Buscar

Dissetação de Mestrado - Risco Sobrecarga Ternica

Prévia do material em texto

Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e 
Medicina do Trabalho - Fundacentro 
Programa de Pós-Graduação Trabalho, Saúde e Ambiente 
 
 
 
 
Rodrigo Cauduro Roscani 
 
 
 
 
 
 
 
 
Risco de exposição à sobrecarga térmica para 
trabalhadores da cultura de cana-de-açúcar 
no estado de São Paulo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2015 
 
 
 
 
Rodrigo Cauduro Roscani 
 
 
 
 
 
 
 
Risco de exposição à sobrecarga térmica para trabalhadores 
da cultura de cana-de-açúcar no estado de São Paulo 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação 
da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do 
Trabalho – Fundacentro, como parte dos requisitos para 
obtenção do título de mestre em trabalho, saúde e ambiente. 
 
 
Área de Concentração: Segurança e Saúde do 
Trabalhador 
Orientador: Prof. Dr. Daniel Pires Bitencourt 
Coorientador: Prof. Dr. Álvaro César Ruas 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus, meu Senhor, pelo amor que eleva. Ele que me deu uma vida abençoada e 
cheia de energia para transformar os desafios em alegrias. 
 
À minha esposa, nossos filhos e meus pais pela ajuda, paciência e pelo sentido que 
à tudo dão. 
 
Aos professores e colegas, pelo papel fundamental no crescimento do bem infinito e 
incorruptível do conhecimento. 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Em primeiro lugar a Deus, que tudo me propiciou: a vida, a família, o mundo 
em que vivemos e a possibilidade de realizar este trabalho. 
À minha amada família, que é a base de tudo: minha esposa Alessandra, que 
batalha comigo a construção dos meus sonhos, partilha alegrias e desafios; nossos 
filhos Enzo e Luca, por entenderem as horas que estive ausente em dedicação ao 
trabalho; meus pais, Walter e Maria Aparecida, pelos princípios e uma vida de apoio 
incondicional. 
Aos Professores Daniel, Álvaro e Paulo: além da orientação, dedicação e 
paciência, por serem fantásticos seres humanos, exemplos de princípios, postura e 
respeito. Mais do que mestres tenho-os como grandes amigos. 
Ao Professor Rodolfo, referência de empenho e dedicação ao respeito 
humano e condição digna para o trabalhador, por me dar a honra de sua 
participação neste trabalho. 
Ao Professor Carlos Sérgio, que adotei como referência desde meu ingresso 
na FUNDACENTRO pelo exemplo de trabalho honesto, pela luta e pelos frutos que 
nos deixou. 
Aos meus colegas do ERCa, importantíssimos, pois participam de todas 
minhas atividades. 
Ao meu amigo Francisco, que, com a música me ajuda a recarregar as boas 
energias e descarregar o peso que, por vezes, insistimos em criar e colocar nas 
costas. 
..... 
Àqueles que, por algum lapso, injustamente não me recordei neste breve 
momento, agradeço também. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Together we stand 
Divided we fall” 
 
Pink Floyd 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
A exposição ao calor excessivo aparece como importante fator de agravo às 
condições laborais dos trabalhadores da cultura de cana-de-açúcar. Para a atividade 
do corte manual de cana, em específico, há ainda elevada geração de calor 
metabólico devido ao desenvolvimento de atividades físicas pesadas. Sem deixar de 
considerar outros importantes fatores, tais como a vulnerabilidade individual à 
ocorrência de doenças, a associação da exposição ao calor e a realização de 
atividade pesada pode levar o indivíduo ao estresse térmico. As consequências 
disso, muitas vezes, estão relacionadas a graves doenças e/ou óbitos desses 
trabalhadores. O objetivo principal deste estudo descritivo e retrospectivo é 
determinar quantitativamente o risco de sobrecarga térmica ao qual os trabalhadores 
do estado de São Paulo foram expostos durante o período de setembro de 2010 a 
agosto de 2014. São considerados os tipos de atividade leve, moderada e pesada, 
previstos na legislação, abrangendo assim todas as atividades de campo 
desenvolvidos nas diferentes fases da cultura. O risco de exposição à sobrecarga 
térmica é quantificado pelo Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG), 
estimado a partir de observações atmosféricas realizadas a cada hora pela rede de 
estações meteorológicas automáticas do Instituto Nacional de Meteorologia 
(INMET). Os cálculos para essa estimativa são realizados por meio do software 
“Sobrecarga Térmica” desenvolvido pela unidade da Fundação Jorge Duprat 
Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho de Campinas. Os resultados são 
apresentados por meio de mapas de frequência e mostram o percentual de dias em 
que o critério legal que utiliza o IBUTG, para atividade contínua, é extrapolado em 
períodos de 1 a 8 horas. A extrapolação destes limites de calor requer legalmente a 
adoção de medidas adequadas de controle para continuidade do trabalho. A 
principal constatação deste estudo é a observância de risco de exposição à 
sobrecarga térmica para os três tipos de atividade (leve, moderada e pesada). Tais 
atividades são diariamente realizadas a céu aberto no estado de São Paulo, 
sobretudo na região de predominância da cultura de cana-de-açúcar. 
 
Palavras chave: Exposição ao calor; Sobrecarga térmica; Estresse térmico; 
Trabalho; Cana-de-açúcar. 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Excessive heat exposure appears as important harm factor to labor conditions of 
sugarcane culture workers. A great metabolic heat generation factor is the heavy 
physical activities developed in labor practices. The combination between the two 
factors: heat exposure and heavy physical activity, is, many times, related to serious 
diseases and/or death for the sugarcane culture workers. This descriptive and 
retrospective study main aim is to quantitatively determinate the heat strain which 
workers in São Paulo state were exposed between 2010 September and 2014 
August. The kinds of activity soft, moderate and heavy, according to current laws, are 
considered in order to include all field activities practiced in every sugarcane culture 
step. The risk of heat strain exposure is quantified by the Wet Bulb Globe 
Temperature (WBGT) index, estimated from atmospheric data, from every hour 
observations made by the automatic meteorological stations net from the National 
Institute of Meteorology. The estimative calculations are made by the “Heat Strain” 
software developed by the Campinas unity from the Work Safety and Health 
Foundation Jorge Duprat Figueiredo. Results are shown in frequency maps that 
present the percentage of days when the legal limits of WBTG index criterion for 
continuous activity is extrapolated for periods from 1 to 8 hours. Those limits 
extrapolations require adoption of adequate control measures in order to retake the 
work activities. The main result of the study is the observed risk of exposition to heat 
strain for activities of the three kinds (soft, moderate and heavy) in roofless rural 
environments of São Paulo state, especially in sugarcane culture predominance 
region. 
 
Keywords: Heat exposure, Heat strain, Heat stress, Work, Sugarcane. 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1. Introdução......................................................................................................09 
1.1 Apresentação.................................................................................................09 
1.2 Justificativa e Relevância do Trabalho........................................................13 
1.3 Objetivos do Trabalho...................................................................................15 
1.3.1 Objetivo Geral..................................................................................................15 
1.3.2 Objetivos Específicos.......................................................................................15 
2. O Estresse Térmico.......................................................................................152.1 Aspectos Teóricos ........................................................................................15 
2.2 O Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG).........................17 
2.3 Relação Calor X Saúde..................................................................................19 
3. Trabalho Rural no Setor Sucroalcooleiro....................................................21 
4. Metodologia....................................................................................................25 
4.1 Área de Estudo e Dados Meteorológicos....................................................25 
4.2 Estimativa do IBUTG.....................................................................................26 
4.3 Software “Sobrecarga Térmica”...................................................................28 
4.4 Método de Análise.........................................................................................31 
5. Resultados e Discussões..............................................................................34 
6. Considerações Finais....................................................................................45 
7. Referências.....................................................................................................47
9 
1 INTRODUÇÃO 
 
1.1 Apresentação 
 
O Brasil é hoje o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e dos derivados 
açúcar e etanol. Esta cultura, introduzida no período colonial, representa ainda hoje, 
um dos principais setores da economia agrícola nacional (BRASIL 2008). Em 2009, 
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção nacional 
foi de 687 milhões de toneladas de cana-de-açúcar (BRASIL, 2009). Neste ano o 
setor sucroalcooleiro empregava cerca de quatro milhões de trabalhadores (VIAN, 
2014). Já para a safra 2014 o IBGE estimou uma produção de 738 milhões de 
toneladas (BRASIL, 2014), dos quais o estado de São Paulo (SP) é responsável por 
cerca de 54,8% da produção de cana-de-açúcar em 2014, ou seja, 404 milhões de 
toneladas. 
A crescente mecanização da colheita no estado de São Paulo, com vistas ao 
atendimento da lei 11.241/02, tem foco ambiental e não de preservação da 
segurança e saúde do trabalhador. Em 2012, a mecanização atingiu 
aproximadamente 73% da área plantada (SETOR, 2013) e, em função da adesão ao 
Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista, há perspectivas por 
parte dos grandes produtores de “acabar com a queima e a colheita manual até 
2014 nas áreas planas e até 2017 nas demais áreas” (ADUBAR FUTURO, 2013). 
Porém, apesar disso, estima-se que ainda em 2013 cerca de 200 mil trabalhadores 
atuaram no corte de cana, sendo a cultura que demandou o maior contingente de 
trabalhadores em SP (G1, 2013). Além disso, há áreas que não são mecanizáveis 
por conta do relevo com inclinações maiores que 12º, e há necessidade da primeira 
colheita manual para que a rebrota não seja prejudicada (VILELA, et al., 2015). A 
inclinação do terreno instabiliza a colheitadeira e prejudica o eficiente controle de 
direção para acompanhar as linhas de cana na colheita, no carregamento ou nos 
tratos culturais. 
Dados de 2006 obtidos do IBGE mostram que aproximadamente 10% da área 
total de produção de cana-de-açúcar em SP não é mecanizável. Há ainda outras 
dificuldades apresentadas pelos pequenos produtores por meio da Associação dos 
10 
 
