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CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 1 Siderly do Carmo Dahle de Almeida Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano Fabricio Ricardo Lazilha Ludhiana Ethel Kendrick Matos Silva (Organizadores) Conhecimento e Educação Volume 1 Maringá – PR 2016 2 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 3 UNICESUMAR – CENTRO UNIVERSITÁRIO CESUMAR PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MODALIDADE EAD Siderly do Carmo Dahle de Almeida Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano Fabricio Ricardo Lazilha Ludhiana Ethel Kendrick Matos Silva (Organizadores) Conhecimento e Educação Volume 1 Maringá – PR 2016 4 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO EXPEDIENTE Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Educação a Distância Willian Victor Kendrick de Matos Silva Diretora de Pesquisa Ludhiana Ethel Kendrick de Matos Silva Diretor de Planejamento de Ensino Fabrício Ricardo Lazilha Diretora Operacional de Ensino Katia Solange Coelho Head de Projetos Educacionais e Inovação Camilla Barreto R. Cochia Caetano Gerente de pós-graduação - EAD Marcelo Cristian Vieira Coordenação de pós-graduação - EAD Siderly do Carmo Dahle de Almeida Professoras líderes de pós-graduação Andréia M. Zuliani Santos Sibele de Oliveira Pirasol Organizadores Siderly do Carmo Dahle de Almeida Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano Fabricio Ricardo Lazilha Ludhiana Ethel Kendrick Matos Silva Conselho Editorial Andréia dos Santos Gallo; Fabricia Souto Cruz; Milene Harumi Tomoike; Nayara Emi Shimada; Patricia Parra; Valdelice dos A. Rasimaviko Rejani; Soraia Alves Feitoza Alves. Capa Alvaro Martins Fernandes Junior Autores Alvaro Martins Fernandes Jùnior e Marlon J. Karvat; Andreia dos S. Gallo e Renata Carvalho de A. Campos; Andressa Schiavone P. A. Vieira e Ana Claudia A. Gomes; Edivana G. S. Antunes e Cleber B. da Costa;. Eliana Cláudia Graciliano e Camila G. da Silva; Fabrícia Souto Cruz e Terezinha S. dos S. Macedo; Fernanda C. B. Hernandez e Hildebrando P. Santos Filho; Franciele Muller Prado e Gracileno T. Pimentel; Gisele Soncini Rodrigues e Ângela M. E. Luíz; Gizeli Fermino Coelho e Marcio A. O. Macedônio; Helaine Patricia Ferreira e Luciana R. Meneguci; Isabela Quaglia Marques e Ivan Vitti; Márcio de Oliveira e Cristina Momoli; Renata Pedroso Leonel e Natalia L. de S. da Costa; Fabiane Carniel e Rejane Sartori; Marcia Maria Previato de Souza e Andrea Grano Marques; Siderly D. de Almeida e Maria Teresita Bendicho; Sonia Maria de C. Silva e Jane Haritov de Freitas; Valdelice dos Anjos Rasimaviko Rejani e Renata Mantelo Lachi. Comissão Científica Prof. Dra. Leocilea A. Vieira – UNESPAR - PR Prof. Dra. Dinamara P. Machado – UNINTER - PR Prof. Dra. Andrea G. Marques – UNICESUMAR - PR Prof. Dra. Rejane Sartori – UEM – PR. Revisão textual Valdelice dos Anjos Rasimaviko Rejani Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e ou quaisquer meios ou arquivada em qualquer sistema sem permissão escrita da Unicesumar. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação João Vivaldo de Souza – Bibliotecário – CRB-9 – 1807 Biblioteca Central Unicesumar A447c ALMEIDA, Siderly do Carmo Dahle de Conhecimento e Educação. ALMEIDA, Siderly do Carmo Dahle de; CAETANO, Camilla Barreto Rodrigues Cochia; LAZILHA, Fabricio Ricardo; SILVA, Ludhiana Ethel Kendrick Matos (Orgs.). Maringá-Pr.: CESUMAR, 2016. 196 p. Contém Ilustrações e figuras Pós Graduação em Educação na modalidade EAD ISBN 978-85-459-0399-4 1. Gestão do Conhecimento. 2. Educação. 3. Aprendizagem. 4. Currículo. I. Título. CESUMAR. CDD 22ª. 370 NBR 12899 – AACR/2 http://ava.unicesumar.edu.br/user/view.php?id=150228&course=15556 http://ava.unicesumar.edu.br/user/view.php?id=150228&course=15556 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 5 SUMÁRIO GESTÃO ESCOLAR: A BUSCA EM APRIMORAR CONHECIMENTO E PROMOVER A DEMOCRACIA Alvaro Martins Fernandes Júnior e Marlon José Karvat .............................................. 9 A PSICOPEDAGOGIA E O LETRAMENTO: INTERAÇÕES COM A BIBLIOTECA ESCOLAR Andréia dos Santos Gallo e Renata Carvalho de Albuquerque Campos ........................ 20 O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: BRINCAR, IMAGINAR E CRIAR Andressa Schiavone Pereira Aquaroni Vieira e Ana Claudia Assis Gomes .................... 30 INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS Edivana Gomes Severino Antunes e Cleber Balbino da Costa ...................................... 40 A IMPORTÂNCIA DA FUNÇÃO DO PROFESSOR NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM: A BUSCA PELA FORMAÇÃO SOCIAL DO ALUNO Eliana Cláudia Graciliano e Camila Gomes da Silva .................................................... 49 PAPEL DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA AO LIDAR COM ALUNOS QUE APRESENTAM TRANSTORNOS DE LINGUAGEM E DE APRENDIZAGEM Fabrícia Souto Cruz e Terezinha Soares dos Santos Macedo ....................................... 59 A IMPORTÂNCIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS PARA O NEGRO NO BRASIL Fernanda Carvalho Basílio Hernandez e Hildebrando Pereira Santos Filho .................... 66 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO METROPOLITANA DE BELÉM FRENTE AO PROCESSO DE EXPANSÃO URBANA Franciele Muller Prado e Gracileno Trindade Pimentel ............................................... 76 TIC APLICADA A EDUCAÇÃO: EXPERIÊNCIAS COM O USO DE BLOG EM AULAS DE GEOGRAFIA Gisele Soncini Rodrigues e Ângela Marli Ewerling Luíz ................................................ 86 A EDUCACAO TEOLOGICA NA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL E O PAPEL DA DIDÁTICA Gizeli Fermino Coelho e Marcio André Orso Macedônio .............................................. 95 6 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO ENTENDENDO A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: AS POSSÍVEIS DIFICULDADES DOS DISCENTES E SUA RELEVÂNCIA NO ENSINO NO PAÍS Helaine Patricia Ferreira e Luciana Ribeiro Meneguci ...................................................101 A FORMAÇÃO DOCENTE E A INTERAÇÃO POR MEIO DAS NOVAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS Isabela Quaglia Marques e Ivan Vitti............................................................................111 A PESQUISA PARA O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL Márcio de Oliveira e Cristina Momoli ..........................................................................119 MOTIVAÇÃO: UMA NECESSIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR Renata Pedroso Leonel e Natalia Lobo de Souza da Costa .........................................125 A INFLUÊNCIA DA COMUNICAÇÃO ESCRITA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Fabiane Carniel e Rejane Sartori .................................................................................134 A PRODUÇÃO TEXTUAL EM SALA DE AULA: UM INSTRUMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO DO LETRAMENTO Marcia Maria Previato de Souza e Andrea Grano Marques ...........................................144 AS NOVAS TECNOLOGIAS E A ÁREA DA SAÚDE: EM FOCO A FORMAÇÃO PROFISSIONAL Siderly do Carmo Dahle de Almeida e Maria Teresita Bendicho ....................................155 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA A SOCIALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Sonia Maria de Campos Silva e Jane Haritov de Freitas ...............................................166 DOM QUIXOTE: UMA PROPOSTA PARA FORMAÇÃO DE LEITORES Valdelice dos Anjos Rasimaviko Rejani e Renata Mantelo Lachi .................................175 INOVAÇÕES E MUDANÇAS NO PERFIL DO EDUCADOR INFANTIL Kethlen Leite de Moura e Dayara Lyanne Ribeiro da Silva ............................................188 SOBREOS ORGANIZADORES ....................................................................................199 SOBRE AS MADRINHAS ............................................................................................201 http://ava.unicesumar.edu.br/user/view.php?id=150228&course=15556 http://ava.unicesumar.edu.br/user/view.php?id=188621&course=15557 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 7 APRESENTAÇÃO “Conhecimento e Educação” é uma obra coletiva que apresenta os melhores artigos produzidos pelos alunos dos cursos de pós-graduação em educação na modalidade a distância do Centro Universitário Cesumar – Unicesumar, no primeiro ciclo de orientações de 2016. Esta obra representa o trabalho de alunos que buscaram traduzir em poucas páginas tudo aquilo que aprenderam no decorrer de seus cursos e o esforço de orientadores que visaram extrair de seus orientandos o seu melhor desempenho. Representa também a dedicação de uma equipe de “madrinhas” de cursos (professoras que compõe o conselho editorial desta obra) que foram incansáveis na busca por garantir a qualidade e o melhor atendimento aos professores e alunos envolvidos no processo de orientação. Para que esta obra se efetivasse, importante salientar a contribuição dos Polos de apoio presencial, assim como a ajuda dos professores formadores; professores mediadores e tutores dos cursos de pós-graduação em educação na modalidade a distância da Unicesumar e, ainda, a colaboração de uma comissão científica que avalizou todo o processo. Os temas eleitos por seus autores são atuais, de relevância e prioritários no contexto educacional e perpassam por todos os cursos de educação oferecidos pela Unicesumar: EAD e as Tecnologias Educacionais; Gestão Educacional; Psicopedagogia Institucional; Atendimento Educacional