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PEDAGOGIA FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA Adriana Corder Molinari Simone dos Santos Costa unar.info/ead FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 1 - O CONHECIMENTO LÓGICO – MATEMÁTICO Adriana Maria Corder Molinari 1 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Conhecer o que é e como ocorre a construção do conhecimento lógico-matemático, compreendendo-o como um processo dinâmico e contínuo. ESTUDANDO E REFLETINDO . Para o psicólogo e educador suíço Jean Piaget, há três tipos de conhecimentos mediante os quais o ensino deve se organizar: o conhecimento físico, o conhecimento social e o conhecimento lógico-matemático. Compreender como tais tipos de conhecimentos são adquiridos é uma das tarefas mais importantes do educador, pois a partir deles é possível formular propostas de ensino que sejam significativas às crianças. O conhecimento físico é o conhecimento dos objetos, e de suas propriedades, na realidade externa e consiste em extraírem-se as informações ou o conhecimento destes objetos. Este tipo de conhecimento é estruturado a partir da ação do sujeito sobre o objeto de conhecimento pela abstração empírica das propriedades dos objetos, como por exemplo, a cor, a forma ou o peso. Para a construção deste tipo de conhecimento, é necessário que o sujeito exerça ações sobre o objeto a fim de que possa haver abstração empírica (abstrair determinada propriedade do objeto). Um exemplo deste tipo de conhecimento é quando a criança, através de experimentações, descobre que quando a água é submetida a uma baixa temperatura, ela se transforma em gelo (transformação de um estado líquido para um estado sólido). O conhecimento lógico-matemático consiste em relações mentais feitas pelo indivíduo e resulta da coordenação dessas relações, a partir das ações que o sujeito exerce sobre o objeto; este tipo de conhecimento é estruturado a partir da abstração FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 1 - O CONHECIMENTO LÓGICO – MATEMÁTICO Adriana Maria Corder Molinari 2 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” reflexiva (reflexões elaboradas em nossa mente, que depende de inferências e deduções lógicas). Através dessa abstração é possível criar e introduzir relações entre os objetos e, a partir da coordenação dessas relações é que se chega à manipulação simbólica e ao raciocínio puramente dedutivo. Kamii (2002) cita um exemplo desse tipo de relação: é possível ver 4 bolas, não se pode ver o número, mas os 4 objetos. Quando somamos 4 e 2, estamos pondo em relação numérica duas quantidades que formam uma construção mental por abstração reflexiva. O “4 + 2 igual a 6” não está nos objetos observáveis, mas na relação que se estabelece entre eles, ou seja, ela está na mente do individuo e não nos objetos. Esses dois tipos de conhecimento não podem ser diretamente transmitidos porque dependem da ação do sujeito sobre os objetos e são interdependentes, pois para construir uma relação entre dois objetos, temos que observar as propriedades diferentes de ambos e, a relação de diferença entre eles, é a nossa mente quem estabelece. Por exemplo: para perceber que determinado objeto é vermelho, a criança tem que colocá-lo em correspondência com outros (não vermelhos), azuis, por exemplo; a cor é uma propriedade do objeto (conhecimento físico), mas a relação entre vermelhos e não vermelhos, é nossa mente quem faz, colocando tais objetos em uma relação de classes (conhecimento lógico-matemático). Por outro lado, o conhecimento social é o tipo de conhecimento que foi construído pela humanidade, portanto, é um conhecimento convencional, que advém das convenções, dizendo respeito a fatos e acontecimentos; é cultural e arbitrário, portanto, adquirido através da transmissão social porque sua fonte é externa ao indivíduo. Um exemplo de conhecimento social é a aprendizagem do sistema numérico: saber que o número 1 se chama “um”, que o número 2 se chama “dois” é uma convenção, como um nome de batismo: foi convencionado que eles se chamassem assim. Compreender que as pessoas costumam se cumprimentar entre si dando as mãos, que devemos nos vestir de modos diferentes dependendo da ocasião, são FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 1 - O CONHECIMENTO LÓGICO – MATEMÁTICO Adriana Maria Corder Molinari 3 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” convenções sociais que foram construídas pelas pessoas e, o fato de ser totalmente arbitrário, faz com que essas convenções devam ser ensinadas às pessoas, necessitando, pois, da interferência de outras pessoas. Por isso, baseados na teoria piagetiana, dizemos que este é o único conhecimento que pode ser diretamente ensinado às crianças. As pesquisas de Jean Piaget e seus colaboradores nos mostraram que é um erro supormos que a criança adquira conceitos matemáticos apenas através do ensino; suas conclusões revelaram que, a criança por si mesma constrói esses conceitos, de maneira independente e espontaneamente. Concluíram ainda que, se os adultos tentam ensinar-lhe os conceitos matemáticos prematuramente, sua aprendizagem é apenas verbal; a verdadeira compreensão que têm deles só ocorre com o desenvolvimento intelectual. Porém, é necessário tomarmos cuidado em não ficarmos de braços cruzados esperando que as crianças aprendam por si só: é necessária a intervenção do adulto no sentido de promover situações e condições para que a criança tenha experiências ricas e possa, através destas, construir seu conhecimento. Para propiciar a aprendizagem da matemática, precisamos oferecer condições para que as crianças estabeleçam relações entre os objetos, fazendo comparações entre diversos objetos e quantidades, realizando operações mentais que lhe permitam construir suas deduções lógicas, resolvendo problemas, apreciando informações matemáticas tais como: números, gráficos, tabelas, mapas etc. BUSCANDO CONHECIMENTO Do ponto de vista do desenvolvimento cognitivo, para que as crianças compreendam a matemática é preciso que elas tenham construído alguns princípios lógicos, tais como: 1. CONSERVAÇÃO DAS QUANTIDADES: que significa compreender que a quantidade não se altera quando se modifica a disposição espacial dos objetos. Sem FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 1 - O CONHECIMENTO LÓGICO – MATEMÁTICO Adriana Maria Corder Molinari 4 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” conservar as quantidades, a criança não compreenderá a noção de número cardinal (número ou quantidade dos elementos que constituem um conjunto); 2. INCLUSÃO DE CLASSES – noção de que o todo dividido em partes é sempre maior que cada uma das partes, ou seja, a compreensão de que certas subclasses podem ser incluídas em classes maiores, como por exemplo, a subclasse “cachorro” ser incluída em uma classe maior: a dos “animais domésticos”; 3. SERIAÇÃO – noção de posição cardinal e ordinal dos números e suas inter- relações, ou seja, a ordenação de objetos de acordo com suas diferenças, compreendendo as relações diferenciais entre um e outro objeto da mesma série; 4. TRANSITIVIDADE – fazer inferências transitivas do tipo se A > B e B > C, então A > C é uma exigência para compreensão verdadeira do número: pois e relação ordinal do número é uma relação de inclusão e de transitividade, o que não significa compreender apenas a ordem, quais são os números vizinhos, e sim a relação entre eles. 5. COMPOSIÇÃO ADITIVA DO NÚMERO – entender a relação parte-todo na adição, como por exemplo, entender que 4 + 3 = 3 + 4; que 2 + 5 = 7 e que 7 – 2 = 5 A compreensão desses princípios lógicos é que dará ás crianças a possibilidade de operar com a aritmética. A construção de todas essas noçõesacontece nas inúmeras relações que os sujeitos estabelecem em sua leitura de mundo. Dessa forma, quanto mais diversificadas as experiências, melhores as possibilidades de compreensão dessas ideias. Como as relações estabelecidas surgem a partir das experiências anteriores e das vividas no presente e, portanto, próprias de cada sujeito, podemos dizer que são construções mentais, internas e individuais do sujeito. Assim, saber como esses conhecimentos são construídos é imprescindível para que, em sala de aula, o professor organize atividades adequadas a fim de favorecer esta construção. Para saber um pouco mais acesse: FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 1 - O CONHECIMENTO LÓGICO – MATEMÁTICO Adriana Maria Corder Molinari 5 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” http://www.youtube.com/watch?v=qyNGFOpRSE4 https://www.google.com.br/#q=INCLUS%C3%83O+DE+CLASSES http://www.youtube.com/watch?v=q8OB0gqPZIE http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/piaget/cap8.htm FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 2 - Como as crianças constroem conceitos matemáticos Adriana Maria Corder Molinari 6 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: Conhecer o que é e como ocorre a construção do conhecimento lógico-matemático, compreendendo-o como um processo dinâmico e contínuo. ESTUDANDO E REFLETINDO (texto escrito tomando como base o artigo de Jean Piaget, publicado na revista Scientific American, vol. 198, n.