 
 
Fornecedores de Cana de Guariba - SOCICANA, composta por associados de 3.022 
propriedades distribuídas em 50 municípios, as quais são responsáveis pela 
produção de sete milhões de toneladas (Folha de S. Paulo, 2014). A SOCICANA 
aponta que a mecanização da colheita implica em um inadequado comprimento da 
cana levando à quebra da soqueira (raízes e pequena parte da cana deixada para 
novo brotamento) (CANAL RURAL, 2013) e na perda de produtividade para 
adequação (por exemplo, o aumento do espaçamento entre as fileiras de cana). A 
SOCICANA ressalta ainda que o elevado custo no processo de mecanização 
inviabiliza o negócio sucroalcooleiro. 
Diante disso, a total mecanização da colheita no estado de SP parece não 
apresentar-se como uma realidade próxima. Embora algumas tecnologias tenham 
sido aplicadas aos processos de produção da cana-de-açúcar, as condições de 
trabalho oferecidas aos trabalhadores desta cultura continuam muito precárias. O 
emprego formal tem crescido em SP, mas em índices muito aquém ao aumento da 
produção. Conforme dados recentes (Dezembro de 2012) da Relação Anual de 
Informações Sociais (RAIS) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados 
(CAGED), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), e pela classificação do 
CNAE 2.0 “Cultivo de cana-de-açúcar”, o número de trabalhadores formais em SP é 
de 84.633 trabalhadores. 
De uma maneira geral, todo o contingente de trabalhadores rurais do cultivo 
de cana-de-açúcar desenvolve sua atividade sob péssimas condições de trabalho. 
A poluição no ar provocada pelo processo de queima da cana-de-açúcar é um dos 
fatores que deve ser considerado, pois além de provocar impactos ambientais 
(TATSCH, 2006) também favorece a ocorrência de problemas respiratórios tanto nos 
trabalhadores como na população ao redor do cultivo (RIBEIRO, 2008; CANÇADO, 
2003). Além disso, de acordo com Bitencourt, Ruas e Maia (2012), os trabalhadores 
do corte de cana-de-açúcar, na maioria das vezes, alimentam-se mal, são 
transportados de forma inadequada, não têm controle do processo de rehidratação 
durante a jornada de trabalho e descansam apenas poucos minutos após 
alimentarem-se. Esses trabalhadores não dispõem de todos os Equipamentos de 
Proteção Individual (EPI) necessários e frequentemente improvisam para evitar 
11 
 
 
 
danos físicos. O local do cultivo geralmente não possui equipamentos de primeiros 
socorros, condições mínimas de higiene e instalações sanitárias. 
Especificamente com relação ao trabalho de corte manual, é importante 
salientar que se trata de uma atividade pesada. Juttel (2008) detalha esta atividade 
diária através da quantificação da decomposição de movimentos: A cada jornada de 
trabalho, são 3.792 golpes de facão, 3.994 flexões de coluna no corte de cerca de 
11,5 toneladas de cana. Devem-se também considerar os fatores de organização no 
trabalho que podem promover o estresse térmico. Um dos mais importantes neste 
processo é a remuneração por produção (ALESSI; NAVARRO, 1997), pois a 
expectativa de um ganho financeiro maior leva o trabalhador a ignorar os alertas 
fisiológicos, podendo ocasionar a exaustão e consequentes danos agudos e 
crônicos à sua saúde. Este risco é acentuado pela competitividade estimulada entre 
os colegas e pela pressão hierárquica (ALVES, 2006). Alessi e Navarro (1997) 
destacam a extensa jornada de trabalho, a intensificação do ritmo de trabalho, o 
decréscimo real do valor dos salários e o descumprimento dos direitos trabalhistas 
como fatores marcantes nas características gerais do trabalho no campo. 
A troca térmica entre o corpo dos trabalhadores da cana-de-açúcar e o 
ambiente é prejudicada pela vestimenta típica utilizada nessa atividade, podendo 
agravar o estado de estresse ao calor. O calor interno gerado pela atividade física 
somado ao calor recebido do ambiente favorece a sobrecarga térmica, podendo ser 
responsável pelas chamadas doenças do calor. Dependendo das características 
individuais de cada trabalhador, as doenças do calor podem se manifestar por meio 
de sintomas comportamentais, tais como irritabilidade e confusão mental, ou através 
de sinais físicos nítidos na forma de câimbras, fadiga severa repentina e outros. No 
caso de falência do sistema termorregulador do corpo há risco de morte, conforme 
abordado por Bitencourt, Ruas e Maia (2012). 
A preparação da terra, plantio e tratos culturais apresentam cenários menos 
severos em termos de sobrecarga térmica quando comparados à atividade dacolheita (corte manual da cana-de-açúcar). No entanto, também se faz necessário o 
monitoramento da sobrecarga térmica, pois a exposição ao calor em ambientes 
12 
 
 
 
externos pode ultrapassar os limites legais de tolerância estabelecidos, 
independentemente da atividade física realizada. 
Apesar de haver evidências de que o calor é uma causa importante de 
severidade das atividades laborais, sendo inclusive responsável por inúmeras 
mortes (PAIXÃO e NOGUEIRA, 2003; BITENCOURT, RUAS e MAIA 2012), há 
poucos estudos relacionando cientificamente o efeito do calor sobre os 
trabalhadores que exercem alguma atividade específica, sobretudo no caso dos 
cortadores de cana. Para outras atividades, no entanto, existem estudos 
relacionando a exposição laboral ao calor com os agravos à saúde. Na Tailândia, 
por exemplo, Tawatsupa et al. (2012) observaram uma relação do calor com as 
doenças renais. Sett e Sahu (2014) relacionaram os efeitos do calor com o 
decaimento da produtividade no sistema produtivo de tijolos na Índia. No Canadá, 
Jay e Kenny (2010) caracterizaram os riscos de sobrecarga e possível estresse 
térmico pelo aumento da temperatura interna do corpo por volta de 3 ºC. 
A maioria das atividades de produção agrícola, incluindo o cultivo de cana-de-
açúcar, é realizada a céu aberto. Portanto, as atividades dos trabalhadores são 
influenciadas tanto pelas condições de solo como pelas condições atmosféricas. 
Irregularidades no solo e terrenos muito íngremes são exemplos de características 
na superfície que podem oferecer risco à saúde e segurança dos trabalhadores da 
cultura canavieira por exigir maior esforço, o que pode resultar em um maior 
aquecimento do corpo. Já as condições adversas de tempo, tais como frio intenso 
ou tempestades acompanhadas de rajadas de vento, granizo e/ou descargas 
elétricas, são fatores atmosféricos que também podem trazer elevado grau de risco 
para esses trabalhadores. Contudo, o foco de estudo do ambiente de trabalho aqui 
considerado diz respeito somente às variabilidades espacial e temporal das 
condições atmosféricas responsáveis pelo calor extremo e, consequentemente, pela 
sobrecarga térmica. A avaliação desse parâmetro pode ser feita através da análise 
da combinação das variáveis temperatura, umidade, radiação solar e velocidade do 
ar. 
 
 
13 
 
 
 
1.2 Justificativa e Relevância do trabalho 
 
 As constatações a respeito da exposição laboral de trabalhadores com 
atividade a céu aberto, devido às condições atmosféricas, incluindo o calor, são 
abordadas ao menos desde o séc. XVII na publicação “As doenças dos 
trabalhadores”, de Bernardino Ramazzini, nos idos de 1.700. Ramazzini cita na 
tradução de sua obra publicada em 2000, pela Fundacentro, o seguinte trecho do 
capítulo XXXVIII: 
 
[...] expostos à inclemência do tempo, enquanto realizam as fainas 
campestres, açoitados pelos ventos quer do norte, quer do sul, 
molhados pelas chuvas e pelos orvalhos noturnos, ou tostados pelo 
sol estival, ainda que sejam fortes, rijos de natureza, não podem 
suportar tão grandes variações, hora gelados, hora derretidos em 
suor. (RAMAZZINI, 2000 p. 197). 
Nos dias de hoje há normas e leis que regulamentam os limites de exposição 
ao calor por parte dos trabalhadores. Exemplos disso são as normas ISO 7243, que 
descreve o Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG), e o Anexo 3 da 
Norma Regulamentadora de Segurança e Higiene do Trabalho (NR 15), que define o 
IBUTG como parâmetro para determinação dos limites de exposição, considerando 
ainda o regime de trabalho e as condições de sua execução com relação à atividade 
física executada. 
A NR 15 define que as medições de IBUTG sejam feitas no local onde o 
trabalhador executa suas atividades. Entretanto, para o caso de atividades a céu 
aberto, quando se trata de áreas de grandes extensões e de elevado número de 
trabalhadores, como é o caso das áreas rurais onde há cultura de cana-de-açúcar, 
surgem dificuldades finaceiras e de pessoal técnico para o monitoramento do 
IBUTG, tal como é estipulado na Norma Regulamentadora 9 – Programa de 
Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA (NR 9). Neste sentido, torna-se importante 
a utilização de métodos de estimativa dos valores de IBUTG, calculados a partir de 
outras variáveis ambientais observadas rotineiramente por estrutura já estabelecida 
e operacional nas áreas rurais, tais como as variáveis atmosféricas observadas por 
redes de estações meteorológicas. 
14 
 
