocasiões pontuais as formas tradicionais de ensino com a flexibilidade do estudo online a partir de dispositivos conectados à internet. Essa versatilidade, tal qual informa Ribas et al (2017, p. 1602 a 1605), permite ao fim que profissionais de variados segmentos aperfeiçoem seus conhecimentos. A lição de Moran, Masseto e Behrens (2013, p. 59 a 61), ao explicar a performance da Educação a Distância, considera o modelo como um processo de ensino e aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados tanto espacialmente como temporalmente. Nesse modelo, a relação entre educador e educando não é imediata como na metodologia de ensino tradicional conduzida presencialmente em sala de aula, no entanto, segundo o autor, há de toda forma uma verdadeira conexão entre eles por meio das tecnologias, em especial as telemáticas, como a internet. Logo, conforme preconiza Scherer (2016 p. 16 e 24), ainda que exista uma certa distância física entre o professor e o aluno, não é correto acreditar que a modalidade de Ensino a Distância acontece estando o professor ausente, mas, do contrário, deve-se ter a compreensão que para a realização dos cursos dessa espécie há toda uma equipe de coordenadores, professores e tutores trabalhando para que os alunos absorvam conhecimento e tenham sucesso durante o processo de ensino e aprendizagem. E é dessa maneira que o Ensino a Distância vem sendo empregado em diferentes cursos de ensino profissional no Brasil, nestes contidos, os realizados pelas instituições policiais. Sobre isso, Santos e Silva (2018, p. 4) destacam a experiência da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) para a capacitação de profissionais desegurança pública em todo o país, orientada pelo desejo de que o ensino pudesse desde os primeiros momentos alcançar todas as regiões do Brasil, até que em 2005, a oferta passa a acontecer por meio da modalidade de Ensino a Distância em plataformas online, gerando capacitação contínua aos servidores do segmento da segurança pública. Assentado nesse modelo, então, é possível proporcionar educação sem atravancar as particularidades de cada instituição e independentemente da localização geográfica do servidor civil ou militar (SANTOS; SILVA, 2018, p. 3 e 4; CORRÊA, BOSTELMANN e NOGUEIRA, 2013, p. 19). Outras destacadas experiências da utilização do Ensino a Distância por profissionais de segurança pública podem ser observadas também com o advento da Escola Virtual da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (EVPMERJ), subordinada ao Centro de Qualificação de Profissionais de Segurança (COSTA, 2017, p. 2) e também na criação da Gerência de Ensino a Distância (GEAD) da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Estado de Goiás (REZENDE; LOPES, 2013, p. 17). Esforços no sentido aproveitar o Ensino a Distância também passaram a ser utilizados por parte da Polícia Militar do Estado de Rondônia (PMRO). Corrêa, Bostelmann e Nogueira (2013) discorrem que apesar de ser necessário que a Corporação promova frequentes cursos de formação ou aperfeiçoamento com certa frequência, tanto interior como também na capital do Estado, outras imprescindíveis necessidades da PMRO precisam ser observadas para a efetivação dessas jornadas de ensino, por exemplo: a indispensabilidade de manter o policiamento ostensivo nas mais diversas localidades de Rondônia e as dificuldades de ordem financeira e logística para executar cursos que envolvem policiais militares dispersos por toda Rondônia. Ponderadas essas questões, reputa-se como vital ao aprimoramento do Ensino a Distância na Polícia Militar do Estado de Rondônia a condução de pesquisa a respeito do modelo adotado, levando-o a escrutínio segundo a percepção dos profissionais que foram submetidos a esse modelo de ensino. A premissa é que para além dos investimentos necessários, é fundamental possuir tecnologia suficiente e compatível, infraestrutura de ensino e docentes qualificados às especificidades de cada formação. Assim, a considerar esses argumentos assinalados, qual vem sendo a qualidade do Ensino a Distância na Polícia Militar do Estado de Rondônia? Na busca de respostas tangíveis o presente artigo tem por objetivo investigar a qualidade do Ensino a Distância na Polícia Militar do Estado de Rondônia, aprofundar a discussão da literatura científica existente e, ao final, apresentar a percepção dos concludentes no Curso de Formação de Cabos na modalidade EaD. Este estudo de natureza aplicada e de abordagem qualitativa teve a finalidade de descrever o cenário do ensino na modalidade a distância na PMRO, adotando como procedimento da metodologia o estudo de campo. A coleta de dados da pesquisa se deu por meio de aplicação de questionário integralmente formado por questões neutras e objetivas, a partir da escala de Likert para medir a percepção do entrevistado. (LUCIAN, p. 10 a 16) A pesquisa permitiu inferir que a apesar da compreensão positiva dos alunos quanto à qualidade do ensino a distância na Polícia Militar do Estado de Rondônia é possível sinalizar um grau de deficiência quanto ao processo de avaliação da qualidade do curso por parte dos alunos formados, necessitando, portanto, de aprimoramento. 2 A ESTRATÉGIA E DO ENSINO A DISTÂNCIA E A SUA QUALIDADE Em uma sociedade cada vez mais dinâmica e em constante processo de transformação, se tornou imprescindível que a formação de profissional se agregue as novas tecnologias, tendo por intuito precípuo a inclusão das pessoas no mundo digital. Firme no pensamento de Seegger, Canes e Garcia (2012, p. 1888), com o emprego de tecnologias no processo de ensino/aprendizagem novas possibilidades passaram a ser identificadas com a democratização de acesso aos mais diferentes graus e modalidades de educação. De acordo com Oliveira e Moura (2015, p. 76), para as demandas de formação, como as diversas existentes na área da segurança pública, é importante que no contexto atual de forte presença da tecnologia em todos os âmbitos da sociedade, as áreas formativas educacionais possam também se apropriar dos recursos tecnológicos para o desenvolvimento dos processos de ensino e aprendizagem. Em texto literal: “A educação não escapa dessa mudança. Cada vez mais a tecnologia se faz presente na escola e no aprendizado do aluno”. 