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DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA IGUALDADE DE GÊNERO NO ESPAÇO ESCOLAR

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CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR
João Monlevade-MG
2019
DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA IGUALDADE DE GÊNERO NO ESPAÇO ESCOLAR
Trabalho Interdisciplinar apresentado à Universidade Pitágoras Unopar, como requisito parcial para a obtenção de média bimestral nas disciplinas de Educação e Diversidade, Políticas Públicas da Educação Básica, Práticas Pedagógicas: Gestão da Aprendizagem e Psicologia da Educação e da Aprendizagem. 
Orientador: Prof. Jorge Tyminski Junior.
João Monlevade
2019
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................1
2 ESCOLA E A CONSTRUÇÃO DA IGUALDADE DE GÊNERO.....................2
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................6
4 REFERÊNCIAS................................................................................................7
1. INTRODUÇÃO
O estudo sobre questões de gênero, possibilita a compreensão das formas de desigualdade social e educacional, que diversas vezes são reproduzidas no ambiente escolar. Esta compreensão oportuniza a reflexão sobre os significados das relações entre homens e mulheres presentes em nossa sociedade.
 A escola é um espaço social de formação dos sujeitos e desempenha um papel primordial na vida de seus alunos. Cabe a ela uma atenta observação do cotidiano escolar, ouvindo as demandas dos alunos, e acolhendo os sujeitos em suas inquietações e frustrações. Para que escola conclua seu objetivo é necessário ampliar e aprimorar o conhecimento de todos os envolvidos no processo educativo (professores, alunos e comunidade escolar).
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNS), a escola deve valorizar a pluraridade cultural e posicionar-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de orientação sexual, de gênero, de etnia, ou outras cacterísticas individuais e sociais. (PCNS, 1998).
O trabalho com questões de gênero na escola, visa proporcionar ao aluno um olhar diferenciado dos papéis sociais disseminados entre a população nas suas várias esferas, destacando valores como respeito ao próximo, dignidade e a convivência livre de qualquer forma de preconceito, promovendo assim a análise crítica da ideia socialmente aceita de que deva existir papéis definidos a serem desempenhados entre homens e mulheres.
2. ESCOLA E A CONSTRUÇÃO DA IGUALDADE DE GÊNERO.
Homens e mulheres possuem momentos de desenvolvimento diferentes, necessidades e capacidads físicas distintas e requerem condições e atenção específica para o gênero. No entanto o maior desafio encontrado quando falamos em colocar em situação de igualdade os dois gêneros, é a construção histórica e a bagagem social dos sujeitos.
A sociedade determina esteriótipos de gênero, e a criança ao nascer já possui seu papel determinado na sociedade, meninas estão relacionadas a delicadeza e meninos estão ligados a “força” e a esportes agressivos. No ambiente escolar fica evidente a necessidade de discutir essas relações, sendo que o professor torna-se imprescíndivel na mediação escola x família x sociedade na desconstrução de esteriótipos. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil Formação Pessoal e Social (BRASIL, 1998, p. 41) afirma: 
Para que seja incorporada pelas crianças, a atitude de aceitação do outro em suas diferenças e particularidades precisa estar presente nos atos e atitudes dos adultos com quem convivem na instiuição. Começando pelas diferenças de temperamento, de habilidades e de conhecimentos, até as diferenças de gênero, de etnia e de credo religioso, o respeito a essa diversidade deve permear as relações cotidianas.
A estrutura familiar patriarcal reforça o machismo desde a infância. A escola, enquanto instiuição social deve posicionar-se em relação a essas imagens preconsebidas sobre essas questões já prontas e definidas sobre o que os meninos e meninas devem ou não ser e é preciso entender e mostrar as novas formas de relações entre os sexos dentro novas configurações de ralações sociais. 
De acordo com Santos e Bruns (2000), o processo de constituiçao de gênero não é, de forma alguma, natural: o indivíduo só vai se tornado homem ou mulher, valendo-se de suas relações interpessoais, o que é um processo historico-social.
As escolas devem ser locais onde os esteriótipos são eliminados e não reforçados, o que significa oferecer a alunos e alunas as mesmas oportunidades de acesso a métodos de ensino e currículos livres de esteriótipos, bem como de orientações acadêmicas sem influência de preconceitos. (UNESCO, 2004).
