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GESTÃO CONTÁBIL

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Disciplina: Gestão Contábil
Autor: Vicente Vieira da Silva
Unidade de Educação a Distância
Gestão Contábil
Autor: Vicente Vieira da Silva
Belo Horizonte / 2011
ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÃNCIA
REITOR
LUÍS CARLOS DE SOUZA VIEIRA
PRÓ-REITOR ACADÊMICO
SUDÁRIO PAPA FILHO
COORDENAÇÃO GERAL
AÉCIO ANTÔNIO DE OLIVEIRA
COORDENAÇÃO TECNOLÓGICA
EDUARDO JOSÉ ALVES DIAS
COORDENAÇÃO DE CURSOS GERENCIAIS E ADMINISTRAÇÃO 
HELBERT JOSÉ DE GOES
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/ LETRAS 
LAILA MARIA HAMDAN ALVIM
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/PEDAGOGIA 
LENISE MARIA RIBEIRO ORTEGA
INSTRUCIONAL DESIGNER
DÉBORA CRISTINA CORDEIRO CAMPOS LEAL
KELLY DE SOUZA RESENDE
PATRICIA MARIA COMBAT BARBOSA
EQUIPE DE WEB DESIGNER
CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR
GABRIELA SANTOS DA PENHA
LUCIANA REGINA VIEIRA
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZOLIO
RIANE RAPHAELLA GONÇALVES GERVASIO
AUXILIAR PEDAGÓGICO
ARETHA MARÇAL DE MACÊDO SILVA
MARÍLIA RODRIGUES BARBOSA
REVISORA DE TEXTO
MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO
SECRETARIA
LUANA DOS SANTOS ROSSI 
MARIA LUIZA AYRES
MONITORIA
ELZA MARIA GOMES
AUXILIAR ADMINISTRATIVO
THAYMON VASCONCELOS SOARES
MARIANA TAVARES DIAS RIOGA
AUXILIAR DE TUTORIA
FLÁVIA CRISTINA DE MORAIS
MIRIA NERES PEREIRA
RENATA DA COSTA CARDOSO
Sumário
5Unidade 1: A Contabilidade e os Demonstrativos Financeiros
30Unidade 2: Instrumentos de Análise
Ícones
	Comentários
	
	Reflexão
	
	Dica
	
	Lembrete
	
Unidade 1: A Contabilidade e os Demonstrativos Financeiros
Nosso Tema 
Segundo Ribeiro (2005, p.02), “a Contabilidade é uma ciência social que tem por objeto o patrimônio das entidades econômico-administrativas”. Para Franco (1991, p.21), “é a ciência (ou técnica, segundo alguns) que estuda, controla e interpreta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades...” Padoveze (1991, p.27) define “Contabilidade como o sistema de informação que controla o patrimônio de uma entidade”. Já para Iudícibus (2007, p.29), trata-se de “...um instrumento um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização.” Indiscutível é que a Contabilidade está associada ao nosso cotidiano há milhares de anos antes de Cristo. Nasceu de modo informal. Surgiu quando o homem das cavernas percebeu a necessidade de controlar o seu patrimônio.
E o que é o Patrimônio?
Essa nossa conversa faz-me lembrar de meus filhos quando começaram a falar e não mais pararam de perguntar. É um eterno por quê? Nada contra. Até pelo contrário, é com perguntas que saímos do campo da ignorância e ingressamos no campo do conhecimento. 
Pois bem, patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações. 
E aí você vai me perguntar: mas qual era o patrimônio do homem das cavernas? Os instrumentos de caça, de pesca, o rebanho de ovelhas etc. Como não dispunha dos recursos comuns em nossos dias, recorria a desenhos traçados em madeiras ou cavernas para representar o seu conjunto patrimonial.
A Contabilidade incorporou os novos recursos (papel, escrita, computadores, etc.) e o patrimônio é demonstrado com enorme riqueza de detalhes. Isso possibilita aos diversos usuários da linguagem das empresas entre si, tomar decisões com conhecimento técnico da situação. 
Mas que decisões são essas? Comprar, produzir, vender à vista ou a prazo, deixar de produzir etc.
Nesta unidade, vamos conhecer a Contabilidade e os seus principais demonstrativos.
Para Refletir 
Esta unidade tem como objetivo prepará-lo para a leitura e a compreensão dos demonstrativos elaborados pela Contabilidade.
Com o intuito de que você possa se preparar para essa nova etapa, seguem questões para reflexão. O objetivo é que, ao final da unidade, você possa formar seus próprios conceitos sobre os temas vistos.
· O que é a Contabilidade?
· O que é o Patrimônio?
· De onde surgem os recursos e como são aplicados?
· O que são fatos contábeis?
· Como são registradas as alterações patrimoniais?
· O que são contas patrimoniais e contas de resultado?
· O que é o método das partidas dobradas?
· O que é um Balancete?
· Como se apura o resultado do exercício?
· De que trata a Demonstração do Resultado do Exercício?
· O que mostra o Balanço Patrimonial?
· Existem outros demonstrativos gerados pela Contabilidade?
Fique tranqüilo! No tópico seguinte, serão apresentadas algumas informações que vão auxiliá-lo a responder a essas e a outras questões igualmente essenciais para uma ampla utilização da Contabilidade como importante instrumento gerador de dados e informações sobre o patrimônio de uma pessoa física ou jurídica qualquer.
 
