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10 Tecido Ósseo

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10. TECIDO ÓSSEO 
 
O osso é um tecido conjuntivo especializado que, diferentemente dos tecidos conjuntivos propriamente 
ditos e do tecido cartilaginoso, possui uma parte de seu peso seco formada por componentes inorgânicos, ou 
seja, após a desidratação do osso ainda permanece uma parte inorgânica na matriz óssea. 
O osso é estrutura básica de proteção de alguns órgãos do corpo, incluindo o encéfalo, a medula 
espinhal, os pulmões e o coração. Os ossos servem, também, como alavancas para os músculos que estão 
aderidos a eles, multiplicando a força dos músculos para realizar os movimentos. O osso é um reservatório 
para muitos minerais do corpo, por exemplo, ele armazena cerca de 99% do cálcio do organismo. Além disso, 
possui uma cavidade central, a cavidade medular, que abriga a medula óssea, um órgão hematopoiético. 
O osso é recoberto na sua face externa, pelo periósteo, um tecido conjuntivo denso não modelado que 
contém células osteogênicas (osteoprogenitoras) e amplo suprimento sanguíneo. A cavidade central do osso 
denominada cavidade medular é revestida internamente pelo endósteo, uma fina camada de tecido 
conjuntivo, semelhante ao periósteo, que também contém células osteogênicas. 
 
 
➢ MATRIZ ÓSSEA 
A matriz óssea é dividida em duas partes: a parte inorgânica e a parte orgânica. 
A porção inorgânica do osso, com cerca de 65% de seu peso seco, é constituída, principalmente, de 
cálcio e fosfato. O cálcio e o fosfato existem, basicamente, na forma de cristais de hidroxiapatita 
[Ca10(PO4)6(OH)2]. O osso é um dos componentes mais duros do corpo humano e sua dureza está relacionada 
aos cristais de hidroxiapatita. Se o osso for descalcificado, isto é, se todos os minerais forem retirados, ele 
ainda mantém sua forma original, mas se torna tão flexível que poderá ser dobrado como um pedaço de 
borracha. 
O componente orgânico da matriz óssea, que constitui aproximadamente 35% do peso seco do osso, 
é constituído principalmente por fibras colágenas formadas por colágeno do tipo I. Cerca de 90% do 
componente orgânico do osso é formado por fibras colágenas. A substância fundamental possui 
glicosaminoglicanas que formam pequenas moléculas de proteoglicanas, com pequenos eixos de proteína, 
aos quais as glicosaminoglicanas se ligam. Muitas glicoproteínas adesivas também estão presentes na matriz 
óssea promovendo a ligação entre os componentes da matriz. Se o componente orgânico for retirado do osso, 
o esqueleto mineralizado ainda mantém sua forma original, mas ele se torna extremamente quebradiço e 
pode ser fraturado com grande facilidade. Portanto a parte orgânica do osso oferece resistência a ele. 
 
