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01 - AULA

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HISTÓRIA DA CULTURA 
AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha Catalográfica 
 
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
História da Cultura Afro-brasileira e Indígena 
 
São Paulo 
2018 
 
 
 
FICHA TÉCNICA 
Prof. José Fernando Pinto da Costa 
Presidência da Mantenedora 
 
Prof. Dr. Décio Correa de Lima 
Vice-presidência Executiva 
 
Prof. José Fernando Pinto da Costa 
Reitoria 
 
Sthefano Bruno Pinto da Costa 
CEO 
 
Profa. Me. Patrícia Paiva Goncalves Bispo 
Diretoria de EaD 
 
Prof. Me. Fernando Henrique Ferreira 
Coordenador Pedagógico 
 
Prof. Me. James Riozo Takahama 
Coordenador de Área 
 
Felipe Galesi Raimo 
Coordenador AVA 
 
Prof. Me. James Riozo Takahama 
Revisor de Conteúdo 
 
Rogério Batista Furtado 
Supervisor de Conteúdo 
 
Profª. Me. Márcia Aparecida da Silva Leão 
Autoria 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Caro@ Aluno@, 
Analisar o processo de construção da identidade social do Afro-
brasileiro e dos povos indígenas, por meio da sua cultura, é o objetivo 
principal desta disciplina, na qual serão apresentados elementos históricos, 
sociais e culturais que os identifiquem como sociedade brasileira, cujas 
autoestima e cidadania foram e ainda são resgatados pelo reconhecimento 
legislativo. Todavia, sobretudo, pelos registros de manifestações e 
movimentos de resistência e de lutas contra o preconceito e a 
discriminação. Sob a hipótese de que o afro-brasileiro e o indígena ainda 
sentem o ônus do racismo, a falta de políticas públicas voltadas para a Ação 
Afirmativa, levando-os ao distanciamento de sua raiz cultural e 
desconhecimento sobre a história da África, do afrodescendente e do índio 
brasileiro, 
Vamos juntos, desmistificar e refletir sobre os conceitos 
fundamentais que possam nos permitir a princípio, reunirmos argumentos 
ou respostas a fim de identificarmos quem é e como se estrutura a 
sociedade brasileira. Bom trabalho! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIÁSPORA NEGRA NO BRASIL, PRÉ E PÓS COLONIAL 
1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO CONTINENTE AFRICANO ................................ 10 
 Divisão Geopolítica ....................................................................................... 10 
 Diversidade Cultural africana ....................................................................... 11 
2. ESCRAVIDÃO ......................................................................................................... 18 
 Em território africano .................................................................................... 18 
 Em território brasileiro .................................................................................. 18 
3. ÁREAS DA ROTA ENTRE ÁFRICA E BRASIL DURANTE O TRÁFICO NEGREIRO 18 
4. FECHAMENTO ....................................................................................................... 19 
5. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 20 
 
 
 
1 
 
8 
 
 
 
9 
 
 
 
AULA 1 
 
 
DIÁSPORA NEGRA NO 
BRASIL 
PRÉ E PÓS COLONIAL 
 
 
 
 
Compreender algumas características do continente africano e 
analisar o modo e vida político e social antes da chegada do 
colonizador; 
Refletir sobre os sentidos da escravidão e da diáspora forçada a que 
africanos foram submetidos; 
Identificar a situação social do afrodescendente após a 
abolição da escravatura no Brasil. 
 
10 
 
 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO CONTINENTE AFRICANO 
É comum cidadãos brasileiros e do mundo tentarem identificar uma origem étnica para 
explicar a formação da sociedade brasileira. Epistemologicamente, não é possível discernir 
ou identificar as populações afrodescendentes do Brasil atual, fato que nos permitirá buscar 
elementos investigativos para perceber e até mesmo comparar as contribuições africanas na 
cultura brasileira. 
 