1. Conteúdo Didático 
1.1. A Contabilidade e sua estrutura conceitual
Vamos nesta oportunidade conhecer os pontos da estrutura conceitual da Contabilidade: conceito, objeto, finalidade, campo de ação; usuários e técnicas contábeis. Essa conceituação inicial será essencial como alicerce de todo nosso estudo.
1.1.1. Conceito, Objeto e Finalidade
Como citado na seção Nosso Tema, há controvérsias sobre ser a Contabilidade uma Ciência. Vimos que alguns entendem ser ela uma técnica, outros um instrumento e há até quem julgue tratar-se de uma arte. O objeto de estudo da Contabilidade é o patrimônio. Sem ele não há que se falar em Contabilidade. A finalidade do estudo é possibilitar que se exerçam sobre ele as funções de planejamento e controle. 
Veremos a seguir onde está o patrimônio, a quem pertence, quem usa as informações contábeis e como a Contabilidade atinge o seu objetivo de estudar o patrimônio.
1.1.2. Campo de Ação, Usuários e Técnicas Contábeis
O campo de ação é a Pessoa Física ou Jurídica para quem é mantida a Contabilidade. Usuários são os interessados nas demonstrações contábeis como empresários, governo, acionistas, etc. 
Técnicas Contábeis são procedimentos utilizados pela Contabilidade para atingir seu objetivo. Segundo Franco (1991, p.23), “Escrituração é o registro dos fatos que ocorrem no patrimônio.” Para Gonçalves (1993, P.24), Demonstrações Contábeis constituem “a técnica de elaboração periódica de relatórios sobre o estado do patrimônio e o efeito da gestão administrativa sobre este ao longo do tempo.”
Conforme Franco (1991, p. 23), a Auditoria “consiste no exame de documentos, livros e registros, obedecendo a normas específicas de procedimento, com o objetivo de verificar se as demonstrações contábeis representam, adequadamente, a posição econômico-financeira do patrimônio e os resultados do período administrativo.” 
A Análise de Balanços, conforme Ribeiro (1997, p.35), é “o exame e a interpretação dos dados contidos nas demonstrações financeiras, com o fim de transformar esses dados em informações úteis aos diversos usuários da Contabilidade.”
1.2. Patrimônio
A razão de ser da Contabilidade é o Patrimônio. Neste momento, veremos qual é conceito contábil de patrimônio, quais são os seus elementos e sob que aspectos ele é estudado pela Contabilidade.
1.2.1. Conceito, Elementos e Aspectos
“O patrimônio, objeto da Contabilidade, é um conjunto de bens, direitos e obrigações avaliado em moeda e pertencente a uma pessoa.”, segundo Ribeiro (1997, p.39). Os elementos patrimoniais são aqueles que integram o patrimônio. Ainda segundo Ribeiro (1997), temos:
. 
Além da Contabilidade, também o Direito, a Economia e a Administração estudam o patrimônio. Porém, a Contabilidade é a única cujo objeto de estudo são os aspectos qualitativos e quantitativos. 
Sob o aspecto qualitativo (tipo) os elementos são separados pela sua natureza e representados por “Contas”; títulos que agrupam elementos patrimoniais da mesma natureza. Exemplo: Fornecedores.
No aspecto quantitativo (valor), o patrimônio é visto como um fundo de valores. De um lado, valores positivos (conjunto de Bens e Direitos) e, do outro lado, valores negativos (conjunto de obrigações).
A medida de valor para que se tenha um todo mensurável deve ser uniforme e utiliza-se amoeda como medidor comum. Atribuindo-se valores aos Bens e Direitos (Ativo) e às Obrigações (Passivo Exigível), chegaremos a uma diferença entre o Ativo (+) e o Passivo Exigível (-) denominada PATRIMÔNIO LÍQUIDO e que aparecerá vinculada ao PASSIVO EXIGÍVEL para que haja uma igualdade entre o ATIVO e o PASSIVO. 
Vamos a um exemplo: A Cia. X dispõe de R$100 em dinheiro, R$250 em estoques e R$150 em duplicatas a pagar. Somando-se o conjunto de Bens e Direitos (Ativo), tem-se R$350. Deduzindo-se deste valor as obrigações (Passivo Exigível) de R$150, chega-se ao Patrimônio Líquido de R$200. A partir da compreensão do que é Patrimônio Líquido, passamos à equação patrimonial e representação gráfica. Veremos que, contabilmente, o patrimônio sempre é representado em um gráfico (quadro tipo retrato) e em forma de equação em que: Ativo, lado esquerdo e Passivo, lado direito do gráfico. 
1.2.2. Equação Patrimonial e Representação Gráfica 
Conforme Ribeiro (2005, p. 19), a equação patrimonial básica “...é a equação algébrica por meio da qual se conhece o Patrimônio Líquido. ...é expressa da seguinte maneira: (Bens + Direitos) – Obrigações = Patrimônio Líquido (ou situação líquida).” A representação gráfica do Patrimônio consiste em demonstrar seu Ativo, Passivo Exigível e Patrimônio Líquido. Demonstração essa conhecida por BALANÇO PATRIMONIAL e é apresentado em forma de equação SEMPRE tendo o Ativo do lado esquerdo e o Passivo Exigível mais o Patrimônio Líquido do lado direito. Assim, temos:
	ATIVO
	PASSIVO EXIGÍVEL + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
	A =
	PE + PL
Como exemplo, faremos a representação gráfica do patrimônio da Cia. X, citada anteriormente.
	Ativo
Dinheiro 100
Estoques 250
 350
	Passivo + Patrimônio Líquido
Duplicatas a Pagar 150
Patrimônio Líquido 200
 350
Na Equação Patrimonial, temos: Patrimônio Líquido = Ativo – Passivo Exigível ou PL = A - PE
No exemplo acima, teríamos: 200 = 350 - 150
Após conhecer a equação patrimonial, veremos que, dependendo dos valores do Ativo (patrimônio bruto ou conjunto de bens e direitos) e dos valores do passivo exigível (obrigações), o patrimônio líquido (diferença entre o ativo e o passivo exigível) pode ser positivo, nulo ou negativo. 
1.2.3. Patrimônio Bruto, Patrimônio Líquido e Situações Líquidas Patrimoniais
Para Gonçalves (1993, p.28), “O ATIVO (soma dos BENS e dos DIREITOS) constitui o que chamamos de PATRIMÕNIO BRUTO.” Padoveze (1991, p. 29) define “Patrimônio Líquido como a resultante aritmética da somatória dos bens e direitos (elementos patrimoniais positivos) diminuída da somatória das obrigações (elementos patrimoniais negativos).” Segundo Ribeiro (1997, p. 43), “...os bens, direitos e obrigações que compõem o Patrimônio são avaliados em moeda. Os elementos patrimoniais devidamente equacionados poderão apresentar três Situações Líquidas Patrimoniais diferentes.” Vamos ver quais são elas logo a seguir. 
1.3. Origens e Aplicações de Recursos
Você sabe de onde surgem os recursos investidos pela Entidade Contábil (pessoa física ou jurídica detentora do patrimônio)? É hora de conhecer as fontes que alimentam as aplicações de recursos.
1.3.1. Origens de Recursos
As origens indicam a procedência dos recursos que chegam à Entidade. Subdividem-se em:
	Recurso
	Definição
	Capitais de Terceiros ou
Recursos de Terceiros
	São as obrigações decorrentes da compra de bens ou serviços a prazo, de empréstimos obtidos, de impostos resultantes das transações efetuadas e outros compromissos assumidos com vencimento definido. Exemplo: A empresa compra um veículo por R$50.000 a prazo.
