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FISIOTERAPIA NA PRÁTICA ESPORTIVA

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Técnicas de Condicionamento
1
 ■ Objetivos
Ao terminar este capítulo, você deverá ser capaz de
 • Examinar os papéis do fisioterapeuta esportivo e do 
preparador físico na garantia da boa forma física do 
atleta.
 • Identificar os princípios do condicionamento.
 • Defender a importância dos períodos de 
aquecimento e de resfriamento.
 • Avaliar a importância da força, da flexibilidade e da 
resistência cardiorrespiratória tanto para o desempenho 
atlético quanto para a prevenção de lesões.
 • Analisar técnicas e princípios específicos para 
melhorar a resistência cardiorrespiratória, a força 
muscular e a flexibilidade.
 • Discutir os testes de aptidão física e identificar testes 
específicos para avaliar os vários parâmetros desta.
 • Aplicar o conceito de periodização e identificar os 
vários períodos do treinamento em cada fase.
 ■ Sumário
A relação entre os fisioterapeutas esportivos e 
os preparadores físicos 23
Princípios do condicionamento 23
Aquecimento e resfriamento 24
Resistência cardiorrespiratória 25
A importância da potência, resistência e força 
muscular 33
Para melhorar e manter a flexibilidade 46
Avaliação da aptidão física 55
A periodização do condicionamento 55
Resumo 57
 ■ Palavras-chave
princípio AEDI
resistência 
cardiorrespiratória
efeito do treinamento
treinamento intervalado
força muscular
potência
resistência muscular
hipertrofia
atrofia
centro (CORE)
exercício isométrico
contração concêntrica 
(positiva)
contração excêntrica 
(negativa)
exercício isotônico
acomodação da 
resistência
exercício isocinético
treinamento em circuito
exercício pliométrico
agonista
antagonista
inibição autogênica
alongamento balístico
alongamento dinâmico
alongamento estático
facilitação 
neuromuscular 
proprioceptiva (FNP)
Prentice_Parte_I.indd 22Prentice_Parte_I.indd 22 10/10/11 19:1010/10/11 19:10
Fisioterapia na Prática Esportiva 23
O exercício é fator essencial no condicionamento fí-sico, na prevenção de lesões e na reabilitação pós--lesão. O fisioterapeuta esportivo que trabalha 
com a população de atletas estudantes (do ensino médio, 
de faculdades e universidades) ou com atletas profissio-
nais sabe muito bem que, para ter sucesso em competi-
ções de alto nível, esses atletas precisam estar em boa for-
ma. O atleta que não está em boa forma física fica mais 
suscetível a lesões. O 
fisioterapeuta espor-
tivo deve reconhe-
cer que o condicio-
namento impróprio 
é um dos fatores que 
mais contribuem para lesões esportivas. É essencial que o 
atleta faça exercícios de condicionamento que possam mini-
mizar a possibilidade de lesão ao mesmo tempo em que 
maximizam o desempenho.49
Os princípios básicos dos exercícios de condiciona-
mento também se aplicam às técnicas dos exercícios 
terapêuticos, de reabilitação ou de recondicionamento, 
especificamente voltadas para a recuperação da função 
corporal normal após lesões. Os fisioterapeutas esporti-
vos que atendem pacientes em clínicas ou hospitais têm 
mais chances de aplicar esses princípios no recondicio-
namento ou na reabilitação do indivíduo lesionado. O 
termo exercício terapêutico talvez seja o mais amplamente 
usado para indicar exercícios empregados em programas 
de reabilitação.
De qualquer modo, seja qual for o foco principal – 
deixar o atleta em boa forma ou recondicionar o atleta 
lesionado –, o fisioterapeuta esportivo precisa conhecer 
bem os princípios básicos da melhoria da resistência car-
diorrespiratória, da força e da resistência muscular e da 
flexibilidade.
A RELAÇÃO ENTRE OS 
FISIOTERAPEUTAS ESPORTIVOS E OS 
PREPARADORES FÍSICOS
A responsabilidade de garantir a boa forma do atleta para 
a competição depende da equipe destinada a cuidar des-
se aspecto do programa esportivo. No nível profissional e 
na maioria das faculdades e universidades, é contratado 
um preparador físico em período integral para orientar 
as sessões de treinamento individuais e em grupo. Nos 
Estados Unidos, embora não sejam todos, muitos prepa-
radores físicos possuem o certificado da National Strength 
and Conditioning Association. Quando há um preparador 
físico envolvido, é essencial que tanto os fisioterapeutas 
esportivos quanto os técnicos da equipe mantenham com 
esse profissional um canal de comunicação aberto e tra-
balhem em conjunto para garantir aos atletas a obtenção 
de um ótimo nível de condicionamento.
O papel específico do fisioterapeuta esportivo é re-
visar criticamente o programa de treinamento e condi-
Estar fora de forma é uma das 
principais causas de lesão no 
esporte.
cionamento elaborado pelo preparador físico e tomar co-
nhecimento do que se espera dos atletas a cada dia. O 
fisioterapeuta esportivo deve se sentir à vontade para dar 
sugestões e fazer recomendações em benefício da saúde e 
do bem-estar dos atletas. Se houver sinais de que deter-
minado exercício ou alguma sessão de treinamento possa 
estar causando excessivo número de lesões, o fisiotera-
peuta esportivo deverá informar o problema ao prepa-
rador físico, para que seja feita a substituição por algum 
exercício alternativo.
Quando o atleta sofre uma lesão e é submetido a um 
programa de reabilitação, deve ser responsabilidade do 
fisioterapeuta esportivo comunicar ao preparador físico 
sobre possíveis limitações e/ou modificações no programa 
de condicionamento. O fisioterapeuta esportivo tem de 
respeitar o papel do preparador físico, que consiste em 
colocar o atleta em forma. Entretanto, a reabilitação do 
paciente lesionado fica sob a responsabilidade do fisiote-
rapeuta.
Nos Estados Unidos, na maioria dos estabelecimentos 
de ensino médio, não há um preparador físico disponível; 
a responsabilidade pela boa forma do atleta cabe ao fisio-
terapeuta esportivo e aos técnicos dos times. Nesse caso, 
com bastante frequência, o fisioterapeuta esportivo assu-
me o papel de preparador físico, além de manter as suas 
responsabilidades de fisioterapeuta. Frequentemente, o 
fisioterapeuta esportivo considera necessário não apenas 
elaborar programas de treinamento e condicionamento, 
mas também supervisionar a sala de musculação e en-
sinar a atletas jovens e inexperientes o que eles devem 
fazer para garantir a boa forma nas competições. O fisio-
terapeuta esportivo tem de exigir dos técnicos dos times 
cooperação na supervisão do programa de treinamento e 
condicionamento.
PRINCÍPIOS DO CONDICIONAMENTO
Os seguintes princípios devem ser respeitados em todos 
os programas de condicionamento, a fim de minimizar a 
probabilidade de lesões:
 1. Segurança. Garantir a segurança no ambiente de con-
dicionamento. Dedicar o tempo necessário à tarefa de 
ensinar a cada atleta as técnicas corretas, como ele 
deve se sentir durante a sessão de treino e quando ele 
deve forçar o treino ou moderá-lo.38
 2. Aquecimento/resfriamento. Dedicar o tempo necessário 
ao aquecimento antes de iniciar qualquer atividade. 
Não negligenciar o período de resfriamento após a 
sessão de treinamento.
 3. Motivação. Geralmente os atletas são pessoas altamen-
te motivadas a trabalhar duro pois querem ter êxi-
to no esporte praticado. Variar o programa de trei-
namento e incorporar técnicas de periodização pode 
manter o programa agradável, evitando a rotina e o 
tédio (veja a seção sobre periodização no final deste 
capítulo).
Prentice_Parte_I.indd 23Prentice_Parte_I.indd 23 10/10/11 19:1010/10/11 19:10
24 William E. Prentice
sioterapeutas esportivos concorda, empiricamente, que o 
período de aquecimento consiste em precaução contra le-
sões musculoesqueléticas e possíveis dores musculares.30 
O bom aquecimento também pode melhorar certos as-
pectos do desempenho.3, 87
A função do aquecimento é preparar o corpo fisiolo-
gicamente para o trabalho físico que está por vir. O pro-
pósito é estimular gradualmente o sistema cardiorrespira-
tório até um nível moderado, a fim de aumentar o fluxo 
sanguíneo para os músculos esqueléticos em atividade e 
elevar a temperatura muscular.94
A atividade moderadaacelera os processos metabó-
licos que produzem aumento da temperatura corporal 
central. O aumento da temperatura dos músculos es-
queléticos altera as suas propriedades mecânicas. A sua 
elasticidade (limite de extensão que o músculo pode atin-
gir) também aumenta, e a viscosidade (medida em que o 
músculo pode mudar de forma) diminui.
Uma boa rotina de aquecimento começa com 2 ou 
3 minutos de caminhada lenta, trote ou bicicleta, a fim 
de aumentar o metabolismo e aquecer os músculos. O 
surgimento de um pouco de suor é um bom indicador de 
que a temperatura muscular aumentou. Embora pesqui-
sas tenham indicado que o aumento da temperatura cen-
tral é efetivo na redução de lesões, há pouco ou nenhum 
dado científico que evidencie que o alongamento duran-
te o aquecimento reduza lesões. Empiricamente, muitos 
profissionais acham que o alongamento deve fazer parte 
do aquecimento e continuam a recomendar a inclusão 
de exercícios de flexibilidade. Também não há indícios de 
que o alongamento cause algum dano.
Aquecimento dinâmico Durante muitos anos, a téc-
nica aceita consistia em fazer um trote leve, seguido de 
algum alongamento 
estático. Uma abor-
dagem mais contem-
porânea usa o aque-
cimento ativo ou 
“dinâmico” a fim de 
preparar o atleta 
para a atividade física. O aquecimento dinâmico envolve 
movimentação contínua, usando atividades de pular e sal-
tar, com diferentes repetições e padrões de movimentação 
dos pés. Isso desenvolve a coordenação e a habilidade mo-
tora, à medida que acelera o sistema nervoso. Também 
prepara os músculos e as articulações de modo mais espe-
cífico para a atividade do que o alongamento estático. O 
aquecimento dinâmico força os indivíduos a manterem o 
foco e a concentração. Deve incluir exercícios destinados 
aos principais grupos musculares. O aquecimento dinâmi-
co inteiro pode ser feito em bem pouco tempo, aproxima-
damente 5 minutos, ou em até 20 minutos, dependendo 
dos objetivos, da idade e do nível de aptidão física do gru-
po. O Foco 1.1: “Rotina do aquecimento dinâmico” lista 
uma série de atividades que podem ser incluídas nesse 
tipo de aquecimento. A atividade básica deve ter início 
logo depois da rotina de aquecimento.