 
 
Neste sentido, alguns métodos de estimativa do IBUTG têm sido propostos na 
literatura e testados em várias partes do mundo. Lemke e Kjellstrom (2012) 
revisaram e testaram os métodos de Dernedde e Gilbert (1991), Bernard e 
Pourmoghani (1999), Hunter e Minyard (1999), Tonouchi, Murayama e Ono (2006), 
Liljegren et al. (2008), Gaspar e Quintela (2009) e o de ABM (2013), os quais 
utilizam dados meteorológicos observados por equipamentos padronizados para a 
estimativa do IBUTG. O critério adotado no estudo de Lemke e Kjellstrom (2012) 
apontou o método de Bernard e Pourmoghani (1999) como o de melhor performance 
para estimativa do IBUTG em ambientes internos e o método desenvolvido por 
Liljegren et al. (2008) como o de melhor performance para estimativa do IBUTG em 
ambientes externos. Posteriormente, Patel, Mullen e Santee (2013), ao testarem os 
métodos de Matthew, Santee e Berglund (2001) e de Liljegren et al. (2008), 
concluiram que este último, apresentado em 2008, é um método aceitável para 
estimar IBUTG, porém, com necessidades de verificação sob outras condições 
ambientais diferentes daquelas testadas. Mais recentemente, Maia, Ruas e 
Bitencourt (2015) apresentaram um método de estimativa do IBUTG para o Brasil, 
utilizando série de dados observados no estado de São Paulo. Os autores 
compararam o desempenho deste método com aquelas apresentadas por Patel, 
Mullen e Santee (2013) e concluiram que o método brasileiro possui similar 
performance ao método de Liljegren et al. (2008) e melhor performance quando 
comparado com o método de Matthew, Santee e Berglund (2001). 
Os esforços das comunidades científicas internacional e nacional para o 
desenvolvimento de métodos de estimativa de IBUTG convergem para um resultado 
em comum, que é viabilizar o monitoramento do risco de sobrecarga térmica, frente 
às dificuldades de monitoramento in loco. Portanto, diante da possibilidade de 
aplicação destes métodos, em especial o método proposto por Maia, Ruas e 
Bitencourt (2015) para o Brasil, e com vistas à aplicabilidade prática do 
monitoramento do risco de sobrecarga térmica, dá-se a importância do estudo aqui 
proposto. Como são extremamente recentes as possibilidades de monitoramento do 
IBUTG em grandes áreas e longos períodos, são raros os trabalhos no Brasil 
abordando o risco ao estresse térmico em áreas externas. Esta abordagem justifica-
se ainda mais se consideramos as atividades laborais realizadas no plantio de cana-
de-açúcar, visto o tipo de atividade exercida por estes trabalhadores. 
15 
 
 
 
1.3 Objetivos do trabalho 
 
1.3.1 Objetivo geral 
 
 Quantificar espacialmente para o estado de SP o risco de sobrecarga térmica 
que trabalhadores da cultura de cana-de-açúcar foram expostos durante um período 
de quatro anos. 
 
1.3.2 Objetivo específico 
Abordar as condições gerais de trabalho do setor sucroalcooleiro, em 
especial, das atividades da cultura de cana-de-açúcar. 
Estimar o Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG) a partir de 
dados atmosféricos observados a cada hora na rede de estações meteorológicas do 
INMET. 
Avaliar o ambiente e as condições de trabalho desses trabalhadores, focando 
os riscos à saúde e segurança devido à exposição ao estresse térmico. 
 
2 O ESTRESSE TÉRMICO 
 
2.1 Aspectos teóricos 
A energia interna é produzida continuamente pelo corpo humano a partir da 
transformação dos alimentos. Partedessa energia é consumida na manutenção das 
funções fisiológicas vitais, como os movimentos involuntários de respiração ou 
batimentos cardíacos. Outra parte é consumida na realização de atividade muscular 
voluntária, como andar ou manusear objetos. O restante da energia é liberado na 
forma de calor. Grande parte deste calor vem dos órgãos profundos, principalmente 
o cérebro, o coração e o fígado, além dos músculos esqueléticos quando executam 
atividade física (BUZANELLO, 2003). Quanto maior a quantidade de atividade física, 
maior a quantidade de calor gerada (RUAS, 1999). Quantitativamente, a eficiência 
energética muscular é da ordem de 20%, ou seja, produz-se 5 kW de calor a cada 1 
kW de trabalho realizado (HYATT; LEMKE; KJELLSTROM, 2010). 
16 
 
 
 
Para a manutenção do funcionamento saudável do organismo, é necessário 
que ocorra equilíbrio do calor gerado com o dissipado, mantendo a temperatura do 
corpo em valores normais. Pode-se calcular essa troca de calor pela equação abaixo 
(RUAS, 1999): 
 
 
onde Cmet é a parcela da energia metabólica transformada em calor (W/m²); Cconv é o 
Calor trocado por convecção (W/m²); Crad é o Calor trocado por radiação (W/m²); Cev 
é o Calor perdido por evaporação do suor (W/m²) e Q é o Calor total trocado entre o 
corpo e o ambiente (W/m²). 
 
Figura 1: Troca de calor do corpo com o ambiente 
 
Fonte: adaptado de Buzanello (2003) 
Quando a quantidade de calor liberada para o ambiente (Q) é menor do que a 
soma da quantidade de calor gerada pelo organismo com a quantidade de calor 
recebida de fontes externas, a temperatura do corpo tende a aumentar levando o 
indivíduo ao desconforto térmico. Isto pode ainda evoluir ao estresse térmico, 
causando debilidade do estado geral de saúde, alterações das reações 
psicossensoriais e queda de produção (LAMBERTS, 2002). Em casos extremos, o 
estresse térmico pode até levar a pessoa à morte. 
 
17 
 
 
 
2.2 O Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG) 
 
O Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG) é o principal 
parâmetro de análise para a quantificação do estresse térmico. O IBUTG foi 
desenvolvido por Yaglou e Minard (1957) inicialmente para estudar as relações entre 
o calor e suas consequências fisiológicas durante treinamentos militares. É o índice 
legal apresentado na NR 15 e também é descrito pela norma ISO 7243, tendo 
aprovação mínima de 75% dos países membros da ISO. A utilização do IBUTG na 
análise de sobrecarga térmica laboral pode ser identificada em estudos de diversas 
regiões do mundo, tais como na Costa Rica (CROWE et al., 2010) ou no sudeste 
asiático (KJELLSTROM, LEMKE e OTTO, 2013). O IBUTG é dado por: 
 
 ( ) ( ) (1) 
e 
 ( ) ( ) ( ) (2) 
 
onde, a equação 1 é utilizada para ambientes internos ou externos sem carga solar 
e a equação 2 é utilizada para ambientes externos com carga solar. O Tn é a 
temperatura de búlbo úmido “natural”, Tg é a temperatura de globo e T é a 
temperatura do ar. 
São considerados os parâmetros legais do IBUTG descritos nas tabelas 1, 2 e 
3, extraídos do anexo nº 3 (limites de tolerância para exposição ao calor) da Norma 
Regulamentadora nº 15 - Atividades e operações insalubres (NR15) do Ministério do 
Trabalho e Emprego (MTE). 
18 
 
 
 
Tabela 1 – Taxas de metabolismo por tipo de atividade
 
Fonte: Adaptado de Brasil, Ministério do Trabalho e Emprego 
 
Tabela 2 – Limites de IBUTG em função da taxa de metabolismo 
 
Fonte: Adaptado de Brasil, Ministério do Trabalho e Emprego 
 
Tipo de Atividade Kcal/h
Sentado em repouso 100
 Trabalho Leve
Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.: datilografia)....................... 125
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir)............................... 150
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços................ 150
 Trabalho Moderado
Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas....................................................... 180
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação....................... 175
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação............. 220
Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar.......................................... 300
 Trabalho Pesado
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remoção com pá).... 440
Trabalho fatigante.......................................................................................................... 550
Metabolismo 
(Kcal/h)
Limite de 
IBUTG (◦C)
175 30,5
200 30,0
250 28,5
300 27,5
350 26,5
400 26,0
450 25,5
500 25,0
19 
 
 
 
Tabela 3 – Determinação de intermitência de regimes de trabalho em função do 
IBUTG e do tipo de atividade em realização 
 
Fonte: Adaptado de Brasil, Ministério do Trabalho e Emprego 
 
2.3 Relação Calor X Saúde 
 
O indivíduo passa a sofrer algum sintoma de prejuízo à saúde quando há 
sobrecarga térmica, ou seja, quando a carga de calor recebida pelo corpo passa a 
ser crítica. A sobrecarga térmica é resultante das contribuições do calor metabólico, 
(produzido pelo próprio corpo e que tem influência direta do tipo de atividade 
desenvolvida) e dos fatores ambientais, tais como a temperatura do ar, umidade do 
ar, velocidade do ar e radiação (ou calor radiante) solar. As vestimentas exigidas 
para o trabalho também fazem parte dos aspectos agravantes à sobrecarga térmica 
e devem ser considerados. A sobrecarga térmica ocorre quando o corpo sai de seu 
equilíbrio térmico, isto é, recebe mais calor do que pode dissipar, causando seu 
aquecimento a temperaturas acima de 38 °C. Quanto maior a temperatura do corpo, 
maiores são os efeitos fisiológicos provocados pelo calor. 
Os sintomas iniciais nas pessoas expostas ao calor excessivo podem ser 
detectados quando a pele começa a ficar seca e quente, ou podendo ser verificada 
Leve Moderada Pesada
Trabalho Contínuo até 30 até 26,7 até 25,0
45 Minutos de Trabalho
15 Minutos de Descanso
30 Minutos de Trabalho
30 Minutos de Descanso
15 Minutos de Trabalho
45 Minutos de Descanso
Não é peremitido o trabalho 
sem adoção de medidas 
adequadas de controle
acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0
30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
Regime de Trabalho 
Intermitente com Descanso 
no Próprio Local de Trabalho 
(por hora)
Valor Limite de IBUTG por Tipo de Atividade
30,1 a 30,6 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9
20 
 