º 5 novembro de 1953, pp. 74-9 e reimpresso no livro “Leituras de Psicologia Educacional” de Morse e Wingo). Piaget nos alerta para o erro de supor que, apenas através do ensino, a criança adquira a noção de número e outros conceitos matemáticos. Suas pesquisas possibilitaram que ele chegasse à conclusão de que, a criança por si mesma constrói esses conceitos, independente e espontaneamente. E se os adultos tentam ensinar- lhe os conceitos matemáticos prematuramente, sua aprendizagem é apenas verbal; a verdadeira compreensão que têm deles só ocorre com o desenvolvimento intelectual, que consiste no processo pelo qual as estruturas do pensamento se constroem. Uma das características de teoria de Jean Piaget é a de que se pode constatá- la facilmente e um professor poderá confirmar as descobertas de Piaget fazendo experimentos muito simples com seus alunos. Apresentando-se uma fileira de 10 fichas a uma criança de cinco ou seis anos, que já sabe dizer os números de 1 a 10, observa-se que ela poderá contá-las corretamente. No entanto, se as fichas pedras forem reorganizadas num desenho mais complexo, ou se forem empilhadas, já não pode contá-las com precisão. Isso acontece porque embora a criança conheça os nomes dos números, ainda não compreendeu a ideia essencial de número; isto é, ela ainda não compreendeu que o número de objetos num grupo continua o mesmo, é "conservado", independentemente da maneira que estejam organizados ou da configuração que tenham assumido quando foram dispersos num determinado espaço. Por outro lado, uma criança de seis e meio ou sete anos mostra, muitas vezes, que espontaneamente construiu o conceito de número, ainda que não tenha "aprendido" a contar. Isso acontece quando ao comparar um conjunto de oito fichas FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 2 - Como as crianças constroem conceitos matemáticos Adriana Maria Corder Molinari 7 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” vermelhas e oito fichas azuis ao emparelhar uma a uma, ela compreende que ambos têm a mesma quantidade de fichas e continua admitindo a equivalência entre os dois conjuntos, mesmo quando a disposição em que se encontram as fichas de um dos conjuntos for modificada. A “prova da correspondência de um-a-um” é muito útil para pesquisar a construção do conceito número pelas crianças. Por exemplo, faz-se uma fileira de oito fichas vermelhas, igualmente espaçadas, com uma distância de aproximadamente dois centímetros, e pede-se que as crianças retirem de uma caixa de fichas azuis, tantas fichas quanto as que foram colocadas sobre a mesa. Suas reações dependerão da idade, e podem-se distinguir três estágios de desenvolvimento. Uma criança de cinco anos ou menos geralmente colocará fichas azuis para fazer uma fileira do mesmo comprimento da fileira vermelha, mas colocará as fichas azuis reunidas, em vez de espaçá-las. Acredita que o número é o mesmo, desde que o comprimento da fileira seja igual (fig. 01). Com a idade de seis anos, em média, as crianças chegam ao segundo estágio: tais crianças colocarão uma ficha azul ao lado de cada ficha vermelha, e conseguirão o número correto. Mas isso não significa que adquiriram, necessariamente, o conceito de número. Se a distância entre as fichas vermelhas forem aumentadas, tornando a fileira mais comprida ou se as fichas forem juntadas, de modo que a fileira fique mais curta, as crianças de seis anos pensarão que a fileira mais longa tem mais fichas, embora o número não tenha sido mudado (fig.02). Com a idade de seis anos e meio a sete, em média, as crianças chegam ao terceiro estádio: sabem que, embora seja possível reduzir ou aumentar o espaço entre as fichas de uma fileira, o número é igual ao da outra (fig. 03). Em suma, as crianças precisam compreender o princípio de conservação da quantidade, antes de poderem desenvolver o conceito de número. Evidentemente, a conservação da quantidade não é em si mesma, uma noção numérica; ao contrário, é um conceito lógico. Assim, tais experimentos de psicologia da criança esclarecem um pouco a epistemologia do conceito de número - um assunto que tem sido examinado por muitos matemáticos e lógicos. Há quem pense que o número é um conceito puramente verbal: que a ideia de número cardinal deriva da noção lógica de classe (um número seria uma classe FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 2 - Como as crianças constroem conceitos matemáticos Adriana Maria Corder Molinari 8 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” constituída de classes equivalentes), enquanto que a noção de número ordinal deriva das relações lógicas de ordem. No entanto, esta explicação não está de acordo com o processo psicológico que Piaget observou em crianças pequenas. Inicialmente, as crianças não fazem distinção entre número cardinal e número ordinal; além disso, o conceito de número cardinal pressupõe uma relação de ordem. Por exemplo, uma criança só pode estabelecer a correspondência de um-a-um se não esquece qualquer um dos elementos, nem usa o mesmo elemento duas vezes. A única maneira de distinguir uma unidade de outra é considerá-la antes ou depois, no tempo ou no espaço, isto é, na ordem da enumeração. O estudo de como a criança compreende as relações espaciais - o que poderia ser denominado a geometria espontânea da criança também é bastante esclarecedor. Na criança, a ordem do desenvolvimento da geometria parece inverter a ordem da descoberta histórica. A geometria científica começou com o sistema euclidiano (referente a figuras, ângulos e assim por diante), desenvolveu no século XVII a chamada geometria projetiva (que lida com problemas de perspectiva) e, finalmente, chegou, no século XIX, à topologia (que descreve as relações espaciais de forma geral e qualitativa - por exemplo, a distinção entre estruturas abertas e fechadas, interioridade e exterioridade, proximidade e separação). Por meio de seus estudos Piaget descobriu que a criança começa com a última: as primeiras relações geométricas que estabelece são topológicas. Com a idade de três anos facilmente distingue entre figuras abertas e fechadas; se pedirmos que copie um quadrado ou um triângulo desenha um círculo fechado; desenha uma cruzcom duas linhas separadas, que não se tocam. Se lhe for apresentado um desenho de um círculo grande com um pequeno círculo no seu interior, é muito capaz de reproduzir essa relação, e pode também desenhar um pequeno círculo fora ou ligá-lo à linha do círculo grande. Tudo isso ela é capaz de fazer antes de ser capaz de desenhar um retângulo ou exprimir as características euclidianas (número de lados, ângulos etc.) de uma figura. Só muito tempo depois de ter dominado as relações topológicas começa a desenvolver suas noções de geometria euclidiana e projetiva. Depois, constrói as duas simultaneamente. Como se pode observar essa ordem psicológica está muito mais próxima da ordem de construção dedutiva da geometria moderna do que da ordem histórica de FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 2 - Como as crianças constroem conceitos matemáticos Adriana Maria Corder Molinari 9 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” sua descoberta. Esse é outro exemplo da relação entre a construção psicológica e a construção lógica da ciência. Piaget fez inúmeros experimentos para verificar as construções projetivas das crianças, como por exemplo, a construção da linha reta. A partir desses experimentos ele descobriu que, quando são colocadas duas casas com aproximadamente 40 centímetros de distância, entre as quais, a criança deverá colocar postes de luz (palitos colocados em bases de massa para modelar), formando uma fileira bem reta, pode-se observar os seguintes desempenhos: 1. As crianças menores (com menos de quatro anos) começam a colocar um poste depois do outro, formando uma fileira mais ou menos ondulada. Seu procedimento é topológico: os elementos são ligados pela relação simples de proximidade e não pela projeção de uma linha como tal. No estágio seguinte, depois dos quatro anos, a criança pode formar uma fileira reta se as duas casas estão paralelas à beirada da mesa, ou se existe outra linha reta para orientá-lo. Se as casas estão colocadas diagonalmente com relação à mesa, pode começar a construir a linha paralela à beirada da mesa e depois mudar de direção e formar uma curva, a fim de chegar à segunda casa. Ocasionalmente uma criança menor pode fazer uma linha reta, mas faz isso apenas por ensaio e erro, e não de uma maneira sistemática. 3. Com a idade de sete anos, em média, uma criança pode construir, consistentemente, uma linha reta em qualquer direção que atravesse a mesa, e verificará se a linha está reta (fechando um olho para ver, com se estivesse mirando), tal como um plantador ao alinhar estacas de feijão. É nisso que consiste a essência de conceito projetivo; a linha continua a ser uma linha topológica, mas a criança compreendeu que a relação projetiva depende do ângulo de visão, ou ponto de vista. Ao mesmo tempo em que a criança forma o conceito de espaço projetivo, também constrói o espaço euclidiano; os dois se fundamentam mutuamente. Por exemplo, ao alinhar uma fileira reta de postes, a criança pode, não apenas usar o método de olhar, mas pode colocar as mãos em posição paralela, a fim de obter a direção. Vale dizer, aplica o conceito de conservação da direção, que é um princípio euclidiano. Piaget ressalta que este é outro exemplo do fato de as crianças formarem noções matemáticas a partir de base qualitativa ou lógica. No que se refere às noções espaciais Piaget descobriu coisas muito interessantes sobre o princípio de conservação. Existe, em primeiro lugar, a FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 2 - Como as crianças constroem conceitos matemáticos Adriana Maria Corder Molinari 10 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” conservação de comprimento. Quando se coloca um bloco sobre outro do mesmo tamanho e depois um dos blocos é empurrado de forma que