➢ CÉLULAS DO OSSO 
O tecido ósseo é formado por quatro tipos de células diferentes: as células osteogênicas, os 
osteoblastos, os osteócitos e os osteoclastos. 
As células osteogênicas estão localizadas no periósteo e no endósteo. Estas células, derivadas do 
mesênquima embrionário, podem sofrer divisão mitótica e possuem a potencialidade de se diferenciar em 
osteoblastos. 
Os osteoblastos, derivados de células osteogênicas, são responsáveis pela síntese dos componentes 
orgânicos da matriz óssea, incluindo o colágeno, proteoglicanas e glicoproteínas adesivas, participando 
também da mineralização da matriz. Os osteoblastos, conforme sintetizam a matriz óssea, emitem 
prolongamentos citoplasmáticos e se tornam aprisionados pela própria matriz que eles mesmos sintetizaram 
e, a partir desse momento, passam a ser chamados de osteócitos. 
Os osteócitos são as células maduras do osso, derivadas dos osteoblastos, que ficam situadas em 
lacunas no interior da matriz óssea calcificada e embora pareçam ser células inativas, eles secretam 
substâncias necessárias para a manutenção do osso. Os prolongamentos citoplasmáticos dos osteócitos que 
se irradiam em todas as direções formam túneis na matriz óssea, denominados canalículos. Os canalículos 
facilitam a difusão de nutrientes e de escórias pela matriz óssea o que seria praticamente impossível numa 
matriz calcificada. Os prolongamentos de um osteócito entram em contato com prolongamentos de osteócitos 
vizinhos, formando junções abertas entre eles. 
Os osteoclastos são células grandes, móveis, multinucleadas e derivados da fusão de células 
precursoras dos monócitos localizadas na medula óssea. Os osteoclastos transporta ativamente íons H+ para 
o ambiente extracelular, reduzindo o pH da matriz óssea e dessa forma dissolvendo a sua parte inorgânica. 
Os íons liberados são absorvidos pelos capilares sanguíneos mais próximos. As colagenases, que são 
secretadas pelos osteoclastos degradam os componentes orgânicos da matriz óssea. Os aminoácidos 
liberados são também absorvidos pelos capilares vizinhos. Como os produtos dessa degradação da matriz 
óssea retornam ao sangue, o processo realizado pelos osteoclastos é denominado reabsorção óssea. Os 
osteoclastos ocupam depressões na superfície óssea, chamadas lacunas de Howship, que caracterizam 
regiões de reabsorção óssea. 
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Pelo fato do osso apresentar células que sintetizam a matriz óssea e células que degradam a matriz, o 
osso possui a particularidade de alterar a sua forma de acordo com a força que lhe é aplicada, propriedade 
denominada plasticidade. 
A figura abaixo mostra, à esquerda, a origem dos osteócitos a partir das células osteogênicas e a 
emissão dos prolongamentos citoplasmáticos que explicam a formação de canalículos na matriz óssea e, à 
direita, um osteoclasto. 
 
 
 
 
 
 
➢ ESTRUTURA MACROSCÓPICA DO OSSO 
Observando-se um osso cortado a olho nu, verifica-se que ele é formado por uma parte sem canais 
visíveis chamada osso compacto, e por uma parte com muitos canais intercomunicantes chamada osso 
esponjoso. 
Nos ossos longos, as extremidades ou epífises são formadas por osso esponjoso com uma fina camada 
superficial compacta abaixo da cartilagem articular. A diáfise é quase toda compacta com uma pequena 
quantidade de osso esponjoso revestindo o canal medular. 
Os ossos curtos têm o centro esponjoso sendo recoberto em toda a sua periferia por uma camada 
compacta. 
Nos ossos planos da caixa craniana existem duas camadas de osso compacto denominadas tábuas 
externa e interna separadas por osso esponjoso. 
Em todos esses ossos, a presença de canais intercomunicantes que caracteriza o osso esponjoso é 
explicada pela ação dos osteoclastos, tanto que esses canais são referidos como canais internos de 
reabsorção óssea. A própria cavidade medular que aloja a medula óssea também é formada pela ação dos 
osteoclastos sendo considerada um grande canal interno de reabsorção. 
 
 
➢ ESTRUTURA MICROSCÓPICA DO OSSO 
As observações microscópicas revelam dois tipos de ossos: osso primário, conhecido também como 
osso imaturo ou osso trabecular, e osso secundário, conhecido também, como osso maduro ou lamelar. 
O osso primário é uma forma imatura de osso, visto que é o primeiro osso a se formar durante o 
desenvolvimento embrionário, durante a fase de crescimento e durante a reparação óssea após uma fratura. 
O osso primário possui osteócitos e fibras colágenas distribuídos aleatoriamente na matriz óssea e possui 
quantidade da parte inorgânica bem abaixo do normal. Na verdade, o osso sintetizado inicialmente pelos 
osteoblastos é exclusivamente formado pela parte orgânica e denominado osteoide. Esse osso passa 
gradualmente por um processo de calcificação, aumentando sua quantidade da parte inorgânica. Com o 
passar do tempo, o osso primário se transforma em osso secundário. 
O osso secundário é um osso maduro constituído de lamelas. Os osteócitos, no interior de suas 
lacunas, estão localizados geralmente entre as lamelas. Além de ser mais calcificada, a matriz do osso 
secundário, diferentemente do que ocorre no osso primário, não possui as fibras colágenas distribuídas 
aleatoriamente. Dentro de uma mesma lamela, as fibras colágenas são todas paralelas entre si, porém são 
perpendiculares às fibras colágenas das lamelas vizinhas. Essadistribuição das fibras colágenas que se 
alternam em ângulo de 90 graus entre uma lamela e outra, aumenta a resistência do osso, lembrando a 
disposição das barras de aço incorporadas ao concreto reforçado de uma construção civil. 
 