Somente uma educação emancipatória, pode contribuir para a superação de condições de heteronomia, e propor reflexões sobre os contextos de uma sexualidade reprimida. As aprendizagens, no que se refere as questões de gênero, estão incorporadas em práticas cotidianas formais e informais, elas atravessam os conteúdos das disciplinas que compõem o currículo oficial. A construção dos gêneros dá-se através de inúmeras aprendizagens e práticas e é empreendido de forma explícita ou dissimulada por um conjunto inesgotável de instâncias sociais e culturais.
Há uma urgência da resignificação dos valores masculinos e femininos nas relações escolares, em prol de caminharem juntas para a superação das desigualdades e subordinação de gênero.
Dessa maneira, as práticas educativas “poderiam ser questionadas de um modo novo, possivelmente mais subversivo. Talvez assim fôssemos mais capazes de descobrir relações até então não percebidas ou rever processos ‘generificados’ [...] de produção de sujeitos’ (LOURO, 1995, p. 127 apud AQUINO, 1998, p. 104).
Ao se ensinar formas de comportamentos distintos entre meninos e meninas torna-se natural que haja uma separação entre eles no ambiente escolar, sendo primodial que os educadores observem e promovam a interação entre todos os alunos independente de gênero.
Segundo Silva (2010) atualmente a política educacional está vinculada a um sistema neoliberal que objetiva os valores econômicos intensamente associados à masculinidade: competitividade, desempenho, racionalidade lógica, eficácia e produtividade. Tais objetivos associados às características masculinas conduzem a discriminação da mulher. Estes conceitos demonstram a necessidade de mudar as estruturas educacionais e se voltar à dicussão de gênero, dentro das salas de aula, preparando os alunos para atuar na sociedade de forma igualitária. 
É imprescindível refletir sobre as ações realizadas nas escolas para que se exercite o não preconceito de gênero durante as atividads escolares. Louro afirma que:
Currículos, normas, procedimentos de ensino, teorias, linguagens, materiais didáticos, processos de avaliação, são, seguramente, locidas diferenças de gênero, sexualidade, etnia, classe - são constituídos por essas distinções e, ao mesmo tempo, seus produtores(LOURO, 2003, p. 64).
Faz-se necessário questionar esses posiocionamentos com a finalidade de não normalizar o que já posto como preconceituoso, tratamento desigual e machista. As leis federais e educacionais defedem a igualdade de gênero no âmbito escolar.
O Art. 5º da Constituição Federativa do Brasil (1988) e a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) embasam outros documentos que visam assegurar a garantia e efetivação da igualdade de direitos, sem distinção e eliminação de quaisquer formas de discriminação e preconceito. À luz destes princípios são elaboradas e estabelecidas legislações específicas conforme as demandas sociais.
No campo educacional, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, em seu Art. 3, estabelece como princípios do ensino, entre outros, a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola e o respeito à liberdade e o apreço à tolerância. (BRASIL, 1996).
Entretando embora a legislação seja clara a respeito da necessidade de trabalhar com questões das diversidades, dentre elas as de gênero, existem poucas práticas efetivas que consideram a construçãohistórica e social dos sujeitos, sendo pouco discutidos no âmbito escolar. Porém pode-se considerar a sexualidade como parte constiuintes dos sujeitos, segundo Louro (1999):
[...] a presença da sexualidade independe da intenção manifesta ou dos discursos explícitos, da existência ou não da disciplina de “Educação Sexual”, da inclusão ou não desses assuntos nos regimentos escolares. A sexualidade esta na escola porque ela faz parte dos sujeitos, ela não é algo que possa ser desligado ou algo do qual alguém possa se “despir” (LOURO,1999, p. 81).
A educação é guiada pelo conhecimento, pelos costume, tradição, cultura etnia entre outros. A relação de gênero é definida socialmente , os adultos educam as crianças com marcações pontuias ao que se refere a menino e meninas.
A educação diferenciada dá bola e caminhãozinho para os meninos e fogãozinho para as meninas, exige formas diferentes de vestir, conta histórias em que os papéis dos personagens homens e mulheres são sempre muito diferentes (SÃO PAULO, 2003, p.29).
Educadas dessa forma as crianças são induzidas a assumirem papéis que posteriormente ocuparão lugares específicos na sociedade. O que leva a verificação da desigualdade entre homens e mulheres.