 Divisão Geopolítica 
A melhor expressão para definir o continente é representada no plural por apresentar 
uma extensão territorial em cerca de 30 milhões de quilômetros quadrados, favorecendo a 
origem de diferentes “Áfricas”. 
O continente está dividido em grandes blocos geográficos, sendo a África do Norte, 
abrigando os países do Magreb (Marrocos, Argélia, Tunísia), Líbia e Egito; a África Central, 
cujos países são Angola, Guiné-Equatorial, Camarões e Ruanda. Na África Ocidental, 
encontraremos a Nigéria, Guiné-Bissau, Senegal e Serra Leoa, entre os mais conhecidos; a 
África Oriental é representada por vários países, cujos mais conhecidos são Uganda e 
Zimbabwe; e por fim, a África Austral, que entre outros, fazem parte a África do Sul, 
Moçambique e Namíbia, estes representam os mais conhecidos. 
 Porém, pelas características socioeconômicas e culturais, o continente está dividido 
em África do Norte ou África branca; e África Subsaariana ou África Negra, compreendendo 
todos os povos e países das outras regiões geográficas. 
FIQUE ATENTO 
 
A África subsaariana passou a ser conhecida e tratada como África negra 
pelo fato de a maioria de sua população ser negroide e, no entanto, pela ação 
colonizadora praticada pelas potências ocidentais, originou um mapa 
geopolítico diferente do mapa da África no século XVI, cujas estruturas 
espaciais ganharam a identidade colonizadora. O deserto do Saara é o marco 
divisor entre a África do Norte e a África Subsaariana. 
 
Observe nos mapas abaixo essas divisões: 
 
11 
 
 
 
Figura 11 
 
Com cerca de 600 milhões de habitantes distribuídos pelo continente, com 56 países, 
a África hoje apresenta uma diversidade étnica ou cultural. Formam Estados com línguas e 
sociedades diferentes, em escalas de valores, estrutura familiar, religiosidade e poder político. 
FIQUE ATENTO 
 
Existem ilhas africanas, cuja política depende ainda de alguns países 
ocidentais, mesmo que essas ilhas pertençam geograficamente ao 
continente africano. É o caso das ilhas das Canárias, que pertence à Espanha, 
ilha Reunião, que pertence à França, ilha Maurício, à Inglaterra e ilha Mayote, 
à França, mas é reivindicada pelas ilhas Comores. 
 
 Diversidade Cultural africana 
 A extensão territorial africana gera formações biológicas, linguísticas e 
socioeconômicas, formando diversidades culturais. Já vimos que em termos de divisão 
sociocultural, e porque não dizer, biológico e ambiental, o mapa do continente nos mostra 
 
1 Fonte: <https://nortonsafe.search.ask.com/search?chn=1008320&ctype=pictures&doi=2017-09-30&geo=BR&guid=29926138-
9A33-4A27-AE70-
738DFF7669D6&locale=pt_BR&o=APN11910&p2=%5EET%5Ech00br%5E&page=5&prt=Default&q=Geografia+da+%C3%81frica&t
pr=10&ver=22.10.1.10&ots=1521096146230>. Acesso em: 18/04/2018. 
 
12 
 
duas partes: a do Norte, também chamada de África branca e a do Sul, conhecida como África 
Negra, ambas as partes tendo como ponto limite para esta divisão o deserto do Saara. 
É comum o mundo simplificar e reduzir as características do continente levando, até 
mesmo, à inexistência de certos aspectos para explicar a África. Esta é uma discussão 
frequente e necessária quando se propõe a estudar a história africana e afro-brasileira, ou 
seja, não podemos ignorar que pela extensão geográfica também encontraremos diferentes 
aspectos físico-humanos, linguísticos e socioeconômicos. Evidentemente, essas duas partes 
socioculturais acabam servindo como parâmetro para definir o continente do ponto de vista 
genérico, porém, sem especificações, o que torna fundamental esta disciplina. 
A unidade geográfica do continente africano abriga essas diversidades, cujos atuais 
Estados são multiétnicos a partir da própria origem e da composição cultural, formando 
instituições políticas e familiares distintas. 
 
No Norte, por exemplo, há o grupo árabe-berbere, formado pelos descendentes de 
líbios, semitas,fenícios, assírios e greco-romanos. Na parte saariana, há uma variedade de 
tons de pele, estruturas físicas e traços morfológicos que trazem diferenças significativas 
entre seus habitantes e os classificam em cinco subgrupos: 
 
 A tabela a seguir apresentará um breve quadro descrevendo aspectos 
biológicos da parte saariana no continente africano. 
 
