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Apostila de Direito Ambiental

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Direito Ambiental
• O que é Meio Ambiente?
• Classificação do Meio Ambiente
• Conceito de Direito Ambiental
• A Proteção Ambiental Universal
• A Proteção ao Meio Ambiente no Brasil
 · Entender o que vem a ser o Meio Ambiente, e sua importância para 
garantia da vida no planeta.
 · Iremos conhecer seus principais conceitos e princípios, tornando 
o estudante apto a desenvolver um raciocínio sistêmico sobre este 
importante “Ramos do Direito”.
 · Veremos preceitos importantíssimos que com relação ao Meio 
Ambiente, sua forma de se apresentar, bem como a maneira pela 
qual o Meio Ambiente, objeto de discussão é proteção nacional e 
internacional, repercute como ramo da ciência do Direito.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
O que é o Meio Ambiente a ser 
Protegido para o Direito Ambiental
UNIDADE O que é o Meio Ambiente a ser Protegido para o Direito Ambiental
O que é Meio Ambiente?
Durante décadas, as empresas exploraram os recursos naturais de forma desen-
freada, por estarem voltadas ao seu desempenho econômico, diante do consumo 
em excesso. Devido essa ação, enfrentamos um dos maiores problemas da história 
do planeta, as mudanças climáticas e as consequências desta no Mundo.
A mídia e as redes sociais repercutem a todo instante os problemas ambientais 
causados pelo aquecimento global do planeta, a ampliação da camada de ozónio, a 
destruição de rios e de florestas, dando a questão ambiental uma grande notoriedade 
e retratando que a questão não está afetando a um país em específico, mas a vida 
no planeta de modo geral em todas a suas formas.
É muito comum associar o Meio Ambiente, tão somente, àquilo que está ligado 
a natureza ou aos recursos naturais.
A definição precisa do que vem a ser Meio Ambiente surge com a entrada em 
vigor da Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981, que ao tratar da Política Nacional 
do Meio Ambiente, conceituou o termo em questão em se artigo 3º:
Art. 3º. Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I – Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações 
de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em 
todas as suas formas.
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o termo “Meio Ambiente” 
passou a ter um alcance maior, adquirindo agora um status constitucional.
Nesse sentido, José Afonso da Silva1, assim, se manifesta ao dizer que Meio 
Ambiente é:
[...] a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais 
que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas 
formas. A integração busca assumir uma concepção unitária do ambiente, 
compreensiva dos recursos naturais e culturais.
Para Celso Fiorillo2, a atual constituição Federal ampliou o entendimento ju-
rídico do que vem a ser Meio Ambiente, incluindo várias espécies de como este 
pode se apresentar, dando a ideia que Meio Ambiente é gênero, tendo como 
principais espécies:
1. meio ambiente natural;
2. meio ambiente do trabalho;
1 SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 3ª ed. São Paulo: Malheiros Editores. 2000, p.20.
2 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 9ª. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: 
Saraiva. 2008, p. 21.
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3. meio ambiente artificial;
4. meio ambiente cultural.
Podemos incluir, diante do desenvolvimento tecnológico e cientifico, mais duas 
espécies, que são: o meio ambiente genético e o meio ambiente digital ou virtual.
Classifi cação do Meio Ambiente
Vamos então conhecer, um pouco melhor, como se desenvolve e o que se preten-
de tutelar com as diversas classificações que se pode dar ao gênero Meio Ambiente.
Meio Ambiente Natural
O Meio Ambiente Físico, mais conhecido por Meio Ambiente Natural, tem como 
componentes os recursos naturais, como a flora, a fauna, os recursos hídricos, os 
recursos fluviais, o mar territorial, estando inseridos também o solo e o subsolo, e 
todo os elementos de origem natural que compõe a biosfera.
A proteção constitucional ao Meio Ambiente Natural encontra abrigo no artigo 
225, caput e em seu parágrafo § 1º, bem como nos incisos I e VII.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
[...]
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o 
manejo ecológico das espécies e ecossistemas.
[...]
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas 
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de 
espécies ou submetam os animais a crueldade.
Meio Ambiente Artifi cial
Para o doutrinador Celso Fiorillo3, procura definir está espécie como:
O meio ambiente artificial, também denominado humano, se encontra 
delimitado no espaço urbano construído consistente no conjunto de 
edificações e congêneres, denominado dentro desta sistemática, de espaço 
urbano fechado, bem como pelos equipamentos públicos nomeados de 
espaço urbano aberto.
3 Op cit p. 79.
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UNIDADE O que é o Meio Ambiente a ser Protegido para o Direito Ambiental
Como se pode concluir, o Meio Ambiente Artificial procura dar ao processo de 
urbanização uma característica preponderante ao influenciar a vida e qualidade des-
ta aos moradores de determinado núcleo populacional urbano, que denominados 
de cidades.
A existência dessa espécie de Meio Ambiente, bem como de sua proteção, 
é destacada no artigo 182 da Constituição Federal, ao tutelar em um capítulo 
especifico medidas de proteção e planejamento ambiental:
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder 
Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por 
objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e 
garantir o bem-estar de seus habitantes.
§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório 
para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da 
política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende 
às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no 
plano diretor.
Meio Ambiente do Trabalho
O denominado Meio Ambiente do Trabalho procura tutelar o local onde o 
trabalhador ou a trabalhadora exerce sua atividade laboral.
Este local deve apresentar plenas condições de salubridade, com inexistência de 
riscos que possam afetar a saúde física ou mental dos trabalhadores.
Dessa forma, a efetiva proteção ao Meio Ambiente do Trabalho promove de 
modo direito a salva guarda da saúde do trabalhador, a das comunidades externas 
ao local, onde se presta o trabalho que podem, de um modo ou outro, serem 
afetadas pelo conduta desrespeitosa ao Meio Ambiente, como por exemplo, a 
emissão de gases de uma determinada indústria que sem o tratamento previsto em 
normas ambientais específicas podem afetar tanto os trabalhadores desta como a 
população limítrofe à planta industrial.
A proteção ao Meio Ambiente do Trabalho pode ser muito bem delimitada ao 
se verificar o que trata a Constituição Federal, em seu artigo 200, mais precisa-
mente no inciso VIII, ao inserir junto ao Sistema único de Saúde - SUS, como 
atribuição a de colaborar com a proteção ao meio ambiente do trabalho proteção, 
da seguinte forma:
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, 
nos termos da lei:
[...]
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o 
do trabalho.
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Meio Ambiente Cultural
O chamado de Meio Ambiente Cultural tem como objetivo preservar as raízes 
ou origens de um determinado povo, ou seja, aquilo que por vezes se denomina de 
patrimônio cultural.
Inseridos nessa classificação, encontramos o patrimônio artístico, arqueológico 
e histórico.
Muito embora, esse patrimônio dependa para sua existência de uma ação diretado ser humano, existe diante da importância que a cultura tem como elemento di-
fusor de valores históricos e sociais de um determinado povo, o patrimônio cultural 
busca proteção para preservação das presentes e futuras gerações.
Como enfatizado, o Meio Ambiente Cultural possui como integrante fundamental 
o patrimônio cultural, cujo a Constituição Federal de 1988 atribuiu merecido 
destaque em seus artigos 215 e 216.
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos 
culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a 
valorização e a difusão das manifestações culturais.
[...]
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza 
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores 
de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos 
formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destina-
dos às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, 
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Meio Ambiente Genético
Nossa Constituição Federal de 1988, inseriu o denominado patrimônio genético 
a categoria de um bem por ela protegido, de tal maneira que esse patrimônio 
genético engloba todas as informações genéticas oriundas de qualquer ser vivo, 
vegetal, animal, a vida microbiana e até a dos fungos.
A proteção pretendida a essa espécie de Meio Ambiente visa dar proteção a 
bens de caráter não patrimonial existentes em qualquer ser. As informações de 
ordem genética são fundamentais para assegurar o equilíbrio ambiental, bem como 
a manutenção e ampliação da qualidade de vida da coletividade de modo geral.
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UNIDADE O que é o Meio Ambiente a ser Protegido para o Direito Ambiental
A tutela ambiental, aqui tratada, pode ser constatada no já mencionado artigo 
225, parágrafo 1º, inciso II da Constituição Federal de 1988:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibra-
do, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
[...]
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do 
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de 
material genético;
Conceito de Direito Ambiental
Existem muitas formas de denominação do ramo da ciência do direito que pro-
cura tutelar o Meio Ambiente, são empregadas diversas expressões, tais como: 
Direito Ambiental, Direito do Meio Ambiente, Direito do Ambiente, Direito Ecoló-
gico, além de outras possíveis.
