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HISTÓRIA DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA Ficha Catalográfica DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA História da Cultura Afro-brasileira e Indígena São Paulo 2018 FICHA TÉCNICA Prof. José Fernando Pinto da Costa Presidência da Mantenedora Prof. Dr. Décio Correa de Lima Vice-presidência Executiva Prof. José Fernando Pinto da Costa Reitoria Sthefano Bruno Pinto da Costa CEO Profa. Me. Patrícia Paiva Goncalves Bispo Diretoria de EaD Prof. Me. Fernando Henrique Ferreira Coordenador Pedagógico Prof. Me. James Riozo Takahama Coordenador de Área Felipe Galesi Raimo Coordenador AVA Prof. Me. James Riozo Takahama Revisor de Conteúdo Rogério Batista Furtado Supervisor de Conteúdo Profª. Me. Márcia Aparecida da Silva Leão Autoria APRESENTAÇÃO Caro@ Aluno@, Analisar o processo de construção da identidade social do Afro- brasileiro e dos povos indígenas, por meio da sua cultura, é o objetivo principal desta disciplina, na qual serão apresentados elementos históricos, sociais e culturais que os identifiquem como sociedade brasileira, cujas autoestima e cidadania foram e ainda são resgatados pelo reconhecimento legislativo. Todavia, sobretudo, pelos registros de manifestações e movimentos de resistência e de lutas contra o preconceito e a discriminação. Sob a hipótese de que o afro-brasileiro e o indígena ainda sentem o ônus do racismo, a falta de políticas públicas voltadas para a Ação Afirmativa, levando-os ao distanciamento de sua raiz cultural e desconhecimento sobre a história da África, do afrodescendente e do índio brasileiro, Vamos juntos, desmistificar e refletir sobre os conceitos fundamentais que possam nos permitir a princípio, reunirmos argumentos ou respostas a fim de identificarmos quem é e como se estrutura a sociedade brasileira. Bom trabalho! DIÁSPORA NEGRA NO BRASIL, PRÉ E PÓS COLONIAL 1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO CONTINENTE AFRICANO ................................ 10 Divisão Geopolítica ....................................................................................... 10 Diversidade Cultural africana ....................................................................... 11 2. ESCRAVIDÃO ......................................................................................................... 18 Em território africano .................................................................................... 18 Em território brasileiro .................................................................................. 18 3. ÁREAS DA ROTA ENTRE ÁFRICA E BRASIL DURANTE O TRÁFICO NEGREIRO 18 4. FECHAMENTO ....................................................................................................... 19 5. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 20 1 8 9 AULA 1 DIÁSPORA NEGRA NO BRASIL PRÉ E PÓS COLONIAL Compreender algumas características do continente africano e analisar o modo e vida político e social antes da chegada do colonizador; Refletir sobre os sentidos da escravidão e da diáspora forçada a que africanos foram submetidos; Identificar a situação social do afrodescendente após a abolição da escravatura no Brasil. 10 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO CONTINENTE AFRICANO É comum cidadãos brasileiros e do mundo tentarem identificar uma origem étnica para explicar a formação da sociedade brasileira. Epistemologicamente, não é possível discernir ou identificar as populações afrodescendentes do Brasil atual, fato que nos permitirá buscar elementos investigativos para perceber e até mesmo comparar as contribuições africanas na cultura brasileira. Divisão Geopolítica A melhor expressão para definir o continente é representada no plural por apresentar uma extensão territorial em cerca de 30 milhões de quilômetros quadrados, favorecendo a origem de diferentes “Áfricas”. O continente está dividido em grandes blocos geográficos, sendo a África do Norte, abrigando os países do Magreb (Marrocos, Argélia, Tunísia), Líbia e Egito; a África Central, cujos países são Angola, Guiné-Equatorial, Camarões e Ruanda. Na África Ocidental, encontraremos a Nigéria, Guiné-Bissau, Senegal e Serra Leoa, entre os mais conhecidos; a África Oriental é representada por vários países, cujos mais conhecidos são Uganda e Zimbabwe; e por fim, a África Austral, que entre outros, fazem parte a África do Sul, Moçambique e Namíbia, estes representam os mais conhecidos. Porém, pelas