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PARECER JURÍDICO Parecer: 001/2020 Processo: 200376-76.2017.8.26.0114 Interessado: Sociedade Empresária Ômega Origem: Departamento Jurídico EMENTA: DIREITO DO TRABALHO - RECLAMAÇÃO TRABALHISTA - RECURSO ORDINÁRIO. PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO. RAZÕES RECURSAIS. CONTRA SENTENÇA DEFINITIVA. POSSIBILIDADE - ESTABELECIDO NO ARTIGO 895, INCISO I DA CLT RELATÓRIO Consulta-me o departamento jurídico, da Sociedade Empresária Ômega, sobre Direito do Trabalho, referente a reclamação trabalhista, indagando-nos sobre diversos aspectos de uma respeitável sentença prolatada pela 100ª Vara do Trabalho de Maceió/AL, da possibilidade de Recurso Ordinário, elaborando petição de interposição e as razões recursais em face da respeitável sentença, formulando os seguintes quesitos: a) Preliminar de incompetência; b) Preliminar de coisa julgada; 2 c) Preliminar de litispendência; d) Prescrição parcial; e) Reintegração; f) Dano moral; g) Carta de referência; h) Participação nos lucros i) Férias; j) Recurso cabível. É o necessário a relatar, em seguida, estudada a matéria, exara-se o opinativo. ANÁLISE JURÍDICA O exame deste Parecer se dá nos termos do Ordenamento jurídico brasileiro, consoante a Consolidação das Leis Trabalhista, subtraindo-se análises que importem considerações de ordem técnica e jurídico-normativo. Cumpre salientar que a presente apreciação restringe-se a sentença em comento. Está previsto no ordenamento jurídico conforme abaixo: Quesito A - Preliminar de incompetência Em relação ao questionamento de preliminar de incompetência, referente ao recolhimento do INSS, tanto as contribuições do empregador, sobre os rendimentos pagos ao trabalhador, quanto às contribuições do empregado podem 3 ser executadas de ofício pela justiça do trabalho, desde que decorrentes da sentença condenatória ou acordo homologado, e sobre os valores especificados. Toda a atenção deve prender-se à interpretação dessa limitação. A decisão que simplesmente reconhece o vínculo de emprego possui natureza declaratória. Se a competência da Justiça do Trabalho para executar as contribuições previdenciárias limita-se às sentenças condenatórias, isso significa que a Justiça do Trabalho só executará as contribuições incidentes sobre as verbas que serão pagas após a condenação e nela definidas, podendo, então, cobrar ou executar de ofício. Ademais, a legitimidade para ajuizar a ação pertinente também muda, passa a ser do órgão que representa a entidade gestora do regime, sendo o INSS, Autarquia Federal, no caso do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), e do órgão competente para execução fiscal dos respectivos entes federados, no caso de Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). O Reclamante não possui legitimidade para ingressar em juízo pessoalmente requerendo a cobrança das contribuições sociais do período (Lei 8.212/1991, Arts. 33 a 39). Amparando-se na norma legal e jurisprudencial para corroborar o acima exposto, fundamenta-se na Súmula Vinculante 53 do STF, na Súmula 368, inciso I, do TST e no artigo 876, parágrafo único, da CLT: (...) STF - Súmula Vinculante 53 - A competência da Justiça do Trabalho 4 prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal alcança a execução de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir e acordos por ela homologados. (...) Tal entendimento foi seguido pelo Tribunal Superior do Trabalho, resultando no texto atual da Súmula 368, I, do TST: (...) TST - Súmula 368. Descontos previdenciários. Imposto de renda. Competência. Responsabilidade pelo recolhimento. Forma de cálculo. Fato gerador. I - A Justiça do Trabalho é competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir 5 e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de contribuição. (...) Nesse sentido, o artigo 876, parágrafo único da Consolidação das Leis Trabalhistas: (...) Art. 876 - As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido recurso com efeito suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de Conciliação Prévia serão executada pela forma estabelecida neste Capítulo. Parágrafo único. A Justiça do Trabalho executará, de ofício, as contribuições sociais previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do caput do art. 195 da Constituição Federal, e seus acréscimos legais, 6 relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir e dos acordos que homologar. (...) Sendo assim, a Justiça do Trabalho não é competente, para de ofício, determinar o recolhimento das contribuições do INSS. Sendo possível essa cobrança através de procedimento administrativo ou ação judicial de Execução Fiscal, promovida pelo próprio INSS, perante