2. 1Demandas do Ensino a Distância nas instituições de segurança pública do Brasil À vista disso, consoante ao pensamento de Costa (2017, p. 3), o Ensino a Distância é capaz de conciliar os aspectos de formação profissional de qualidade sem, necessariamente, ter que afastar o policial militar da sua atividade finalística, cujo serviço de peculiaridades singulares é intensamente reclamado pela sociedade. A respeito das demandas pela educação a distância nas instituições de segurança pública, o grande motor desse fomento foi sem dúvida a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) no Governo Federal que no ano de 2005 criou a Rede Nacional de Educação a Distância para profissionais de segurança pública, com a missão de proporcionar conhecimento a todo o país, superando restrições sociais e geográficas e atingindo um triplo objetivo: alcançar um grande público, gerar aprimoramento técnico e padronizar procedimentos (SANTOS; SILVA, 2016, p. 4). Esse processo de qualificação dos profissionais da área de segurança pública, segundo Fernandes (2011, p. 51) é gradativo, intenso e se desenvolve a cada ciclo buscando atender as demandas dessas profissões, aperfeiçoando o modelo de avaliação da aprendizagem e o acompanhamento das ações dos alunos no ambiente virtual, desde o acesso até o final do curso. Observando essas características da profissão policial militar, alguns obstáculos à formação permanente vem sendo superados no Brasil igualmente pelas corporações policiais com o empreendimento de plataformas de Ensino a Distância, como se verifica na Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) e na Polícia Militar do Estado de São Paulo, que passaram a capacitar seus efetivos distribuídos em diversas regiões dos seus respectivos Estados com emprego de tecnologia de educação (BERBEL, ROSAS e RIBEIRO, 2015, p. 2 e 3;). Do mesmo modo, na Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, cujo embrião foi a denominada Instrução Modular em 1998, onde policiais recebiam conjuntos de módulos com disciplinas de interesse da corporação e em datas previamente agendadas eram convocados aos quartéis para realizar as avaliações (HACKBARTH, 2006, p. 26). No bastidor dessa literatura, o juízo de ponderação percorre toda a sistematização a respeito da formação continuada dos profissionais da segurança pública, voltada para capacitar profissionais que são expostos às mudanças sociais em uma atividadecomplexa e que estão dispostos quase sempre em áreas geograficamente extensas e heterogêneas (BERBEL, ROSAS e RIBEIRO, 2015, p. 3), cujo ensino de qualidade, para tanto, se notabiliza como condição essencial para ofertas de bons serviços à sociedade. Desse modo, resta inequívoco que o modelo de Ensino a Distância se desdobra com efetividade em todo país por diversas instituições policiais militares, bem como também é patente que essa ferramenta traz consigo - desde muito tempo - novas e excelentes possibilidades de educação profissional. De toda sorte, como componente da incessante renovação tecnológica, há o discernimento de que os desafios desse modelo de ensino são e, provavelmente, sempre serão grandes, visto que garantir qualificação e aperfeiçoamento aos profissionais da segurança pública, indica ser uma tarefa complexa e que requisita bons métodos, estrutura, qualificação de docentes, dentre outros importantes parâmetros. 2. 2A gestão da qualidade do Ensino a Distância Questões estruturais do modelo de Ensino a Distância precisam ser sopesadas. Para tanto, é necessário voltar-se para as questões relacionadas ao ambiente de aprendizado, tais como: salas de aula, bibliotecas, corpo docente, infraestrutura tecnológica, meios de avaliação, dentre outros elementos educacionais que igualmente devem ser considerados. Segundo Nielsen (2010) e Jarvis (2014) apud Bielschowsky (2018, p. 3), “contribuir para um aumento significativo de matrículas e, como consequência, para o índice de envolvimento no ensino superior, com grande potencial de transformação social, mostra de forma inequívoca a importância que a educação superior a distância vem assumindo no Brasil”, todavia, é crucial verificar se tão somente este crescimento em números é suficiente. Nesta mesma lição, relata o articulista que inúmeros trabalhos evidenciam que a educação a distância, não obstante cresça em número de oferta, só será benéfica se for realizada com qualidade. Para iluminar essa gestão da qualidade do Ensino a Distância, Sartore (2011, p. 43 e 44) esclarece que em vista da ampliação desta modalidade de ensino o Ministério da Educação e Cultura (MEC) fixou diretrizes básicas de qualidade do ensino para as instituições que ofertam cursos a distância. Essas diretrizes, conforme aduz a autora, têm a finalidade de assegurar qualidade nos processos de educação a distância e, também, refrear a precarização da educação verificada em alguns modelos e ofertas indiscriminadas sem garantias de que os cursos terão condições para serem desenvolvidos com qualidade. Definindo esses referenciais de qualidade com muita propriedade, portanto, a Secretaria de Educação a Distância do MEC prescreveu que os Projetos Pedagógicos dos cursos dessa modalidade obrigatoriamente devem compreender os seguintes tópicos: Concepção de educação e currículo no processo de Ensino e aprendizagem; Sistemas de comunicação; Material didático; Avaliação; Equipe Multidisciplinar; Infraestrutura e apoio; Gestão acadêmico-administrativa e Sustentabilidade financeira (BRASIL, MEC, 2007, p. 7). Em consonância com a pesquisa de Oliveira, Magalhães e Fialho (2012, p. 409 e 410), infere-se que a partir da definição desses parâmetros nasce o encargo de gerir e avaliar o processo de ensino e aprendizagem por meio indicadores, consubstanciados em metas previamente estabelecidas, que simplifiquem a leitura dos resultados e que permitam a correção de rumos do ensino ofertado quando necessário. 