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Gripe: Conceituação, Origem e Sintomas

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Sumario 
1.Conceituação da doença e origem	2
2. Correlação com o sistema imunológico	5
3- Sintomatologia	6
4- Transmissão	7
5- Taxas de mortalidades	9
6- Medidas profiláticas	11
7- Tratamento	12
1.Conceituação da doença e origem 
A gripe é caracterizada como uma doença infecciosa com alto potencial de contagio causado pelo vírus Influenza A subtipo H1N1, também conhecido como A (H1N1), é um subtipo de Influenzavirus A e a causa mais comum da influenza (gripe) em humanos. A letra H refere-se à proteína hemaglutinina e a letra N à proteína neuraminidase. O vírus causador da gripe atualmente descrita contém genes dos vírus influenza A humano, suíno e aviário, e caracteriza-se por uma combinação de genes que não haviam sido ainda identificados entre os vírus de origem humana ou de suínos. Há 16 subtipos conhecidos de hemaglutininas (HA) virais e 9 subtipos conhecidos de proteínas neuraminidases (NA) encontradas nas superfícies dos vírus influenza A, as quais podem recombinar-se para criar novas variações de vírus da gripe (BANCO DE SAÚDE, 2009).
 Este subtipo deu origem, por mutação, a várias estirpes, incluindo a da gripe espanhola, estirpes moderadas de gripe humana, estirpes endémicas em aves. Variantes de H1N1 de baixa patogenicidade existem em estado selvagem, causando cerca de metade de todas as infecções por gripe em 2006 (CDC 2009). Dois fenômenos de grande importância que podem levar à ocorrência de novas cepas do vírus influenza são a deriva antigênica e a mudança antigênica. Quando os vírus influenza sazonal sofrem mutações pontuais que modificam seus genomas, isso é chamado de mudança antigênica. Os vírus sazonais típicos da gripe exibem mutações pontuais frequentes que levam a mudanças mais graduais em seus genomas. Esse processo é conhecido como desvio antigênico; 
Historicamente, os humanos foram esporadicamente infectados pela gripe suína. Primeiramente, esses pacientes foram expostos diretamente a porcos enquanto trabalhavam na indústria suína ou moravam em fazendas com porcos. O primeiro registro certo e confiável que temos do H1N1 é o isolado de 1918, de corpos preservados no gelo do Alaska e em amostras de tecido em formol. Sabemos agora que ele já circulava em humanos desde pelo menos 1907, e que o vírus suíno detectado em 1931 que se imaginava ter se originado do vírus da gripe espanhola circulava paralelamente a ele, e uma origem comum (Smith,2009).
Embora a chamada gripe espanhola tenha acabado em 1919, o vírus não sumiu. Ele se tornou a linhagem predominante em humanos, e continuou circulando e mudando durante os próximos 38 anos. Mudou o suficiente para escapar do sistema imune dos hospedeiros, mas não o suficiente para causar grandes estragos como antes. Mas algo ocorreu em 1957. Neste ano, o H1N1 que havia mudado entre 3 e 6 anos antes (Smith,2009) explodiu. Ele adquiriu 3 de seus 8 genes de um vírus aviário, Hemaglutinina, Neuraminidase e um dos integrantes da polimerase viral enzima que faz a cópia do seu material genético – o PB1. Com isso, o recém formado H2N2, que ainda carregava grande parte do H1N1 mas escapava do sistema imune das pessoas, infectou milhões no mundo todo, causando a chamada Gripe Asiática.
Em 1968, mais um evento marcante na história do Influenza. O vírus havia recebido dois novos genes, a Hemaglutinina e PB1 novamente, em 1966 (Smith,2009). Agora ele explodia na Gripe de Hong Kong como H3N2. Ainda carregava genes do H1N1 de 1918 e a Neuraminidase , mas sua nova Hemaglutinina garantiu mais uma vez o passe pelo sistema imune e a consequente pandemia. Embora os genes compartilhados devam ter contribuído para alguma imunidade de fundo, suficiente para a pandemia de 1968 ser menos severa do que a de 1957.