Especializado; Docência no Ensino Superior; Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental; Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa; Metodologia do Ensino de Matemática; Metodologia do Ensino de História e Geografia e Metodologia do Ensino de Artes. Os alunos autores destes textos pertencem aos polos de São Bento do Sul – SC; Maringá – PR; Palmas – TO; Campinas – SP; Balneário Camboriú – SC; Salvador – BA; Belém – PA; União da Vitória – PR; Rio Grande – RS; Varginha – MG; Campo Mourão – PR; Sinop – MT; Guarapuava – PR; Itajubá – MG e São Vicente – SP. Boa leitura! Os organizadores 8 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 9 GESTÃO ESCOLAR: A BUSCA EM APRIMORAR CONHECIMENTO E PROMOVER A DEMOCRACIA ALVARO MARTINS FERNANDES JÚNIOR 1 MARLON JOSÉ KARVAT 2 RESUMO No conceito de gestão escolar a escola deve ser organizada a partir da integração entre áreas e setores escolares, ao mesmo tempo que deve estabelecer bom relacionamento entre professores, alunos, pais e comunidade. Ao contrário do que acontecia no sistema tradicional de ensino, a Gestão Escolar, criada para superar o antigo regime, visa influenciar positivamente a escola em prol de um ensino de qualidade e da participação coletiva, assim como vem promover novos conceitos e valores associados à autonomia escolar e participação da sociedade nas decisões escolares. Sendo assim, a escola passou a ser considerada um sistema aberto, com identidade e cultura própria, capaz de reagir e intervir com eficácia no contexto escolar e social. Nessa perspectiva, o gestor deve se empenhar naquilo que envolve a gestão pedagógica, e a gestão dos resultados escolares, ou seja, o gestor deve atentar- se para atividades que envolve capacidade administrativa, gestão financeira e relações pessoais. Enfim, a tarefa do gestor escolar é ter conhecimento pedagógico, garantir aprendizado de qualidade e gerir adequadamente os recursos financeiros. O artigo teve por objetivo geral identificar as mudanças ocorridas no contexto histórico das instituições até se chegar ao novo conceito de Gestão Escolar. Palavras-Chave: Gestão Escolar. Participação Coletiva. Ensino de Qualidade. 1 INTRODUÇÃO A temática que envolve gestão escolar parece ser um desafio para o sistema educacional, pois tem o intuito de desenvolver um trabalho em equipe, de maneira democrática e participativa, onde todos os envolvidos podem contribuir com o processo educacional e de gestão. Nesse intuito, considera-se a gestão educacional um campo inerente à administração, mas que, detentora de uma natureza diferenciada, tem sua prática 1 Mestre em Gestão do Conhecimento nas Organizações pela UNICESUMAR – Centro Universitário Cesumar. Doutorando em Educação: Currículo pela PUC-SP. 2 Aluno do curso de Pós-Graduação em Gestão Escolar pela UNICESUMAR – Centro Universitário Cesumar- UNICESUMAR. 10 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO e quadro teórico orientados para a contrução de valores éticos e culturais que servem como aporte para o pleno exercício da democracia. O domínio dos conhecimentos da gestão escolar corresponde a especificidade das instituições educacionais e aos anseios da sociedade em geral. A gestão é historicamente construída e por isto, nunca se efetiva como um modelo pronto, mas, que está em constante transformação. Seu enfoque é interdisciplinar e seu entendimento só é possível a partir da percepção de influências econômicas, políticas, culturais e pedagógicas. Sendo assim, procura-se situar o leitor em uma linha teórica que contempla o estudo da Gestão Educacional brasileira a partir do momento em que se efetivou o aparecimento de uma esfera pública, por meio da qual os grupos representados em associações, partidos e outras entidades de classe, puderam defender seus interesses junto ao Estado. Esse conceito coincidiu com o alvorecer dos anos vinte, período em que o conceito de modernidade fertilizou no solo brasileiro, entrelaçando valores culturais difundidos pelos países norte-americanos e europeus. A partir desse momento a educação se constituiu em objeto condicionate da modernidade almejada e acredita-se que é somente a partir dela que a sociedade poderá acompanhar e compreender as mudanças socio-econômicas e o verdadeiro sentido das terminologias: democracia e cidadania. Partindo da ótica de que é a educação o principal eixo para promover a mudança da sociedade e a democracia, escolheu-se como título do artigo Gestão Escolar: a busca em aprimorar conhecimento e promover a democracia. A escolha do tema justifica-se pelo fato que as mudanças da sociedade moderna atingiram todos os setores, principalmente o sistema educacional, responsável pela formação do cidadão e pela difusão de conceitos e ideologias democráticas, que visam a participação coletiva e não mais privilegiam ações imperativas, características do sistema tradicional de ensino. O artigo foi elaborado com bases na pesquisa bibliográfica e como explica Silva (2002) essa pesquisa consiste na procura de referências teóricas, publicadas em livros, artigos, documentos etc., para que o pesquisador que procura explicar um problema a partir dos materiais pesquisados tome conhecimento e analise as contribuições científicas à temática em questão, indo além do que a realidade simplesmente mostra. Teve como principal objetivo contextualizar toda a comunidade escolar de que a prioridade da escola é aprimorar o conhecimento dos educandos, formando gerações de pessoas livres, conscientes, responsáveis, situadas na CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 11 realidade em que vivem para nela intervir, no sentido de transformá-la democrática. No decorrer dos estudos e construção do artigo espera-se que os gestores tenham consciência de que é preciso, cada vez mais, ser qualificado, buscar conhecimento e estar preparado para acompanharas mudanças do mundo moderno, onde se privilegia o trabalho em equipe e a cooperação e, se considera as vontades da comunidade escolar. 2 CONSTRUÇÃO DA POLÍTICA EDUCACIONAL: UM POUCO DE HISTÓRIA Segundo Lima et al (2003) o modelo republicano instituído no Brasil em 1889 com a Proclamação da República; que teve como exemplo os países desenvolvidos da Europa e EUA; embasou seus ideais na garantia da cidadania, concretização mais especificamente quando todos os cidadãos passaram a ter direito ao voto. Entre os compromissos com o público, cujos direitos deveriam estar representados junto ao Estado, os republicanos, que queriam seguir os estereótipos franceses, mostravam-se a favor do ensino primário gratuito,porém, as inspirações europeias dominaram o contexto da república, sendo os cafeicultores os dominantes do poder político. Em novos moldes e em pleno processo de urbanização surgiu uma nova intelectualidade, a qual lhe é atribuída a missão de colocar em prática um projeto de reconstrução nacional, pois o domínio das oligarquias atrasava, prejudicava e impedia a resolução de problemas. Para Lima et al (2003) os princípios defendidos pelos novos intelectuais que queriam mudanças estavam embasados na efetivação de uma grande obra de reconstrução nacional, o sistema de educação é que seria responsável por essa reconstrução. Esses intelectuais não defendiam que o Estado se convertesse em agente exclusivo dessa mudança, mas que zelasse pelos condicionantes institucionais necessários à sustentação das reformas em âmbito nacional, mantendo-se em consonância com os princípios democráticos. Segundo Ribeiro (1998) paralelamente a essa corrente, outras se faziam presentes nas discussões que permeavam a educação brasileira, entre elas as ideologias defendidas pelos adeptos da Escola Nova, que defendiam o respeito à personalidade do educando, com a valorização da capacidade individual de cada um no desenvolvimento do processo de aprendizagem. Combatiam o automatismo do modelo tradicional, que por meio da imposição do 12 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO conhecimento não respeitavam a personalidade, capacidades, habilidades e especificadades dos alunos. A Escola Nova valorizava a ação educativa por meio de situações de jogos e outras atividades lúdicas que estimulassem a posterior observação, análise e generalização do desenvolvimento de projetos. Sobretudo, essa ideologia também valorizava os ideiais dos países europeus e dos EUA, o que se diferenciava, e muito, da realidade brasileira. Lima et al (2003) relata que ao assumir em 1930, Getúlio Vargas criou o Ministério dos Negócios da Educação e da Saúde Pública, encaminhado por Eduardo Campos e tinha por intuito a organização de uma política de educação nacional cujas diretrizes deveriam nortear as ações dos governos estaduais. Por fim, não teve êxito, pois devido à precariedade de espaço físico e de materiais, poucas escolas tinham condições de oferecer ensino de qualidade. Tornou-se evidente que a política educacional se converteu no centro das atenções do novo governo. Essa preocupação do Estado com a modernização assemelhou os interresses governamentais com aqueles defendidos pelos grupos civis reformistas. Lima et al (2003) menciona que nesse contexto, a gestão política da escola era concebida no movimento contraditório das forças que emergiam da sociedade civil. O caráter democrático ou não desta gestão é demonstrativo do poder de pressão que esta mesma sociedade exercia junto ao Estado. Quando a sociedade civil tem seus canais de representação lesados, por artifícios de grupos detentores do poder econômico ou por ditaduras, ocorre a centralização da gestão pública e a perda de seu caráter democrático. Outras inúmeras medidas também foram criadas no intuito de efetivar