Compreender essa construção social, não significa desconsiderar que ela se dá em corpos sexuados. Compreendemos que há uma estreita imbricação entre o social e o biológico. [...] Assim, mulheres e homens imprimem no corpo, gestos, posturas, e disposições, as relações de poder vividas partir das relações de gênero (SÃO PAULO, 2003, p.30).
A desigualdade entre homens e mulheres é uma construção social e não biológica , não é determinada pelas diferenças biológias e sim pela construção social e as relações que nela se desenvolvem.
As ações pedagógicas lutam contra o preconceito de gênero, mas em contrapartida os reafirma quando suas açãos não percebem o caráter “neutro” do sexo. Os professores por sua vez reafirmam o preconceito de gênero quando não percebem ou ignoram tais ações.
O ambiente escolar pode reproduzir imagens negativas e preconceituosas, por exemplo, quando professores relacionam o rendimento de suas alunas ao esforço e ao bom comportamento, ou quando as tratam apenas como esforçadas e quase nunca como potencialmente brilhantes, capazes de ousadia e lideranças (AQUINO, 1998, p. 102-103).
Os educadores “ devem estar conscientes e entender o poder e a influência de seus comportamento e atitudes , assim como do que ensinam e decomo ensinam.” ( WHITELAW, 2003, p. 38).
Sendo assim, a instauração de práticas simples de subversão, questinamentos e problematização das ordens de gênero instauradas, podem talvez “contribuir para perturbar certezas, para ensinar a crítica e a autocrítica[...], para desalojar as hierarquias.” (LOURO, 1997, p.124).
Portanto o trabalho da escola se faz necessário pois é seu papel , desvelar e desmistificar as concepções vigentes, no intuito de reconhecer e valorizar direitos individuais e coletivos dos sujeitos, contribuindo na construçao de uma sociedade menos discriminatória e mais humanizada, pois aquilo que se aprende na escola se leva para outors segmentos da vida.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação inclui problematizar e descontruir o sexismo, a heteronormatividade, e outros tipos de preconceito, pois eles começam dentro do ambiente familiar e muitas vezes são reforçados na escola. Acredita-se que há a necessidade de trilhar um caminho novo, no sentido de buscar compreender posicionamentos históricos, sociais, culturias, políticos e educacionais dos individuos atuantes no processo educativo. O conhecimento científico pode contribuir para a construção de relações pautadas no respeito às diversidades, com vistas a tonar a sociedade mais justa e efetivamente democrática.
4. REFERÊNCIAS
AQUINO, J. C., Diferenças e preconceitos na escola. Alternativas teóricas e práticas. 4ºed. São Paulo: Summus Editorial, 1998.
BRASIL. [ Constiuição (1988)]. Constiuição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF Presidência da República, [2016]. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituição/Constiuição.htm. > Acesso em 31 de outubro de 2019.
BRASIL, Ministério da Educação e do desporto. Secretária de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: formação pessoal e social. Brasília: MEC/SEF, 1998. v. 2. p. 20.
BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Introduçao. Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.
LOURO, G. L. Gênero, Sexualidade e Educação: Uma perspectiva pós- estruturalista. Petróplolis, RJ: Vozes, 1997. 
LOURO, G. L. Pedagogias da sexualidade. In: ______. (Org.). O corpo
educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
LOURO, G. L. Gênero, sexualidade e educação. 6ªed. Petrópolis: Vozes, 2003.
SANTOS, C. ; BRUNS, M. A. T. A Educação Sexual Pede Espaço: Novos Horizontes para a Práxis Pedagógica. São Paulo: Ômega Editora, 2000.
LDB – Leis de Diretrizes e Bases. Lei nº 9.394. 1996. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf Acesso em 31 de outubro de 2019.
SÃO PAULO. Secretaria do Governo Municipal. Coordenadoria Especial da Mulher. Gênero e educação: caderno para professores. Secretaria Municipal de Educação, 2003.
SILVA, C. Formação Profissional, Estágio e Gênero: Aspectos da Questão. Questões de gênero e educação ST. 58. Disponível em: < http://www.fazendogenero7.ufsc.br> Acesso em: 31 de outubro 2019.
UNESCO. Educação para Todos: Gênero e Educação para Todos. O salto para a Igualdade. Relatório global de EPT 2003/2004. São Paulo: Moderna, 2004.
WHITELAW, S. Questões de Gênero e Eqüidade na Formação Docente. In: CARVALHO, M. E. ; PEREIRA, M. Z. C. (Org.). Gênero e Educação: Múltiplas faces. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2003.

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