2. 1. 1 O uso de indicadores na gestão de resultados De acordo com Bottani (1994) apud Andriola e Araújo (2016, p. 522), no campo educacional, indicadores são recursos que propiciam informação relevante acerca de ângulos significativos da realidade e normalmente consistem em dados quantitativos, todavia, não obstando que em muitos casos resultem em descrições qualitativas da realidade educacional. Relativamente ao manejo dos indicadores Aguiar (2019, slides. 10 a 15), ilustre docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), ensina que para a maioria dos estudiosos os indicadores são constituídos para quantificar, avaliar ou monitorar as múltiplas dimensões dos processos de gestão públicas e privadas - neles naturalmente a atividade educacional - e funcionam para auxiliar a gestão do trabalho com vistas à eficiência, eficácia e efetividade daquilo que é realizado e, segundo o citado professor, podem atuar em várias dimensões. Veja-se: Dimensão Operacional: pode estar relacionado a custo, prazos, capacidade dos policiais, aquisição de equipamentos, palestras realizadas em ambientes-alvo, etc. Dimensão Desempenho: tem a ver com aspectos relacionados à redução da taxa de criminalidade, melhora na produtividade da força de trabalho, melhora no desempenho das avaliações do ensino médio, etc. Dimensão Eficiência: diz respeito à utilização ótima dos recursos financeiros, materiais e humanos em relação às atividades e resultados alcançados. Dimensão Eficácia: refere-se ao estabelecimento de relações ótimas entre as ações planejadas e realizadas quanto a objetivos, metas e resultados. Dimensão Efetividade: refere-se ao nível ótimo de satisfação no que diz respeito à incorporação de resultados esperados de ações realizadas nos processos de gestão estratégica. (AGUIAR, 2019, slide 14). Por esta lógica, os indicadores de gestão são medidas de natureza quantitativa ou qualitativa cujo conteúdo particular é utilizado para organizar e obter informações relevantes sobre os aspectos que compõem a pesquisa, e mesmo aqueles que versam meramente sobre medidas de qualidade (qualitativos-subjetivos), por serem auferidos geralmente por meio de pesquisas, entrevistas de opinião ou observação direta, merecem ser acreditados. Nessa mesma esteira, de acordo com Oliveira, Magalhães e Fialho (2012, p. 410), os indicadores têm como característica principal a mensuração de resultados e comportamentos, fugindo de uma abordagem exclusivamente subjetiva, podendo também serem compreendidos como critérios que recomendam quais caminhos precisam ser percorridos por ocasião do planejamento ou mesmo durante as fases de implantação e desenvolvimento das atividades da educação à distância. Em suma, segundo esses autores, os indicadores mostram quais foram os comportamentos encontrados e auxiliam a localizar soluções acerca da relação entre professores e alunos em um ambiente não presencial, bem como encontrar soluções às questões que merecem ser valorizadas por possuírem aptidão de gerar transformação institucional. E, sem embargo dos indicadores em última análise não conseguirem apontar com total precisão os comportamentos e circunstâncias, pois, dada a sua expressão também subjetiva, esses parâmetros quer sejam de controle de processo ou de verificação de desempenho, operam como certeiros sinalizadores e permitem aos gestores o monitoramento das ações que precisam ser corrigidas, preservadas, estimuladas ou potencializadas para conquista dos resultados planejados. 2. 3O ensino a distância na Polícia Militardo Estado de Rondônia O Ensino a Distância na formação de policiais militares vem sendo há alguns anos uma realidade no Brasil. Mediante as discussões e reflexões expressadas no decorrer do artigo, é importante discorrer sobre o que foi proposto em 2013 ao governo do Estado de Rondônia, um projeto importante que visou atender as demandas locais por formação e qualificação profissional, bem como a superação de barreiras demográficas. Nessa importante proposta buscou-se dinamizar o sistema de formação continuada em Polícia Militar, tendo como importante ponto a ser alcançado, a criação de um ambiente de disseminação de conhecimento e interação moderno, com busca de conhecimento via rede de computadores, podendo contribuir dessa para o aprimoramento e qualificação profissional de policiais militares, estimulando-os a um contínuo aperfeiçoamento. A Lei N. 3.105, de 25 de junho de 2013 trouxe a consolidação dessa proposta de melhoria, onde “Dispõe sobre a criação, no âmbito da Secretaria de Estado de Segurança, Defesa e Cidadania - SESDEC, do Programa de Formação, Especialização e Aperfeiçoamento dos Profissionais da Segurança Pública do Estado de Rondônia, na modalidade de Educação a Distância, prevê as despesas concernentes à sua implantação e dá outras providências.”, de forma inédita a Lei dispõe sobre a criação de cargos para a condução do ensino a distância, do qual citamos: coordenador-geral, coordenador de curso, professor pesquisador/conteudista, professor tutor e auxiliar técnico. A Diretriz Geral de Ensino da Polícia Militar, é o documento que normatiza as atividades de ensino dentro da Polícia Militar do Estado de Rondônia e prevê em sua legislação o Ensino a Distância aplicado aos Policiais Militares. 2. 1. 