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Manual Caseiro - Penal II 2019 2

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Sumário 
1. Crimes Contra a Pessoa ........................................................................................................................................... 2 
2. Crimes Contra a Honra .......................................................................................................................................... 74 
3. Crimes Contra o Patrimônio ................................................................................................................................ 118 
4. Crimes Contra a Dignidade Sexual ...................................................................................................................... 181 
5. Crimes Contra a Paz Pública ............................................................................................................................... 213 
6. Crimes Contra a Fé Pública ................................................................................................................................. 222 
7. Crimes Contra a Administração Pública .............................................................................................................. 251 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO PENAL II – PARTE ESPECIAL 
1. Crimes Contra a Pessoa 
Homicídio 
1. Conceito de Homicídio 
Segundo o Professor Rogério Sanches, trata-se da injusta morte de uma pessoa praticada por outrem. Conforme 
proclama Nelson Hungria, homicídio é o tipo central dos crimes contra a vida. É o ponto culminante na orografia 
dos crimes. É o crime por excelência. 
2. Topografia do Homicídio 
➢ Caput: homicídio doloso simples 
➢ § 1º: Homicídio doloso privilegiado 
➢ § 2º: Homicídio doloso qualificado 
➢ § 3º: Homicídio culposo 
➢ § 4º: Majorantes de pena 
➢ § 5º: Perdão judicial 
➢ § 6º: Majorante do grupo de extermínio ou milícia armada (Lei nº 12.720/12) 
➢ § 7º: Majorante para o feminicídio. 
 
2.1 Observações (você não pode deixar de saber!) 
➢ Homicídio preterdoloso 
O homicídio preterdoloso não está previsto ao teor do art. 121 do Código Penal, mas trata-se de uma espécie 
qualificada de lesão corporal, lesão corporal seguida de morte. In casu, o resultado morte ocorre a título de 
culpa. 
Configura lesão corporal seguida de morte, prevista ao teor do art. 129, §3º, do Código Penal, e não sendo crime 
doloso contra a vida, NÃO É JULGADO perante o Tribunal do Júri. 
➢ Homicídio versus Genocídio 
Não se pode confundir homicídio com genocídio! 
O crime de GENOCÍDIO tutela a diversidade humana e, por isso, tem caráter coletivo ou transindividual, não 
atraindo, por si só a competência do Tribunal do Júri. Ocorre que uma das formas de praticar genocídio é por 
meio da morte de membros do grupo. 
A competência constitucional para o julgamento de crimes contra a vida é do júri. Sendo o delito de genocídio 
atraído pelo Tribunal do Júri. 
STF, já decidiu que no caso de genocídio com morte, o agente responde por homicídio mais genocídio, em 
concurso formal impróprio. São bens jurídicos próprios/distintos. 
 
 
 
 
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Lei nº 2889/56 – Genocídio 
“Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, 
como tal: 
a) matar membros do grupo; 
Será punido: 
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra “a”. 
3. Homicídio (art. 121 do Código Penal) 
Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 
3.1 Conduta 
No direito, a morte ocorre com o fim das atividades encefálicas. 
Trata-se de crime de conduta livre. É classificado como crime de conduta livre porque não existe no art. 121 do 
CP um meio específico para se praticar o crime de homicídio. 
O homicídio pode ser praticado tanto por meio de ação quanto por omissão. No tocante a omissão, será praticado 
pelo denominado garantidor, isso porque ele devendo e podendo agir, nada o faz (art. 13, §2º do Código Penal). 
3.2 Sujeito 
3.2.1 Ativo 
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime. Não se exige qualidade especial do 
agente. 
3.2.2 Passivo 
Qualquer pessoa viva pode ser sujeito passivo (vítima) do homicídio. 
O homicídio protege a vida humana extrauterina. Nessa vertente, Rogério Sanches (Código Penal para 
Concursos, 2016, pág. 345) “tutela-se a vida extrauterina, iniciada com o parto”. 
Obs.1: É necessário pelo menos o início do parto para que o crime de homicídio seja possível. Antes do início 
do parto a vida humana intrauterina não é protegida pelo art. 121, mas pelo crime de aborto, conforme será visto 
em sequência. 
 
 
 
 
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ABORTO Homicídio (ou infanticídio) 
Protege a VIDA INTRAUTERINA VIDA EXTRAUTERINA 
 
Obs.2: Quanto ao início do parto, parte da doutrina afirma que ele se dá com a dilatação do colo do útero, 
enquanto outra parcela da doutrina defende que será com o início das contrações. Por fim, doutrina minoritária 
exige o início do desprendimento das entranhas maternas. 
Conforme Rogério Sanches, nas hipóteses em que o nascimento não se produzir espontaneamente, pelas 
contrações uterinas, como ocorre em se tratando de cesariana, por exemplo, o começo do nascimento é 
determinado pelo início da operação, ou seja, pela incisão abdominal. De semelhante, nas hipóteses em que as 
contrações expulsivas são induzidas por alguma técnica médica, o início do nascimento é sinalizado pela 
execução efetiva da referida técnica ou pela intervenção cirúrgica (cesárea). 
Nesse sentido, o STJ – 5ª Turma já se manifestou no HC 228.998-MG, “iniciado o trabalho de parto, não há 
falar mais em aborto, mas em homicídio ou infanticídio, conforme o caso, pois não se mostra necessário que o 
nascituro tenha respirado para configurar o crime de homicídio, notadamente quando existem nos autos outros 
elementos para demonstrar a vida do ser nascente” – Informativo 507, STJ. 
 
3.3 Tipo Subjetivo 
O homicídio poderá ser praticado tanto de forma dolosa (simples, privilegiado e qualificado) quanto culposa 
(culposo). 
Obs.: O homicídio culposo que se dá na direção de veículo automotor, encontra-se tipificado no art. 302 do CTB. 
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para 
dirigir veículo automotor. 
3.4 Consumação 
Trata-se de crime material, consumando-se com o fim das atividades encefálicas, conforme determinado pela 
lei de transplante de órgãos. Assim, de acordo com a Lei nº 9.434, que trata sobre a remoção de órgãos, tecidos 
e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento, a morte acontece com a morte encefálica (art. 
3º, da Lei nº 9.434). 
É crime não transeunte – aquele que deixa vestígios, desafiando exame de corpo de delito, direto ou indireto, 
nos termos do art. 158 e ss do CPP. 
 
 
 
 
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3.5 Ação Penal e Competência 
Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
A competência é do Tribunal do Júri para as modalidades dolosas, e do juiz singular para o homicídio culposo. 
3.6 Observações (você não pode deixar de saber): 
➢ O homicídio contra o presidente da República, da Câmara, do Senado ou do STF que tem motivação 
política encontra-se regulamentado ao teor do art. 29 da Lei nº 7.170/83. A motivação política nessa 
conduta é essencial para a caracterização do delito em comento. 
➢ O crime de homicídio simples só será HEDIONDO quando praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio. Para o Bitencourt, grupo de extermínio é aquele que mata generalizadamente indivíduos 
pertencentes a determinados grupos. 
 
4. Homicídio Privilegiado 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzira pena de um sexto a 
um terço. 
4.1 Natureza jurídica – causa de redução de pena 
Não obstante a nomenclatura de homicídio privilegiado, trata-se, em verdade, de hipótese de diminuição de pena. 
Assim, segundo ensina Rogério Sanches privilégio, nesse contexto, equivale a causa de diminuição de pena. 
Obs.1: Uma vez presentes os requisitos, o juiz DEVE reduzir a pena. A discricionariedade do juiz recai apenas 
quanto ao quantum da diminuição, mas não quanto a sua aplicação. 
 
4.2 Análise das Causas Privilegiadoras 
a) Motivo de Relevante Valor Social 
Cuidado: é imprescindível que o motivo seja relevante! 
Por valor social, deve-se interpretar a situação em que o agente mata alguém para atender aos interesses da 
coletividade. Por exemplo: matar perigoso bandido que ronda a vizinhança. 
Corresponde assim, ao interesse de toda comunidade. O agente mata para preservar os interesses da comunidade. 
Exemplo: indivíduo que mata o traidor da pátria. 
 