Agora, em 1977, um novo incidente. E desta vez, inédito. O H1N1 voltou a circular, causando a pandemia da Gripe Russa. Mas não precisou adquirir nenhum gene novo para isso. A linhagem de 1977 era idêntica ao H1N1 de 1951. Em algum teste de vacinas, provavelmente na União Soviética ou no Leste Asiático, o vírus H1N1 vazou do laboratório. Os 26 anos até então foram suficientes para uma geração toda sem imunidade (Morens,2009).
O H1N1 de 1951 reintroduzido em 1977 e o H3N2 de 1968 circulam até hoje, e talvez coexistam porque temos uma população grande o suficiente para manter a transmissão de ambos. Foi esse H3N2 e duas linhagens suínas de H1N1, uma delas derivada diretamente do vírus suíno de 1918, que deram origem ao novo H1N1, causador da gripe suína.
Após o surto de “gripe suína” em 2009 muitas pessoas foram atingidas e ficaram totalmente ou parcialmente imunes. . Atualmente temos um novo grupo de pessoas, que não foram expostas ao vírus, , ou que já apresentam uma queda de imunidade. . Esse atual grupo corre risco de gerar uma nova epidemia caso não tenha prevenções ou tratamento adequado. 
Fonte: The New England Journal of Medicine [3
2. Correlação com o sistema imunológico
A resposta imunológica pode ser mediante imunidade inata quanto adaptativa, tendo como função bloquear a infecção e eliminar as células infectadas, onde na inata a infecção é prevenida por interferons tipo 1e anticorpos neutralizantes na adaptativa, sendo infectado pelo vírus são destruídas pelas células NK na inata e pelos CTL na resposta adaptativa. Várias vias bioquímicas desencadeiam a produção de interferon onde incluem o reconhecimento de RNA e DNA viral pelos TLRsendossomais e ativação dos receptores citoplasmáticos onde converte para a ativação de proteína quinases e ativa os fatores de transcrição de IRF que estimula a transcrição do gene de interferon tipo 1. As células natural killer destroem as células infectadas pelo vírus, onde e de grande importância no início da infecção antes da resposta adaptativa terem se desenvolvido. Na resposta adaptativa há uma afinidade maior por anticorpos produzidos no centro germinativo dependente de células T sendo eficaz na fase extracelular antes que o vírus infecte a célula hospedeira.
Os anticorpos antivirais ligam-se ao envelope viral ou antígenos do capsídeo funcionando principalmente como anticorpo neutralizante para impedir a fixação e entrada do vírus nas células hospedeiras, os anticorpos evita tanto a infecção inicial quanto a disseminação célula a célula. A medida que o vírus se replica o sistema imune captura vários fragmentos de proteínas virais ou antígenos e produz anticorpo sobre elas, os dois principais antígenos do vírus são a hemaglutinina e neuraminidase, quando os anticorpos liga-se a elas sinaliza para macrófagos e outras células e podem impedir o funcionamento do vírus. Ao replicar seu genoma a polimerase do influenza provoca uma serie de mutações onde muda a composição das proteínas virais, quando são trocados os aminoácidos componentes das proteínas na região onde liga o anticorpo pode perder a afinidade. Ocorre um rearranjo podendo diferenciar e criar novos vírus antigenicamente distintos, pode tornar-se resistente a imunidade anteriormente gerada, como a pandemia de H1N1 de 2009devido a uma cepa na qual as cadeias do genoma do RNA foram rearranjadas entre as cepas endêmicas em suínos aves e seres humanos, por esse motivo mesmo o indivíduo sendo vacinado e sendo anteriormente apresentado não está totalmente imune. 
