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Reflexão sobre o filme insubstituível - Ítalo Neves

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FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
MEDB10 – MEDICINA SOCIAL E CLÍNICA I
DOCENTE – AMANDA MENEGOLA BLAUTH
DISCENTE – ÍTALO GABRIEL COSTA DAS NEVES
REFLEXÃO SOBRE O FILME INSUBSTITUÍVEL – 2019.2
SALVADOR
2019
COMO A “MEDICINA DE CAMPANHA” (RURAL) SE APROXIMA E SE DISTANCIA DO MODELO BIOMÉDICO CLÁSSICO NO FILME, NO QUE SE REFERE ÀS CONCEPÇÕES E PRÁTICAS?
 “Vivemos todos sob o mesmo céu, mas nem todos temos os mesmos horizontes”, disse Konrad Adenauer, político alemão. Essa máxima retrata perfeitamente a conjuntura moderna vivenciada em uma realidade onde o acesso a qualidade de vida nem sempre é igualitária. Nesse sentido, o filme traz consigo uma ampla visão de inclusão social a partir da difusão de uma saúde equânime que é, sobretudo, extremamente importante para as áreas de pouca atenção governamental. A medicina atuante no meio rural francês, como descrito no drama, é bem característica do modelo preconizado pelo SUS brasileiro em que a universalidade, a equidade e a integralidade são vistas a todo tempo na atuação do médico Jean-Pierre e, gradualmente, da médica Nathalie Delezia. 
 Nesse sentido, a mensagem central que o filme tenta nos mostrar a todo tempo é a concepção de humanidade, doar-se ao outro, a partir do seu ofício, mesmo na saúde e na doença. O médico Pierre, mesmo impossibilitado, jamais desistiu ou voltou atrás do que acreditou, afastando de ti a ideia do médico técnico, e essa é, portanto, a maior marca que o filme traz consigo: o ato de carregar em si um amor tão grande pelo que faz e pelo outro, que transborda. A cena que deixa evidente tal postura e que, sem dúvidas, marcou todos os que assistiram, foi o momento em que ele retira o paciente do hospital e o traz de volta para o seu lar, assim como o havia prometido. Foi incrível como o médico renunciou seus princípios éticos em nome da empatia e do respeito a vontade do paciente que, naquele momento, lhe pareceu muito mais importante. São atitudes como essas, ousadas e necessárias, que evidenciam a humanização do médico e da medicina. 
 Todos os ensinamentos que refletem no bom agir do médico que são passados por Pierre para a médica Nathalie, como, por exemplo, o cuidado centrado na pessoa e não apenas na doença, são uma das qualidades que enriquecem o estudo da medicina social e que, concomitantemente, reflete no processo de formação de qualquer médico que deseje ser visto e admirado como um profissional ético. Além disso, a forma que o filme retrata o vínculo com a família e a continuidade do tratamento, fatores extremamente preconizados na atenção básica, são, também, marcas que enriquecerão a minha visão holística sobre a medicina que transcende o hospital. 
 Sob essa conjectura, é impossível assistir o filme sem se encantar com a beleza da prática médica rural de Jean-Pierre, uma medicina que tem como pilares a pessoa, a família e a comunidade. Assim, ele acompanha os pacientes ao longo da vida, independentemente do gênero, idade ou possível doença, integrando ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde. É habilitado, com isso, a resolver uma série de problemas com ações preventivas e resolutivas de baixo custo. O que difere, no entanto, do Modelo Biomédico, praticado no início da trama pela médica Nathalie, que é caracterizado pela explicação unicausal da doença, pelo biologicismo, fragmentação, mecanicismo, nosocentrismo, recuperação e reabilitação e tecnicismo (CUTOLO et al, 2006). Esse é um modelo ultrapassado e ainda em desconstrução, já que apresenta uma série de limitações como, por exemplo, a precária avaliação das dimensões psicológicas, sociais, culturais ou transcendentais, ou seja, a não contemplação da integralidade que fazem parte do processo saúde/doença do ser humano (AMADIGI et al, 2009).
 Assim, deve-se levar em consideração que caminhar em direção ao modelo biomédico é retroceder e não admitir que a doença e a percepção de saúde muitas vezes é subjetiva e depende de valores que vão além da fisiologia, da anatomia ou da fisiopatologia. No filme, o médico nos mostra a todo momento que é um coordenador do cuidado e que através de um trabalho em equipe e em rede, luta em prol da saúde dos seus pacientes e da comunidade com a prática da medicina social e humana baseado, portanto, numa visão antropológica em que o processo de viver nos diferentes contextos da vida humana resulta em diferentes percepções sobre a vida, a sociedade e os cuidados de saúde (AMADIGI et al, 2009).
REFERÊNCIAS
AMADIGI, Felipa Rafaela et al. A antropologia como ferramenta para compreender as práticas de saúde nos diferentes contextos da vida humana. Revista Mineira de Enfermagem. Belo Horizonte, v. 13, n. 1, p. 139 – 146, mar. 2009. Disponível em: <http://reme.org.br/artigo/detalhes/173>. Acesso em: 06 nov. 2019.
CUTOLO, Luiz Roberto Agea. Modelo Biomédico, reforma sanitária e a educação pediátrica. Arquivos catarinenses de Medicina, Florianópolis, v. 35, n. 4, p.16, 2006. Disponível em: < http://www.acm.org.br/revista/pdf/artigos/392.pdf >. Acesso em: 06 nov. 2019.

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