sua extremidade se projete além do outro, uma criança de menos de seis anos suporá que os dois blocos já não têm o mesmo comprimento. Só a partir, aproximadamente, da idade de sete anos, é que a criança compreende que o que se ganha numa extremidade do bloco se perde na outra. É importante ressaltar que chega a esse conceito de conservação do comprimento por um processo de dedução lógica, sem que ninguém lhe ensine. Os experimentos sobre como a criança compreende a conservação de distância, são muito esclarecedores. Entre duas pequenas árvores de brinquedo, colocadas a certa distância uma da outra, numa mesa, coloca-se uma parede formada por um bloco ou papelão grosso, e depois se pergunta à criança (evidentemente, na linguagem dela) se as árvores ainda estão à mesma distância uma da outra. As crianças menores pensam que a distância mudou; são incapazes de somar duas partes de uma distância para chegar a uma distância total. As crianças de cinco ou seis anos de idade acreditam que a distância foi reduzida, dizendo que a grossura da parede não conta como distância; em outras palavras, um espaço cheio não tem o mesmo valor do espaço vazio. Será apenas quando adquirirem a capacidade de raciocinar logicamente, que as crianças chegarão a compreender que os objetos intermediários não mudam a distância. BUSCANDO CONHECIMENTO Para ampliar seus conhecimentos, sugerimos a leitura do artigo: Processos cognitivos da aprendizagem·. http://www.faculdadesequipe.com.br/arquivos/b0ce47e13b541e3d59adf99770 9cc4e8ecbe1b42.pdf FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 3 - CONSIDERAÇÕES ACERCA DO ENSINO DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR Adriana Maria Corder Molinari 11 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: refletir sobre o ensino da matemática escolar, seus objetivos e práticas. ESTUDANDO E REFLETINDO A educação infantil e as séries iniciais do ensino fundamental consolidam-se como uma importante etapa na construção e evolução do pensamento lógico pelas crianças. Essa será, certamente, a base para o desenvolvimento de competências e habilidades cada vez mais complexas e abstratas do pensamento e, portanto, para a compreensão da Matemática. Assim, faz-se necessário analisar os pressupostos e práticas do ensino da Matemática, fundamentando o futuro professor para o trabalho em sala de aula. Como já visto, o conhecimento matemático provém das abstrações que realizamos quando agimos sobre os objetos. Isso ocorre quando colocamos os objetos em relação entre si, como por exemplo, comparar as quantidades de dois conjuntos, ou incluir duas classes de objetos em uma classe maior, como no caso de incluir a classe dos gatos e a classe dos cães numa classe de ordem maior: a dos animais domésticos. Essa relação que fazemos entre esses objetos (quantidades ou classes) não é propriedade do objeto, mas foi criada por nós, em pensamento, ao colocarmos os objetos em relação. Portanto, o conhecimento matemático não provém dos objetos reais, mas da coordenação do pensamento que realizamos ao compararmos os objetos. Ao longo do processo civilizatório, o homem foi necessitando criar mecanismos para operar com o cálculo que, ao longo do tempo, foi se tornando cada vez mais complexo e, assim, a matemática surgiu, há milhares de anos, para dar conta das necessidades da vida cotidiana convertendo-se em “um imenso sistema de variadas e extensas disciplinas” (BRASIL, 1997, p. 26). Trabalhar com o ensino da matemática significa oportunizar a ação e a reflexão do pensamento, a fim de que a criança possa organizar, antecipar e prever hipóteses, FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 3 - CONSIDERAÇÕES ACERCA DO ENSINO DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR Adriana Maria Corder Molinari 12 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” explicando fatos e fenômenos da realidade, interagindo e desenvolvendo seu raciocínio em cada situação vivenciada.Com isso, percebemos que a criança passa a dar sentido às suas ações, compreendendo a realidade, elaborando imagens mentais, enfim, estruturando saberes. De forma geral, podemos afirmar que o ensino da matemática pretende desenvolver o raciocínio lógico da criança e este será um objetivo perseguido durante toda a sua escolarização futura. De acordo com Bideaud (1988, p. 21), no ensino da matemática, é preciso que sejam desenvolvidas as condutas lógicas elementares e estas podem ser compreendidas como: [...] organizações elementares que, sem qualquer dúvida, regem muitos dos raciocínios necessários à vida prática e sem os quais [...] a inteligência social não pode ser exercida. A classificação, a seriação, a ‘ordinação’ e a ‘cardinação’ numéricas, sejam quais forem as suas posições durante o desenvolvimento e relativamente à lógica e à Matemática, não se referem somente a objetos físicos, mas também a acontecimentos, informações, estimativas, que surgem ou são fornecidos no espaço e no tempo da vida quotidiana atual. Naturalmente que as diversas constantes, que são adquiridas no contato com a realidade física e social desempenham seu papel, num segundo momento, na organização de novas experiências. A matemática faz parte de nossa vida e a sistematização de seu ensino só faz sentido se a compreendermos como necessária em nossas atividades do cotidiano, em nossas condutas lógicas. Além disso, ela desenvolve a capacidade de abstração, generalização, projeção e criticidade, auxiliando atividades práticas que envolvam aspectos quantitativos, como: grandeza, contagem, medidas, cálculo, entre outros. Entretanto, as formas de se trabalhar o ensino da Matemática, sobretudo na educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental, precisa basear-se na construção de conceitos realizada pelo próprio aluno, e não por meio da repetição ou memorização. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 3 - CONSIDERAÇÕES ACERCA DO ENSINO DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR Adriana Maria Corder Molinari 13 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” O aluno caracteriza-se, portanto, como um ser ativo em um processo de contínua construção e reconstrução de saberes, estruturando e reestruturando conceitos por meio de sua bagagem de conhecimentos, das interações com outras crianças e com o professor, além das interações realizadas no convívio social mais amplo. Cabe destacar, ainda, que o ensino da matemática, de acordo com D’Ambrosio (2003, p. 59), necessita de uma organização curricular moderna, pois os alunos não “podem aguentar mais coisas obsoletas e inúteis, além de desinteressantes para muitos. Não se pode fazer todo aluno vibrar com a beleza de demonstração do Teorema de Pitágoras [...]”. Assim, faz-se primordial que sejam discutidas e reelaboradas as metodologias e os próprios conteúdos/objetivos do ensino da matemática nas escolas, tornando esse ensino significativo, voltado e relacionado à vida. BUSCANDO CONHECIMENTO O texto abaixo é um excerto dos PCN de Matemática e discute o papel da Matemática no currículo do Ensino Fundamental. O PCN de Matemática ressalta a sua aplicação no cotidiano e nas mais diversas áreas do conhecimento. Daí exigir o seu ensino integrado ao dia a dia w ao campo profissional, além de estabelecer uma relação interdisciplinar, como pode ser verificado no seguinte trecho: “Também é um instrumental importante para diferentes áreas do conhecimento, por ser utilizada em estudos tanto ligados às ciências da natureza, como às ciências sociais e por estar presente na composição musical, na coreografia, na arte e nos esportes.” Outro aspecto exposto no PCN é a função social da disciplina no que tange à formação da cidadania, sendo capaz, por meio dela, de transformar o ambiente do qual o aluno provém. “A compreensão e a tomada de decisões diante de questões políticas e sociais também dependem da leitura e interpretação de informações complexas, muitas vezes contraditórias, que incluem dados estatísticos e índices divulgados pelos meios FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 3 - CONSIDERAÇÕES ACERCA DO ENSINO DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR Adriana Maria Corder Molinari 14 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” de comunicação. Ou seja, para exercer a cidadania, é necessário saber calcular, medir, raciocinar, argumentar, tratar informações estatisticamente etc.” Amplie seu conhecimento, lendo na íntegra o seguinte excerto do PCN de Matemática no currículo do Ensino Fundamental. O PAPEL DA MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL A Matemática comporta um amplo campo de relações, regularidades e coerências que despertam a curiosidade e instigam a capacidade de generalizar, projetar, prever e abstrair, favorecendo a estruturação do pensamento e o desenvolvimento do raciocínio lógico, conforme apontam os Parâmetros Curriculares Nacionais. Faz parte da vida de todas as pessoas nas experiências mais simples como contar, comparar e operar sobre quantidades. Nos cálculos relativos a salários, pagamentos e consumo, na organização de atividades como agricultura e pesca, a Matemática se apresenta como um conhecimento de muita aplicabilidade. Também é um instrumental importante para diferentes áreas do conhecimento, por ser utilizada em estudos tanto ligados às ciências da natureza, como às ciências sociais e por estar presente na composição musical, na coreografia, na arte e nos esportes. Essa potencialidade do conhecimento matemático deve ser explorada, da forma mais ampla possível, no ensino fundamental. Para tanto, é importante que a Matemática desempenhe, equilibrada e indissociavelmente, seu papel na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento, na agilização do raciocínio dedutivo do aluno, na sua aplicação a problemas, situações da vida cotidiana e atividades do mundo do trabalho e no apoio à construção de conhecimentos em outras áreas curriculares (BRASIL, 1997). MATEMÁTICA E CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA O papel que a Matemática desempenha na formação básica do cidadão brasileiro norteia estes Parâmetros. Falar em formação básica para a cidadania significa falar da inserção das pessoas no mundo do trabalho, das relações sociais e da cultura, no âmbito da sociedade brasileira. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 3 - CONSIDERAÇÕES ACERCA DO ENSINO DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR Adriana Maria Corder Molinari 15 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” A pluralidade de etnias existente no Brasil, que dá origem a diferentes modos de vida, valores, crenças e conhecimentos, apresenta-se para a educação matemática como um desafio interessante. Os alunos trazem para a escola conhecimentos, ideias e intuições construídas através das experiências que vivenciam em seu grupo sociocultural. Eles chegam à sala de aula com diferenciadas ferramentas básica para, por exemplo, classificar, ordenar, quantificar e medir. Além disso, aprendem a atuar de acordo com os recursos, dependências e restrições de seu meio. Ao par desses esquemas de pensamentos e práticas, todo aluno brasileiro faz parte de uma sociedade em que se fala a mesma língua, utiliza o mesmo sistema de numeração, o mesmo sistema de medidas, o mesmo sistema monetário; além disso, recebe informações veiculadas por meio de mídias abrangentes, que se utilizam de linguagens e recursos gráficos comuns, independentemente das características particulares dos grupos receptores. Desse modo, um currículo de Matemática deve procurar contribuir, de um lado, para a valorização da pluralidade sociocultural, impedindo o processo de submissão no confronto com outras culturas; de outro, criar condições para que o aluno transcenda um modo de vida restrito a um determinadoespaço social e se torne ativo na transformação de seu ambiente (BRASIL, 1997). A compreensão e a tomada de decisões diante de questões políticas e sociais também dependem da leitura e interpretação de informações complexas, muitas vezes contraditórias, que incluem dados estatísticos e índices divulgados pelos meios de comunicação. Ou seja, para exercer a cidadania, é necessário saber calcular, medir, raciocinar, argumentar, tratar informações estatisticamente etc. Da mesma forma, a sobrevivência numa sociedade que, a cada dia, torna-se mais complexa, exigindo novos padrões de produtividade, depende cada vez mais de conhecimento. Uma característica contemporânea marcante é que na maioria dos campos profissionais o tempo de um determinado método de produção não vai além de cinco a sete anos, pois novas demandas surgem e os procedimentos tornam-se superados. Isso faz com que o profissional tenha que estar num contínuo processo de formação e, portanto, “aprender a aprender” é também fundamental. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 3 - CONSIDERAÇÕES ACERCA DO ENSINO DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR Adriana Maria Corder Molinari 16 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Novas competências demandam novos conhecimentos: o mundo do trabalho requer pessoas preparadas para utilizar diferentes tecnologias e linguagens (que vão além da comunicação oral e escrita), instalando novos ritmos de produção, de assimilação rápida de informações, resolvendo e propondo problemas em equipe. Para tanto, o ensino de Matemática prestará sua contribuição à medida que forem exploradas metodologias que priorizem a criação de estratégias, a comprovação, a justificativa, a argumentação, o espírito crítico, e favoreçam a criatividade, o trabalho coletivo, a iniciativa pessoal e a autonomia advinda do desenvolvimento da confiança na própria capacidade de conhecer e enfrentar desafios (BRASIL, 1997). É importante destacar que a Matemática deverá ser vista pelo aluno como um conhecimento que pode favorecer o desenvolvimento do seu raciocínio, de sua capacidade expressiva, de sua sensibilidade estética e de sua imaginação. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 4 - DISCUSSÕES ACERCA DO PAPEL E DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR Adriana Maria Corder Molinari 17 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: analisar o percurso de sua formação tomando-a continuamente como objeto de reflexão para compreender e gerenciar o efeito de suas ações. ESTUDANDO E REFLETINDO A figura do professor torna-se primordial neste contexto de reelaborações curriculares e metodológicas, bem como as características de sua formação. Para Fiorentino et al (2003), as dimensões que precisam ser consideradas na discussão sobre a formação do professor de matemática são: O conhecimento do professor: conceituação, domínios e estrutura. Nessa dimensão temos a perspectiva de aprender a ensinar (conhecimento da disciplina, conhecimento curricular e conhecimento de conteúdo pedagógico), o trabalho profissional (o conhecimento do professor contextualizado em sua ação docente - o uso de seus conhecimentos em situações de ensino, formação prática e experiência profissional) e a perspectiva cognitiva (estruturas mentais dos professores e suas relações com o ensino – o conhecimento da matéria de ensino e o conhecimento da estrutura do que é proposto aos alunos); A aprendizagem do professor de matemática: conceituação e caracterização. Nessa dimensão encontram-se: a natureza construtiva do conhecimento e suas crenças, a natureza social da cognição, a natureza distribuída da cognição e a natureza situada da cognição. Em outras palavras, a aprendizagem do professor de matemática ocorre de forma inseparável dos contextos e atividades nos quais se desenvolve. Desta maneira, o conhecimento do professor precisa ser desenvolvido em contextos significativos e este levará em conta suas crenças e referências prévias, sem que isso impeça as modificações e/ou ampliações de suas concepções matemáticas e pedagógicas. Fonte:http://revistaescola.abril.com.br/img/matematica/220-elevadozero1g.jpg Acesso em 02/11/09. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 4 - DISCUSSÕES ACERCA DO PAPEL E DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR Adriana Maria Corder Molinari 18 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Assim, a formação desse professor levará em conta aspectos relativos ao conhecimento e à aprendizagem da matemática, focando-se nas seguintes questões (FIORENTINO et al, 2003): 1 – O que o professor de matemática deve conhecer? Quais são os contextos e situações (atividades, objetivos educacionais e práticas de ensino) em que serão utilizados esses conhecimentos? 2 – Quais são os processos pelos quais o professor de matemática desenvolve os conhecimentos específicos desse campo? Na tentativa de sistematizar essas questões, Fiorentino et al (2003) destaca que os programas de formação do professor de matemática deveriam contemplar o conhecimento da matemática, o conhecimento sobre a aprendizagem das noções matemáticas e o conhecimento do processo instrutivo. Para que isso se efetive, os cursos de formação precisam basear-se nos trabalhos em grupo, para explorar situações problemáticas; nas discussões, para a identificação de conceitos; e, por fim, na aplicação e ampliação de novas ideias, as quais estarão pautadas em discussões, interações ou novas situações propostas pelos formadores dos professores. De forma geral, podemos considerar que esses pressupostos também perpassam a formação do professor de matemática da educação infantil e das séries iniciais do fundamental. Nesta perspectiva, o papel fundamental do professor nas etapas iniciais do ensino da matemática será o de educar para a cidadania, fomentando e contribuindo para que os alunos apreciem as ciências e tecnologias, desenvolvam estruturas cognitivas relativas a este campo do saber e contextualizem os conhecimentos matemáticos em sua vida. BUSCANDO CONHECIMENTO Assim como há um consenso na literatura educacional de que a pesquisa é um elemento essencial na formação profissional do professor, e que a pesquisa deve ser parte integrante do trabalho do professor, nós também acreditamos que o FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 4 - DISCUSSÕES ACERCA DO PAPEL E DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR Adriana Maria Corder Molinari 19 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” professor deva ser um investigador de sua prática e, para tal, o mesmo deve pesquisar sua prática cotidiana e incluir seus alunos na produção do conhecimento (ANDRÉ, 2002). Para ser um investigador de sua prática, é preciso que o professor tenha disposição pessoal para a investigação, tenha desejo de questionar, possuir uma formação adequada para solucionar problemas, selecionar métodos e instrumentos de observação e de análise e atuar num ambiente institucional favorável à constituição de grupos de estudo (idem). O texto que se segue é um fragmento do original, intitulado “O projeto curricular de cada professor e o currículo oficial”, de Vinício de Macedo Santos, aborda de maneira clara o que tratamos até aqui. O projeto curricular de cada professor e o currículo oficial* Vinício de Macedo Santos Se prestarmos atenção ao que ocorre na nossa prática diária na sala de aula