3- Sintomatologia 
Os sintomas da infecção por Influenza A (H1N1) são similares aos de uma gripe comum e incluem coriza, febre, mal-estar, tosse, dor de garganta, falta de apetite e queda do estado geral. Podem estar presentes também diarreia, náuseas e vômitos. No entanto, a infecção por influenza A (H1N1) parece ligeiramente mais grave do que uma gripe comum (ver dados da revista Science abaixo), e o sistema respiratório parece ser acometido com maior gravidade, podendo provocar pneumonia e eventualmente à morte, o que ocorre principalmente no grupo de risco para complicações de influenza,que são osidosos acima de 60 anos, crianças menores de dois anos, gestantes, pessoas com deficiência imunológica (pacientes com câncer, em tratamento para aids ou em uso regular de corticosteróides),hemoglobinopatias (doenças provocadas por alterações da hemoglobina, como a anemia falciforme), diabetes, obesidade mórbida, doença cardíaca, pulmonar ou renal crônica. Devemos destacar, no entanto, que apesar do Influenza A (H1N1) ter taxa de letalidade semelhante à da influenza sazonal, o vírus tem acometido com maior frequência indivíduos jovens e casos graves em pessoas sem comorbidades tem sido descrito nesta população.As queixas respiratórias, com exceção da tosse, tornam-se mais evidentes com a progressão da doença e mantêm-se, em geral, por três a quatro dias após o desaparecimento da febre. Rouquidão e gânglios cervicais aumentados são mais comuns em crianças. A tosse, a fadiga e o mal-estar frequentemente persistem por um período de uma a duas semanas e raramente podem perdurar por mais de seis semanas.
As complicações mais comuns são: pneumonia bacteriana e por outros vírus, sinusite, otite, desidratação, piora de doenças crônicas como insuficiência cardíaca, asma ou diabetes. Pneumonia primária por influenza é uma outra complicação que pode ocorrer predominantemente em pessoas com doenças cardiovasculares (especialmente doença reumática) ou em mulheres grávidas.
4- Transmissão 
A forma de contágio ocorre pela dispersão de gotículas contaminadas por portadores do vírus no ar, que ao entrarem em contato com superfícies de mucosas, como mucosa nasal, oral e ocular, podem provocar a infecção. Relatam-se possíveis casos, onde houve contaminação por materiais gastrointestinais infectados com o vírus, observando que alguns indivíduos doentes apresentaram diarréia e vômitos. Faz-se importante ressaltar que a ingestão de alimentos de origem suína não possui potencial de transmissão da doença (MACHADO,2009).
5- Taxas de mortalidades
O vírus da Gripe H1N1, o Influenza A, continua a ser o subtipo mais presente no Brasil, e ainda causa mortes. Em 2019, foram 2,5 mil casos e 572 óbitos por esta causa. Ao todo, até início de agosto de 2019, foram registrados 29 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 3 mil óbitos em decorrência da síndrome. A região Sudeste foi a que mais registrou casos de SRAG por influenza totalizando 1,9 mil, de acordo com os dados do Ministério da Saúde.
No Brasil, em 2009, foram notificados 88.464 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), dos quais 50.482 foram confirmados como influenza A(H1N1)pdm09, com 2.060 óbitos.
6- Medidas profiláticas 
O Ministério da Saúde propõe medidas de prevenção da doença por meio do uso de máscaras cirúrgicas descartáveis quando em permanência de áreas de risco, cobrir o nariz e a boca com um lenço, preferencialmente descartável, ao tossir ou espirrar. O Ministério da Saúde sugere também evitar locais de aglomeração de pessoas, o contato direto com pessoas doentes, o compartilhamento de alimentos, copos, toalhas e objetos de uso pessoal, além de lavar as mãos frequentemente com água e sabão, especialmente depois de tossir ou espirrar (Ministério da Saúde, 2009).
A melhor forma de prevenir é recebendo a vacina contra a gripe H1N1. Porém, cuidados de higiene também são importantes, como:
• Lave bem as mãos com água e sabão e utiliza álcool gel com frequência
• Evite colocar as mãos nos olhos, boca e nariz após contato com superfícies
• Não compartilhe objetos de uso pessoal
• Cubra a boca e o nariz com lenço descartável ao tossir ou espirrar
• Evite locais fechados e com muitas pessoas presentes
• Evite beber água em bebedouros públicos. Utilize copo ou garrafa plástica de uso pessoal
 7- Tratamento
O fosfato de oseltamivir (Tamiflu®) é o medicamento mais indicado para o tratamento da gripe A (H1N1), sendo que o zanamivir também apresenta ação antiviral contra esse vírus, já que testes funcionais e dados de sequenciamento genético de neuraminidase indicam a susceptibilidade do vírus a estes dois medicamentos, e a resistência a adamantanes, como a rimantadina e a amantadina (Ministério da Saúde, 2009).