 
 
sudorese profunda, calafrios, dor de cabeça e fadiga severa, causando desconforto 
e afetando negativamente o desempenho e a segurança no trabalho. Em estágios 
mais avançados, o indivíduo pode ainda apresentar fala ininteligível e sofrer 
alucinações, confusão mental, tonturas e desmaios. Estes sintomas podem evoluir 
para a insolação, que é doença mais grave decorrente do calor e, se não for tratada 
de imediato, pode leva à morte. 
 A associação entre a exposição ao calor e a saúde é encontrada em muitos 
trabalhos científicos. Há estudos que verificam agravos ou alterações nas respostas 
fisiológicas de órgãos ou sistemas do corpo humano, relacionados à exposição ao 
calor. Como exemplos, cita-se: 
 
 Complicações renais são relatadas no trabalho de Tawatsupa et al. (2012); 
 Consequências cardiovasculares são abordadas nos trabalhos de Barbosa 
(2011), Barbosa et al. (2012) e Sett e Sahu (2014); 
 Disfunções cognitivas são identificadas por Jay e Kenny (2010); 
 Diversos sintomas são identificados por Bethel e Harger (2014), tais como 
erupções cutâneas, cãibras e espasmos musculares, tonturas, desmaios, 
dores de cabeça, sudorese severa, fadiga e extrema fraqueza, náuseas e 
vômito e estado de confusão. 
Além disso, há trabalhos que fazem a associação do calor com aumento da 
taxade morbidade e mortalidade. O recente trabalho de Todd e Valleron (2015) 
relacionou a mortalidade com a temperatura na França entre 1968 e 2009. Os 
autores encontraram uma forte correlação das curvas de temperatura–mortalidade, 
apesar de também perceberem alguns fatores de adaptação humana às mudanças 
climáticas em termos de aumento da temperatura. Para os Estados Unidos, Basu e 
Samet (2012) fizeram uma revisão sob o aspecto epidemiológico da mortalidade 
relacionada ao calor, cujos estudos são reportados desde primórdios do século XX. 
Basu e Samet (2012) identificam, por exemplo, que exposições ao calor intenso por 
mais de três semanas provocam significantes mudanças nas taxas de mortalidade, 
especialmente para faixa-etárias mais avançadas. Já o estudo de Mirabelli e 
Richardson (2005) identifica entre 1977 e 2001 no estado da Carolina do Norte, nos 
21 
 
 
 
Estados Unidos, registros de 161 mortes relacionadas com o calor, sendo 40 no 
local de trabalho, e, especificamente em fazendas ou propriedades rurais, 16 casos. 
 
3 O TRABALHO RURAL NO SETOR SUCROALCOOLEIRO 
 
Muitos estudos identificam o estresse térmico como importante risco, seja no 
ambiente industrial ou agrícola. Contudo, a complexidade dos cenários e situações 
sob as quais os trabalhadores executam suas tarefas dificulta a coleta de dados 
para avaliação do estresse térmico (Dash e Kjellstrom, 2011). Além disso, os 
sintomas geralmente muito associados com o calor como edemas de membros 
inferiores e cãibras, se dão de forma inespecífica e de caráter progressivo 
(BARBOSA, 2011). Barbosa (2011) ressalta que a evolução do quadro a sintomas 
de exaustão com bradicardia, hipotensão e síncope pode levar à morte do indivíduo 
se não forem tomadas medidas em tempo hábil de reversão e, ainda, aborda as 
complicações renais como consequências do esforço físico demandado pelo 
trabalho do corte de cana, que associado à hipertermia e outros fatores pode levar à 
insuficiência aguda. 
É esperado um nível significativo de risco à saúde na combinação da 
atividade física severa do corte aliado às condições ambientais visto que, 
especificamente para os trabalhos da cultura canavieira da Costa Rica, com foco na 
exposição laboral ao calor, Crowe et al. (2010) constataram que existe claro risco de 
estresse térmico, mesmo quando os trabalhos não apresentam características 
físicas extremas, somente pelas condições de clima. 
 A seguir são abordados alguns aspectos mais importantes no trabalho rural 
do cultivo de cana-de-açúcar, associados ao risco de exposição à sobrecarga 
térmica. 
As tarefas laborais associadas a atividades físicas apresentam um risco 
potencialmente maior de estresse térmico por requererem a dissipação de uma 
maior quantidade de calor (JAY e KENNY, 2010). 
22 
 
 
 
Como exemplos de atividades realizadas pelos trabalhadores da cultura de 
cana-de-açúcar podem-se citar: 
 Na fase de preparação do solo: a destoca (retirada de tocos e raízes 
do solo), o enfileiramento da palha (amontoamento da palha para expor 
a faixa de solo onde se fará o plantio) e a gradagem (quebra de blocos 
de terra e nivelamento do solo) (EMBRAPA 2, 2000). Estas atividades, 
no caso do trabalhador estar apenas conduzindo veículos, podem ser 
caracterizadas como atividades do tipo leve; 
 Nos tratos culturais, que devem ser permanentes e, cujo os períodos 
mais críticos são os primeiros 90 dias do estabelecimento da cultura: 
capinas manuais (trabalho do tipo pesado) ou mecânicas (trabalho do 
tipo leve) que visam evitar ataques de pragas e doenças ou 
estabelecimento de plantas invasoras (EMBRAPA 2, 2000); 
 No plantio: assim como na capina, há modalidades de plantio manual e 
mecânico, assim, podem-se ter atividades variando do tipo leve ao tipo 
pesado. São basicamente três etapas: corte de mudas, distribuição nos 
sulcos e cobertura. O plantio, havendo a possibilidade de certas 
modalidades de irrigação, pode ocorrer o ano todo (EMBRAPA 1, 
ano?); 
 No corte: se realizado na modalidade manual é identificado como uma 
atividade com carga física intensa (Barbosa, 2011) enquadrando-se 
como uma atividade pesada, conforme estipulado no item 3 da Tabela 
1. 
Outro fator a ser considerado é a vestimenta que, dependendo da 
configuração, pode tornar-se variável complicadora para a regulação térmica do 
corpo humano devido às dificuldades impostas por determinadas roupas à troca de 
calor com o ambiente. As roupas, que possuem a finalidade de proteção e são 
necessárias a determinados tipos de trabalho, podem restringir a perda de 
temperatura por evaporação em vários níveis (JAY e KENNY, 2010). 
Especificamente na atividade do corte manual de cana observa-se a sobreposição 
de EPIs como as perneiras sobre as calças, camisas de manga compridas sobre a 
23 
 
 
 
camiseta e chapéu ou boné sobre a touca árabe, deixando apenas o rosto exposto 
(Figura 2). 
 
Figura 2 – Exemplos de vestimenta típica e EPIs utilizados pelos cortadores de 
cana-de-açúcar. 
 
A American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers 
(ASHRAE, 1997) recomenda incrementos aos valores de IBUTG em função da área 
do corpo coberta e do consequente isolamento térmico promovido pelas roupas 
utilizadas. Embora as vestimentas utilizadas pelos cortadores de cana-de-açúcar 
tenham importante papel no processo de dissipação de energia e consequente 
agravo aos efeitos do calor (LAAT, 2010), a American Conference of Governmental 
Industrial Hygienists (ACGIH) recomenda a redução de 2 °C no valor do IBUTG de 
limite de exposição, quando o trabalhador usa vestimentas pesadas como luvas, 
botas, perneiras etc. (VILELA, et al., 2015). Neste estudo, como somente a 
legislação brasileira é tomada como parâmetro, o aspecto vestimenta não será 
considerado e, portanto, os valores estimados de IBUTG não serão modificados. 
Talvez o fator mais grave e de difícil superação no setor agrícola seja a 
organização do trabalho, e, em especial, do corte manual de cana-de-açúcar que, 
tipicamente se caracteriza pelo pagamento atrelado à produção. Este sistema de 
remuneração potencializa os níveis de risco à saúde dos trabalhadores. O fator de 
“motivação” pelo pagamento atrelado à produção de trabalhadores rurais nos países 
em desenvolvimento podem acarretar em um risco maior à exposição ao calor, 
segundo Xiang, Pisaniello e Hansen (2014). Já de acordo com Barbosa (2011), o 
24 
 
 
 
ritmo de trabalho é incentivado pelo pagamento por produção, fazendo com que o 
próprio trabalhador não reduza o ritmo, mesmo estando consciente por já apresentar 
sintomas de agravos à saúde. Além das questões pessoais, esta situação imposta 
aos trabalhadores se mantém por mecanismos cruéis, como descrito por Rumin, 
Navarro e Perioto (2008): 
 
O trabalho na colheita da cana-de-açúcar é marcado pela presença 
do fiscal, que determina a divisão dos eitos. De modo geral, essa 
divisão atende a critérios individuais de produtividade no trabalho. A 
partir dos depoimentos verificou-se que os trabalhadores mais 
experientes e mais produtivos são colocados lado a lado, o que 
contribui para exacerbar a competitividade entre eles. (RUMIN, 
NAVARRO e PERIOTO, 2008). 
 