a Reforma de Francisco Campos, como a criação do Conselho Nacional de Educação, em 1931, e a ideia de criação do Plano Nacional de Educação. Nos anos seguintes, com a instituição do Estado Novo, o governo desarticulou os canais de representatividade da sociedade civil e as reformas pretendidas ficaram estagnadas. Foi somente em 1942, com a Reforma Capanema, que mantinha a dualidade (privado e público), que o Estado assumiu o dever de garantir o ensino primário gratuito e público e ampliar o Ensino Técnico profissionalizante. A partir de 1945, com a queda do governo getulista, o Brasil iniciou seu processo de redemocratização política,mas, a consolidação democrática só foi legitimada com a Constituição de 1946, que garantia a educação como direito de todos, afirmando ser responsabilidade dos poderes públicos, juntamente com a CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 13 iniciativa privada, garanti-la em todos os níveis. Os defensores da escola pública centralizavam seus debates na gratuidade do ensino, deixando de lado a luta por um princípio pedagógico inovador. Em 1961, o governo lançou a primeira lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional, a Lei 4.024/61, que garantia a ligação da educação com o ensino privado e a garantia na distribuição dos recursos financeiros para a Educação Pública. A Lei 5.692/71 reformulou os ensinos de primeiro e de segundo graus e instituiu a obrigatoriedade do ensino na faixa etária que abrange entre os 07 e os 14 anos, com a duração de 8 anos. Não se preocupava com a qualidade do ensino, a preocupação era somente em expandir termos quantitativos. A Lei 7.044 de 1982, última tentativa de reforma do governo militar, deixou os estabelecimentos livres para oferecer, ou não, a habilitação profissional. Lima et al (2003) deixa claro que a grande questão que permeou os anos da ditadura militar foi pautada na perspectiva de construção da grande potência e não na construção da democracia ou políticas educacionais e sociais inclusivas. Nessa perspectiva, o fim do Regime Militar deu início a um período de grandes apelos participacionistas e por uma maior democratização da gestão da república e, consequentemente, por uma maior democratização da gestão da escola brasileira. Ao analisar o histórico brasileiro na década de 1980, é perceptível que alguns educadores são incasáveis na luta por uma escola gratuita, laica e de qualidade, pois num país com desigualdades sociais são proporcionais ao gigantismo do território nacional, a escola pública aparece, não raro, como única fonte de acesso à cultura e à instrução para a maioria da população. Na tentativa de aglutinar novas forças sociais em torno dos problemas educacionais e para tentar intervir no novo processo pós-ditadura, viu-se surgir a criação do Fórum Nacional em Defesa da Educação Pública, as discussões sobre uma nova Lei de Diretrizes e Bases. No jogo democrático, diversos são os intersesses e as forças sociais, que acabam, muitas vezes, sendo contraditórios. Assim, quando a LDB foi aprovada em 1996, pela Lei nº9.394, de forma geral, não agradou em diversos aspectos os educadores ligados ao Fórum. Quanto à gestão democrática pôde-se entende-la como uma autêntica novidade, sobretudo, após anos de ditadura durante as quais se aprofundaram 14 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO as raízes da centralização e do autoritarismo da gestão pública brasileira, principalmente nas escolas que viveram sob pressão e controle do modelo tecnicista. A previsão legal da gestão democrática permitu ampla e profunda discusão sobre a descentralização da gestão escolar, desde os órgãos superiores até as bases, que são as escolas e as salas de aula. 2.1 AUTONOMIA ESCOLAR Para Shiroma (2002), as decisões sobre a estruturação da educação brasileira sempre foram centralizadas no Governo Federal, mesmo naquele legitimado pelo voto popular, a regra foi a imposição de planejamentos educacionais de cima para baixo. No mesmo viés, seguiram as políticas educacionais do Ministério da Educação e Cultura- MEC, desenvolvidas de forma centralizadora, hierarquizada, raramente discutindo com as bases, isto é, com as escolas e os educadores. A politica curricular veiculada por meio dos Parêmetros Curriculares Nacionais, apesar de seu aparente caráter de sugestão traz na realidade uma certa imposição daquilo que deve ser trabalhado como conteúdo nas salas de aula pelos professores, que sequer foram consultados, mas se viram na eminência de trabalharem com uma proposta que passava longe de suas realidades, necessidades e possibilidades. Segundo Rocha (1998), o preceito constitucional por si só não garante ao educador, mesmo que compromissado e bem fundamentado, pôr em prática um plano de ação autônomo e responsável, cujo princípio básico seja a educação para a cidadania. O artigo 15 da LDB afirma esse fato quando menciona: Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público. (BRASIL, 1996). Com isso, fica estabelecido em lei que cada escola pode propor o encaminhamento pedagógico que julgar conveniente, e de acordo com a realidade sócio-cultural em que está imersa, garantindo assim, o cumprimento de sua função pública de formação e instrução. Nessa perspectiva, ganha importância a reflexão sobre a organização de um currículo que possibilite à escola ocupar o seu lugar, colocando o que é CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 15 próprio dela, sem perder de vista as diretrizes gerais responsáveis em dar unidade ao currículo do ensino fundamental no país. A tarefa requer, dos professores, um esforço conjunto de reflexão sobre todos os aspectos internos e externos que condicionam a seleção e organização de conteúdos curriculares, que tenham como base as questões sociais. A atual LDB apresenta ainda alguns artigos que asseguram o espaço decisório da escola quanto a definição da proposta pedagógica. O Art. 12 prevê que: Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a imcumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica, bem como de informar aos pais e responsáveis sobre a execução de sua proposta pedagógica (BRASIL, 1996). Assim, cabe à comunidade escolar ser informada sobre os princípios pedagógicos a que está submetida a clientela escolar. Logo em seguida, o Art. 14 fala da gestão democrática e determina a participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e, nessa perspectiva, as decisões centralizadas no diretor cedem espaço ao resgate da função social da escola por meio da participação de professores e comunidade. A lei por si só não basta. É preciso disposição daqueles que lidam com educação e implementar na prática a previsão legal. Isso significa rever posturas e competências, pois só pode propor o novo aquele que compreende as transformações sociais e trabalha na sua direção. Nessa ótica, ao mesmo tempo em que a autonomia permite a concretização de planos e projetos almejados; recai sobre a unidade escolar e sobre os educaores as cobranças dos resultados de tais iniciativas. Sem dúvida, o conjunto social cobrará, com razão, sua função social de instituição responsável pela socialização das realizações humanas. Considerando a autonomia como princípio de gestão, essa oferece ao sujeito oportunidades de participar de todo o processo, principalmente nos momentos de decisão, momentos em que se discute, analisa e propõe soluções em conjunto. Nessa ótica, a autonomia se destaca como base para o planejamento, organização e distribuição de recursos (dinheiro, tecnologia, materiais, poder, pessoas, tempo), juntamente com a comunidade local. Assim, as escolas passam a ser consideradas espaços democráticos, onde há 16 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO confronto de idéias, conceitos e interesses, e ao mesmo tempo se torna espaço onde todos os sujeitos tem voz e podem participar das ações educacionais. Dessa maneira, Barroso (1996) menciona que o grande desafio para a gestão escolar volta-se para a questão da lógica organizacional a ser adotada para que proporcione melhores condições e oportunidades para a formação dos sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. Sendo assim, o que se almeja é a aceitação da existência de modalidades organizacionais diferenciadas, mas que visem o bem comum e da coletividade. É preciso que a escola busque equilíbrio e participação entre os pares, descentralize o poder de decisão e viabilize opções para que se alcance os objetivos propostos pela gestão escolar. Considera-se que se a escola não dispor de uma gestão participativa, a construção de um projeto político pedagógico representativo será complicado, para não dizer impossível, isso porque, de um lado é um projeto a que se adere espontaneamente; por outro lado, a participação é a própria essência desse tipo de projeto, porque sua elaboração depende de diversas opiniões. A gestão democrática do ensino público tem se constituído em um grande desafio que inclui a autonomia, participação e decisão compartilhada com todos os atores que convivem no espaço escolar, pois a organização da gestão escolar exige conhecimento e adoção de alguns princípios básicos, que condizem com a realidade da comunidade escolar, entre eles pode-se destacar a relação entre diretor e participação dos sujeitos, planejamento das atividades, formação continuada para a comunidade em questão, análise e resolução de problemas, democratização das informações e avaliação institucional, a qual vai revelar a atuação da gestão e o que precisa mudar para conseguir alcançar os objetivos propostos. Nesse contexto de democratização, Neves (1998) menciona que o Projeto