a Justiça Federal. Quesito B - Preliminar de coisa julgada Em relação ao questionamento de preliminar de coisa julgada, referente ao prêmio de assiduidade, é essencial destacar que, tanto a preliminar de coisa julgada quanto a de litispendência, decorrem do princípio constitucional da segurança jurídica, previsto no artigo 5º, caput, da Constituição Federal, ao qual visa auxiliar o Poder Judiciário nas suas tomadas de decisões, bem como a evitar demandas repetitivas, sendo elementos da paz social. Amparando-se na norma legal para corroborar o acima exposto, fundamenta-se no artigo 831, parágrafo único, da CLT; artigo 337, inciso VII, §§ 1º e 4º do CPC; artigo 485, inciso V, do CPC e artigo 502 do CPC: (...) 7 Art. 831 - A decisão será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta de conciliação. Parágrafo único. No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas. (...) Conforme disciplina o artigo acima citado, é possível verificar a importância conferida pelo direito processual do trabalho à conciliação, que, segundo prevê o parágrafo único do mesmo diploma legal, o termo de acordo valerá como decisão irrecorrível, significando que as partes sequer podem impugnar o termo de acordo mediante recurso, salvo para Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas. (...) Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) VII - coisa julgada; 8 (...) § 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. (...) § 4º Há coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado. (...) Conforme disciplina o artigo acima citado, ocorre coisa julgada quando se propõe ação que já foi julgada anteriormente, não sendo mais possível debaterações de coisa julgada. Para verificar a coisa julgada, faz-se necessário estar presente, simultânea e identicamente os elementos da ação. Sendo preliminar de contestação, são defesas indiretas da questão final e questão de ordem pública, insuscetíveis de preclusão e podendo ser apreciadas, de ofício, a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição. (...) Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: (...) 9 V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; (...) Conforme disciplina o artigo acima citado, quando confirmada a litispendência ou a coisa julgada, o juízo deve extinguir o processo sem resolução de mérito, sendo tais preliminares para evitar a reanálise do mérito. (...) Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. (...) Conforme disciplina o artigo acima citado, é indiscutível e imutável a decisão de um assunto, no qual foi analisado e julgado o mérito, ou seja a ação julgada com resolução de mérito faz coisa julgada material não podendo ser reapreciada em nova ação. Sendo assim, havendo decisão homologada sobre determinada matéria, no qual foi julgado o mérito, fazendo coisa julgada material, deve o aplicador do direito observar essa decisão que tem força irrecorrível e garantir a segurança jurídica e a paz social. 10 Quesito C - Preliminar de litispendência Em relação ao questionamento de preliminar de litispendência, referente às diárias, é essencial destacar, como no quesito anterior, tanto a preliminar de coisa julgada quanto a de litispendência, decorrem do princípio constitucional da segurança jurídica, previsto no artigo 5º, caput, da Constituição Federal, ao qual visa auxiliar o Poder Judiciário nas suas tomadas de decisões, bem como a evitar demandas repetitivas, sendo elementos da paz social. (...) Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: (...) VI - litispendência; (...) § 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se reproduz ação anteriormente ajuizada. (...) 11 § 3º Há litispendência quando se repete ação que está em curso. (...) Conforme disciplina o artigo acima citado, ocorre litispendência quando se propõe ação processual ao mesmo tempo em que outra ação, idêntica, está em curso, não sendo mais possível debater quando uma das ações é julgada. Para verificar a litispendência, assim como a coisa julgada, faz-se necessário estar presente, simultânea e identicamente os elementos da ação. Sendo preliminar de contestação, são defesas indiretas da questão final e questão de ordem pública, insuscetíveis de preclusão e podendo ser apreciadas, de ofício, a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição. (...) Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: (...) V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; (...) 