características socioeconômicas e culturais, o continente está dividido em África do Norte ou África branca; e África Subsaariana ou África Negra, compreendendo todos os povos e países das outras regiões geográficas. FIQUE ATENTO A África subsaariana passou a ser conhecida e tratada como África negra pelo fato de a maioria de sua população ser negroide e, no entanto, pela ação colonizadora praticada pelas potências ocidentais, originou um mapa geopolítico diferente do mapa da África no século XVI, cujas estruturas espaciais ganharam a identidade colonizadora. O deserto do Saara é o marco divisor entre a África do Norte e a África Subsaariana. Observe nos mapas abaixo essas divisões: 11 Figura 11 Com cerca de 600 milhões de habitantes distribuídos pelo continente, com 56 países, a África hoje apresenta uma diversidade étnica ou cultural. Formam Estados com línguas e sociedades diferentes, em escalas de valores, estrutura familiar, religiosidade e poder político. FIQUE ATENTO Existem ilhas africanas, cuja política depende ainda de alguns países ocidentais, mesmo que essas ilhas pertençam geograficamente ao continente africano. É o caso das ilhas das Canárias, que pertence à Espanha, ilha Reunião, que pertence à França, ilha Maurício, à Inglaterra e ilha Mayote, à França, mas é reivindicada pelas ilhas Comores. Diversidade Cultural africana A extensão territorial africana gera formações biológicas, linguísticas e socioeconômicas, formando diversidades culturais. Já vimos que em termos de divisão sociocultural, e porque não dizer, biológico e ambiental, o mapa do continente nos mostra 1 Fonte: <https://nortonsafe.search.ask.com/search?chn=1008320&ctype=pictures&doi=2017-09-30&geo=BR&guid=29926138- 9A33-4A27-AE70- 738DFF7669D6&locale=pt_BR&o=APN11910&p2=%5EET%5Ech00br%5E&page=5&prt=Default&q=Geografia+da+%C3%81frica&t pr=10&ver=22.10.1.10&ots=1521096146230>. Acesso em: 18/04/2018. 12 duas partes: a do Norte, também chamada de África branca e a do Sul, conhecida como África Negra, ambas as partes tendo como ponto limite para esta divisão o deserto do Saara. É comum o mundo simplificar e reduzir as características do continente levando, até mesmo, à inexistência de certos aspectos para explicar a África. Esta é uma discussão frequente e necessária quando se propõe a estudar a história africana e afro-brasileira, ou seja, não podemos ignorar que pela extensão geográfica também encontraremos diferentes aspectos físico-humanos, linguísticos e socioeconômicos. Evidentemente, essas duas partes socioculturais acabam servindo como parâmetro para definir o continente do ponto de vista genérico, porém, sem especificações, o que torna fundamental esta disciplina. A unidade geográfica do continente africano abriga essas diversidades, cujos atuais Estados são multiétnicos a partir da própria origem e da composição cultural, formando instituições políticas e familiares distintas. No Norte, por exemplo, há o grupo árabe-berbere, formado pelos descendentes de líbios, semitas,fenícios, assírios e greco-romanos. Na parte saariana, há uma variedade de tons de pele, estruturas físicas e traços morfológicos que trazem diferenças significativas entre seus habitantes e os classificam em cinco subgrupos: A tabela a seguir apresentará um breve quadro descrevendo aspectos biológicos da parte saariana no continente africano. 13 Figura 22 2 Fonte: da própria autora GRUPO BIOLÓGICO CARACTERÍSTICA LOCALIZAÇÃO Melano-africano São fisicamente diferentes, numericamente importantes, inspiraram o apelido de África negra (a parte subsaariana) Os antropólogos os distinguem entre os sudaneses, congoleses, nilóticos, guineenses e sul- africanos. San São conhecidos como bosquímanos (nome pejorativo do holandês que significa homem do bosque). Têm estatura baixa, aparência pálida e características físicas únicas. Sobrevivem exclusivamente da caça e da coleta de vegetais. Atualmente, vivem em pequeno número no deserto do Kalahari. Khoi-Khoi São conhecidos também como Hotentores que significa bruto, apelido dado pelos holandeses. Vivem do pastoreio nômades, têm estatura baixa também. Vivem na parte sudoeste africana, ao norte do rio Orange. Pigmeus Este nome é um apelido que significa côvado, ou seja, a distância que vai do cotovelo à raiz dos dedos, medindo mais ou menos 46 centímetros. Possuem cabelos encarapinhados muito escuros, barba muito desenvolvida, pilosidade abundante, olhos grandes e pernas curtas, fazendo com que os braços pareçam muito compridos. Encontram-se na República dos Camarões, no Gabão, na República Centro-africana, na República Democrática do Congo, em Ruanda, em Burundi e em Uganda. Etíopes Outra variedade do grupo negroide, tem estatura média de 1,66 metro, a pele variando entre o marrom- vermelho e o marrom-preto, lábios, cabelos e outros traços apresentam características mestiças com o branco. Ocupam a região mais oriental da África, o Chifre abissínio. 