Político Pedagógico (PPP) é o principal documento da escola e, portanto, deve ser elaborado coletivamente, pois é o planejamento geral da escola e envolve todas as decisões sobre a organização escolar, desde os procedimentos mais elementares até a definição dos pressupostos-metodológicos que darão sustentação à proposta curricular. A necessidade da construção de um planejamento global para a escola deve ser sentida por todos, do contrário, corre-se o risco de ser mais uma tarefa que se materializa somente pelo modismo, ou pelas exigências superiores e não pela tomada de decisões do coletivo da escola. CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 17 Para Neves (1998), o projeto que não tem em sua essência a participação e o trabalho coletivo não encontra adesão necessária para a transformação da realidade educacional, rica em contradições, limites e potencialidades. O que determina a natureza do PPP é a coletividade, tendo como membros alunos, professores, merendeiras, auxiliares de serviços gerais, bibliotecários, secretários, especialistas em assuntos educacionais, pais, diretores, conselhos, deliberativos e Associação de pais e professores. O Projeto Político Pedagógico não é um documento pronto e acabado, mas em produção permanente, onde se faz necessária a constante realização de reflexões, diagnósticos e replanejamentos. Isso porque um projeto verdadeiramente democrático implica uma constante reflexão orientada pelos princípios elementares de justiça social, igualdade e solidariedade humana. Neves (1998) ainda afirma que o papel político da educação precisa ser constantemente relembrado, tendo em vista as pressões do conformismo, da persistência da neutralidade e da naturalização das desigualdades sociais. 2.2 ELEIÇÃO PARA DIRETORES: O QUERER DA COMUNIDADE De acordo com Lima (2003), a democratização da gestão passa pelo provimento do cargo de diretor de escola, evidentemente que esse não é o único elemento a ser considerado na questão, mas, sem sombra de dúvida, éo começo de tudo. O modelo brasileiro possibilita três formas de provimento do cargo de diretor de escola pública: por indicação do Poder Executivo; por concurso público; ou por eleição direta da comunidade escolar. Devido ao posicionamento de alguns governantes de que o diretor da escola, pela natureza e responsabilidade pública da função, é de fato um cargo de confiança da comunidade escolar tem imposto sobre essa mesma comunidade a arbitrariedade da indicação política, resquício da tradição clientelista da política brasileira. A eleição direta para diretor de escola pública é um passo importante para democratização da gestão escolar, pois permite à comunidade escolar saber primeiro o conhecimento prévios dos candidatos. Por outro lado, mesmo que algum candidato consiga ludibriar o eleitorado, como também é normal no processo democrático, a gestão será julgada e reprovada pelo próprio colégio eleitoral, o que não poderia ocorrer no caso de indicação ou por concurso. 18 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO Outro aspecto importante é que durante o processo eleitoral os diversos projetos educativos vão sendo criados pelos eleitores, fortalecendo a democratização do espaço escolar. De forma ampla, democratizar significa, primeiramente, a partilha das decisões. No caso da escola, para bem da gestão democrática, o poder de decisão precisa ser partilhado e o Conselho Escolar apresenta-se como ferramenta essencial nesse processo. De acordo com Vieira (2002), ao implementar a eleição de diretores nas escolas vem construindo, a partir de uma conquista e tendência histórica voltada à participação dos sujeitos que compõem a instituição escolar nos determinantes de sua gestão, uma contribuição para a reflexão e o aprendizado sobre a prática da democracia. Assim, a escola trabalha como mediadora do conhecimento, partindo do senso comum e do conhecimento empírico para o conhecimento científico, desenvolvendo o processo de ensino e aprendizagem do educando. Enfim, para Lima et al (2003), é preciso buscar a participação de toda a comunidade escolar no resgate da credibilidade e da qualidade do ensino da escola pública propondo através do Projeto Político Pedagógico e outros projetos pedagógicos a participação e o envolvimento de toda a comunidade escolar para a execução do trabalho pedagógico. De maneira geral, o gestor deve promover o desafio de trazer os pais e a sociedade para a escola, pois quando família e comunidade se envolvem no processo educacional o rendimento dos alunos melhora consideravelmente. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para que se possa ter uma escola pública de qualidade e com eficácia, torna-se necessário que ela seja gerida com competência, agilidade, criatividade e entusiasmo. A escola é um local de ensino e aprendizagem e cabe ao professor a grande responsabilidade de, em todas as suas aulas e em todos os momentos de permanência, na objetividade e na interdisciplinaridade a garantia para aprendizado de seus alunos. É função do gestor acompanhar o processo de ensino e aprendizagem da escola em que atua e, com espírito de liderança, organizar sua equipe de trabalho em prol de uma aprendizagem adequada e condizente com as exigencias da sociedade vigente. O clima organizacional de uma escola é um dos fatores decisivos para o bom funcionamento da escola. Um bom clima de trabalho favorece a motivação da equipe e aumenta o compromisso da comunidade educativa com a qualidade CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 19 de ensino, pois a escola é um espaço institucional em permanente construção; deve ser agente das transformações sociais e políticas, participação, integração e interação de todos que se sentem comprometidos com a transformação da sociedade. A qualidade da educação é que permitirá o avanço do sujeito na sociedade, as habilidades e conhecimentos ministrados devem ser constituídos de maneira progressiva para que o indivíduo possa ter condições de escolha entre a formação para o trabalho ou a contiuação dos estudos superior para proporcionar novas oportunidades de vida. Com o propósito de melhorias dentro das instituições de ensino, o Projeto Político Pedagógico e o plano de gestão veio ao?? encontro à democratização onde a comunidade terá sua participação efetiva na promoção e melhoria da qualidade do ensino. REFERÊNCIAS BARROSO, J. O estudo da autonomia da escola: a autonomia decretada à autonomia construída. IN: BARROSO, J. O estudo da escola. Portugal: Posto Editora, 1996. LIMA, Adriana Carmo Breve; et al. Organização e Gestão da Escola Brasileira. Florianópolis: UDESC/CEAD, 2003. NEVES, Carmen Moreira de Castro. O projeto pedagógico da escola na lei de diretrizes e bases. IN: SILVA, Eurides Brito (Org.). A educação Básica pós-LDB. São Paulo: Pioneira, 1998. RIBEIRO, Maria Luisa Santos. História da Educação Brasileira: a organização escolar. Campinas: Autores Associados, 1998. ROCHA, Ana Bernardes da Silveira. O currículo do ensino fundamental e a Lei 9.394/96. IN: SILVA, Eurides Brito (Org.). A educação Básica pós-LDB. São Paulo: Pioneira, 1998. SHIROMA, Eneida Oto. Política Educacional. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. SILVA, Marise Borba; GRIGOLO, Tânia Maris. Metodologia para iniciação à prática da pesquisa e da extensão II. Florianópolis: UDESC/FAED/CEAD, 2002. VIEIRA, S.L. Eleição de diretores: o que mudou na escola? Brasília: Plano, 2001. 20 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO A PSICOPEDAGOGIA E O LETRAMENTO: INTERAÇÕES COM A BIBLIOTECA ESCOLAR ANDREIA DOS SANTOS GALLO 1 RENATA CARVALHO DE ALBUQUERQUE CAMPOS 2 RESUMO Ao refletir sobre a metodologia utilizada durante o letramento na escola e os recursos bibliográficos e lúdicos da biblioteca escolar utilizado durante esse processo, o presente trabalho propôs como o psicopedagogo institucional pode orientar e intervir sobre as práticas pedagógicas vivenciadas pela escola e suas ações durante o processo de alfabetização e letramento utilizando a biblioteca escolar como recurso pedagógico e mediador no processo de ensino e aprendizagem da prática da leitura. A partir de intervenções psicopedagógicas, os educadores e professores podem interagir de forma a potencializar os resultados de aprendizados dos alunos em processo de letramento e também efetivar a prática da leitura nas séries posteriores. Palavras-Chave: Psicopedagogia Institucional. Letramento. Leitura. Biblioteca Escolar. 1 INTRODUÇÃO A partir da observação participante da prática de bibliotecário escolar com especialização em psicopedagogia atuante em uma escola pública, o presente trabalho, traz abordagens psicopedagógicas desta prática diária, em conjunto com o corpo docente escolar, e comenta os resultados adquiridos no processo de letramento de alunos dos anos iniciais do ensino fundamental. Com as leituras que fundamentam esse estudo respondeu-se como a biblioteca escolar pode ser utilizada pelo psicopedagogo durante o processo de letramento e a interação entre professores e biblioteca escolar? Essa interação é válida? Com essa experiência foi possível entender a importância da ação do psicopedagogo institucional, o qual poderá atuar com professores no processo de letramento, interagindo com o bibliotecário e a biblioteca escolar. 1 Mestranda em Gestão do Conhecimento nas Organizações - UNICESUMAR, Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional - UCP, Graduada em Artes Visuais - UEM e em Pedagogia. 