	Capitais Próprios ou
Recursos Próprios
	Correspondem ao Patrimônio Líquido e poder estar representados por: 
a) Capital Social - valor constante do Contrato Social ou Estatuto Social. Pode subdividir-se em Capital Subscrito, Capital a Integralizar (ou Capital a Realizar), Capital Integralizado (ou Capital Realizado) 
b) Lucro ou Prejuízo Acumulado - registra o resultado positivo ou negativo obtido pela Empresa em sua atividade empresarial. Exemplo: A empresa vende por 30 um estoque comprado por 10 e lucra 20. 
c) Reservas indicam os valores: 
Dependentes dos Resultados apurados pela Sociedade (Reservas de Lucros). Exemplo: Reserva Legal, constituída em 5% do lucro líquido do exercício.
Independentes de lucros gerados pelas atividades a que se propõe a empresa (Reservas de Capital) e resultantes de doações, ganhos da empresa na emissão de ações, debêntures, etc. Exemplo: Uma prefeitura, incentivando uma empresa a instalar-se no Município, doa-lhe um terreno de R$100.000. Os decorrentes de novos valores atribuídos a Ativos mediante laudos (Reservas de Reavaliação). Exemplo: Seria o caso de a empresa que ganhou o terreno da prefeitura, constatar que o imóvel, em função da instalação da indústria, passou a valer R$150.000.
Visto de onde podem vir os recursos, veremos a seguir como eles podem ser aplicados pela Entidade. 
1.3.2. Aplicações de Recursos
Indicam onde foram aplicados os recursos obtidos pela Entidade. Correspondem ao Patrimônio Bruto (conjunto de bens e direitos). No Balanço Patrimonial equivalem ao Ativo e estão representadas pelos títulos que indicam os elementos integrantes do Patrimônio Bruto: Dinheiro, Bancos Conta Movimento, Duplicatas a Receber, Veículos, Prédios, Mercadorias, Aplicações Financeiras, etc.
Como exemplo, podemos citar a compra de R$10.000 em Estoques que aumenta o Ativo (aplicações de recursos). 
Você sabe como se dá a movimentação que tanto promove a origem (entrada) dos recursos quanto evidencia onde eles são aplicados? É o que veremos na seqüência.
1.4. Dinâmica Patrimonial
O patrimônio de uma entidade não é estático. Desde a sua constituição ele passa por contínuas alterações. Os acontecimentos que implicam modificação da estrutura patrimonial podem resultar em aumento da riqueza líquida da entidade ou não. O fato contábil recebe nomes diferentes em função de seu reflexo sobre os elementos patrimoniais.
1.4.1. Atos Administrativos e Fatos Contábeis
A Contabilidade não trabalha com hipótese (uma coisa que não é, mas a gente diz que é para ver como que fica caso fosse, conforme disse um humorado autor anônimo). A Contabilidade registra os fatos contábeis (eventos que modificam o patrimônio). Vejamos os exemplos: um depósito de dinheiro da empresa em Banco; a compra de um veículo à vista ou a prazo, o pagamento de uma dívida, etc.
Nem sempre os fatos contábeis alteram a situação líquida do patrimônio. Algumas vezes eles constituem mera permutação entre as espécies de seus elementos: são as alterações qualitativas. Outras vezes trazem-lhe variações aumentativas ou diminutivas; são as alterações quantitativas que modificam o patrimônio líquido da empresa. Conforme Franco (1991, p.59), tem-se “...a classificação dos fatos contábeis em 3 grupos, a saber: permutativos ou compensativos, modificativos e mistos ou compostos.”
Fatos Permutativos ou Compensativos - São as transações que não aumentam nem diminuem a riqueza da empresa. Representam simplesmente alterações de ordem qualitativa no conjunto patrimonial. Por exemplo, a compra de um carro por R$30.000 à vista.
Vamos pensar? 
Raciocínio:
· Ocorre aumento de BENS pela entrada do carro, registrado na conta VEÍCULOS;
· Ocorre diminuição de BENS pela saída de dinheiro, controlado na conta CAIXA.
Conclusão:
O ATIVO (Bens + Direitos) sofreu um aumento de $30.000 e uma diminuição do mesmo valor, ficando, portanto, com o mesmo total. Dessa forma, não se alterou o PATRIMÔNIO LÍQUIDO.
São tipos de fatos permutativos: compra de bens à vista; comprade bens a prazo; pagamento de uma obrigação; recebimento de um direito, entre outros.
Fatos Modificativos - Provocam alterações no Patrimônio Líquido. Como as alterações podem ter dois sentidos, subdividem-se em: Aumentativos e Diminutivos.
Fatos Modificativos Aumentativos - O aumento do patrimônio dá-se pela RECEITA que, por sua vez, corresponde a recebimento de importâncias por serviços prestados, por juros de capitais empregados, descontos obtidos com pagamentos antecipados e outros. Exemplo: recebimento de R$2.000 pelo aluguel de um imóvel.
Pense comigo: 
Raciocínio: 
· Ocorre o aumento de um bem, pelo recebimento de R$2.000, registrado na conta CAIXA.
· A importância de R$2.000 é um ganho decorrente de um serviço prestado e deve, portanto, ser registrada em conta de RECEITAS, tipo “Receitas de Aluguéis".
Conclusão:
O fato "recebimento de aluguel" aumentou o lado do ATIVO em R$2.000 sem que houvesse uma diminuição no próprio ATIVO ou aumento do PASSIVO EXIGÍVEL (obrigação). Dessa forma, tivemos um crescimento no PATRIMÔNIO LÍQUIDO de R$2.000.
Fatos Modificativos Diminutivos - Há uma diminuição na situação líquida quando um bem é consumido ou quando há gastos decorrentes da atividade econômica necessária para alcançar os fins da empresa. Assim, quando se pagam empregados, aluguel do prédio, impostos, além de inúmeros outros gastos que não se recuperam, há diminuição do PATRIMÔNIO LÍQUIDO. Os fatos dessa natureza recebem a denominação genérica de DESPESAS. Outra denominação para essa categoria de fatos, principalmente nas atividades fabris: CUSTOS. Sempre que ocorre uma despesa ou custo, o PATRIMÔNIO LÍQUIDO se modifica, diminuindo o seu valor. Podemos citar, como exemplo, o pagamento de um aluguel de R$15.000.
Vamos pensar sobre isso juntos, vejamos: 
Raciocínio:
· Com o pagamento de R$15.000, o lado do ATIVO diminui com a saída do BEM dinheiro.
· Esse valor nunca mais retornará ao patrimônio da empresa, como se fosse uma perda. Devendo ser registrado numa conta de DESPESAS, tal como "Despesas com Aluguéis".
Conclusão:
Com a saída do dinheiro da conta "Caixa", o valor do ATIVO diminuiu sem que houvesse a entrada de um outro BEM para compensar ou mesmo a baixa de uma dívida que diminuísse o PASSIVO EXIGÍVEL. Assim, o PATRIMÔNIO LÍQUIDO está R$15.000 menor após essa operação.
Fatos Mistos ou Compostos - São os que conjugam a permutação de valores com a modificação na situação líquida do patrimônio. 
Fatos Mistos Aumentativos - Ocorre permuta de elementos patrimoniais e aumento da situação líquida. Vejamos um exemplo: Pagamento de título antecipadamente obtendo-se desconto.
Raciocínio: 
> Havia uma obrigação que constava no PASSIVO EXIGÍVEL pelo valor de R$10.000;