14 Do ponto de vista linguístico, no continente africano falam-se cerca de 1.500 línguas distribuídas por quatro famílias linguísticas: a afro-asiática, a nígero-congolesa, a nilo-sariana e a khoisan. A família afro-asiática, localizada no norte do continente, divide-se em cinco grupos: O semítico, berbere, egípcio antigo, cuxita, chadiano. O grupo semítico inclui, entre outras, o árabe e o amárico — língua oficial da Etiópia. O grupo berbere inclui o amázico, o tuaregue e o guanche, antigamente falado nas ilhas. O egípcio antigo é o único membro conhecido do seu grupo. Ao grupo cuxita pertencem línguas como o somali — língua oficial da Somália — ou o oromo. Finalmente, o grupo chadiano inclui o haussa, que é a língua que tem mais falantes na África, logo depois do árabe. A família nígero-congolesa é o maior grupo de línguas do mundo, em seguida da família austronésica. Estende-se do Senegal ao Quénia e chega ao sul do continente. Divide- se nos seguintes grupos: o mandinga, kordofana, o atlântico-congolês. Este grupo linguístico inclui subgrupos de línguas como o atlântico (fulani, wolof, serer), o kwa (akan, ewe, ioruba, igbo) ou o benué-congolês, ao qual pertencem as línguas banto (suaíli, fang, zulu, kikongo, quimbundo, kikuyu, etc.), sendo o parentesco entre estas um dos primeiros a ser reconhecido. A família nilo-sariana localiza-se em diversos núcleos, entre a família afro-asiática e a nígero-congolesa. A ela pertencem o massai, o chiluk, o canúri, o songhai e o nuer, entre outras. Finalmente, a família khoisan está distribuída pelo sul do continente e abrange línguas como o namara e o kwadi. Ao lado das línguas agrupadas nestas quatro famílias linguísticas, no continente africano falam-se inglês, francês, português e espanhol, em consequência da colonização. Por isso, com a independência das colónias, muitos estados africanos tiveram como imposição o uso de uma língua europeia como língua oficial: é o caso do português em Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, do espanhol na Guiné Equatorial e do inglês ou do francês em vários estados. http://www10.gencat.net/pres_casa_llengues/AppJava/frontend/llengues_detall.jsp?id=75&idioma=16 http://www10.gencat.net/pres_casa_llengues/AppJava/frontend/llengues_detall.jsp?id=74&idioma=16 http://www10.gencat.net/pres_casa_llengues/AppJava/frontend/llengues_detall.jsp?id=4&idioma=16 http://www10.gencat.net/pres_casa_llengues/AppJava/frontend/llengues_detall.jsp?id=26&idioma=16 http://www10.gencat.net/pres_casa_llengues/AppJava/frontend/llengues_detall.jsp?id=54&idioma=16 http://www10.gencat.net/pres_casa_llengues/AppJava/frontend/llengues_detall.jsp?id=15&idioma=16 15 SAIBA MAIS Se nos debruçarmos sobre a dinâmica das línguas, a África pode ser considerada como o continente da diversidade linguística, visto que neste local, percentualmente, ocorrem menos processos de substituição (aproximadamente 20 % em contraste com os 50 % globais). Outra característica deve ser citada, enquanto noutras regiões do mundo as línguas que se extinguem são substituídas por línguas europeias, na África são outras línguas africanas (suaíli, wolof, haussa, fulani, xixona) que vêm ocupar o espaço das subordinadas. Por todo o mundo, difundiram-se palavras derivadas das línguas africanas. Assim, existem atualmente palavras como vudu, zombi, chimpanzé ou safari que provêm do banto. Cola proveniente do ewe, chegou a muitas línguas por meio da Coca-Cola, enquanto gnu, de origem khoisan, é uma das poucas palavras que saíram desta família.3 Como sociedade, apesar da rica história baseada entre os séculos V a.C. até mais ou menos o século XVI d.C., em que diversos povos africanos manisfestavam contatos entre si e de outros continentes, mudanças foram inevitáveis e expressivas durante e após o processo de colonização. O modo de vida do africano difere muito à sua maneira de viver, há elementos que são muito próprios da cultura local e ancestral, especificando-os no modo de ser, mas não podemos deixar de reconhecer que existe uma África única