O aquecimento envolve aquecer 
o corpo em geral e aquecer áreas 
específicas de acordo com as 
demandas do esporte.
 4. Sobrecarga. Para melhorar qualquer componente fisio-
lógico, o indivíduo tem de trabalhar mais do que está 
acostumado a fazer. Logan e Wallis identificaram o 
princípio AEDI, diretamente rela-
cionado ao princípio da sobrecar-
ga.61 AEDI é o acrônimo de Adap-
tação Específica a Demandas 
Impostas. O princípio AEDI deter-
mina que, quando submetido a estresses e sobrecargas 
de variadas intensidades, o corpo adapta-se gradual-
mente, ao longo do tempo, a fim de superar quaisquer 
demandas que lhe sejam impostas. Embora a sobre-
carga seja um fator crítico no condicionamento, o es-
tresse não pode ser tão grande a ponto de produzir 
dano ou lesão antes que o corpo tenha a chance de se 
ajustar especificamente ao aumento das demandas.
 5. Consistência. Para que o programa de condicionamen-
to seja efetivo, o indivíduo precisa realizá-lo com re-
gularidade.
 6. Progressão. Aumentar a intensidade do programa de 
condicionamento gradualmente e de acordo com a 
capacidade do indivíduo para que ele se adapte a es-
forços crescentes.
 7. Intensidade. Aumentar mais a intensidade do que a 
quantidade do trabalho. Os preparadores e os fisio-
terapeutas esportivos costumam confundir trabalhar 
duro com trabalhar por longos períodos de tempo. 
Por isso, cometem o erro de prolongar a sessão de 
treino em vez de aumentar o ritmo ou a carga. O atle-
ta cansado fica propenso a lesões.
 8. Especificidade. Identificar os objetivos específicos do 
programa de condicionamento. O programa deve ser 
elaborado a fim de atender os componentes específi-
cos da aptidão física (ou seja, força, flexibilidade, re-
sistência cardiorrespiratória) relacionados à atividade 
da qual o indivíduo participa.
 9. Individualidade. As necessidades de indivíduos dife-
rentes variam consideravelmente. O preparador bem
-sucedido é aquele que reconhece essas diferenças 
individuais e ajusta ou altera o programa de condi-
cionamento para melhor atender ao indivíduo.
 10. Estresse mínimo. Esperar que os atletas treinem o mais 
perto possível de seus limites fisiológicos. Force o atle-
ta a ir o mais longe possível, mas considere outros as-
pectos estressantes de suas vidas e permita-lhes certo 
tempo de descanso, livres das demandas do esporte 
praticado.
AQUECIMENTO E RESFRIAMENTO
Aquecimento
Em geral, considera-se que deve haver um período de 
exercícios de aquecimento antes da sessão de treino, em-
bora a revisão da literatura baseada em dados científicos 
revele poucos resultados de pesquisas para sustentar a 
eficácia do aquecimento. Apesar disso, a maioria dos fi-
Princípio AEDI 
Adaptação Específica a 
Demandas Impostas
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Fisioterapia na Prática Esportiva 25
experiência e a observação indicam que quem se alon-
ga durante o período de resfriamento tende a ter menos 
problemas de dores musculares após atividades de muito 
esforço.68
RESISTÊNCIA CARDIORRESPIRATÓRIA
Resistência cardiorrespiratória Capacidade de man-
ter o corpo inteiro e os músculos grandes em atividade 
durante períodos de tempo pro-
longados. O sistema cardiorrespi-
ratório oferece um meio de for-
necimento de oxigênio aos vários 
tecidos do corpo.60 Para todos os 
que se engajam em exercícios fí-
sicos, a resistência cardiorrespira-
tória é crítica tanto para o desem-
penho quanto para a prevenção 
de fadiga indevida, que pode pre-
dispor a lesões.
Resistência
cardiorrespiratória 
Capacidade de manter 
o corpo inteiro e os 
músculos grandes 
em atividade durante 
períodos de tempo 
prolongados
O indivíduo não deve 
esperar mais de 15 minu-
tos após o aquecimento 
para iniciar a atividade es-
portiva principal, embora 
os efeitos possam durar 
cerca de 45 minutos.74
Resfriamento
Logo após a sessão de 
exercícios ou de treina-
mento, um período de 
resfriamento pode ser be-
néfico. O período de res-
friamento permite que o 
corpo esfrie e retorne ao 
estado de repouso e pode 
durar de 5 a 10 minutos.
Embora o aquecimento seja comum, a importância 
do resfriamento costuma ser ignorada. Mais uma vez, a 
Rotina do aquecimento dinâmico
Dois conjuntos de cones são posicionados, mantendo-se 10 a 
20 jardas (9-18 metros) de distância entre eles. O indivíduo 
faz os seguintes exercícios dinâmicos entre os cones, depois 
corre de volta até o ponto de partida.
 1. Corre de frente
 2. Corre de costas
 3. Caminha, alongando a panturrilha
 4. Caminha, alongando os isquiotibiais
 5. Ergue o joelho até tocar o peito com a ajuda da mão
 6. Ergue o joelho até tocar o peito oposto com a ajuda da mão
 7. Caminha, alongando o adutor com a ajuda da mão (foto)
 8. Movimenta-se para as laterais, alternando direita e es-
querda
 9. Caminha, avançando para as laterais, alternando direita 
e esquerda
 10. Pula com os joelhos baixos
 11. Caminha, avançando com os braços estendidos sobre a 
cabeça
 12. Caminha, avançando com rotações do tronco para os 
dois lados
 13. Caminha, alongando o quadríceps
 14. Corre, tocando as nádegas com os pés
 15. Faz o exercício de “girar quadril para fora”
 16. Faz o exercício de “girar quadril para dentro”
 17. Faz o “carioca” para a direita e depois para a esquerda
 18. Pula, erguendo ao máximo o joelho
 19. Empina
 20. Corre com os joelhos altos
 21. Pedala para trás, tocando as nádegas com os pés
 22. Faz um treino de velocidade para a frente
FOCO 1.1 FOCO NO TRATAMENTO, NA REABILITAÇÃO E NO 
RECONDICIONAMENTO
Uma maratonista chega à 
clínica de medicina esporti-
va com queixas de peso nos 
membros inferiores durante 
as sessões de treino. Afirma 
que sente dificuldade ao fa-
zer o aquecimento e só con-
segue “ficar solta” quase no 
final da sessãoe acha que 
está sempre à beira de dis-
tender um músculo.
 O que o fisioterapeuta 
esportivo deve recomendar 
como rotina específica de 
aquecimento, que deverá ser 
feita de forma consistente 
pela atleta antes de começar 
a sessão de treino?
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26 William E. Prentice
Três fatores determinam a taxa máxima de uso do 
oxigênio: a respiração externa, envolvendo o processo 
ventilatório ou a função pulmonar; o transporte de gás, 
que é realizado pelo sistema cardiovascular (ou seja, o 
coração, os vasos sanguíneos e o sangue); e a respiração 
interna, que envolve o uso do oxigênio pelas células para 
produzir energia. Desses três fatores, o mais limitador 
geralmente é a capacidade de transportar oxigênio pelo 
sistema; portanto, o sistema cardiovascular limita a taxa 
geral de consumo de oxigênio. Quando o indivíduo al-
cança uma faixa elevada de capacidade aeróbia máxima, 
dentro do seu limite hereditário, isso indica que todos os 
três sistemas estão trabalhando bem.
Efeitos sobre o coração
O coração é o principal mecanismo de bombeamento, fa-
zendo o sangue oxigenado circular por todo o corpo até 
os tecidos ativos. Quando o corpo começa a se exercitar, 
os músculos passam a usar o oxigênio a uma taxa muito 
mais alta, e o coração tem de bombear mais sangue oxi-
genado para atender ao aumento da demanda. O coração 
é capaz de se adaptar a uma maior demanda por vários 
mecanismos. A frequência cardíaca apresenta uma adap-
tação gradual ao aumento da carga de trabalho, aumen-
tando de modo proporcional à intensidade do exercício, e 
depois atinge um platô, em determinado nível, após cerca 
de 2 a 3 minutos (Fig. 1.2).
O monitoramento da frequência cardíaca é um mé-
todo indireto de estimar o consumo de oxigênio. Em ge-
ral, a frequência cardíaca e o consumo de oxigênio man-
têm uma relação linear, embora diante de intensidades 
muito baixas ou altas essa relação linear seja quebrada 
(Fig. 1.3).14 Durante atividades de intensidade mais alta, 
a frequência cardíaca máxima pode ser alcançada antes 
do consumo máximo de oxigênio, que continua a su-
bir.54 Quanto maior a intensidade do exercício, mais alta 
a frequência cardíaca. Por causa dessas relações, torna-se 
evidente que a taxa de consumo de oxigênio pode ser es-
timada a partir da frequência cardíaca.20
Transporte e utilização de oxigênio
Basicamente, o transporte de oxigênio pelo corpo en-
volve o funcionamento coordenado de quatro compo-
nentes: o coração, os pulmões, os vasos sanguíneos e 
o sangue. A melhoria da resistência cardiorrespiratória 
pelo treinamento ocorre em função do aumento da ca-
pacidade de cada um desses quatro elementos de forne-
cer o oxigênio necessário aos tecidos ativos. A taxa má-
xima de absorção e uso do oxigênio durante o exercício 
é chamada de capacidade aeróbia máxima ( ∙VO2max.).
58 
A realização de qualquer atividade exige determina-
da taxa de consumo de oxigênio que geralmente é a 
mesma para todas as pessoas, dependendo do nível de 
aptidão física. Quanto mais elevada é a taxa ou a inten-
sidade de realização da atividade, maior é o consumo de 
oxigênio. Cada pessoa tem a sua taxa máxima de con-
sumo de oxigênio. A capacidade de realizar a atividade 
(ou de entrar em fadiga) está diretamente relacionada 
à quantidade de oxigênio necessária a essa atividade e 
fica limitada à taxa máxima de consumo de oxigênio da 
pessoa. Quanto maior a porcentagem do consumo má-
ximo de oxigênio exigida durante uma atividade, me-
nor o tempo durante o qual a atividade pode ser man-
tida (Fig. 1.1).67
A taxa máxima de uso de oxigênio é uma característi-
ca determinada geneticamente; a pessoa herda certa faixa 
de capacidade aeróbia máxima e, quanto mais ativa essa 
pessoa for, mais tempo a sua capacidade aeróbia máxima 
será mantida nesse nível.33 O programa de condiciona-
mento permite que o indivíduo aumente a sua capaci-
dade aeróbia máxima até o limite mais elevado dentro 
da sua faixa. Com mais frequência, a capacidade aeróbia 
máxima é apresentada como o volume de oxigênio usado 
em relação ao peso corporal por unidade de tempo (mL/
kg/min). A capacidade aeróbia máxima normal para a 
maioria dos atletas em idade universitária fica na faixa de 
45 a 60 mL/kg/min.84 Um homem maratonista de nível 
internacional pode ter uma capacidade aeróbia máxima 
de 70 a 80 mL/kg/min.