Faz-se necessária uma anamnese médica para diagnosticar os reais sintomas da gripe de origem suína, já que esta pode ser confundida com um simples resfriado comum. Diagnosticada como provável infecção viral pela Influenza A (H1N1), o tratamento deve ser iniciado no máximo em 48 horas, contados a partir do aparecimento da sintomatologia, antes mesmo da confirmação do exame laboratorial (BANCO DE SAÚDE,2009).
O mecanismo de ação do oseltamivir é a inibição da replicação viral por meio do impedimento da saída do vírus de uma célula para outra. Esse impedimento ocorre devido à ação do medicamento em inibir as neuraminidases, que por sua vez participam fundamentalmente da liberação dos vírions. Em estudos realizados na gripe sazonal demonstram que 36 horas após a utilização do antiviral os títulos virais diminuem consideravelmente, amenizando assim a sintomatologia e a possibilidade de contágio. 
 O uso de ácido acetilsalicílico deve ser restringido em suspeita ou confirmação de infecção pelo vírus influenza A (H1N1), já que este apresenta o risco de desenvolvimento da síndrome de Reye. Outro aspecto importante é o uso do oseltamivir para gestantes, que apesar de não ter estudos clínicos comprovando sua segurança, deve ser indicado pelo risco que a patologia causa a essas mulheres (Ministério da Saúde, 2009).
As vacinas são trivalentes, ou seja, imunizam contra três tipos de vírus diferentes. A composição da vacina é recomendada anualmente pela OMS, com base nas informações recebidas de todo o mundo sobre a prevalência das cepas circulantes. Dessa forma, a cada ano a vacina da gripe muda, para proteger contra os tipos mais comuns de vírus da gripe naquela época.
A trivalente, disponível no SUS, protege contra o H1N1, O H3N2 e o B Victoria, os mais comuns no Hemisfério Sul. Já a quadrivalente, ofertada em clínicas particulares, protege contra mais um subtipo do B, o Yamagata, e custa em torno de R$ 100. Em ambos os casos, a dose é única e anual.
Referencias 
CDC. H1N1 Pandemic (H1N1pdm09 virus). 2009. Disponível em: https://www.cdc.gov/flu/pandemic-resources/2009-h1n1-pandemic.html. Acesso em: 20 mar. 2020.
Centros de Controle e Prevenção de Doenças. Disponível em: http://www.pandemicflu.gov/general/historicaloverview.html [citado em 2020 MAR 25].  
1.BANCO DE SAÚDE [site]. Disponível em: . Acesso em: 22 set. 2009.
CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO PARANÁ [site]. Disponível em: . Acesso em: 22 set. 2009. http://www.crmpr.org.br/influenza/gripe-pandemica.html
 Smith, G., Bahl, J., Vijaykrishna, D., Zhang, J., Poon, L., Chen, H., Webster, R., Peiris, J., & Guan, Y. (2009). From the Cover: Dating the emergence of pandemic influenza viruses Proceedings of the National Academy of Sciences, 106 (28), 11709-11712 DOI: 10.1073/pnas.0904991106
Morens, D., Taubenberger, J., & Fauci, A. (2009). The Persistent Legacy of the 1918 Influenza Virus New England Journal of Medicine, 361 (3), 225-229 DOI: 10.1056/NEJMp0904819
Livro:Abul K. Abbas Andrew H. LichtmanShivPillai (imunidade viral);
Site: BVS ( Biblioteca virtual)
Machado, A. A. (2009). Infecção pelo vírus Influenza A (H1N1) de origem suína: como reconhecer, diagnosticar e prevenir. Jornal Brasileiro de Pneumologia, Ribeirão Preto – SP, v. 35, n. 5, pp 464–469, 2009.
MACHADO, Alcyone Artioli. Infecção pelo vírus Influenza A (H1N1) de origem suína: como reconhecer, diagnosticar e prevenir. J. bras. pneumol., São Paulo, v. 35, n. 5, maio 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde [site]. Disponível em: . Acesso em: 22 MAR. 2020.
https://www.einstein.br/doencas-sintomas/gripe-h1n1
https://www.minhavida.com.br/saude/tudo-sobre/16663-vacina-da-gripe-influenza

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