A ideia de denominar um dos ramos especifico do Direito tem, sobretudo, o 
objetivo de direcionar o operador do Direito na pesquisa e na sua efetiva aplicação, 
quer no mundo das normas quer no mundo fático.
A tendência atual é do uso da expressão Direito Ambiental.
Para Paulo Affonso Leme Machado4, Direito Ambiental pode ser conceituado:
O Direito Ambiental é um Direito sistematizador, que faz a articulação da 
legislação, da doutrina e da jurisprudência concernentes aos elementos 
que integram o ambiente. Procura evitar o isolamento dos temas ambien-
tais e sua abordagem antagônica. Não se trata mais de construir um Di-
reito das águas, um Direito da atmosfera, um Direito do solo, um Direito 
florestal, um Direito da fauna ou um Direito da biodiversidade. O Direito 
Ambiental não ignora o que cada matéria tem de específico, mas busca 
interligar estes temas com a argamassa da identidade dos instrumentos 
jurídicos de prevenção e de reparação, de informação, de monitoramento 
e de participação.
Outro grande conceito pode ser retirado das palavras de Edis Milaré, que atribui 
ao Direito Ambiental como o conjunto:
[...] princípios e normas que têm o objetivo de regular aquelas atividades 
humanas capazes de afetar direta ou indiretamente a qualidade do Meio 
Ambiente globalmente considerado, tendo em vista a sustentabilidade das 
presentes e futuras gerações.
4 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 17° ed, São Paulo: Malheiros, 2009, p.54-55.
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Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da 
coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a 
possua ou detenha.
§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as 
suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, 
de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as 
belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, 
bem como evitada a poluição do ar e das águas.
O Direito Ambiental possui uma ampla ligação com diversos outros ramos do 
Direito, como ocorre com o Direito Civil, por exemplo, ao tratar diretamente sobre 
a obrigação do titular do direito de propriedade de proteger o meio ambiente, no 
artigo 1228, parágrafo 1º do Código Civil:
Embora as questões ambientais começaram a ter destaque no âmbito interna-
cional, a contar da segunda metade do século XX, o grande debate que dá notorie-
dade ao Direito Ambiental tem sem dúvida como referência a 1ª Conferência das 
Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente na Suécia em 1972. 
Como conclusão do evento, foi redigida e aprovada a denominada “Declaração 
Universal do Meio Ambiente”, que resumidamente, tem por objeto a preservação 
para as presentes e futuras gerações dos denominados recursos naturais, tais como, 
a água, o ar, o solo, a flora e a fauna, devendo cada país signatário, estabelecer em 
seu sistema legislativo medidas que tutelem esses bens jurídicos indicados.
Em nosso país, a notoriedade do Direito Ambiental, como ramo autônomo 
do Direito, passa a merecer destaque e atenção com a entrada em vigor da Lei 
nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que disciplina a denominada “Política Nacional 
do Meio Ambiente – PNMA”.
 Sem dúvida, o principal interesse do Direito Ambiental é o de promover a defesa 
do Meio Ambiente, para tanto é objetivo desse ramo do direito, estabelecer normas 
jurídicas e a devida interpretação destas, a fim de regular as atividades humanas 
que causem ou tenham potencial de provocarem algum impacto desfavorável ao 
Meio Ambiente.
Mas, uma coisa é evidente, a maior proposta do Direito Ambiental, ao proteger 
o Meio Ambiente, é assegurar, sobretudo, a defesa da vida no planeta diante dos 
danos a ela que podem, como é cientificamente comprovada, ocorrer com o 
desrespeito e degradação do Meio Ambiente.
Pode-se dizer que um dos principais objetivos do Direito Ambiental é o chamado 
“desenvolvimento sustentável”, ou seja, permitir o desenvolvimento de determinada 
sociedade, assegurando a proteção e o aprimoramento do Meio Ambiente que ela 
ocupe ou que de algum modo se beneficie.
Vale destacar que o Direito Ambiental não é contra o desenvolvimento, mas que 
este se dê de forma planejada, tendo por foco não prejudicar o Meio Ambiente 
como meio fundamental para a qualidade de vida, o qual deve ser preservado para 
as presentes e futuras gerações.
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UNIDADE O que é o Meio Ambiente a ser Protegido para o Direito Ambiental
A Proteção Ambiental Universal
Durante séculos, a sociedade teve a visão que os recursos naturais eram inesgotá-
veis, estando a qualquer época e momento à disposição do ser humano. Entretanto, 
diante do processo evolutivo, sobretudo com o crescimento da indústria, esta visão 
de disponibilidade permanente entra em choque, pois, as avalições cientificas sobre 
a questão demonstram um pensamento adverso ao afirmarem que os recursos natu-
rais são na realidade esgotáveis e certas degradações são irreversíveis.
Dessa forma, percebe-se, que apesar do reconhecimento preocupante com 
relação ao MeioAmbiente, as intervenções humanas nele ocorrem de maneira 
desordenada, carecendo de um posicionamento enérgico do Estado e até da 
comunidade internacional para sua proteção e aprimoramento.
É nos chamados anos 60 do século passado, que a comunidade internacional 
passa a discutir a importância da edição de normas jurídicas ambientais, com o 
objetivo de preservar o Meio Ambiente, contendo assim, a degradação deste e 
assegurando sua disponibilidade efetiva para as gerações presentes e a sua entrega 
em melhores condições para as gerações futuras.
Conferência de Estocolmo
A primeira e relevante grande aglutinação mundial para tratar do tema da prote-
ção ambiental foi sem dúvida na Suécia, precisamente na cidade de Estocolmo no 
ano de 1972, mais conhecida por “Conferência de Estocolmo”.
Promovida pela Organização da Nações Unidas – ONU, contou com 113 países.
A relevância dessa conferência está na ampliação do foco do que vem a ser Meio 
Ambiente, não se restringindo somente ao Meio Ambiente Natural e os recursos 
provenientes deste, mas também tratou de outras formas de apresentação do Meio 
Ambiente e sua enorme importância para a sociedade “planetária”.
Os participantes da Conferência de Estocolmo entenderam que era necessário 
criar mecanismos institucionais e financeiros permanentes, capazes de coordenar, 
catalisar e estimular ações para a proteção e melhoria do Meio Ambiente Humano. 
Dessa forma, surgiu o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 
(PNUMA) a fim de reforçar as ações mundiais de proteção ao meio ambiente
O PNUMA, foi instituído como um programa para incentivar e promover o 
desenvolvimento sustentável. Esse programa seria financiado e supervisionado 
por um Conselho Econômico e Social – o que reforça a proximidade entre Meio 
Ambiente e desenvolvimento socioeconômico.
Um documento de relevância, fruto das discussões desta conferência, foi a 
denominada “Declaração de Estocolmo”, a qual apresenta vinte e seis proposições, 
as quais foram nominadas de “princípios”.
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Diante do alcance que pretende a Declaração de Estocolmo, vale a pena fazer 
menção ao seu “Princípio I”, que assim nos dita:
O homem tem direito fundamental à liberdade, igualdade e adequadas 
condições de vida, num meio ambiente cuja qualidade permite uma 
vida de dignidade e bem-estar, e tem a solene responsabilidade de pro-
teger e melhorar o meio ambiente, para a presente e futuras gerações 
interligar estes temas com a argamassa da identidade dos instrumentos 
jurídicos de prevenção e de reparação, de informação, de monitora-
mento e de participação.
Mais um fato relevante pode ser atribuído à “Declaração de Estocolmo”, ou seja, 
a influência que repercutiu em diversas cartas constitucionais dos países signatário, 
como o Brasil, onde a proteção ao Meio Ambiente passa a ser tratado, tanto 
como um direito do indivíduo considerado de maneira isolada, como também da 
coletividade, além da proteção ambiental ser uma questão que transcende fronteiras, 
diante da maneira com que o Meio Ambiente repercute na qualidade de vida de 
todo o planeta.
ECO-92
No ano de 1992, uma nova conferência foi realizada na cidade do Rio de Janeiro, 
mais conhecida como ECO-92, onde o objetivo principal foi uma atualização e 
implementação da “Conferência de Estocolmo”.
Na “ECO-92”, foi formulado um novo documento denominado a “Declaração 
do Rio”, a qual destaca o chamado “desenvolvimento sustentável”.
