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Casos concretos Direito Civil

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Caso concreto- Aula 1: 
 
Assinale a alternativa que contemple exclusivamente obrigação propter rem: 
(A) a obrigação de indenizar decorrente da aluvião e aquela decorrente da 
avulsão. 
(B) a hipoteca e o dever de pagar as cotas condominiais. 
(C) o dever que tem o servidor da posse de exercer o desforço possessório e o 
dever de pagar as cotas condominiais. 
(D) a obrigação que tem o proprietário de um terreno de indenizar o terceiro 
que, de boa-fé, erigiu benfeitorias sobre o mesmo. 
 
 Wade Wilson alugou um apartamento de propriedade de Peter Parker em 
Belém (PA). O contrato de locação previu: valor e pagamento do aluguel, dever 
de cuidados com o bem, as taxas de condomínio serem de responsabilidade de 
Wade Wilson (locatário) e que a duração do contrato é de 3 anos. Assim 
durante todo o lapso contratual o locatário cumpriu o contrato, pagando em dia 
o aluguel e o valor da taxa de condomínio, bem como manteve o devido 
cuidado com o bem. Véspera da data de devolução do apartamento Peter 
Parker recebeu comunicação do município de Belém informando que havia 
débito de 2 anos nos valores referente ao IPTU do apartamento. Com fulcro no 
informado responda: 
a) Peter Parker pode cobrar os valores referente ao IPTU de Wade Wilson, vez 
que este era responsável pelo imóvel durante o período? Explique. 
R: Ainda que paire dúvida na doutrina e na jurisprudência quanto à 
responsabilidade pelo pagamento do IPTU no caso de alienação da 
propriedade imobiliária urbana, na pendência de débito tributário, referente ao 
observado do Artigo 185 do CTN. Não é esse o caso. 
Portanto, visto que o IPTU é uma obrigação propter rem,ou seja, acompanha a 
coisa, cabe a Peter Parker o pagamento dessa despesa. Porém, se houvesse 
cláusula no contrato em questão dispondo do contrário, Peter Parker poderia 
cobrar de Wade Wilson o pagamento da dívida. 
 
 
b) Vencido o prazo de 3 anos do contrato, caso Wade Wilson recuse-se a 
devolver o apartamento, quais características do Direito das Coisas Peter 
Parker pode dispor para impor seu direito de propriedade sobre o bem? 
Explique. 
R: Como dispõe o Art 1.228 do CC, o proprietário tem o direito de seguir a 
coisa para recuperá-la de quem injustamente a possua. Portanto Peter Parker 
poderia utilizar de seu direito de sequela para reaver o bem. 
 
 
DOUTRINA 
 
A análise sumária da estrutura dos direitos pessoais ao lado dos 
direitos reais revela a proximidade que há na gênese dessas relações jurídicas. 
De um lado, há uma relação que une duas pessoas determinadas ou 
determináveis em posições de sujeito ativo e sujeito passivo, respectivamente, 
credor e devedor. De outro, há uma relação que liga uma pessoa (sujeito ativo) 
a uma coisa (res), a impor um dever geral de abstinência (respeito ao direito 
real) a todos os outros membros da coletividade (sujeito passivo universal). 
Não é difícil supor que esses direitos possam confluir na vida negocial, 
originando vínculos híbridos, a fundir, numa mesma relação, direitos pessoais 
aos direitos reais. 
Exemplo categórico dessa hibridez encontra-se no conceito de 
obrigações propter rem (também conhecidas em doutrina como obrigações in 
rem ou ob rem). Trata-se de uma espécie de relação jurídica que se forma ao 
atrelar prestações obrigacionais à titularidade de um direito real. 
 
 
A respeito do conceito de obrigação propter rem, Silvio Rodrigues 
(2002, p. 79, grifos do autor) leciona: 
“A obrigação propter rem é aquela em que o devedor, por ser titular de um 
direito sobre uma coisa, fica sujeito a determinada prestação que, por 
conseguinte, não derivou da manifestação expressa ou tácita de sua vontade. 
O que o faz devedor é a circunstância de ser titular do direito real, e tanto isso 
é verdade que ele se libera da obrigação se renunciar a esse direito.” 
Já Caio Mário da Silva Pereira (2004, p. 42, grifos do autor) adverte 
que a obrigação propter rem 
“[...] é uma obrigação de caráter misto, pelo fato de ter como a obligatio in 
personam objeto consistente em uma prestação específica; e como a obligatio 
in re estar sempre incrustada no direito real. “ 
 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
 
Ementa 
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNTO NO AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL, AÇÃO DE COBRANÇA DE QUOTAS CONDOMINIAIS. 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, EXECUTADA. PROMISSÁRIA 
COMPRADORA. PENHORA DO IMÓVEL GERADOR DOS DÉBITOS 
CONDOMINIAIS NO BOJO DE AÇÃO DE COBRANÇA NA QUAL A 
PROPRIETÁRIA DO BEM NÃO FIGUROU COMO PARTE. POSSIBILIDADE. 
OBRIGAÇÃO PROPTER REM. 
1. Ação de cobrança de quotas condominiais, em fase de cumprimento de 
sentença, na qual foi proferida decisão indeferindo a penhora da unidade 
condominial geradora das despesas. 
2. Em se tratando a dívida de condomínio de obrigação propter rem e partindo-
se da premissa de que o próprio imóvel gerador das despesas constitui 
garantia ao pagamento da dívida, o proprietário do imóvel pode ter seu bem 
penhorado no bojo de ação de cobrança, já em fase de cumprimento de 
sentença, da qual não figurou no polo passivo. Precedentes. 
3. Agravo interno provido, para conhecer do agravo e dar provimento ao 
recurso especial. 
 
 
Caso Concreto- Aula 2: 
 
Acerca do instituto da posse é correto afirmar que: 
A) o Código Civil estabeleceu um rol taxativo de posses paralelas. 
B) é admissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral. 
C) fâmulos da posse são aqueles que exercitam atos de posse em nome 
próprio (aquele que está ali defendendo a posse em nome de terceiros). 
D) a composse é uma situação que se verifica na comunhão pro indiviso, do 
qual cada possuidor conta com uma fração ideal sobre a posse. 
 