2 O modelo de formação de Cabos na Polícia Militar do Estado de Rondônia No ano de 2013 a Polícia Militar do Estado de Rondônia tinha a necessidade de formação de 715 (setecentos e quinze) profissionais que estavam na graduação de soldados, para realizarem o Curso de Formação de Cabos (CFC) para acenderem a graduação de cabos, há época era quase 1/5 do efetivo da Polícia Militar, e prejuízo para a atividade operacional seria muito grande, uma vez que os cursos eram realizados nas sedes de polos dos batalhões, ficando as cidades onde os policiais militares atuavam desguarnecidas. Nos estudos apresentados no ano de 2013, um curso presencial para 680 alunos totalizava o valor de R$ 1.917.775,80 (um milhão, novecentos e dezessete mil, setecentos e setenta e cinco reais e oitenta centavos), já o mesmo curso aplicado na modalidade de ensino a distância teria um custo total de R$ 167.300,00 (cento e sessenta e sete mil e trezentos reais), trazendo ao Estado uma economia de aproximadamente R$ 1.750.475,80 (um milhão, setecentos e cinquenta mil, quatrocentos e setenta e cinco reais e oitenta centavos), viabilizando a época a realização do curso em sua plenitude. CORRÊA, BOSTELMANN e NOGUEIRA, 2013, p. 13). A opção pela formação na modalidade a Distância foi adotada naquele ano, e os Policiais Militares permaneceram nas localidades onde serviam realizando o curso, para um total de 715 profissionais no ano de 2013. Após a conclusão do Curso de Formação de Cabos, houve uma aceitação muito positiva por parte dos alunos do curso, onde as vantagens foram identificadas também pelos gestores da corporação. Durante os anos subsequentes outras formações a Distância aconteceram e, recentemente, no ano de 2018, motivado por uma reestruturação administrativa, foram realizados mais 4 (quatro) Cursos de Formação de Cabos nesta modalidade, todos com 3 meses (três) meses de duração, totalizando 12 disciplinas. Assim, somente em 2018 um total de 1649 (mil, seiscentos e quarenta e nove) soldados concluíram a formação em discussão. 3 METODOLOGIA O presente estudo tem como objeto a mensuração da qualidade do Curso de Formação de Cabos da Polícia Militar do Estado de Rondônia (PMRO), na modalidade de Ensino a Distância, segundo a percepção dos profissionais formados. Este estudo é de natureza aplicada com a finalidade de descrever o cenário do ensino na modalidade a distância na PMRO, portanto, descritiva, que para Siena (2007, p. 65) “[...] objetiva a descrição das características de certa população ou fenômeno ou estabelecer relações entre variáveis”. Com relação aos procedimentos técnicos da pesquisa, optou-se por um estudo de campo delineando a análise em um corte transversal, onde os dados são coletados em um ponto temporal e, assim, descrever a população em estudo de um determinado momento. Similar ao respectivo levantamento, o estudo de campo se caracteriza por possuir menor abrangência e maior profundidade, buscando maior aperfeiçoamento da problemática do ensino a distância nos Cursos de Formação de Cabos, único grupo em termos de estrutura social que atende as necessidades da pesquisa. Quanto aos instrumentos de coleta de dados, além das fontes bibliográficas e secundárias de dados, a contribuição se deu por meio da aplicação de questionário, que para Lakatos e Marconi (2010, p. 184) “[...] é constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.” Seguindo o planejamento da pesquisa, um questionário constituído por 21 (vinte e uma) questões de múltipla escolha a partir de uma escala tipo Likert foi encaminhada ao entrevistado via correio eletrônico. Assim, o público alvo, conforme já mencionado, enquadrou cerca 2.560 (dois mil quinhentos e sessenta) policiais militares concludentes do Curso de Formação de Cabos na modalidade de Ensino a Distância. Inicialmente, foi indagado a respeito do ano de formação dos respondentes, apurando-se que 64,5% (sessenta e quatro inteiros e cinco por cento) obteve a formação no ano de 2018 e o restante de 35,5% (trinta e cinco inteiros e cinco por cento) em turmas anteriores. Em sua abordagem foram considerados vários fatores em relação ao curso e a sua qualidade, especificamente os relacionados às ferramentas pedagógicas e metodologias, relacionamento aluno/professor, conteúdo do curso, provas e avaliações, local de encontros presenciais, o ambiente virtual de aprendizagem, dentre outros elementos considerados relevantes para a qualidade do curso. Posteriormente, foi obtido a resposta de 709 (setecentos e nove) concludentes afirmando terem tido o aproveitamento integral no citado curso. Com o retorno do questionário, devidamente respondido, passou-se para a fase de organização e exame dos dados, valendo-se da análise e conteúdo, que para Bardin (2004, p.37 apud SIENA, 2007) é: [...] um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter [...] indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. Assim, no estudo dos dados foi profundamente considerado o referencial teórico aplicável e desenvolvido neste trabalho, realizando, finalmente, uma discussãodos dados coletados a partir de reflexões e relações pertinentes. Os resultados desta análise são apresentados a seguir. 4 RESULTADOS Demonstra-se com o resultado da pesquisa a percepção dos alunos referentes à cada um dos indicadores considerados relevantes para a qualidade do ensino, o que pode servir também como contribuição para outras pesquisas na área. As duas primeiras questões abordam a respeito da objetividade e clareza na apresentação dos objetivos, ementa e a metodologia de ensino adotada pelo curso. Tal questionamento é muito válido pois se trata das primeiras impressões dos alunos com relação ao curso. Gráfico 1 – Apresentação da ementa e dos objetivos no início de cada disciplina Fonte: dados da pesquisa Considerando que a ementa seja o primeiro contato dos alunos com o material que será trabalhado ao longo do curso ou da matéria, de acordo com Barbosa e Carvalho (2015, p. 18), a estruturação desse material precisa atender as necessidades tanto do curso quanto dos alunos, sendo adaptada para a realidade EaD. Isso significa que a linguagem, a forma de apresentação e a aparência são de extrema importância pois este material precisa apresentar uma linguagem adequada aos alunos, apresentando texto e objetivos claros, facilitando o entendimento. De acordo com as respostas, é possível compreender que a estrutura da apresentação dos objetivos e conteúdo do curso foi apresentada de forma adequada, visto apenas uma minoria indicou que os objetivos não foram apresentados de forma clara, o que pode indicar uma possível dificuldade particular, e não uma falha da apresentação do curso. No