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Resenha crítica sobre o artigo carta psicografada como fonte de prova no processo civil

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O artigo publicado por Fredie Didier Jr. “Carta Psicografada como fonte de prova no processo civil”, debate a admissibilidade da carta psicografada como fonte de prova documental, tendo em vista o direito fundamental à liberdade religiosa e de expressão. Em sua conclusão, a qual concordo, o autor chegou ao entendimento que a prova em questão é ilícita e ineficaz, visto que, além de ser inadmissível os atos de fé no espaço do processo público, seria dificílimo, após a prolatação da decisão judicial, exercer um contraditório racionalmente fundamentado e discutível, se baseado em elementos desse viés. 
As provas, no processo civil brasileiro, assumem um papel de fundamental importância, tendo em vista que são a partir delas que o magistrado, incumbido com o poder de decisão, formará seu entendimento sobre o caso concreto e proferia uma decisão para o conflito que lhe é apresentado. Assim, de acordo com a referida codificação, desde que licitas, todos os meios moralmente legítimos são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se fundamenta a ação ou a defesa.
A Constituição Federal do Brasil, em seu artigo 5º, inciso VI, estabeleceu que o Estado deve agir de forma neutra e imparcial perante às questões religiosas. Entende-se como “Estado” toda aquela forma de organização de natureza política englobando o poder executivo, legislativo e o judiciário. Assim, não se poder conceber que perante as questões jurídicas haja a possibilidade de elementos baseados na fé individual interfiram em decisões judiciais proferidas em nossos tribunais.
Nesse sentido, Iso Chaitz Scherkerkewitz, em seu artigo “O Direito de Religão do Brasil”, conclui que: “[...] o Estado Brasileiro não pode escolher aleatoriamente um caminho. Que o lado "espiritual" do povo deve ser respeitado, estimulado e protegido não há dúvida. O que não se pode fazer é optar por uma religião em detrimento de outras.”
Dado o exposto, dentro do devido processo legal, concluo que não se pode admitir elementos probatórios baseados em crenças individuais das partes, sejam quais forem, tendo que vista que, se aceitos, estaríamos optando, mesmo que indiretamente, por uma religião específica em detrimento de outras, bem como vivenciaríamos uma clara insegurança jurídica, ante a possibilidade de inúmeros entendimentos controversos entre os órgãos jurisdicionais ou entre esses e a administração pública.

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