 
 
 
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b) Motivo de Relevante Valor Moral 
O relevante valor moral está relacionado a existência de sentimentos nobres de natureza individual. Entende-se 
que há valor moral, quando o agente mata para atender interesses particulares, normalmente relacionados a 
sentimentos de piedade, misericórdia e compaixão. Exemplo: Eutanásia. 
A eutanásia pode ser ativa ou passiva. 
Ativa: quando presentes atos positivos com o fim de matar alguém, eliminando ou aliviando o sofrimento de 
alguém. 
Passiva: se dá com a omissão de tratamento ou de qualquer meio capaz de prolongar a vida humana, 
irreversivelmente comprometida, acelerando a sua morte. 
 
c) Domínio de Violenta Emoção, causada por injusta provocação da vítima 
A última privilegiadora relaciona-se com o estado anímico do agente, conhecido por parte da doutrina como 
homicídio emocional. 
Da simples leitura do dispositivo legal, retiramos os seus requisitos, quais sejam: 
➢ Domínio de violenta emoção; 
➢ Reação imediata; 
➢ Injusta provocação da vítima. 
 
c.1) Domínio de violenta emoção: domínio não se confunde com mera influência de violenta emoção. A 
influência meramente é causa atenuante (art. 65, CP). Com isso quer dizer que a emoção não deve ser leve e 
passageira ou momentânea. 
 ASSERTIVA CESPE: Delegado de Polícia de Alagoas: Considere que José, penalmente imputável, 
horas após ter sido injustamente provocado por João, agindo sob a influência de violência emoção, tenha 
desferido uma facada em João, o que resultou em sua morte. Nessa situação, impõe-se em beneficio de 
José, o reconhecimento do homicídio privilegiado. ERRADO por dois fatos! Primeiro, para que seja 
considerado o privilégio deve ocorrer LOGO EM SEGUIDA, e não horas depois, como afirma a questão. 
No mais, o sujeito estava apenas sob influência e nos termos da legislação é imprescindível que esteja 
sob o DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO. 
 
 
 
 
 
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c.2) Reação imediata (logo em seguida a injusta provocação da vítima): para a configuração do privilégio se 
exige que o revide seja imediato, ou seja, sem intervalo temporal. A reação será considerada imediata, enquanto 
perdurar o domínio da violenta emoção. 
c.3) Injusta provocação da vítima: não significa necessariamente uma agressão, mas qualquer conduta 
desafiadora, mesmo que atípica. 
Exemplo1: Pai que mata o estuprador da filha. 
Exemplo2: Marido surpreende a esposa com outro ou (outra) na cama. 
Atenuante genérica X Causa de diminuição do homicídio 
A causa de diminuição de pena do homicídio não deve ser confundida com a atenuante genérica prevista 
ao teor do art. 65, III, C, 2ª parte do Código Penal. 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
 III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de 
autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto 
da vítima; 
Vejamos: 
 Atenuante Genérica (art. 65, III, c, 2ª parte) Causa de Diminuição do Homicídio (art. 121, §1º) 
Sob a INFLUÊNCIA de violenta emoção, provocada 
por ato injusto da vítima. 
Sob o DOMÍNIO de violenta emoção, logo em 
seguida a injusta provocação da vítima. 
A intensidade é menor (influência). A intensidade é maior (domínio) 
Dispensa o requisito temporal Reação imediata (logo em seguida) 
Aplica-se a qualquer crime Aplica-se ao homicídio doloso 
 
4.2.1 Observações (você não pode deixar de saber!) 
 
➢ A emoção deve ser capaz de retirar o autocontrole do agente. O DOMÍNIO de violenta emoção 
mencionado no §1º não se confunde com a mera influência do estado anímico do agente. 
➢ Não pode haver lapso temporal entre a provocação e o homicídio, a reação é imediata. O dolo 
necessariamente será de ímpeto. 
 
 
 
 
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➢ A jurisprudência afirma ser obrigatória a aplicação da causa de diminuição de pena quando incidente 
uma das privilegiadoras, inobstante o artigo de lei mencione “pode”. Atenção para o caso que a questão 
exigir tão somente a literalidade da lei. 
 
 
5. Homicídio Qualificado 
O homicídio qualificado encontra previsão ao teor do art. 121, §2º, do Código Penal. A pena passará a ser de 
reclusão de 12 a 30 anos. 
O homicídio qualificado diferementemente do simples, em que só será hediondo em uma situação específica, 
é sempre hediondo. Assim, todo homicídio qualificado é crime hediondo. 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo futil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa 
resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a 
defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela 
Lei nº13.142, de 2015). 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
§ 2º - A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
 
 
 
 
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II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Em 2015 as hipóteses de homicídio qualificado foram alteradas pelo advento das leis nº 13.104 e 13.142. 
Atenção: Diferentemente do homicídio simples, o homicídio qualificado é sempre hediondo, não importando a 
qualificadora. Nesse sentido, a Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos). 
Art. 1º - Lei nº 8072/90 - São considerados hediondos os seguintes crimes: I - homicídio (art. 121), quando 
praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio 
qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV, V, VI e VII). 
Observação 
➢ O homicídio pode ser qualificado e privilegiado, quando a qualificadora for de natureza objetiva, ou seja, 
quando diz respeito ao meio através do qual o homicídio é praticado. 
 
#JáCaiuCESPE (CESPE - 2018 - MPU - Analista do MPU – Direito). 
 
Com relação aos crimes em espécie, julgue o item que se segue, considerando o entendimento firmado pelos 
tribunais superiores e a doutrina majoritária. 
Situação hipotética: João, penalmente imputável, dominado por violenta emoção após injusta provocação de 
José, ateou fogo nas vestes do provocador, que veio a falecer em decorrência das graves queimaduras 
sofridas. Assertiva: Nessa situação, João responderá por homicídio na forma privilegiada-qualificada, sendopossível a concorrência de circunstâncias que, ao mesmo tempo, atenuam e agravam a pena. 
É admissível a figura do chamado homicídio híbrido (privilegiado-qualificado), desde que a qualificadora seja 
objetiva, ou seja, relativa aos meios e modos de execução do crime. Assim, admite a compatibilidade entre o 
privilégio e as qualificadoras, desde que sejam de natureza objetiva. 
 
5.2 Análise das Qualificadoras 
a) Mediante Paga ou Promessa de Recompensa, ou POR OUTRO MOTIVO TORPE (interpretação 
analógica) 
O homicídio realizado mediante paga ou promessa de recompensa é denominado de HOMICÍDIO 
MERCENÁRIO. Trata-se de crime de concurso necessário ou plurissubjetivo (número plural de agentes 
obrigatório), posto que deverá ter, necessariamente, a figura do mandante e do executor. 
Nessa modalidade, o executor pratica o crime movido pela ganância do lucro, é dizer, em troca de alguma 
recompensa prévia ou expectativa do seu recebimento (matador profissional ou sicário). Trata-se de delito de 
concurso necessário (ou bilateral), no qual é indispensável a participação de, no mínimo, duas pessoas (mandante 
 
 
 
 
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e executor: aquele paga ou promete futura recompensa; este aceita, praticando o combinado), conforme ensina 
Rogério Sanches. 
Observações: 
Qual a natureza da paga ou promessa de recompensa? 
➢ Para parte da doutrina, a recompensa deve ser de natureza econômica, enquanto que outra parcela defende 
que esta pode ser de qualquer natureza, até mesmo sexual. 
Prevalece o entendimento que deve ser necessariamente de natureza econômica. 
Entende-se como motivo torpe, o motivo vil, ignóbil, repugnante, abjeto (quase sempre espelhando ganância). 
O legislador contemplou exemplos de torpeza, e encerrou elencando uma abertura, ou por outro motivo torpe, 
utilizando-se de interpretação analógica (formula casuística seguida de uma forma genérica). 
Desse modo, contemplamos que o inciso trabalha com interpretação analógica (exemplos seguidos de 
encerramento genérico). Cumpre destacar que não fere o princípio da legalidade, mas novos casos devem guardar 
similitude com os exemplos dado pelo legislador. 
A qualificadora da torpeza se aplica ao mandante, ao executor ou a ambos? 
A jurisprudência majoritária entende que a qualificadora é aplicada tanto ao mandante quanto ao executor, 
corrente minoritária defende que ela só deveria ser aplicada ao executor. 
1ª Corrente: entende que a qualificadora abrange somente o executor, salvo se o mandante também age com 
torpeza. 
2ª Corrente: a qualificadora se aplica ao executor e ao mandante. É a corrente que prevalece, segundo Sanches. 
Todavia, o STJ decidiu – Info. 575 que havendo essa comunicação (possibilidade), ela não será automática. 
Nesse sentido, vejamos o teor do Informativo. 
 
Incidência da qualificadora do motivo torpe em relação ao mandante de homicídio 
mercenário. 
O reconhecimento da qualificadora da "paga ou promessa de recompensa" (inciso I do § 2º 
do art. 121) em relação ao executor do crime de homicídio mercenário não qualifica 
automaticamente o delito em relação ao mandante, nada obstante este possa incidir no 
referido dispositivo caso o motivo que o tenha levado a empreitar o óbito alheio seja torpe. 
 
 
 
 
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STJ. 6ª Turma. REsp 1.209.852-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/12/2015 
(Info 575). 
 