Mogli comprou uma mansão de 1.200 m² em Balneário Camboriú (SC), tendo 
realizado o devido registro em cartório desta compra. Esta mansão serve 
apenas como casa de veraneio, vez que é uma casa de praia. Pocahontas 
resolveu passar o carnaval em Balneário Camboriú, assim realiza contrato de 
locação com Mogli, o contrato firmado é por temporada (período do carnaval), 
sendo pactuado o valor e data de devolução do imóvel (12:00 h da quarta-feira 
de cinzas), analisando a presente situação responda: 
 
a) Pocahontas tornou-se possuidora do imóvel? Qual das teorias sobre a posse 
abraça esta situação? Explique 
R: Segundo o Art. 1.196 do CC: Considera-se possuidor todo aquele que tem 
de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à 
propriedade. 
Portanto, Pocahontas tornou-se possuidora direta até o fim do contrato 
celebrado com Mogli. 
A teoria que podemos constatar é a Teoria Objetiva de Ihering, já que foi a 
adotada pelo nosso Código Civil, observa-se que a posse se verifica quando o 
possuidor detiver a coisa exercendo poderes próprios de proprietário, e pouco 
importa a intenção do possuidor (animus domini) para caracterizar a posse. 
Importando, na verdade, a maneira como o proprietário age em face da coisa, 
ou seja, a conduta de dono. 
 
b) Classifique a posse apresentada. 
R: Derivada, direta, justa e de boa-fé 
 
c) Quando Pocahontas chegou à casa conheceu o Sr. Aladdin, caseiro 
contratado por Mogli para cuidar da casa de praia. Pode-se afirmar que Aladdin 
é possuidor da casa? Explique. 
R: Sim, Sr. Alladin é o fâmulo da coisa. 
Em consonância com a jurisprudência "o fâmulo da posse ou detentor é aquele 
que, em razão de sua situação de dependência econômica ou de um vínculo 
de subordinação em relação a uma outra pessoa (possuidor direto ou indireto), 
exerce sobre o bem, não uma posse própria, mas a posse desta última e em 
nome desta, em obediência a uma ordem ou instrução. É o que ocorre com 
empregados em geral, caseiros, administradores, bibliotecários, diretores de 
empresa. 
 
 
DOUTRINA 
 
Teorias da posse: 
 
 Para Savigny a posse se caracteriza pela conjugação de dois elementos: O 
corpus, elemento objetivo que consiste na detenção física da coisa, e o animus, 
elemento subjetivo, que seria a intenção de ter a coisa para si e de defendê-la 
contra a intervenção de outrem. Neste sentido,o locatário, o depositário e 
outros sujeitos em situação semelhante, sem animus domini, não seriam 
possuidores e sim meros detentores, pois não teria qualquer intenção de 
tornarem-se proprietários da coisa. A posse para Savigny é um estado de fato, 
no entanto para definir o grau de proteção concedido ao bem em relação ao 
seu detentor se fazia necessário analisar se o mesmo possuía animus domini, 
ou seja, a vontade de ser dono. 
 Já para Ihering a posse se verifica quando o possuidor detiver a coisa 
exercendo poderes próprios de proprietário, o que fez com que sua teoria 
ficasse conhecida como Teoria Objetiva, já que pouco importa a intenção do 
possuidor (animus domini) para caracterizar a posse. Importando, na verdade, 
a maneira como o proprietário age em face da coisa, ou seja, a conduta de 
dono. 
 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
Ementa 
CIVIL. PROVESSO CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. APELAÇÃO. AÇÃO DE 
REINTEGRAÇÃO DE POSSE. NOVO PROPRIETÁRIO. 
POSSIBILIDADE. MERO DETENTOR DA POSSE. CARÊNCIA DE AÇÃO MÃO 
VERIFICADA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 
I- Atos de mera permissão ou tolerância, consoante o disposto no art. 1.208 do 
CC, não induzem posse; 
II- Impertinente a alegação de ausência de uma das condições da ação, qual 
seja a possibilidade jurídica do pedido, quando ajuizada ação de reintegração 
originária em face de posse indireta, a qual há que prevalever ante a 
precariedade da mera detenção ( e não posse direta); 
III- Agravo regimental não provido. 
 
 
 
Caso concreto- Aula 3: 
 
 Sheldon em suas andanças pela cidade do Rio de Janeiro descobriu um 
apartamento em Copacabana desocupado e anunciado para aluguel. Sem 
conversar com o proprietário desse imóvel, Sheldon informou à portaria do 
prédio que comprou o imóvel e entraria para tomar posse. Após adentrar o 
apartamento ele trocou as fechaduras das portas de acesso, colocou uma 
banheira no banheiro da suíte e apresentou-se a todos do prédio como novo 
proprietário do imóvel. O Sr. Holowitz, verdadeiro proprietário do imóvel, tomou 
conhecimento da invasão realizada por Sheldon 1 mês após o ato e contratou 
advogado para realizar a proteção dos direitos sobre sua propriedade. Assim, 
pergunta-se: 
 
a) Qual foi a espécie de ataque a posse? Qual o remédio cabível para defendê-
la? Explique 
R: A espécie de ataque é o esbulho citado no art. 1.210 CC. E o remédio 
cabível é a ação possessória ou ação de reintegração de posse. 
As ações possessórias têm por objetivo assegurar a posse de um bem, nesse 
caso restituí-la como consequência da má-fé de Sheldon. 
 
b) Em razão da ação judicial Sheldon deverá devolver o imóvel, quanto à 
banheira instalada no apartamento, ele terá direito de ser indenizado? 
R: Não, pois o possuidor de má-fé somente é indenizado das benfeitorias 
necessárias, não havendo direito quanto às benfeitorias voluptuárias, conforme 
art 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias 
necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem 
o de levantar as voluptuárias. 
 
c) Caso, durante o período que ocupou indevidamente o imóvel, Sheldon tenha 
alugado dois quartos do apartamento para turistas em veraneio na cidade do 
Rio de Janeiro, pelo valor de R$ 10.000,00. Ele poderá ficar com este valor? 
R: Conforme art. 1.216: O possuidor de má-fé responde por todos os frutos 
colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de 
perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às 
despesas da produção e custeio. 
Portanto Sheldon não terá direito a esse, dessa forma deverá indenizar o 
proprietário Sr. Holowitz. 
 