12 Conforme disciplina o artigo acima citado, quando confirmada a litispendência ou a coisa julgada, o juízo deve extinguir o processo sem resolução de mérito, sendo tais preliminares para evitar a reanálise do mérito. Sendo assim, havendo decisão idêntica tramitando ou homologada sobre a mesma matéria, sendo ou não julgado o mérito quando da tramitação, deve o aplicador do direito observar o disposto no ordenamento jurídico e garantir a segurança jurídica e a paz social. Quesito D - Prescrição Em relação ao questionamento de prescrição parcial, referente ao momento em que foi suscitada, é importante destacar que a prescrição deve ser alegada na primeira oportunidade, podendo ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição, tratando-se da sua natureza de matéria de ordem pública. Sendo uma exceção à regra geral de que toda a matéria de defesa deve ser alegada em um único momento, pois não preclui a sua alegação, podendo, inclusive, ser alegada em momento posterior, observando, contudo, o trânsito em julgado. Amparando-se na norma legal e jurisprudencial para corroborar o acima exposto, fundamenta-se no artigo 193 do CC e na Súmula 153 do TST: (...) Art. 193. A preclusão pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. 13 (...) Nesse sentido, a Súmula 153 do Tribunal Superior Trabalhista, traz o seguinte entendimento: (...) TST Súmula 153. Não se conhece de prescrição não arguida na instância ordinária. (...) Sendo tal entendimento superado em razão das constantes alterações legislativas, as regras que envolvem a prescrição normas de ordem pública, que o juiz deve pronunciar de ofício e a parte pode alegar em qualquer grau de jurisdição, implica que não pode haver restrição temporal para o seu conhecimento. Sendo assim, a prescrição pode ser suscitada em qualquer momento e grau de jurisdição, sem prejuízo às partes e ao processo, pois tratando-se da sua natureza decorrente de ordem pública, visando o superior atingimento da justiça e do bem comum, é uma exceção a regra geral, observando contudo, o trânsito em julgado. Quesito E - Reintegração 14 Em relação ao questionamento de reintegração do ex-funcionário, referente ao cargo de presidência de entidade criada pelos empregados, é essencial destacar que o ordenamento jurídico, consoante as Consolidações das Leis Trabalhistas e a Constituição Federal, prevê situações onde fica vedado a dispensa do empregado em razão de suas funções para cargos de eleição, promovendo a adequada proteção contra ato discriminatório que atente contra a liberdade sindical, nomeadamente o despedindo por motivo de filiação ou atuação sindical.. Amparando-se na norma legal para corroborar o acima exposto, fundamenta-se no artigo 543, § 3° da CLT e na artigo 8° da CF: (...) Art. 543 - O empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação profissional, inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar ou mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho das suas atribuições sindicais. (...) § 3º - Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, 15 a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do seu mandato, caso seja eleito inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação. (...) Conforme disciplina o artigo acima citado, o dispositivo legal visa proibir que o empregador pratique atos obstando as funções, bem como o exercício do mandato sindical pelo empregado, anunciando regras regulamentares para sua efetiva aplicação. Nesse sentido, o artigo 8°, inciso VIII, da Constituição Federal: (...) Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: (...)VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do 16 registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. (...) Sendo assim, o ordenamento jurídico brasileiro, observando a vigente legislação acima indicada, proíbe atos do empregador capazes de obstar o exercício do empregado sindicalizado ou associado, a partir do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional eleito, tais como a demissão, salvo se cometer falta grave. Quesito F - Dano Moral Em relação ao questionamento de dano moral, referente a inscrição do CPF nos serviços de proteção ao crédito, cumpre salientar sobre quando surge a obrigação de reparar. Sabidamente, conforme o nosso ordenamento jurídico, consoante ao Código Civil, todo dano deve ser reparado. A origem do dano decorre de uma ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, sendo uma interpretação extensiva do dano, contudo, vinculado a real prejuízo gerado ao lesado e a quem provocou o dano. Amparando-se na norma legal para corroborar o acima exposto, fundamenta-se nos artigos 186 e 927, ambos do CC: 17 (...) Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. (...) Conforme disciplina o artigo acima citado, caracteriza-se a culpa do agente quando tenha ele agido com imperícia, imprudência ou negligência. Além disso, é necessário que o ato ilícito tenha causado um dano ao terceiro, inexistindo responsabilidade civil sem dano, considerando que toda a responsabilidade civil é permeada pela preocupação em indenizar os danos injustamente causados, uma vez não havendo dano, nada haverá a ser reparado. (...) Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, é obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, 18 ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (...) Conforme disciplina o artigo acima citado, sempre que o agente causar um dano ilícito a outrem, terá o dever de indenizar esse dano, recompondo ou reparando o patrimônio material ou moral do lesado, na exata proporção do dano causado (CC, art. 944). Sendo assim, é necessário que exista um nexo de causalidade entre a conduta do agente e o dano causado para configurar a responsabilidade civil. É o que propõe a teoria da causalidade adequada, que apenas considera juridicamente relevante o nexo de causalidade que existe entre a ação cuja natureza ordinariamente se mostra apropriada e condizente com o tipo de dano causado. Quesito G - Carta de Referência Em relação ao questionamento de carta de referência, referente a entrega de carta de referência ao ex-funcionário para que querendo, busque recolocação no mercado, inexiste dispositivo legal que obrigue a concessão de carta de referência por parte da empresa, não havendo vínculo entre empresa e empregado nesse sentido. Uma vez que não existe lei que obrigue determinada ação, não gera vínculos, sendo esse ato mera cortesia da empresa, salvo se 19 previsto nos acordos e convenções coletivas, visto que na legislação trabalhista, o acordado faz lei entre as partes. Amparando-se na norma constitucional para corroborar o acima exposto, fundamenta-se no artigo 5°, inciso II, da Constituição Federal: (...) Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. (...) Conforme disciplina o artigo acima citado, somente a lei gera deveres e obrigações, sendo esse dispositivo legal princípio constitucional da legalidade, no qual não há crime, nem pena, sem lei anterior que os defina. 20 Sendo assim, não há previsão legal que vincule a empresa aos desejos do empregado, como para a concessão de carta de referência, estando as empresas desobrigadas por lei, conforme a norma constitucional acima citada e ao princípio constitucional da legalidade. Quesito H - Participação Nos Lucros Em relação ao questionamento de participação nos lucros, referente ao previsto na convenção coletiva da categoria, é importante destacar que considera-se caso de suspensão do contrato de trabalho o afastamento da atividade, dentre outros motivos, por doença a partir do 16º dia de afastamento do empregado, considerando-o em licença não remunerada durante o prazo desse benefício. Amparando-se na norma legal e jurisprudencial para corroborar o acima exposto, fundamenta-se no artigo 476 da CLT, artigo 1º da Lei nº 10.101/00 e na Súmula 451 do TST: (...) Art. 476. Em caso de seguro-doença ou auxílio-enfermidade, o empregado é considerado em licença não remunerada, durante o prazo desse benefício. (...) 21 Conforme disciplina o artigo acima citado, é possível verificar que trata-se de hipótese de suspensão do contrato de trabalho, bem como a suspensão da remuneração decorrente da contraprestação oriunda do contrato de trabalho. (...) Lei n° 10.101/00 - Art. 1º. Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7º, inciso XI, da Constituição. (...) Conforme disciplina o artigo acima citado, nota-se que a participação dos trabalhadores nos lucros da empresa, decorre da produtividade destes primeiros, e do incentivo destes últimos, ou seja, há uma relação de resultados decorrentes da produtividade para fazer jus ao incentivo. Tal entendimento foi seguido pelo Tribunal Superior do Trabalho, resultando no texto atual da Súmula 451 do TST: (...) TST - Súmula 451. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. 22 RESCISÃO CONTRATUAL ANTERIOR À DATA DA DISTRIBUIÇÃO DOS LUCROS. PAGAMENTO PROPORCIONAL AOS MESES TRABALHADOS. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 390 da SBDI-1) Fere o princípio da isonomia instituir vantagem mediante acordo coletivo ou norma regulamentar que condiciona a percepção da parcela participação nos lucros e resultados ao fato de estar o contrato de trabalho em vigor na data prevista para a distribuição dos lucros. Assim, inclusive na rescisão contratual antecipada, é devido o pagamento da parcela de forma proporcional aos meses trabalhados,pois o ex-empregado concorreu para os resultados positivos da empresa. (...) Sendo assim, durante o período de suspensão do contrato de trabalho, por motivos de doença, igualmente estão suspensas as remunerações devidas pelo empregador, decorrente de contraprestação oriunda do contrato de trabalho, 23 