 
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• ESTRUTURA MICROSCÓPICA DO OSSO COMPACTO 
Ao se observar microscopicamente a parte compacta da diáfise de um osso longo em corte transversal 
é possível verificar a existência de lamelas arrumadas em três sistemas lamelares diferentes: sistema 
circunferencial externo (lamelas circunferenciais externas), sistema circunferencial interno (lamelas 
circunferenciais internas) e sistemas de Havers (lamelas concêntricas) 
O sistema circunferencial externo, formado por lamelas paralelas, situa-se logo abaixo do periósteo e 
forma a região mais externa da diáfise. 
O sistema circunferencial interno, formado também por lamelas paralelas, é análogo ao sistema 
circunferencial externo, mas não tão extenso quanto ele, circundando completamente a cavidade medular. 
Entre o sistema circunferencial externo e o interno se encontram vários sistemas de Havers. Cada 
sistema de Havers é um cilindro constituído de lamelas concentricamente arrumadas ao redor de um canal 
chamado canal de Havers por onde passam vasos sanguíneos e nervos. Canais de Havers de sistemas de 
Havers vizinhos estão conectados um ao outro por canais de Volkmann que também possuem vasos 
sanguíneos e nervos e estão orientados perpendicularmente aos canais de Havers. Os canais de Volkmann 
também ligam os canais de Havers aos vasos sanguíneos do periósteo e aos vasos sanguíneos da cavidade 
medular. 
Os sistemas intermediários são formados por lamelas pertencentes à sistemas de Havers antigos 
parcialmente degradados pelos osteoclastos localizadas entre os sistemas de Havers. Observe na figura a 
seguir a organização do osso compacto da diáfise de um osso longo. 
 
 
 
Um dos problemas de um tecido que possui uma matriz calcificada como é a matriz óssea é de não 
permitir a difusão de nutrientes. Dificilmente os nutrientes que circulam no interior dos vasos sanguíneos 
localizados nos canais de Havers e de Volkmann chegariam aos osteócitos se dependessem apenas de 
difusão pela matriz óssea. Assim, os osteócitos adquiriram prolongamentos citoplasmáticos e esses 
prolongamentos produzem na matriz óssea os chamados canalículos. Os prolongamentos dos osteócitos 
localizados próximos aos canais de Havers e de Volkmann atingem os vasos sanguíneos desses canais. Os 
prolongamentos de osteócitos mais distantes se comunicam por junções abertas com os prolongamentos de 
osteócitos mais próximos desses canais e assim os nutrientes podem atingir todos os osteócitos sem 
necessitar de difusão pela matriz. O esquema a seguir mostra um segmento de um sistema de Havers com 
as lamelas concêntricas ao canal de Havers, as lacunas contendo osteócitos localizadas geralmente entre as 
lamelas e os canalículos formados pelos prolongamentos dos osteócitos que se distribuem por toda a matriz 
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do osso secundário. No detalhe, observe que os prolongamentos de osteócitos vizinhos se comunicam entre 
si através de junções abertas. 
 
 
 
 
➢ PROCESSOS DE FORMAÇÃO ÓSSEA 
A formação do osso tem início por volta da oitava semana do desenvolvimento embrionário e pode 
ocorrer de duas maneiras denominadas ossificação intramembranosa e ossificação endocondral. Os ossos 
formados por qualquer um desses dois processos são idênticos histologicamente. O primeiro osso formado é 
sempre osso primário, que é gradativamente reabsorvido e substituído por osso secundário, que continua a 
ser reabsorvido e substituído ao longo da vida, porém num ritmo mais lento. 
 
• OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA 
A maioria dos ossos planos do crânio é formada por ossificação intramembranosa que ocorre num 
tecido mesenquimal ricamente vascularizado. As células mesenquimais começam a sofrer uma série de 
divisões celulares, porém as células produzidas por essas divisões não são mais células mesenquimais e sim 
osteoblastos. Esses osteoblastos se colocam em posição formando uma membrana que delimita um espaço 
interno e iniciam a síntese de matriz óssea para o lado de dentro dessa membrana de osteoblastos, daí o 
nome ossificação intramembranosa. Essa região de formação óssea é um centro de ossificação. O osso 
primário inicialmente formado, denominado osteoide, sofre calcificação ao mesmo tempo em que alguns 
osteoblastos se tornam aprisionados pela matriz óssea e se transformam em osteócitos. A atividade mitótica 
contínua das células mesenquimais proporciona uma fonte constante de osteoblastos. Vários centros de 
ossificação são formados, que se fundem entre si para formar, no final do processo, um osso único. As 
fontanelas (moleiras) observadas entre os ossos frontal e parietal de um recém-nascido são regiões de 
mesênquima que ainda não sofreram ossificação. Observe na figura a seguir o processo de ossificação 
intramembranosa iniciando com a formação de um centro de ossificação no mesênquima. 
 
 
 
 
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• OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL 
A maioria dos ossos longos e curtos do corpo se desenvolve por ossificação endocondral. Este tipo de 
ossificação ocorre na vida intrauterina e pode ser dividido em duas etapas: (1) primeiramente, na região em 
que está para se formar osso no embrião, o mesênquima se diferencia em cartilagem hialina e então o 
esqueleto se torna cartilaginoso. Durante certo tempo, esta cartilagem cresce tanto aposicional quanto 
intersticialmente; (2) num segundo momento, a cartilagem serve como base para o desenvolvimento do osso, 
sendo a cartilagem reabsorvida e substituída por osso. É bom salientar que as peças cartilaginosas do 
esqueleto fetal possuem formas semelhantes aos respectivos ossos do indivíduo adulto. Portanto, o fêmur 
cartilaginoso, por exemplo, tem forma bem semelhante ao fêmur ósseo encontrado no indivíduo adulto. 
Durante o processo de substituição de cartilagem por osso, o pericôndrio no centro da diáfise da 
cartilagem se torna muito vascularizado e se transforma em periósteo. Quando isso ocorre, as células 
condrogênicas se tornam células osteogênicas, formando osteoblastos ao invés de condroblastos. Desta 
forma, o centro da diáfise é o centro primário de ossificação. 
Os osteoblastos recém-formados secretam matriz óssea, formando um cilindro ósseo abaixo do 
periósteo do centro da diáfise que avança em direção as duas epífises. Portanto, o centro da diáfise é 
considerado o centro primário de ossificação. A medida que o cilindro ósseo avança em direção as duas 
epífises uma sequência de eventos ocorre, sempre partindo do centro da diáfise em direção as duas epífises. 
Esta sequência de eventos está resumida a seguir: 
1. O cilindro ósseo impede a difusão de nutrientes para os condrócitos da zona de cartilagem normal 
localizados no centro da diáfise. Nesse momento, os condrócitos desta região se multiplicam por mitose 
formando a zona de cartilagem seriada. 
2. Após um tempo, os condrócitos seriados acumulam glicogênio em seu citoplasma e se tornam 
hipertrofiados formando a zona de cartilagem hipertrófica. A hipertrofia dos condrócitos resulta no crescimento 
de suas lacunas e na redução de matriz cartilaginosa. 
3. A matriz cartilaginosa reduzida se torna calcificada formando a zona de cartilagem calcificada. Na 
zona de cartilagem calcificada, o problema nutricional provocado pelo cilindro ósseo culmina na morte dos 
condrócitos. Este processo é responsável pela presença de lacunas vazias na cartilagem calcificada. 
4. Cavidades formadas no cilindro ósseo pelos osteoclastos, facilitam a passagem de células 
osteogênicas e vasos sanguíneos do periósteo para o interior da cartilagem calcificada. As células 
osteogênicas se dividem e formam osteoblastos que secretam osso primário na superfície da cartilagem 
calcificada, formando a zona de ossificação. Os osteoclastos começam a reabsorver o complexo cartilagem 
calcificada/osso primário, formando a cavidade medular. Os vasos sanguíneosque penetram nessa região 
levam sangue indicando o início do processo de formação da medula óssea. A sequência de figuras abaixo 
resume essa primeira etapa do processo de ossificação endocondral em um osso longo. 
 