Ainda, durante a “ECO-92”, foi aprovada a “Convenção sobre a Diversidade 
Biológica”, bem como a “Convenção sobre a Mudança Climática”, e pôr fim a 
denominada “Agenda 21”, a qual institui uma série de medidas programáticas a 
serem implementadas com o objetivo de garantir um desenvolvimento econômico 
e social associado a uma preservação ambiental, ou seja, que resumidamente 
procura transmitir a ideia do desenvolvimento sustentável.
Protocolo de Kyoto
Em 1997, na cidade de Kyoto, no Japão, foi realizada uma convenção, cujo 
fato gerador tem a ver com os problemas que a emissão de gases que causavam a 
degradação ambiental, sobretudo no filtro natural dos raios solares garantidos pela 
chamada “camada de ozônio”.
Com a participação dos 84 países, teve como conclusão um documento oficial 
mais conhecido por Tratado de Kyoto, que definiu metas de redução de gases 
causadores do efeito estufa em aproximadamente 5,2% durante o período de 
2008 e 2012. Oitenta e quatro países participantes aderiram ao protocolo e o 
assinaram, comprometendo-se com a implantação de medidas para diminuição dos 
efeitos da emissão de gases.
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UNIDADE O que é o Meio Ambiente a ser Protegido para o Direito Ambiental
As mencionadas metas descritas variavam de pais para pais, obedecendo o se-
guinte critério:
Os países que mais prejudicam o meio ambiente possuem metas maiores 
que os países menos poluidores, sendo certo que o Brasil, diante da sua 
baixa influência na emissão de gases, não recebeu metas de redução.
Entretanto, em virtude das metas destinadas aos Estados Unidos, que na sua 
concepção eram desproporcionais e prejudicariam seu desenvolvimento econômi-
co, o país desligou-se do mencionado “Protocolo de Kyoto”.
Rio + 10
Dez anos após a ECO-92, foi realizada na cidade Johanesburgo, na África do 
Sul, a chamada Rio+10, neste evento foi discutido o aprimoramento das decisões 
adotadas na ECO-92.
O evento contou com a participação de 189 países signatários que discutiram 
matérias sobre o crescimento sustentável e a preservação dos recursos naturais.
Rio + 20
No ano de 2012, a cidade do Rio de Janeiro, novamente foi o local escolhido para 
discussões de medidas protetivas ao Meio Ambiente com o escopo de garantir um 
desenvolvimento sustentável, este evento que recebeu à denominação de Rio+20.
O evento contou com a representação de 193 países, que ao final dos debates 
celebraram um documento chamado de “O futuro que queremos”, no qual se 
reafirmam os compromissos já celebrados e reconhecidos como fundamentais a 
garantir um desenvolvimento sustentável, dentro de um propósito de preservação 
do Meio Ambiente.
A Proteção ao Meio Ambiente no Brasil
A primeira grande norma de proteção ambiental no Brasil foi o Código Florestal 
Brasileiro, que passou a vigorar em 1934.
Ainda nesse ano, o Decreto nº 24.645/34 preconiza medidas protetivas aos 
animais, ao tipificar uma contravenção penal para aqueles que provocassem “maus 
tratos aos animais”.
No ano de 1964, com uma proposta inovadora para o uso da terra no Brasil, 
nasce pela Lei nº 4.504, o denominado “Estatuto da Terra”.
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Um novo Código Florestal, entra em vigor no ano de 1965, ampliando as me-
didas protetivas a denominadas “áreas de preservação prementes”.
Medidas de proteção ambiental dirigidas ao controle das atividades industriais, 
com potencial poluidor, passam a vigorar com a vigência da Decreto-Lei 1.413/75.
Mas, a legislação infraconstitucional de maior destaque até então foi a Lei 
nº 6.938/81, que introduz no Brasil uma política permanente de proteção ao meio 
ambiente, conhecida por “Política Nacional de Meio Ambiente - PNMA”, criando 
diversos mecanismos legais de proteção ambiental, como a prevenção de danos, a 
responsabilidade de reparação dos danos causados ao meio ambiente, entre outras.
A Lei da Ação Civil Pública, Lei nº 7.347/85, tem por objetivo, além de outros, 
a defesa do meio ambiente, considerando-o como direito difuso e coletivo.
Seguindo as orientações, principalmente da “Carta de Estocolmo”, a Constituição 
Federal de 1988 inovou o direito constitucional brasileiro ao dedicar um capítulo 
exclusivo a proteção do Meio Ambiente, definindo-o como um bem de uso comum 
do povo, devendo ser preservado às presentes e futuras gerações.
A Lei nº 8.171/91, conhecida como “Lei de Política Agrícola”, deu um destaque 
especial à causa ambiental ao prever que o proprietário rural que degradar área de 
proteção florestal em sua propriedade deverá recompô-la.
Uma lei que estabeleceu medidas protetivas ao Meio Ambiente,englobando 
reponsabilidades penal, civil e administrativas, para as condutas lesivas ao Meio 
Ambiente, foi a Lei nº 9.605/98.
No ano de 2.000, uma nova legislação federal (Lei nº 9.985/00) cria o Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação, instituindo medidas de proteção e defesa 
dos ecossistemas naturais, bem como ações para preservar os recursos naturais 
que nestas áreas estejam inserido.
O chamado “Estatuto das Cidades”, instituído pela Lei nº 10.257/01, implanta 
como medida obrigatória aos municípios, de que o desenvolvimento da cidade deve 
respeitar o Meio Ambiente.
No mês de maio do ano de 2012, é aprovada a Lei nº 12.651/12, que 
estabelece medidas de cunho obrigatório para a proteção da vegetação nas áreas 
de Preservação Permanente, bem como nas áreas de Reserva Legal, disciplinando 
a exploração florestal, a produção de matéria-prima de origem florestal.
Ainda, a presente norma estabelece outras medidas, como o controle da origem 
dos produtos florestais, além de outras destinadas ao controle e prevenção dos 
incêndios florestais.
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UNIDADE O que é o Meio Ambiente a ser Protegido para o Direito Ambiental
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
O Meio Ambiente como o Bem de Uso Comum do Povo
https://goo.gl/C5uWk9
Direito Ambiental Brasileiro: Surgimento, Conceito e Hermenêutica:
https://goo.gl/pGw41i
Constituição Federal de 1988
https://goo.gl/zaRrL
O Objeto do Direito Ambiental
https://goo.gl/4U9QUr
Meio Ambiente e o Direito Ambiental
https://goo.gl/aQ5Zvu
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• Política Nacional do Meio do Meio Ambiente – PNMA
• Quais os Objetivos Política Nacional do Meio
do Meio Ambiente – PNMA?
• Instrumentos de uma Política Nacional do Meio Ambiente
• Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA
• Proteção Administrativa do Meio Ambiente
• Poder de Polícia e a Proteção do Meio Ambiente
• Princípios do Direito Ambiental
 · Entender a denominada Política Nacional do Meio Ambiente – 
PNMA –, instituída a partir de 1981, cujos reflexos atingem de forma 
direta ou indireta à sociedade.
 · Conhecer seus principais conceitos e princípios, bem como o Sistema 
(Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA) que procura desen-
volver dar efetividade a Política Nacional do Meio Ambiente.
 · Ver preceitos importantíssimos que, com relação à forma de proteção 
administrativa do Meio Ambiente e como os princípios do Direito 
Ambiental, são fontes de interpretação e alcance da Norma Jurídica 
Ambiental.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
A Política de Proteção Ambiental
UNIDADE A Política de Proteção Ambiental
Política Nacional do Meio do Meio 
Ambiente – PNMA
A denominada Política Nacional do Meio do Meio Ambiente – PNMA – é um 
importante marco na defesa e preservação do Meio Ambiente, sua implantação se 
deu com a promulgação da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, a qual veio a 
reafirmar o encontro de Estocolmo de 1972.
Vejamos, como a lei que instituiu o PNMA, em seu artigo 2º, retratou de modo 
objetivo esta política:
Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a 
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia 
à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento 
socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da 
dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios [...]
As pretensões depositadas pela Lei de 1981 foram recepcionadas por nossa atual 
Constituição Federal, pois, embora inseridas em momentos históricos diversos, a 
Lei da PNMA foi amplamente recepcionada, ao ponto de não se ter dúvida, que 
esta lei dá efetividade ao que pretende o dispositivo constitucional do artigo 225.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
O maior foco da PNMA é o de disciplinar qualquer atividade que tenha a 
possibilidade de impactar o Meio Ambiente, com o propósito de assegurar a 
preservação, como também sua melhoria.