Rumin, Navarro e Perioto (2008) destacam ainda outro perverso mecanismo 
de incitação à produtividade. Trata-se da prática da livre pausa, a critério do 
trabalhador, que elimina o espaço de sociabilidade, a qual seria promovida numa 
refeição coletiva. Ferreira et al. (1997) também observaram que o sistema de 
pagamento atrelado à produtividade intensifica o trabalho através de vários 
mecanismos, como, por exemplo, a competição incitada por premiações. Conforme 
Alves (2006), a produtividade média diária do cortador de cana-de-açúcar passou de 
3 ton na década de 1950 para 6 ton na década de 1980 e, posteriormente, para 12 
ton no final da década de 1990 (Figura 3). A recente publicação de Vilelaet al. 
(2015), revelou ainda o estabelecimento de metas de corte de ao menos 10 
toneladas diárias e a dispensa de cerca de 40% de uma turma de cortadores ainda 
no primeiro mês de trabalho e mais 20% no segundo mês, sendo remanescentes 
apenas os mais produtivos. Por outro lado, num movimento contrário a este brutal 
aumento de produtividade, o piso salarial reduziu de 2,5 salários mínimos em 1986 
para 1,2 salários mínimos em 2006 (LAAT, 2010). Essas contraditórias evoluções 
são ilustradas na figura 3, onde apesar das devidas extrapolações temporais e 
limitação de precisão, nota-se uma evolução totalmente antagônica das variáveis, o 
que sequer é coerente com o próprio conceito de remuneração por produção. A 
partir dos dados de produtividade (em toneladas) e do piso salarial de remuneração 
25 
 
 
 
(em salários mínimos) foram traçadas as linhas de tendência para as duas variáveis 
(Figura 3). 
 
Figura 3 – Evolução da produtividade do cortador de cana-de-açúcar versus 
evolução do piso salarial da categoria – em salários mínimos. (linhas de tendência 
pontilhadas traçadas a partir dos dados disponíveis) 
 
Fonte: ALVES, 2006 e LAAT, 2010 
 
4 METODOLOGIA 
 
4.1 Área de Estudo e Dados Meteorológicos 
 As estimativas do IBUTG para análise da exposição ao estresse térmico por 
parte dos trabalhadores da cultura de cana-de-açúcar foram realizadas para o 
estado de SP. Embora exista uma concentração de cultivo de cana-de-açúcar no 
centro, norte e oeste, a análise foi realizada para todas as áreas do estado. 
Os dados atmosféricos utilizados na estimativa do IBUTG foram temperatura 
do ar, temperatura do ponto de orvalho, pressão atmosférica, umidade relativa do ar, 
radiação solar global e velocidade do vento. Esses dados são observados por 32 
estações meteorológicas do tipo automática (Figura 4a), as quais são distribuídas no 
estado de SP conforme apresentado na figura 4b. 
26 
 
 
 
 
Figura 4 – (a) Ilustração de uma estação meteorológica automática e (b) pontos de 
localização das estações que compõe a rede meteorológica de superfície do INMET 
 
(a) (b) 
 
O período analisado foi de setembro de 2010 a agosto de 2014, totalizando 
quatro anos de dados. As estimativas foram realizadas para todos os dias, a cada 
hora cheia, entre as 9 e 17 horas. 
 
4.2 Estimativa do IBUTG 
As observações de temperatura do ar (T), temperatura de bulbo úmido 
“natural” (Tn) e temperatura de globo (Tg), para cálculo do IBUTG (equações 1 e 2), 
necessitam ser feitas no local onde o trabalhador está executando suas atividades. 
Entretanto, para o trabalho de cultivo de cana-de-açúcar, o qual é executado a céu 
aberto, torna-se inviável fazer essas medições sequencialmente ao longo da jornada 
de trabalho e individualmente em cada trabalhador. Por isso, adotou-se a estimativa 
dos valores de IBUTG para a área de cultivo. 
O método utilizado neste trabalho para a estimativa do IBUTG é o proposto 
por Maia, Ruas e Bitencourt (2015), que utiliza dados atmosféricos observados pela 
rede de estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). 
Estes dados são observados em várias localidades do estado de SP (Figura 4b) e 
transmitidos para centros de meteorologia em tempo real. Os valores de T são 
diretamente observados pelas estações meteorológicas do INMET, enquanto que Tn 
e Tg são estimados. 
27 
 
 
 
Maia, Ruas e Bitencourt (2015), encontraram a expressão 3 para Tn: 
 
 ( ) ( ) ( ) (3) 
 
onde é a radiação global, é a velocidade do vento e é a temperatura do ponto 
de orvalho. 
Para a obtenção de Tg, Maia, Ruas e Bitencourt (2015) apresentaram uma 
formulação baseada no trabalho de Hunter e Minyard (1999). Uma das principais 
adequações apresentadas por Maia, Ruas e Bitencourt (2015) foi a consideração de 
variação da fração de radiação direta do sol ( ) e da fração de radiação difusa 
( ), parâmetros considerados constantes por Hunter e Minyard (1999). Segundo 
Maia, Ruas e Bitencourt (2015), esta consideração garante uma maior precisão na 
estimativa do IBUTG, pois assume que há variação de nebulosidade, situação que 
comumente ocorre em dias quentes no estado de SP. 
A expressão final para obtenção de Tg é dada pela expressão 4. 
 
 
 [ ( ) ] ( ) ( 
 ) 
(4) 
onde U é a velocidade do vento (m/h) observada pela estação meteorológica do 
INMET e reduzida da altura de 10 m para 1,5 m, é a constante de emissividade 
térmica do globo, é a constante de Stefan-Boltzmann, A é o coeficiente de 
absorção de radiação do globo, R é a radiação global solar observada pelas 
estações meteorológicas do INMET, F é o fator de forma do globo, é o albedo do 
solo, é a emissividade térmica da atmosfera, a qual é uma função da temperatura 
do ponto de orvalho (Td), da temperatura do ar (T) e da pressão atmosférica (p), 
sendo Td, T e p observados pelas estações meteorológicas do INMET. 
Os procedimentos para obtenção de e , assim como todos os demais 
detalhes para a estimativa do IBUTG utilizada neste trabalho, podem ser 
encontrados em Maia, Ruas e Bitencourt (2015). 
28 
 
 
 
4.3 Software “Sobrecarga Térmica” 
Os cálculos de estimativa do IBUTG são realizados através de um software 
operacionalizado no Centro Técnico Nacional (CTN) da Fundação Jorge Duprat 
Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO). Este software 
foi desenvolvido no Escritório de Representação de Campinas (ERCa), ligado à 
FUNDACENTRO, e possui uma interface de acesso público no endereço eletrônico 
http://www.fundacentro.gov.br/sobrecarga-termica/inicio. Com essa interface, o 
usuário pode obter a estimativa do IBUTG com intuito de monitorar, em todo o país 
em tempo real, a exposição ao calor intenso por parte dos trabalhadores rurais. O 
mesmo também pode ser realizado para dados passados, de acordo com a 
disponibilidade de dados atmosféricos no banco de dados da FUNDACENTRO. Os 
resultados dessas estimativas consideram a atividade exercida pelo trabalhador, 
conforme classificação do anexo 3 da NR15, e emite relatórios para a localização 
definida pelo usuário. 
Outro cálculo importante realizado pelo software “Sobrecarga Térmica”, que 
também é metodologicamente definido por Maia, Ruas e Bitencourt (2015), diz 
respeito a localização para a qual a estimativa do IBUTG é definida. Caso esta 
localização não possua estação meteorológica, antes que os cálculos de estimativa 
sejam efetuados, são realizadas interpolações (proveniente de uma ou mais 
estações meteorológicas) para as variáveis T, Td, p, V e R. As estações 
meteorológicas utilizadas requerem estar dentro de um raio de 80 km. O cálculo de 
interpolação utiliza as médias ponderadas pela distância (d) entre as estações 
meteorológicas e o local para o qual se está estimando o IBUTG. 
 Assim, denominando “VLoc” como o valor interpolado da variável 
meteorológica (T, Td, p, V ou R), têm-se a expressão 5: 
 
 (
 
 
⁄
 
 
⁄ 
⁄ 
⁄
) (
 
 
⁄
 
 
⁄ 
⁄ 
⁄
) (
 
 
⁄
 
 
⁄ 
⁄ 
⁄
) 
(5) 
29 
 
 
 
onde V1, V2, ..., Vn são os valores das variáveis observadas nas estações 
automáticas 1, 2, ..., n e d1, d2, ..., dn são as distâncias entre o local da estimativa e 
as estações automáticas 1, 2, ..., n. 
Além disso, a temperatura é corrigida devido à diferença de altitude através 
do lapse rate ambiental. 
O fluxo completo realizado desde a observação dos dados meteorológicos 
(rede de estações do INMET) até o processamento final no software 
(FUNDACENTRO), para obtenção das estimativas do IBUTG, se dá da seguinte 
forma: os dados meteorológicos são observados a cada hora pelas estações 
automáticas do INMET, são transmitidos via satélite e rede de telefonia celular para 
o Centro Integrado de Controledas Informações Meteorológicas do INMET e 
retransmitido (em formato TXT, conforme ilustrado na figura 5) para o banco de 
dados da FUNDACENTRO. Nesse último passo são realizados os cálculos de 
estimativa do IBUTG para apresentação ao usuário final. Este processo é 
apresentado esquematicamente pela figura 6. 
 