O que decidiu o STJ? 
➢ "A paga ou a promessa de recompensa" é uma circunstância acidental do delito de homicídio, de 
caráter pessoal e, portanto, incomunicável automaticamente aos coautores do homicídio. 
➢ No entanto, não há proibição de que esta circunstância se comunique entre o mandante e o 
executor do crime, caso o motivo que levou o mandante a encomendar a morte tenha sido torpe, 
desprezível ou repugnante. 
➢ Em outras palavras, o mandante poderá responder pelo inciso I do § 2º do art. 121 do CP, desde 
que a sua motivação, ou seja, o que o levou a encomendar a morte da vítima seja algo torpe. Ex: 
encomendou a morte para ficar com a herança da vítima. 
➢ Por outro lado, o mandante, mesmo tendo encomendado a morte, não responderá pela 
qualificadora caso fique demonstrado que sua motivação não era torpe. Ex: homem que contrata 
pistoleiro para matar o estuprador de sua filha. Neste caso, o executor responderá por homicídio 
qualificado (art. 121, § 2º, I) e o mandante por homicídio simples, podendo até mesmo ser 
beneficiado com o privilégio do § 1º. 
Fonte: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/03/info-575-stj2.pdf 
 
Motivo torpe e feminicídio: inexistência de bis in idem. 
Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de 
feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher em situação de violência 
doméstica e familiar. Isso se dá porque o feminicídio é uma qualificadora de ordem 
OBJETIVA - vai incidir sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e 
familiar propriamente dita, enquanto que a torpeza é de cunho subjetivo, ou seja, continuará 
adstrita aos motivos (razões) que levaram um indivíduo a praticar o delito. STJ. 6ª Turma. 
HC 433.898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625). 
 
#JáCaiuDelta (CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia). 
https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/03/info-575-stj2.pdf
 
 
 
 
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- Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz, 
na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de 
seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois 
de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos, Carlos 
fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida. 
Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item. 
 
Na situação considerada, em que Paula foi vitimada por Carlos por motivação torpe, caso haja vínculo familiar 
entre eles, o reconhecimento das qualificadoras da motivação torpe e de feminicídio não caracterizará bis in 
idem. 
 
CERTO. Conforme entendimento exarado no Informativo 625 do STJ. 
 
#Vingança e ciúme são motivos torpes? 
A verificação deve ser feita com base nas peculiaridades do caso concreto. 
Assim, a vingança pode ou não ser torpe, dependendo do caso concreto, embora seja um ato reprovável. Já se 
decidiu quem se vinga da morte do filho, matando o assassino, não age por motivo torpe. (Código Penal para 
Concursos, Rogério Sanches, 2016). Assim, não há uma prévia tipificação, dependendo valoração da causa. 
b) Por motivo fútil 
O motivo fútil é o motivo desproporcional, insignificante, caso em que o agente executa o crime por 
mesquinharia. Por exemplo, homicídio em decorrência de briga de trânsito ou discussão por cobrança de pequeno 
valor. 
É assim, aquele motivo pequeno demais para causar um homicídio. 
Ausência de motivo e não incidência da qualificadora 
➢ Prevalece que a ausência de motivo não qualifica o homicídio, por constituir-se em analogia in malam 
partem, vedada pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro. 
 
Ausência de Motivo equipara-se ao motivo fútil qualificando o homicídio? 
1ª Corrente: a ausência de motivos, equipara-se 
ao motivo fútil. Para referida corrente, seria um 
contrassenso qualificar um homicídio quando 
presente o motivo pequeno, e não qualificar 
quando ausente qualquer motivo. 
2ª Corrente: A ausência de motivo, por falta de 
previsão legal, não se equipara ao motivo fútil. Sob 
os fundamentos de violação ao princípio da 
legalidade e proibição de analogia in malam partem. 
 
 
 
 
 
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Caso concreto julgado pelo STF: 
A vítima iniciou uma discussão com algumas outras pessoas por causa de uma mesa de bilhar. Tal discussão é 
boba, insignificante e, matar alguém por isso, é homicídio fútil.No entanto, segundo restou demonstrado nos 
autos, o crime não teria decorrido da discussão sobre a ocupação da mesa de bilhar, mas sim do comportamento 
agressivo da vítima. Isso porque a vítima, no início do desentendimento, poderia deixar o local, mas preferiu 
enfrentar os oponentes, ameaçando-os e inclusive, dizendo que chamaria terceiros para resolverem o problema. 
Logo, a partir daí os agentes mataram a vítima, não mais por causa da mesa de sinuca e sim por conta dos fatos 
que ocorreram em seguida. 
Segundo noticiado no Informativo, o STF entendeu que “o evento ‘morte’ decorreu de postura assumida pela 
vítima, de ameaça e de enfrentamento”. Logo, não houve motivo fútil. Info 716, STF. 
 
Se o fato surgiu por conta de uma bobagem, mas depois ocorreu uma briga e, no contexto desta, houve o 
homicídio, tal circunstância pode vir a descaracterizar o motivo fútil. Info 524, STJ. 
Cleber Masson fornece um exemplo: 
“Depois de discutirem futebol, “A” e “B” passam a proferir diversos palavrões, um contra o outro. Em seguida, 
“A” cospe na face de “B”, que, de imediato, saca um revólver e contra ele atira, matando-o. Nada obstante o 
início do problema seja fútil (discussão sobre futebol), a razão que levou à prática da conduta homicida não 
apresenta essa característica.” (Direito Penal esquematizado. 3ª ed., São Paulo: Método, 2011, p. 31). 
Vale ressaltar, no entanto, que “a discussão anterior entre vítima e autor do homicídio, por si só, não afasta a 
qualificadora do motivo fútil” (AgRg no REsp 1113364/PE, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, 
julgado em 06/08/2013). Assim, é preciso verificar a situação no caso concreto. Info 524, STJ. 
Obs.: Candidato, o Dolo eventual e motivo fútil é compatível? 
 
 
 
 
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A qualificadora do motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP) é compatível com o homicídio 
praticado com dolo eventual? SIM. O fato de o réu ter assumido o risco de produzir o 
resultado morte (dolo eventual), não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por 
motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo 
que ensejou a conduta. STJ. 5ª Turma. REsp 912.904/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 
06/03/2012. STJ. 6ª Turma. REsp 1601276/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 
13/06/2017. 
 
Obs.: Motivo fútil em homicídio decorrente da prática de racha 
Hipótese de inexistência de motivo fútil em homicídio decorrente da prática de "racha" 
Não incide a qualificadora de motivo fútil (art. 121, § 2°, II, do CP), na hipótese de homicídio 
supostamente praticado por agente que disputava "racha", quando o veículo por ele 
conduzido — em razão de choque com outro automóvel também participante do "racha" — 
tenha atingido o veículo da vítima, terceiro estranho à disputa automobilística. STJ. 6ª 
Turma. HC 307617-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis 
Júnior, julgado em 19/4/2016 (Info 583). 
 
c) Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa 
resultar perigo comum. 
Este inciso também emprega a fórmula casuística inicial e, ao final, usa fórmula genérica, permitindo ao seu 
aplicador encontrar casos outros que denotem insídia, crueldade ou perigo comum advindo da conduta do agente 
(interpretação analógica). – Trabalha com interpretação analógica (exemplos seguidos de encerramentos 
genéricos). 
Observações 
Obs.1: Asfixia é qualquer método para se impedir a respiração. 
Obs.2: Veneno é qualquer substancia capaz de matar quando inoculada no corpo da vítima. 
Segundo Rogério Sanches, o veneno consiste em qualquer substancia biológica ou química, animal, mineral ou 
vegetal capaz de perturbar ou destruir funções vitais do organismo humano. O açúcar, por exemplo, empregado 
em face de um diabético, pode ser considerado um veneno. 
 
 
 
 
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Atenção! Para caracterizar a qualificadora do veneficio, é imprescindível que a vítima desconheça nela está 
sendo ministrada a substância letal. 
➢ Prevalece que por ser exemplo de meio insidioso, o veneno só qualifica quando a vítima não sabe que 
está ingerindo. 
➢ O homicídio praticado por meio da ingestão de veneno é denominado de Venefício. 
 
Obs.3: A tortura é a imposição de sofrimento desnecessário. 
No homicídio qualificado pela tortura existe dolo de torturar e de matar, sendo a tortura utilizada como meio 
de execução. Enquanto que na tortura qualificada pela morte existe preterdolo, ou seja, dolo na tortura e culpa 
na morte. Para melhor compreensão, vejamos o quadro abaixo: 
Homicídio Qualificado pela Tortura (Art. 121, § 
2º, III, CP) 
Tortura Qualificada pela Morte (Art. 1º, § 3º, Lei 
9.455/97) 
Crime Doloso Crime Preterdoloso 
O dolo é de Matar O dolo é de Torturar 
Há dolo de matar e a tortura é o meio de execução 
escolhido para matar. 
Há dolo de torturar e a morte é resultado culposo 
decorrente da tortura. 
Pena → Reclusão, de 12 a 30 anos. Pena → Reclusão, de 8 a 16 anos. 
 
JáCaiuMP (2017 - MPE-RO - Promotor de Justiça Substituto). 
 
O emprego de tortura pode qualificar o crime de homicídio ou caracterizar crime autônomo, dependendo do 
dolo do agente e das circunstâncias do caso concreto. 
 
 
 
Homicídio qualificado pela tortura Tortura com resultado morte 
O agente tem dolo de matar e faz da tortura o meio 
de execução para obter o resultado desejado. 
O agente tem dolo de torturar e a morte é um 
resultado advindo a título de culpa (crime 
preterdoloso). 
 