Valendo acrescentar que a PNMA também estabelece medidas de recuperação 
do Meio Ambiente degradado.
Como bem reafirma Luís Paulo Sirvinskas1, ao enaltecer os propósitos da PNMA:
Política Nacional do Meio Ambiente tem como objetivo tornar efetivo o direito de 
todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, princípio matriz contido no 
caput do art. 225 da Constituição Federal. E por meio ambiente ecologicamente 
equilibrado se entende a qualidade ambiental propícia à vida das presentes e das 
futuras gerações.
1 SIRVINSKAS, Luís Paulo. Política nacional do meio ambiente (Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981). As leis 
federais mais importantes de proteção ao meio ambiente comentadas. MORAES, Rodrigo Jorge, AZEVÊDO, 
Mariangela Garcia de Lacerda e DELMANTO, Fabio Machado de Almeida (coords). Rio de Janeiro: Renovar, 2005, 
p. 91-93.
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Quais os Objetivos Política Nacional do 
Meio do Meio Ambiente – PNMA?
Como já vimos, a PNMA, criada em 1981, foi amplamente recepcionada pela 
atual Constituição, aos ditames do artigo 225 desta, ou seja, a preservação de 
um Meio Ambiente ecologicamente equilibrado se entende a qualidade ambiental 
propícia à vida das presentes e das futuras gerações.
Mas como compatibilizar o crescimento socioeconômico que, na busca de 
espaços e infraestrutura urbana, degrada o Meio Ambiente, ou diante dos males 
que a produção de bens pode propiciar a este mesmo Meio Ambiente?
Não há como tratar a questão ambiental sem buscar o denominado “desenvol-
vimento sustentável”, procurando promover o desenvolvimento socioeconômico, 
em consonância com medidas de uso racional dos recursos ambientais, a serem 
empregados nas atividades de desenvolvimento, inibindo ações desfavoráveis, pro-
movendo o desenvolvimento em condições seguras e adequadas à vida.
Nas palavras de Luís Paulo Sirvinskas2:
Dessa maneira, o objetivo geral da Política Nacional do Meio Ambiente está dividido 
em preservação, melhoramento e recuperação do meio ambiente. Preservar é 
procurar manter o estado natural dos recursos naturais impedindo a intervenção 
dos seres humanos.
É também importante a observação de Édis Milaré3 a respeito desta preocupação 
da PNMA:
Diga-se, a bem da verdade, que é irreal o planejamento ambiental isolado do 
planejamento econômico e social. O meio ambiente é um bem essencialmente difuso 
e engloba todos os recursos naturais: as águas doces, salobras e salinas, superfi ciais 
ou subterrâneas; a atmosfera, o solo, o subsolo e as riquezas que encerram, assim 
como a fauna e a fl ora e suas relações entre si e com o ser humano. Compreende, 
ainda, outros bens, como os culturais. Por isso mesmo, o planejamento da utilização 
de tais recursos deve considerar todos os aspectos envolvidos: os econômicos, os 
sociais e os ambientais.
Com esta afirmativa, pode-se dizer que a PNMA possui dois objetivos, o pri-
meiro geral, orientado por medidas de preservação, melhoramento (ou aperfeiço-
amento) e medidas voltadas aos interesses da segurança nacional e as de assegurar 
condições propícias de vida, o segundo são medidas particulares, estabelecidas a 
partir de objetivos específicos.
2 SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 60.
3 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. Revista dos Tribunais. Cap. 5. E-Book: ISBN 9788520361160.
9
UNIDADE A Política de Proteção Ambiental
Como medida de preservação, podemos entender que elas almejam manter o 
Meio Ambiente em seu estado in natura, ou seja, da mesma forma que a natureza 
o dispõe.
Já, em relação às denominadas ações de melhoramento, estas dependem da 
ação humana, pois a conduta aqui objetivada é de provocar uma melhoria da 
qualidade do Meio Ambiente, com o manejo de espécies animais e vegetais, ações 
de proteção a recursos em risco.
As ações de recuperação, sem dúvida, dependem, precipuamenteda intervenção 
humana, para que o Meio Ambiente se restabeleça nas condições anteriores a um 
processo de degradação.
A recuperação é a postura que mais envolve recursos, seja de ordem financeira ou 
pública, ou ainda afetando recursos privados. Deve ser ressaltado que, dependendo 
da ordem de degradação, o tempo de reestabelecimento do Meio Ambiente será de 
médio a longo prazo, isto se possível fazê-la.
Quanto aos denominados objetivos específicos da PNMA, podemos constatá-los 
pela leitura do artigo 4º da Lei nº 6.938/81: 
Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a 
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à 
qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, 
dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de 
normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;
IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas 
para o uso racional de recursos ambientais;
V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de 
dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública 
sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio 
ecológico;
VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à 
sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a 
manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar 
e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela 
utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
Vejamos o que pretende o legislador, com relação à PNMA, nos diversos incisos 
do mencionado artigo 4º.
10
11
I- à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a 
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
Em outras palavras, significa que a demanda socioeconômica deve estar 
compatibilizada ao Meio Ambiente que se encontra, no sentido de não possibilitar 
o uso excessivo do patrimônio ambiental.
Vale aqui mencionar o que trata Édis Milaré4, levando em conta a demanda e ofer-
ta de recursos ambientais, de que existem dois fatores primordiais a serem assegura-
dos pelas ações de desenvolvimento: a qualidade ambiental e o equilíbrio ecológico.
A qualidade ambiental é um conjunto de requisitos e condições que atestam 
a saúde do meio ambiente, ou seja, fatores propícios à vida tal qual se encontra 
nos sistemas vivos do mundo natural, principalmente daqueles elementos que 
entram no metabolismo dos processos essenciais à vida: ar, água, alimentos, 
componentes do solo, microclima, entre outros. Nunca é demais insistir em que a 
qualidade ambiental é pressuposto da qualidade de vida. Já o equilíbrio ecológico 
(também lembrado no art. 225 da CF) é a permanência dos ecossistemas em suas 
características próprias e essenciais – uma vez que cada ecossistema ou hábitat ou 
meio tem as suas peculiaridades.
Com relação à postura governamental, na busca por qualidade e equilíbrio ao 
Meio Ambiente, está descrita no inciso II:
II – à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à 
qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, 
dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
Dessa forma, as ações governamentais, devem fazer parte de programas e 
projetos, a serem desenvolvidos pelos entes federativos de nosso Estado, que 
possuem competência comum, no que tange à proteção ao Meio Ambiente e ao 
combate à poluição em todas as suas formas, como assim descreve o artigo 23, 
inciso VI da Constituição:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Municípios:
[...]
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de 
suas formas;
A PNMA deve estar preocupada em estabelecer “Padrões de Qualidade 
Ambiental”, é o que tratada o inciso III da Lei nº 6.938/81:
III – ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de 
normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;
4 Op cit cap 1.
11
UNIDADE A Política de Proteção Ambiental
Novamente vamos recorrer a Édis Milaré5 quanto à importância do estabeleci-
mento de padrões de qualidade:
Graças aos Parâmetros de Qualidade Ambiental será possível aferir, ainda que 
parcialmente, se o desenvolvimento em marcha numa região é sustentável e se 
uma determinada cidade é saudável. Sua importância relaciona-se, igualmente, 
com a saúde ambiental, quer no tocante aos elementos abióticos (água, ar e solo), 
quer no concernente aos elementos bióticos (flora e fauna). São eles que também 
cuidam da saúde humana, o que lhes confere enorme alcance social.
Não há dúvida de que o emprego de tecnologia na manipulação de recursos 
ambientais tem muito a ver com própria qualidade da intervenção junto aos re-
cursos ambientais. 
Quanto a isso, a PNMA procurou descrever o aprimoramento tecnológico no 
inciso IV da lei da PNMA.
IV – ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas 
para o uso racional de recursos ambientais;
Em total consonância ao inciso anterior, é o próximo, pois, o desenvolvimento 
de tecnologia depende, para ser eficaz, de difusão, o que possibilita seu emprego:
V – à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação 
de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência 
pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do 
equilíbrio ecológico;
No inciso VI, vamos encontrar a reafirmação de que a PNMA, não almeja 
estancar o desenvolvimento socioeconômico, mas sim que exista o uso racional do 
patrimônio ambiental, a fim de manter um equilíbrio ecológico adequado à vida.
VI – à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à 
sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a 
manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;
O último objetivo específico da PNMA é de que tanto o poluidor como o usuário 
dos recursos ambientais são reciprocamente responsáveis em indenizar o dano, ou 
o uso econômico dos citados recursos.