a partir da sua singularidade. Na África, existe diferença entre o pastor e o agricultor; entre o governante e os governados. Nas palavras do autor: A África é o artista iorubá e o senhor tutsi, o mecânico de Burkina Fasso e o professor de Ilé-Ifé, o pastor fula e o pintor de Kinshasa, o caçador mbuti e o guerreiro nuer, o comerciante de Dacar e o operário de Luanda. Essa lista de diferenças no interior da África subsaariana poderia interminavelmente ser mais extensa4. É comum nas literaturas sobre a história da cultura africana destacar as inúmeras riquezas herdadas das raízes históricas. Como exemplo, temos os berberes, os nômades do deserto que desempenhavam importante papel de integração entre os povos do sul e os do norte do Saara. Atravessavam o deserto usando cavalos ou mulas, até a chegada dos camelos. Viajavam em caravanas, por cerca de três meses, eram comerciantes, levavam sal e cobre para trocar por ouro e noz-de-cola. As trocas eram bastante executadas e, entre a 3 Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=6BL9CpLHAsk 4 MUNANGA, Kabengele. Origens Africanas do Brasil contemporâneo, histórias, línguas, culturas e civilizações. São Paulo: Global, 2009, p.29. 16 diversidade de produtos que chegam de acordo com sua evolução, era comum a troca de escravos por produtos europeus. Os Soninkés de Gana ou o Povo do Ouro formaram um dos primeiros impérios que se estabeleceram ao sul do Saara. Na região que hoje corresponde parte do Mali, Mauritânia e Senegal; essa sociedade vivia em aldeias, praticava a agricultura e criação de animais. A partir do século IV, para se defender dos ataques de aldeias vizinhas, grupos se unirame formaram um grande reino, e mais tarde o Império de Gana. Os imperadores eram chamados de gana ou Caia-magas; a sociedade era estratificada, sobretudo por nobres (descendentes soninkés), por homens livres (agricultores e criadores de animais), servos (Soninkés sem posses que cultivavam as terras dos nobres) e escravos (estrangeiros capturados em conflitos). Havia também os soldados, cuja função era defender o reino dos ataques de tribos vizinhas. No Congo, formou-se um grande reino Banto, povos que viviam na região entre o rio Niger e o lago Chade, áreas que pertencem às atuais regiões da Nigéria e Camarões. Além da habilidade da agricultura e da caça, dominavam a metalurgia. A união de várias tribos deu origem ao Reino Banto, por volta do século XIV, liderados pelo manicongo ou ntotila. Os moradores das aldeias mantinham autonomia, cobravam impostos dos seus habitantes e repassavam ao manicongo. Pela diverdidade cultural herdada e que avançou no tempo, alguns estudiosos do tema perceberam uma certa unicidade entre as sociedades africanas e resolveram chamá-la de Africanidade como forma de discernir da cultura e civilização. Revelaram elementos fundamentais de tais heranças da África negra e são reconhecidas a partir dessas atividades: · Na arte – expressam o cotidiano, representam-na por meio de máscaras e esculturas, usando a madeira e o ferro como materiais principais; · Na lígua – os grupos sociais dominam, pelo menos, de duas a três línguas, sendo a nativa, a do colonizador e a língua intermediária entre fronteiras; · Nos cultos e ritos – acreditam na vida após a morte e no poder da ancestralidade. Sensibilizam-se para uma Força Vital que impulsiona as práticas da feitiçaria; · Uso das palavras – as sociedades ocidentais, principalmente, utilizam-se da força da palavra e têm no Griot, o seu maior locutor e intermediador5; · Grupos – valorizavam a força do coletivo sobre o indivíduo. No grupo, todos os adultos são responsáveis pelos mais novos; 5 BELCHER, Stephen. Epic Traditions of Africa. Bloomington: Indiana University Press, 1999. 17 · A iniciação – praticada entre os povos de origem ou influência muçulmana. A circuncisão era um elemento da afirmação social; · O casamento - representa maturidade, antes mesmo dele acontecer, o solteiro já era casado, era pai, mãe, ele é, antes de tudo uma aliança entre dois grupos de parentesco; · A poligamia – é uma prática aceitável em quase todas as sociedades africanas, porém, aquelas cuja liderança é matrilinear, a poligamia não é praticada; · Formas de governo – Já vimos que existem a chefia, reino e império, entretanto precisamos destacar a característica comum entre esses governos, que está no processo que os consiste, ou seja, os laços de sangue, a lei da territorialidade para justificar a autoridade. Há o absolutismo