Obs.3: Utiliza-se também a técnica da interpretação analógica: “ou outro meio insidioso...”. 
d) A traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a 
defesa do ofendido 
Trabalha com a interpretação analógica (exemplos seguidos de encerramentos genéricos). 
Traição, Emboscada e Dissimulação são apenas exemplos de modos que dificultam a defesa do ofendido. 
 
 
 
 
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➢ Traição: é o ataque desleal, por exemplo, atirar na vítima pelas costas. A traição é marcada pela 
deslealdade. 
➢ Emboscada: pressupõe ocultamento do agente, que ataca a vítima com surpresa. 
➢ Dissimulação: o agente oculta sua intenção. 
 
Observação: Não se aplica esta qualificadora - recurso que torne impossível a defesa do ofendido - quando a 
vítima é criança ou pessoa enferma, pois o inciso IV diz respeito ao meio praticado para matar e não a 
característica da vítima. 
A idade da vítima torna o crime qualificado? 
Registramos que a idade da vítima (tenra ou avançada), por si só, não possibilita a aplicação da presente 
qualificadora, porquanto constitui uma característica da vítima, e não um recurso procurado pelo agente. A idade 
é uma característica, condição da vítima! 
Desse modo, o fato de a vítima ter 80 anos de idade ou 2 anos de idade não induz a aplicação da qualificadora 
do recurso que impossibilita ou torna dificultosa a defesa do ofendido, pois a idade da vítima não é recurso, mas 
sim uma condição desta. Então, a idade da vítima, por si só, não possibilita a aplicação da qualificadora, pois 
constitui característica da vítima, e não recurso utilizado pelo agente. 
d) Para assegurar a ocultação, vantagem ou impunidade de outro crime 
Trata-se do homicídio qualificado pela conexão, a qual poderá ser teleológica ou consequencial. 
Nesse sentido, a doutrina subdivide a conexão em teleológica (homicídio praticado para assegurar a execução 
de outro crime, futuro) e consequencial (quando o homicídio visa assegurar a ocultação, a impunidade ou 
vantagem de outro crime, passado). 
a. Conexão teleológica: o agente mata para assegurar a execução de outro crime (futuro). 
Ex.1: A mata segurança para estuprar o artista “B”. 
Obs.1: o crime de homicídio será qualificado ainda que o crime futuro não aconteça. 
Obs.2: o crime futuro não precisa necessariamente ser praticado pelo homicida. 
b. Conexão consequencial: o agente mata para assegurara ocultação ou impunidade ou vantagem de outro 
crime que já aconteceu. 
Ex.2: “A” mata testemunha de crime passado em que figura como suspeito. 
Obs.1: o crime passado não exige identidade de sujeito ativo com o homicídio. Nesse ponto, importante 
salientar que não incide a qualificadora da conexão quando, por exemplo, o crime é praticado para ocultar, 
 
 
 
 
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assegurar a impunidade ou a vantagem de uma contravenção penal. Pois o legislador se restringiu à expressão 
"outro crime", sendo, assim, impossível aplicação da analogia in malam partem. 
#JáCaiuDelta (UEG - 2018 - PC-GO - Delegado de Polícia). 
 
De acordo com o Código Penal, há homicídio qualificado quando for cometido: para assegurar a impunidade 
de outro crime. 
 
c. Conexão ocasional: o homicídio é praticado por ocasião de outro crime, sem vínculo finalístico. 
A doutrina aponta a Conexão ocasional como sendo aquela em que o crime é praticado em virtude da facilidade, 
da ocasião proporcionada pela prática crime anterior. Essa conexão não qualificaria o homicídio também por 
ausência de previsão legal 
Ex.: O agente está estuprando uma pessoa, entra seu desafeto no local e o agente o mata (não há vínculo entre 
os crimes). 
Não se aplica esta qualificadora quando a outra infração for contravenção penal. Assim, matar para assegurar a 
execução, ocultação, impunidade ou vantagem de contravenção penal não qualifica o homicídio pelo inciso V 
(mas pode caracterizar os demais incisos). 
e) Feminicídio 
 
Obs.: Prezado candidato, recentemente tivemos alteração legislativa sobre o tema, em específico, novas 
majorantes ao tipo penal foram inseridas. Dessa forma, chamo a atenção para o conteúdo a seguir exposto. 
 
A Lei nº 13.104 de 2015 inseriu o inciso VI para incluir no art. 121 o feminícidio, entendido como a morte 
de mulher em razão da condição de sexo feminino, leia-se, violência de gênero quanto ao sexo. 
Entrou em vigor em 10 de Março de 2015. Em se tratando de uma lei que agrava a situação do réu, consagra 
uma nova hipótese qualificadora, não pode ser aplicada a conduta praticada antes da referida data. 
Trata-se de homicídio cometido por razões de gênero do sexo feminino (preconceito, descriminação, 
desprezo pela condição de mulher). 
 
 
Feminicídio X Femicídio 
 
 
 
 
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Feminicídio Femicídio 
Praticar homicídio contra mulher por “razões da 
condição de sexo feminino” (por razões de gênero). 
Praticar homicídio contra mulher (matar mulher). 
 
Nesse sentido, o art. 121, § 2º, VI, do CP, trata sobre FEMINICÍDIO, ou seja, pune mais gravemente 
aquele que mata mulher por “razões da condição de sexo feminino” (por razões de gênero). Não basta a vítima 
ser mulher. 
Sujeito passivo 
Para a invocação do crime de feminicídio, há três correntes discutindo o termo mulher. 
Nesse sentido, para uma primeira corrente, mulher para fins de aplicação da qualificadora deve ser empregado 
em seu conceito jurídico, ou seja, aquela definida no registro civil (é a corrente que prevalece). 
Segundo Rogério Sanches (Código Penal para Concursos, Rogério Sanches, 2016) a mulher que trata a 
qualificadora é aquela assim reconhecida juridicamente. No caso de transexual, que formalmente obtém o direito 
de ser identificado civilmente como mulher, não há como negar a incidência da lei penal porque, para todos os 
efeitos, está pessoa será considerada mulher. 
Pode figurar como vítima do feminicídio pessoa transexual? 
Sim, desde que, depois da operação cirúrgica altere seus registros para o sexo feminino. Desse modo, se tiver 
seus registros alterados, poderá ser vítima do crime de feminicídio. 
Por outro lado, há doutrinadores que defendem que deve ser observado o conceito biológico de mulher, sob o 
argumento de que a lei penal demanda aplicação restritiva. Não se inclui, portanto, os transexuais mesmo que a 
mudança de registro tenha sido efetuada. 
Por fim, há os defensores de aplicação do conceito psicológico de mulher. Argumentam assim que, mulher é o 
ser humano que possui identidade de gênero do sexo feminino. Assim, deve-se identificar o gênero conforme a 
identidade psíquica do agente. 
O mero homicídio da mulher, é denominado de femicídio. Haverá feminicídio quando estiverem presentes as 
razões do sexo feminino como causa do delito. 
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
 
 
 
 
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Para parte da doutrina a violência doméstica deve ter sempre uma motivação de gênero, ou seja, é necessário o 
dolo de explorar situação de vulnerabilidade da vítima mulher. 
O crime de feminicídio poderá ser praticado, inclusive, por outra mulher. 
Nesse sentido, expõe Rogério Sanches “a incidência da qualificadora reclama situação de violência praticada 
contra a mulher, em contexto caracterizado por relação de poder e submissão, praticado por homem ou por 
mulher sobre mulher em situação de vulnerabilidade”. 
 
#JáCaiuDefensoriaPública (CESPE - 2018 - DPE-PE - Defensor Público) 
 
Ocorre o feminicídio quando o homicídio é praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, 
como quando o crime envolve a violência doméstica e familiar ou o menosprezo ou a discriminação à condição 
de mulher. 
 
A novel legislativa, contemplou uma hipótese de causa de aumento ao teor do §7º, do art. 121, do Código Penal. 
Senão, vejamos: 
A pena será aumentada no feminicídio, quando praticado contra gestante ou nos três meses posteriores ao parte. 
Cumpre destacar que, o agente deve conhecer desta condição, sob pena de caracterizar responsabilidade objetiva, 
vedada pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro. 
É possível ainda aplicar a majorante, quando a vítima é menor de 14, maior de 60 ou portadora de deficiência 
(tanto a deficiência física quanto mental, pode levar a incidência da causa de aumento). É imprescindível que o 
agente conheça dessa característica, caso contrário, não haverá a aplicação da majorante. 
Por fim, é também causa de aumento, quando este for praticado na presença de descendente ou ascendente da 
vítima. 
No tocante a presença, questiona-se: deve ser física ou pode ser também virtual? 
Para a 1ª Corrente, defendida por Bitencourt a presença deve ser necessariamente física, pois em se tratando de 
direito penal, deve ser feita uma interpretação restritiva. Por outro lado, para uma 2ª Corrente e majoritária 
(Rogério Greco; Rogério Sanches) defende ser possível a presença virtual, desde que simultânea/contemporânea, 
por exemplo, por Skype. 
Com as alterações oriundas da Lei nº 13.771 de 2018, a divergência perde o sentido tendo em vista 
que a própria legislação passou a reconhecer que a presença poderá ser tanto FÍSICA quanto VIRTUAL. 
A Lei nº 13.771/2018 alterou três causas de aumento de pena do feminicídio (art. 121, § 7º do 
Código Penal). 
 