 
DOUTRINA 
O ordenamento jurídico prevê três tipos de ações possessórias. São elas, de 
acordo com o art. 560, NCPC: 
 Ação de reintegração de posse; 
https://blog.sajadv.com.br/ordenamento-juridico/
 Ação de manutenção de posse; e 
 Interdito proibitório. 
Esbulho é a situação em que o possuidor é despojado do bem possuído. Nesse 
caso, o remédio jurídico é a ação de reintegração de posse. 
Turbação, por sua vez, é a situação em que um ofensor exerce atos materiais 
que dificultam o exercício da posse. Isto ainda que o possuidor não perca a 
disposição física sobre o bem. Nesse caso, portanto, o remédio jurídico é a 
ação de manutenção de posse. 
Quando há apenas ameaça de esbulho ou turbação, o remédio jurídico 
adequado é o interdito proibitório. 
Nas palavras de Maria Helena Diniz (2015, p.104), “A ação de reintegração de 
posse é a movida pelo esbulhado, a fim de recuperar posse perdida em razão 
da violência, clandestinidade, ou precariedade e ainda pleitear indenização por 
perdas e danos”. 
No entendimento de Sílvio Salvo Venosa (2015, p. 158), “Ocorrendo esbulho, a 
ação é de reintegração de posse”. 
 
 
 
 
JURISPRUDÊNCIA 
Ementa 
RECURSO ESPECIAL. CIVIL. LOCAÇÃO. AÇÃO DE DESPEJO 
AJUIZADA POSTERIORMENTE AO ABANDONO DO IMÓVEL PELA 
LOCATÁRIA. POSSIBILIDADE. OBJETIVO: EXTINÇÃO DA RELAÇÃO 
JURÍDICA. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E IMPROVIDO. 
1. Celebrado o contrato de locação, opera-se o fenômeno 
do desdobramento da posse, pela qual o locador mantém para si a 
posse indireta sobre o imóvel, transferindo ao locatário a posse 
direta, assim permanecendo até o fim da relação locatícia. Outra 
informação importante é que, enquanto as ações possessórias tratam da 
posse, as ações petitórias tratam da propriedade e do domínio. (STJ, 5º 
Turma, REsp 588714 / CE, rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, julgado 
em 09/05/2006, publicado em 29/05/2006). 
 
 
https://blog.sajadv.com.br/interdito-proibitorio/
 
 
Caso Concreto- Aula 4: 
 
Verônica é proprietária de uma casa em bairro estritamente residencial na 
cidade de João Pessoa (PB). Verificando as possibilidades de negócio a 
mesma observa que estão chegando as festas juninas, como Verônica precisa 
urgentemente de dinheiro resolve montar uma fábrica de fogos de artifício em 
sua casa, para tanto recebe meia tonelada de pólvora e outros itens 
para a produção dos fogos. Archie, seu vizinho, testemunha a entrega destes 
itens, imediatamente ele a questiona sobre os riscos desta atividade. Verônica 
de forma calma e serena responde que a propriedade da casa é dela e assim 
ela pode fazer o que bem quiser em seu imóvel. Por ser dono a pessoa pode 
fazer o que bem entender no imóvel? Explique. 
R: Não, o direito de propriedade é flexibilizado a fim de serem privilegiados 
outros direitos e princípios de relevância equiparada, tais como a função social 
da propriedade rural e urbana, proteção do meio ambiente, defesa do 
patrimônio histórico, artístico e cultural, entre outros. De acordo com o artigo 
1.228, parágrafo primeiro CC, o direito de propriedade deve ser exercido “em 
consonância com a sua finalidade econômica e social e de modo que sejam 
preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a 
fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e 
artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas. ” 
Esta relativização está intimamente ligada ao princípio da solidariedade, 
previsto constitucionalmente. Sob a perspectiva da solidariedade, conclui-se 
que a propriedade não deve ser destinada a beneficiar apenas aquele que a 
detém, mas, também, toda a coletividade. Em vista disto, existe uma série de 
previsões constitucionais e legais que impõe limites negativos e afirmativos ao 
proprietário e ao possuidor. 
 
 
DOUTRINA 
O DIREITO DE PROPRIEDADE 
Segundo Coulanges (1981), historicamente, a família, a religião e a 
propriedade se firmaram como instituições que se consolidaram de maneira 
interdependente e entrelaçada, viabilizando a consistência da sociedade como 
um todo, inclusive, suplantando os desafios decorrentes da evolução a que 
está submetida, em virtude de sua inerência à natureza humana. Dessa forma, 
desde épocas mais remotas, estes três pilares sustentam e justificam a 
existência da sociedade. 
Explica Costa (2003) que o pilar da propriedade possui ligação com o estadode natureza. A necessidade de sobrevivência fez com que os indivíduos se 
agrupassem em sistema de cooperação mútua, levando a crer que a primeira 
propriedade erigida tenha sido a comunal, e não a privada, considerando-se o 
vínculo da terra com os grupos familiares e religiosos. 
https://jus.com.br/tudo/religiao
Ademais, o caráter absoluto do direito de propriedade foi sendo superado a 
partir da criação do sistema de limitações negativas e de imposições positivas, 
deveres e ônus, desaguando na concepção da propriedade enquanto função 
social. Não se confunde mais, assim, a faculdade que possui qualquer 
indivíduo de chegar a ser sujeito desse direito, que é potencial, com o direito de 
propriedade sobre um bem, que somente ocorre quando é atribuído 
positivamente a uma pessoa, o que faz superar a ideia da propriedade como 
direito natural. 
Silva (2011, p. 272-273) explica as divergências doutrinárias sobre o regime 
jurídico da propriedade privada: 
Os juristas brasileiros, privatistas e publicistas, concebem o regime jurídico da 
propriedade privada como subordinado ao Direito Civil, considerado direito real 
fundamental. Olvidam as regras de Direito Público, especialmente de Direito 
Constitucional, que igualmente disciplinam a propriedade. Confundem o 
princípio da função social com as limitações de polícia, como consistente 
apenas no “conjunto de condições que se impõe ao direito de propriedade a fim 
de que seu exercício não prejudique o interesse social”, isto é, mero conjunto 
de condições limitativas. 
 