13 
 
Figura 22 
 
 
2 Fonte: da própria autora 
GRUPO BIOLÓGICO CARACTERÍSTICA LOCALIZAÇÃO 
Melano-africano 
São fisicamente diferentes, 
numericamente importantes, 
inspiraram o apelido de África 
negra (a parte subsaariana) 
Os antropólogos os 
distinguem entre os 
sudaneses, congoleses, 
nilóticos, guineenses e sul-
africanos. 
San 
São conhecidos como 
bosquímanos (nome pejorativo do 
holandês que significa homem do 
bosque). Têm estatura baixa, 
aparência pálida e características 
físicas únicas. Sobrevivem 
exclusivamente da caça e da coleta 
de vegetais. 
Atualmente, vivem em 
pequeno número no deserto 
do Kalahari. 
Khoi-Khoi 
São conhecidos também como 
Hotentores que significa bruto, 
apelido dado pelos holandeses. 
Vivem do pastoreio nômades, têm 
estatura baixa também. 
Vivem na parte sudoeste 
africana, ao norte do rio 
Orange. 
Pigmeus 
Este nome é um apelido que 
significa côvado, ou seja, a 
distância que vai do cotovelo à raiz 
dos dedos, medindo mais ou 
menos 46 centímetros. Possuem 
cabelos encarapinhados muito 
escuros, barba muito desenvolvida, 
pilosidade abundante, olhos 
grandes e pernas curtas, fazendo 
com que os braços pareçam muito 
compridos. 
Encontram-se na República 
dos Camarões, no Gabão, na 
República Centro-africana, na 
República Democrática do 
Congo, em Ruanda, em 
Burundi e em Uganda. 
Etíopes 
Outra variedade do grupo negroide, 
tem estatura média de 1,66 metro, 
a pele variando entre o marrom-
vermelho e o marrom-preto, lábios, 
cabelos e outros traços 
apresentam características 
mestiças com o branco. 
Ocupam a região mais oriental 
da África, o Chifre abissínio. 
 
14 
 
Do ponto de vista linguístico, no continente africano falam-se cerca de 1.500 línguas 
distribuídas por quatro famílias linguísticas: a afro-asiática, a nígero-congolesa, a nilo-sariana 
e a khoisan. 
A família afro-asiática, localizada no norte do continente, divide-se em cinco grupos: O 
semítico, berbere, egípcio antigo, cuxita, chadiano. O grupo semítico inclui, entre outras, o 
árabe e o amárico — língua oficial da Etiópia. O grupo berbere inclui o amázico, o tuaregue e o 
guanche, antigamente falado nas ilhas. O egípcio antigo é o único membro conhecido do seu 
grupo. Ao grupo cuxita pertencem línguas como o somali — língua oficial da Somália — ou o 
oromo. Finalmente, o grupo chadiano inclui o haussa, que é a língua que tem mais falantes na 
África, logo depois do árabe. 
A família nígero-congolesa é o maior grupo de línguas do mundo, em seguida da 
família austronésica. Estende-se do Senegal ao Quénia e chega ao sul do continente. Divide-
se nos seguintes grupos: o mandinga, kordofana, o atlântico-congolês. Este grupo linguístico 
inclui subgrupos de línguas como o atlântico (fulani, wolof, serer), o kwa (akan, ewe, ioruba, 
igbo) ou o benué-congolês, ao qual pertencem as línguas banto (suaíli, fang, zulu, kikongo, 
quimbundo, kikuyu, etc.), sendo o parentesco entre estas um dos primeiros a ser reconhecido. 
A família nilo-sariana localiza-se em diversos núcleos, entre a família afro-asiática e a 
nígero-congolesa. A ela pertencem o massai, o chiluk, o canúri, o songhai e o nuer, entre 
outras. Finalmente, a família khoisan está distribuída pelo sul do continente e abrange línguas 
como o namara e o kwadi. 
Ao lado das línguas agrupadas nestas quatro famílias linguísticas, no continente 
africano falam-se inglês, francês, português e espanhol, em consequência da colonização. Por 
isso, com a independência das colónias, muitos estados africanos tiveram como imposição o 
uso de uma língua europeia como língua oficial: é o caso do português em Moçambique, 
Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, do espanhol na Guiné Equatorial e 
do inglês ou do francês em vários estados. 
 