quando ensinamos Matemática, veremos que nossas ações são orientadas por um conjunto de crenças e ideias que fomos desenvolvendo e acumulando ao longo da nossa vida, durante o curso que nos formou professores e, mais intensamente, no nosso percurso profissional desde que nos tornamos professores. Essas ideias e crenças são os conhecimentos que dão base para o que sepode chamar de “nosso projeto curricular pessoal”. Muitos são os fatores que ajudaram a compor esse projeto: 1 os conhecimentos adquiridos em diferentes modalidades de curso; 2 a interação com outros colegas, em particular, com aqueles professores que mais cativaram nossa atenção e interesse; 3 o contato com os meios de comunicação; 4 as leituras de diferentes tipos: revistas, livros, livros didáticos e paradidáticos, currículos oficiais etc. 5 nossa inserção cotidiana numa sala de aula onde nos relacionamos com os alunos e procuramos desenvolver ações envolvendo o conhecimento matemático. Os documentos oficiais, em geral, trazem considerações de diferentes tipos sobre a Matemática, sobre as finalidades do seu ensino, sobre os conteúdos a serem FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 4 - DISCUSSÕES ACERCA DO PAPEL E DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR Adriana Maria Corder Molinari 20 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” abordados em cada ciclo, sobre a forma segundo a qual esses conteúdos devem ser trabalhados e avaliados. Por conter considerações desse tipo tais documentos podem influenciar diretamente a ação do professor na sala de aula na medida em que contribuam para acrescentar ou reformular ideias do projeto individual desse professor ou do projeto da escola. O nosso trabalho profissional requer que sistematicamente procuremos refletir sobre o que fazemos se alcançamos resultados satisfatórios na aprendizagem dos alunos e em que medida precisou validar nossos conhecimentos de professores de matemática e aprimorar a qualidade do projeto curricular que orienta nossa ação. Entre os documentos oficiais elaborados nos últimos anos e que marcaram presença na formação das gerações de professores que hoje atuam nas escolas públicas do Estado de São Paulo podem ser destacados os seguintes, com algumas das suas características (*Destacaremos aqui apenas o Parâmetro Curricular Nacional): Documentos Oficiais Blocos de conteúdos propostos para o Ensino Fundamental Principais Características Parâmetros Curriculares Nacionais - 1997- Números e operações - Espaço e forma - Grandezas e medidas - Tratamento da informação - Dá atenção ao uso da Matemática em situações significativas para o aluno - Explicita atribuições do ensino de matemática na formação do cidadão - Valoriza o conhecimento prévio e as estratégias individuais dos alunos - Destaca a relação entre Matemática e os temas transversais - Discute e propõe diferentes vias de abordagem da Matemática na sala de aula: resolução de problemas, história da Matemática, Jogos e tecnologia da informação. - Propõe o Tratamento da Informação como um dos blocos de conteúdos Sabemos que [...] podem ser utilizados em nossas consultas para confrontarmos aquilo que pensamos a respeito do que se ensina e como se ensina, do que se aprende e como se aprende Matemática etc. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 4 - DISCUSSÕES ACERCA DO PAPEL E DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR Adriana Maria Corder Molinari 21 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Mas sabemos também que é possível haver uma grande distância entre as nossas melhores intenções e a realidade. Do mesmo modo, as orientações propostas nos documentos oficiais podem estar bem distantes do currículo praticado cotidianamente na sala de aula. Os documentos vêm discutindo a relevância e propondo a inclusão de certos temas pouco trabalhados, como a Geometria, ou ignorados, como o Tratamento da Informação. Para muitos professores, esse é um fator de insegurança, em parte porque são temas que não estiveram presentes na sua formação e em parte porque a forma como vêm sendo propostos não chega a ser compreendida. Disponível em: http://www.planejconsultoria.com.br/skin/frontend/arquivos/categorias/49/Projeto_Cur ricular.pdf. Acesso em: 01 de outubro de 2012. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 5 - PRINCÍPIOS E PRESSUPOSTOS NORTEADORES Adriana Maria Corder Molinari 22 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: partindo do conhecimento acerca do desenvolvimento infantil, refletir sobre as possibilidades do trabalho com a matemática com crianças no início de seu processo de escolarização. ESTUDANDO E REFLETINDO O ponto de partida para o trabalho com a matemática na Educação Infantil precisa levar em conta o conhecimento prévio da criança, considerando a interação e a construção de saberes proporcionado pelo seu contato com as pessoas e com o ambiente social em que vive. Para que isso ocorra é preciso que o professor conheça a fundo seus alunos, suas relações com os outros e com o meio, suas atividades dentro e fora da escola, bem como suas respostas frente aos desafios do dia a dia, os quais envolvam e façam uso de conceitos matemáticos. A partir disso, o professor poderá orientar e preparar caminhos que permitam maiores avanços aos seus alunos, no que se refere ao estabelecimento das relações lógicas, ao levantamento de hipóteses, às elaborações de conclusões, argumentações, justificativas ou generalizações. Além disso, a observação do ato de brincar e o próprio incentivo às brincadeiras infantis constituem-se em importantes fontes de direcionamento pedagógico. Ao brincar, as crianças constroem e explicitam os conceitos matemáticos elaborados ou em fase de elaboração, ainda que não estejam totalmente conscientes deste fato. Por isso, as brincadeiras e os jogos podem e devem ser utilizados como estratégias de ensino. Desta forma, quando o professor sistematiza e torna intencional a prática dessas brincadeiras e jogos, com a finalidade de construir conhecimentos científicos, possibilita o desenvolvimento de aprendizagens significativas, lúdicas e contextualizadas à realidade das crianças, além de propiciar a interação social, o respeito, a ética e a solidariedade. De acordo com Centurión et al (2004, p. 16): FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 5 - PRINCÍPIOS E PRESSUPOSTOS NORTEADORES Adriana Maria Corder Molinari 23 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Brincando, jogando, cantando, ouvindo histórias, o educando estabelece conexões entre o seu cotidiano e a Matemática, entre a Matemática e as demais áreas do conhecimento e entre diferentes temas matemáticos. Diversas ações intervêm na construção dos conhecimentos matemáticos, como recitar a seu modo a sequência numérica, fazer comparações entre quantidades e entre notações numéricas e localizar-se espacialmente. [...] Às noções matemáticas abordadas na educação infantil corresponde uma variedade de brincadeiras e jogos, principalmente aqueles classificados como de construção e de regras. Vários tipos de brincadeiras e jogos que possam interessar à criança pequena constituem-se rico contexto em que ideias matemáticas podem ser evidenciadas pelo adulto, por meio de perguntas, observações e formulação de propostas. Como forma de exemplificar as ideias discutidas até o momento, assista ao vídeo “Aprender tem que ser gostoso”, o qual mostra um Projeto Educacional desenvolvido por meio de Jogos em uma sala de Educação Infantil da Escola Caminho do Sol. São trabalhados conceitos da Matemática de forma integrada ao ensino da Língua Portuguesa, mostrando que é possível e necessário integrar as áreas do saber, utilizar os jogos como meio de interação e aprendizagem dos conhecimentos científicos, e, ainda, contribuir para o desenvolvimento da cooperação,socialização e formação do cidadão, de forma ampla. BUSCANDO CONHECIMENTO Para um aprofundamento acerca do trabalho com a matemática com crianças pequenas, vamos observar e refletir sobre as temáticas propostas a seguir. A CRIANÇA E O ENSINO DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: SUAS HIPÓTESES E IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA DOCENTE Se levarmos em conta a teoria piagetiana, a criança pertencente à educação infantil encontra-se no período pré-operacional, que compreende por volta dos 2 aos 7 anos de idade. Mas, o que este fato auxilia no ensino da Matemática? FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 5 - PRINCÍPIOS E PRESSUPOSTOS NORTEADORES Adriana Maria Corder Molinari 24 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Bem, o professor pode estudar os períodos de desenvolvimento pelos quais a criança passa com o intuito de planejar suas ações pedagógicas, suas formas de interação com a criança, definindo objetivos, conteúdos e direcionando, de maneira eficaz, seu trabalho em sala de aula. Assim, é importante que o professor saiba que, neste período inicial, a criança encontra-se em fase de preparação para o pensamento lógico, apresentando características, que segundo Lorenzato (2008), podem ser sintetizadas da seguinte forma: • Centralização em seu ponto de vista (egocentrismo); • Atribuição de sentimentos às coisas do meio (exemplo: “o céu está bravo, por isso há trovão”); • Não inversão do pensamento, ou seja, não desenvolveu ainda o pensamento reverso; • Simbolismo desenvolvido (representa uma coisa por outra - exemplo: “um cabo de vassoura pode representar um cavalo”); • Centralização em suas observações (apreende quase sempre apenas um aspecto em suas análises); • Generalizações