> Com o pagamento feito, essa dívida de R$10.000 deixou de existir;
> No ATIVO, na conta "Caixa", o dinheiro foi diminuído em apenas R$9.500 em razão do pagamento; A diferença entre a baixa da dívida (R$10.000) e a saída de
> dinheiro (R$9.500) é um ganho de R$500 a ser registrado numa conta de RECEITA, tal como “Receita com Descontos Obtidos”.
Fatos Mistos Diminutivos - Ocorre permuta de elementos patrimoniais e diminuição da situação líquida. Vejamos um exemplo: Pagamento de uma duplicata mais juros de mora pelo atraso.
Raciocínio: 
· Com o pagamento, o PASSIVO diminuiu o valor de R$10.000 (valor do título); 
· Ocorreu redução no ATIVO, na conta "Caixa", pela saída total de R$10.400;
· Essa diferença (R$400) paga a mais, em razão de juros de 
mora representa uma perda, devendo ser lançada numa conta de DESPESAS FINANCEIRAS, tal como, “Despesas com Juros”.
1.4.2. Contas Patrimoniais, de Resultado e Plano de Contas
Contas Patrimoniais são as que evidenciam a posição estática do patrimônio em determinado momento. Representam bens, direitos, obrigações e o patrimônio líquido. Integram o Balanço Patrimonial e, por isso, são também chamadas de integrais. Veja alguns exemplos: dinheiro, duplicatas a receber, empréstimos a pagar, fornecedores, capital social, etc.
Contas de Resultado são as que registram Receitas, Deduções da Receita, Custos e Despesas (eventos evidenciam os motivos pelos quais a riqueza líquida cresceu ou diminuiu quando das atividades da empresa). Evidenciam a dinâmica patrimonial. São também chamadas diferenciais ou redituais e integrarão a Demonstração do Resultado do Exercício. O processo tradicional com as contas de resultado é o seguinte:
Que tal conhecer os conceitos das principais contas de resultado? Vamos lá. 
Receitas - Registram eventos que conduzem recursos para o patrimônio através da venda de bens ou serviços ou ganhos financeiros (descontos, juros, etc.). Citamos os exemplos: Receita com Venda de Mercadorias, Receita com Venda de Produtos Fabricados, Receita com Prestação de Serviços, Receitas Financeiras (Juros Recebidos, Descontos Obtidos, Correção Monetária).
Deduções da Receita - Registram as diminuições de valor da Receita em função de: Impostos sobre Vendas e Serviços (ICMS, ISQN, PIS, COFINS), Devoluções, Vendas Canceladas, Descontos Incondicionais, etc.
Custos - Representam o sacrifício da entidade para obter receita. Alguns exemplos são: Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) nas empresas comerciais. Custo dos Produtos Fabricados (CPF) nas empresas industriais. Custo dos Serviços Prestados (CSP) nas empresas prestadoras de serviços. 
Despesas - Registram os eventos representativos de consumo patrimonial. Podemos dividi-las em: 
Despesas Administrativas - Registram as despesas necessárias ao processo de administração de um negócio. Essas despesas podem ser referentes aos seguintes itens: água, luz, telecomunicações, alimentação, aluguel, salários, honorários de diretores, impostos não incidentes sobre receita (IPTU, IPVA), taxas, depreciação, amortização, exaustão, transporte, etc. 
Despesas com Vendas - Registram as despesas necessárias ao processo de venda de bens e serviços. Aqui podemos encontrar as mesmas citadas como Administrativas e outras específicas de um Departamento de Vendas como: comissões, fretes, amostras, propaganda, viagens, provisão para créditos de liquidação duvidosa etc.
Despesas Financeiras - Registram as despesas envolvidas com o uso de dinheiro. Juros, descontos concedidos, correção monetária, comissões e taxas bancárias são algumas delas.
Plano de Contas é o agrupamento ordenado de todas as contas que são ou serão utilizadas pela Contabilidade dentro de determinada empresa em decorrência das suas operações. Cada empresa, de acordo com sua atividade e seu porte, deve elaborar seu próprio Plano de Contas.
Graças à riqueza da língua portuguesa, dispomos de muitos outros exemplos em que para uma mesma operação é aceitável o uso de diferentes nomenclaturas. Isto é, títulos diferentes de contas expressam o mesmo fato. Ex. Dinheiro ou Caixa.
O Plano de Contas com um único título para cada conta ou um único título de conta para determinada operação evita, portanto, que diversas pessoas ligadas ao setor contábil (lançadores) registrem um mesmo fato contábil ou uma mesma operação com terminologias diferentes. Dessa forma, com a padronização dos registros contábeis, mesmo que haja rotação de profissionais contábeis, não ocorrerá perigo de falta de uniformidade das nomenclaturas. O Plano de Contas é numerado ou codificado de forma racional, o que facilita a contabilização por meio de processos mecânicos ou eletrônicos. 
1.4.3. Escrituração, Balancete de Verificação e Apuração de Resultado
Neste momento, vamos conhecer um pouco da técnica contábil responsável por memorizar o que o corre com o patrimônio ao longo de sua existência. A escrituração registra os fatos contábeis para, em seguida, servir de base para que se estruturem os demonstrativos contábeis. O balancete de verificação recebe esse nome, exatamente, porque sua função é atestar a correta aplicação do Método das Partidas Dobradas durante a escrituração e apuração do lucro ou prejuízo de cada período contábil.
Lançamento é o registro do fato contábil em livros especiais utilizados pela Contabilidadepara memorizar os eventos que implicaram alterações do Patrimônio. Elementos Essenciais do Lançamento são: local e data; conta debitada; conta creditada; histórico e valor. 
Escrituração é o conjunto de lançamentos. Método de Escrituração é a forma de registrar os fatos contábeis. Método das Partidas Dobradas consiste no fato de que para qualquer operação contábil há um débito e um crédito de igual valor ou um débito (ou mais débitos) de valor idêntico a um crédito (ou mais créditos). Portanto, não há débitos sem créditos correspondentes. A apresentação desse método pelo Frade Luca Pacioli, na Itália, em 1494, inaugura uma nova fase para a Contabilidade. É o início da Escola Contábil Italiana, que dominou o cenário contábil do século XV até o início do século XX.
Toda operação no mundo dos negócios é uma “estrada de mão dupla”. Por exemplo, quando se compra uma mercadoria, recebe-se um bem (a mercadoria). Como contrapartida, dá-se outro bem (dinheiro) ou uma promessa de pagamento no futuro. Todas as operações, assim, envolvem aspectos duplos. Pelo método das partidas dobradas, temos:
· A soma dos débitos é sempre igual à soma dos créditos;
· A soma dos saldos devedores é sempre igual à soma dos saldos credores;
· Aplicação (ativo) é sempre igual à origem (passivo).
Partida, no contexto acima, significa lançamento. Então, temos método dos lançamentos dobrados. Débito é o registro de um valor no lado esquerdo da representação gráfica da conta. Veja o exemplo abaixo: 
	CAIXA
	XXX
	