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar 
e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela 
utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
5 Op cit cap. 1
12
13
Instrumentos de uma Política Nacional
do Meio Ambiente
A lei que instituiu a PNMA, mais precisamente em seu artigo 9º, fixou o modo 
com que a Administração Pública promoverá a proteção e defesa ambiental, por 
intermédio de instrumentos bem definidos.
Porém, a proteção não se dá tão somente pela lei, pois a efetivação de uma 
política de proteção ao Meio Ambiente passa também pelas Resoluções do Conselho 
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA –, cujo escopo é regular os dispositivos 
previstos na mencionada Lei.
Art. 9º – São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
I – o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II – o zoneamento ambiental;
III – a avaliação de impactos ambientais;
IV – o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente 
poluidoras;
V – os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou 
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI – a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo 
Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção 
ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;
VII – o sistema nacional de informações sobre o Meio Ambiente;
VIII – o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa 
Ambiental;
IX – as penalidades disciplinares ou compensatórias não cumprimento das 
medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.X – a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser 
divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e 
Recursos Naturais Renováveis – IBAMA;
XI – a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, 
obrigando se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;
XII – o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras 
e/ou utilizadoras dos recursos ambientais.
Os Estudos de Impacto Ambiental – EIA – estão relacionados à avaliação de ativi-
dades que tenham potencialidade de provocarem dano ao Meio Ambiente, devendo 
ser realizada por corpo técnico especializado e multidisciplinar. Os estudos terão 
como resultado final a elaboração de um Relatório de Impacto Ambiental – RIMA. 
13
UNIDADE A Política de Proteção Ambiental
O Tombamento também se trata de uma medida administrativa de preservação 
do Meio Ambiente, onde o Poder Público insere, por ato administrativo próprio, 
determinado bem ambiental, como objeto a ser protegido.
Com o objetivo de evitar o uso descabido de diversas áreas que carecem de pre-
servação do Meio Ambiente, o Zoneamento Ambiental é medida de planejamento 
de ocupação de espaços, destinado a evitar o uso de área urbana, por atividades 
que possam causar poluição ou degradação em áreas ou espaços urbanos de rele-
vância ambiental.
Podemos, agora que conhecemos quais são os instrumentos de proteção 
ambiental, discutir sobre questões específicas relacionadas a eles.
O fornecimento de valores de qualidade, a serem firmados pela norma 
ambiental e pelos órgãos da administração envolvidos no sistema de proteção e 
gestão ambiental, são elementos fundamentais, visto que definem níveis aceitáveis 
e inaceitáveis de poluição dos recursos naturais ou da própria qualidade de vida, o 
que permite um controle mais eficaz, por exemplo, da poluição do ar, da água, do 
solo e dos ruídos. 
Outra peculiaridade é o instrumento que cuida do Planejamento Urbano, o 
qual passou a ser obrigatório aos Municípios com mais de 20.000 habitantes, que 
devem ter seus respectivos Planos Diretores de Desenvolvimento Municipal, ou 
outras medidas legislativas municipais, que objetivem este planejamento.
Tais medidas visam ao aprimoramento das funções sociais da cidade, nas quais se 
encaixam a proteção do Meio Ambiente e as ações de desenvolvimento sustentável.
Merecem menção as atividades relacionadas ao ato administrativo, com 
características próprias, denominado de Licenciamento Ambiental, destinado 
autorizar o desempenho de atividades econômicas e obras que possam impactar 
o Meio Ambiente. Este Licenciamento estabelece um conjunto procedimentos 
técnicos e administrativos, que propiciem a avaliação que estas atividades possam 
causar a um determinado Meio Ambiente, para, se for o caso, conceder ou não a 
respetiva licença do poder público quanto ao desempenho destas atividades.
 Nas palavras de Marcos Destefenni6, podemos compreender licenciamento 
ambiental como:
[...] o procedimento administrativo que tramita junto aos órgãos ou entidades 
ambientais competentes e que visa determinar as condições e exigências para o 
exercício de uma atividade potencial ou efetivamente causadora de impactos ao 
meio ambiente.
6 DESTEFENNI, Marcos. Direito penal e licenciamento ambiental. São Paulo: Memória Jurídica, 2004, p. 83.
14
15
O jurista “ambiental” Édis Milaré7 propõe que os Estados, bem como os 
Municípios, podem colaborar com PNMA, quando adotarem esta política como 
diretriz de suas medidas ambientalistas locais.
Numa visão sistêmica, o nobre constitucionalista José Afonso da Silva 8, subdivide 
os Instrumentos da PNMA em três grupos:
O primeiro é o dos instrumentos de intervenção ambiental, que são os mecanismos 
condicionadores das condutas e atividades relacionadas ao meio ambiente ( incisos 
I, II, III, IV e VI do art. 9º da citada Lei).
O segundo é o dos instrumentos de controle ambiental, que são as medidas tomadas 
pelo Poder Público no sentido de verifi car se pessoas públicas ou particulares 
se adequaram às normas e padrões de qualidade ambiental, e que podem ser 
anteriores, simultâneas ou posteriores à ação em questão (incisos VII, VIII, X e IV do 
art. 9º da lei citada). Por fi m, o terceiro é o dos instrumentos de controle repressivo, 
que são as medidas sancionatórias aplicáveis à pessoa física ou jurídica (inciso IX da 
Lei citada).
Sistema Nacional do Meio Ambiente – 
SISNAMA
Sistema Nacional do Meio Ambiente, instituído pela Lei nº 6.938/81, é um 
sistema aberto e dinâmico, no qual seus integrantes acabam mantendo uma situação 
de dependência um com o outro. 
Esta perspectiva do sistema está sem dúvida voltada ao modelo de estado 
federalista adotado pelo Brasil, o denominado federalismo participativo.
A ideia de federalismo participativo fica evidente ao analisarmos o caput do 
artigo 6º da Lei que, ao tratar do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA 
–, demonstra total interação em que deve ser pautada a PNMA, entre os órgãos 
e entidades, cujo o escopo, seja a proteção e medidas de melhoria da qualidade 
ambiental da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de 
fundações instituídas pelo Poder Público. Nas palavras de Édis Milaré9:
O Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama –, formado pelo conjunto de 
órgãos e instituições dos diversos níveis do Poder Público, incumbidos da proteção do 
ambiente, vem a ser o grande arcabouço institucional da gestão ambiental no Brasil.
7 Op cit cap 3.
8 SILVA, José Afonso da. Direito constitucional ambiental. 4. ed. São Paulo: Forense, 1995, p. 216/217.
9 Op cit cap. VI.
15
UNIDADE A Política de Proteção Ambiental
Vejamos como a Lei nº 6.938/81 estabelece o formato do SISNAMA, o qual 
está, por questões óbvias, situado junto ao Poder Executivo de cada ente federativo:
Art. 6º - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, 
dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas 
pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade 
ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA 
–, assim estruturado:
I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o 
Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes 
governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais;
II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente 
(CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho 
de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente 
e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre 
normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente 
equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida;
III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da 
República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar 
e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes 
governamentais fixadas para o meio ambiente;
IV - órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recur-
sos Naturais Renováveis, com a finalidade de executar e fazer executar, 
como órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o 
meio ambiente;
IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos 
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de 
Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, com a finalidade 
de executar e fazer executar a política e as diretrizes governamentais fixadas 
para o meio ambiente, de acordo com as respectivas competências; 
V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis 
pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de 
atividades capazes de provocar a degradação ambiental;
VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo 
controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições;
16
17
Proteção Administrativado Meio Ambiente
A atual Constituição Federal trata no § 3º do art. 225, que tanto as pessoas físicas 
e jurídicas estarão sujeitas a responder pelos danos causados ao Meio Ambiente, 
independentemente de culpa, podendo tais condutas ilícitas ser responsabilizadas 
simultaneamente pelos ramos do direito: penal, civil e administrativo.
Trata-se de um regime tríplice de responsabilidade, assim, um dano ao meio 
ambiente, por exemplo, provocado por intermédio de uma ação irresponsável que 
cause a poluição, ser, ao mesmo tempo e fato, um ilícito penal (crime), um ilícito 
civil (responsabilidade civil) e um ilícito administrativo sujeito às medidas impostas 
pela respectiva norma.
Nas palavras de Guilherme José Purvin de Figueiredo10, a Responsabilidade 
Administrativa é: 
Resultante da infração de normas administrativa, a chamada responsabilidade 
administrativa sujeita o infrator a sanções de natureza igualmente administrativa, que 
podem ser desde uma advertência até a interdição das atividades de uma empresa.