Porcentagem da capacidade
aeróbia máxima
Te
m
p
o
FIGURA 1.1 Quanto maior a porcentagem da capacida-
de aeróbia máxima exigida durante uma atividade, menor 
deve ser o tempo da atividade.
Fr
eq
uê
nc
ia
 c
ar
d
ía
ca
 s
ub
m
áx
im
a
2-3 minutos
Tempo
FIGURA 1.2 São necessários 2 ou 3 minutos para que a 
frequência cardíaca chegue ao platô de uma determinada 
carga de trabalho.
Prentice_Parte_I.indd 26Prentice_Parte_I.indd 26 10/10/11 19:1010/10/11 19:10
Fisioterapia na Prática Esportiva 27
aumenta até aproximadamente quatro vezes o seu valor 
de repouso em um indivíduo normal e pode aumentar até 
seis vezes em atletas de resistência dos grupos de elite.
Ocorre um efeito do treinamento sobre o débito car-
díaco do coração – o volume de ejeção aumenta enquanto a 
frequência cardíaca do exercício se 
reduz em um exercício com deter-
minada carga padrão. O coração 
torna-se mais eficiente porque é 
capaz de bombear mais sangue a 
cada batimento. Por ser um mús-
culo, o coração se hipertrofia até 
certo ponto, mas essa hipertrofia 
não é de modo algum um feito negativo do treinamento.
Efeitos sobre a capacidade de trabalho
A resistência cardiorrespiratória desempenha papel críti-
co na capacidade de o indivíduo resistir à fadiga. A fadiga 
está intimamente relacionada à porcentagem da capaci-
dade aeróbia máxima que determinada carga demanda.74 
Vejamos um exemplo. A Figura 1.6 apresenta dois indi-
víduos, A e B. O indivíduo A tem capacidade aeróbia má-
xima de 50 mL/kg/min, ao passo que o B tem apenas 40 
mL/kg/min. Se A e B fizerem exercícios com a mesma in-
tensidade, A vai trabalhar em um nível mais baixo de ca-
pacidade aeróbia máxima do que B. Consequentemente, 
A será capaz de sustentar a sua atividade por um período 
de tempo mais longo. O desempenho pode ficar prejudi-
cado se a capacidade de usar o oxigênio de modo eficiente 
estiver prejudicada. Portanto, melhorar a resistência car-
diorrespiratória é, obrigatoriamente, um componente es-
sencial em qualquer programa de condicionamento.
Os sistemas de energia
Várias atividades esportivas envolvem demandas específi-
cas de energia. O sprinting e o salto, por exemplo, são ati-
vidades de alta energia, exigindo uma produção relativa-
Efeito do treinamento 
O volume de ejeção 
aumenta enquanto a 
frequência cardíaca se 
reduz em um exercício 
com determinada carga
Um segundo mecanismo pelo qual o coração é capaz 
de se adaptar a aumentos de demanda durante o exercí-
cio consiste no aumento do volume de ejeção – volume de 
sangue bombeado a cada batimento cardíaco.17 O coração 
bombeia aproximadamente 70 mL de sangue por bati-
mento. O volume de ejeção pode continuar a aumentar 
apenas até o ponto em que não há mais tempo disponível 
entre os batimentos. Esse ponto corresponde a cerca de 
40% da frequência máxima; acima desse nível, aumentos 
no volume de sangue bombeado por unidade de tempo 
devem acontecer exclusivamente por meio de aumentos 
na frequência cardíaca (Fig. 1.4).66
Juntos, o volume de ejeção e a frequência cardíaca 
determinam o volume de sangue a ser bombeado pelo co-
ração em certa unidade de tempo. A isso denominamos 
débito cardíaco, que indica quanto sangue o coração é capaz 
de bombear em exatamente 1 minuto.60 Cerca de 5 L de 
sangue são bombeados pelo coração durante cada minu-
to de descanso. Portanto, o débito cardíaco é o principal 
determinante da taxa máxima possível de consumo de 
oxigênio (Fig. 1.5). Durante o exercício, o débito cardíaco 
P
or
ce
nt
ag
em
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a 
cap
ac
id
ad
e
ae
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b
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a
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
10 20 30 40 50
Frequência cardíaca
60 70 80 90 100
FIGURA 1.3 A frequência cardíaca máxima é alcançada 
geralmente ao mesmo tempo em que a capacidade aeró-
bia máxima.
Vo
lu
m
e 
d
e 
ej
eç
ão
40%
Frequência cardíaca
FIGURA 1.4 Platôs do volume de ejeção a 40% da fre-
quência cardíaca máxima.
D
éb
ito
 c
ar
d
ía
co
Capacidade aeróbia
Máxima
Máximo
FIGURA 1.5 O débito cardíaco limita a capacidade aeró-
bia máxima.
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28 William E. Prentice
glicose e transferido para o sangue a fim de atender às 
necessidades energéticas do corpo. As gorduras e as pro-
teínas também podem ser metabolizadas para gerar ATP.
Assim que o glicogênio do músculo e do fígado se es-
gota, o corpo passa a depender mais das gorduras arma-
zenadas no tecido adiposo para atender às demandas de 
energia. Quanto mais tempo dura uma atividade, maior é 
a quantidade de gordura usada, especialmente durante os 
estágios finais dos eventos de longa duração. Durante o 
repouso e o esforço submáximo, tanto a gordura quanto 
os carboidratos são usados como substrato energético em 
uma proporção de 60 a 40%.66
Seja qual for a fonte de nutrientes que produz a ATP, 
ela está sempre disponível na célula como uma reserva de 
energia imediata. Quando todas as fontes de ATP disponí-
veis se esgotam, é preciso gerar mais para que a contração 
muscular continue.
Metabolismo aeróbio versus anaeróbio Três siste-
mas de geração de energia funcionam no tecido muscular 
para produzir ATP: ATP, glicolítico e oxidante. Durante 
explosões repentinas de atividade em exercícios inten-
sivos ou de curto prazo, a ATP pode ser rapidamente 
metabolizada para atender às demandas de energia. No 
entanto, após poucos segundos de exercício intensivo, as 
pequenas reservas de ATP esgotam-se. O corpo passa a 
usar o glicogênio armazenado como fonte de energia. O 
glicogênio é quebrado para fornecer glicose, que depois 
é metabolizada dentro das células musculares para gerar 
ATP para as contrações musculares sem a necessidade de 
oxigênio. Essa quebra também produz um subproduto 
chamado ácido láctico, ou lactato, que passa das células 
musculares para a corrente sanguínea, a fim de ser usado 
em algum outro lugar. Esse sistema de energia é chamado 
de metabolismo anaeróbio.11
À medida que o exercício continua, o corpo passa a 
depender de uma forma mais complexa de metabolismo 
de carboidratos e de gorduras para gerar ATP. Esse siste-
ma de energia exige oxigênio e por isso é chamado de 
metabolismo aeróbio. O sistema aeróbio queima o lactato, 
usando oxigênio, removendo-o e criando muito mais ATP 
do que o sistema anaeróbio. Normalmente, o tempo para 
eliminar o lactato do sistema é de 20 minutos. Treinar 
para melhorar a resistência ajuda o indivíduo a livrar-se 
do ácido láctico antes que se acumule, a ponto de causar 
fadiga muscular.5
Em muitas atividades, ambos os sistemas – o aeróbio 
e o anaeróbio – funcionam simultaneamente.66 O grau 
de envolvimento de cada um é determinado pela inten-
sidade e duração do exercício. Quando a intensidade do 
exercício permite o fornecimento de oxigênio suficiente 
para as demandas dos tecidos ativos, ele é considerado 
aeróbio. Contudo, se o exercício tem alta intensidade ou 
se a sua duração é tal que o oxigênio disponível torna-se 
insuficiente para atender às demandas energéticas, en-
tão passa a ser anaeróbio. Consequentemente, registra-
-se um débito de oxigênio, que deverá ser pago duran-
te o período de recuperação. As pequenas explosões de 
mente grande de energia por um tempo curto. A corrida e a 
natação de longa distância, no entanto, são essencialmente 
atividades de baixa energia por unidade de tempo, exigin-
do produção de energia por um tempo prolongado. Outras 
atividades físicas demandam um misto de utilização de bai-
xa e de alta energia. Essas 
várias demandas de energia 
podem ser atendidas por 
processos diferentes, pelos 
quais se fornece energia aos 
músculos esqueléticos.*
ATP: a fonte imediata 
de energia Na quebra 
de alimentos nutritivos, 
há produção de energia.66 
Essa energia, por sua vez, 
é usada para produzir ade-
nosina trifosfato (ATP), 
derradeira forma de ener-
gia passível de uso em 
atividades musculares. A 
ATP é produzida no tecido 
muscular a partir da glico-
se ou do glicogênio sanguí-
neo. A glicose é derivada 
da quebra dos carboidratos 
alimentares. Quando não 
é necessária de imediato, 
a glicose fica armazenada 
na forma de glicogênio no 
músculo em repouso e no 
fígado. Depois de algum 
tempo, o glicogênio arma-
zenado no fígado pode ser 
convertido novamente em 
* N. de R.T.: Mini-camps. Campos de dimensão menor, usados pelos ti-
mes da National Football League em maio de cada ano, para organização 
do novo esquema de jogo.
Um jogador profissional de 
futebol americano sofreu 
um estiramento grau 2 no 
isquiotibial na sexta semana 
da temporada. Pouco antes 
dos playoffs, lesionou nova-
mente o mesmo músculo 
quando fazia um treino de 
baixa velocidade com exercí-
cios de drible. Infelizmente, 
foi forçado a permanecer na 
lista dos reservas lesionados 
durante toda a temporada, 
apesar de ter feito todos os 
esforços para voltar. Esse 
atleta perdeu grande parte 
de seu condicionamento car-
diorrespiratório porque não 
podia correr e exibia sinais 
de fraqueza na força muscu-
lar dos membros inferiores 
porque tinha dificuldade em 
realizar levantamentos.