 
 
 
 
http://www10.gencat.net/pres_casa_llengues/AppJava/frontend/llengues_detall.jsp?id=75&idioma=16
http://www10.gencat.net/pres_casa_llengues/AppJava/frontend/llengues_detall.jsp?id=74&idioma=16
http://www10.gencat.net/pres_casa_llengues/AppJava/frontend/llengues_detall.jsp?id=4&idioma=16
http://www10.gencat.net/pres_casa_llengues/AppJava/frontend/llengues_detall.jsp?id=26&idioma=16
http://www10.gencat.net/pres_casa_llengues/AppJava/frontend/llengues_detall.jsp?id=54&idioma=16
http://www10.gencat.net/pres_casa_llengues/AppJava/frontend/llengues_detall.jsp?id=15&idioma=16
 
15 
 
SAIBA MAIS 
 
Se nos debruçarmos sobre a dinâmica das línguas, a África pode ser 
considerada como o continente da diversidade linguística, visto que neste 
local, percentualmente, ocorrem menos processos de substituição 
(aproximadamente 20 % em contraste com os 50 % globais). Outra 
característica deve ser citada, enquanto noutras regiões do mundo as línguas 
que se extinguem são substituídas por línguas europeias, na África são outras 
línguas africanas (suaíli, wolof, haussa, fulani, xixona) que vêm ocupar o 
espaço das subordinadas. Por todo o mundo, difundiram-se palavras 
derivadas das línguas africanas. Assim, existem atualmente palavras como 
vudu, zombi, chimpanzé ou safari que provêm do banto. Cola proveniente do 
ewe, chegou a muitas línguas por meio da Coca-Cola, enquanto gnu, de 
origem khoisan, é uma das poucas palavras que saíram desta família.3 
Como sociedade, apesar da rica história baseada entre os séculos V a.C. até mais ou 
menos o século XVI d.C., em que diversos povos africanos manisfestavam contatos entre si 
e de outros continentes, mudanças foram inevitáveis e expressivas durante e após o processo 
de colonização. 
O modo de vida do africano difere muito à sua maneira de viver, há elementos que são 
muito próprios da cultura local e ancestral, especificando-os no modo de ser, mas não 
podemos deixar de reconhecer que existe uma África única a partir da sua singularidade. Na 
África, existe diferença entre o pastor e o agricultor; entre o governante e os governados. Nas 
palavras do autor: 
A África é o artista iorubá e o senhor tutsi, o mecânico de Burkina Fasso e o 
professor de Ilé-Ifé, o pastor fula e o pintor de Kinshasa, o caçador mbuti e o 
guerreiro nuer, o comerciante de Dacar e o operário de Luanda. Essa lista de 
diferenças no interior da África subsaariana poderia interminavelmente ser 
mais extensa4. 
 
É comum nas literaturas sobre a história da cultura africana destacar as inúmeras 
riquezas herdadas das raízes históricas. Como exemplo, temos os berberes, os nômades do 
deserto que desempenhavam importante papel de integração entre os povos do sul e os do 
norte do Saara. Atravessavam o deserto usando cavalos ou mulas, até a chegada dos 
camelos. Viajavam em caravanas, por cerca de três meses, eram comerciantes, levavam sal 
e cobre para trocar por ouro e noz-de-cola. As trocas eram bastante executadas e, entre a 
 
3 Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=6BL9CpLHAsk 
4 MUNANGA, Kabengele. Origens Africanas do Brasil contemporâneo, histórias, línguas, culturas e civilizações. São Paulo: 
Global, 2009, p.29. 
 