JURISPRUDÊNCIA 
Ementa 
DIREITO CIVIL. DANO MORAL. USO IRREGULAR DA PROPRIEDADE. 
UTILIZAÇÃO DE MAQUINÁRIO QUE OCASIONA BARULHO E TREPIDAÇÃO 
ACIMA DO PERMITIDO. INTERFERÊNCIA DIRETA NO DIREITO DE 
PROPRIEDADE DE TERCEIRO. LIMITAÇÃO DO USO E GOZO QUE 
TAMBÉM DETERMINA ABALO MORAL. AUSÊNCIA DE PROVA ACERCA DE 
FATO DESCONSTITUTIVO/IMPEDITIVO/MODIFICATIVO DO DIREITO 
PROVADO NA INICIAL. ILÍCITO DEMONSTRADO. DANO MORAL 
CONFIGURADO. DEVER DE INDENIZAR QUE SE IMPÕE. 
I. Demonstrada a ocorrência do ilícito e o dano causado, inafastavel o dever de 
indenizar; 
II. Revista evidente que o direito de propriedade não é absoluto, dai porque não 
pode afetar direito de terceiro; 
III. Tendo o dano moral sido fixado dentro do razoável, inviável sua reforma; 
IV. Recurso conhecido e não provido; 
V. Sentença mantida na integralidade. 
 
 
 
Caso concreto- Aula 5: 
 
O rompimento da barragem de Fundão destruiu o distrito de Bento Rodrigues, 
Mariana, Minas Gerais, e deixou mais de 900 pessoas desabrigadas, causando 
grande impacto social na vida daquelas pessoas. Além dos impactos 
ambientais e sociais, diversos outros danos foram causados, inclusive aos 
proprietários de áreas ribeirinhas. Supondo que os fatos tenham ocorrido por 
força natural, como abalo sísmico, e que tenha deslocado uma porção de terras 
de um imóvel a outro, aderindo-se de maneira definitiva às margens do outro, 
nos termos do código civil, quanto à forma de acessão de imóvel a imóvel, é 
correto afirmar que o proprietário ribeirinho: 
 
a) torna-se dono do acréscimo por avulsão, desde que indenize o proprietário 
das terras perdidas. Não havendo indenização, concede a lei ao dono do 
prédio desfalcado o direito de, em um ano, reivindicar as terras perdidas, se for 
possível retorná-las. 
 
b) torna-se dono do acréscimo por aluvião, desde que indenize o proprietário 
das terras perdidas. Não havendo indenização, concede a lei ao dono do 
prédio desfalcado o direito de,em três anos, reivindicar as terras perdidas, se 
for possível retorná-las. 
 
c) torna-se dono do acréscimo por abandono álveo, sem indenização. 
 
d) torna-se dono do acréscimo pela aluvião. Os acréscimos formados, por 
depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo 
desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem 
indenização. 
 
 
Bentinho é proprietário de um terreno em Ribeirão Corrente (SP), este terreno 
tem as seguintes dimensões: 100 metros de testada (frente), 100 metros de 
fundos, 500 m na lateral esquerda e 500 m na lateral direita (100m X 500m). 
Seu vizinho é Escobar, que possui um terreno muito menor que o de Bentinho, 
sendo uma área de 40m X 500 m, não há cercas entre as duas áreas. Bentinho 
resolveu plantar Café em seu Terreno, tendo contrato diversas pessoas para 
realizar o plantio, deixando um capataz responsável pelos serviços. Ocorre que 
Bentinho precisou ausentar-se durante o período do plantio, infelizmente o 
capataz não conhecia os limites do terreno, tendo usado toda a área de 
Escobar, em razão da inexistência de cerca. Escobar em diversas visitas à 
área viu o cultivo e nada falou. No dia que foi concluída a plantação, Escobar 
construiu cerca separando seu terreno da área de Bentinho e disse que aquela 
área era dele e ninguém tinha direito a nada sobre aquela plantação. Escobar 
está correto ou Bentinho pode alegar ter algum direito? Qual? Explique. 
R: O caso concreto configura uma acessão artificial por parte de Bentinho, tipo 
de aquisição da posse que ocorre pela ação do homem. 
Segundo o art. 1.255 do Código Civil: Aquele que semeia, planta ou edifica em 
terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e 
construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização. 
Também podemos citar o art. 1.214 CC: O possuidor de boa-fé tem direito, 
enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Visto que ele agiu de boa-fé, por 
meio de seu capataz e Escobar tendo visitado a propriedade nada falou, 
Bentinho terá direito a colheita ou no mínimo a uma indenização proporcional 
àquela fração da colheita. 
 
 
DOUTRINA 
 
 Desde muito tempo a “posse” vem gerando controvérsias na doutrina e na 
jurisprudência. É numerosa a quantidade de autores que discutem essa 
matéria e não chegam a nenhuma conclusão concreta acerca do tema, pois 
trata-se de um assunto rico em peculiaridades e distintos conceitos. 
Segundo Lafaille (1945, p. 61): 
 Diversas causas têm contribuído para que a posse seja um dos setores mais 
árduos e mais complicados do Direito Civil. Os problemas que ela coloca são já 
de si difíceis, tanto no que se refere ao distingui-la de outras figuras, como no 
que respeita ao regulamentá-la e no organizar a sua defesa. Tudo isto, aliás, se 
agrava com a anarquia na linguagem que se reflete nos autores e nas próprias 
leis. 
 O estudo da posse é repleto de teorias que procuram explicar o seu conceito. 
Dentre elas, as que obtiveram maior repercussão e importância foram as de 
Savigny e a teoria objetiva de Ihering. 
Para Savigny, a posse caracteriza-se pela conjugação de dois elementos: 
o corpus, elemento objetivo que consiste na detenção física da coisa, e 
o animus, elemento subjetivo que se encontra na intenção de exercer sobre a 
coisa um poder no interesse próprio e de defendê-la contra a intervenção de 
outrem (GONÇALVES, 2011). 
 Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 51), na obra Direito Civil Brasileiro afirma 
que: 
A teoria de Rudolf Von Ihering é por ele próprio denominada objetiva porque 
não empresta à intenção, ao animus, a importância que lhe confere a teoria 
subjetiva. Considera-o como já incluído no corpus e dá ênfase, na posse, ao se 
caráter de exteriorização da propriedade. Para que a posse exista, basta o 
elemento objetivo, pois ela se revela na maneira como o proprietário age em 
face da coisa. 
 