 Considerando que ele terá 
de participar de dois mini-
-camps* durante a primave-
ra e o começo do verão e que 
a prática da pré-temporada 
começará oficialmente em 
julho, qual deve ser o seu 
plano de condicionamento 
na pós-temporada e fora de 
temporada?
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Porcentagem da capacidade
aeróbia máxima
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Carga de
trabalho
FIGURA 1.6 A pessoa A provavelmente é capaz de tra-
balhar por mais tempo do que a pessoa B em função da 
utilização de uma capacidade aeróbia máxima mais baixa.
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Fisioterapia na Prática Esportiva 29
corpo é forçado a fazer uma série de ajustes para respon-
der ao aumento das demandas da carga de trabalho.
Uma vez que a frequência cardíaca mantém uma re-
lação linear com a intensidade do exercício e com a taxa 
de consumo de oxigênio, torna-se relativamente simples 
identificar a carga de trabalho específica (ritmo) que le-
vará o platô da frequência cardíaca ao nível desejado. 
Monitorando a frequência cardíaca, ficamos sabendo se 
o ritmo está rápido demais ou lento demais em relação à 
frequência desejada.5
Várias fórmulas identificam a faixa de frequência car-
díaca do treinamento. 5 Para calcular a frequência cardíaca 
específica, devemos determinar a frequência cardíaca má-
xima. A exata determinação da frequência cardíaca (FC) 
máxima envolve levar o indivíduo a se exercitar no nível 
máximo e monitorar a sua FC por meio de um eletrocar-
diograma. Fora do laboratório, é difícil fazer isso. Estima
-se que a FC máxima média encontra-se em torno de 220 
batimentos por minuto. Mas ela diminui com a idade. 
Portanto, um modo relativamente simples de estimar a FC 
máxima de um adulto consiste na fórmula FCmáx � 220 – 
idade. Para um indivíduo de 20 anos de idade, a frequên-
cia cardíaca máxima ficaria em torno de 200 batimentos 
por minuto (220-20 � 200). A reserva da frequência car-
díaca (RFC) é usada para determinar a FC durante o exer-
cício. A RFC é a diferença entre a frequência cardíaca má-
xima (FCmáx) e a frequência cardíaca em repouso (FCrep):
48
RFC � FCmáx – FCrep
Quanto maior a diferença, mais ampla é a RFC e maior a 
faixa de potenciais intensidades da frequência cardíaca de 
treinamento. A equação de Karnovené usada para calcu-
lar a frequência cardíaca durante o exercício na presença 
de determinada intensidade de treinamento. Para usar a 
fórmula de Karvonen, é preciso conhecer a FCmáx e a FCrep 
do indivíduo:47
FC no exercício � % da intensidade-alvo (FCmáx – FCrep) + FCrep
Quando usamos estimativas da FCmáx e/ou da FCrep, os 
valores são sempre aproximados. Portanto, em uma pes-
soa de 20 anos de idade, com frequência cardíaca em 
repouso de 70 batimentos por minuto, a RFC será 130 
(200 – 70 � 130). O coração trabalha em uma frequên-
cia entre o limite mais baixo e o mais alto. O limite mais 
contração muscular, como nos sprints da corrida ou da 
natação, usam predominantemente o sistema anaeró-
bio. No entanto, eventos de longa duração dependem 
muito do sistema aeróbio. A maioria das atividades usa 
uma combinação dos metabolismos anaeróbio e aeróbio 
(Tab. 1.1).
Técnicas de treinamento para melhorar a 
resistência cardiorrespiratória
A resistência cardiorrespiratória pode melhorar em re-
sultado de uma série de métodos.57 Em grande parte, a 
extensão dessa melhoria será determinada pelos níveis 
iniciais da resistência cardiorrespiratória do indivíduo.
Treinamento contínuo O treinamento contínuo en-
volve quatro elementos relacionados à atividade:
 • Frequência
 • Intensidade
 • Tipo
 • Tempo
Frequência Para observar pelo menos uma melhoria 
mínima na resistência cardiorrespiratória, é necessário 
que a pessoa faça no mínimo três sessões por semana.5 Se 
possível, o indivíduo deve planejar 4 a 5 sessões por se-
mana. O atleta competiti-
vo tem de estar preparado 
para treinar seis vezes por 
semana. Todos devem tirar 
pelo menos um dia de fol-
ga na semana para permi-
tir o descanso tanto psico-
lógico quanto fisiológico.
Intensidade Dos quatro 
fatores considerados, o 
mais crítico é a intensidade 
do treinamento, embora 
recomendações relativas à 
intensidade variem. A in-
tensidade é particularmen-
te crítica nas etapas iniciais 
do treinamento, quando o 
TABELA 1.1 Comparação entre as atividades aeróbias e anaeróbias
Modo
Intensidade 
relativa Desempenho Frequência Duração Diversos
Atividades 
aeróbias
Atividades 
sustentadas e 
contínuas, de 
longa duração
Menos 
intensas
60-90% da 
frequência 
máxima
Pelo menos 
3, mas não 
mais do que 
6 ×/semana
20-60 min Menor risco para 
indivíduos 
sedentários ou 
mais velhos
Atividades 
anaeróbias
Atividades 
explosivas e 
súbitas, de 
curta duração
Mais 
intensas
90-100% da 
frequência 
máxima
3 a 4 ×/semana 10 s a 2 min Usadas em 
atividades 
esportivas e de 
equipe
Uma jogadora de futebol so-
freu uma entorse grau 1 que 
pode mantê-la fora da prática 
esportiva por uma semana. 
Essa atleta vinha trabalhando 
duro para melhorar os níveis 
de condicionamento e está 
preocupada porque ficar sem 
correr durante uma semana 
inteira pode prejudicar o seu 
condicionamento cardiorres-
piratório.
 Que tipo de atividade o 
fisioterapeuta esportivo deve 
recomendar durante o pe-
ríodo de reabilitação para 
ajudar a atleta a manter o 
nível atual de resistência car-
diorrespiratória?
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30 William E. Prentice
No treinamento contínuo, é mais desejável trabalhar 
com intensidade correspondente a 60 a 80% da frequên-
cia cardíaca máxima. Obviamente, seria extremamente 
difícil sustentar uma atividade com intensidade relativa-
mente alta por um período superior a 20 minutos. A van-
tagem do treinamento intervalado é que ele permite tra-
balhar nessa porcentagem de 80% ou em um nível ainda 
mais elevado por um período de tempo curto, seguido de 
um período de recuperação ativa, durante o qual o indi-
víduo pode se manter na faixa de 30 a 45% da frequência 
cardíaca máxima.15 Portanto, a intensidade da carga de 
trabalho e a sua duração podem ser maiores do que no 
treinamento contínuo.
A maioria dos esportes é anaeróbia, envolvendo bre-
ves explosões de atividade intensa, seguidas de algum 
tipo de período de recuperação ativa (p. ex., no futebol 
americano, basquetebol, futebol e tênis). O condiciona-
mento com a técnica intervalada permite ao atleta usar 
uma carga de trabalho mais específica do esporte pra-
ticado. Nesse caso, o princípio da sobrecarga é aplicado 
pela adoção de um período de treinamento muito mais 
intenso.
Há várias considerações importantes sobre o treina-
mento intervalado. O período de condicionamento é o 
tempo durante o qual se mantém realmente a ativida-
de contínua; o período de recuperação é aquele entre os 
períodos de treinamento. A sessão é um grupo de perío-
dos de treinamento e de recuperação combinados; as re-
petições são o número de períodos de treinamento e de 
recuperação por sessão. O tempo ou a distância de trei-
namento é a duração ou o percurso do período de treina-
mento. A taxa de recuperação de treinamento é dada pela 
proporção temporal entre o treinamento e a recuperação.
Um exemplo de treinamento intervalado é aquele em 
que o jogador de futebol dá tiros de corrida. A carga de 
trabalho intervalada pode envolver 10 tiros de 120 jardas 
(110 m), com um período de recuperação de 45 segun-
dos de caminhada entre os tiros. Durante essa sessão de 
condicionamento, a frequência cardíaca do jogador de fu-
tebol provavelmente aumenta de 85 para 90% do nível 
máximo durante o movimento rápido e pode baixar para 
30 a 45% no período de recuperação.
Jogo de velocidade O jogo de velocidade é uma técni-
ca de treinamento semelhante à corrida cross-country, ori-
ginalmente chamado de fartlek. É similar ao treinamento 
intervalado no sentido de que o indivíduo tem de cor-
rer durante um período de tempo específico; no entanto, 
o ritmo e a velocidade não são determinados. O trajeto 
da sessão do jogo de velocidade deve incluir um terreno 
de relevo variado, com desníveis de subidas e descidas e 
também um trecho com obstáculos, como árvores ou pe-
dras. O objetivo é colocar exercícios rápidos na sessão de 
corrida, variando a sua duração de acordo com os propó-
sitos de cada um. Uma vantagem desse tipo de condicio-
namento consiste em que, como o terreno muda sempre, 
o trajeto pode evitar o tédio e ser realmente relaxante.
baixo é calculado tomando-se 60% da reserva da fre-
quência cardíaca mais a frequência cardíaca em repouso 
[(130�0,6) + 70 � 148]. O limite mais alto é calculado 
tomando-se 85% da RFC mais a frequência cardíaca em 
repouso [(130�0,85) + 70 � 180,5].
Seja qual for a fórmula usada, para que se observe 
uma melhoria mínima na resistência cardiorrespiratória, 
a frequência cardíaca deve ser elevada até, pelo menos, 
70% de sua taxa máxima.20 Um indivíduo bem condicio-
nado deve ser capaz de manter a frequência cardíaca no 
nível de 85%.
Tipo O tipo de atividade usada no treinamento contí-
nuo tem de ser aeróbio.20 As atividades aeróbias são aque-
las que elevam a frequência cardíaca e a mantêm nesse 
nível por um tempo prolongado. As atividades aeróbias 
geralmente envolvem movimentos repetitivos, do corpo 
inteiro e dos músculos grandes, realizados no decorrer 
de um longo período de tempo. Exemplos de atividades 
aeróbias são: correr, trotar, caminhar, pedalar, nadar, pu-
lar corda, subir escadas e fazer esqui cross-country. A van-
tagem dessas atividades aeróbias, em comparação com 
outras atividades mais intermitentes, como racquetball, 
squash, basquetebol ou tênis, é que elas são de fácil regu-
lagem, por meio do aumento ou da diminuição da veloci-
dade. Uma vez que certa intensidade da carga de trabalho 
gera determinada frequência cardíaca, as atividades ae-
róbias permitem aos atletas manter a frequência cardíaca 
em determinado nível-alvo. As atividades intermitentes 
envolvem variações de velocidade e de intensidade que 
fazem a frequência cardíaca oscilar consideravelmente. 