Crédito é o registro de um valor no lado direito da representação gráfica da conta. Veja o exemplo abaixo:
	FORNECEDORES
	
	YYY
Saldo é o resultado apurado no confronto entre débitos (X) e créditos (Y) de uma conta. O saldo é devedor quando os débitos superam os créditos. É credor quando os créditos superam os débitos. O saldo é indicado no lado esquerdo (se devedor) ou no lado direito (se credor). Veja o exemplo abaixo:
	DUPLICATAS A RECEBER
	200
120
100
	120
100
Saldo é devedor de 100 porque a soma dos débitos (320) é maior que a soma dos créditos (220).
Balancete de Verificação é uma relação das contas com os respectivos saldos devedores e credores. É um valioso instrumento para verificar se a aplicação do método das partidas dobradas aconteceu respeitando-se o princípio básico pelo qual cada débito corresponderá a um ou mais créditos de igual valor. Existem diversos modelos de Balancetes e todos são aceitos uma vez que não se trata de um demonstrativo legal. É informal e de grande auxílio no preparo das demais demonstrações contábeis.
 Companhia Exemplo Balancete de Verificação em 31.12.06
	CONTAS
	SALDOS
	
	Devedores 
	Credores
	Dinheiro
	3.000
	
	Duplicatas a Receber
	5.000
	
	Mercadorias 
	22.000
	
	Veículos
	20.000
	
	Duplicatas a Pagar
	
	10.000
	Impostos a Recolher
	
	3.000
	Empréstimos a Pagar
	
	17.000
	Capital Social 
	
	20.000
	Totais
	50.000
	50.000
Apuração do Resultado do Exercício - Durante o exercício social (ano civil, normalmente) registram-se as receitas, deduções da receita, custos e despesas em Contas de Resultado que, ao final, são confrontadas para se apurar o resultado do período. 
Define-se Resultado como a diferença entre as Receitas, as Deduções da Receita, os Custos e as Despesas. As Receitas derivam de ingressos patrimoniais. Aumentam o Ativo e o Patrimônio Líquido. 
As Deduções da Receita incluem as diminuições das Receitas (impostos sobre ela incidentes, devoluções, vendas canceladas, descontos incondicionais etc.). Os Custos registram o esforço da sociedade para obter a receita.
As Despesas correspondem aos gastos incorridos (pagos ou a pagar) com a finalidade de administrar (Administrativas), vender (com Vendas) ou gerir os recursos financeiros (Financeiras). Deduções, Custos e Despesas podem diminuir o Ativo (pelo pagamento ou uso) ou aumentar o Passivo (pelo reconhecimento de obrigação para futuro pagamento), mas sempre reduzem o Patrimônio Líquido. Quando o total das Receitas é maior que o somatório de Deduções, Custos e Despesas o resultado é positivo e denomina-se Lucro. Se Deduções, Custos e Despesas forem maior que o total das Receitas o resultado é negativo ou Prejuízo.
Contabilmente, apura-se o Resultado através dos lançamentos de encerramento das Contas de Resultado cujos saldos são transferidos para uma conta denominada “Apuração do Resultado do Exercício” (ARE). As Receitas, cujos saldos são credores, recebem lançamentos a débito, em contrapartida a crédito na conta ARE. As Deduções, os Custos e as Despesas cujos saldos são devedores, recebem lançamentos a crédito, em contrapartida a débito em ARE. O saldo da conta ARE determinará o resultado do período:
	Saldo credor
	=
	Lucro
	Saldo devedor
	=
	Prejuízo
No caso de lucro, são previstas algumas destinações a serem calculadas e registradas:
· Impostos incidentes sobre o lucro (Contribuição Social e Imposto de Renda);
· Participações de Administradores, Empregados Debenturistas, Partes Beneficiárias etc.l;
· Reserva Legal em percentual de 5% do lucro líquido do exercício, até que seu saldo acumulado atinja o teto de 20% do Capital Social, com o objetivo de assegurar a sua integridade;
· Dividendos (parte do lucro que se distribui entre os acionistas como remuneração por suas participações na sociedade;
· Reservas Estatutárias (previstas pelo Estatuto);
· Reservas Estatutárias, Reservas para Contingências, Reservas de Lucros a Realizar etc., constituídas por determinação da Assembléia dos Acionistas atendendo propostas da Administração.
O saldo remanescente ficará livre para que a Sociedade dê o destino que julgar melhor: distribuição entre os acionistas, constituição de outras Reservas, aumento do Capital Social etc. Caso o resultado seja negativo, a sociedade pode absorvê-lo com resultado positivo de exercícios sociais anteriores. Caso inexista, ou seja insuficiente, o prejuízo fica em conta de Prejuízo Acumulado até que a empresa gere, nos exercícios sociais seguintes, lucros em quantidade suficiente para a compensação.
1.5. Demonstrações Financeiras e a Lei n. 6.404/76
Para padronizar a forma de apresentação dos demonstrativos contábeis, o governo, por meio da Lei n.º 6.404/76, denominada Lei das Sociedades por Ações, estabeleceu as Demonstrações Financeiras que devem ser elaboradas pelas empresas ao fim de cada exercício social. 
1.5.1. Demonstração do Resultado do Exercício 
É a radiografia do resultado. Demonstra os ingredientes do lucro ou prejuízo apurado pela entidade no período. A demonstração do resultado do exercício discriminará: a receita bruta de vendas; as deduções; a receita líquida; o custo; o lucro bruto; as despesas operacionais; o lucro ou prejuízo operacional; as receitas e despesas não operacionais; o resultado do exercício antes dos impostos; o imposto de renda e a contribuição social; as participações; o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. É apresentada de forma vertical, conforme sugestão abaixo: 
	DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
	R$
	RECEITA BRUTA DE VENDAS
	
	Deduções da Receita Bruta
	
	(-) Devoluções, Descontos
	
	(-) Impostos sobre Vendas 
	
	RECEITA LÍQUIDA
	
	(-) Custo dos Produtos Vendidos
	
	LUCRO BRUTO
	
	(-) Despesas Operacionais (Vendas, Administrativas, 
Financeiras etc.)
	
	RESULTADO OPERACIONAL
	
	Receitas/Despesas Não Operacionais
	
	RESULTADO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA 
	
	(-) Imposto de Renda e Contribuição Social
	
	LUCRO APÓS OS IMPOSTOS
	
	(-) Participações de Debenturistas, Empregados, Administradores e ou Partes Beneficiárias
	
	LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
	
	LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO POR AÇÃO DO CAPITAL 
	
1.5.2. Balanço Patrimonial
É a fotografia do conjunto patrimonial da empresa em uma determinada data. Demonstra o valor do patrimônio e a sua composição naquele momento. De acordo com o § 1º do artigo 178 da Lei 6.404/76, no Ativo as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau deliquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: circulante; realizável a longo prazo; permanente, dividido em investimentos, imobilizado e diferido.
Já no Passivo, a determinação legal é para que as contas sejam classificadas nos seguintes grupos: circulante; exigível a longo prazo; resultados de exercícios futuros; patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, reservas de reavaliação, reservas de lucros e lucros ou prejuízos acumulados.
Balanço Patrimonial e os Grupos de Contas segundo a Lei n.º 6.404/76
	ATIVO
	PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
	Circulante ( Contas que estão constantemente em giro - em movimento – cuja realização (recebimento, venda ou uso) será, no máximo, no exercício social seguinte.
Realizável a Longo Prazo ( Bens e direitos realizáveis após o exercício social seguinte.
Permanente ( Bens com vida útil longa e direitos que não se destinam à venda. 
Investimentos ( Inversões financeiras de caráter permanente que geram rendimentos não necessários à manutenção do objeto social da empresa.
Imobilizado ( Itens de natureza permanente 
Utilizados para a manutenção do objeto social da sociedade.
Diferido ( São aplicações com expectativa de beneficiar os resultados de vários exercícios futuros.
	Circulante ( Obrigações a serem pagas no próximo exercício social (no ano seguinte ao levantamento do Balanço Patrimonial). 
Exigível a Longo Prazo ( Obrigações a serem liquidadas em prazo superior a um ano (após o fim do exercício social seguinte).
Resultado de Exercícios Futuros ( Somente deve englobar as receitas de períodos futuros (deduzidas das respectivas despesas e custos) para as quais não haja qualquer tipo de obrigação de devolução por parte da empresa. 
Patrimônio Líquido ( Indica os recursos dos proprietários. É formado por:
· Capital Social: recursos investidos pelos proprietários a título de participação na sociedade.
· Lucros ou Prejuízos: resultados apurados pela empresa em suas atividades
Reservas: de Lucros, de Capitais e de Reavaliações.
Muito bem, vimos os dois principais demonstrativos contábeis elaborados pela Contabilidade e, a seguir, citaremos outros também relevantes para o inteiro domínio da Ciência Contábil. 
1.5.3. Outras Demonstrações previstas pela Lei 6.404/76
As demonstrações financeiras serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos necessários ao esclarecimento da situação patrimonial e do resultado do exercício. Além do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício, a Lei prevê a elaboração de outras demonstrações, a saber:
· Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados;
· Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos;
· Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. 
São demonstrações destinadas a evidenciar a situação das contas do Patrimônio Líquido (Capital Social, Reservas, Lucro ou Prejuízo, etc.) e as origens e aplicações dos recursos financeiros. 
1.6. Fluxo de Caixa
Para RIBEIRO (2005, p.316), “Trata-se de uma demonstração sintetizada dos fatos administrativos que envolvem o fluxo de dinheiro na empresa.” 
1.6.1. Conceitos básicos
Segundo RIBEIRO (2005), “...o conceito de Caixa engloba todas as Disponibilidades da empresa...” A demonstração facilita as funções de planejamento e controle de modo mais eficiente ao fornecer informações sobre a disponibilidade financeira. Facilita a administração do capital de giro: políticas de vendas e compras (à vista ou a prazo), negociação de prazos, planos de expansão, capacidade de honrar compromissos etc.
1.6.2. Objetivo, conteúdo e formato
O objetivo é fornecer explicações sobre a origem e a aplicação dos recursos durante o período. Deve incluir a previsão de entradas e saídas estruturadas em 3 grupos de atividades: Operacionais (recebimento de uma venda); Investimentos (compra de um veículo para alugar); Financiamentos (empréstimos contraídos).
A seguir, sugestão do formato de um Fluxo de Caixa:
	Descrição 
	Dia 01
	Dia 02........
	Dia 30
	Total
	Saldo Inicial (1)
	
	
	
	
	Entradas
	
	
	
	
	Venda à Vista
	
	
	
	
	Cobrança de Duplicatas
	
	
	
	
	Outros Recebimentos (identificar)
	
	
	
	
	Total dos Recebimentos (2)
	
	
	
	
	Saídas
	
	
	
	
	Fornecedores
	
	
	
	
	Tributos
	
	
	
	
	Outros pagamentos (identificar)
	
	
	
	
	Total dos pagamentos (3)
	
	
	
	
	Saldo de Caixa (1+2-3)
	
	
	