 
JURISPRUDÊNCIA 
Ementa 
APELAÇÃO CÍVEL, AÇÃO REINVINDICATÓRIA, ÁREA DE TERRA. 
REGISTRO IMOBILIÁRIO. DELIMITAÇÃO DO OBJETO. POSSE INJUSTA. 
MERA LIBERDADE. USUCAPIÃO COMO MATÉRIA DE DEFESA. POSSE 
NÃO CONFIGURADA. PEDIDO REIVINDICATÓRIO PROCEDENET. 
SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. 
É pela ação reivindicatória que o proprietário não possuidor reivindica o bem do 
possuidor não proprietário que o detém injustamente. Para o sucesso da 
reivindicatória, faz-se necessária a demonstração da prova do domínio, da 
delimitação do bem e da posse injusta. Os atos de mera permissão ou 
tolerância não constituemmodos de aquisição de posse, e, por consequência, 
da propriedade pela usucapião. 
 
 
 
Caso concreto- Aula 6: 
 
Em janeiro de 2010, Nádia, unida estavelmente com Rômulo, após dez anos de 
convivência e sem que houvesse entre eles contrato escrito que disciplinasse 
as relações entre companheiros, abandona definitivamente o lar. Nos dois anos 
seguintes, Rômulo, que não é proprietário de outro imóvel urbano ou rural, 
continuou, ininterruptamente, sem oposição de quem quer que fosse, na posse 
direta e exclusiva do imóvel urbano com 200 metros quadrados, cuja 
propriedade dividia com Nádia e que servia de moradia do casal. Em março de 
2012, Rômulo que nunca havia ajuizado ação de usucapião, de qualquer 
espécie, contra quem quer que fosse-ingressou com ação de usucapião, 
pretendendo o reconhecimento judicial para adquirir integralmente o domínio 
do referido imóvel. Diante dessa situação hipotética, assinale a afirmativa 
correta. 
 
A) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é 
infundada, pois o prazo assinalado pelo Código Civil é de 10 (dez) anos. 
 
B) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é 
infundada, pois a hipótese de abandono do lar, embora possa caracterizar a 
impossibilidade da comunhão de vida, não autoriza a propositura de ação de 
usucapião. 
 
C) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo é 
infundada, pois tal direito só existe para as situações em que as pessoas foram 
casadas sob o regime da comunhão universal de bens. 
 
D) A pretensão de aquisição do domínio integral do imóvel por Rômulo 
preenche todos os requisitos previstos no Código Civil. Obs: art 1.240 
 
Hermione e Rupert conheceram-se em Salvador, durante o carnaval. Após 
alguns meses de namoro resolveram morar juntos. Com muito esforço 
conseguiram comprar uma casa, único imóvel de ambos, cravado em um 
terreno de 220 m². Com 5 anos de relacionamento tiveram um filho, Rupert 
Júnior. Após 7 anos desta convivência Hermione conheceu um rapaz chamado 
Tom, tendo se apaixonado perdidamente por ele. Paixão esta que resultou no 
abandono do lar, Hermione simplesmente saiu de casa com a roupa do corpo e 
durante 5 anos não deu notícias. Um belo dia, ao voltar do trabalho, Rupert 
encontra com Hermione na porta da casa. Esta nem mesmo perguntou por 
Rupert Júnior, apenas afirmou que estava precisando de dinheiro e queria que 
Rupert vendesse a casa, a fim de dividir o valor do bem. Rupert, assustado 
com esta situação, procurou um advogado e o perguntou se não haveria 
alguma forma dele adquirir a propriedade integral desta casa. Caso positivo, 
diga que modo de aquisição é este e seus requisitos. 
 
Conforme o art. 1.240- A do CC, Rupert poderá ajuizar ação de usucapião 
familiar, visto que Hermione abandonou o lar e este sendo, o único a zelar pela 
sua conservação, ficou em posse exclusiva por 2 anos sem nenhum tipo de 
oposição da outra parte. Também em observância ao artigo em questão, esse 
é o único imóvel de Rupert, possui menos de 250 m2 e é utilizado como 
moradia da família. 
 
DOUTRINA 
A usucapião familiar é uma espécie de aquisição da propriedade que foi criada 
no Brasil pela Lei n° 12.424/2011, ao incluir o artigo 1.240-A no Código Civil, 
prevendo que aquele que exercer por dois anos ininterruptamente e sem 
oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano próprio de até 
duzentos e cinquenta metros quadrados, cuja propriedade dividia com ex 
cônjuge ou ex companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua 
moradia ou de sua família, terá adquirido o domínio integral, desde que não 
seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
De acordo com Mário Delgado, presidente da Comissão de Assuntos 
Legislativos do IBDFAM, a usucapião familiar tem dois objetivos: salvaguardar 
o direito à moradia daquele cônjuge ou companheiro que permaneceu no 
imóvel e também proteger a família que foi abandonada. “Na gênese, o instituto 
foi pensado para amparar mulheres de baixa renda, beneficiárias do Programa 
Minha Casa Minha Vida, abandonadas pelos respectivos parceiros conjugais, 
propiciando a aquisição da propriedade exclusiva do imóvel residencial por 
meio do instituto da usucapião”, esclarece. 
O advogado explica que, para se caracterizar a perda da propriedade do bem 
imóvel por usucapião familiar, não basta a simples “separação de fato”, sendo 
imprescindível que o ex-cônjuge ou ex companheiro tenha realmente 
“abandonado” o imóvel e a família. Apesar da letra expressa da lei se referir a 
“abandono do lar”, o entendimento preponderante na doutrina é que o 
abandono ensejador da usucapião é o abandono simultâneo do imóvel e da 
família. 
“Portanto, a simples separação de fato, com afastamento do lar, quando o 
cônjuge ausente continua a cumprir com os deveres de assistência material e 
imaterial, não dará ensejo à usucapião. O abandono não se caracteriza, por 
exemplo, se o ex-cônjuge ou ex companheiro, que se distanciou fisicamente do 
imóvel, continua a exercer seu dever de cuidado com a família, pagando os 
alimentos eventualmente devidos, mantendo a convivência com os filhos e 
contribuindo com o pagamento de tributos e taxas relativas ao imóvel. Tudo 
isso demonstra que, mesmo fora da residência conjugal, o outro cônjuge ou 
companheiro mantém o seu interesse tanto pelo imóvel, como pela família”. 
 