30 
 
 
 
Figura 5 - Ilustração de um arquivo de dados das estações meteorológicas 
automáticas do INMET. As informações ressaltadas em verde são os dados 
utilizados pelo software “Sobrecarga Térmica” 
 
Fonte: Adaptado de INMET (2010). 
31 
 
 
 
Figura 6 – Esquema do fluxo de dados desde a observação meteorológica até a 
estimativa do IBUTG
 
 
A geração da malha de dados da série de quatro anos utilizada neste trabalho 
foi processada internamente no sistema computacional do Centro Técnico Nacional 
(CTN), sem a utilização da interface disponível para consulta pública. Apesar disso, 
todos os cálculos são exatamente os mesmos disponíveis no recurso do site. 
 
4.4 Método de análise 
 
Construiu-se uma matríz com pontos de latitude e longitude igualmente 
espaçados a cada 40 km. Como o raio de abrangência utilizado pelo software é de 
80 km, a construção desta matriz visa utilizar mais de uma estação meteorológica 
para a estimativa do IBUTG em cada ponto. Posteriormente, foram excluídos os 
pontos fora dos limites do estado de SP, resultando em 154 localizações (Figura 7), 
32 
 
 
 
para as quais foram calculados os valores de IBUTG para as 9, 10, 11, 12, 13, 14, 
15 e 16 horas, de todos os dias do período de 1 de setembro de 2010 a 31 de 
agosto de 2014. 
 
Figura 7 - Matriz de pontos determinada para cálculo das estimativas de IBUTG
 
 Para cada um dos 154 pontos foram calculados os percentuais de dias com 
impedimento de trabalho contínuo, durante 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 hosras consecutivas 
de extrapolação dos valores do IBUTG, considerando trabalhos do tipo leve, 
moderado e pesado. Este percentual de dias (Pd(n)) no ponto n (n = 1, 2, ...., 154) é 
representado pela expressão abaixo. 
 
 ( ) 
 ( )
 ( )
 (6) 
 
onde Nd(n) é o número de dias com impedimento de trabalho contínuo no ponto n e 
N(n) é o número total de dias que o IBUTG foi estimado no ponto n, sendo n = 1, 2, 
...., 154. O N(n) depende da disponibilidade dos dados meteorológicos contidos na 
série de setembro de 2010 a agosto de 2014 e, portanto, varia de ponto para ponto, 
conforme apresentado na tabela 4. 
 
33 
 
 
 
Tabela 4 – Número de horas e dias com disponibilidade de dados meteorológicos 
para cálculo da estimativa do IBUTG em cada ponto do estado de SP
 
Ponto Total de horas Total de dias Ponto Total de horas Total de dias Ponto Total de horas Total de dias
1 1.012 152 53 11.476 1.457 105 11.455 1.457 
2 1.060 152 54 10.338 1.363 106 11.378 1.456 
3 1.082 152 55 11.346 1.457 107 11.352 1.456 
4 1.076 152 56 11.163 1.457 108 10.434 1.371 
5 5.447 729 57 1.158 151 109 11.091 1.456 
6 10.609 1.454 58 10.137 1.337 110 11.587 1.457 
7 10.705 1.455 59 9.976 1.322 111 10.608 1.334 
8 10.658 1.455 60 11.288 1.457 112 977 123 
9 5.478 729 61 11.072 1.455 113 6.254 798 
10 11.170 1.455 62 11.067 1.455 114 6.251 798 
11 11.043 1.455 63 11.063 1.455 115 11.065 1.413 
12 11.410 1.457 64 11.491 1.457 116 11.415 1.457 
13 11.111 1.456 65 11.476 1.455 117 11.121 1.457 
14 11.187 1.457 66 11.480 1.457 118 11.253 1.457 
15 10.806 1.443 67 11.383 1.457 119 11.480 1.457 
16 11.083 1.455 68 11.276 1.457 120 11.472 1.456 
17 11.194 1.455 69 11.311 1.457 121 11.207 1.454 
18 11.307 1.456 70 9.978 1.322 122 9.534 1.347 
19 11.415 1.457 71 9.946 1.322 123 11.297 1.457 
20 11.217 1.456 72 11.365 1.457 124 11.118 1.457 
21 11.199 1.456 73 11.473 1.457 125 10.502 1.408 
22 10.970 1.445 74 11.396 1.457 126 11.481 1.457 
23 10.805 1.443 75 11.464 1.457 127 11.523 1.457 
24 10.789 1.443 76 11.365 1.457 128 11.403 1.457 
25 11.059 1.455 77 11.464 1.455 129 10.076 1.448 
26 11.041 1.455 78 11.508 1.457 130 11.567 1.457 
27 8.481 1.281 79 11.393 1.457 131 11.511 1.457 
28 11.221 1.456 80 10.910 1.457 132 7.612 996 
29 8.463 1.281 81 11.423 1.457 133 9.547 1.347 
30 10.821 1.443 82 11.246 1.456 134 10.726 1.409 
31 11.390 1.457 83 11.236 1.456 135 11.471 1.457 
32 10.7961.445 84 11.537 1.457 136 11.504 1.457 
33 11.337 1.457 85 11.596 1.457 137 11.211 1.455 
34 10.751 1.445 86 11.515 1.457 138 11.205 1.455 
35 10.589 1.442 87 11.539 1.457 139 11.168 1.449 
36 9.976 1.451 88 11.457 1.457 140 11.254 1.449 
37 9.969 1.451 89 11.525 1.455 141 11.257 1.449 
38 9.959 1.451 90 11.459 1.455 142 11.507 1.457 
39 10.815 1.443 91 6.836 892 143 11.330 1.457 
40 10.806 1.443 92 9.291 1.250 144 11.243 1.449 
41 10.797 1.445 93 11.442 1.457 145 11.459 1.457 
42 11.055 1.450 94 11.196 1.456 146 11.539 1.457 
43 11.218 1.450 95 10.556 1.405 147 3.430 559 
44 10.590 1.442 96 11.207 1.456 148 11.507 1.457 
45 10.532 1.442 97 11.592 1.457 149 11.425 1.457 
46 9.968 1.451 98 11.613 1.457 150 11.128 1.457 
47 9.959 1.451 99 6.254 798 151 11.518 1.457 
48 5.005 686 100 10.852 1.389 152 11.270 1.457 
49 - - 101 10.819 1.389 153 5.765 729 
50 10.796 1.445 102 11.359 1.457 154 11.316 1.457 
51 11.464 1.457 103 11.293 1.457 
52 11.212 1.450 104 11.284 1.457 
34 
 
 
 
 Percebe-se ainda na tabela 4 que o ponto número 49 não possui informações. 
Isso se deve ao fato deste ponto não apresentar estação meteorológica dentro de 
um raio de 80 km. Nota-se também que alguns pontos possuem um número baixo 
de informaçôes. Por isso, consideraram-se para o mapeamento somente os dados 
referentes aos pontos com 85% (1.241 dias) ou mais do total possível de dados 
(1.461 dias) no período. Como consequência, foram descartados os pontos 1, 2, 3, 
4, 5, 9, 48, 49, 57, 91, 99, 112, 113, 114, 132, 147 e 153, restando 137 pontos para 
a análise. 
Em função da rotatividade da cultura de cana-de-açúcar, numa mesma 
localidade podem ocorrer simultaneamente diversas atividades distintas, como, por 
exemplo, plantio e colheita. Por isso, o IBUTG estimado e o consequente cálculo de 
Pd(n) foi considerado para as três características de trabalho conforme classificação 
da NR15: “leve” como aplicação de produtos agrícolas conduzindo trator, 
“moderada” como o lançamento de cana do caminhão para plantio e, por fim, 
“pesada” como a colheita (corte de cana). Apesar de haver um foco no trabalho do 
cortador de cana em função da atividade ser considerada pesada, há também riscos 
de estresse térmico para trabalhadores que desenvolvem atividades menos intensas 
(Crowe et al. 2010). 
 A análise final dos resultados (para as atividades leve, moderada e pesada) é 
realizada através do mapeamento de Pd(n) no estado de SP, considerando os 137 
pontos válidos. Tal mapeamento, consiste na plotagem em isolinhas realisada por 
meio do software “Grid Analysis and Display System” (GrADS). 
 
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
 Nesta seção serão apresentados mapas de SP com percentual de dias em 
que o IBUTG estimado extrapolou os limites de trabalho contínuo durante 1-8 horas 
consecutivas. Estes mapas de frequência (f) de dias representa o risco de 
sobrecarga térmica, considerando todos os dias da série (setembro 2010 - agosto de 
2014). Isto se deve ao fato desses trabalhadores cumprirem as folgas semanais não 
necessariamente nos finais de semana e feriados, conforme se observa o costume e 
regulamentado na seção III – dos períodos de descanso, do decreto lei 5.452. Para 
35 
 
 
 
cada dia, as análises são realizadas em 9 horários, entre 9 e 17 horas local, os quais 
representam a situação registrada na última hora. Além disso, as frequências de 
dias com diferentes horas de risco de sobrecarga térmica são avaliadas 
considerando os tipos de atividade leve, moderada e pesada. 
Primeiramente observa-se que para qualquer tipo de atividade foi verificado 
risco de sobrecarga térmica em todas as áreas de SP, com maior frequência no 
norte e noroeste do estado. Por exemplo, para a atividade leve, foram observadas 
frequências com valores pouco superiores a 0% na região da Serra da Mantiqueira, 
chegando a no máximo 9% no noroeste do estado (Figura 8). Lembra-se que esta 
frequência significa a porcentagem de dias com 1 h de IBUTG acima do limite de 
tolerância para trabalho contínuo. Percebe-se ainda que, de acordo com os mapas 
do CanaSat, apresentados na figura 9, estas maiores frequências de risco de 
sobrecarga térmica coincidem com a área de cultivo de cana-de-açúcar. 
 