 
 
 
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Vejamos as hipóteses anteriores ao advento da lei e o cenário atual. 
 
Antes da Lei 13.771/2018 ATUALMENTE 
Art. 121 (...) 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 
(um terço) até a metade se o crime for 
praticado: 
Art. 121 (...) 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 
(um terço) até a metade se o crime for 
praticado: 
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses 
posteriores ao parto; 
Não foi alterado. Continua a mesma redação. 
II – contra pessoa menor de 14 (quatorze) anos, 
maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; 
II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, 
maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou 
portadora de doenças degenerativas que 
acarretem condição limitante ou de 
vulnerabilidade física ou mental; 
III – na presença de descendente ou de 
ascendente da vítima. 
III – na presença física ou virtual de 
descendente ou de ascendente da vítima; 
Não havia inciso IV. IV – em descumprimento das medidas 
protetivas de urgênciaprevistas nos incisos I, 
II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 
7 de agosto de 2006. 
 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído 
pela Lei nº 13.104, de 2015); 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de 
doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação 
dada pela Lei nº 13.771, de 2018); 
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 
13.771, de 2018); 
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018) 
 
A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (UM TERÇO) ATÉ A METADE se o crime for praticado: 
 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
 
 
 
 
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21 
Segundo leciona Rogério Sanches, aplica-se a majorante desde o momento em que gerado o feto até três 
meses após o nascimento. O aumento da pena se justifica inclusive nas situações em que demonstrada a 
inviabilidade do feto, pois o objeto da proteção especial é a mulher em fase de gestação, não exatamente o feto. 
 
II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de 
doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; 
O legislador ao se referir à idade da vítima (menor de catorze ou maior de sessenta anos) o dispositivo 
repete o § 4º do art. 121. Ressalta-se, porém, que, nesta majorante, diferentemente daquela do § 4º, em que o 
aumento é fixo em um terço, o aumento é variável de um terço à metade. 
Outra figura da causa de aumento contempla a vítima com deficiência (física ou mental). 
Nessa linha, o conceito de pessoa portadora de deficiência é trazido pelo art. 2º da Lei nº 13.146, de 06 
de julho de 2015. E, com a alteração promovida pela Lei 13.771/18, majora- se também a pena se a vítima tem 
alguma doença degenerativa que provoque limitação ou vulnerabilidade física ou mental, como esclerose 
múltipla, esclerose lateral amiotrófica, Parkinson, Alzheimer, osteoporose, arteriosclerose, diabetes e alguns tipos 
de câncer. 
 
III – na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; 
Expressa o texto legal que o comportamento criminoso ocorra na presença do ascendente ou do 
descendente da vítima. 
A pena imposta ao feminicídio será aumentada se o delito foi praticado na presença (física ou virtual) 
de descendente ou de ascendente da vítima. Aqui a razão do aumento está no intenso sofrimento que o autor 
provocou aos descendentes ou ascendentes da vítima que presenciaram o crime, fato que irá gerar graves 
transtornos psicológicos. 
Diante do atual estágio de interação humana, em que ambientes de presença virtual são capazes de tornar 
a comunicação por meio de áudio e vídeo muito próxima da realidade, já sustentávamos, quando o § 7º foi 
incluído pela Lei 13.104/15, a possibilidade de interpretação extensiva do vocábulo presença para nele abarcar 
outras formas de interação que não a física, como chamadas com vídeo pela internet (Skype, por exemplo). 
Nessa linha, com a modificação promovida pela Lei 13.771/18, a majoração pela presença virtual é 
expressa. 
 
 
 
 
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IV – em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. 
Por meio da Lei 13.771/18, inseriu-se nova majorante para as situações em que o homicida comete o 
crime apesar da existência de medidas protetivas contra si decretadas nos termos da Lei Maria da Penha. O inciso 
I do art. 22 estabelece a medida de suspensão da posse ou restrição do porte de armas; o inciso II consiste no 
afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; e no inciso III temos a proibição de 
determinadas condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando 
o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas 
por qualquer meio de comunicação; c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade 
física e psicológica da ofendida. 
Desde a entrada em vigor da Lei 13.641, em abril de 2018, o descumprimento de medidas protetivas é 
crime punido com detenção de três meses a dois anos, mas, se ocorre no mesmo contexto da prática do homicídio, 
incide apenas a causa de aumento, afastando- se a figura criminosa autônoma diante do bis in idem provocado 
pela imputação simultânea. 
 
Vamos entender melhor esse inciso com um exemplo: 
Carla decidiu se separar de Pedro. Este, contudo, continuou a procurá-la insistentemente e a fazer 
ameaças caso ela não reatasse o relacionamento. 
Diante disso, Carla procurou a Delegacia pedindo que fossem tomadas providências. 
A autoridade policial lavrou o boletim de ocorrência e enviou um expediente ao juiz com o pedido de 
Carla para que Pedro não se aproximasse mais dela (art. 12, III, da Lei nº 11.340/2006). 
O juiz deferiu o pedido da ofendida e determinou, como medidas protetivas de urgência, que Pedro 
mantivesse distância mínima de 500 metros de Maria e não tentasse nenhum contato com ela por qualquer meio 
de comunicação, conforme autoriza o art. 22, III, “a” e “b”, da Lei nº 11.340/2006: 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o 
juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de 
urgência, entre outras: 
(...) 
 
 
 
 
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III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância 
entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; 
(...) 
Na decisão, o magistrado consignou ainda que, em caso de descumprimento de quaisquer das medidas 
impostas, seria aplicada ao requerido multa diária de R$ 100, conforme previsto no § 4º, do art. 22 da Lei nº 
11.340/2006. 
Quais as consequências caso o indivíduo descumpra as medidas protetivas de urgência? 
• é possível a execução da multa imposta; 
• é possível a decretação de sua prisão preventiva (art. 313, III, do CPP); 
• o agente responderá pelo crime do art. 24-A da Lei Maria da Penha: 
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. 
Continuando em nosso exemplo: 
Pedro foi regularmente intimado. Apesar disso, uma semana depois procurou Carla em sua casa pedindo 
para que ela retomasse o relacionamento. Como ela não aceitou, Pedro a matou com uma faca. 
Neste caso, Pedro responderá por feminicídio e incidirá a causa de aumento de pena prevista no art. 121, 
§ 7º, IV, do CP. 
Pergunta: responderá também pelo art. 24-A do CP? 
NÃO. Isso porque o delito do art. 24-A do CP é absorvido pela conduta mais grave, qual seja, a prática 
do art. 121, § 7º, IV, do CP. 
Fazer incidir o art. 24-A da Lei nº 11.340/2006 e também pelo inciso IV do § 7º do art. 121 do CP 
representaria punir duas vezes o agente pelo mesmo fato (bis in idem), o que é vedado. 
Fonte: https://www.dizerodireito.com.br/2018/12/comentarios-lei-137712018-altera-as.html 
 
 
 
https://www.dizerodireito.com.br/2018/12/comentarios-lei-137712018-altera-as.html
 
 
 
 
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#JáCaiuDefensoriaPública (CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Público) 
 
A circunstância do descumprimento de medida protetiva de urgência imposta ao agressor,consistente na 
proibição de aproximação da vítima, constitui causa de aumento de pena no delito de feminicídio. 
 
#JáCaiuInvestigador (INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – Investigador) 
 
Assinale, dentre as alternativas a seguir, a única que NÃO majora de 1/3 até a metade a pena para o autor do 
delito de feminicídio. 
 
A. Praticar o crime nos 5 meses posteriores ao parto. 
B. Praticar o crime contra pessoa menor de 14 anos. 
C. Praticar o crime contra pessoa com deficiência. 
D. Praticar o crime na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima. 
E. Praticar o crime contra pessoa maior de 60 anos. 
 
Alternativa A, é a única hipótese em que a pena não será majorada. Vamos revisar as causas de aumento do 
feminicídio o qual sofreu alterações no final do ano de 2018. 
#NovidadeLegislativa 
 
Art. 121. § 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de 
doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação 
dada pela Lei nº 13.771, de 2018) 
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº 
13.771, de 2018) 
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.771, de 2018) 
 
 
Candiato, é possível que o agente seja condenado pelas qualificadoras do motivo torpe e também pelo 
feminicídio? É possível a incidência das duas qualificadoras em um caso concreto? 
SIM. 
Não caracteriza bis in idem o reconhecimento das qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de 
homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica e familiar. STJ. 6ª Turma. HC 433.898-
RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 24/04/2018 (Info 625). 
 Isso se dá porque o feminicídio é uma qualificadora de ordem objetiva - vai incidir sempre que o crime 
estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita enquanto que a torpeza é de cunho subjetivo, 
ou seja, continuará adstrita aos motivos (razões) que levaram um indivíduo a praticar o delito. 
 