JURISPRUDÊNCIA 
Ementa 
APELAÇÃO CÍVEL, AÇÃO DE DIVÓRCIO. RECONVENÇÃO. USUCAPIÃO 
FAMILIAR. 
Caso em que restaram preenchidos os requisitos previstos no artigo 1.240-A do 
CC, para reconhecimento da usucapião familiar. POR MAIORIA, NEGARAM 
PROVIMENTO. (Apelação Cível N° 70077952513, Oitava Câmara Cível, 
Tribunal de Justiça do RS, Relatos: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Redator: 
Rui Portanova, Julgado 16/08/2018). 
 
 
 
Caso Concreto- Aula 7: 
 
Sobre o constituto possessório, assinale a alternativa correta: 
 
(A) Trata-se de modo originário de aquisição da propriedade. 
(B) Trata-se de modo originário de aquisição da posse. 
(C) Representa uma tradição ficta. 
(D) É imprescindível para que se opere a transferência da posse aos herdeiros 
na sucessão universal. 
 
Iracema tem imenso dom artístico, sendo capaz de criar as mais belas figuras 
sacras a partir de pedras de mármore. Apesar de estranhar o tamanho de uma 
pedra de mármore entregue por seu fornecedor em seu atelier, Iracema a 
considerou ideal para esculpir uma imagem de Nossa Senhora de Aparecida. E 
assim fez, tendo realizado seu melhor trabalho! Dias após a conclusão deste 
trabalho, Brás Cubas, mais famoso artesão de Juazeiro do Norte (CE), 
apresenta-se no atelier de Iracema e informa que o fornecedor de mármore 
entregou erroneamente uma pedra, justamente a que foi transformada. Ato 
contínuo, solicita que Iracema entregue imediatamente a obra, vez que feita em 
material pertencente a ele. Cabe razão a Brás Cubas? Que tipo de 
transformação aconteceu? Como deve ser resolvida? 
R: Segundo art. 1.269 do Código Civil: Aquele que, trabalhando em matéria-
prima em parte alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se 
puder restituir à forma anterior. 
Ocorreu, então, uma Especificação que consiste no modo de aquisição da 
propriedade por meio da transformação da matéria-prima em obra final. 
Esta não poderá retornar o status original e pertence à Iracema. 
Porquanto não ouve má-fé de Iracema, Brás Cubas poderá ajuizar ação 
indenizatória frente ao fornecedor da matéria prima que efetuou a entrega 
errada. 
 
DOUTRINA 
Podemos conceituar especificação[15] como “modo particular de adquirir a 
propriedade de bem móvel que não pode voltar ao statu quo ante, subsistindo 
apenas a espécie nova”. [16] É, portanto, o modo de adquirir a propriedade por 
meio da transformação de um bem móvel em uma espécie nova, por meio de 
trabalho ou indústria do especificador, contanto que não seja mais possível 
reduzi-la à sua forma anterior. É o que se sucede com o joalheiro, o armador,o 
tapeceiro, escultor, etc. 
 É uma espécie de ato jurídico lícito, um modo de adquirir, que difere da 
acessão porque não se atribui ao proprietário da coisa aquilo que seja acessório. 
O que ocorre, na verdade, é a manipulação da matéria prima que, trabalhada, 
não retorna ao estado primitivo, o que faz com que a coisa anterior desapareça, 
fazendo surgir um bem novo. 
 Para que se opere a aquisição da propriedade, é preciso que a 
transformação seja fruto do trabalho humano, não sendo enquadradas as 
transformações acidentais ou as que respeitem a forma antiga. 
A propriedade da coisa nova será do especificador, caso a matéria prima 
seja sua, ou se for apenas em parte, não podendo voltar à sua forma anterior. 
Se puder, todavia, o dono da matéria prima não perderá sua propriedade. Da 
mesma forma, caso o especificador aja de má-fé, pois, aí, incorreria em 
apropriação indébita da coisa, ou mesmo furto, hipóteses que, obviamente, não 
geram direitos para o especificador. De qualquer maneira, se o preço da mão-
de-obra exceder, consideravelmente, o valor da matéria-prima, o objeto novo 
será do especificador, que apenas terá de indenizar o valor do material que 
empregou. Nesse sentido, os ensinamentos de Maria Helena Diniz: 
“Se da especificação resultar obra de arte, como a pintura em relação à tela, a 
escultura, relativamente à matéria-prima, e a escritura e outro trabalho gráfico 
em relação à matéria-prima que os recebe, a propriedade da coisa nova será 
exclusiva do especificador, se seu valor exceder consideravelmente o da 
matéria-prima alheia. O órgão judicante deverá, então, averiguar se o valor da 
mão-de-obra é superior ao da matéria-prima.” 
 
 
JURISPRUDÊNCIA 
Ementa 
http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/46428/nocoes-gerais-acerca-da-aquisicao-da-propriedade-movel-no-direito-brasileiro-e-na-legislacao-francesa#_ftn15
http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/46428/nocoes-gerais-acerca-da-aquisicao-da-propriedade-movel-no-direito-brasileiro-e-na-legislacao-francesa#_ftn16
Embargos de terceiro. Art. 1.046 do Código Buzaid. Os embargos de terceiro 
destinam-se a atacar atos judiciais, enquanto os bens se encontram em poder 
do juízo. Não servem, pois, para afastar reintegração de posse de imóvel 
decretada em ação que a titular do imóvel aforou contra quem, precariamente e 
sem sua anuência, transmitiu posse ao embargante. Posse precária e injusta 
não viabiliza embargos de terceiro. Precedentes deste Tribunal. Sentença de 
rejeição dos embargos que essencialmente se confirma, reformada apenas 
para declarar o direito do embargante à indenização de construções e 
benfeitorias, em respeito ao princípio de direito que veda o enriquecimento sem 
causa. Apelação provida em parte. (TJSP; Apelação Cível 0004243-
66.2011.8.26.0045; Relator (a): Cesar Ciampolini; Órgão Julgador: 10ª Câmara 
de Direito Privado; Foro de Arujá - 1ª. Vara Judicial; Data do Julgamento: 
31/05/2016; Data de Registro: 02/06/2016). 
 