Figura 8 - Frequência (escala em % abaixo do mapa) de dias com 1 hora de IBUTG 
acima do limite (30,0C) de tolerância para trabalho contínuo tipo leve 
 
 
 
36 
 
 
 
Figura 9 – Linhas do mapa da Figura 8 (recoloridas em tom de vermelho) 
sobrepostas aos mapas das áreas de cultivo referentes às safras da cultura da cana-
de-açúcar nos anos de (a) 2010, (b) 2011, (c) 2012 e (d) 2013. Os mapas não 
mostram o Sul e Litoral porque estas áreas não apresentam áreas significativas 
deste cultivo. 
Fonte: adaptado de INPE (2014) 
 
 
37 
 
 
 
 Ao se considerar trabalhos do tipo moderado e pesado, novamente aparecem 
as áreas produtoras de cana-de-açúcar (Figura 9) como as áreas de maior risco de 
sobrecarga térmica no estado de SP. Nestas áreas, para trabalho moderado, 
observou-se entre 12 e 18% (Figura 10) de dias com 1 h de IBUTG acima da 
tolerância para trabalho contínuo, enquanto que para trabalho do tipo pesado, 
verificam-se frequências entre 15 e 21% (Figura 11). 
 
Figura 10 – Frequência (escala em % abaixo do mapa) de dias com 1 hora de 
IBUTG acima do limite (26,7C) de tolerância para trabalho contínuo tipo moderado 
 
 
 
38 
 
 
 
Figura 11 – Frequência (escala em % abaixo do mapa) de dias com 1 hora de 
IBUTG acima do limite (25,0C) de tolerância para trabalho contínuo tipo pesado 
 
 Conforme se incrementao número de horas consecutivas de extrapolação do 
limite de IBUTG, percebe-se que a frequência diminui gradativamente (Figuras 12 e 
13). Nota-se que, considerando exclusivamente trabalho do tipo pesado, a 
frequência de dias com extrapolação do limite para trabalho contínuo (IBUTG > 25) 
decresce de 21% (2 h de extrapolação – Figura 12c) a 6% (7 h de extrapolação – 
Figura 13i) na maior parte das áreas de cultivo de cana-de-açúcar, sendo a área do 
extremo norte de SP a que apresenta as maiores frequências. 
 
 
39 
Figura 12 – Sequência de mapeamento das frequências (escala em % abaixo dos mapas) de dias com limite de tolerância 
extrapolado em 2, 3 e 4 horas consecutivas, para trabalho contínuo, considerando trabalhos tipo leve (coluna esquerda), moderado 
(coluna do meio) e pesado (coluna direita). O número de horas de extrapolação é mostrado no canto superior/direito de cada 
mapa. 
40 
Figura 13 – Sequência de mapeamento das frequências (escala em % abaixo dos mapas) de dias com limite de tolerância 
extrapolado em 5, 6 e 7 horas consecutivas, para trabalho contínuo, considerando trabalhos tipo leve (coluna esquerda), moderado 
(coluna do meio) e pesado (coluna direita). O número de horas de extrapolação é mostrado no canto superior/direito de cada 
mapa. 
 
41 
 
 Considerando a situação mais crítica, para a qual 8 dos 9 horários analisados 
apresentam algum risco de sobrecarga térmica, verifica-se existência de risco para 
os trabalhos do tipo moderado e pesado (Figura 14). A frequência de dias com 
extrapolação do limite de tolerância é nula ou muito próxima de zero (f < 0,1%) em 
todo o estado de SP para trabalho leve (Figura 14a). Para trabalho moderado 
percebe-se que em todo o estado de SP as frequências de dias com extrapolação 
do limite de tolerância em 8 horas são de 0 a 3% (Figura 14b). Por último, nota-se 
que para trabalho pesado novamente as áreas com maiores frequências coincidem 
com áreas de predominância do cultivo de cana-de-açúcar. Nestas áreas, as 
frequências de dias com extrapolação do limite de tolerância variam de 3 a 9% 
(Figura 14c). As demais áreas do estado também apresentam frequências de dias 
com 8 horas de extrapolação do limite do IBUTG, variando entre 0% e 6%. 
42 
Figura 14 - Mapeamento das frequências (escala em % abaixo dos mapas) de dias com limite de tolerância extrapolado em 8 
horas consecutivas, para trabalho contínuo, considerando trabalhos tipo leve (14 a), moderado (14 b) e pesado (14 c). 
 
43 
 
Uma síntese dos resultados apresentados nesta seção é apresentada na 
Tabela 5 que mostra os valores máximos, mínimos e médios de extrapolação dos 
limites de tolerância para regimes de trabalho contínuo, considerando os tipos leve, 
moderado e pesado. As médias e extremos apresentadas na tabela 5 são obtidas 
dos valores absolutos de cada um dos 137 pontos definidos para a análise. 
 
Percebe-se que a maior frequência de dias com limite de tolerância 
extrapolado é de 19,49%, referente à ocorrência de 1 hora com IBUTG > 25,0 C. 
Esta situação é verificada em uma das áreas do estado de SP produtoras de cana-
de-açúcar. Por outro lado, em áreas do estado de SP que não há predomínio de 
cultura de cana-de-açúcar, as frequências foram nulas ou muito próximas de zero, 
conforme verificado para as ocorrências de extrapolação do limite de tolerância em 6 
a 8 horas, considerando trabalho moderado, e em todas as análises (1 a 8 horas), 
considerando trabalho leve (Tabela 5). 
 
Tabela 5 - Valores máximos, mínimos e médios de extrapolação dos limites de 
tolerância por hora e para cada tipo de trabalho
 
 
Valores % 1 hora % 2 horas % 3 horas % 4 horas % 6 horas % 6 horas % 7 horas % 8 horas
 Atividade Pesada
Máximo ......... 19,49% 19,15% 18,46% 17,64% 16,68% 14,82% 12,15% 7,07%
Mínimo .......... 9,61% 8,99% 8,10% 6,89% 3,93% 1,72% 0,28% 0,14%
Média ............ 15,34% 14,42% 13,51% 12,46% 11,18% 9,40% 6,83% 3,48%
 Atividade Moderada
Máximo ......... 15,59% 14,83% 14,28% 13,52% 12,29% 10,78% 7,00% 3,29%
Mínimo .......... 6,79% 5,28% 3,91% 2,61% 1,37% 0,48% 0,00% 0,00%
Média ............ 11,74% 10,74% 9,84% 8,75% 7,29% 5,47% 3,17% 1,10%
 Atividade Leve
Máximo ......... 7,83% 6,03% 4,30% 3,26% 2,22% 1,11% 0,35% 0,07%
Mínimo .......... 0,27% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Média ............ 3,69% 2,44% 1,55% 0,92% 0,49% 0,17% 0,05% 0,00%
44 
 
 
 
 Com base nos resultados apresentados na tabela 5, foram selecionados dois 
pontos para análise mais detalhada. O primeiro ponto é o de maior frequência para 
ao menos 1 hora de extrapolação do limite de IBUTG para atividade pesada. Este 
ponto é o de número 60 do mapa apresentado na figura 7. O segundo ponto 
selecionado é o de maior frequência para 8 horas de extrapolação do limite de 
IBUTG para atividade pesada. Este é o ponto 97 do mapa apresentado na figura 7. 
Os dois pontos selecionados (60 e 97) estão inseridos numa área de prática do 
cultivo de cana-de-açúcar (Figura 9). O ponto 97, em especial, faz parte da região 
mais densamente caracterizada pela cultura. 
 
 A tabela 6 mostra o comportamento do IBUTG no dia em que ocorreu o maior 
valor de IBUTG nos pontos 60 e 97. No ponto 60 foi o dia 14 de fevereiro de 2013, 
quando o IBUTG atingiu o valor de 34,2 C às 14 horas. Percebe-se que neste dia 
(uma quarta-feira), durante todo o turno de trabalho, os trabalhadores do cultivo de 
cana-de-açúcar que desenvolveram atividades moderada ou pesada teriam que 
obedecer algum regime de descanso no próprio local de trabalho. Para qualquer 
uma dessas duas atividades (moderada ou pesada - corte de cana-de-açúcar, por 
exemplo), não seria permitido o trabalho sem adoção de medidas adequadas de 
controle (NR15) entre as 12 e 16 horas. No ponto 97, o dia de maior IBUTG (10 de 
dezembro de 2010) da série registrou IBUTG máximo de 32,6 C às 15 horas. Nesse 
dia (uma sexta-feira) os trabalhos do tipo moderado e pesado seriam impedidos por 
lei entre 12 e 17 horas, ou seja, durante todo o período vespertino. 
 