16 
 
diversidade de produtos que chegam de acordo com sua evolução, era comum a troca de 
escravos por produtos europeus. 
Os Soninkés de Gana ou o Povo do Ouro formaram um dos primeiros impérios que se 
estabeleceram ao sul do Saara. Na região que hoje corresponde parte do Mali, Mauritânia e 
Senegal; essa sociedade vivia em aldeias, praticava a agricultura e criação de animais. A partir 
do século IV, para se defender dos ataques de aldeias vizinhas, grupos se unirame formaram 
um grande reino, e mais tarde o Império de Gana. Os imperadores eram chamados de gana 
ou Caia-magas; a sociedade era estratificada, sobretudo por nobres (descendentes soninkés), 
por homens livres (agricultores e criadores de animais), servos (Soninkés sem posses que 
cultivavam as terras dos nobres) e escravos (estrangeiros capturados em conflitos). Havia 
também os soldados, cuja função era defender o reino dos ataques de tribos vizinhas. 
No Congo, formou-se um grande reino Banto, povos que viviam na região entre o rio 
Niger e o lago Chade, áreas que pertencem às atuais regiões da Nigéria e Camarões. Além da 
habilidade da agricultura e da caça, dominavam a metalurgia. A união de várias tribos deu 
origem ao Reino Banto, por volta do século XIV, liderados pelo manicongo ou ntotila. Os 
moradores das aldeias mantinham autonomia, cobravam impostos dos seus habitantes e 
repassavam ao manicongo. 
Pela diverdidade cultural herdada e que avançou no tempo, alguns estudiosos do tema 
perceberam uma certa unicidade entre as sociedades africanas e resolveram chamá-la de 
Africanidade como forma de discernir da cultura e civilização. Revelaram elementos 
fundamentais de tais heranças da África negra e são reconhecidas a partir dessas atividades: 
· Na arte – expressam o cotidiano, representam-na por meio de máscaras e 
esculturas, usando a madeira e o ferro como materiais principais; 
· Na lígua – os grupos sociais dominam, pelo menos, de duas a três línguas, sendo 
a nativa, a do colonizador e a língua intermediária entre fronteiras; 
· Nos cultos e ritos – acreditam na vida após a morte e no poder da ancestralidade. 
Sensibilizam-se para uma Força Vital que impulsiona as práticas da feitiçaria; 
· Uso das palavras – as sociedades ocidentais, principalmente, utilizam-se da força 
da palavra e têm no Griot, o seu maior locutor e intermediador5; 
· Grupos – valorizavam a força do coletivo sobre o indivíduo. No grupo, todos os 
adultos são responsáveis pelos mais novos; 
 
5 BELCHER, Stephen. Epic Traditions of Africa. Bloomington: Indiana University Press, 1999. 
 
17 
 
· A iniciação – praticada entre os povos de origem ou influência muçulmana. A 
circuncisão era um elemento da afirmação social; 
· O casamento - representa maturidade, antes mesmo dele acontecer, o solteiro já 
era casado, era pai, mãe, ele é, antes de tudo uma aliança entre dois grupos de 
parentesco; 
· A poligamia – é uma prática aceitável em quase todas as sociedades africanas, 
porém, aquelas cuja liderança é matrilinear, a poligamia não é praticada; 
· Formas de governo – Já vimos que existem a chefia, reino e império, entretanto 
precisamos destacar a característica comum entre esses governos, que está no 
processo que os consiste, ou seja, os laços de sangue, a lei da territorialidade para 
justificar a autoridade. Há o absolutismo nas monarquias e, em muitos casos, o 
poder do monarca é considerado sagrado. 
CONCLUINDO 
 
A africanidade nas diásporas tem a ver com as resistências culturais que, por 
sua vez, foram apresentadas como identidades culturais no mundo e no 
Brasil por meio do tráfico negreiro. 
 
E por fim, entre tradição e modernidade no continente africano, a cultura e estrutura 
socioeconômica das sociedades foram constituindo espaços que avançaram em resistência 
cultural por meio do Pan-africanismo, e outros que se mantiveram presos às consequências 
sofridas pela imposição do colonizador europeu. A unidade africana serviu como ponto de 
partida para a afirmação da negritude e como força propulsora para representar um 
continente que está longe de ser um deserto cultural. Sofreu a violência da colonização e 
todos os seus aspectos de imposição da civilização do ocidente, mas alguns processos 
evoluíram, sem sombra de dúvidas e por meio da urbanização que se expandiu após a 
descolonização, muitas sociedades abriram-se para novas possibilidades. 
 