2 Graduada em Letras– UEM. Agente Educacional II, na função Técnico em Biblioteconomia pelo Governo do Estado do PR. Contadora de Histórias pelo projeto “De Caso com a Palavra” pela Biblioteca Pública do Paraná. CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 21 Primeiramente fez-se uma breve retomada da importância do psicopedagogoinstitucional e sua forma de atuação na escola. Depois, a fim de compreender como ocorre o processo de letramento, foi revisto como foi construída historicamente a aquisição da linguagem, os “métodos de alfabetização” e como era “construído” o leitor. Foi possível uma reflexão sobre a importância pedagógica da biblioteca escolar seguido de algumas situações onde o bibliotecário psicopedagogo se fez atuante utilizando-se dos mais diferentes gêneros textuais, do lúdico e práticas próprias da biblioteca escolar na promoção da leitura e da oralidade, auxiliando o aprendente leitor a compreender o mundo e desenvolver sua criticidade. 2 COMO ATUA O PSICOPEDAGOGO INSTITUCIONAL Destaca-se a importância de compreender como a psicopedagogia institucional desenvolve seus estudos a fim de entender como se ocorre o processo de construção do conhecimento humano, desenvolvendo seus estudos, aprimorando-os e teorizando-os a partir de suas práticas (OLIVEIRA, 2014). De acordo com Bossa( 2000), o profissional psicopedagogo na escola deve compreender as falhas no processo de aprendizagem e atuar junto aos profissionais dessa instituição a fim de intervir, prevenir, diagnosticar e acompanhar os alunos com dificuldade de aprendizagem.. Segundo Oliveira (2014) caberá ao profissional psicopedagogo, a partir de suas investigações, compreender de que maneira sua atuação aliada aos outros campos do conhecimento permitirá seus próprios objetos de estudo e instrumentos para colocá-los em prática. Sendo este responsável por suas próprias teorias em prol da aprendizagem, ele deve estar atento às inúmeras possibilidades de construção do conhecimento. A psicopedagogia no contexto atual, caminha com o objetivo de contribuir para uma melhor compreensão do processo de aprendizagem do sujeito cognoscente. Seu caráter interdisciplinar denota especificidade como área de estudo do conhecimento em outros campos e criando seus próprios objetos de estudo, campo de atuação, corpo teórico e seus instrumentos (OLIVEIRA, 2014, p. 18). De acordo com a Associação Brasileira de Psicopedagogia (2003), o psicopedagogo também deve levar em consideração as dificuldades que influenciam diretamente no processo de construção da aprendizagem dos 22 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO sujeitos: seja em suas relações sociais, com a família, com a escola, ou ainda com fatores externos. Ao atuar de forma preventiva o psicopedagogo deve desenvolver trabalhos que permitam a integração entre o que se sabe e o que se faz e sente. “É necessário um trabalho que envolva o âmbito grupal, visualizando nele os sujeitos cognitivos, afetivos, sociais e biológicos em movimento” (OLIVEIRA, 2014 p. 34). Neste estudo, a atenção deve se voltar para a importância da formação do leitor na escola, local que ocupa um grande espaço na vida social da criança, onde poderá ser capaz de assimilar, compreender e interpretar o que lê, com independência na medida em que é influenciada por professores habilidosos, tornando-se um leitor crítico (SANDRONI e MACHADO, 1991). 2.1 DA ALFABETIZAÇÃO AO LETRAMENTO Em seu livro “Metodologia da alfabetização”, Valle (2013) faz um relato sobre como se dava a educação de alfabetização no Brasil, descrevendo esses chamados como “métodos de alfabetização”. Segundo Valle (2013, p. 55), esses métodos foram utilizados de forma a “sistematizar as ações pedagógicas em prol da alfabetização das crianças”. Construídos com base em duas concepções: quanto ao que é linguagem e de como a criança aprende. Valle (2013) destaca basicamente dois métodos de alfabetização: o analítico e o sintético. O método analítico, segundo a autora, inicia o processo de alfabetização por uma palavra, frase ou uma história, a qual apresenta uma palavra-chave, que desencadeará o estudo das letras e dos sons que compõem a palavra escolhida. Neste método a alfabetização estará completa quando a criança conhecer todas as famílias silábicas. No método sintético, de acordo com Valle (2013, p. 56) “a alfabetização partia das menores unidades da língua (letras, fonemas e sílabas) para as maiores (palavras e frases). Neste a alfabetização ficava restrita ao reconhecimento das letras e de seu valor fonético”. Ambos os métodos, analítico e sintético, combinados formavam o método misto, o qual, segundo a autora, determinava o método a ser aplicado por concepção teórica que estivesse em destaque e, independente do método escolhido, a sistematização levaria o aprendente a ideia de decodificação. Paulo Freire (2005) criticou a alfabetização como um processo de memorização mecânica e ensino puro da palavra, sílabas ou letras, mas valorizou esse processo como uma interação entre alfabetizador – alfabetizando, CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 23 onde a criatividade deve ser o fator essencial para a conclusão do processo da construção da linguagem. Freire afirmou ainda que em sua prática, “A alfabetização é a criação escrita da expressão oral, cuja montagem não pode ser feita pelo educador para ou sobre o alfabetizando. Aí tem ele um momento de sua tarefa criadora”. (FREIRE, 2005, p. 19). Valle (2013, p. 65), ressalta que, “não só no Brasil, mas em todos os países que utilizaram os métodos como bases de alfabetização”, tiveram alunos que sabiam ler e escrever, mas não conseguiam compreender tudo o que liam e não escreviam muito mais do que frases soltas. Os atualmente chamados “Analfabetos Funcionais”. O conceito de Analfabetismo Funcional foi pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em 1978, e fazia referência às pessoas que mesmo sabendo ler e escrever não conseguiam usar a linguagem escrita na vida cotidiana delas como instrumento de melhoria profissional, já que nem sempre compreendiam o que liam. De acordo com Valle (2013, p. 67) “A Alfabetização só começa a ser concebida sem métodos a partir da década de 1980, quando foi retirada a ênfase do como se ensina” e focaram no “como se aprende”. E que, “atualmente, conclui-se que apenas saber ler e escrever, não é o suficiente para alguém ser considerado alfabetizado”. Surge então, outro novo conceito que ganhou forças na educação: o letramento (VALLE, 2013, p.79). Ao compreender a relação do letramento à prática educativa diária em que são alfabetizadas crianças que não apresentam dificuldades de se apropriarem dos meios da escrita, entende-se como leitoras as crianças que após passarem pelo letramento são leitoras e produtoras de textos (VALLE, 2013). 2.2 A EVOLUÇÃO DA PRÁTICA DA LEITURA A prática da leitura também passou por evoluções, Paulo Freire (2005, p. 20) afirmou que “a leitura é algo que se movimenta”. A palavra movimenta o mundo através da leitura que faz dele, pois este está sempre em transformação e cabe a aos envolvidos no processo escrevê-lo e reescrevê-lo, transformando-o através da prática consciente. De acordo com Paulo Freire (2005, p. 16), a leitura de mundo se dá antes mesmo da leitura da palavra e a “compreensão crítica da importância do ato de ler, só poderá ser constituído através de sua prática”. Além disso, “desde 24 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO o começo, na prática democrática e crítica, a leitura de mundo e a leitura da palavra estão dinamicamente juntas” (FREIRE 2005, p. 29). Terra (2015) apresenta a evolução dos textos e suas mudanças nas formas de circulação: a primeira foi dos escritos em rochas e pedras para o papiro e pergaminho. Ao longo do tempo esses rolos foram substituídos para o códex ou códice, depois por folhetins, jornais, revistas e livros impressos. Afirma, ainda, que a última grande revolução ocorreu nas últimas décadas do século XX e foi a passagem do texto impresso para as telas do computador. E que segundo ele, o livro provavelmente não será substituído pelo digital. De acordo com Terra(2015), após a criação da imprensa por Gutemberg, no séc. XV, os textos foram difundidos em larga escala, facilitando o acesso a um maior número de pessoas, o que ampliou o número de leitores. Segundo Terra (2015), no séc. XVIII, a leitura passa de sua prática intensiva para a prática extensiva, ou seja, na prática intensiva, o leitor se dedicava a leitura de poucos livros que eram lidos, relidos, memorizados e comentados. Essa prática era muito frequente em livros religiosos, especialmente a bíblia. Já na prática extensiva, os leitores consumiam um número bem maior de livros lendo mais títulos e com mais rapidez. “Hoje lemos apenas com os olhos, silenciosamente, mas houve época em que era comum a leitura em voz alta” (TERRA 2015. p. 14). A leitura silenciosa, segundo o autor, é uma prática que teve início no séc. XII, a inserção de espaços seguidos da pontuação entre as palavras facilitou a leitura, exigindo do leitor um menor esforço cognitivo de processamento do texto. A passagem da leitura oralizada (em voz alta) para a leitura visual (leitura silenciosa) possibilitou que os textos fossem lidos com mais rapidez, o que acarretou a formação de leitores mais eficientes na medida em que exige a capacidade de mais concentração continuada. A leitura também passou do público para o privado já que a leitura não era mais compartilhada com as pessoas. Aos poucos, a leitura silenciosa, que era feita nos monastérios passou a ser praticada nas escolas e nas universidades. Com a tecnologia a palavra está em todos os lugares, onde se lê e relê o tempo todo. Assim como tudo muda, o modo como se lê também mudou: “o modo como lemos hoje também não é o mesmo como se lia em séculos passados, já que as técnicas de leitura se alteram ao longo do tempo” (TERRA, 2015, p. 14). Para Filipouski e Marcki (2009, p. 10), “leitura é interação e o ato de ler implica diálogo entre sujeitos históricos”. Para as autoras, “ler também implica uma atitude responsiva, estruturando uma resposta ao texto por meio de CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 25 novas ações de linguagem verbal ou não”. Assim sendo, a leitura tem o poder de possibilitar o encontro dos leitores com outros contextos e linhas de pensamento/raciocínio. 