 
 
 
Caso concreto- Aula 8: 
 
Félix e Joaquim são proprietários de casas vizinhas há cinco anos e, de comum 
acordo, haviam regularmente delimitado as suas propriedades pela instalação de uma 
singela cerca viva. Recentemente, Félix adquiriu um cachorro e, por essa razão, o seu 
vizinho, Joaquim, solicitou lhe que substituísse a cerca viva por um tapume que 
impedisse a entrada do cachorro em sua propriedade. Surpreso, Félix negou-se a 
atender ao pedido do vizinho, argumentando que o seu cachorro era adestrado e 
inofensivo e, por isso, jamais lhe causaria qualquer dano. Com base na situação 
narrada, é correto afirmar que Joaquim: 
 
(A) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse na 
sua propriedade, contanto que arque com metade das despesas de instalação, 
cabendo a Félix arcar com a outra parte das despesas. 
(B) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse 
em sua propriedade, cabendo a Félix arcar integralmente com as despesas de 
instalação. 
(C) não poderá exigir que Félix instale o tapume, uma vez que a cerca viva fora 
instalada de comum acordo e demarca corretamente os limites de ambas as 
propriedades, cumprindo, pois, com a sua função, bem como não há indícios de que o 
cachorro possa vir a lhe causar danos. 
(D) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro ingresse 
em sua propriedade, cabendo a Félix arcar com as despesas de instalação, 
deduzindo-se desse montante metade do valor, devidamente corrigido, 
correspondente à cerca viva inicialmente instalada por ambos os vizinhos. 
 
Acerca da servidão de aqueduto, assinale a alternativa correta. 
 
(A) Não se aplicam à servidão de aqueduto as regras pertinentes à passagem de 
cabos e tubulações. 
(B) O aqueduto deverá ser construído de maneira que cause o menor prejuízo aos 
proprietários dos imóveis vizinhos, e a expensas do seu dono, mas a quem não 
incumbem as despesas de conservação. 
(C) Se o uso das águas não se destinar à satisfação das exigências primárias, o 
proprietário do aqueduto não deverá ser indenizado pela retirada das águas supérfluas 
aos seus interesses de consumo. 
(D) O proprietário do prédio serviente, ainda que devidamente indenizado pela 
passagem da servidão do aqueduto, poderá exigir que seja subterrânea a canalização 
que atravessa áreas edificadas, pátios, jardins ou quintais. 
 
Anita é proprietária de um terreno em Nova Iguaçu, no qual resolveu construir uma 
casa. A edificação realizada está a meio metro de distância do terreno de sua vizinha, 
Valesca. Ainda no início da construção, Valesca observa que a casa que está sendo 
construída por Anita terá uma janela justamente na parede que faz limites com seu 
terreno, bem como o telhado da casa despejará todas as águas pluviais diretamente 
no terreno de Valesca. A construção de Anita obedece ao direito de vizinhança? 
Explique. 
R: Segundo o Código Civil, Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço 
ou varanda, a menos de metro e meio do terreno vizinho. Portanto a construção de 
Anita é irregular. 
 
DOUTRINA 
O direito de propriedade, como anuncia José Carlos Salles, “tem sido entendido de 
maneira diversa pelos povos, no tempo e no espaço, em razão das diferenças 
existentes entre os sistemas econômicos, políticos e jurídicos que adotaram.” 
 
Isto se explica pelo fato de os sistemas serem, sobretudo, uma construção humana, 
resultantes de um conjunto de princípios e valores construídos por uma cultura e que, 
apesar de trazerem consigo uma elevada carga de subjetivismo, são influenciados 
pela realidade, que se transforma com o transcorrer da história. 
 
Neste sentido, Miguel Reale pondera: 
 
“A sociedade em que vivemos é, em suma, também realidade cultural e não mero fato 
natural. A sociedade das abelhas e dos castores pode ser vista como um simples dado 
da natureza, porquanto esses animais vivem hoje como vivia no passado e hão de 
viver no futuro. A convivência dos homens, ao contrário, é algo que se modifica 
através do tempo, sofrendo influências várias, alterando-se de lugar para lugar e de 
época para época”. 
 
 
JURISPRUDÊNCIA 
Ementa 
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE VIZINHANÇA. NUNCIAÇÃO 
DE OBRA NOVA. JANELAS. CONSTRUÇÃO A MENOS DE UM METRO E MEIO DO TERRENO 
VIZINHO. SERVIDÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO. AGRAVO NÃO PROVIDO. 
1. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que, não se opondo o proprietário, no 
prazo de ano e dia, à abertura irregular de janela sobre seu prédio, ficará impossibilitado de 
exigir o desfazimento da obra, mas daí não resulta em servidão. Nesse sentido: REsp 
229.164/MA, Rel. Ministro Eduardo Ribeiro, Terceira Turma, DJ de 06/12/1999, p. 90; AgRg no 
AREsp 492.846/BA, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Terceira Turma, DJe de 1º/09/2014. 2. Agravo 
interno a que se nega provimento. (AgInt no AREsp 190.682/RS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, 
QUARTA TURMA, julgado em 07/05/2019, DJe 22/05/2019).Caso concreto- Aula 9: 
 
Durante assembleia realizada em condomínio edilício residencial, que conta 
com um apartamento por andar, Giovana, nova proprietária do apartamento 
situado no andar térreo, solicitou explicações sobre a cobrança condominial, 
por ter verificado que o valor dela cobrado era superior àquele exigido dos 
demais condôminos. O síndico prontamente esclareceu que a cobrança a ela 
dirigida é realmente superior à cobrança das demais unidades, tendo em vista 
que o apartamento de Giovana tem acesso exclusivo, por meio de uma porta 
situada em sua área de serviço, a um pequeno pátio localizado nos fundos do 
condomínio, conforme consta nas configurações originais do edifício 
devidamente registradas. Desse modo, segundo afirmado pelo síndico, 
podendo Giovana usar o pátio com exclusividade, apesar de constituir área 
comum do condomínio, caberia a ela arcar com as respectivas despesas de 
manutenção. Em relação à situação apresentada, assinale a alternativa correta. 
 