 
 
 
 
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f) Homicídio funcional 
A Lei 13.142/15 alterou o art. 121, § 2º, do CP, nele acrescentando mais uma circunstância qualificadora (VII), 
assim redigida: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau, em razão dessa condição. 
A Lei alterou, ainda, o art. 129, acrescentando ao tipo um novo parágrafo (§12), majorando a pena da lesão 
corporal (dolosa, leve, grave, gravíssima ou seguida de morte) de um a dois terços quando praticada contra 
autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da 
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, 
companheiro ou parente consanguíneo até 3º. grau, em razão dessa condição. 
Por fim, foi alterada a Lei 8.072/90. De modo que, o homicídio e a lesão corporal gravíssima ou seguida de 
morte, quando praticados contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em 
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º. grau, em razão dessa 
condição passam a ser etiquetados como hediondos (inc. I-A). 
A justificativa apresentada pelo Congresso para aprovar a novel Lei pode assim ser resumida: tentar prevenir ou 
diminuir crimes contra pessoas que atuam na área de segurança pública, pessoas que atuam no “front” no 
combate à criminalidade. A mudança, de acordo com a Casa de Leis, é crucial para fortalecer o Estado 
Democrático de Direito e as instituições legalmente constituídas para combater o crime, em especial o 
organizado, o qual planeja criar pânico e o descontrole social, quando um ator do combate à criminalidade é 
vítima de homicídio. 
Além dos motivos expostos, a regulamentação do denominado homicídio funcional é resultado da valorização 
do funcionário público que trabalha com a segurança pública. 
Vejamos as circunstâncias que justificam a punição mais severa. 
a) contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal 
Trata-se de uma norma penal em branco, pois o art. 121, §2º, VII será complementado pela Constituição Federal. 
O art. 142 da CF/88 abrange as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, 
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a 
 
 
 
 
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autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes 
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. 
Já o art. 144 disciplina os órgãos de segurança pública: polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia 
ferroviária federal, polícias civis, polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
Abrange os guardas civis (municipais ou metropolitanos)? 
Segundo o professor Rogério Sanches, entende-se que estariam englobados os guardas civis. (Art. 144, §8º, da 
Constituição Federal). Além disso, o Estatuto das guardas municipais enquadra os guardas civis como 
colaboradores dos órgãos de segurança pública. 
➢ A guarda municipal encontra-se previsto ao teor do art. 144, §8º da CF, logo, o homicídio praticado em 
face deste por razões de sua função, será, igualmente, qualificado. 
 
b) integrantes do sistema prisional 
Abrange não apenas os agentes presentes no dia-a-dia da execução penal (Diretor de Presídio, agentes 
penitenciários, etc), mas também aqueles que atuam em etapas determinadas, por exemplo, membros do 
Conselho Penitenciário, Membros da Comissão de Exame Criminológico. 
➢ Nos integrantes do sistema prisional englobam-se, conforme entendimento da doutrina majoritária, tanto 
os agentes que atuam diretamente na execução (agentes penitenciários, diretor) quanto indiretamente no 
sistema prisional (membros do Conselho Penitenciário, Membros da Comissão de Exame 
Criminológico). 
 
c) integrantes da Força Nacional de Segurança Pública; 
O Departamento da Força Nacional de Segurança Pública ou Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), 
criado em 2004, com sede em Brasília/DF, é um programa de cooperação de segurança pública brasileiro, 
coordenado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), do Min. da Justiça. 
- Polícia da União. 
Atenção: Nos três casos a qualificadora pressupõe que o crime tenha sido cometido contra agente no exercício 
da função ou em razão dela. 
Observação 
Policial Aposentado 
 
 
 
 
27 
27 
➢ Segundo Rogério Greco, e compartilhando desse mesmo entendimento o professor Rogério Sanches, o 
policial aposentado também pode ser sujeito passivo do homicídio funcional, desde que a conduta que 
motivou o homicídio seja praticada quando este ainda se encontrava no exercício de suas funções. In 
casu, o homicídio terá sua aplicação em virtude da segunda modalidade possível de ser praticado do 
homicídio, qual seja, “em razão da função”. 
 
Exemplo: Policial realizou a prisão de determinado sujeito no último dia de seu exercício. Dois anos depois, 
após ser solto aquele procura o policial, e em virtude da prisão realizada a época, realiza o homicídio do policial. 
No exemplo, fica nítido que o homicídio foi em decorrência da função, ainda que praticado só mais adiante 
quandoo sujeito livrou-se solto. 
Para uma segunda corrente, minoritária não compartilha desse entendimento, argumentando que o policial 
aposentado não é mais considerado autoridade, assim, não poderia ser vítima do homicídio funcional. 
d) contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º. grau. 
Os crimes de homicídio e lesão serão punidos mais severamente, de acordo com a Lei 13.142/15, quando 
cometidos contra o cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau dos agentes descritos nas alíneas 
anteriores. 
É indispensável que o crime tenha sido praticado em razão daquela condição, por exemplo, matou para atingir 
indiretamente a figura da autoridade. 
O filho adotivo está abrangido na proteção conferida por este inciso VII? Se um filho adotivo do policial é morto 
como retaliação por sua atuação funcional haverá homicídio qualificado com base no art. 121, § 2º, VII, do 
CP? 
Obs.: Os filhos adotivos não foram abrangidos pela referida lei, estando assim excluídos. 
 
#JáCaiuMP (FCC - 2018 - MPE-PB - Promotor de Justiça Substituto). 
 
O Código Penal qualifica o homicídio doloso quando praticado contra servidores públicos, no exercício de 
atividade de segurança pública. Podem, dentre outros, ser vítimas do crime: integrantes do sistema prisional, da 
Força Nacional de Segurança Pública e do corpo de bombeiros militares. 
 
Art. 121. §2º. VII - Contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da CF/88, integrantes do sistema 
prisional e da força nacional de segurança pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3º grau, em razão dessa condição. 
 
A presente qualificadora foi acrescentada pela Lei 13.142/15. E tem como Sujeitos passivos: 
 
 
 
 
28 
28 
1) Membros das Forças Armadas (Marinha, Exército ou Aeronáutica); 
2) Polícia Federal; 
3) Polícia Rodoviária Federal; 
4) Polícia Ferroviária Federal; 
5) Polícia Civil; 
6) Polícia Militar e corpo de bombeiros militares; 
7) Integrantes do sistema prisional; 
8) Integrantes da Força Nacional de Segurança Pública; 
9) Cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até o 3º grau das autoridades ou agentes listados. Também 
podem ser vítimas os guardas municipais e os agentes de segurança viária, pois foram mencionados no art. 144 
da CF/88 (§8º e 10). 
 
Cumpre destacarmos que em qualquer caso, é imprescindível o nexo (no exercício da função ou em decorrência 
dela), razão pela qual devem ser excluídos os aposentados36. Parentes por afinidades também são excluídos 
por ausência de previsão legal. 
 
Observações finais 
➢ É possível que um homicídio seja qualificado-privilegiado se a circunstância qualificadora for de 
natureza objetiva, lembrando que o privilégio tem sempre natureza subjetiva. 
- Todo privilégio é de natureza subjetiva. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: MPU Prova: CESPE - 2018 - MPU - Analista do MPU - Direito: João, penalmente 
imputável, dominado por violenta emoção após injusta provocação de José, ateou fogo nas vestes do provocador, 
que veio a falecer em decorrência das graves queimaduras sofridas. Nessa situação, João responderá por homicídio 
na forma privilegiada-qualificada, sendo possível a concorrência de circunstâncias que, ao mesmo tempo, atenuam 
e agravam a pena. 
Assertiva foi considerada correta. Nessa esteira, conforme a doutrina e jurisprudência majoritárias, é possível a 
configuração do homicídio privilegiado-qualificado, havendo, inclusive, doutrina que classifica essa hipótese como 
homicídio híbrido. Contudo, para que seja possível a conciliação entre a causa de diminuição de pena e a 
qualificadora, deve ser observado se a qualificadora possui caráter objetivo. Caso ela seja objeti28va, será possível 
a conjugação. Por outro lado, caso seja subje28va, não será possível, uma vez que o privilégio é sempre subje28vo, 
causando flagrante incompa28bilidade. 
➢ Segundo posicionamento do STJ, com relação ao motivo torpe, a vingança pode ou não configurar a 
qualificadora, a depender da causa que a originou. 
 
 
 
 
29 
29 
➢ O STJ tem posicionamento de que a qualificadora da paga ou promessa de recompensa é elementar e, 
por isso, comunica-se ao mandante. AgRg no REsp 912491. 
➢ De acordo com o entendimento majoritário, a ausência de motivo não se confunde com o motivo fútil. 
➢ TJDFT – Decisão - Acordão 90.47181– divergindo da doutrina majoritária, discorreu que a qualificadora 
do homicídio pelo feminicídio seria de natureza objetiva. 
 Premeditação qualifica o homicídio? 
#JáCaiuDelta (CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia). 
Francisco, maior e capaz, em razão de desavenças decorrentes de disputa de terras, planeja matar seu desafeto 
Paulo, também maior e capaz. Após analisar detidamente a rotina de Paulo, Francisco aguarda pelo momento 
oportuno para efetivar seu plano. 
 