2.3 BIBLIOTECA ESCOLAR E A PRÁTICA PEDAGÓGICA Freire (2005) defende a Biblioteca popular como um espaço de interação crítico-democrática capaz de levar o leitor a aperfeiçoar sua forma de ler estimulando sua relação como o mundo e intensificando sua forma de ler o texto com o contexto. Descreve ainda que: “as bibliotecas populares podem atuar na formação de leitores, seja por meio do desenvolvimento de suas atividades culturais e da constituição de seu acervo”. (FREIRE, 2005, p.35). De acordo com Campello et al. (2012, p. 11) “Educar é uma tarefa complexa”. Segundo a autora, educar exige que todos os recursos e conhecimentos sejam mobilizados para se atingirem objetivos e metas definidas. Diante dessa evolução que se teve da forma de ler e obter informações, concorda-se com Campello et al. (2012, p.9) a qual afirma que “jovens e crianças precisam desenvolver habilidades específicas para lidar com a informação, tendo em vista as mudanças e contradições sociais”. Campello, et. al (2012, p. 10) afirma que “é necessário aprender a pensar de forma lógica e criativa, solucionar problemas, a usar informações e comunicar-se efetivamente”. Ainda segundo Campello et. al. essa capacidade foi denominada “competência Informacional” e “se insere na questão do letramento na medida em que pressupõe uma condição que caracteriza a pessoa que faz uso frequente e competente da informação”. De acordo com Campello, et al. (2012), estudantes de escolas que mantém bons programas de bibliotecas, aprendem mais e obtém melhores resultados em testes padronizados do que alunos com bibliotecas deficientes. Resultados dessa pesquisa realizada na Universidade de Denver - EUA comprovam que a biblioteca pode fazer a diferença na educação de crianças e jovens, quando educadores acreditam e a utilizam como recurso pedagógico: A influência da biblioteca apresentou-se de forma clara e consistente um bom programa de biblioteca com profissional especializado, equipe de apoio treinada, acervo atualizado e constituído de diversos tipos de materiais informacionais (…) resultou no melhor aproveitamento escolar dos estudantes, independentemente das características sociais e econômicas da comunidade onde a escola estivesse localizada (CAMPELLO, et al, 2012 p. 13). 26 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO No Brasil, de acordo com avaliações do Ministério da Educação (MEC) Segundo Campello et al, (2012, p. 14), a biblioteca “apesar de não ser utilizada em sua profundidade, aparece como um fator que contribui para o bom desempenho dos alunos (…).” Ao assumir seu papel pedagógico a biblioteca pode participar de forma criativa do esforço de preparar o cidadão do séc XXI. (CAMPELLO 2012). Sendo assim, Campello et al., reafirmam a importância da Biblioteca Escolar no processo pedagógico: O papel da biblioteca escolar no processo de formação de leitor crítico deve ser repensado pois ela pode ser o local onde esse leitor crítico é formado. por se tratar de um espaço de criação e compartilhamento de experiências, de produção cultural, onde crianças não apenas consumem cultura, mas podem criá-la (CAMPELLO, et al. 2012, p. 22). Campello, et al (2012, p. 10) afirma que “o professor não é transmissor de conhecimento, mas um orientador, capaz de captar o interesse de seus alunos, despertando-lhes questionamentos e ajudando-lhes nas buscas de soluções”. A essa prática dá-se o nome de Competência Educacional. 3 A PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL E A INTERAÇÃO COM A BIBLIOTECA ESCOLAR Ao refletir sobre as práticas pedagógicas vivenciadas pela escola e suas ações no processo de letramento e a utilização da biblioteca escolar como recurso pedagógico, bem como mediadora no processo de ensino e aprendizagem da prática da leitura foi possível a partir da observação participativa no decorrer do ano letivo de 2015, inserir nessas práticas o olhar do psicopedagogo institucional, tendo como psicopedagogo o próprio bibliotecário. De acordo com Oliveira (2014 p. 39), “o psicopedagogo institucional, atua na escola como assessor ou profissional contratado”. Afirma ainda, que este psicopedagogo pode ser um pedagogo ou outro profissional com especialização em psicopedagogia. Essa afirmativa foi sem dúvida a válvula propulsora na qual justifica esse estudo, tendo em vista a formação psicopedagógica institucional do referido observador. Durante o processo do letramento observou-se que a participação do agente de leitura ou bibliotecário escolar, quando inseridos de forma orientada e participativa com ações lúdicas e culturais como, por exemplo, a contação de CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 27 histórias, canções e adivinhas em espaço próprio possibilita o acesso da criança ao livro tem sido de suma importância. Observou-se também que as ações do agente de leitura ou bibliotecário escolar, orientadas psicopedagogicamente possibilitaram aos alunos com dificuldade, uma interação com este espaço e com o livro, ou seja, os alunos não letrados ao entrarem em contato com atmosfera lúdica e ao participar da contação de histórias se envolviam com o livro e aos poucos encontravam estímulos para também realizar sua leitura. O lúdico, segundo Barbosa (2010, p. 183) “é o ingrediente fundamental como recurso psicopedagógico”, pois auxilia a criança no enfrentamento dos obstáculos e das dificuldades de aprendizagem, sendo útil não somente para a intervenção do cognoscente, mas, principalmente, nas intervenções psicopedagógicas. Foi observado que o agente de leitura da Biblioteca pode ser um instrumento da intervenção pedagógica e psicopedagógica capazde auxiliar no processo de aprendizagem da leitura, bem como ao auxiliar o psicopedagogo por desvincular-se da figura do professor no processo da aprendizagem da leitura e auxiliar em seu diagnóstico, uma vez que o lúdico está muito presente nas contações de histórias. Um bibliotecário bem preparado, além de saber escolher e indicar os livros adequados a cada faixa etária, também conhecerá a arte de contar histórias e envolverá a criança com o lúdico, encantando-as e envolvendo-as nas atividades desenvolvidas. Durante esse processo, a criança poderá ser observada e avaliada com um olhar psicopedagógico, o qual poderá fazer intervenções utilizando-se do ato coletivo para capturar suas percepções e ouvi- la. De acordo com o relato da professora do 2º ano do Ensino Fundamental dos anos inicias, ao realizar o trabalho do gênero carta com seus alunos, a partir da contação da história do livro “Coelho mau” de Jeanne Willis, todos os seus alunos, sem exceção, sentiram-se estimulados a escreverem uma carta, conforme o desafio lançado pelo agente de leitura (psicopedagogo). Ainda segundo a professora, mesmo os alunos que apresentaram mais dificuldades, ao final do ano letivo não tiveram maiores dificuldades de leitura e de escrita, além do esperado em sua faixa etária, o que para ela foi surpreendente em relação as turmas que atende em outras escolas que não contam com essa atividade de interação com o espaço da biblioteca e mediação psicopedagógica realizada 28 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO pelos próprios bibliotecários, que além de sua função possuem especialização em psicopedagogia. A elaboração dos trabalhos de contação de histórias, quando necessário, são previamente acordados com os professores e pedagogos, de acordo com a necessidade específica de algum aluno, ou da turma, sendo realizada a ação coletiva. Essa integração, conforme sugere Oliveira (2014) valoriza a atuação psicopedagógica institucional, na sua relação de intervenção ao perceber situações que estejam dificultando o processo de aprendizagem. Outra interação que é realizada por esses educadores (psicopedagogos) é o ato de observar e escutar. Apesar de estarem inseridos no espaço da escola são figuras desvinculadas ao professor, são educadores acessíveis e sensíveis a qualquer queixa que possa interferir na relação de aprendizagem desses alunos, portanto, o trabalho é realizado em parceria com o pedagógico da escola, equipe multidisciplinar, educação especial, altas habilidades e sala de recursos, esses professores e pedagogos contam com a participação atuante da biblioteca escolar, que aliada à prática e intervenção psicopedagógica conseguem maximizar resultados no processo de ensino e aprendizagem e identificar problemas de ordem escolar, social ou familiar e, ainda intervir, propondo seu encaminhamento para outros profissionais, quando necessário. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A prática psicopedagógica é fundamental no processo de ensino e aprendizagem em todos os seus aspectos, o que é confirmado quando essa prática envolve outros recursos pedagógicos da escola bem como outros profissionais em prol do objetivo de ensinar, além da figura do professor, o envolvimento de todos contribui para um aprendizado efetivo do aprendente. O trabalhar em conjunto com professores permite aos bibliotecários planejarem situações de aprendizagem que desafiam e motivam os alunos, e podem acompanhar seus progressos, orientando-os no desenvolvimento de competências informacionais cada vez mais sofisticadas. A intervenção efetiva de um psicopedagogo, conforme relatado nesse estudo tornará essa proposta ainda mais eficaz. As interações psicopedagógicas realizadas com a biblioteca demonstraram que a biblioteca está presente e pode ser atuante no processo de alfabetização e letramento, uma vez que esta é, sem dúvida, o espaço por excelência para promover experiências criativas de uso de informação. E as ações preventivas da psicopedagogia ajudará o professor a ter um olhar CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 29 descentralizador de sua prática educativa e inovar no processo ensino e aprendizagem pela leitura. REFERÊNCIAS BARBOSA, Laura Mont Serrat (org). Intervenção Psicopedagógica no espaço da Clínica. Curitiba Ibpex, 2010. BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: Contribuições a partir da prática. 2. ed. rev. e aum. Porto Alegre: Artmed, 2000. 131 p. BRASIL. Código de Ética da Psicopedagogia. Disponível em http://www.abpp.com.br/codigo-de-etica-do-psicopedagogo. Acesso em 24 de abr de 2016. CAMPELLO, Bernadete Santos, Et. Al. A Biblioteca Escolar: Temas para uma prática pedagógica. 2.ed. Autêntica. Belo Horizonte, 2012. FILIPONSKI, Ana Mariza Ribeiro & MARCHI, Diana Maria. A formação do leitor jovem: Temas e gêneros da literatura. Erechim, RS. Edelbra, 2009. FREIRE, Paulo: A importância do ato de ler: em três artigos que se completam – 46 ed. - São Paulo, Cortez, 2005. OLIVEIRA, Maria Ângela Calderari: Psicopedagogia: A educação em foco (livro eletrônico). Curitiba, Intersaberes, 2014. SANDRONI, Laura & MACHADO, Luiz Raul. A criança e o livro: Guia prático de estímulo à leitura. São Paulo. Ática. 3 Edição. 1991. SOUZA, Renata Junqueira de Souza. (Org.). Biblioteca escolar e práticas educativas: o mediador em formação. Campinas, São Paulo, Mercado das letras, 2009. TERRA, Ernani: A produção literária e a formação de leitores em tempos de tecnologia digital.(livro eletrônico). Curitiba, Intersaberes, 2015. VALLE, Luciana de Lucca Dalla: Metodologia da alfabetização (livro eletrônico) – Curitiba, Intersaberes, 2013. http://www.abpp.com.br/codigo-de-etica-do-psicopedagogo 30 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL BRINCAR, IMAGINAR E CRIAR ANDRESSA SCHIAVONE PEREIRA AQUARONI VIEIRA 1 ANA CLAUDIA ASSIS GOMES 2 RESUMO O presente artigo consiste em compreender alternativas de organização para que a criatividade e a imaginação possam fluir naturalmente. O conceito de criança e de infância foi abordado para que se demonstre a importância do lúdico no desenvolvimento infantil. Apontando modos de organização de espaços na Educação Infantil com fomento da criatividade e imaginação, valorizando as atividades lúdicas neste contexto onde a criança obtenha condições adequadas para seu desenvolvimento de maneira plena, obtendo aprendizado e autonomia. Brincando a criança percebe o mundo da maneira que lhe é proposto, então, os espaços das instituições de Educação Infantil precisa ser repleto de cor, brinquedos diversos, estímulos ao cuidado ao meio ambiente, (referindo-se aos espaços externos), acolhedor, adequado a cada faixa etária e sociável. O desenvolvimento da imaginação ocorrerá de maneira natural com o estimulo de espaços coloridos, desafiadores para novas descobertas diárias. Lugar onde a criança constrói, reconstrói, inventa, reinventa, canta, pula e brinca expressando-se de maneira pura, alegre e simples. Palavras–chave: Criança. Infância. Lúdico. Imaginação. 1 INTRODUÇÃO O cenário que engloba a Educação Infantil, a infância e a criança, como um todo, é alvo de constantes e profundas reflexões, e de pensar sobre o espaço favorável para a aprendizagem através do brincar. Assim, o lúdico torna- se um fator-chave neste cenário, auxiliando de maneira concreta o processo de ensino e aprendizagem. Para tanto, é importante saber que a infância é um período onde ocorrem as maiores e primeiras interações da criança com o mundo que a rodeia, é onde estes indivíduos passam a estabelecer suas primeiras relações sociais. 1 Graduada em Pedagogia pela Unicesumar (2006); Especialista em Docência no Ensino Superior pela Unicesumar (2009). Especialista em Psicopedagogia Institucional –Unicesumar (2015). 2 Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Goiás, UFG (2000). Especialista em Educação, Comunicação e Novas Tecnologias pela Universidade do Estado do Tocantins (2005). CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 31 O sucesso de seu relacionamento social, a forma como lida com suas realizações e frustrações, com a gama de sentimentos com os quais se confrontará a todo instante, enquanto cresce é, em boa parte, influenciada pelo ato de brincar, por meio do lúdico. Em síntese, as brincadeiras podem proporcionar prazer, conflito, frustração, realização e diversão, mas, sobretudo, funcionam como estímulo ao desafiar, provocar o pensamento reflexivo da criança. Deste modo, entende-se que os espaços criados para a convivência das crianças dentro das instituições de Educação Infantil precisam ser doutrinados pelo preceito do conforto das mesmas, embasados por elementos que fazem com que estas crianças sintam-se à vontade para desenvolver seu senso criativo, imaginativo e como resultado cognitivo, psicomotor e pessoal. Com intuito de explorar assuntos elencados acima, esse artigo foi subdivido em três itens: no primeiro abordou sobre a criança e a infância, no segundo a concepção de lúdico e no terceiro os espaços criados para fomento da criatividade e imaginação. Com base na teoria Histórico-cultural de Vygotsky, aponta se o conceito de criança e a importância do lúdico na Educação Infantil defendendo a ideia da constituição sociocultural da criança, com direitos a brincar em um espaço planejado para tal nas instituições de Educação Infantil. 2 INFÂNCIA E A CRIANÇA A infância, primeira etapa do desenvolvimento humano, é marcada por grandes transformações, Vygotsky (1988) afirma que os primeiros anos de vida são marcados pelo intenso desenvolvimento dos aspectos físicos, intelectuais, emocionais e morais na criança. O autor defende ainda que a criança desde bem pequena estabelece relações com outras pessoas e com as coisas percebendo e se apropriando de significados e atribuindo sentidos. A aprendizagem ocorre ao ampliar a atividade prática e intelectual, surgindo novas necessidades de conhecimento. Por isso, para o autor não há desenvolvimento cognitivo espontâneo ou tipicamente herdado, e sim, considera o conhecimento humano uma atividade interpretativa da cultura a qual se está inserido. A teoria elaborada por Vygotsky (1988), conhecida por teoria histórico- cultural parte da premissa que a natureza do homem é ao mesmo tempo biológica e social. Biológica porque o homem se desenvolve naturalmente e social, devido à aprendizagem que ocorre através da socialização com seus 32 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO pares e, partindo dessa relação, o homem se humaniza. Baseado na teoria, o autor relata que o homem não nasce com inteligência, personalidade e consciência, mas apropria-se dessas características ao longo da vida, de acordo com a cultura com a qual esta inserida, sendo capaz de aprender, criando novas habilidades, capacidades e aptidões humanas, constituindo assim sua humanidade. Ser criança, pautado nas afirmações de Leontiev (1998) e Vygotsky (1998), é ser ativa desenvolvendo-se a partir de sua própria atividade mediante os relacionamentos humanos, entre crianças e adultos e entre crianças e seus pares. A partir desse entendimento, a aprendizagem é o degrau de desenvolvimento humano, pois através dela se adquire as qualidades humanas. Na sociedade contemporânea existem diferentes formas de entendimento do que é a infância e do ser criança. Atualmente, na sociedade a criança pode ser vista de maneiras diferentes, muitas vezes é considerada como adulto em miniatura, evidenciando em seu modo de vestir, falar e até mesmo ao brincar. O oposto também ocorre, quando a criança é tida como incapaz frágil e sem competência e requer a superproteção da família. O sociólogo norte-americano Neil Postman (1999), em seu livro o “Desaparecimento da Infância”, afirma que a infância não se expressa apenas pelo aspecto biológico do desenvolvimento humano, mas, acima de tudo na esfera cultural. A infância é um produto cultural, histórico e passível de transformações radicais. Nessa linha de pensamento, a infância tem ligação direta com as influências da comunicação tecnológica. Postman (1999) defende que os meios de comunicação têm poder para influenciar a consciência e modificar os pensamentos em sua esfera simbólica, atingindo assim as crianças. Para o autor ainda há esperança na reversão desse quadro caótico em que se encontra a infância em duas instituições sociais: a família e a escola. Diante de tais revelações em relação à infância, enfatiza-se a importância de uma alternativa que se contrapõe a essa cultura que descaracteriza o mundo infantil, surgindo uma nova visão de criança e concepção de infância, especificamente aos direitos a infância principalmente ao de brincar, Vygotsky (1998) defende o brinquedo como forma de aprendizado envolvendo aspectos emocionais, ações físicas e cognitivas e o contato social. O autor afirma que: É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não pelo dos incentivos fornecidos pelos objetos externos (VYGOTSKY, 1998, p.104). CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 33 A criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação aquilo que vê, sua ação surge das ideias e não do objeto. Através de um simples graveto a criança o transforma em um avião, este exemplo demonstra que a criança adquiriu um nível elevado de maturidade. Entra em ação a imaginação, é um processo psicológico novo para a criança, surgindo originalmente da ação. Por isso é fundamental o estímulo através do ato de brincar resgatando a origem da infância, pois brincando a criança explora através da imaginação novas possibilidades, criando condições de aprendizagem e sociabilidade, firmando sua identidade e autonomia dentro do seu mundo cultural e aprendendo de algum modo a lidar com a emoção. É fundamental o estímulo através do ato de brincar, resgatando a origem da infância de uma maneira lúdica, a criança terá a oportunidade de adquirir novos conhecimentos, desenvolver potencialidades e habilidades, de uma forma prazerosa. O mundo infantil depende do lúdico para produzir a fantasia e a imaginação, que são elementos essenciais para que a criança se expresse, construa sua realidade e assimile conhecimento. Então, brincar é condição de aprendizagem e de sociabilidade e está intimamente ligado ao inventar e reinventar o mundo imaginário da criança, o mundo do faz de conta. 