Podemos, de modo geral, dividir as ações administrativa que procuram proteger o 
Meio Ambiente em duas espécies: as medidas preventivas e as medidas repressivas.
As medidas preventivas dependem muito da avaliação de risco de sistema 
ambiental vulnerável, estabelecendo medidas de correção ou de minimização de 
eventuais danos, que este sistema estiver sujeito.
Enquadram-se ainda a esta tutela as seguintes medidas preventivas:
Estudos de Impacto Ambiental
Voltadas à imposição, por parte dos órgãos públicos competentes, estabelecendo 
medidas de caráter obrigatório aos proprietários, os se sujeitam a fazer ou deixar 
de fazer determinadas condutas relacionadas à propriedade, com o objetivo de 
assegurar a função social desta e por consequência criando uma condição de bem-
estar ambiental favorável.
Estudos de Impacto Ambiental – EIA
O chamado Relatório de Impacto ao Meio Ambiente – RIMA – é o documento 
final de um Estudo de Impacto Ambiental – EIA –, o qual é obrigatório para as ativi-
dades e obras potencialmente lesivas ao Meio Ambiente, na conformidade do mando 
constitucional manifesto no artigo 225:
10 FIGUEIREDO, Guilherme José Purvin de. Curso de Direito Ambiental. Revista dos Tribunais. Cap 9. E-Book: ISBN 
97885203250102.
17
UNIDADE A Política de Proteção Ambiental
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
[...]
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, 
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
Licença Ambiental
A licença ambiental é um importantíssimo instrumento de gestão ambiental, 
posto ter o objetivo de controlar e acompanhar qualquer atividade que tenha po-
tencialidade de pôr em risco o Meio Ambiente.
Sem dúvida, trata-se de um instrumento que facilita o acompanhamento de uma 
das finalidades da PNMA, ou seja, desenvolvimento sustentável, permitindo que 
as atividades socioeconômicas, sejam desenvolvidas com o emprego de medidas 
de correção ou de prevenção fundadas na preservação do Meio Ambiente para as 
presentes e futuras gerações.
Poder de Polícia e a Proteção do 
Meio Ambiente
A necessidade de manter um Meio Ambiente sustentável carece da coercibili-
dade do Estado, no sentido de fazer valer as normas protetivas do Meio Ambiente 
para tanto, na questão ambiental, assim como existem, em outras atividades admi-
nistrativas do poder público, o exercício efetivo do denominado Poder de Polícia.
Vejamos o que Édis Milaré11 fala a respeito do Poder de Polícia:
Disso decorre que o poder de polícia é prerrogativa da Administração Pública, que 
legitima a intervenção na esfera jurídica do particular em defesa de interesses 
maiores relevantes para a coletividade, e desde que fundado em lei anterior que o 
discipline e defina seus contornos.
É claro que o maior fundamento para o Poder de Polícia da Administração 
Pública está na atual Constituição Federal, ao prever no caput do artigo 225 da 
Carta, que o Meio Ambiente é bem de uso comum do povo, devendo ser preservado 
11 Op cit cap.2.
18
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pelas presentes e futuras gerações. Mas, ao passo que é feita essa declaração, o 
mesmo dispositivo assevera que a responsabilidade para esta construção é tanto do 
Poder Público quanto da coletividade.
Por parte da coletividade cabe, segundo o Direito, o respeito da norma, já no 
tocante à Administração Pública, caberá as medidas preventivas e repressivas 
para o cumprimento da mesma norma, daí está inserido o Poder de Polícia da 
Administração Pública, como mecanismo de emprego para racionalização do 
exercício dos direitos inseridos na preservação do Meio Ambiente e o emprego de 
ações que assegurem a sustentabilidade.
Princípios do Direito Ambiental
Para intérprete do Direito, ter o conhecimento de seus princípios gerais é 
mecanismo fundamental, visto fornecer a este o exato direcionamento da pretensão 
e aplicação do sistema normativo.
No tocante a certos ramos desta ciência, tal como o Direito Ambiental, é impe-
rioso ter este conhecimento do preciso alcance de seus Princípios Gerais, pois os 
conceitos do Direito Ambiental, por vezes, são muito abertos, permitindo diversas 
interpretações, carecendo, desse modo, de um direcionamento, ou seja, uma for-
ma de identificar o que pretende, ou o que busca a norma jurídica protetiva do 
Meio Ambiente.
Daí, a existência de alguns princípios fundamentais do Direito Ambiental, que 
estudaremos a partir daqui.
Princípio da Precaução
Tal princípio, esta sedimentado na avaliação de riscos de atividades, que tem 
potencial de atingir de modo insatisfatório o Meio Ambiente, inclusive com a 
possibilidade de causar danos irreparáveis.
Desta forma, os riscos ambientais tratam de fatos alusivos ao campo da 
probabilidade, mas cuja incidência poderá ser altamente nociva ao Meio Ambiente.
O princípio da precaução é aplicável nas hipóteses de incerteza científica, acerca 
dos riscos ambientais concretos, advindos da adoção de determinada tecnologia, 
ou da introdução de determinado produto no mercado. Há, neste momento, que 
se evitar que a precipitação dê lugar à imprudência.
Este princípio pode ser observado no artigo 225, §1º, inciso V da Constituição 
Federal de 1988:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
19
UNIDADE A Política de Proteção Ambiental
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
[...]
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de 
vida e o meio ambiente;
Princípio do Poluidor-Pagador
Também denominado, por parte da doutrina, de princípio da responsabilização, 
almeja destacar a responsabilização que pode ser atribuída àquele que de qualquer 
forma causa dano ao Meio Ambiente.
Tal princípio deixa bem claro na Lei nº 6.938/1981, que, em seu artigo 3.º, 
incisos de I a V, quem é o responsável em reparar eventual dano ao Meio Ambiente:
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
[...]
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, 
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de 
degradação ambiental.
Assim, enquadrando-se, nesta situação, surge a obrigação de reparar o dano, 
conforme impõe o artigo 225 § 3º da Constituição Federal:
Art. 225 [...]
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujei-
tarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sançõespenais e adminis-
trativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Princípio do Desenvolvimento Sustentável
Tal princípio, nada mais é do que dar coro ao caput do artigo 225 da Constituição 
Federal, ao estabelecer como uma obrigação complexa dirigida ao Poder Público 
e à coletividade, os quais têm o dever de defender e preservar o meio ambiente 
para as gerações presentes e futuras, sem, contudo, bloquear o desenvolvimento 
econômico social.
Princípio da Função Social da Propriedade
O princípio da função social da propriedade tem por objetivo atender, nos 
moldes da determinação constitucional, de que a propriedade em seu uso ou não, 
possui valores a serem protegidos pela norma, voltados estes valores na busca da 
valorização do ser humano, mediante medidas de proteção ambiental, seja a uma 
propriedade particular, seja a uma propriedade integrada ao patrimônio público.
20
21
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Limitações Ambientais à Propriedade Imobiliária Privada no Brasil
https://goo.gl/TvArSz
O Princípio da Continuidade no Licenciamento Ambiental
https://goo.gl/LYFK2p
Constituição Federal de 1988
https://goo.gl/zaRrL
Competências Constitucionais em Matéria Ambiental
https://goo.gl/tYUc8v
Natureza Jurídica do Bem Ambiental
https://goo.gl/aWUYsX
21
• Recursos Naturais e sua Proteção
• Unidade de Conservação
• Solo
• Água
• Ar
• Biodiversidade 
• Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima (UNFCCC) Climáticas
 · Conhecer e compreender quais são os recursos naturais ou recursos 
ambientais existentes.
 · Entender, também, o que são as Unidades de Conservação e o 
Sistema em que elas estão inseridas.
 · Ver a importância da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre 
Mudança do Clima, como instrumento de uma Política Mundial de 
proteção ao Meio Ambiente.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Recursos Ambientais e a Convenção- 
-Quadro das Nações Unidas sobre 
Mudança do Clima
UNIDADE Recursos Ambientais e a Convenção-Quadro 
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
Recursos Naturais e sua Proteção
O uso da expressão “Recursos” para se referir aos bens provenientes da natu-
reza, por vezes, pode não parecer a nomenclatura mais adequada, pois pode nos 
dar a impressão de algo que o ser humano retira do Meio Ambiente, dando-lhe o 
emprego mais diverso na satisfação de seus interesses.