 
18 
 
 ESCRAVIDÃO 
 Em território africano 
Apesar dos avanços e ao mesmo tempo para continuidade de uma cultura unificada, 
as consequências da colonização e do tráfico negreiro foram trágicas e deixaram marcas 
históricas profundas. Africanos sentem-se corresponsáveis pelo tráfico negreiro que avançou 
por séculos de comercialização árabe. Do oriente ao ocidente, o tráfico representava o uso de 
africanos como moeda para pagar dívidas de viagens ou negócios. 
O tráfico negreiro para as Américas teria provocado a morte de 60 milhões de 
africanos somando a isso também, dezenas de milhões de mortos entre o oriente, 
principalmente por má qualidade de alojamento, por maus tratos e doenças. Herdando o 
hábito de escravizar para pagar dívida ou por cuidados e considerações entre os seus, muitos 
africanos usaram seus escravos como troca mercantil por produtos ocidentais. 
 
 Em território brasileiro 
Dinâmicos nesta prática, os portugueses não pensaram duas vezes quando 
precisaram da mão de obra escrava no Brasil. Os portugueses conquistaram a confiança de 
algumas sociedades, rendendo fácil acesso neste processo de tráfico. 
Famílias inteiras ao chegar em território brasileiro eram distribuídas entre os 
negociadores, perdendo desta forma, supostamente, toda identidade, toda africanidade. 
 
 ÁREAS DA ROTA ENTRE ÁFRICA E BRASIL DURANTE O TRÁFICO 
NEGREIRO 
• Área ocidental (costa dos escravos) reunia as culturas dos povos ioruba ou nagô, 
jejê, ewê, fons e fanti-ashanti; 
• Zona do Sudão ocidental ou área sudanesa islamizada. Ocupada pelos negros 
malês (peul ou fula, mandinga, haussa, tapa e gurunsi); 
• Área dos povos de língua banto. Compreendendo numerosas etnias que cobrem 
países da África central e austral. 
 
19 
 
 FECHAMENTO 
 
Dentro do exposto, concluímos que: 
 
• O continente africano possui uma vasta extensão territorial contendo mais de 50 
países; 
• Desde a antiguidade, sociedades foram construindo histórias e culturas; 
• Geograficamente, o continente está dividido em cinco importantes áreas (Norte, 
Central, Ocidental, Oriental e Austral); 
• Culturalmente está dividido em duas áreas (Norte e Subsaariana); 
• O continente herdou a diversidade cultural de impérios, reinos, aldeias e tribos; 
• As sociedades africanas possuem uma diversidade linguística; 
• Dentro do modo de vida econômica, africanos também escravizavam a fim de trocar 
escravos por mercadorias do ocidente; 
• No Brasil, o negro era vendido como mercadoria e forçado a esquecer o seu passado; 
• O tráfico negreiro que trouxe escravos para o Brasil destacou-se os negros das regiões 
do Ocidente e das áreas centro-africanas. 
 
 
 
20 
 
5. REFERÊNCIAS 
CÂMARA, Nelson. Escravidão Nunca Mais! São Paulo: Lettera.doc, 2009. 
HERNANDEZ, Leila Leite. A África na Sala de Aula, visita à História Contemporânea. São 
Paulo: Selo Negro, 2005. 
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26ª. São Paulo: Companhia da Letras, 2008. 
MUNANGA, Kabengele. Origens africanas do Brasil Contemporâneo, histórias, línguas, 
culturas e civilizações. São Paulo: Global, 2009. 
KLEIN, Herbert S. e LUNA, Francisco Vidal. Slavery in Brazil. New York: Cambridge University 
Press, 2010. 
 
 
 
 
21 
 
 
	1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO CONTINENTE AFRICANO
	1.1. Divisão Geopolítica
	1.2. Diversidade Cultural africana
	2. ESCRAVIDÃO
	2.1. Em território africano
	2.2. Em território brasileiro
	3. ÁREAS DA ROTA ENTRE ÁFRICA E BRASIL DURANTE O TRÁFICO NEGREIRO
	4. FECHAMENTO
	5. REFERÊNCIAS