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Aula 5 - Direito Civil II - Contratos - Regras Gerais - Prom de CV - Est e Promessa de fato a terceiro

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Direito Civil II – Contratos
Professor João Guilherme Assafim
Aula 5 – Regras Gerais de Execução Contratual
Artigo 476 do Código Civil: Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
1º TEORIA: RECIPROCIDADE INSTANTÂNEA OU AUTOMÁTICA NO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES.
Objetivo da 1º Teoria: reciprocidade automática diminui o risco de inadimplemento, cumprido a função social o quanto antes e de forma plena. 
Já o contrato de execução por duração possui um maior risco de inadimplemento, pois o cumprimento do objeto principal será fracionado ao longo do tempo.
2º TEORIA: EXCEPTIO NON ADIMPLETI CONTRACTUS
Também denominada de Exceção de Contrato Não Cumprido. Esta teoria trata-se de um meio de defesa da força vinculante pactuada pelas partes, devendo ocorrer o cumprimento dos prazos de vencimento das obrigações contratuais.
 Nenhum agente poderá exigir a execução forçada da prestação do outro agente de forma antecipada e impositiva, se este ainda se encontra no seu prazo de vencimento para o cumprimento da prestação. 
De acordo com a segunda teoria, a antecipação de cumprimento da prestação do contrato apenas poderá ocorrer se ambas as partes cumprirem suas obrigações em comum acordo antes do prazo de vencimento.
Artigo 477 do Código Civil: Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.
TEORIA DA SUSPEITA OU DIMINUIÇÃO DE PATRIMÔNIO.
Suspeita no Direito Contratual não quer dizer mora, falência, insolvência ou fraude.
Exemplo/Estudo de caso: “A” compra móveis com prazo de entrega de 40 (quarenta) dias, sendo pactuado o pagamento por meio de cheques. 
“A” teve ciência de possível suspeita de diminuição de patrimônio de B (vendedor). Os móveis não foram entregues e “A” susta todos os cheques (mesmo B ainda estando no seu prazo de vencimento). No prazo pactuado entre as partes, “B” entrega todos os móveis. Neste caso, “A” agiu com suspeita infundada e pode ser penalizado, podendo responder inclusive por perdas e danos. 
Artigo 475 do Código Civil: A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
Neste caso, o agente pontual cumpriu sua obrigação, mas sofreu ato ilícito devido ao inadimplemento configurado do outro agente/parte, podendo questionar perdas e danos, de acordo com os artigos 186, 389 e 927 do Código Civil.
Artigos 478 e 479 do Código Civil: Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato.
Trata-se da Teoria da Onerosidade Excessiva. Em caráter preliminar, prevalece a força vinculante celebrada entre as partes no instrumento contratual. 
O contrato apenas poderá ser objeto de readequação de cláusulas caso seja analisado por meio de ação judicial. Caberá ao juiz proferir uma decisão com valores morais, sociais e econômicos, caso seja comprovado com as provas juntadas no processo a necessidade de readequação os valores/prestações contratuais.
PROMESSA DE COMPRA E VENDA
Contrato pelo qual, as partes se vinculam com um adiantamento de valor determinado de sinal, tendo ainda em sua força vinculante a possibilidade de celebração em data certa e futura de um contrato principal de compra e venda. Caso este último não seja celebrado, não há que se falar em ato ilícito, uma vez da existência das chamadas cláusulas de arrependimento.
Princípios da Promessa de Compra e Venda: 
Princípio do pagamento e adiantamento do preço e Princípio da faculdade do arrependimento das partes.
Não existe valor determinado de sinal estipulado no Código Civil, cabendo ao consentimento das partes estipularem o valor. 
Todavia, quanto mais próximo o valor do sinal do montante total do contrato, o valor deixa de ser considerado sinal, passando a ser considerada a primeira parcela do contrato principal de compra e venda. 
Neste caso, as demais prestações deverão ser pagas de forma fracionada ao longo do tempo, podendo ser aplicada a chamada indenização suplementar, uma vez que se trata de contrato principal. 
Artigos do Código Civil: 
Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal.
Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado.
Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização.
Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.
DA ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO
Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438.
Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor.
Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante.
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade.
Exemplo/Estudo de caso: Um Estipulante cumpre uma obrigação perante a um promitente devedor, onde o referido promitente cumpre a obrigação perante um terceiro. Um contrato de locação feito por um pai (estipulante) para um filho (terceiro) em outra cidade (Locador se configura como promitente devedor). 
DA PROMESSA DE FATO A TERCEIRO:
Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar.
Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação.
Exemplo/Estudo de Caso: Empresário de um artista. Uma loja em inauguração liga para o empresário e este condiciona algumas exigências para a apresentação do artista (possui procuração). Se o empresário concorda, instala-se a obrigação do empresário e do artista. Caso o artista não cumpra a obrigação pessoal e de direito personalíssimo, o dono da loja poderá exigir perdas e danos do artista e do empresário.

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