Segundo Henry Art1, os Recursos Naturais podem ser divididos em duas espécies:
[...] os recursos naturais podem ser renováveis ou não renováveis. Os 
recursos naturais renováveis incluem o sol, o solo, as plantas e a vida 
animal, uma vez que todos eles se perpetuam naturalmente. Os recursos 
naturais não renováveis são aqueles que não se perpetuam sendo certo 
que, se usados continuamente pela pessoa humana, irão se esgotar algum 
dia, como, por exemplo, os minerais e os chamados combustíveis fósseis 
(depósito de material orgânico fóssil, que é suficientemente combustível 
para ser usado como tal.
Muitos autores utilizam de forma similar as expressões Recursos Ambientais ou 
Bens Ambientais, o que não é errado, vez que tais expressões tratam do mesmo tema.
A Lei nº 6.938/81, que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA, 
enumera, em seu Artigo 3º, Inciso V, os denominados “Recursos Ambientais”:
[...] 
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e 
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos 
da biosfera, a fauna e a flora.
Agora que já sabemos quais são esses recursos, iremos nos aprofundar de modo 
isolado na compreensão de cada um deles.
Fauna
Inúmeras obras literárias, matérias jornalísticas, documentários e outros meios 
de difusão do conhecimento vem trazendo à baila, ora enaltecendo, ora nos 
preocupando, o tema da falta de cuidado e da degradação do Meio Ambiente, temas 
que retratam a grande diversidade da “fauna brasileira”, ressaltando, sobretudo, 
suas riquezas e a multiplicidade de espécies.
Mas o que é fauna?
1 ART, W. Henry. Dicionário de ecologia e ciências ambientais. São Paulo: UNESP/Melhoramentos, 1998. 583p.
8
9
Édis Milaré2, ao tratar do tema, assim expõe:
Parte integrante da biota e dos biomas, a fauna é um dos indicadores 
mais impressionantes da evolução da vida sobre a Terra, desde os seres 
unicelulares, aos organismos altamente complexos. A fauna, seja nos 
respectivos habitats, seja como componente do ecossistema terrestre, 
interagindo ou não com a flora, funciona como um dos termômetros da 
biodiversidade na manutenção do equilíbrio ecológico.
A preocupação do Estado brasileiro em relação à fauna e sua influência na 
garantia da manutenção de um Meio Ambiente equilibrado é tão evidente, que a 
atual Constituição brasileira dispõe em dois artigos sobre ela, estabelecendo em sua 
defesa competências comum e concorrente aos entes federativos:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Municípios:
(...)
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre:
(...)
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do 
solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle
da poluição;
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
(...)
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas 
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de 
espécies ou submetam os animais a crueldade.
Flora
Este recurso ambiental é, sem dúvida, fundamental para a existência da própria 
vida; possui íntima ligação com a fauna, com a qual cria certa cumplicidade: uma 
existe em função da outra.
2 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, Título V. Cap. 2. (E-Book).
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UNIDADE Recursos Ambientais e a Convenção-Quadro 
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
O conceito de flora é muito confundido com o de vegetação, mas, na verdade, 
a vegetação, embora seja fundamental, é um dos elementos incluídos no conceito 
mais amplo que vem a ser a flora; assim, dela ainda fazem parte os fungos e 
bactérias, entre outros.
Um conceito interessante de flora é o emitido por Édis Milaré3:
Flora é entendida como a totalidade de espécies que compreende o 
componente vegetal de uma determinada região, sem qualquer conotação 
de importância individual dos elementos que a compõem.
É muito comum a confusão que se dá entre o significado do que vem a ser flora e 
o conceito do que é uma floresta. Para dirimir as dúvidas, podemos adotar um con-
ceito, simplista, no lugar de um conceito analítico do que vem a ser uma floresta.
Podemos dizer que floresta implica uma grande quantidade reunida de árvores 
de qualquer porte e de vegetação silvestre que ocupem um grande território.
Todas as formas vegetais ou provenientes de vegetais se confundem com a flo-
resta, como, por exemplo, a cobertura folhear que, desprendida da vegetação, além 
de fornecer nutrientes agregados ao solo, forma, também, uma importante camada 
natural de proteção, ou, até mesmo, os fungos encontrados nos caules das árvores.
A floresta pode ser denominada “floresta virgem” quando ainda não sofreu 
qualquer processo de uso ou degradação provocado pelo ser humano.
Não há dúvida que o atual Código Florestal tem papel fundamental na proteção 
das grandes concentrações de flora denominadas florestas. 
Vejamos algumas questões que são fundamentais no papel de preservação do Meio 
Ambiente, como, por exemplo, a denominada Área de Preservação Permanente – 
APP, prevista no Artigo 3º, Inciso II desta codificação (Lei nº12.651/12):Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
(...)
II - Área de Preservação Permanente – APP: área protegida, coberta 
ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os 
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, 
facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-
estar das populações humanas;
É importante conhecer algumas dessas áreas, descritas no Artigo 4º do Código:
Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais 
ou urbanas, para os efeitos desta Lei:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e 
intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito 
regular, em largura mínima de: 
3 Op. cit., título 5, cap. 2.
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a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros 
de largura;
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 
50 (cinquenta) metros de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) 
a 200 (duzentos) metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 
(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura 
superior a 600 (seiscentos) metros;
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura 
mínima de:
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com 
até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 
(cinquenta) metros;
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
II - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de 
barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida 
na licença ambiental do empreendimento;
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, 
qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 
(cinquenta) metros; 
V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente 
a 100% (cem por cento) na linha de maior declive;
VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
VII - os manguezais, em toda a sua extensão; [...]
As APP poderão, ainda, ser instituídas por ato privativo e específico do Chefe 
do Poder Executivo, desde que compreendam áreas de floresta ou de qualquer 
forma de vegetação.
Unidade de Conservação
As chamadas Unidades de Conservação são espaços especiais de proteção 
ambiental, atualmente previstas na Lei nº 9.985/00, cujo Artigo 2º assim as define:
Art. 2° Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - Unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, 
incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, 
legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e 
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UNIDADE Recursos Ambientais e a Convenção-Quadro 
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam 
garantias adequadas de proteção [...]
A mesma Lei estabelece que o conjunto das Unidades de Conservação forma 
um Sistema Nacional, denominado Sistema Nacional de Unidades de Conservação 
– SNUC.
Nesse sistema, caberá ao Poder Público a competência de delimitar quais serão 
especificamente esses espaços territoriais, que necessitam de proteção especial.
O SNUC é formado, então, pelo conjunto de Unidades de Conservação 
designado pela União, pelos Estados e pelos Municípios.
A existência de um Sistema foi concebida pela necessidade de garantir uma 
Política Pública integrada, destacando a importância das Unidades de Conservação 
como objeto de preservação e de manejo sustentável do Meio Ambiente.
O Artigo 7º da Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Lei 
nº 9.985/00) divide as Unidades de Conservação em duas espécies:
 a) Unidades de Proteção Integral: destinadas à preservação da natureza, 
podendo seus recursos ser utilizados de forma indireta, quando houver previsão 
legal. A própria Lei, em seu Artigo 8º, elenca os integrantes dessas Unidades:
Art. 8º O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas 
seguintes categorias de unidade de conservação:
I - Estação Ecológica;
II - Reserva Biológica;
III - Parque Nacional;
IV - Monumento Natural;
V - Refúgio de Vida Silvestre.
b) Unidades de Uso Sustentável: são áreas nas quais será possível o uso de 
parte dos recursos naturais de forma sustentável, tais como, florestas nacionais, 
reservas extrativistas, reservas da fauna, reservas particulares do patrimônio natural 
e as reservas de desenvolvimento sustentável.
Os objetivos do SNUC, de acordo com o disposto na Lei nº 9.985/00, em seu 
Artigo 4º, são os seguintes:
Art. 4o O SNUC tem os seguintes objetivos:
I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos 
genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;
II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional 
e nacional;
III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de 
ecossistemas naturais;
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IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da 
natureza no processo de desenvolvimento;
VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza 
cênica;
VII - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomor-
fológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;
VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, 
estudos e monitoramento ambiental;
XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambien-
tal, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;
XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações 
tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e 
promovendo-as social e economicamente.
Solo
O solo, por muitas vezes desprezado, trata-se de um recurso natural de 
necessidade primária para a existência da vida, pois, além de ser fundamental para 
a criação das bacias hidrográficas e para a formação de reservas aquíferas pela 
captação das águas pluviais, tem grande influência no clima, em virtude das formas 
que o relevo pode apresentar.