 
 
À medida que este processo continua, a cartilagem da diáfise é substituída por osso. Com isso são 
formadas as cinco zonas descritas acima, tendo a seguinte sequência, partindo das epífises em direção ao 
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centro da diáfise: zona de cartilagem normal, zona de cartilagem seriada, zona de cartilagem hipertrófica, 
zona de cartilagem calcificada e zona de ossificação. 
Os centros secundários de ossificação começam a se formar nas epífises, por um processo semelhante 
ao da diáfise, exceto pelo fato de não se formar o cilindro ósseo e o sentido da ossificação ser radial. As 
células osteogênicas invadem a cartilagem da epífise, diferenciam-se em osteoblastos que começam a 
secretar matriz óssea na cartilagem calcificada. Estas etapas ocorrem e progridem como na diáfise e, desta 
forma a cartilagem da epífise é substituída por osso, exceto na superfície e no disco epifisário. A superfície 
das epífises permanece cartilaginosa ao longo de toda a vida formando a cartilagem articular. Já o disco 
epifisário desaparece quando se encerra a fase de crescimento, aproximadamente na idade de 20 anos. Até 
esse momento, o disco epifisário, sob ação do hormônio de crescimento humano (hGH), será responsável 
pelo crescimento do osso em extensão. A sequência de figuras abaixo resume a etapa final do processo de 
ossificação endocondral em um osso longo. 
 
 
 
 
Histologicamente, o disco epifisário é dividido nas cinco zonas já descritas, partindo do lado epifisário 
em direção ao lado diafisário do disco epifisário: zona de cartilagem normal, zona de cartilagem seriada, zona 
de cartilagem hipertrófica, zona de cartilagem calcificada e zona de ossificação. Observe a foto abaixo que 
mostra as cinco diferentes zonas encontradas no disco epifisário. 
 
 
 
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Para fixar seu aprendizado sobre o processo de ossificação endocondral, leia o texto a seguir 
acompanhando a figura abaixo. 
A: A formação de osso endocondral requer um molde de cartilagem hialina. 
B: O pericôndrio da porção média da diáfise se transforma em periósteo, o que resulta no 
aparecimento de células osteogênicas nessa região. Consequentemente, ocorre a produção de osso por 
ossificação intramembranosa, constituindo um cilindro ósseo abaixo do periósteo, que envolve a cartilagem 
da porção central da diáfise (1). Enquanto isso, os condrócitos situados no centro da diáfise sofrem 
hipertrofia (2) e morrem, deixando restos de matriz cartilaginosa entre as lacunas vazias, os quais acabam 
sofrendo calcificação. Células osteogênicas são trazidas por vasos do periósteo que invadem o centro da 
diáfise. Essas células ocupam as lacunas vazias e secretam matriz óssea sobre os restos de matriz 
cartilaginosa, produzindo osso por ossificação endocondral. Osteoclastos acabam digerindo a maior parte 
do osso, o que origina uma cavidade central na diáfise (3). 
C: O cilindro ósseo abaixo do periósteo (1) aumenta em comprimento e espessura. Continua a 
ossificação endocondral sobre os restos de matriz cartilaginosa calcificada, que é reabsorvida em seguida 
por osteoclastos, aumentando ainda mais a cavidade central que constituirá a cavidade medular do osso 
(4). A partir de certo momento, um fenômeno semelhante ocorre na região central das epífises: hipertrofia 
dos condrócitos, invasão de vasos, ossificação endocondral e reabsorção óssea. As regiões de ossificação 
das epífises são denominadas centros de ossificação secundários (5). 
D e E: O cilindro ósseo abaixo do periósteo (1) passou a ser grande o suficiente para suportar o osso 
longo em desenvolvimento e boa parte da cartilagem da diáfise e das epífises desapareceu, com exceção 
de dois locais: a) a região em que cada epífise se encontra com a diáfise, na qual persistem duas placas de 
cartilagem hialina chamadas discos epifisários (6); b) o revestimento das epífises que continua sendo 
constituído de cartilagem hialina formando as cartilagens articulares (7). O centro das epífises contém osso 
esponjoso formado por ossificação endocondral e cavidades que serão ocupadas posteriormente pela 
medula óssea (8). 
 