Embora essas atividades intermitentes melhorem a re-
sistência cardiorrespiratória, é mais difícil controlar a sua 
intensidade.
TempoPara ocorrer uma melhora mínima, o indiví-
duo tem de realizar pelo menos 20 minutos de ativi-
dade contínua com a frequência cardíaca no seu nível 
de trabalho.5 Dados recentes sugerem que breves explo-
sões de exercícios com duração bem curta, por exem-
plo, de 12 minutos, podem ser suficientes para gerar 
melhorias. Geralmente, quanto maior a duração da car-
ga de trabalho, maior a melhoria na resistência cardior-
respiratória. O atleta competitivo deve treinar por pelo 
menos 45 minutos com frequência cardíaca no nível de 
treinamento.
Treinamento intervalado Diferentemente do treina
mento contínuo, o intervalado envolve mais atividades 
intermitentes, visto que consiste 
em períodos alternados de traba-
lho relativamente intenso e de re-
cuperação ativa. Esse treinamen-
to permite a realização de maior 
quantidade de trabalho a um ní-
vel mais intenso no decorrer de um período de tempo 
mais longo, em comparação com o trabalho contínuo.62
Treinamento 
intervalado Períodos 
alternados de trabalho e 
recuperação ativa
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Fisioterapia na Prática Esportiva 31
A B C
D E F
G
H
FIGURA 1.7 Tipos de equipamento de fitness para melhorar a resistência cardiorres-
piratória. A, Bicicleta ergométrica; B, Esteira; C, Simulador de escadas; D, Aparelho de 
esqui cross-country; E, Aparelho elíptico; F, Bicicleta ergométrica horizontal; G, Aparelho 
de remo; H, Ergométrica para a parte superior do corpo.
Para melhorar a resistência cardiorrespiratória, o jogo 
de velocidade tem de elevar a frequência cardíaca, pelo 
menos até os níveis de treinamento mínimo. O jogo de 
velocidade pode ser melhor utilizado como atividade de 
condicionamento fora da temporada ou como atividade 
de mudança de ritmo para combater o tédio de um pro-
grama em que se repete a mesma atividade dia após dia.
Equipamento para melhorar a resistência 
cardiorrespiratória
A quantidade e a variedade dos equipamentos de fitness e 
exercícios disponíveis no mercado chegam a ser inacredi-
táveis (Fig. 1.7). Os preços podem variar dos 2 dólares de 
uma corda de pular aos 60 mil dólares de certos dispositi-
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32 William E. Prentice
Orientações para aquisição de equipamentos para a prática de exercícios aeróbios
Bicicleta ergométrica (Fig. 1.7 A)
A maioria dos modelos trabalha apenas a 
parte inferior do corpo, mas alguns têm 
guidom móvel para braços e ombros. Al-
gumas bicicletas podem ser programadas 
para variadas sessões de trabalho, por 
exemplo, para subidas. Outras permitem 
pedalar para trás, o que intensifica o tra-
balho dos músculos isquiotibiais. Procure:
 • movimentação macia dos pedais
 • assento confortável
 • guidom ajustável à altura
 • pedal com alça de segurança, para 
evitar que o pé deslize e obrigar as 
pernas a trabalharem no curso as-
cendente
 • carga de trabalho facilmente ajus-
tável
 • estrutura sólida
Esteira (Fig. 1.7 B)
Alguns aparelhos têm inclinações ajus-
táveis para simular subidas, tornando a 
sessão de exercício mais estafante. Al-
guns podem ser programados previa-
mente com variadas sessões de exercí-
cios. Procure:
 • velocidade e inclinação facilmente 
ajustáveis
 • superfície de rolagem com largura 
e extensão suficiente para as suas 
passadas e com boa absorção de 
impacto
 • motor potente, que suporte veloci-
dades altas e carga pesada
Simulador de escadas (Fig. 1.7 C)
Alguns modelos maiores simulam real-
mente o movimento de subir escadas. 
A maioria deles, no entanto, têm pedais 
que trabalham contra o peso do usuário 
à medida que ele movimenta as pernas; 
essa característica exige menos dos joe-
lhos, pois o usuário não dá passos de 
verdade. Algumas pessoas preferem pe-
dais que permanecem paralelos ao chão; 
outras gostam dos giratórios. Os modelos 
com pedais independentes resultam em 
um movimento mais natural. Procure:
 • movimentação suave da passada
 • pedais largos e confortáveis, sem 
oscilações
 • resistência facilmente ajustável
 • barra confortável para as mãos ou 
corrimões para manutenção do 
equilíbrio
Aparelho de esqui cross-country 
(Fig. 1.7 D)
Esses aparelhos trabalham a maior par-
te dos grupos musculares. Simulam o 
esporte ao ar livre: os pés deslizam em 
trilhos e as mãos seguram cordas ou 
bastões de modo independente ou em 
movimentos sincronizados. Os apare-
lhos com cordas em vez de bastões po-
dem oferecer uma sessão de exercícios 
especialmente forçada para a parte su-
perior do corpo. Procure:
 • base longa o bastante para acomo-
dar a passada
 • resistência ajustável a braços e per-
nas
 • movimentação suave
Aparelho elíptico (Fig. 1.7 E)
O aparelho de exercício elíptico permite 
a realização de uma sessão cardiovascular 
sem impacto, que reproduz a combina-
ção das ações de caminhar, subir escada 
e praticar o esqui cross-country, por meio 
de uma passada no formato elíptico, na 
posição de pé, usando o movimento pro-
gressivo ou regressivo. Procure:
 • rampa ajustável eletronicamente, 
que permita aumentar e diminuir 
a inclinação
 • resistência ajustável
Bicicleta ergométrica horizontal 
(Fig. 1.7 F)
A horizontal é quase igual à bicicleta 
ergométrica regular, exceto pelo fato 
de que o indivíduo fica em uma posi-
ção semi-inclinada, e não sentado com 
as costas eretas ou levemente inclinado 
para a frente, enquanto pedala. A van-
tagem dessa posição está na redução da 
pressão sobre a área lombar da coluna, 
em particular sobre os discos lombares.
Aparelho de remo (Fig. 1.7 G)
O aparelho de remo fornece uma sessão 
de exercício mais completa do que a da 
corrida ou do ciclismo, porque tonifica 
os músculos da parte superior do cor-
po. A maioria dos aparelhos tem pistões 
hidráulicos para possibilitar a variação 
da resistência; muitos modelos grandes 
usam um volante. Os modelos com pis-
tão possuem braços hidráulicos e são 
mais baratos e mais compactos do que 
os com volante, que têm uma ação mais 
suave, geralmente mais similar à rema-
da real. Um dos modelos novos possui 
até um volante dentro de um tanque 
com água para reproduzir o ato real de 
remar. Procure:
 • assentos e remos de movimentação 
suave
 • apoio de pés giratório
Ergométrica para a parte superior 
do corpo (Fig. 1.7 H)
A ergométrica para a parte superior do 
corpo é essencialmente uma bicicleta es-
tacionária que o usuário pedala com os 
braços e não com as pernas. Esses apa-
relhos são usados mais frequentemente 
para ajudar a manter a resistência car-
diorrespiratória em programas de rea-
bilitação destinados a indivíduos com 
lesões nos membros inferiores e que, 
por alguma razão, não podem realizar 
atividades com suporte do próprio peso. 
Essa ergométrica também pode ser usada 
como ferramenta de treinamento e con-
dicionamento para ajudar a aumentar a 
resistência muscular dos membros supe-
riores. Procure:
 • velocidade e resistência facilmente 
ajustáveis
 • assento confortável, que forneça 
apoio e estabilidade para a parte 
inferior das costas
 • movimentação suave e silenciosa
FOCO 1.2 FOCO NO TRATAMENTO, NA REABILITAÇÃO E NO 
RECONDICIONAMENTO
vos isocinéticos controlados por computador. Certamente 
não é preciso adquirir equipamentos de exercício caros 
para obter bons resultados. Muitos benefícios fisiológicos 
podem ser alcançados tanto com uma corda quanto com 
em uma esteira de 10 mil dólares. O Foco 1.2: “Orienta-
ções para aquisição de equipamentos para a prática de 
exercícios aeróbios” identifica e comenta alguns dos equi-
pamentos mais amplamente usados.
Prentice_Parte_I.indd 32Prentice_Parte_I.indd 32 10/10/11 19:1010/10/11 19:10
Fisioterapia na Prática Esportiva 33
lo é chamado de hipertrofia,53 ao passo que a diminui-
ção do tamanho do músculo é chamada de atrofia.
Tamanho do músculo A força é a expressão da quan-
tidade e do diâmetro das fibras musculares que compõem 
determinado músculo. O número de fibras é uma carac-
terísticagenética; portanto, um indivíduo que contenha 
grande número de fibras musculares possui maior poten-
cial de hipertrofia comparado a outro com um número 
relativamente menor de fibras.53
Explicações para a hipertrofia muscular Várias 
teorias têm sido propostas para explicar por que o mús-
culo se hipertrofia em resposta ao treinamento de for-
ça.66 Há indícios de que o número de fibras musculares 
aumenta porque elas se dividem em resposta ao treina-
mento.36 Entretanto, essas pesquisas foram feitas com 
animais, e não devemos generalizá-las para seres hu-
manos. Em geral, considera-se que o número de fibras é 
determinado geneticamente e parece não aumentar em 
função do treinamento.
Outra hipótese consiste em que, uma vez que o mús-
culo trabalha mais no treinamento de musculação, de-
manda-se mais sangue para supri-lo de oxigênio e outros 
nutrientes. Portanto, aumenta-se o número de capila-
res. Essa hipótese é correta apenas parcialmente; alguns 
poucos capilares são formados durante o treinamento de 
musculação, mas certo número de capilares inativos po-
dem se encher de sangue para atender ao aumento de 
demanda por suprimento sanguíneo.