	
1.6.3. Método Direto e Indireto
O fluxo de caixa pode ser estruturado utilizando-se dois métodos a saber: método direto mostra as entradas e saídas de dinheiro dos principais componentes das atividades operacionais: recebimentos de clientes, recebimentos de juros e dividendos, pagamentos a empregados e fornecedores, juros pagos, impostos e taxas, etc.
Conforme RIBEIRO (2005), pelo método indireto ou método da reconciliação “... os recursos derivados das atividades operacionais são demonstrados a partir do lucro líquido do exercício, ajustado pela adição das despesas e exclusão das receitas consideradas na apuração do resultado e que não afetaram o Caixa da empresa...” 
Chegamos ao final da Unidade 1. Como já foi dito, trata-se de uma etapa que buscou alicerçar as bases para que seja possível ingressar no estudo da Contabilidade: o idioma utilizado para a comunicação entre as empresas. Portanto, podemos dizer que a Unidade 1 representa o primeiro passo rumo a uma alfabetização contábil. 
2. Teoria na Prática 
“A lição sabemos de cor, só nos resta aprender.”
(Sol de Primavera, música de Beto Guedes).
Como alguém já filosofou há algum tempo, a prática nada mais é do que aplicação da teoria. 
A Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações) determina a publicação das demonstrações financeiras no órgão oficial do Estado e em outro jornal de circulação na cidade onde é a sede da sociedade. Temos na página seguinte cópia da publicação feita pelo Hospital Mater Dei S.A. relativo aos exercícios sociais encerrados em 31.12.04 e 31.12.05.
Podemos aplicar a teoria adquirida na Unidade 1 às demonstrações financeiras do Hospital Mater Dei. Veremos, por exemplo, que ele forneceu os seguintes dados sobre a empresa (em milhares de reais):
	O Patrimônio Bruto (bens e direitos) passou de 78.085 para 90.699;
	O Patrimônio Líquido (riqueza líquida da empresa) passou de 63.931 para 71.641;
	O lucro líquido do exercício foi de 5.724 em 2004 e de 6.502 em 2005;
	A receita bruta aumentou de 81.556 para 88.792;
	O custo passou de 49.686 para 56.345;
	O Permanente, que inclui os bens de vida útil longa usados pela sociedade para atingir seu objeto social, aumentou de 40.743 para 43.142;
	As dívidas a curto prazo (Passivo Circulante) saíram de 9.704 e alcançaram 13.224;
	Os bens e direitos realizáveis a curto prazo (Ativo Circulante) aumentaram de R$34.002 para R$44.312.
Confira comigo esses dados e procure descobrir outros que não apontei, mas que você já tem competência para identificar.
3. Recapitulando 
Nesta unidade, tivemos oportunidade de apresentar alguns esclarecimentos sobre temas que, apesar de integrantes de nosso cotidiano, ainda se encontravam sem uma definição para muitos. Vejamos:
Contabilidade é a ciência que estuda o patrimônio sob os aspectos qualitativo e quantitativo.
Patrimônio é o conjunto de bens, Direitos e Obrigações.
As origens de recursos situam-se no Passivo. Os recursos podem vir dos acionistas, dos sócios (recursos próprios) ou de fornecedores e outros que financiam a empresa (recursos de terceiros) compondo a totalidade das aplicações de recursos pela empresa (conjunto de bens e direitos: Ativo). 
Fato contábil é todo e qualquer evento que altera o patrimônio e, conforme a sua repercussão sobre o conjunto patrimonial, ele classifica-se em permutativo, modificativo ou misto.
A escrituração (conjunto de lançamentos) é o registro das alterações dos elementos patrimoniais em livros especiais, utilizando uma linguagem própria da Contabilidade.
O lançamento é o registro do fato contábil utilizando contas (títulos que agrupam elementos da mesma natureza) patrimoniais (registram o patrimônio:bens, direitos e obrigações) e de resultado (registram as receitas, as deduções da receita, os custos e as despesas).
Método das partidas dobradas é a metodologia segundo a qual o registro de um fato contábil dá origem a um lançamento que, obrigatoriamente, provoca alteração em, no mínimo, duas contas. Segundo o método, não há débito sem crédito. 
Débito é o registro de um valor no lado esquerdo da representação gráfica da conta e Crédito o registro de um valor no lado direito. Pelo método a soma dos débitos será sempre igual à soma dos créditos. 
Balancete de Verificação é a demonstração onde são relacionadas as contas e os respectivos saldos devedores e credores de modo a verificar a correta aplicação do método das partidas dobradas.
O resultado do exercício é a diferença que se apura quando se confrontam as receitas, as deduções, os custos e as despesas. Se as receitas superam os demais elementos, o resultado é positivo e denomina-se lucro. Caso as receitas não sejam suficientes para cobrir os demais integrantes do resultado, este será negativo e receberá o nome de prejuízo.
A Demonstração do Resultado é a radiografia do lucro ou prejuízo. Mostra os componentes do resultado do período.
O Balanço Patrimonial é fotografia do patrimônio. Demonstra o conjunto patrimonial da entidade. 
Outros demonstrativos gerados pela Contabilidade: Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, Notas Explicativas, Fluxo de Caixa etc. 
Agora que relembramos os pontos principais desta unidade, você está apto para a próxima unidade. 
Até lá!
4. Amplie seus Conhecimentos 
Estudar Contabilidade é como estudar um novo idioma. O primeiro passo é o que acabamos de dar com a Unidade 1. O que fizemos foi, mais ou menos, uma alfabetização. Nada mais do que conhecer um pouco do alfabeto contábil. Daqui para frente, o tamanho da ambição individual é que vai determinar o quanto cada um poderá acrescer ao que foi comentado nessas poucas linhas da unidade básica.
Existe um ditado popular que diz: “eu não peço a Deus que me dê, mas que me ponha onde tem que eu me viro.” Não é outra a intenção desta Unidade 1: conduzir você ao campo do conhecimento contábil. 
São infinitas as portas que dão acesso a novos e inesgotáveis conhecimentos na área contábil. Comece por uma visita ao site do Conselho Federal de Contabilidade: www.cfc.org.br É o órgão responsável pela legislação contábil. Nele você vai encontrar: a Resolução 774/94, que explica detalhadamente a Resolução 750/93 e que aprovou os Princípios Fundamentais de Contabilidade; a Resolução 751/93, que dispõe sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade. Essa, por sua vez, remeterá você a inúmeras outras que tratam de cada detalhe para a elaboração de todos os procedimentos e relatórios contábeis. Lá, também, estão disponíveis para download livros publicados pelo Conselho.
Além dos livros citados na Bibliografia, convém dar uma lida em outros como: Pai Rico, Pai Pobre (Robert T. Kiyosaki e Sharon L.Lechter. Ed. Campus). Não se trata de um livro de Contabilidade, mas de uma obra que apresenta outra visão do conhecimento contábil e que se propõe a ser um pontapé inicial para controlar seu futuro financeiro.
Essas foram apenas algumas sugestões porque você pode estar certo de que o céu é o limite!!!
5. Referências 
ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Curso Básico de Contabilidade. 4 ed. São Paulo: Atlas. 2002.
BLATT, Adriano. Análise de Balanços – Estruturação e Avaliação das Demonstrações Financeiras e Contábeis. São Paulo: Makron Books, 2001.
BRASIL, Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 1976.
BRASIL, Normas Brasileiras de Contabilidade. Resolução CFC nº. 750, de 29 de dezembro de 1993. Dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade.
BRASIL, Normas Brasileiras de Contabilidade. Resolução CFC nº. 774, de 16 de dezembro de 1994. Aprova o apêndice à resolução sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade.
CHING, Hong Yuh. MARQUES, Fernando. PRADO, Lucilene. Contabilidade e Finanças para não especialistas. São Paulo: Atlas, 2003. 
FRANCO, Hilário. Contabilidade Geral. 23 ed. São Paulo: Atlas, 1996.
GONÇALVES, Eugênio Celso. BAPTISTA, Antônio Eustáquio. Contabilidade Geral. São Paulo: Atlas, 1993.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. (Coordenador). Contabilidade Introdutória. 9 ed. São Paulo: Atlas, 1998.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. MARION, José Carlos. Curso de Contabilidade para Não Contadores. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. MARTINS, Eliseu. GELBCKE. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações. São Paulo: Atlas, 2007.
MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2003. 
MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2003.
MATARAZZO, Dante. Análise Financeira de Balanços. Abordagem Básica e Gerencial. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2003.
PADOVEZE, Clóvis Luiz. Manual de Contabilidade Básica. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1991. 
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Geral (Fácil). São Paulo: Saraiva, 1997. 
RIBEIRO, Osni Moura. Estrutura e Análise de Balanços (Fácil). 5 ed. São Paulo: Saraiva, 1997.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica. São Paulo: Saraiva, 2005. 
Unidade 2: Instrumentos de Análise
Nosso Tema 
Segundo Matarazzo (2003, p.15), “A Análise de Balanços objetiva extrair informações das Demonstrações Financeiras para a tomada de decisões.”