 
 
 
➢ CRESCIMENTO ÓSSEO 
Muitas das mudanças corporais que ocorrem durante o crescimento são atribuíveis às ações do 
hormônio de crescimento humano (hGH), um hormônio peptídico secretado pela adenohipófise. Outros 
hormônios essenciais ao crescimento incluem insulina, os hormônios da tireoide e os hormônios sexuais 
(testosterona e estrógeno). 
Nas crianças, o hGH exerce diversos efeitos nos ossos e tecidos moles, os quais resultam no 
crescimento corporal. Nos adultos, esse hormônio em vez de promover o crescimento, ele mantém a massa 
óssea e a massa corporal magra representada pelos músculos. 
O hGH promove diretamente o crescimento de duas maneiras: ele estimula a síntese proteica, 
aumentando, assim, o volume das células (hipertrofia) e estimula a divisão celular, resultando em número 
maior de células (hiperplasia). Os resultados dessas ações são o crescimento linear devido ao alongamento 
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dos ossos, um aumento da massa corporal magra devido ao crescimento do tecido muscular e um aumento 
no tamanho dos órgãos individuais, incluindo o coração, pulmões, rins e intestinos. 
Os níveis plasmáticos médios de hGH também variam de acordo com a idade. Tais níveis geralmente 
atingem um máximo durante a puberdade, e declinam posteriormente com o envelhecimento. Considera-se 
que níveis reduzidos de hGH são, em parte, responsáveis por alguns sinais do envelhecimento, como a 
diminuição da massa muscular e aumento da gordura corporal. 
A placa ou disco epifisário possui um papel chave no alongamento ósseo durante o crescimento. Sob 
influência do hGH os ossos crescem tanto em circunferência como em comprimento. O aumento da 
circunferência é causado pela ação dos osteoblastos que depositam tecido ósseo na superfície externa do 
osso, abaixo do periósteo. Esse processo é acompanhado pela reabsorção óssea dos osteoclastos na 
superfície interna da cavidade medular. Como consequência, o diâmetro da cavidade medular aumenta à 
medida que o diâmetro externo do osso aumenta. Já o processo que promove o aumento do comprimento de 
um osso inicia no lado epifisário da placa epifisária, com a atividade dos condrócitos. Sob influência do hGH, 
esses condrócitos se dividem por mitose formando a zona de cartilagem seriada e depois ainda aumentam 
de volume formando a zona de cartilagem hipertrófica provocando uma dilatação da placa epifisária. A medida 
que nova cartilagem se forma no lado epifisário da placa epifisária, condrócitos no lado diafisário da placa 
morrem e osteoblastos invadem essa região e começam a substituir a cartilagem por osso. 
No momento em que o grau de atividade mitótica na zona de cartilagem seriada iguala ao grau de 
formação óssea na zona de ossificação, o disco epifisário permanece de mesma largura, e o osso continua a 
crescer em comprimento. Aos cerca de 20 anos de idade, o ritmo de mitose diminui na zona de cartilagem 
seriada e toda a cartilagem do disco epifisário é substituída pela zona de ossificação, não sendo mais possível 
o crescimento ósseo em comprimento. Nesse momento, as placas epifisárias ficam completamente 
preenchidas por tecido ósseo, num processo denominado fechamento da placa epifisária. Quando o 
fechamento está concluído, o hGH não consegue mais estimular o alongamento ósseo, e os ossos param de 
crescer. O fechamento da placa epifisária é influenciado pelos hormônios sexuais (testosterona e estrógeno) 
durante a puberdade. 
 