contexto do EaD, tanto educadores quanto educandos precisam adotar novas formas de se relacionar para trocar conhecimento, se trata da criação de uma nova rotina, novas atitudes, novas formas de organizar o conhecimento, novas leituras, entre outros (SCHERER, 2016, p. 27). Com relação à metodologia, especificamente, as respostas indicam, como na questão anterior, que grande parte dos alunos responderam positivamente a respeito da metodologia ser apresentada de forma esclarecedora, o que é um bom indício pois, para que haja uma boa relação entre o aluno e o conteúdo que será desenvolvido ao longo do curso, é fundamental que haja entendimento e clareza nas informações. Partindo deste entendimento, Scherer (2016, p. 10) aponta que a relação entre professor, aluno e conteúdo precisa ser intermediada por recursos tecnológicos como computadores, telefone, videoconferência, acesso à internet. A respeito deste tema, Costa (2016, p. 43) coloca: Por ser uma modalidade que só apresenta viabilidade econômica se trabalhada com larga escala (muitos alunos), é possível que a relação entre professores e estudante comprometa a interatividade, elemento de sustentação da qualidade do processo ensino-aprendizagem da EAD. Este é um desafio que terá que ser enfrentado se não quisermos cair na armadilha da massificação do ensino de baixa qualidade. Como corolário deste desafio surge a afetividade. A distância física não deverá isolar o aluno do professor. A interatividade, sempre presente, resgata a relação afetiva entre os sujeitos da educação, dificultando o sentimento de isolamento e de solidão tão declarados em pesquisas sobre evasão. A afetividade ajuda a constituir a identidade do sujeito, tomando como base o pensamento do educador Piaget, o conceito de turma aberta pode inibir esta relação tão cara à educação de uma maneira geral. Há de se preocupar com este aspecto que ajuda enormemente na integração e no conceito de coletividade. Neste contexto, indaga-se na terceira questão, acerca dos recursos de convívio disponíveis, que intermediam a relação professor e aluno, e a partir das respostas, foi possível compreender que os recursos disponíveis aos alunos são suficientes, pois grande parte das respostas (83%) foram positivas. Tais recursos englobam videoconferências, chats, telefonemas, entre outras tecnologias que permitem a conexão aluno-professor. Conforme proposto por Oliveira, Magalhães e Fialho (2012, p. 409 e 410), é importante que os cursos EaD tenham indicadores que possam evidenciar a qualidade do acompanhamento das atividades pelos alunos, sua execução, os resultados, o alcance das metas, a qualidade da metodologia adotada, a atuação dos professores, entre outros elementos importantes para garantir a qualidade e corrigir possíveis erros. Outra questão estudada foi a organização do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), e se esta organização facilitou ou não o processo de aprendizagem. O AVA se caracteriza como um espaço eletrônico no qual o aluno interage com o conteúdo disponível, seria o local de aprendizagem, o que substitui a sala de aula nos moldes de ensino tradicionais. De acordo com o que apresenta Costa (2016, p. 33), estes ambientes disponibilizam para o aluno diversas mídias que este poderá utilizar ao longo do curso, sendo fóruns, chats, bibliotecas virtuais, tarefas, entre outras relativas ao seu processo de formação. Ainda segundo a autora, é importante que este ambiente oferece ao aluno a interação adequada entre este, educadores e conteúdo; é importante que seja um ambiente amigável, de forma que o aluno possa realizar suas atividades sem se sentir abandonado. Com isso, a organização e a disponibilização de conteúdos nestes ambientes são importantes para que seja construída uma interface que não intimide o aluno e que favoreça seu aprendizado, sem dificultar seu acesso aos materiais e espaços necessários. Apenas 13,3% dos participantes optaram pelas respostas que indicam desorganização no ambiente online, indicando uma possível dificuldade. A sensação de desorganização do ambiente online pode desmotivar o aluno a realizar suas tarefas, visto que uma das principais características do EaD é a possibilidade do aluno determinar seu próprio horário de estudo e atividades; assim, conforme foi apontado por Costa (2016, 38 e 59), a interface do AVA e a organização de seus conteúdos precisam serem convidativas e bastante clara. No contexto do ensino da Polícia Militar, o ambiente virtual pode ser adaptado assim como ocorreu no caso da capacitação da Polícia Militar Rio de Janeiro, conforme apresenta Costa (2017, p. 5): A partir dos cursos realizados em 2017 a plataforma utilizada passou a ser o Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment), em substituição a uma plataforma desenvolvida internamente, em face dos constantes problemas que causavam transtornos ao andamento das atividades educacionais, passando a mesma a ser a plataforma oficial de trabalho da Escola Virtual (...) Diante da colocação em prática do Moodle fez-se necessário algumas adaptações, tendo em vista o sigilo de algumas informações, bem como a restrição de acesso aos usuários específicos dos cursos. Com isso desenvolveu-se internamente algumas adaptações ao sistema de login e certificação de dados, ou seja, o usuário é registrado na plataforma através de um sistema externo aoMoodle, que de acordo com os dados inseridos pelo usuário, as informações são certificadas junto ao banco de dados do Sistema de Pessoal da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e se confirmadas, o usuário é adicionado ao banco de dados do AVA. Da mesma forma foi criado um sistema acadêmico, que quando o usuário entra no mesmo, tem acesso aos seus cursos em andamento, concluídos, certificados, etc., e ao clicar no link dos cursos em andamento, automaticamente é direcionado para o interior do Moodle, referente ao curso desejado. Tal sistematização dos processos adequou-se a realidade desejada pela instituição, trazendo simplicidade e segurança ao