abusivas; • Curta capacidade de concentração; • Linguagem verbal e aspecto motor em pleno desenvolvimento (fala e movimentos refinados passam a ter um salto qualitativo). Com base nestas informações, o professor pode planejar situações de desafio aos alunos, aproveitando o que eles já desenvolveram e estimulando-os a desenvolverem novas habilidades. Entretanto, é importante ressaltar que estas características pertencentes ao período pré-operatório baseiam-se em um sujeito epistemológico e podem variar de acordo com o meio, características individuais, interações e estímulos. Fonte: http://www.moderna.com.br/moderna/didaticos/ei/artigos/2008/mat_7.jpg Acesso em 02/11/09. Ainda assim, é fundamental que o professor possua uma bagagem de conhecimentos acerca do desenvolvimento das crianças, conhecendo as fases de FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 5 - PRINCÍPIOS E PRESSUPOSTOS NORTEADORES Adriana Maria Corder Molinari 25 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” evolução do pensamento infantil, a fim de orientar e fundamentar suas ações e propostas pedagógicas em sala de aula. No entanto, para que o professor planeje sua prática é imprescindível que ele saiba quais são os conteúdos que deve trabalhar com seus alunos no ensino da matemática. É essencial que seja feito um trabalho inicial, em forma de brincadeiras e jogos, com as noções: grande/pequeno; maior/menor; grosso/fino; curto/comprido; alto/baixo; largo/estreito; perto/longe; leve/pesado; vazio/cheio; mais/menos; muito/pouco; igual/diferente; dentro/fora; começo/meio/fim; antes/agora/depois; cedo/tarde; dia/noite; ontem/hoje/amanhã; devagar/depressa; aberto/fechado; em cima/embaixo; direita/esquerda; primeiro/último/entre; na frente/atrás/ao lado; para frente/para trás/para o lado; para a direita/para a esquerda; para cima/para baixo; ganhar/perder; aumentar/diminuir. A introdução e revisão destas noções proporcionarão o desenvolvimento e a construção de relações com os seguintes conceitos físico-matemáticos: tamanho, lugar, distância, forma, quantidade, número, capacidade, tempo, posição, medição, operação, direção, volume, comprimento e massa. Além disso, ao trabalhar as atividades em sala de aula, o professor deverá explorar os sete processos mentais básicos para a aprendizagem da matemática, que são de acordo com Lorenzato (2008): 1) Correspondência – estabelecer relação um a um; 2) Comparação – estabelecer diferenças ou semelhanças; 3) Classificação – separação em categorias, de acordo com um ou mais critérios; 4) Sequenciação – sucessão de um elemento após o outro sem considerar a ordem entre eles; 5) Seriação – ordenação de uma sequência de acordo com critérios; 6) Inclusão – abrangência de um conjunto por outro; 7) Conservação – percepção de que a quantidade independe da arrumação, forma ou posição. Por fim, é preciso que o professor conheça e reflita sobre o que traz o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: Conhecimento de Mundo (RCNEI, 1998, v.3), pautando-se nos conteúdos e objetivos trazidos por esse FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 5 - PRINCÍPIOS E PRESSUPOSTOS NORTEADORES Adriana Maria Corder Molinari 26 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” documento, no intuito de planejar sua ação docente. Este será o tema de nossa próxima unidade. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 6 - O ENSINO DA MATEMÁTICA: DISCUTINDO A PROPOSTA DO REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL Adriana Maria Corder Molinari 27 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: conhecer as proposições do referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil sobre o ensino da Matemática. ESTUDANDO E REFLETINDO No Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: Conhecimento de Mundo (BRASIL, 1998, v.3) encontramos os objetivos e conteúdos para o desenvolvimento da educação matemática com as crianças de 0 a 6 anos. De acordo com esse documento: As noções matemáticas (contagem, relações quantitativas e espaciais etc.) são construídas pelas crianças a partir das experiências proporcionadas pelas interações com o meio, pelo intercâmbio com outras pessoas que possuem interesses, conhecimentos e necessidades que podem ser compartilhados. As crianças têm e podem ter várias experiências com o universo matemático e outros que lhes permitem fazer descobertas, tecer relações, organizar o pensamento, o raciocínio lógico, situar-se e localizar-se espacialmente. Configura-se desse modo um quadro inicial de referências lógico matemáticas que requerem outras, que podem ser ampliadas. São manifestações de competências, de aprendizagem, advindas de processos informais, da relação individual e cooperativa da criança em diversos ambientes e situações de diferentes naturezas, sobre as quais não se tem planejamento e controle. Entretanto, a continuidade da aprendizagem matemática não dispensa a intencionalidade e o planejamento. Reconhecer a potencialidade e a adequação de uma dada situação para a aprendizagem, tecer comentários, formular perguntas, suscitar desafios, incentivar a verbalização pela criança etc., são atitudes indispensáveis do adulto. Representam vias a partir das quais as crianças elaboram o conhecimento em geral e o conhecimento matemático em particular. Deve-se considerar o rápido e intenso processo de mudança vivido pelas crianças nessa faixa etária. Elas apresentam possibilidades de estabelecer FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 6 - O ENSINO DA MATEMÁTICA: DISCUTINDO A PROPOSTA DO REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL Adriana Maria Corder Molinari 28 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” vários tipos de relação (comparação, expressão de quantidade), representações mentais, gestuais e indagações, deslocamentos no espaço. Diversas ações intervêm na construção dosconhecimentos matemáticos, como recitar a seu modo a sequência numérica, fazer comparações entre quantidades e entre notações numéricas e localizar-se espacialmente. Essas ações ocorrem fundamentalmente no convívio social e no contato das crianças com histórias, contos, músicas, jogos, brincadeiras etc. As respostas de crianças pequenas a perguntas de adultos que contenham a palavra ‘quantos?’ podem ser aleatoriamente ‘três’, ‘cinco’, para se referir a uma suposta quantidade. O mesmo ocorre às perguntas que contenham ‘quando?’. Nesse caso, respostas como ‘terça-feira’ para indicar um dia qualquer ou ‘amanhã’ no lugar de ‘ontem’ são frequentes. Da mesma forma, uma criança pequena pode perguntar ‘quanto eu custo?’ ao subir na balança, no lugar de ‘quanto eu peso?’. Esses são exemplos de respostas e perguntas não muito precisas, mas que já revelam algum discernimento sobre o sentido de tempo e quantidade. São indicadores da permanente busca das crianças em construir significados, em aprender e compreender o mundo (BRASIL, 1998, v.3, p. 213). A MATEMÁTICA NA CRECHE Especificamente para as crianças de 0 a 3 anos temos estabelecido que seja preciso desenvolver relações com certas noções matemáticas oriundas do cotidiano dos alunos, como a contagem, as relações espaciais, entre outras. Para tanto, os conteúdos a serem trabalhados podem ser organizados da seguinte forma: a) Uso da contagem oral, de noções de quantidade, tempo e espaço em jogos, brincadeiras e músicas. O professor deve orientar essas práticas em contextos diversos, entretanto, as crianças precisam reconhecer essa utilização como necessária. b) Em situações organizadas de ensino é preciso estimular a manipulação e a exploração de objetos e brinquedos, de forma a existirem quantidades individuais suficientes para que cada criança possa descobrir as características e propriedades principais e suas possibilidades associativas: empilhar, rolar, transvasar, encaixar, entre outras. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 6 - O ENSINO DA MATEMÁTICA: DISCUTINDO A PROPOSTA DO REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL Adriana Maria Corder Molinari 29 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Dessa maneira, o professor organizará o espaço escolar e aproveitará situações do cotidiano para trabalhar especificamente com as noções matemáticas. É necessário, portanto, que, a partir dos conteúdos a serem desenvolvidos, o professor organize situações orientadas de ensino, como por exemplo: [...] circuitos de obstáculos com cadeiras, mesas, pneus e panos por onde as crianças possam engatinhar ou andar — subindo, descendo, passando por dentro, por cima, por baixo — permitem a construção gradativa de conceitos, dentro de um contexto significativo, ampliando experiências. As brincadeiras de construir torres, pistas para carrinhos e cidades, com blocos de madeira ou encaixe, possibilitam representar o espaço numa outra dimensão. O faz-de-conta das crianças pode ser enriquecido, organizando-se espaços próprios com objetos e brinquedos que contenham números, como telefone, máquina de calcular, relógio etc. As situações de festas de aniversário podem constituir-se em momento rico de aproximação com a função dos números. O professor pode organizar junto com as crianças um quadro de aniversariantes, contendo a data do aniversário e a idade de cada criança. Pode também acompanhar a passagem do tempo, utilizando o calendário. As crianças por volta dos dois anos já podem, com ajuda do professor, contar quantos dias faltam para seu aniversário. Pode-se organizar um painel com pesos e medidas das crianças para que elas observem suas diferenças. As crianças podem comparar o tamanho de seus pés e depois