Uma terceira teoria para explicar o aumento no ta-
manho do músculo parece ser mais plausível. As fibras 
musculares são compostas principalmente de pequenos 
filamentos de proteína chamados miofilamentos, que são 
os elementos contráteis do músculo. Esses miofilamen-
tos aumentam tanto em tamanho quanto em número 
em resultado do treinamento de força, fazendo com que 
o diâmetro da seção transversal de cada fibra muscular 
também aumente.36 Esse aumento é particularmente 
verdadeiro para os homens, embora em mulheres tam-
bém se observe certo crescimento no tamanho do mús-
culo.1 Mais pesquisas são necessárias para esclarecer 
melhor a questão e determinar as causas específicas da 
hipertrofia muscular.
Aumento da eficiência neuromuscular Tipica-
mente, com o treinamento de musculação, no início 
o indivíduo observa ganhos surpreendentes de força, 
ainda que o volume muscular não aumente. Esse ga-
nho de força deve ser atribuído a outra coisa e não à 
hipertrofia. Para que o músculo se contraia, é preciso 
que um impulso seja transmitido do sistema nervoso 
ao músculo. Cada fibra muscular é inervada por uma 
unidade motora específica. Quando sobrecarregamos 
um músculo, como acontece no treinamento de mus-
culação, ele é forçado a trabalhar de modo eficiente. 
A eficiência é alcançada pelo disparo de mais unidades 
motoras, provocando maior contração do músculo.92 
A IMPORTÂNCIA DA FORÇA, DA 
RESISTÊNCIA (ENDURANCE) E DA 
POTÊNCIA MUSCULARES
O desenvolvimento da força mus-
cular é um componente essencial 
do programa de condicionamen-
to de qualquer atleta. Força é a 
capacidade do músculo de gerar 
força contra uma resistência ou 
carga. No esporte, a maior parte 
dos movimentos é explosiva e tem 
de incluir elementos tanto de for-
ça quanto de velocidade para ser 
efetiva. Quando se gera grande 
quantidade de força rapidamente, 
o movimento pode ser cha-
mado de potência. Sem 
capacidade de gerar potên-
cia, o atleta fica limitado em 
termos de desempenho.74
A força muscular está 
intimamente associada à 
resistência muscular. Re-
sistência muscular é a 
capacidade de realizar con-
trações musculares repeti-
das contra uma resistência 
por um período de tempo 
prolongado. À medida que 
a força muscular aumenta, 
a tendência é que haja um 
aumento correspondente 
na resistência.55, 90 Vamos 
imaginar, por exemplo, 
um indivíduo capaz de le-
vantar um peso 25 vezes. 
Se houver um aumento 
de 10% na força muscular 
por meio do treinamento de musculação, então é prová-
vel que o número máximo de repetições aumente, pois 
será mais fácil levantar o mesmo peso.
Fatores fisiológicos e biomecânicos que 
determinam o nível da força muscular
A força muscular é proporcional 
ao diâmetro da seção transversal 
das fibras musculares. Quanto 
maior o diâmetro da seção trans-
versal ou quanto maior o mús-
culo, mais forte ele é e, portanto, 
mais força é capaz de gerar. O ta-
manho do músculo tende a au-
mentar, em termos de diâmetro 
da seção transversal, por meio do 
treinamento de musculação. Esse 
aumento de tamanho do múscu-
Força muscular Força 
máxima que se pode 
aplicar ao músculo 
durante uma única 
contração máxima
Potência Capacidade de 
gerar força rapidamente
Resistência 
muscular Capacidade 
de realizar contrações 
musculares repetidas 
contra uma resistência
Hipertrofia 
Desenvolvimento ou 
crescimento de um 
músculo causado por 
aumento no tamanho 
de suas células em 
resposta ao treinamento.
Atrofia Redução de 
um músculo causada 
por diminuição no 
tamanho de suas células 
em função da falta de 
atividade.
Fora da temporada, uma 
nadadora universitária tem 
seguido um programa de 
treinamento de musculação 
para aumentar a força e a re-
sistência muscular. Embora 
tenha melhorado um pouco 
a força, está preocupada por-
que sente que está perdendo 
a flexibilidade dos ombros, o 
que lhe parece crítico para o 
desempenho como nadado-
ra. Ela notou também certa 
hipertrofia dos músculos e 
acha que pode ser essa a cau-
sa da perda de flexibilidade.
 O que o fisioterapeuta 
esportivo pode recomendar 
para que a atleta continue 
a melhorar a força e a resis-
tência muscular ao mesmo 
tempo em que mantém ou 
até melhora a flexibilidade?
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34 William E. Prentice
(momento) e assim poderá produzir mais força de tor-
ção em torno da articulação.
O comprimento do músculo determina a tensão que 
pode ser gerada.42 Variando o comprimento de um mús-
culo, é possível produzir diferentes tensões. Essa relação 
comprimento-tensão está ilustrada na Figura 1.9. Na posição 
B, na curva, a interação das pontes cruzadas entre os mio-
filamentos de actina e miosina dentro do sarcômero está 
no nível máximo. Quando deixamos o músculo nesse 
comprimento, produzimos a maior quantidade de tensão. 
Na posição A, o músculo está encurtado; na posição C, 
alongado. Em qualquer desses casos, a interação entre os 
miofilamentos de actina e miosina através das pontes cru-
zadas fica grandemente reduzida, e o músculo não é capaz 
de gerar uma tensão significativa.
Overtraining O overtraining pode ter um efeito negativo 
sobre o desenvolvimento da força muscular. A afirmação 
“abusou, perdeu” é aplicável. O overtraining pode resultar 
em colapso psicológico (desgaste) ou fisiológico e pode 
envolver lesão musculoesquelética, fadiga ou doença. 
Engajar-se em um treinamento de musculação apropria-
Consequentemente, não 
é incomum observarmos 
ganhos muito rápidos 
de força logo quando se 
inicia um primeiro pro-
grama de treinamento de 
musculação, por causa da 
melhoria na função neu-
romuscular.53
Outras adaptações fi-
siológicas ao exercício 
de carga Além da hi-
pertrofia muscular, há 
uma série de adaptações 
fisiológicas em função do treinamento de carga.11 A força 
das estruturas não contráteis, incluindo tendões e liga-
mentos, aumenta. O conteúdo mineral dos ossos também 
aumenta, tornando-os mais fortes e mais resistentes a fra-
turas. A absorção máxima de oxigênio melhora quando 
o treinamento de carga tem intensidade suficiente para 
gerar frequências cardíacas no nível de treinamento ou 
acima dele. Várias enzimas importantes para o metabolis-
mo aeróbio e anaeróbio também aumentam.20, 66
Fatores biomecânicos A força em um dado múscu-
lo é determinada não apenas pelas propriedades físicas 
do próprio músculo, mas também por fatores biomecâ-
nicos que ditam quanta força pode ser gerada por meio 
de um sistema de alavancas em relação a um objeto 
externo.42 Se pensarmos na articulação do cotovelo 
como um desses sistemas de alavanca, percebemos que 
o músculo do bíceps produz a flexão dessa articulação 
(Fig. 1.8). A posição da ligação do músculo do bíceps 
com o braço de alavanca – nesse caso,o antebraço – 
determinará, em grande parte, quanta força o músculo 
será capaz de gerar.40 Se houver duas pessoas, A e B, 
e a pessoa B tiver a ligação do bíceps mais distante do 
centro da articulação do que a pessoa A, então ela será 
capaz de levantar pesos mais pesados, pois a força do 
músculo atuará por meio de uma alavanca mais longa 
Bíceps
24 cm
Braço de alavanca
Bíceps
22 cm
Braço de alavancaA B
FIGURA 1.8 A posição da ligação do tendão do músculo ao braço pode 
afetar a capacidade do músculo de gerar força. A pessoa B é capaz de gerar 
mais força do que a pessoa A, pois a ligação do tendão está mais próxima 
da resistência.
Uma aluna universitária do 
primeiro ano, integrante do 
time principal de basquete, 
está sem motivação para me-
lhorar a força e a aptidão fí-
sica ao longo do verão e fora 
da temporada. Os prepara-
dores físicos ficam frustrados 
com a atitude dela e procu-
ram o fisioterapeuta espor-
tivo em busca de conselhos.
 Como o fisioterapeuta 
esportivo pode convencer a 
atleta da importância da for-
ça e do condicionamento?
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Te
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ão
Comprimento do músculo
A
B
C
FIGURA 1.9 Em função da relação comprimento-tensão 
no músculo, desenvolve-se maior tensão no ponto B e 
menos tensão nos pontos A e C.
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Fisioterapia na Prática Esportiva 35
e são consideradas as “ge-
nuínas” fibras de contra-
ção rápida.66
Qualquer músculo 
contém todos os tipos de 
fibras, e a sua proporção 
no músculo de cada indi-
víduo varia de acordo com 
a pessoa.54 Os músculos 
cuja função principal é 
manter a postura contra a 
força da gravidade preci-
sam de mais resistência e 
possuem elevada porcen-
tagem de fibras de con-
tração lenta. Os músculos 
que produzem movimen-
tos de força explosivos, 
rápidos e de curta duração 
costumam ter uma por-
centagem muito maior de 
fibras de contração rápida. 
Por ser definida geneti-
camente, essa proporção 
pode desempenhar papel 
importante na determinação da habilidade para certa ati-
vidade esportiva. Os velocistas e os levantadores de peso, 
por exemplo, têm grande porcentagem de fibras de con-
tração rápida em comparação com as de contração len-
ta.20 No entanto, os corredores de maratonas geralmen-
te têm porcentagem mais elevada de fibras de contração 
lenta.
As capacidades metabólicas dos dois grupos de fi-
bras, de contração lenta e de contração rápida, podem ser 
aumentadas por meio de um treinamento específico de 
força e de resistência. Parece que, em resposta ao treina-
mento, pode ocorrer uma transformação quase comple-
ta das fibras de contração lenta em fibras de contração 
rápida e vice-versa.66 As fibras que estão no processo de 
transição de um tipo para outro compartilham algumas 
propriedades dos dois tipos, I e II, e são chamadas de fi-
bras “híbridas”.
Contrações musculares esqueléticas
O músculo esquelético é capaz de realizar três tipos de 
contração: isométrica, concêntrica e excêntrica.26 A contração 
isométrica acontece 
quando o músculo 
se contrai para au-
mentar a tensão, 
mas não há mudan-
ça no seu compri-
mento. Uma força 
considerável pode 
ser gerada contra certa resistência imóvel, embora não 
ocorra qualquer movimento. Na contração concêntrica, 
o comprimento do músculo diminui à medida que a 
O músculo esquelético é capaz de 
realizar três tipos de contração:
 • Isométrica
 • Concêntrica
 • Excêntrica
do e eficiente, manter uma boa dieta e descansar adequa-
damente pode minimizar os potenciais efeitos negativos 
do overtraining.