➢ REPARAÇÃO ÓSSEA 
• FORMAÇÃO DO HEMATOMA DE FRATURA. 
Como resultado da fratura, vasos sanguíneos que passam pela linha da fratura se rompem formando 
um coágulo em torno da área fraturada. Este coágulo, chamado hematoma de fratura, geralmente se forma 
entre 6 e 8horas após a lesão. Como a circulação sanguínea é interrompida quando o hematoma de fratura 
é formado, células ósseas localizadas nas proximidades da área lesionada morrem. Inchaço e inflamação 
ocorrem devido à reação inflamatória iniciada após a lesão. Fagócitos (neutrófilos e macrófagos) e 
osteoclastos iniciam a limpeza da área lesionada e novos vasos sanguíneos são formados. 
 
• FORMAÇÃO DO CALO CARTILAGINOSO 
Aproximadamente 48 horas após a fratura ocorre aumento da atividade mitótica das células 
osteogênicas do periósteo e do endósteo que se diferenciam em osteoblastos e começam a elaborar um colar 
ósseo ao redor do local da fratura. Embora os vasos sanguíneos estejam se formando, seu ritmo de 
proliferação é muito mais lento do que o das células osteogênicas. Assim, as células osteogênicas sem um 
suprimento sanguíneo adequado ficam numa situação de baixa oxigenação. Nessa situação, as células 
osteogênicas se diferenciam em células condrogênicas, originando condroblastos que começam a secretar 
matriz cartilaginosa formando um calo cartilaginoso. O calo cartilaginoso formado nas extremidades de cada 
fragmento se fundem garantindo, assim, a união dos fragmentos. O estágio de calo cartilaginoso dura, 
aproximadamente, três semanas. 
 
• FORMAÇÃO DO CALO ÓSSEO 
Conforme os vasos sanguíneos se restabelecem, células osteogênicas do perósteo e do endósteo se 
desenvolvem em osteoblastos, que começam a produzir osso primário. Com o tempo, toda cartilagem é 
convertida em osso primário pela ossificação endocondral, e o calo é, então, denominado calo ósseo. 
 
• REMODELAÇÃO DO OSSO 
O osso primário formado é gradativamente substituído por osso secundário, ao mesmo tempo em que 
o calo é reabsorvido. O osso lesionado é reabsorvido pelos osteoclastos e os espaços preenchidos por osso 
novo formado pelos osteoblastos. É interessante notar que a reparação óssea envolve a formação de 
cartilagem e posteriormente o processo de ossificação endocondral. 
 Se os segmentos ósseos são perdidos ou lesionados seriamente, a ponto de terem que ser removidos, a 
soldadura do osso não é possível, isto é, o processo de reparação óssea não pode ocorrer porque não se 
formará um calo ósseo. Em casos desse tipo, um enxerto ósseo será necessário. 
 Nos indivíduos saudáveis, o processo de reparação óssea geralmente leva de 6 a 12 semanas, 
dependendo da gravidade da fratura e do osso que é fraturado. Alinhar o osso, ou seja, reaproximar as partes 
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fraturadas e manter essas partes em posição por fixação interna por meio de pinos, parafusos ou placas 
aceleram o processo de cura e, geralmente, resultam em restauração estrutural e funcional mais eficientes. 
Observe nas figuras a seguir o processo de reparação óssea descrito acima. 
 
 
 
 
 
➢ APRENDIZAGEM ATIVA 
• OSTEOGÊNESE IMPERFEITA 
http://www.scielo.br/pdf/rbort/v48n3/pt_0102-3616-rbort-48-03-0286.pdf 
 
 
http://www.scielo.br/pdf/rbort/v48n3/pt_0102-3616-rbort-48-03-0286.pdf

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