A partir dessa situação hipotética e de assuntos a ela correlatos, julgue o item seguinte. 
 
Caso o delito ocorra pouco tempo depois da motivação e do planejamento do crime, a premeditação poderá ser 
considerada uma qualificadora do delito de homicídio. 
 
Errado. O professor Cleber Masson explica que a premeditação “por si só” não qualifica o homicídio, por falta 
de amparo legal. Em qualquer hipótese, entretanto, deve funcionar como circunstância judicial para dosimetria 
da pena-base, nos termos do art. 59, caput, do Código Penal. 
 
Premeditação 
NÃO qualifica o homicídio! Circunstância judicial a ser analisado na 
dosimetria da pena (art. 59, caput). 
 
 
#JáCaiuDefensoriaPública (FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - DPE-MG - Defensor Público) 
 
Sobre os crimes dolosos contra a vida, analise as afirmativas a seguir. 
 
I. De acordo com o STJ, a qualificadora do feminicídio pode coexistir com a qualificadora do motivo torpe, 
pois o feminicídio tem natureza objetiva, o que dispensa a análise do animus do agente, enquanto o motivo torpe 
tem natureza subjetiva, já que de caráter pessoal. 
 
II. O homicídio qualificado-privilegiado, nos termos da jurisprudência predominante do STJ, é considerado 
crime hediondo, porque a qualificadora prepondera sobre o privilégio, pois este é mera causa de diminuição da 
pena. 
 
III. De acordo com entendimento firmado no Superior Tribunal de Justiça, responde por homicídio simples 
aquele que pratica o delito sem motivo, não se admitindo a incidência da qualificadora do motivo fútil pelo 
simples fato de o delito ter sido praticado com ausência de motivos. 
 
IV. A qualificadora do chamado homicídio funcional, de acordo com o texto legal, só abrange o vínculo 
consanguíneo, de forma que ela não incide se a vítima for o filho adotivo do agente de segurança. 
 
 
 
 
30 
30 
 
V. É possível o homicídio qualificado-privilegiado desde que a qualificadora tenha natureza objetiva, já que 
todas as causas de privilégio são de natureza subjetiva. 
 
Está incorreto o que se afirma em 
 
A. III e IV, apenas. 
B. II e IV, apenas. 
C. II, apenas. 
D. I e V, apenas. 
 
Apenas a hipótese II encontra-se errada. 
Aceita a figura do homicídio privilegiado-qualificado, questiona-se: Esse crime é hediondo? Não, de acordo 
com o entendimento dominante. Fundamenta-se esse raciocínio na redação do art. 1.º, inciso I, da Lei 
8.072/1990, que indicou como hediondos somente o homicídio simples, quando praticado em atividade típica 
de grupo de extermínio, ainda que por um só agente (caput), e o homicídio qualificado (§ 2.º), não fazendo 
referência alguma ao privilegiado (§ 1.º). Se não bastasse, as benesses do privilégio afastam a gravidade da 
hediondez. 
 
Observações pontuais: 
 
 Qualificadora do feminicídio é de NATUREZA OBJETIVA: o feminicídio é uma qualificadora de 
ordem OBJETIVA - vai incidir sempre que o crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar 
propriamente dita, enquantoque a torpeza é de cunho subjetivo, ou seja, continuará adstrita aos motivos (razões) 
que levaram um indivíduo a praticar o delito. STJ. 6ª Turma. HC 433898-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado 
em 24/04/2018 (Info 625). 
 
 Ausência de motivo e Motivo fútil: a ausência de motivo equivale a motivo fútil? STF diz que não. E tem 
razão. HC 152.548. A ausência de motivo não é o mesmo que motivo fútil. A ausência de motivo não pode ser 
equiparado ao motivo fútil, querer abranger a ausência de motivos seria uma analogia em malan parten, ferindo 
o princípio da legalidade. 
 
Homicídio Funcional e Filho adotivo: o legislador, ao prever o novel inciso VII cometeu um grave 
equívoco ao restringir a proteção do dispositivo às vítimas que sejam parentes consanguíneas da autoridade ou 
agente de segurança pública, falhando, principalmente, por deixar de fora o parentesco civil. Tivesse o legislador 
utilizado apenas a expressão “parente”, sem qualquer outra designação, poderíamos incluir todas as modalidades 
de parentesco. Ocorre que ele, abraçando a classificação acima explicada, escolheu proteger apenas os parentes 
consanguíneos. Diante do exposto, temos que a qualificadora não incluiu o filho adotivo. 
Corroborando ao exposto, Cleber Masson “o Código Penal excluiu da especial proteção as relações 
oriundas do parentesco civil, notadamente os filhos adotivos. Deveria ter falado somente em “parente até 
terceiro grau”, em respeito à regra contida no art. 227, § 6.º, da Constituição Federal. Nada obstante o vacilo do 
legislador, essa falha não pode ser suprida pelo operador do Direito no plano prático. Em outras palavras, é 
vedada a aplicação da qualificadora quando o homicídio for cometido contra filho adotivo da autoridade ou 
agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, dos integrantes do sistema prisional e da Força 
Nacional de Segurança Pública, pois o Direito Penal não admite a analogia in malam partem”. 
 
 
 
 
 
31 
31 
 
6. Homicídio Culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Trata-se de infração penal de médio potencial ofensivo, admite suspensão condicional do processo – art. 89 da 
Lei dos Juizados Especiais Criminais. 
Aumento de pena 
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra 
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura 
diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena 
é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 
(sessenta) anos. 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração 
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
 
6.1 Conceito 
Segundo ensina Rogério Sanches, o homicídio culposo ocorre quando o agente, com manifesta 
imprudência, negligencia ou imperícia, deixa de aplicar a atenção ou diligência de que era capaz, provocando, 
com sua conduta, o resultado morte, previsto (culpa consciente) ou previsível (culpa inconsciente), jamais 
querido ou aceito. 
a) Imprudência: precipitação, afoiteza. 
Obs.: a imprudência se manifesta concomitantemente ação, ou seja, está presente no decorrer da conduta que 
comina no resultado involuntário. Ex.: conduzir veículo em alta velocidade em dia de chuva. 
b) Negligência: ausência de precaução. 
Obs.: ao contrário da imprudência, a negligência revela-se ANTES de se iniciar a conduta. Ex.: conduzir veículo 
automotor com pneus gastos. 
c) Imperícia: falta de aptidão técnica para o exercício de arte ou profissão. Ex.: condutor troca o pedal do 
freio por pedal da embreagem, não conseguindo parar o automóvel. 
 
 
 
 
 
32 
32 
ATENÇÃO! Na denúncia, o Ministério Público deve apontar a forma de violação do dever de diligência, 
descrevendo no que consiste. 
 
Vamos ESQUEMATIZAR? 
Imprudência 
 
Negligência Imperícia 
É a precipitação, afoiteza, agindo o 
agente sem os cuidados que o caso 
requer. 
É a ausência de precaução. A 
negligência é negativa; omissão. 
É a falta de aptidão técnica para o 
exercício de arte ou profissão. Não 
tem conhecimento. Tem diploma, 
mas não sabe fazer. 
Afoiteza / Precipitação – conduta 
positiva praticada pelo agente que, 
por não observar o seu dever de 
cuidado, causa resultado lesivo 
que era previsível. 
Falta de precaução. É um deixar de 
fazer aquilo que a diligência 
normal impunha. 
Falta de aptidão técnica para o 
exercício de arte ou ofício de 
profissão. Ligada a aptidão 
profissional do agente. É o caso do 
agente que em um determinado 
momento apesar de ser capacitado 
para tal ato age em desacordo com 
o “natural” e causa o dano. 
 
Obs.1: A culpa concorrente da vítima não exime o agente de responsabilidade. O direito penal, diferentemente 
do direito civil, não admite compensação de culpas. 
Obs.2: A culpa exclusiva da vítima, não gera qualquer responsabilidade para o agente. 
 
6.2 Homicídio culposo do CP versus Homicídio culposo do CTB 
O homicídio culposo previsto no código penal não deve ser confundido com o homicídio culposo praticado na 
direção de veículo automotor previsto ao teor do art. 302 do CTB. Na hipótese do art. 302 do CTB, a morte 
deverá ocorrer na CONDUÇÃO do veículo automotor. 
➢ O homicídio culposo do Código Penal admite, em face do quantum de sua pena, a suspensão condicional 
do processo (art. 89, Lei nº 9.099/95), ao passo que, o homicídio culposo do CTB não permite, posto que 
nos termos do art. 89 somente será aplicado quando a pena mínima não ultrapassa um ano, e o art. 302 
do CTB possui pena mínima de 2 anos. 
➢ É imprescindível para a tipificação do homicídio culposo do CTB que o indivíduo esteja na condução do 
veículo automotor. 
 