enquanto o empregado estiver recebendo o benefício de auxílio-doença ou auxílio-enfermidade. Quesito I - Férias Em relação ao questionamento de férias, referente a contagem dos dias de fruição, é vital destacar que a vigente Consolidação das Leis Trabalhista, prevê expressamente o número de dias de gozo de férias, sendo esse número variável em função da assiduidade ao serviço. O período aquisitivo de férias é caracterizado por lapso temporal de 12 meses de vigência do contrato de trabalho, seja por prazo determinado ou indeterminado. A duração das férias corresponde a 30 dias corridos, incluindo quais já são de repouso semanal remunerado. Amparando-se na norma legal para corroborar o acima exposto, fundamenta-se no artigo 130, inciso I da CLT: (...) Art. 130. Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: I – 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes; 24 (...) Sendo assim, as férias, conforme a Consolidação das Leis Trabalhistas, são fruídas em dias corridos, sendo o número de dias de gozo das férias variável em função da assiduidade ao serviço, concedido a cada 12 meses da continuidade do contrato de trabalho. Quesito J - Recurso Cabível Em relação ao questionamento de recurso cabível, referente a sentença prolatada pelo juízo da 100ª Vara do Trabalho de Maceió/AL, cumpre salientar que o nosso ordenamento jurídico, consoante as Consolidações das Leis Trabalhistas, prevê os casos onde são cabíveis os Recursos Ordinários, impetrando petição de interposição e as razões recursais. Amparando-se na norma legal para corroborar o acima exposto, fundamenta-se no artigo 895, inciso I da CLT: (...) Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior: I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e (...) 25 CONCLUSÃO Diante desse quadro, entendo sustentado que: a) deverá ser reformada a preliminar de incompetência absoluta em relação ao recolhimento do INSS, visto que naquele aspecto a sentença não tem cunho condenatório, de modo que a Justiça do Trabalho não tem competência material, conforme fundamenta-se na Súmula Vinculante 53 do STF, na Súmula 368, inciso I, do TST e no artigo 876, parágrafo único, da CLT; b) Deverá ser renovada a preliminar de coisa julgada, porque o prêmio assiduidade foi objeto de acordo devidamente homologado em outro processo, pelo que tem a força de decisão irrecorrível, conforme o art. 831, parágrafo único, da CLT, 337, VII e §§ 1º e 4º do CPC, art. 502 do CPC e art. 485, V, do CPC; c) Deverá ser renovada a preliminar de litispendência quanto às diárias porque este pedido já está sendo apreciado pelo Poder Judiciário em outro processo, pelo que não pode ser novamente julgado, conforme o art. 337, inciso VI, do CPC, 337, § 1º, do CPC e 337, § 3º do CPC e art. 485, V, do CPC; d) Em relação à prescrição, deverá ser sustentado que o instituto pode ser alegado, com sucesso, em razões finais, já que o processo ainda se encontra em instância ordinária, conforme preconiza a Súmula 153 do TST e o artigo 193 do CC; 26 e) Quanto à reintegração, deve ser sustentado que ela é indevida porque o autor não foi eleito dirigente de sindicato, mas de associação interna da empresa, o que não lhe assegura estabilidade, conforme o art. 543, § 3º, da CLT e art. 8º, VIII, da CF/88; f) Em relação ao dano moral, deve ser sustentado que ele é indevido. A análise do período, que vai do atraso salarial até a inserção do nome no cadastro, mostra que a negativação é muito anterior, não havendo então o nexo causal a justificar a responsabilidade desejada, na forma do art. 186 e do art. 927, ambos do Código Civil; g) Sobre a carta de referência, deve ser sustentado que é indevida a sua entrega porque isso não é obrigação prevista em Lei, daí porque o empregador não se vincula ao desejo do empregado, conforme o art. 5º, inciso II, da CF/88! h) Deve ser sustentado, ainda, que a participação nos lucros é indevida, porque o contrato de trabalho, no período que gerou o direito à participação nos lucros (2012 e 2013), estava suspenso por doença, de modo que o empregado não colaborou com a lucratividade, conforme art. 476 da CLT, art. 1º da Lei nº 10.101/00 e Súmula 451 do TST i) Quanto às férias, por Lei elas não são contadas em dias úteis, mas corridos, conforme o art. 130, I, da CLT; j) deverá apresentar um Recurso Ordinário, elaborando a petição de interposição e as razões recursais. Deverá indicar as partes, citar o art. 895, inciso I, da CLT, e indicar o recolhimento das custas e o depósito recursal. 27 É o parecer, ora submetido à douta deliberação superior. Campinas/SP, 03 de Abril de 2020 ________________________________ Marcos Abner S. Felício OAB: 359.654/SP-D
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