Nosso atual Código Civil, ao tratar da natureza jurídica do solo, classifica-o entre 
os bens imóveis, da mesma forma tudo o que a ele, natural ou artificialmente, 
possa ser incorporado.
O solo é o local no qual se localizam os ecossistemas, praticam-se as atividades 
agrícolas e as industriais, bem como onde os núcleos urbanos se instalam.
A utilização descuidada do solo gera processos de degradação, por vezes 
irreversíveis, tais como:
• Processos erosivos;
• Formação de áreas de desertificadas; 
• Contaminação da água pela sedimentação de resíduos sólidos inadequados; 
• Destruição de cobertura vegetal provocada pelo processo de urbanização.
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UNIDADE Recursos Ambientais e a Convenção-Quadro 
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
Água
Por muito tempo desprezada, a água, atualmente, trata-se de um recurso 
ambiental de valor inimaginável, pois está intimamente relacionada à existência de 
qualquer espécie de vida; no que se refere aos biomas, é fundamental, pois integra 
diversos processos biológicos, seja como fator condicionante do clima, seja como 
formação de diferentes habitats.
Além disso, a água é utilizada nas mais diversas atividades agrícolas, industriais, 
de transporte e abrigo da vida e é uma fonte de riqueza valiosíssima.
Como é de amplo conhecimento, 3/4 de nossa biosfera é coberto pela água, sen-
do a maior parte dela salgada, não aproveitada para o consumo humano ou animal, 
muito embora a atual tecnologia possa transformar a água salgada em doce, masnão 
há como garantir que esse processo deixe de comprometer a vida marinha.
No Brasil, a partir da entrada em vigor da Lei nº 9.433/1997, estabeleceu-se 
uma Política Nacional de Recursos Hídricos, evidenciando, entre outros aspectos, 
que a água se trata de um bem de domínio público, de valor econômico.
De modo claro, o Artigo 2º da Lei 9.433/1997 delimita os objetivos que 
compõem essa política:
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de 
água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o 
transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem 
natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.
Ar
Certamente, o ar, entre os recursos ambientais, é o mais abundante; assim, não 
está sujeito à escassez. Entretanto, o fundamental com relação ao ar é mantê-lo 
em condições de qualidade, para a garantia da vida. E a melhor forma de garantir 
a qualidade do ar está no combate e na minimização dos efeitos devastadores da 
“poluição”, bem como na preservação de outros bens ambientais, como a flora, a 
fauna e a água, que garantem esta destacada qualidade.
A falta de condições satisfatórias do ar cria um ambiente de risco para a 
sociedade, devido às consequências diretas e indiretas para a saúde, além do que, 
com a emissão demasiada de substâncias químicas prejudiciais à atmosfera, surgem 
impactos preocupantes aos ecossistemas e aos meio ambientes histórico e cultural.
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A Lei 9.605/98, que trata das sanções penais e administrativas derivadas de 
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente define um tipo penal que pretende 
tutelar a qualidade do ar quando trata dos crimes de poluição, em seu Artigo 54, 
§ 2º, Inciso II:
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem 
ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a 
mortandade de animais ou a destruição significativa da flora:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
(...)
§ 2º Se o crime:
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que 
momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos 
diretos à saúde da população;
(...)
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou 
detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências 
estabelecidas em leis ou regulamentos:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem 
deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas 
de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, órgão consultivo e 
deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, por intermédio 
da Resolução nº 5, de 1989, criou o Programa Nacional de Controle da Qualidade 
do Ar –PRONAR, com o fulcro de ser um dos instrumentos de Gestão Ambiental, 
objetivando tutelar a saúde e a qualidade de vida das populações, mas sem deixar 
de lado o denominado desenvolvimento socioeconômico sustentável, ao limitar a 
emissão de poluentes, por intermédio do controle da qualidade do ar, diante de 
padrões cientificamente estabelecidos.
Hoje, existe um padrão mundial de aferição da qualidade do ar, que ocorre por 
meio do monitoramento de elementos poluentes despejados na atmosfera, como 
o Dióxido de enxofre (SO2) e de Nitrogênio (NO2), Monóxido de carbono (CO), 
oxidantes fotoquímicos expressos como Ozônio, Hidrocarbonetos totais (HC), bem 
como Partículas Totais em Suspensão (PTS) e inaláveis de diâmetro inferior a 10 
micrómetros.
A Resolução nº 5/1989 do CONAMA estabeleceu parâmetros Primários e 
Secundários para delimitar a poluição atmosférica;
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UNIDADE Recursos Ambientais e a Convenção-Quadro 
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
a) São padrões primários de qualidade do ar as concentrações de poluentes 
que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população, podendo ser 
entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração de poluentes 
atmosféricos, constituindo-se em metas de curto e médio prazo.
b) São padrões secundários de qualidade do ar, as concentrações de 
poluentes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso 
sobre o bem estar da população, assim como o mínimo dano à fauna e 
flora aos materiais e meio ambiente em geral, podendo ser entendidos 
como níveis desejados de concentração de poluentes, constituindo-se em 
meta de longo prazo.
Diversos são os fenômenos que a poluição atmosférica pode causar ao meio 
ambiente. A seguir, mencionamos alguns deles:
a) Smog
A expressão não poderia ser mais propicia, pois, a palavra Smoge, termo 
oriundo da língua inglesa, faz a junção das palavras smoke (fumaça) e fog (neblina), 
designando a forma que a poluição atmosférica, em razão do acúmulo de gases, 
surge em centros urbanos.
Sua formação é provocada pelo despejo de gases e partículas na atmosfera, que 
acabam não se dissipando, dando origem a uma espécie de nevoeiro.
Uma das consequências do smog é o aumento das temperaturas ocasionadas 
pela inversão térmica, que é causa de doenças, principalmente, as ligadas ao 
Sistema Respiratório.
 b) Chuvas ácidas
Trata-se de um fenômeno químico causado pela emissão de poluentes na 
atmosfera. Essa poluição chega em forma de gases emitidos, principalmente, pelos 
automóveis e, também, pelas indústrias.
Tais gases contêm Dióxido de enxofre e Óxido de azoto que, conduzidos pelas 
correntes atmosféricas, encontram-se com as nuvens; em contato com elas, 
deparam-se com seu Oxigênio e partículas de água, produzindo uma reação química 
que resulta em um ácido nocivo para o Meio Ambiente.
A chuva ácida despejada sobre o solo o acidifica e, por consequência, prejudica 
a agricultura e os recursos ambientais: a água, a flora e fauna.
Os prejuízos relevantes ao Meio Ambiente, oriundos da chuva ácida, atingem, devido 
às correntes atmosféricas, áreas distantes de onde foram gerados os gases poluentes.
c) Efeito Estufa
Talvez o efeito estufa seja um dos fenômenos causados pela poluição sobre o 
qual mais se tenha debatido nos últimos tempos, até por que um de seus efeitos 
devastadores está em evidência, o aquecimento global.
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Vejamos: os raios solares são fundamentais para a existência da vida; assim, 
os raios ultravioletas e os raios infravermelhos garantem a existência de qualquer 
ecossistema; entretanto, como comprova a Ciência atual, a exposição excessiva a 
esses raios é altamente prejudicial.
A atmosfera e os gases que naturalmente a compõem formam um verdadeiro 
filtro ao excesso dos raios solares; entretanto, a crescente emissão do CO2, ou seja, 
do Dióxido de carbono, provoca um efeito direto na atmosfera, causando prejuízos 
ao filtro e, por conseqüência, maior exposição a esses raios solares.
Esse fenômeno acaba provocando aquecimento das temperaturas, afetando o 
ecossistema planetário, como, por exemplo, causando o derretimento das calotas 
polares, o que aumenta o nível dos oceanos, afetando diretamente o clima, dando 
origem a um efeito em cadeia nos demais ecossistemas.
Biodiversidade
Inicialmente, a designação para a biodiversidade era a expressão diversidade 
biológica, ou seja, são termos sinônimos do mesmo conceito.
Para facilitar nossa compreensão sobre o tema, vamos adotar um conceito 
único do que vem a ser biodiversidade. Recorreremos ao conceito estipulado pela 
Convenção sobre a Diversidade Biológica4:
“[...] diversidade biológica significa a variabilidade de organismos vivos 
de todas as origens e os complexos ecológicos de que fazem parte: 
compreendendo ainda a diversidade dentro das espécies, entre espécies 
e de ecossistemas.”
Podemos, hoje, afirmar que biodiversidade,

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