Reversibilidade Quando o treinamento de força é des-
continuado ou interrompido, o músculo atrofia, diminuin-
do tanto em força quanto em massa. As adaptações ocor-
ridas no músculo esquelético em resposta ao treinamento 
de carga podem começar a se reverter em pouco tempo, a 
partir de 48 horas. Parece realmente que o exercício con-
sistente do músculo é essencial para prevenir a perda da 
hipertrofia produzida no treinamento de força.
Fibras de contração rápida versus fibras de 
contração lenta e resistência muscular
As fibras musculares esqueléticas de uma unidade motora 
específica podem ser de contração lenta ou de contração rápi-
da, sendo que cada uma delas possui características meta-
bólicas e contráteis 
distintas. As fibras de 
contração lenta (CL), 
também chamadas 
de tipo I ou oxidati-
vas lentas (OL), são 
densas em capilares 
e ricas em mitocôn-
dria e mioglobina, o 
que dá ao tecido muscular a sua característica cor verme-
lha. Elas podem transportar oxigênio e, portanto, são mais 
resistentes à fadiga do que as de contração rápida.43 As fi-
bras de contração lenta estão associadas, basicamente, a 
atividades de longa duração, do tipo aeróbias.66
As fibras de contração rápida (CR) são chamadas de 
tipo II ou glicolíticas oxidativas rápidas (GOR). São capa-
zes de produzir contrações rápidas e forçadas, mas têm a 
tendência de chegar à fadiga mais rapidamente do que 
as de contração lenta. As fibras de contração rápida são 
úteis em atividades de curta duração e alta intensidade, 
que envolvem principalmente o sistema anaeróbio, e são 
capazes de produzir contrações potentes, ao passo que as 
fibras de contração lenta produzem um tipo de força de 
longa duração.
As fibras de contração rápida podem ser subdivididas 
em três grupos, embora todos os três tipos sejam capazes 
de fazer contrações rápidas. As do tipo IIa, como acontece 
com as fibras musculares de contração lenta, são modera-
damente resistentes à fadiga. As do tipo IIx, também co-
nhecidas como glicolíticas rápidas (GR) e ocasionalmente 
como tipo IId, são menos densas em mitocôndrias e mio-
globina do que as do tipo IIa. Esse é o tipo de músculo 
mais rápido em seres humanos e pode se contrair mais 
rapidamente e com maior quantidade de força do que o 
tipo IIa. Essas fibras, no entanto, podem sustentar ape-
nas explosões de atividade anaeróbia curtas antes de a 
contração muscular tornar-se dolorosa. As fibras do tipo 
IIb são menos densas em mitocôndrias e mioglobina e en-
tram em fadiga rapidamente. Além disso, têm cor branca 
Há quatro tipos básicos de fibra 
muscular:
 • De contração lenta ou tipo I
 • De contração rápida tipo IIa
 • De contração rápida tipo IIb
 • De contração rápida tipo IIx
Um arremessador de peso, 
aluno do ensino médio, tem 
trabalhado intensamente no 
treinamento de muscula-
ção para melhorar a potên-
cia muscular. Em particular, 
tem se concentrado no le-
vantamento de pesos livres 
extremamente pesados, com 
pequeno número de repeti-
ções (3 séries de 6 a 8 repe-
tições). Sua força melhorou 
significativamente ao longo 
dos últimos meses, mas ele 
não vê o mesmo grau de 
desenvolvimento em seus 
arremessos, embora o técni-
co diga que a sua técnica é 
muito boa.
 O atleta está frustrado 
com o próprio desenvolvi-
mento e quer saber se há 
alguma outra coisa que ele 
possa fazer no programa 
de treinamento para incre-
mentar o desempenho.
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36 William E. Prentice
funcional fornece uma abordagem singular, capaz de re-
volucionar o modo como a medicina esportiva pensa a 
respeito do treinamento de força em geral.
Para compreender a abordagem do treinamento de 
força funcional, o fisioterapeuta esportivo precisa entender 
o conceito de cadeia cinética e perceber que toda a cadeia 
cinética é uma unidade funcional integrada. A cadeia ciné-
tica é composta não apenas de músculos, tendões, fáscias 
e ligamentos, mas também do sistema articular e do siste-
ma neural. Todos esses sistemas atuam simultaneamente 
como uma unidade integrada, a fim de permitir a eficiên-
cia estrutural e funcional. Se algum sistema da cadeia ci-
nética não estiver trabalhando com eficiência, os outros 
sistemas serão forçados a se adaptar para compensar o pro-
blema;isso pode levar à sobrecarga do tecido, à diminuição 
do desempenho e a padrões previsíveis de lesão. A integra-
ção funcional do sistema permite uma excelente eficiência 
neuromuscular durante as atividades funcionais.26
Durante movimentos funcionais, alguns músculos 
se contraem concentricamente (encurtam) para produ-
zir o movimento, outros se contraem excentricamente 
(alongam-se) para permitir a ocorrência do movimento, 
e ainda há outros que se contraem isometricamente para 
criar uma base estável, sobre a qual será realizado o mo-
vimento funcional. Esses movimentos ocorrem em três 
planos. O treinamento de força funcional usa exercícios 
integrados destinados a melhorar os padrões do movi-
mento funcional em termos não apenas de aumento da 
força e melhoria do controle neuromuscular, mas tam-
bém para obter altos níveis de força de estabilização e de 
flexibilidade dinâmica.19
Diferentemente das técnicas de treinamento de for-
ça tradicionais, que usam barras, halteres ou aparelhos e 
exercícios em um único plano, dia após dia, o princípio 
básico do treinamento de força funcional consiste na uti-
lização de variações de treinamento para forçar constan-
tes adaptações neurais em vez de se concentrar somente 
em mudanças morfológicas. As variáveis do exercício que 
podem ser alteradas incluem o plano do movimento, a 
posição do corpo, a base de apoio, o tipo de modalidade 
de equilíbrio e o tipo de resistência externa.26 A Tabela 
1.2 lista essas variáveis. A Figura 1.10 fornece exemplos 
de exercícios de força funcionais.
Treinamento de estabilização central (core) O 
programa de treinamento para estabilização central 
destina-se a ajudar o indivíduo a 
ganhar força, controle neu-
romuscular, potência e resistên-
cia nos músculos da coluna lom-
bar, do abdome e da região dos 
quadris e da pelve. Esses músculos são chamados coleti-
vamente de centro (CORE).27 O conceito do treina-
mento de estabilização central é essencial. Um centro 
fraco é o principal problema dos movimentos ineficien-
tes, que podem levar a lesões.50 Quando os músculos 
das extremidades são fortes e o centro é fraco, não é 
Centro Músculos da 
coluna lombar, do 
abdome, dos quadris e 
da pelve.
contração se desenvolve para superar ou mover alguma 
resistência. Na contração excêntrica, a resistência é 
maior do que a força muscular produzida, e o músculo 
se alonga enquanto continua a se contrair. As contra-
ções concêntricas e excêntricas são consideradas movi-
mentos dinâmicos.26
É muito importante compreender que os movimen-
tos funcionais envolvem aceleração, desaceleração e es-
tabilização em todos os três planos simultaneamente. Es-
ses movimentos são controlados por mecanorreceptores 
neuromusculares, localizados no interior do músculo.26
Técnicas de treinamento com carga
Há uma série de técnicas de treinamento com carga para 
melhorar a força, incluindo exercícios de treinamento 
de força funcional, treinamento de estabilização central 
(core), exercícios isométricos, exercícios de resistência 
progressiva, exercícios isocinéticos, treinamento em cir-
cuito, exercícios de força calistênicos e exercícios pliomé-
tricos. Seja qual for a técnica utilizada, há um princípio 
básico extremamente importante. Para que o músculo 
aumente a sua força, deve-se forçá-lo a trabalhar a um 
nível mais elevado do que o de costume. Em outras pa-
lavras, devemos sobrecarregar o músculo. Sem sobrecar-
ga, o músculo será capaz apenas de manter a força já 
adquirida, e isso desde que o treinamento seja mantido 
contra uma resistência com a qual ele esteja acostumado. 
Para desenvolver a força muscular de forma mais efeti-
va, o treinamento de musculação deve exigir um esforço 
consistente e crescente contra uma carga progressiva-
mente crescente.34 Desde que aplicado esse princípio da 
sobrecarga, qualquer uma das oito técnicas de condicio-
namento pode produzir aumento da força muscular ao 
longo de um período de tempo.
Treinamento de força funcional Por muitos anos, 
as técnicas do treinamento de força em programas de 
condicionamento ou de reabilitação focaram exercícios 
isolados, em um único plano, usados para obter hiper-
trofia muscular em um músculo específico. Esses exer-
cícios têm uma demanda neuromuscular muito baixa, 
pois são realizados, basicamente, com o resto do corpo 
estabilizado de modo artificial, em partes estáveis do 
equipamento.26 O SNC controla a habilidade de integrar 
a função proprioceptiva de uma série de músculos indi-
viduais, que têm de atuar de forma coletiva para produ-
zir certo padrão de movimento, que ocorre em três pla-
nos de movimento. Se o corpo está constituído de modo 
a se movimentar em três planos de movimento, então 
o treinamento isolado pouco faz para melhorar a capa-
cidade funcional. Quando o treinamento de força usa 
exercícios isolados, em um único plano e artificialmente 
estabilizados, o corpo como um todo não é preparado 
para lidar com as demandas impostas pelas atividades 
diárias normais (subir e descer escadas, tirar as compras 
do porta-malas do carro, etc.).26 O treinamento de força 
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Fisioterapia na Prática Esportiva 37
Exercício isométrico O exercício isométrico envolve 
uma contração muscular em que o comprimento do 
músculo permanece constante, 
enquanto se desenvolve uma 
tensão em busca da força máxi-
ma contra uma resistência imó-
vel.9 O músculo deve gerar a for-
ça máxima por 10 segundos de 
Exercício isométrico 
Contrai o músculo 
estaticamente, 
sem mudar o seu 
comprimento.
possível produzir a força necessária a movimentos efi-
cientes. O treinamento de estabilização central deve ser 
um componente importante em qualquer programa de 
força abrangente.32, 65 Os programas de estabilização 
central dinâmica são discutidos em detalhes nos Capítu-
los 13 e 22. A Figura 1.11 mostra vários exemplos de 
exercícios que podem ser usados para melhorar a esta-
bilidade do centro.