6.3 Causa de aumento 
 
 
 
 
33 
33 
Nos termos do §4º do Código Penal, no homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime 
resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato 
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. 
a) Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício (negligência profissional) 
 
Negligência Profissional 
 
Imperícia 
O agente tem aptidão para o exercício do mister, mas 
não observa os conhecimentos que possui. 
O agente não tem aptidão para o exercício. 
Demonstra a falta de conhecimento técnico. 
 
 
A negligência profissional, que tipifica a conduta e majora a pena, caracteriza “bis in idem”? 
1ª Corrente: O STF, no HC 86.969/RS afastou a tese do bis in idem. 
Nessa situação, não há que se falar em bis in idem. Isso porque o legislador, ao estabelecer a circunstância 
especial de aumento de pena prevista no referido dispositivo legal, pretendeu reconhecer maior reprovabilidade 
à conduta do profissional que, embora tenha o necessário conhecimento para o exercício de sua ocupação, não 
o utilize adequadamente, produzindo o evento criminoso de forma culposa, sem a devida observância das regras 
técnicas de sua profissão. De fato, caso se entendesse caracterizado o bis in idem na situação, ter-se-ia que 
concluir que essa majorante somente poderia ser aplicada se o agente, ao cometer a infração, incidisse em pelo 
menos duas ações ou omissões imprudentes ou negligentes, uma para configurar a culpa e a outra para a 
majorante, o que não seria condizente com a pretensão legal. Informativo 520, STJ. 
 
2ª Corrente: O STF, no HC 95.078/RJ reconheceu bis in idem. 
b) Omissão de Socorro 
“...ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, 
ou foge para evitar prisão em flagrante”. 
Na hipótese da omissão de socorro servir como causa de aumento,não poderá também configurar o art. 135 do 
Código Penal, evitando-se bis in idem. Trata-se de caso de crime culposo majorado dolosamente. O crime é 
culposo, mas esse é majorado por um crime doloso (omissão de socorro). 
 
 
 
 
34 
34 
Obs.1: Na hipótese da vítima ser socorrida imediatamente por terceiros, não incide a majorante. Salvo, se 
evidente a omissão por parte do agente. 
Obs.2: Morte instantânea da vítima 
Se a vítima tiver morte instantânea, tal circunstância, por si só, é suficiente para afastar a causa de aumento de 
pena prevista no § 4º do art. 121? NÃO. No homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a causa 
de aumento de pena prevista no art. 121, § 4º, do CP, a não ser que o óbito seja evidente, isto é, perceptível por 
qualquer pessoa. STJ. 5ª Turma. HC 269.038-RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 2/12/2014 (Info 554, 
STJ). 
Cuidado! Se o autor do crime, apesar de reunir condições de socorrer a vítima, não o faz, concluindo pela 
inutilidade da ajuda em face da lesão provocada, não escapa do aumento de pena (STF HC 84.380/MG). 
c) Não procura diminuir as consequências do comportamento 
d) Fuga para evitar a prisão em flagrante 
Segundo a doutrina, duas são as razoes da referida causa de aumento. 1º) o agente que foge demonstra a sua 
ausência de escrúpulo; 2º) fica mais difícil investigação e incerta a punição. 
Há doutrina argumentando que essa majorante é inconstitucional, isso porque obrigar o individuo a permanecer 
no local do crime é obriga-lo a produzir prova contra si mesmo, desrespeitando assim o princípio do nemo tenetur 
se detegere. 
Em consonância ao disposto, o STF no Informativo 923 se manifestou sobre a matéria porém no âmbito do CTB, 
mas que pode ser aplicado ao caso em comento. 
O art. 305 do CTB é constitucional e não viola o princípio da não autoincriminação 
A regra que prevê o crime do art. 305 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é constitucional, posto não infirmar 
o princípio da não incriminação, garantido o direito ao silêncio e ressalvadas as hipóteses de exclusão da 
tipicidade e da antijuridicidade. STF. Plenário. RE 971.959/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2018 
(repercussão geral) (Info 923). 
Em que consiste o crime? 
O agente se envolve em um acidente de trânsito e foge do local para não ser identificado e não ter que responder 
a um processo criminal ou uma ação de indenização. 
“(...) o condutor, uma vez verificado o acidente, simplesmente abandona o local, não aguardando a realização 
das providências de identificação dos veículos, dos condutores, e demais anotações, a cargo da autoridade de 
 
 
 
 
35 
35 
trânsito, e mesmo dos outros envolvidos.” (RIZZARDO, Arnaldo. Comentários ao Código de Trânsito brasileiro. 
9ª ed., São Paulo: RT, 2013, p. 627). 
Discussão quanto à constitucionalidade deste crime 
Os Tribunais de Justiça dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul possuíam 
entendimento no sentido de que este crime do art. 305 do CTB seria inconstitucional ou, pelo menos, 
inconvencional. Isso porque ele violaria o direito à não autoincriminação. 
O direito à não autoincriminação é uma decorrência da ampla defesa, prevista no art. 5º, LV e LXIII. 
Além disso, o Pacto de San José da Costa Rica (Convenção Americana de Direitos Humanos), que vige em nosso 
ordenamento jurídico com caráter supralegal, estabelece em seu artigo 8º, inciso II, alínea “g”, que “toda pessoa 
tem direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada”. 
Essa discussão chegou finalmente ao STF. O que decidiu o STF? O art. 305 do CTB é constitucional ou 
não? 
O art. 305 do CTB é constitucional. 
O STF, em repercussão geral, fixou a seguinte tese: A regra que prevê o crime do art. 305 do Código de Trânsito 
Brasileiro (CTB) é constitucional, posto não infirmar o princípio da não incriminação, garantido o direito ao 
silêncio e ressalvadas as hipóteses de exclusão da tipicidade e da antijuridicidade. STF. Plenário. RE 971.959/RS, 
Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2018 (repercussão geral) (Info 923). 
Sendo doloso, por sua vez, o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra 
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
 
6.4 Perdão judicial 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração 
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
O §5º do art. 121 do Código Penal consagra o perdão judicial, que será aplicado quando o homicídio culposo e 
o atinge o agente de forma tão grave que a pena torna-se desnecessária (bagatela impropria). 
Exemplo: Pai que esquece o filho dentro do carro e este vem a falecer. 
Conforme ensina Rogério Sanches, o perdão judicial é o instituto pelo qual o juiz, não obstante a pratica de um 
fato típico e antijurídico por um sujeito comprovadamente culpado, deixa de lhe aplicar, nas hipóteses 
 
 
 
 
36 
36 
taxativamente previstas em lei, o preceito sancionador cabível, levando em consideração determinadas 
circunstâncias que concorrem para o evento. 
Ao conferir o perdão judicial, o Estado está demonstrando a sua ausência de interesse de punir, sendo causa 
extintiva da punibilidade. 
Observações 
➢ O perdão judicial dispensa relação de parentesco ou amizade entre o agente e a vítima. 
➢ O art. 121, §5º do CP, permite o perdão judicial quando o agente sofre as consequências do homicídio 
culposo tornando a pena desnecessária. Permite-se, jurisprudencialmente a aplicação do perdão no crime 
do art. 302 do CTB (homicídio culposo no trânsito), pois o art. 300 que tratava do perdão neste Código 
foi vetado por não ser abrangente o bastante. Assim, aplica-se por analogia o citado §5º do art. 121 do 
Código Penal. 
➢ A sentença que concede o perdão judicial é extintiva da punibilidade e não gera qualquer efeito penal ou 
extrapenal. Nesse sentido, a súmula 18 do STJ: 
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, 
não subsistindo qualquer efeito condenatório. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: STJ Prova: CESPE - 2015 - STJ - Analista Judiciário - Administrativa 
(Segurança): Situação hipotética: Lucas, descuidadamente, sem olhar para trás, deu marcha a ré em seu veículo, em 
sua garagem, e atropelou culposamente seu filho, que faleceu em consequência desse ato. Assertiva: Nessa situação, 
o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se verificar que as consequências da infração atingiram Lucas de forma tão 
grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
Assertiva foi considerada correta. Fundamento: Art. 121 § 5. Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar 
de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal 
se torne desnecessária. 
6.5 Perdão Judicial versus Perdão do Ofendido 
O perdão judicial é conferido pelo juiz, constituindo-se em ato unilateral. Cabível somente nos casos 
expressamente previstos em lei. Trata-se de causa de extinção da punibilidade. 
Por outro lado, o perdão do ofendido é oferecido pelo mesmo, sendo bilateral, sendo necessário ser aceito para 
extinguir a punibilidade, cabível nos crimes de ação de iniciativa privada. 
 
 
 
 
37 
37 
6.6 Natureza Jurídica da sentença concessiva do perdão judicial 
1ª Corrente: Condenatória → argumenta que a sentença, primeiramente condena, para posteriormente conceder 
o perdão. Em sendo condenatória, geraria efeitos penais, interrompe a prescrição e serve de título executivo. 
2ª Corrente: Declaratória extintiva da punibilidade → a referida sentença apenas declara. Assim, não gera efeitos 
penais e extrapenais. Não interrompe a prescrição, bem como, não serve como título executivo. 
Capez ensina que, adotando-se a segunda corrente (Sentença Declaratória

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