nas monarquias e, em muitos casos, o poder do monarca é considerado sagrado. CONCLUINDO A africanidade nas diásporas tem a ver com as resistências culturais que, por sua vez, foram apresentadas como identidades culturais no mundo e no Brasil por meio do tráfico negreiro. E por fim, entre tradição e modernidade no continente africano, a cultura e estrutura socioeconômica das sociedades foram constituindo espaços que avançaram em resistência cultural por meio do Pan-africanismo, e outros que se mantiveram presos às consequências sofridas pela imposição do colonizador europeu. A unidade africana serviu como ponto de partida para a afirmação da negritude e como força propulsora para representar um continente que está longe de ser um deserto cultural. Sofreu a violência da colonização e todos os seus aspectos de imposição da civilização do ocidente, mas alguns processos evoluíram, sem sombra de dúvidas e por meio da urbanização que se expandiu após a descolonização, muitas sociedades abriram-se para novas possibilidades. 18 ESCRAVIDÃO Em território africano Apesar dos avanços e ao mesmo tempo para continuidade de uma cultura unificada, as consequências da colonização e do tráfico negreiro foram trágicas e deixaram marcas históricas profundas. Africanos sentem-se corresponsáveis pelo tráfico negreiro que avançou por séculos de comercialização árabe. Do oriente ao ocidente, o tráfico representava o uso de africanos como moeda para pagar dívidas de viagens ou negócios. O tráfico negreiro para as Américas teria provocado a morte de 60 milhões de africanos somando a isso também, dezenas de milhões de mortos entre o oriente, principalmente por má qualidade de alojamento, por maus tratos e doenças. Herdando o hábito de escravizar para pagar dívida ou por cuidados e considerações entre os seus, muitos africanos usaram seus escravos como troca mercantil por produtos ocidentais. Em território brasileiro Dinâmicos nesta prática, os portugueses não pensaram duas vezes quando precisaram da mão de obra escrava no Brasil. Os portugueses conquistaram a confiança de algumas sociedades, rendendo fácil acesso neste processo de tráfico. Famílias inteiras ao chegar em território brasileiro eram distribuídas entre os negociadores, perdendo desta forma, supostamente, toda identidade, toda africanidade. ÁREAS DA ROTA ENTRE ÁFRICA E BRASIL DURANTE O TRÁFICO NEGREIRO • Área ocidental (costa dos escravos) reunia as culturas dos povos ioruba ou nagô, jejê, ewê, fons e fanti-ashanti; • Zona do Sudão ocidental ou área sudanesa islamizada. Ocupada pelos negros malês (peul ou fula, mandinga, haussa, tapa e gurunsi); • Área dos povos de língua banto. Compreendendo numerosas etnias que cobrem países da África central e austral. 19 FECHAMENTO Dentro do exposto, concluímos que: • O continente africano possui uma vasta extensão territorial contendo mais de 50 países; • Desde a antiguidade, sociedades foram construindo histórias e culturas; • Geograficamente, o continente está dividido em cinco importantes áreas (Norte, Central, Ocidental, Oriental e Austral); • Culturalmente está dividido em duas áreas (Norte e Subsaariana); • O continente herdou a diversidade cultural de impérios, reinos, aldeias e tribos; • As sociedades africanas possuem uma diversidade linguística; • Dentro do modo de vida econômica, africanos também escravizavam a fim de trocar escravos por mercadorias do ocidente; • No Brasil, o negro era vendido como mercadoria e forçado a esquecer o seu passado; • O tráfico negreiro que trouxe escravos para o Brasil destacou-se os negros das regiões do Ocidente e das áreas centro-africanas. 20 5. REFERÊNCIAS CÂMARA, Nelson. Escravidão Nunca Mais! São Paulo: Lettera.doc, 2009. HERNANDEZ, Leila Leite. A África na Sala de Aula, visita à História Contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005. HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26ª. São Paulo: Companhia da Letras, 2008. MUNANGA, Kabengele. Origens africanas do Brasil Contemporâneo, histórias, línguas, culturas e civilizações. São Paulo: Global, 2009. KLEIN, Herbert S. e LUNA, Francisco Vidal. Slavery in Brazil. New York: Cambridge University Press, 2010. 21 1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO CONTINENTE AFRICANO 1.1. Divisão Geopolítica 1.2. Diversidade Cultural africana 2. ESCRAVIDÃO 2.1. Em território africano 2.2. Em território brasileiro 3. ÁREAS DA ROTA ENTRE ÁFRICA E BRASIL DURANTE O TRÁFICO NEGREIRO 4. FECHAMENTO 5. REFERÊNCIAS