usuário e à PMERJ. Assim, entende-se que este ambiente pode ser modificado conforme as necessidades da instituição e dos alunos, podendo ser estruturado de maneira favorável ao ensino e aprendizagem. O material didático, elemento importante na modalidade EaD, também foi objeto da pesquisa; é preciso utilizar materiais que favoreçam a aprendizagem dos alunos, especialmente quando se trata de um ambiente dinâmico como o AVA. De acordo com Moreira (2014 p. 2791), o material precisa estar de acordo com o que é expresso no Projeto Político Pedagógico (PPP) e precisa ser elaborado com foco em facilitar a construção de conhecimento, estando de acordo com o que é proposto pelo curso. Se trata da principal ferramenta de apoio, especialmente na modalidade EaD, caracterizada por um certo distanciamento entre educador e educando; neste caso o material precisa suprir a falta de um professor presente a todo momento, apresentando uma linguagem dialógica, tom coloquial e tendo a característica de ser motivador. Gráfico 2 - Material didático, literatura e referências atualizados Fonte: dados da pesquisa Com base nos dados coletados, apesar de a maioria dos entrevistados se mostrar satisfeitos com o material adotado pelo curso, entendendo que o material didático reuniu a literatura atualizada e compreensível, ainda existem aqueles que não sentem que o material seja adequado; é importante também analisar a quantidade de respostas que indicam indiferença quanto ao material, pois este pode ser um indicativo de que falta ainda alguma mudança que possa transformar estes materiais em elementos motivadores para estes alunos, conforme indicado por Moreira (2014, p. 0279). Existem algumas características importantes que precisam ser consideradas na hora de elaborar o material didático para EaD: - Privilegiar, tanto quanto possível, a articulação entre os conteúdos dos módulos de acolhimento, de forma a favorecer uma aprendizagem contextualizada e significativa. - Mobilizar os conhecimentos prévios dos alunos, fazer uso de casos e exemplos do cotidiano, de modo a facilitar a incorporação das novas informações aos esquemas mentais preexistentes. - Contemplar aspectos motivacionais e de facilitação da compreensão, usando recursos linguísticos e imagéticos variados. - Explicitar aos alunos, de forma clara e precisa, os objetivos de aprendizagem gerais e específicos a serem trabalhados em cada bloco temático, quer sejam unidades, módulos, aulas etc. Também se devem articular os objetivos propostos em cada bloco, utilizando, se possível, mapas conceituais. - Utilizar uma linguagem amigável, clara e concisa, em tom de conversação. (MOREIRA, 2014, p. 4). Na sexta questão, a indagação aos respondentes foi em relação aos professores/tutores, no que diz respeito à prontidão e esclarecimento perante dúvidas. Na modalidade EaD, a tutoria se trata da organização de ações educacionais que auxiliam no processo de aprendizagem, podendo compreender ações como: orientações, acompanhamento, avaliação, articulação dos conteúdos, organização e desenvolvimento de interação entre professores e alunos. Neste âmbito, os professores são os atores responsáveis pela elaboração e desenvolvimento das aulas (SCHERER, 2016, p. 40). Ou seja, na modalidade de EaD, você tem acesso a professores e tutores que lhe acompanham durante todo o desenvolvimento do curso. Para contribuir com a tutoria dos alunos, em algumas instituições, há um grupo de monitores, responsáveis por acompanhar o andamento das ações a distância dos alunos, orientando-os quanto a dúvidas de cunho técnico no uso de materiais e ambientes. (SCHERER, 2016, p. 40). Com isso, percebe-se que apesar da distância existente entre aluno e professor, não se trata de um curso que não existe professor. Os alunos contam com a disponibilidade dos instrutores para sanar dúvidas e outras interações a favorecer da aprendizagem. As respostas dos participantes, em sua maioria, foram positivas, indicando que os professores e tutores do curso se apresentaram prontamente disponíveis para os alunos. Ainda no que diz respeito aos professores do EaD, estes precisam ser capacitados para orientar seus alunos, aconselhá-los e realizar tutoriais; precisa dominar as tecnologias envolvidas no processo de ensino, assim como as tecnologias de comunicação e, por fim, precisam ter formação específica na área de atuação, podendo oferecer aos alunos conteúdo de qualidade (SCHERER, 2016, p. 41). Em relação à sétima questão foi perguntado acerca do domínio de conteúdo por parte dos professores/tutores. As respostas indicaram que 58,1% dos respondentes concordaram acerca do domínio de conteúdos por parte dos professores/tutores; e 17,1% concordaram totalmente. Entre os que discordam da afirmação, o percentual foi de 10%; e 14,1% disseram ser indiferentes ao tema. Tais números indicam uma satisfação da maioria dos respondentes com relação à capacidade dos professores em dominar o assunto. Por domínio de conteúdo, entende-se a capacidade do professor de realizar interação entre os conteúdos do curso com o material didático disponível, de forma a tornar o ensino mais dinâmico; sua capacidade de realizar uma avaliação eficiente da aprendizagem dos alunos, de forma a identificar suas dificuldades e poder realizar uma orientação adequada para cada caso; clareza na resposta às dúvidas dos alunos, e o claro estabelecimento das regras para o desenvolvimento das atividades e trabalhos (SCHERER, 2016, p. 42). A oitava questão abordou o tema dos recursos tecnológicos, buscando compreender se os alunos consideram que estes são suficientes. Esta questão pode se relacionar com a terceira, que buscava avaliar a utilização dos recursos disponíveis para conectar os alunos e os professores. Além disso, os recursos tecnológicos se tratam dos materiais que permitem a viabilização do EaD, como o ambiente AVA, internet, material digitalizado, programas que permitem videoconferências, entre outros. A respeito deste tema é importante abordar que, ainda que o acesso a recursos tecnológicos