A B C
D E F
FIGURA 1.10 Os exercícios de fortalecimento funcionais usam movimentos simultâneos (contrações concêntricas, ex-
cêntricas e isométricas) em três planos, sobre superfícies instáveis: A, rotações diagonais de estabilidade, usando uma 
bola pesada; B, ereto, postura tandem sobre um disco Dyna, com rotação do tronco; C, rotações diagonais de pé, usando 
a resistência de um cabo ou de um tubo elástico; D, avanços em vários planos, usando um peso como resistência; E, 
avanço frontal com movimentação do braço; F, arremesso de bola pesada com rotação dos dois braços, partindo da po-
sição de agachamento.
TABELA 1.2 Variáveis dos exercícios de treinamento
Plano do 
movimento
Posição do 
corpo Base de apoio
Simetria dos 
membros 
superiores
Simetria dos 
membros 
inferiores
Modalidade 
de 
equilíbrio
Resistência 
externa
 • Sagital • Em supino • Banco para 
exercícios
 • Os 2 braços • As 2 pernas • Piso • Barra
 • Frontal
 • Transversal
 • Combinado
 • Em prono
 • Decúbito 
lateral
 • Sentado
 • Ajoelhado
 • Semi-
ajoelhado
 • De pé
 • Bola 
estabilizadora
 • Pranchas de 
equilíbrio
 • Outra
 • Braços 
alternados
 • 1 braço
 • 1 braço 
com 
rotação
 • 1 perna na frente 
da outra
 • 1 perna
 • 2 pernas 
instáveis
 • 1 perna na frente 
da outra instável
 • 1 perna instável
 • Trave de 
equilíbrio
 • ½ rolo de 
espuma
 • Placa Airex
 • BOSU
 • Calçados 
apropriados
 • Areia
 • Haltere
 • Aparelhos 
com cabos
 • Medicine 
balls
 • Power/
balls
 • Outros
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38 William E. Prentice
resistance exercise) fortalece os músculos por meio de uma 
contração que vence alguma resistência predeterminada, 
produzida por um equipamento, como halteres, barras 
ou aparelhos de musculação (Fig. 1.12). O exercício de 
resistência progressiva usa contrações isotônicas, que ge-
ram força enquanto o músculo sofre alterações em seu 
comprimento.34
Contrações isotônicas As contrações isotônicaspodem 
ser tanto concêntricas quanto excêntricas. Ao fazer uma 
rosca do bíceps, o indivíduo dá um bom exemplo de 
contração isotônica. Para levantar o peso a partir da po-
sição inicial, o bíceps tem de se contrair e encurtar. Essa 
contração com encurtamento é 
chamada de contração concên-
trica ou positiva. Se o bíceps 
não se mantiver contraído du-
rante o abaixamento do peso, a 
gravidade fará com que o peso 
simplesmente caia, voltando à 
posição inicial. Portanto, quando 
o indivíduo controla o peso à 
medida que o abaixa, faz com 
que o bíceps continue a se con-
trair à medida que vai se esten-
dendo. Essa contração, em que o músculo se alonga en-
Contração concêntrica 
(positiva) O músculo 
se encurta enquanto se 
contrai ao atuar contra 
uma resistência.
Contração excêntrica 
(negativa) O músculo 
se alonga enquanto se 
contrai ao atuar contra 
uma resistência.
cada vez, e essa contração deve ser repetida 5 a 10 vezes 
por dia. Os exercícios isométricos são capazes de aumen-
tar a força muscular; infelizmente, os ganhos de força são 
específicos do ângulo articular mantido durante o treina-
mento. Em outros ângulos, a curva de força cai significa-
tivamente, em virtude da falta de atividade motora em 
cada um deles.
Outra importante desvantagem dos exercícios iso-
métricos está no fato de que eles tendem a produzir um 
pico de pressão sanguínea sistólica, o que pode resultar 
em acidentes cardiovasculares com ameaça à vida.74 Esse 
aumento abrupto da pressão sanguínea faz com que o 
indivíduo prenda a respiração e aumente a pressão to-
rácica. Consequentemente, a pressão sanguínea experi-
mentada pelo coração aumenta de modo significativo. 
Para evitar ou minimizar esse aumento da pressão, reco-
menda-se uma respiração contínua durante a contração 
máxima.
Os exercícios isométricos são úteis na reabilitação 
após certas lesões; esse uso é discutido nas seções de rea-
bilitação, nos Capítulos 15 a 23.
Exercício de resistência progressiva Essa terceira 
técnica de treinamento de resistência talvez seja a mais 
usada e a mais popular para aumento da força muscu-
lar. O exercício de resistência progressiva (ERP – progressive 
A B
C D
E F
FIGURA 1.11 Exercícios de estabilização central.
A, ponte; B, cobra pronada; C, abdominal isolado, decúbito lateral; D, seta huma-
na; E, flexão com bola suíça; F, Elevação dos quadris sobre a bola suíça.
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Fisioterapia na Prática Esportiva 39
gem o uso de anilhas de ferro de pesos variados, que po-
dem ser facilmente trocados, retirando-se quantidades 
de peso iguais nos dois lados ou adicionando-se outras 
quantidades. Os aparelhos possuem uma pilha de pesos 
erguidos por meio de alavancas ou puxadores. A pilha 
de pesos desliza verticalmente sobre um par de barras 
que restringe o movimento isolado de cada barra. Para 
aumentar ou diminuir o peso, basta mudar a posição do 
pino de trava.
Tanto os pesos livres quanto os aparelhos têm suas 
vantagens e desvantagens. O uso de aparelhos é relati-
vamente seguro em comparação ao de pesos livres. Além 
disso, é simples aumentar ou diminuir o peso nos apare-
lhos – basta mover um único pino de trava, embora ge-
ralmente seja possível mudar apenas de 5 em 5 kg ou de 
7 em 7 (10 ou 15 libras). Já no caso das anilhas de ferro, 
é preciso encaixá-las de cada lado do haltere ou da barra 
e depois removê-las.
A Figura1.13 mostra alguns exemplos de exercícios 
de força isotônicos.
O instrutor nos exercícios com peso livre Durante o trei-
namento com pesos livres, é essencial a presença de um 
instrutor para observar os movimentos e prestar assistên-
cia em caso de necessidade. Esse instrutor é especialmen-
te necessário quando o peso a ser levantado é muito 
grande. O instrutor tem três funções: proteger o levanta-
dor, evitando lesões, dar recomendações sobre a técnica 
adequada de levantamento e ajudar a motivar quem está 
fazendo o exercício. O Foco 1.3: “Técnicas adequadas de 
instrução” fornece algumas orientações sobre as técnicas 
corretas de um instrutor.
Treinamento isotônico Seja qual 
for o tipo de equipamento usado, 
poderão ser aplicados os mesmos 
princípios do exercício isotônico. 
No exercício de resistência pro-
gressiva, é essencial incorporar 
Exercício isotônico 
Encurta e alonga o 
músculo ao longo da 
amplitude total do 
movimento.
quanto ainda aplica força, é chamada de contração 
excêntrica ou negativa.46
Contrações excêntricas versus contrações concêntri-
cas É possível gerar quantidades maiores de força 
contra uma resistência com uma contração excêntrica 
do que com uma concêntrica. Essa força maior ocor-
re porque as contrações excêntricas exigem um nível 
muito mais baixo de atividade da unidade motora para 
alcançar certa força, em comparação com as concêntri-
cas. Uma vez que menos unidades motoras disparam 
a produção de uma força específica, unidades motoras 
adicionais podem ser recrutadas para gerar um aumen-
to de força. Além disso, a utilização de oxigênio é muito 
mais baixa durante o exercício excêntrico em compa-
ração com o exercício concêntrico. Portanto, as contra-
ções excêntricas são mais resistentes à fadiga do que as 
concêntricas. A eficiência mecânica do exercício excên-
trico pode ser várias vezes maior do que a do exercício 
concêntrico.46
As contrações concêntricas aceleram o movimento, 
ao passo que as excêntricas o desaceleram. Os isquioti-
biais, por exemplo, precisam se contrair excentricamente 
para desacelerar a velocidade angular da perna durante a 
corrida. Do mesmo modo, os rotadores externos dos mús-
culos do manguito, que envolvem os ombros, contraem-
-se excentricamente para desacelerar a rotação interna do 
úmero durante o arremesso. Por causa das forças exces-
sivas envolvidas nessas contrações excêntricas, as lesões 
são muito comuns. Desse modo, o exercício excêntrico 
tem de ser incorporado de modo rotineiro no programa 
de treinamento de força para evitar lesões aos músculos 
que atuam para desacelerar o movimento.
Pesos livres versus aparelhos Vários tipos de equipa-
mentos podem ser usados no exercício de resistência 
progressiva, inclusive pesos livres (barras e halteres) ou 
aparelhos, como os fabricados pela Universal, Nautilus, 
Cybez, Eagle e Body Master. Os halteres e as barras exi-
A B
FIGURA 1.12 A, halteres e barras são pesos livres que ajudam a desenvolver a 
força isotônica; B, muitos conjuntos de aparelhos fornecem uma série de possi-
bilidades de exercício.
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40 William E. Prentice
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J K
FIGURA 1.13 Exemplos de exercí-
cios de força isotônicos com uso de 
barras que mostram as técnicas de 
instrução apropriadas, quando neces-
sárias. A, Agachamento; B, Supino; C, 
Desenvolvimento (pressão militar); D, 
Levantamento de peso romeno; E, Le-
vantamento olímpico; F, Levantamento 
terra; G, Levantamento de arremesso; 
H, Levantamento; I, Supino invertido no 
banco com barra; J, Supino inclinado; 
K, Rosca do bíceps.
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Fisioterapia na Prática Esportiva 41
Certos aparelhos são fabricados de modo a minimizar 
essa oscilação da resistência por meio do sistema de came 
(Fig. 1.14). O came é desenhado individualmente para 
cada parte do equipamento, e assim se obtém uma resis-
tência variável durante todo o movimento. O sistema de 
came busca alterar a resistência, de modo que o músculo 
possa suportar uma carga maior – nos pontos em que a o 
ângulo da articulação ou o comprimento do músculo se 
encontra em desvantagem mecânica, o came reduz a re-
sistência ao movimento muscular. Porém, se esse modelo 
realmente cumpre o que prome-
te, isso é questionável. A mudan-
ça da resistência em diferentes 
pontos da amplitude é chamada 
de acomodação da resistência 
ou resistência variável.
Técnicas do exercício de resistência progressiva

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