(A) Não poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção 
do pátio, tendo em vista que este consiste em área comum do condomínio, e a 
porta de acesso exclusivo não fora instalada por iniciativa da referida 
condômina. 
(B) Poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção do 
pátio, tendo em vista que ela dispõe de seu uso exclusivo, independentemente 
da frequência com que seja efetivamente exercido. 
(C) Somente poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à 
manutenção do pátio caso seja demonstrado que o uso por ela exercido impõe 
deterioração excessiva do local. 
(D) Poderá ser cobrada de Giovana metade das despesas relativas à 
manutenção do pátio, devendo a outra metade ser repartida entre os demais 
condôminos, tendo em vista que a instalação da porta na área de serviço não 
foi de iniciativa da condômina, tampouco da atual administração do 
condomínio. 
 
Homer mora em um condomínio no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre 
(RS), seu apartamento tem 208 m² e o condomínio tem ampla área de lazer, 
com academia, playground para crianças e piscina. Homer é conhecido por 
todos como uma pessoa sedentária, não afeita a exercícios, assim não 
frequenta a piscina ou a academia do condomínio, ademais é solteiro e não 
teve prole. Em razão desta situação Homer procurou o Sr. Skinner, síndico do 
edifício, e exigiu que todas as despesas com academia, piscina e playground 
fossem retiradas de sua cota condominial, sob o argumento que não os utiliza. 
Homer está correto? Explique. 
R: Conforme art. 1336: São deveres do condômino: I - contribuir para as 
despesas do condomínio na proporção das suas frações ideais, salvo 
disposição em contrário na convenção. 
Como o caso concreto não apresenta a existência de cláusula que possibilite o 
desconto nos gastos referidos, Homer tem a obrigação de arcar com a 
porcentagem referente a sua porção individual. 
 
 
 
DOUTRINA 
 Neste sentido, De Plácido e Silva ensina que “condomínio significa o direito 
simultaneamente tido por várias pessoas sobre o mesmo objeto, não em uma 
parte determinada, mas num quinhão ideal, atribuído segundo a força do direito 
próprio de cada pessoa.”(SILVA, De Plácido, 2001. p. 197). No plano 
doutrinário a expressão condomínio edilício também tem sido objeto de 
dedicação dos juristas. Vale destacar que há, na doutrina, várias 
nomenclaturas para tratar o condomínio edilício, tais como: propriedade 
horizontal; propriedade de planos horizontais; condomínios especiais; por 
andares; em edificações, por unidades autônomas e condomínio sui generis. 
 Caio Mario não utiliza a expressão condomínio edilício, conceituando este de 
condomínio em planos horizontais. Segundo ele, nesse tipo de condomínio “há 
uma fusão de direitos, em que o mesmo sujeito é simultaneamente titular de 
uma unidade autônoma e de uma co-propriedade com propriedade individual e 
comum.”(PEREIRA, Caio Mario da Silva 2002. p. 92). 
 Para Silvio Rodrigues “o regime dos condomínios edilícios se caracteriza por 
apresentar uma propriedade singular dos apartamentos e andares, ao lado de 
uma comunhão necessária e inexorável do terreno e das partes comuns do 
prédio.”(RODRIGUES, Silva. 2003. p. 206). 
 
JURISPRUDÊNCIA 
Ementa 
APELAÇÃO CÍVEL. CONDOMÍNIO. AÇÃO DE COBRANÇA. 
INCONTROVERSA A EXISTÊNCIA DA DÍVIDA. PRESCRIÇÃO 
QUINQUENAL. MULTA, JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA NOS TERMOS 
DO ART. 1.336 CÓDIGO CIVIL. 
O prazo para a cobrança de quotas condominiais vencidas é de cinco anos, na 
forma do art. 206 SS 5°, I, do Código Civil, Ausência de abusividade na 
cobrança de juros, correção monetária e multa incidentes na forma do art. 
1.336 no Código Civil. APELAÇÃO DESPROVIDA. UNÂNIME. (Apelação Cível 
N° 70079833729, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, 
Relator: Paulo Sérgio Scarparo, Julgado em 13/12/2018). 
 
 
 
Caso concreto- Aula 10: 
 
A lei nº 13.465 de 2017 implementou alterações no âmbito do Direito das Coisas, entre 
elas o Condomínio de lotes, pesquise artigos que tratam do tema e demonstre a 
necessidade ou não deste instituto, ou se esta situação já tinha amparo no Direito 
brasileiro. 
R: Inicialmente devemos diferenciar Loteamento e Condomínio de lotes. A 
diferença básica é que, no loteamento, compra-se apenas a área referente ao lote, 
enquanto no condomínio será a fração ideal, que engloba não apenas a área de uso 
privativo, como também a de uso comum, como as ruas de acesso, a área verde e o 
espaço de lazer. Vale ressaltar que as taxas em qualquer um dos dois é regulada se 
for registrada na prefeitura, é lícita essa prática, agora, regulamentada pelo Código. 
 
Ao analisar a lei nº 6.766/79, que visa regularizar o loteamento, “O detalhe 
desse tipo de empreendimento é que as vias são públicas e é preciso toda uma 
estruturação com a prefeitura e órgãos competentes para a aprovação dos sistemas 
de arruamento, por exemplo, que passam a ser parte do município. Tal dispositivo 
consiste no parcelamento do solo, onde o representante vai ao Município e pede a 
aprovação desse parcelamento para o controle do acesso. 
Essas áreas destinadas a circulação são concedidas pela Prefeitura à associação de 
moradores para esse fim. Por exemplo em prol da segurança, inclusive instalando 
cancelas. O caso que não foi aprovado pela municipalidade apenas aconteceu 
clandestinamente. 
 
Já a nova situação é o Condomínio de lotes, com fulcro na lei nº 1.3465/2017, 
que acrescentou a figura do loteamento com controle de acesso, no Condomínio de 
lotes: as vias não são públicas, são uma copropriedade de cada proprietário de um 
lote ali existente. Já a Lei 4591/64, lei de incorporações. Previa taxas para terrenos 
vinculados a uma edificação apenas. Agora com a alteração pode ter apenas um 
terreno com copropriedade de áreas comuns como vias de circulação, áreas comuns 
e áreas verdes. Por exemplo: O condomínio edilício (artigos 1.331 a 1.358 do Código 
Civil) se diferencia do condomínio comum (artigos 1.314 a 1.330 do Código Civil), 
pois naqueles há partes comuns e partes exclusivas, ao passo que o condomínio 
comum existem multiproprietários onde todos detêm a propriedade em comum, 
sem individualizações.

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