olhar os números em seus sapatos. O folclore brasileiro é fonte riquíssima de cantigas e rimas infantis envolvendo contagem e números, que podem ser utilizadas como forma de aproximação com a sequência numérica oral. São muitas as formas possíveis de se realizar o trabalho com a Matemática nessa faixa etária, mas ele sempre deve acontecer inserido e integrado no cotidiano das crianças. (BRASIL, 1998, v.3, p. 218). A MATEMÁTICA NA PRÉ-ESCOLA Já para as crianças de 4 a 6 anos temos estabelecido que é preciso aprofundar os conteúdos já trabalhados na creche (0 – 3 anos), intensificando a construção de conceitos e procedimentos matemáticos. FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 6 - O ENSINO DA MATEMÁTICA: DISCUTINDO A PROPOSTA DO REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL Adriana Maria Corder Molinari 30 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” Como objetivos para esta etapa destaca-se a necessidade da criança reconhecer e valorizar os números, as operações numéricas, as contagens orais e as noções espaciais como ferramentas necessárias ao seu cotidiano; comunicar ideias matemáticas, hipóteses, processos utilizados e resultados encontrados em situações- problema relativas a quantidades, espaço físico e medida, utilizando a linguagem oral e a linguagem matemática; desenvolver confiança nas estratégias e na capacidade da criança em lidar com situações matemáticas novas, utilizando seus conhecimentos prévios (BRASIL, 1998, v.3, p. 215). Para tanto, os conteúdos a serem trabalhados podem ser organizados em três blocos integrados: “Números e sistema de numeração”, “Grandezas e medidas” e “Espaço e forma”. BUSCANDO CONHECIMENTO Para ampliar seus conhecimentos conheça acesse o link abaixo: Documentos Educacionais Disponível em: <http://www.culturatura.com.br/docsed/> Acesso em 10 de julho de 2014 FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 7 - Conteúdos organizados em blocos integrados Adriana Maria Corder Molinari 31 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: O desenvolvimento do conceito de número, de formas e tamanhos. ESTUDANDO E REFLETINDO Os conteúdos a serem trabalhados podem ser organizados em três blocos integrados: “Números e sistema de numeração”, “Grandezas e medidas” e “Espaço e forma”. Vejamos cada um dos blocos descritos anteriormente, mais atentamente. BLOCO 1: “NÚMEROS E SISTEMA DE NUMERAÇÃO” – refere-se à contagem, notação, escritas numéricas e operações matemáticas. O desenvolvimento deste bloco compreende: • O uso da contagem oral em brincadeiras e em outras situações; • O uso de noções simples de cálculo mental para a resolução de problemas; a comunicação de quantidades pelo uso da linguagem verbal; o uso da notação numérica e/ou registros não convencionais; • A identificação da posição de um objeto ou número em uma série, explicitando conceitos como sucessor e antecessor; Percebemos, portanto, que o número está presente no cotidiano e possui diversas funções, as quais devem ser exploradas pelo professor em situações de brincadeiras e jogos. Sabemos, por exemplo, que o número pode ser: localizador (designa localidade, distância etc.), identificador (datas, telefones, páginas etc.), ordenador (andar, posição em competições etc.), quantificador (velocidade, altura etc.), números que indicam a cardinalidade e a ordinalidade (quantidade total e contagem por ordem, respectivamente), números que indicam cálculo ou medida (resultado de operações e resultado de mensuração, respectivamente). Além disso, Lorenzato (2008) aponta que o número pode ser constituído por inúmeras variáveis, tais como: FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 7 - Conteúdos organizados em blocos integrados Adriana Maria Corder Molinari 32 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” • correspondência um a um; cardinalidade de um conjunto; ordinalidade na contagem; contagem seriada um a um; contagempor agrupamentos; composição e decomposição de quantidade; reconhecimento de símbolos numéricos; reconhecimento de símbolos operacionais; representação numérica; operacionalização numérica; percepção de semelhanças; percepção de diferenças; percepção de inclusão; percepção de invariância. Assim, o desenvolvimento do conceito de número pela criança compreende um longo e complexo processo, que tem início na educação infantil. BLOCO 2: “GRANDEZAS E MEDIDAS” – esse bloco compreende: • A exploração de diferentes procedimentos para comparação de grandezas; • A introdução às noções de medida de comprimento, peso, volume e tempo, por meio do uso de unidades convencionais e não convencionais; • O uso de calendários para marcar o tempo; • O uso de dinheiro em brincadeiras ou em outras situações. De acordo com Lorenzato (2008), o conceito de medida é amplo e pode se referir à distância (comprimento, altura, largura, espessura, profundidade, tamanho, envolvendo noções de horizontalidade, verticalidade, perpendicularidade e paralelismo); superfície (a medida é a área e as propriedades da superfície podem ser: cor, brilho, extensão, aspereza); espaço (a medida é o volume, se for oco será capacidade, o volume é medido em unidades cúbicas e capacidade em litros); massa (é matéria, já peso é força, dependendo da gravidade local e é variável); calor (é forma de energia que eleva a temperatura dos corpos); movimento (é o deslocamento de um corpo no espaço, associa-se à noção de velocidade, que é a relação entre distância percorrida e tempo gasto); duração (é o tempo, que pode ser medido, representado, é um conceito abstrato e se apoia nas regularidades, ritmos ou alternâncias). BLOCO 3: ESPAÇO E FORMA – o desenvolvimento desse bloco compreende: FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 7 - Conteúdos organizados em blocos integrados Adriana Maria Corder Molinari 33 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” • A explicitação e/ou representação da posição de pessoas e objetos, utilizando vocabulário pertinente em jogos, brincadeiras ou outras situações; • A exploração e identificação de propriedades geométricas de objetos e figuras, tais como: formas, tipos de contornos, bidimensionalidade, tridimensionalidade, faces planas, lados retos etc.; • O uso de representações bidimensionais e tridimensionais de objetos; • A descrição e a representação de pequenos percursos e trajetos, tendo como base pontos de referência. Segundo a teoria piagetiana, o desenvolvimento da noção de espaço e forma na criança inicia-se com a percepção dos objetos, pela imagem visual; a seguir, ela pega o que vê e depois passa a deslocar-se por entre esses objetos e vai, gradativamente, ampliando suas noções. Por fim, a criança se percebe como mais um objeto no espaço, com formas e características próprias. . BUSCANDO CONHECIMENTO Para aprimorar seus conhecimentos acesse: http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/sistema- numeracao-pre-escola-627102.shtml http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/cada-dia- sempre-novo-dia-428181.shtml http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/exploracao- espacos-pre-escola-educacao-infantil-matematica-forma-geometria-541707.shtml FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 8 - PROPOSIÇÕES METODOLÓGICAS Adriana Maria Corder Molinari 34 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo: conhecer as proposições dos Parâmetros Curriculares Nacionais de matemática para e Ensino Fundamental ESTUDANDO E REFLETINDO O ensino da Matemática para as crianças das séries iniciais do ensino fundamental precisa levar em conta os conceitos que elas desenvolvem por meio de suas interações em situações cotidianas, por suas concepções prévias no que se refere às relações matemáticas e pelo que construíram na educação formal (para aquelas que frequentaram creches e/ou pré-escolas). Assim, os pontos centrais em que o professor baseará o ensino da matemática nesta etapa inicial serão: A intensificação das interações entre as crianças e o meio; A estimulação do pensamento operatório (fase em que se encontram as crianças, de acordo com a teoria piagetiana); A criação de situações de desafio cognitivo (resolução de problemas); O desenvolvimento de conceitos (revendo, aprofundando e ampliando os conceitos matemáticos); O estímulo à autonomia. Sobre a questão da autonomia, Kamii (1996) afirma que esta significa o governo de si mesmo e é o oposto da heteronomia, referindo-se não apenas ao plano moral, mas também ao intelectual Portanto, o pensar autonomamente (saber o que é verdadeiro e o que é falso por si mesmo), precisa ser estimulado, relacionando-se aos saberes que vão sendo construídos pelas crianças. É preciso, para isso, que as crianças confiem em sua forma de pensar, explorando-a e integrando-a a dos outros. Tendo em vista este objetivo, no ensino da Matemática, o professor deve estimular os alunos a explicarem seus raciocínios em sala de aula, pois, de acordo com Kamii (1996), é necessário mobilizar a inteligência e a totalidade dos seus FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 8 - PROPOSIÇÕES METODOLÓGICAS Adriana Maria Corder Molinari 35 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” conhecimentos quando o indivíduo precisa assumir uma posição e/ou confrontá-la com outras. Complementando essa ideia, Dante (1997) destaca que a resolução de problemas, no ensino da matemática, desenvolve nos alunos: o pensar produtivo, o raciocínio lógico, o enfrentamento de situações novas, as aplicações matemáticas, novas estratégias de resolução e as bases matemáticas para a vida. Dessa forma, o processo de ensino