2.1 O LÚDICO E A CRIANÇA Afinal, o que significa lúdico? De acordo com o dicionário online português Michaelis, a palavra com origem no latim ludos “que se refere a jogos e brinquedos”, em outras palavras, caracteriza a ação de brincar. O jogo lúdico de acordo com Piaget (1984) é formado por um conjunto linguístico que labora inserido em um contexto social, com um sistema de regras e constitui-se de um objeto simbólico, designando também um fenômeno. Portanto, permite ao educando uma estrutura sequencial que especifica a sua moralidade dentro de um sistema de regras. Desse modo, o lúdico, a criança e a infância estão interligados, é um elo que permite experiências com a lógica e o raciocínio, favorecendo a sociabilidade e estimulando as reações afetivas, cognitivas, linguísticas, morais e culturais. Crianças sempre brincaram, brincam e irão brincar afinal “brincar é viver”. Kishimoto (1993) relata que os brinquedos expressam um mundo imaginário em que a criança está inserida. 34 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções:tudo o que existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas. Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipulá-los. Duplicando diversos tipos de realidades presentes, o brinquedo metamorfoseia e fotógrafa a realidade, não reproduz apenas objetos, mas uma totalidade social. A realidade representada sempre incorpora algumas modificações: tamanho, formas delicadas e simples, estilizadas ou, ainda, antropomórficas. Os brinquedos podem incorporar, também, um imaginário pré-existente criado pelos desenhos animados, seriados televisivos, mundo da ficção científica com motores e robôs, mundo encantado dos contos de fada, estórias de piratas, índios e bandidos (KISHIMOTO, 1993, p.109). É brincando que a criança reproduz seu cotidiano, através da imaginação, transformando objetos reais em fictícios e vice-versa. Representando sua vivência de uma forma lúdica, expressando a forma como interpreta seu mundo real e como internaliza as regras e costumes de onde vive. Vygotsky (1998) afirma que a criança se comporta de forma mais avançada nas brincadeiras do que nas atividades da vida real, tanto pela vivencia de uma situação imaginária quanto pela capacidade de subordinação às regras. Ressalta que é na interação com as atividades que envolvem simbologia e brinquedos que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva. O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, elaborado pelo MEC, ressalta que brincar favorece a autoestima das crianças. A brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas significações atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de constituição infantil (RCNEI, 1998 p.27). Brincar faz parte do universo infantil, se a brincadeira ocorre no campo da imaginação isto implica que a criança tem o domínio da linguagem simbólica, entendendo assim que a realidade está sendo representada pela imaginação criando novas possibilidades de entendimento da atual forma de se atuar na vida. Através das brincadeiras as crianças expressam ideias e emoções vivenciadas em seu mundo, e assim acontece o faz de conta. Com isso ela experimenta situações em busca da resolução dos conflitos próprios da infância, e contar com a ajuda de um espaço preparado para a liberdade de expressão e de vivencias experimentais, poderá auxiliar a criança em seu processo de imaginação e fantasia apropriando se de seus pensamentos, transportando-os para a realidade. CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO 35 2.2 ESPAÇOS PARA CRIATIVIDADE E IMAGINAÇÃO Para que a criança se sinta estimulada a criar é fundamental se construir um ambiente desafiador, interferindo diretamente no desenvolvimento da autonomia da criança. A brincadeira deve ser refletida e explorada a partir de um olhar pedagógico sem renegar a essência e função natural da vivência da criança, fazendo com que a mesma explore o mundo que a cerca atribuindo significado à imaginação a partir dos objetos utilizados na brincadeira. Então, a organização dos espaços no ambiente de Educação Infantil tem uma implicação pedagógica e, por isso, existe uma interferência significativa na vida da criança, respeitando as peculiaridades e necessidades de cada uma. No livro “Projetos Pedagógicos na Educação Infantil” (Barbosa e Horn, 2008) afirma através de Fornero (1998) que o ambiente “fala”, evoca recordações, transmite sensações, passa segurança ou inquietação, mas nunca deixa indiferente. A proposta pedagógica dos Centros de Educação Infantil precisa contemplar em seus objetivos a possibilidade que a criança tem de recriar o ambiente através do espaço que lhe é proposto, oportunizando momentos de reflexão e busca da afirmação da identidade e autonomia. Ressalta Barbosa e Horn (2008,p.48) que: A construção do espaço é eminentemente social e entrelaça-se com o tempo de forma indissolúvel, congregando simultaneamente diferentes influencias mediatas e imediatas advindas da cultura e do meio em que estão inseridos seus atores. Nesse processo, é importante ressaltar, a priori, que o ser humano diferencia-se das outras espécies animais por ser capaz de criar, de usar instrumentos e de simbolizar. Utilizando-se basicamente do raciocínio e da linguagem, ele consegue transformar suas relações com os outros e com o mundo. Não há neutralidade na organização dos espaços nas instituições de Educação Infantil, tanto ele estimula quanto limita as aprendizagens. De acordo com Horn (2004, p.35) em seu livro: “Sabores, Cores, Sons, Aromas - A organização dos espaços na Educação Infantil”: O espaço é entendido sob uma perspectiva definida em diferentes dimensões: a física, a funcional, a temporal e a relacional, legitimando-se como um elemento curricular. A partir desse entendimento, o espaço nunca é neutro. Ele poderá ser estimulante ou limitador de aprendizagens, dependendo das estruturas espaciais dadas e das linguagens que estão sendo representadas. Nesse sentido, o ambiente de aprendizagem influencia as condutas das crianças pequenas de forma distinta, isto é, 36 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO enquanto alguns incitam o movimento, por exemplo, outros trarão uma mensagem de mais tranquilidade e repouso. Partindo da premissa que o espaço precisa ser planejado e estruturado pensando na constituição da necessidade de valorizar a infância, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) enfatiza a importância das propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil contemplar os seguintes parâmetros norteadores: Princípios Éticos da autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e as diferentes culturas, identidades e singularidades. Princípios Políticos dos Direitos de Cidadania, do Exercício da Criticidade e do Respeito à Ordem Democrática. Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais. Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais (MEC, 2010, p.16). Segundo as Diretrizes, as propostas pedagógicas devem estar pautadas no lúdico e nas manifestações culturais, sendo assim, há que se pensar em espaços físicos que contemplem a ludicidade e espontaneidade das manifestações da cultura e, sobretudo, a criança, tornando o ambiente favorável às diversas aprendizagens. Deve-se pensar em espaços que as crianças usufruam plenamente de tudo que nele está que elas tenham livre acesso para explorá-lo a partir da concepção que cada uma já adquiriu de sua realidade. Tanto espaços internos quanto externos o planejamento deve ser o mesmo: aguçar a criatividade e a construir conhecimentos novos a partir de uma demanda da turma ou de uma criança. O projeto arquitetônico das instituições infantis onde atendem crianças de 4 meses a 6 anos deve estar imbuído implícito e explicitamente a proposta pedagógica. Entendendo que as crianças necessitam de um espaço que elas circulem livremente, possam ver e serem vistas através de janelas grandes e transparentes, paredes vasadas, e também transparente, o mundo lá fora, ou seja, tudo que se passa no ambiente externo. Os ambientes internos são subdivididos e separados por móveis na altura das crianças. Contendo armários em forma de escaninhos para que as crianças guardem o material individual estimulando assim a autonomia e a afirmação de sua identidade. Nesses espaços subdivididos existe separação de temas, dependendo da proposta pedagógica, por interesse
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