seja crescente em todo o mundo, as pessoas ainda podem ser afetadas pelo que conhecemos como exclusão digital. Este fenômeno ocorre por conta da desigualdade social, que acaba afetando a esfera digital pois nem todos tem acesso a todos os recursos digitais de forma igual (DUS; DUMBRA, 2014, p. 156).Gráfico 3 – Adequação dos recursos tecnológicos Fonte: Dados da pesquisa Isso indica que alguns dos alunos acreditam que os recursos tecnológicos não foram suficientes, isso pode ocorrer tanto pela dificuldade de acesso e compreensão destes recursos pela exclusão social citada por Dus e Dumbra (2014, p. 152 a 153), quanto por uma possível falha de escolha dos recursos, o que é pouco provável pois no total, 85% dos participantes acreditam que os recursos são suficientes Já no que diz respeito ao conteúdo da disciplina e a sua relação com à profissão, os profissionais formados no curso responderam de forma que se compreende uma satisfação considerável dos participantes, onde 58,7% disseram concordar que o conteúdo da disciplina estava relacionado com a realidade profissional; e 21,9% concordaram totalmente. Dentre aqueles que discordam da afirmação, o percentual foi de 10,3%. De acordo com Rocha e Batista (2006, p. 4): Através dos diversos conteúdos disponíveis no portal do conhecimento, ordenados e classificados dentro das áreas de concentração de estudos, o policial militar terá, a partir de seu interesse, acesso ao material on-line que servirá como base teórica para aprimorar seu conhecimento. Assim, evidencia-se a importância da estruturação de materiais que possam ser favoráveis à capacitação e aprimoramento dos conhecimentos dos profissionais. Em relação ao tratamento dos professores e tutores com os alunos do curso, também foi identificado boa avaliação na percepção dos alunos formados, de forma que aproximadamente 89% dos alunos concordaram que os professores e tutores tratavam os alunos de forma cordial, educada e prestativa. Isso indica um bom relacionamento, aspecto que favorece a comunicação e, portanto, a aprendizagem. Também foi perguntado sobre a relação entre professores/tutores e alunos no que diz respeito à interação. Com relação àqueles que concordaram que existiu alto nível de interatividade entre professores/tutores e alunos, o percentual foi de 46,5%; já os que concordaram totalmente o percentual foi de 11,8%, totalizando 58,3% de alunos satisfeitos com este aspecto. O percentual daqueles que se disseram indiferente à questão, foi de 24,7% e a discordância foi de 14,8% dos respondentes. Esta questão se relaciona com o que foi apresentado por Scherer (2016) quanto à disponibilidade dos professores e tutores para tirar dúvidas, correlacionar conteúdos, orientação, avaliação, entre outras atividades pertinentes. Acerca do modelo de apresentação dos recursos, tem-se os seguintes resultados: Gráfico 4 – Manuseio dos recursos Fonte: Dados da pesquisa A avaliação deste aspecto é importante pois, apenas com um manuseio eficiente por parte dos alunos, estes poderão tirar o máximo proveito do conteúdo que lhes é apresentado. Gráfico 5 – Manuseio dos recursos Fonte: Dados da pesquisa Tal questão se relaciona à percepção individual a respeito dos recursos apresentados, podendo este ser um indicador para possíveis mudanças e adaptações dos recursos para que a porcentagem de alunos satisfeitos possa crescer. Sobre as contribuições do ensino para o aperfeiçoamento técnico-profissional, houve uma aprovação positiva, onde 61,8% disseram concordar que houve contribuições, e 26,5% concordaram totalmente. Este tema se reporta à lição de Rocha e Batista (2006, p. 2 e 4) a respeito da importância dos materiais e do curso como um todo serem estruturados de forma a permitir que os profissionais possam se aperfeiçoar quanto aos seus conhecimentos As três questões seguintes, (15, 16 e 17) são referentes às provas aplicadas. A questão 15 abordou sobre local e condições de realização das provas, de forma que foi possível entender que o percentual de alunos satisfeitos foi muito alto, sendo que 90% dos participantes julgou o local como apropriado, considerando limpeza, organização e iluminação. É importante que o ambiente seja favorável à concentração do aluno e que este possa colocar em prático o conteúdo apreendido ao longo do curso; a avaliação também é importante não somente para avaliar os alunos individualmente, mas, para verificar a qualidade do curso também. A última questão referente às provas foi referente à compatibilidade do conteúdo das destas com o material didático e com os exercícios realizados. A percepção dos entrevistados acerca da afirmação acima também foi positiva, onde 59,4% concordaram com a afirmação e 25,1% concordaram totalmente. Entre aqueles que discordaram, o percentual foi de 8,2%. Este tema se relaciona com a metodologia dos professores e a capacidade destes em relacionar os conteúdos apresentados. A participação da coordenação do pólo também foi um importante aspecto levantado no questionário, onde os entrevistados demonstram a seguinte percepção: Gráfico 6 – Participação da coordenação Fonte: Dados da pesquisa Os participantes tiveram boa percepção sobre a coordenação do pólo e 56,3% concordaram com a afirmação, enquanto 26,4% concordaram totalmente. Scherer (2016) aponta para a importância de disponibilizar para o aluno toda uma equipe e estrutura organizacional adequada como sistemas de informação e comunicação, secretaria, tutoria, equipe de produção de material didático, polos de apoio, entre outros. Toda esta rede precisa se comprometer com a qualidade do ensino prestado pelo EaD, oferecendo suporte aos alunos. Sobre as disciplinas ofertadas e a contribuição para a formação do aluno, foi identificada a seguinte percepção: 62,5% disseram concordar com a afirmação e 27,2% concordaram totalmente. Esta questão se relaciona com a questão 9, que aborda sobre a relação entre conteúdo da disciplina e realidade da profissão. Ambas as questões apresentam índice de aprovação semelhantes. Em concordância com o que