Tabela 6: Evolução do IBUTG entre 10 e 17 horas do dia de valor máximo das 
séries de dados dos pontos (a) 60 e (b) 97. 
(a) 
(b) 
Data e horário IBUTG (◦C)
10/12/10 10:00 27,7 
10/12/10 11:00 29,1 
10/12/10 12:00 30,0 
10/12/10 13:00 31,3 
10/12/10 14:00 31,8 
10/12/10 15:00 32,6 
10/12/10 16:00 30,6 
10/12/10 17:00 30,9 
Data e horário IBUTG (◦C)
14/2/13 10:00 29,0 
14/2/13 11:00 30,0 
14/2/13 12:00 31,4 
14/2/13 13:00 33,2 
14/2/13 14:00 34,2 
14/2/13 15:00 31,6 
14/2/13 16:00 31,2 
14/2/13 17:00 29,2 
45 
 
 
 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A literatura mostra vários aspectos dos efeitos do calor no corpo humano com 
abrangências distintas, seja em função das atividades físicas ou em relação às 
condições do ambiente. Embora inúmeros outros fatores devam ser considerados, 
tais como a vulnerabilidade socioeconômica do indivíduo, a combinação dos fatores 
atividade física e condição ambiental colabora de forma sinergética e apresenta-se 
como um importante papel para o aumento do risco de agravos à saúde. Neste 
estudo acordou-se sobre as características do trabalho no campo, em particular dos 
trabalhadores da cultura de cana-de-açúcar, e analisou-se o risco de estresse 
térmico por meio do cálculo de frequência de dias com valores de IBUTG acima dos 
limites previstos em lei. 
Diante da impossibilidade de se construir um banco de dados com suficiente 
período de observação e abrangência espacial, o IBUTG foi estimado a partir de 
dados meteorológicos observados em campo. Utilizou-se para esta estimativa ummétodo elaborado especificamente para o estado de SP, sendo os seus cálculos 
processados através do software “Sobrecarga Térmica”, disponível no site da 
FUNDACENTRO. Essa base de dados é oriunda de estudos e aplicações 
tecnológicas recentes e, por isso, os resultados aqui apresentados são inéditos para 
o Brasil. 
É claramente perceptível que há elevada vulnerabilidade socioeconômica 
entre os trabalhadores da cultura de cana-de-açúcar. Entre outras diversas 
consequências, isto implica em pré-disposição destes trabalhadores para aquisição 
de doenças, em especial, aquelas relacionadas ao calor. Além disso, normalmente 
há alta precariedade nas condições de trabalho, desde as péssimas condições de 
higiene no ambiente de trabalho até as perversas formas de remuneração impostas 
à estes trabalhadores, tais como o pagamento por produção. Somado a isso, o tipo 
de atividade pesada que normalmente é executada em várias etapas do cultivo de 
cana-de-açúcar e, conforme revelado nos resultados deste estudo, a significativa 
frequência de dias com IBUTG elevado, justamente nas áreas de maior produção de 
cana-de-açúcar, mostram que os trabalhadores dessa cultura são potencialmente 
expostos à um considerável risco de estresse térmico no estado de SP. 
46 
 
 
 
Na situação mais crítica do período estudado, os trabalhadores do cultivo de 
cana-de-açúcar que desenvolveram atividades moderada ou pesada teriam que 
obedecer algum regime de descanso a cada hora, no próprio local de trabalho, 
durante todo o turno de trabalho. Esta situação crítica, ocorrida numa quarta-feira, 
apresentou valor máximo para o IBUTG de 34,2 C, período no qual o trabalho 
deveria estar impedido. 
Os resultados deste estudo estabelecem que em 19,49% dos dias analisados, 
o limite de tolerância foi extrapolado (IBUTG > 25,0 C) em pelo menos 1 hora do 
turno. E, esta situação foi verificada justamente em uma das áreas do estado de SP 
de maior produção de cana-de-açúcar. Esta e outras quantificações do risco de 
estresse térmico potencialmente importantes de serem consideradas no 
planejamento de políticas públicas e/ou adequações de normas trabalhistas, 
especialmente aquelas voltadas para trabalhadores que exercem atividades 
pesadas a céu aberto, como é o caso dos trabalhadores da cana-de-açúcar. De 
imediato, sugere-se que o software “Sobrecarga Térmica” seja sistematicamente 
consultado por empregadores e empregados para que, de posse das informações 
do IBUTG em tempo real, possam tomar ações preventivas, tais como a troca de 
atividade (pesada para moderada ou moderada para leve) ou suspensão das 
atividades com retorno ao trabalho em momentos de maior risco de estresse 
térmico. Em termos de planejamento futuro na escala semanal, informações de 
previsão de tempo também podem ser consultadas, visto que as situações mais 
críticas de calor (ondas de calor) são, em geral, bem simuladas numericamente e, 
portanto, apresentam prognósticos mais precisos. Tomando como exemplo uma 
previsão de muito calor no início da semana, empregadores e trabalhadores podem, 
por exemplo, optarem por executar o corte de cana-de-açúcar no final de semana 
para evitar trabalhar na segunda e terça-feira com condições de alto risco de 
estresse térmico. 
Os resultados encontrados neste estudo podem ser tratados como base para 
outros estudos futuros. É desejável que se busque resultados mais precisos e 
robustos, por exemplo, através do aprofundamento da análise em cada ponto de SP 
onde foi gerado o IBUTG ou por meio de acompanhamento de campo que monitore 
este índice e demais dados ambientais, assim como os volumes de produção e 
parâmetros fisiológicos individualmente no trabalhador. 
47 
 
 
 
 
7 REFERÊNCIAS 
 
 
ALESSI, N. P.; NAVARRO V. L. Saúde e trabalho rural: o caso dos trabalhadores da 
cultura canavieira na região de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Caderno Saúde 
Pública, n. 2, p. 111-21, 1997. 
 
ALVES F. Por que morrem os cortadores de cana? Saúde e Sociedade, v.15, n.3, 
p. 90-98, set-dez, 2006. 
 
AMERICAN SOCIETY OF HEATING REFRIGERATING AND AIR CONDITIONING 
ENGINEERS – ASHRAE. Fundamentals Handbook. Atlanta, 1997. 
 
Australian Bureau of Meteorology (ABM): About the WBGT and apparent 
temperature indices. Bureau of Meteorology, Commonwealth of Australia, 
Melbourne, 2010. Disponível em: <http://www.bom.gov.au/info/thermal_stress/>. 
Acesso em: 22 ago 2013. 
 
BARBOSA, C. M. G.; Avaliação cardiovascular e respiratória em um grupo de 
trabalhadores cortadores de cana-de-açúcar queimada no estado de São 
Paulo. Tese doutorado. São Paulo: 2011. 
 
BARBOSA, C. M. G. et al. Burnt Sugarcane Harvesting – Cardiovascular Effects 
on a Group of Healthy Workers, Brazil. September 27, 2012. Disponível em: 
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3459900/>. Acesso em: 8 out. 2014. 
 
BASU, R.; SAMET, J. M.; Relation between Elevated Ambient Temperature and 
Mortality: A Review of then Epidemiologic Evidence, v. 24, n 2, 2002. Disponível 
em: <http://epirev.oxfordjournals.org/content/24/2/190.full.pdf+html>. Acesso em: 30 
maio 2014. 
 
BETHEL, J. W.; HARGER, R. Heat-Related Illness among Oregon Farmworkers. Int. 
J. Environ. Res. Public Health, n. 11, p. 9273-9285, 2014. Disponível em: 
<http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4199019/pdf/ijerph-11-09273.pdf>. 
Acesso em: 29 set. 2014. 
 
BERNARD, T.E.; POURMOGHANI, M. Prediction of workplace wet bulb global 
temperature. Appl Occup Environ Hyg. n. 14, v. 2, p. 126-34, 1999. 
 
48 
 
 
 
BITENCOURT, D. P.; RUAS, A. C.; MAIA, P. A. Análise da contribuição das 
variáveis meteorológicas no estresse térmico associada à morte de cortadores de 
cana-de-açúcar. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 28, n.1, p. 65-74, 
2012. 
 
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Levantamento sistemático da 
produção agrícola. 2009. Disponível em: 
<http://ftp.ibge.gov.br/Producao_Agricola/Levantamento_Sistematico_da_Producao_
Agricola_%5Bmensal%5D/Fascículo/2009>. Acesso em: 22 abr. 2014. 
 
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Levantamento sistemático da 
produção agrícola. 2014. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Agricola/ 
Levantamento_Sistematico_da_Producao_Agricola_[mensal]/Comentarios/lspa_201
403comentarios.pdf>. Acesso em: 16 abr. 2014. 
 
 
BRASIL. Ministério da Agricultura. Culturas: cana-de-açúcar. 2008. Disponível em: 
<http://www.agricultura.gov.br/vegetal/culturas/cana-de-acucar>. Acesso em: 22 
abr. 2014. 
 
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria SIT nº 25, de 29 de dezembro 
de 1994. Altera o texto da Norma Regulamentadora nº 9 - Riscos Ambientais 
Brasília, 1994. Disponível em: 
<http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_09_at>. Acesso 
em: 22 abr. 2014 
 
 
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria SIT nº 43, de 11 de março de 
2008. Apresenta atividades e operações insalubres - NR-15. Brasília, 2008. 
Disponível em: <http://www.mte.gov.br/legislacao>. Acesso em: 22 abr. 2014 
 
 
BUZANELLO, M. R. Influência de variáveis ambientais em frigorífico da unidade 
climática subtropical sul sobre os trabalhadores expostos a baixas 
temperaturas. Florianópolis, 2003. 
 
CANÇADO, J. E. D. A. Poluição atmosférica e sua relação com a saúde humana 
na região canavieira de Piracicaba- SP. (Tese Doutorado) - São Paulo: Faculdade 
de Medicina, Universidade de São Paulo, 2003. 
 
COLHEITA MECANIZADA DE CANA AUMENTA EM SP E TRAZ BENEFÍCIOS 
AMBIENTAIS. Adubar o Futuro, Campinas, 03 jul. 2013. Disponível em: 
<http://www.cnpem.br/blog/2013/07/04/colheita-mecanizada-de-cana-aumenta-em-
sp-e-traz-beneficios-ambientais/>. Acesso em: 16 abr. 2014. 
 
49 
 
 
 
COLHEITA MECANIZADA DE CANA PRODUZ QUEDA NAS EMISSÕES DE 
GASES CAUSADORES DO EFEITO ESTUFA. Setor, 18 set. 2013. Disponível em: 
<http://www.unica.com.br/noticia/38156175920320868796/colheita-mecanizada-de-
cana-produz-queda-nas-emissoes-de-gases-causadores-do-efeito-estufa/>.

Mais conteúdos dessa disciplina