e aprendizagem da matemática configura- se como um processo social de construção baseado na interação, nas situações- problema, na autonomia e na constante ação-reflexão-ação por parte do professor e dos alunos. “Uma noção de educação matemática que inclua a ideia de que a aprendizagem é uma parte integrante das práticas sociais e é constitutiva da participação das crianças e jovens em comunidades de prática, tem múltiplas implicações ao nível de (i) definição dos currículos no que respeita a metodologias de trabalho, áreas temáticas organizadoras das atividades e avaliação das aprendizagens, e (ii) definição de princípios base da formação de professores de educação matemática. Mas de mais é fundamental aprofundar a ideia de perspectivar a educação matemática como fenômeno emergente. Este aprofundamento obriga a pensar a natureza das práticas em que se pretende envolver os alunos como participantes na escola e a encontrar soluções para a dificuldade de antecipar as aprendizagens que se deseja ocorram nos alunos. Em última análise esta perspectiva decorre de pensar a educação matemática em duas dimensões complementares que constituem as práticas escolares em matemática: uma aproximação ao pensar matematicamente e a uma forma de organizar a experiência incluindo um ponto de vista matemático. Este tipo de agenda depara igualmente com dificuldades decorrentes do fato de pretender realizar uma educação matemática em instituições fundadas sobre o utilitarismo. Como pergunta Caldas (1999) ‘como ser educador quando o que se exige [na escola] é um professor burocrata?’”( PIRES e FARIAS 2010) O ENSINO DA MATEMÁTICA: DISCUTINDO A PROPOSTA DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 8 - PROPOSIÇÕES METODOLÓGICAS Adriana Maria Corder Molinari 36 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” De acordo com o PCN (1997, v.3), o ensino da matemática precisa se relacionar aocotidiano, como uma busca de respostas às questões diárias. O uso de jogos, a resolução de problemas, o trabalho em equipes, o uso das novas tecnologias e a história da matemática se constituem em ferramentas necessárias ao trabalho pedagógico, sobretudo nas séries iniciais do ensino fundamental, as quais se subdividem, neste documento, em primeiro ciclo e segundo ciclo. (Você verá nas unidades seguintes). No ensino de matemática, já existem muitas contingencias de trabalhar os conceitos desta disciplina, não utilizando o ensino tradicional, mas, levando em contas outras propostas metodológicas, como a resolução de problemas, a abordagem Etnomatemática, o uso de computadores, a modelagem matemática e o uso de jogos matemáticos, procurando fazer com que o aluno deixe de ser um simples receptor de conteúdos, passando a interar-se participando do próprio processo de construção do conhecimento. Em pesquisas bibliográficas, foram encontradas referências ao uso de jogos na educação que levam a Roma e à Grécia antigas, mas, se considerarmos a história mais atual, podemos concluir que é do século passado que surgem contribuições teóricas mais relevantes para o aparecimento de propostas de ensino incorporando o uso de jogos, em que os alunos passam a ser parte ativa na aprendizagem. O estudo de novos elementos incorporados ao ensino de matemática não pode deixar de conceituar o avanço das discussões a respeito da educação e dos fatores que contribuem para uma melhor aprendizagem. Sendo assim, o jogo aparece dentro de um amplo cenário que busca apresentar a educação matemática, em bases cada vez mais cientificas. Acredito que deve ser neste cenário que devemos trabalhar para não cometermos erros grosseiros como os cometidos na recente história da matemática. O jogo recebe de teóricos como Piaget, Vygotsky, Leontiev, Elkonin, entre outros, as contribuições para o seu aparecimento em propostas de ensino de matemática. O raciocínio resultante do fato de que os alunos apreendem através do jogo é que este possa ser utilizado em sala de aula. As primeiras ações de professores apoiados em teorias construtivistas foram no sentido de tornar as salas de aula bastante ricas em quantidade e variedade de jogos, para que os alunos pudessem FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 8 - PROPOSIÇÕES METODOLÓGICAS Adriana Maria Corder Molinari 37 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” descobrir os conceitos inerentes às estruturas dos jogos por meio de sua manipulação. A educação matemática, nos anos 60, viveu uma situação que poderíamos dizer à beira da loucura, pois, ao mesmo tempo em que se baseava em teorias psicológicas que defendiam a utilização de materiais concretos como facilitador da aprendizagem utilizava-se de uma linguagem matemática altamente sofisticada, obedecendo a suas estruturas lógicas, acreditando em outro paradigma da psicologia da época: a estrutura do conhecimento matemático se aproxima das estruturas psicológicas dos alunos (Piaget, 1973). Disso decorreu o aparecimento de propostas de ensino de matemática em que se destacou a ênfase na linguagem e na visão estruturalista. O surgimento de novas concepções sobre como se dá o conhecimento, tem possibilitado outras formas de considerar o papel do jogo no ensino. O jogo, na educação matemática, passa a ter o caráter de material de ensino quando considerado “provocador” de aprendizagem. O aluno, colocado diante de situações lúdicas, apreende a estrutura lógica da brincadeira e, sendo assim, apreende também a estrutura matemática presente. O jogo será conteúdo assumido com a finalidade de desenvolver habilidades de resolução de problemas, possibilitando ao aluno a oportunidade de criar planos de ação para alcançar determinados objetivos, executar jogadas de acordo com este plano e avaliar sua eficácia nos resultados obtidos. Desta maneira, o jogo aproxima-se da matemática via desenvolvimento de habilidades de resolução de problemas (Moura, 1991), e ainda, permite trabalhar os conteúdos culturais inerentes ao próprio jogo. BUSCANDO CONHECIMENTO Para saber mais acesse: http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Documentos/BibliPed/EnsFundMedio/CicloI/Orie ntaCurriculares_ExpectativasAprendizagem_EnsFnd_cicloI.pdf FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 9 - A MATEMÁTICA NO PRIMEIRO CICLO Adriana Maria Corder Molinari 38 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Conhecer os objetivos do ensino da matemática no primeiro ciclo do ensino fundamental. ESTUDANDO E REFLETINDO Como objetivos da matemática no primeiro ciclo do ensino fundamental temos: Construir o significado do número natural a partir de seus diferentes usos no contexto social, explorando situações- problema que envolva contagens medidas e códigos numéricos. Interpretar e produzir escritas numéricas, levantando hipóteses sobre elas, com base na observação de regularidades, utilizando-se da linguagem oral, de registros informais e da linguagem matemática. Resolver situações-problema e construir, a partir delas, os significados das operações fundamentais, buscando reconhecer que uma mesma operação está relacionada a problemas diferentes, e um mesmo problema pode ser resolvido pelo uso de diferentes operações. Desenvolver procedimentos de cálculo — mental, escrito, exato, aproximado — pela observação de regularidades e de propriedades das operações e pela antecipação e verificação de resultados. Refletir sobre a grandeza numérica, utilizando a calculadora como instrumento para produzir e analisar escritas. Estabelecer pontos de referência para situar-se, posicionar- se e deslocar-se no espaço, bem como para identificar relações de posição entre objetos no espaço; interpretar e fornecer instruções, usando terminologia adequada. Perceber semelhanças e diferenças entre objetos no espaço, identificando formas tridimensionais ou bidimensionais, em FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA UNIDADE 9 - A MATEMÁTICA NO PRIMEIRO CICLO Adriana Maria Corder Molinari 39 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR. EDMUNDO ULSON” – UNAR” situações que envolvam descrições orais, construções e representações. Reconhecer grandezas mensuráveis, como comprimento, massa, capacidade e elaborar estratégias pessoais de medida. Utilizar informações sobre tempo e temperatura. Utilizar instrumentos de medida, usuais ou não, estimar resultados e expressá-los por meio de representações não necessariamente convencionais. Identificar o uso de tabelas e gráficos para facilitar a leitura e interpretação de informações e construir formas pessoais de registro para comunicar informações coletadas. (BRASIL, 1997, v.3, p. 47) Os conteúdos encontram-se organizados da seguinte maneira: CONTEÚDOS CONCEITUAIS E PROCEDIMENTAIS 1. NÚMEROS NATURAIS E SISTEMA DE NUMERAÇÃO DECIMAL: a) Reconhecimento dos números do cotidiano (cardinais, ordinais, representativos – Ex.: trazer revistas e jornais e analisar o contexto de uso dos números – para quantificar, ordenar ou representar: nº de telefone etc.); b) Uso da contagem, estimativa, correspondência de termos, emparelhamento; c) Uso de estratégias variadas para identificação de números em situações próprias de contagem e medidas; d) Comparação entre coleções de objetos e ordenação de grandezas por meio da medida; e) Percepção da grandeza de um número pela quantidade de algarismos e pelo valor posicional dos mesmos (Ex.: comparar número de meninos e meninas da classe- perceber algarismos e quantidade); f) Leitura, escrita, comparação e ordenação de números conhecidos; FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO
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