foi apresentado por Rocha e Batista (2006, p. 2), o conteúdo precisa atender as necessidades de capacitação e aprimoramento profissional e, conforme as respostas, a maioria dos alunos aprova o conteúdo das disciplinas ofertadas; este é um bom indicativo de que a estruturação do curso está seguindo uma boa linha. As duas últimas questões abordam a respeito da possibilidade dos alunos de opinar e oferecer sugestões para melhoria dos cursos. Gráfico 7 – Sugestões de melhoria Fonte: Dados da pesquisa Estes números indicam que este pode ser um ponto a ser melhorado com relação ao curso, pois uma grande porcentagem de alunos indicou uma falta de possibilidade de opinar a respeito do ensino, sendo que a opinião dos alunos é uma importante ferramenta para realizar mudanças significativas e melhorar a qualidade do ensino. A última questão reforça o entendimento de que falta aos alunos a possibilidade de apresentar sugestões de melhoria para o curso. A questão aborda a respeito da realização de pesquisas de avaliação do curso, a qual apenas 22% concordaram com a afirmação e 9,3% concordaram totalmente. Entre aqueles que discordam da afirmação, o percentual foi de 28,9% e 15,5% discordam totalmente da afirmação, ou seja, negam que tenhasido possibilitado a avaliação da qualidade do curso por parte dos alunos. Estes números, em consonância com os números da questão anterior indicam que este é um tema que deixa a desejar; nota-se que o curso não apresenta canais e ferramentas adequadas para que todos os alunos possam apresentar sugestões ou realizar avaliações quanto à qualidade do curso. É preciso ouvir os alunos, uma vez que o curso precisa ser estruturado com base nos perfis dos alunos e suas necessidades, de forma a viabilizar um ensino eficaz e de qualidade, abrangendo todos os aspectos citados como importantes ao longo do trabalho. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme explanado no preâmbulo do presente artigo, o mesmo teve por mister demonstrar a qualidade do ensino a distância na Polícia Militar do Estado de Rondônia, sob a ótica dos formandos, para tanto, foi desenvolvido uma atividade de pesquisa pautada nas normas técnicas e científicas orientadas por regulamento e pelas normas da ABNT; bem como foram aplicados conceitos e métodos apreendidos durante os estudos das disciplinas em situações reais de vivência, articulando teoria e prática, quer de maneira experimental, quer por meio de estudo bibliográfico de temáticas relevantes. No decorrer do desenvolvimento do presente trabalho, também foi possível experimentar a escrita científica e desenvolver leituras específicas que orientaram na busca da identificação adstrita a percepção, sob a ótica dos formandos, quanto ao quesito qualidade do curso de cabos da Polícia Militar na modalidade EaD, bem como proporcionou a emersão de ferramentas científicas voltadas a resolução de problemas propostos e a verificação de hipóteses levantadas. De igual modo, a abordagem metodológica promoveu a aplicação, de forma integrada, dos conhecimentos construídos no transcorrer do curso, no que diz respeito ao desenvolvimento da capacidade de planejamento e a disciplina para identificar, analisar, discutir e propor soluções para problemas relativos aos campos de formação em escopo. Os resultados apresentados servem ainda para fomentar no universo acadêmico um despertar e/ou ampliar o interesse pelo trabalho científico, uma vez que a investigação realizada no presente artigo buscou aprofundar sobre os conceitos do Ensino a Distância e a sua importância na sociedade moderna, que enfrenta inúmeras demandas por Educação e formação profissional. Foi verificado que existem muitas barreiras que geralmente são empecilhos para muitos indivíduos e profissionais que buscam realizar cursos de capacitação e/ou aperfeiçoamento profissional em instituições tradicionais e de ensino presencial. Essas dificuldades por vezes são de cunho social e econômico, ou de forma geral, constituídas por barreiras demográficas. Dessa forma, o Ensino a Distância vem sendo uma importante possibilidade para superar essas barreiras e atender às demandas diversas que estão presentes. No entanto, os desafios para ofertar um ensino de qualidade são muitos, demandando recursos humanos de qualidade, estrutura física, material e tecnológica, bem como uma pedagogia que seja capaz de compreender as demandas de formação e contribuir na formação profissional dos indivíduos. Para isso, é imprescindível que os referenciais abordados no presente artigo sejam considerados, já que são importantes indicativos de qualidade. No estudo atual, onde foi pesquisado acerca da percepção dos alunos formados no curso de formação de cabos da PMRO, concluiu-se que a visão geral dos profissionais formados foi positiva, tanto a matéria adstrita aos conteúdos ofertados e a sua contribuição para a formação profissional, como também no que diz respeito à estrutura ofertada e a qualidade dos professores e tutores referente ao domínio dos conteúdos ministrados. Embora tenha sido evidenciado satisfação geral positiva dos alunos, considera-se que é importante que exista maior abertura em relação às possibilidades de avaliação da qualidade do curso por parte dos alunos formados, visto que a percepção dos egrégios na pesquisa sinaliza uma possível deficiência nesse quesito. REFERÊNCIAS BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação a Distância. Referenciais de qualidade para educação superior a distância. Brasília, 2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/refead1.pdf>. Acesso em: 20 de maio de 2019. AGUIAR, João Batista Teixeira. Indicadores e métricas na gestão estratégica. Unidade 01. Pós-Graduação em Gestão de Planejamento Estratégico no Setor Público. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), 2019. 31 slides. Disponível em: <https://cursos.ead.ifro.edu.br/course/view.php?id=2343>. Acesso em: 15 de maio de 2019. ANDRIOLA, Wagner Bandeira; ARAÚJO, Adriana Castro. 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