As Demonstrações elaboradas pelo contabilista a partir da escrituração fornecem uma série de dados: valor do dinheiro em caixa, das duplicatas a receber, do estoque de mercadorias, das duplicatas a pagar, dos impostos a recolher, do capital, da receita bruta, das deduções da receita bruta, dos custos, das despesas, do lucro ou prejuízo do exercício etc. 
Dados são números que, por si só, não provocam nenhuma reação em quem toma conhecimento deles. Se for dito, por exemplo, a um candidato a prefeito que a população de uma cidade é de 2 milhões de habitantes, não ensejará nenhuma tomada de posição. Entretanto, se essa afirmativa for complementada por "dos quais 20% desempregados", teríamos uma informação que, provavelmente, demandaria uma resposta com uma proposta para aumento do nível de emprego.
Para que os dados das Demonstrações Financeiras sejam transformados em informações, é preciso que eles sejam "cozidos". O processo que transforma dados como Dinheiro R$15.000, Duplicatas a Receber R$25.000, Estoques R$60.000, Capital Social R$100.000, Fornecedores R$30.000 etc. em informação de que a empresa está sem liquidez, chama-se Análise de Balanços. 
Afinal de contas, é Análise de Balanços ou Análise das Demonstrações Financeiras?
Tanto faz. Veremos que os dois termos tratam do mesmo assunto: análise e interpretação dos demonstrativos elaborados pela Contabilidade com o objetivo de fornecer informações que contribuam para o processo decisório.
Vamos começar e entender como é isso?
Para Refletir 
Esta unidade tem como objetivo prepará-lo para transformar os dados dos demonstrativos elaborados pela Contabilidade em informações que viabilizem a tomada de decisão. 
Com o intuito de que você possa se preparar para essa nova etapa, aí vão alguns pontos para reflexão.
O objetivo é que, no final da unidade, todas as questões possam ser respondidas.
· O que é Análise de Balanços?
· Quais são as técnicas utilizadas?
· O que é Ciclo Operacional?
· O que Capital de Giro?
· O que é Rotação dos Estoques?
· O que é Análise Vertical?
· O que é Análise Horizontal?
· O que é Análise por Quocientes?
· O que é Planejamento Financeiro?
· O que é Alavancagem Financeira?
· O que é Risco? E o que é Retorno?
Fique tranqüilo! Passo a passo, veremos todos os conceitos acima e haveremos de dominá-los com a mesma serenidade com que aprendemos a andar, a correr, a falar, escrever e a estudar. Contabilidade, como eu já disse, é a linguagem utilizada entre as empresas: para um Banco emprestardinheiro a uma sociedade, ele vai querer saber qual é a sua capacidade de endividamento, a sua margem líquida, a sua rentabilidade etc. 
E eu espero que você também tenha muita intimidade com esse novo idioma.
Vamos lá?
1. Conteúdo Didático 
1.1. Análise das Demonstrações Financeiras
A Análise de Balanços não apresenta nenhuma dificuldade para quem entendeu bem a Unidade 1 e que se encerrou com a elaboração das Demonstrações Financeiras. Conforme Ribeiro (1997, p.13), “A Análise de Balanços inicia-se a partir das demonstrações financeiras, nas quais o analista coleta dados, adequando-os para os cálculos de quocientes, indíces ou coeficientes, que serão posteriormente interpretados.” 
O Analista não trabalha com bola de cristal. O estudo é estatístico e baseia-se no passado para projetar o futuro. Claro que para os dados se repetirem é preciso contar com o mesmo cenário. Qualquer mudança na economia pode alterar drasticamente uma análise.
Nos subtópicos que se seguem, veremos um pouco da história da análise de balanços: como, onde, quando e para que surgiu. Também, vamos saber um pouco da preparação das Demonstrações Financeiras para fins de agilizar e facilitar sua interpretação. Não podemos deixar de mostrar as técnicas desenvolvidas pela Contabilidade para atingir seu propósito de extrair informações dos dados fornecidos pelas Demonstrações Financeiras. Vamos lá?
1.1.1. Breve Histórico
Iudícibus e Marion (2000, p.137) afirmam que “é no final do século passado que observamos os banqueiros americanos solicitando as demonstrações financeiras (praticamente o Balanço) às empresas que desejavam contrair empréstimos.”
Matarazzo (2003) confirma que os primeiros passos da Análise de Balanços ocorreram no final do século passado e que, no Brasil, a técnica de Análise só se difundiu nos anos 70.
Ainda segundo Matarazzo (2003), a partir de 9 de fevereiro de 1895, o Conselho Executivo da Associação dos Bancos no Estado de New York recomendou aos seus membros que solicitassem dos potenciais tomadores de empréstimos declarações escritas e assinadas quanto ao que possuíam de bens, direitos e obrigações. Essa mesma associação divulgou em 1900, um formulário de proposta de crédito que incluía espaço para o balanço.
Matarazzo (2003) relata que, em 1915, o Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve Board) praticamente tornou obrigatória a Análise de Balanços naquele país ao determinar que somente poderiam ser redescontados os títulos das empresas que tivessem apresentado seu balanço ao banco. As demonstrações passaram por sensível melhoria na forma de apresentação, em 1918 quando o Federal Reserve Board publicou um livreto incluindo formulários padronizados para Balanço e Demonstração de Lucros e Perdas, além de esboçar procedimentos de auditoria e princípios de preparação das demonstrações financeiras. 
Segundo Matarazzo (2003), no Brasil, a Análise de Balanços deixou de ser um instrumento pouco utilizado a partir de 1968. Foi o ano de criação da SERASA, sociedade mantida pelos Bancos Comerciais e especializada em analisar as Demonstrações Financeiras das empresas candidatas a empréstimos. A estrutura técnica da SERASA ficou a cargo de Dante Matarazzo, hoje sócio-diretor da empresa Diagnose – Análises Empresariais Ltda.
Naquela época, não se elaborava o conjunto de demonstrativos que é comum nos dias atuais. Foi assim que o termo Análise de Balanços impôs-se no meio contábil. Hoje, os bancos prosseguem fazendo suas análises para fins creditícios, mas não analisam apenas o Balanço Patrimonial.
As Demonstrações são publicadas (obrigatoriamente para as Companhias de Capital Aberto) e trazem um conjunto de dados muito além do que apenas o patrimônio retratado no Balanço Patrimonial. A Análise desenvolveu-se rapidamente e inúmeros outros usuários passaram a utilizá-la como meio de orientar decisões tipo concessão de crédito, investimentos em ações, aquisição de sociedades, avaliação de eficiência gerencial, estudo de alternativas de investimento por parte do governo etc.
Vimos que a técnica é centenária e amplamente utilizada pelos bancos. Não é por acidente. Quem empresta dinheiro procura cercar-se de todas as garantias para assegurar-se de que receberá de volta o principal mais os juros, já que não se trata de instituição de caridade. Portanto, só não utiliza mais esse instrumento como critério para concessão de crédito quem não o conhece. 
Veremos, na sequência, procedimentos preliminares que podem preparar as Demonstrações Financeiras para tornar a Análise mais ágil e objetiva.
1.1.2. Preparação das Demonstrações Financeiras para Análise
Segundo Matarazzo (2003, p. 135), “As demonstrações financeiras devem ser preparadas para a análise, da mesma forma que um paciente que vai submeter-se a exames médicos.”
Contrariamente ao que se viu quando estudamos a estruturação das Demonstrações Financeiras, nos termos do previsto pela Lei 6.404/76, na Análise de Balanços não existem regras padronizadoras. O analista trabalha com inteira autonomia em relação à forma como pretende exercer sua análise.
Existem alguns pontos que são comuns, mas não há uma regra geral. Quando o analista opta por uma padronização, segundo Matarazzo (2003, p. 136), ela “é feita pelos seguintes motivos: simplificação, comparabilidade, adequação aos objetivos da análise, precisão nas classificações das contas, descoberta de erros, intimidade com as demonstrações financeiras da empresa.”
A Análise requer um papel de trabalho para onde serão transcritos os dados das demonstrações a serem analisadas. Esse papel pode ser um formulário a ser preenchido utilizando-se os dados extraídos das Demonstrações Financeiras que, no caso, são transcritas para ele. Ao transcrever os dados, o analista pode realizar procedimentos para que os demonstrativos fiquem mais fáceis de manuseio. Existem programas de informática em que podemos transcrever os dados, em vez de fazê-lo no papel. O livro Análise Financeira de Balanços (Matarazzo, 2003) inclui um CD-ROM com sistema de análise e índices-padrão. 
Um exemplo de preparação consiste na simplificação de contas do Ativo Circulante: destacam-se o Disponível, as Duplicatas a Receber e os Estoques. As demais contas, se não forem representativas no grupo, podem ser agrupadas sob o título de Outras Contas. Realizável a Longo Prazo, Investimentos e Imobilizado podem ser apresentados sem as respectivas subcontas. No Passivo, destacam-se no Circulante: Fornecedores e mais umas duas de valores mais expressivos. As demais serão agrupadas em Outras Contas. Exigível a Longo Prazo, Resultado de Exercícios Futuros e Patrimônio Líquido podem ser representados sinteticamente. 
Lembre: não se trata de uma norma, mas de uma das inúmeras sugestões. 
Uma outra sugestão é a redução de dígitos. A Análise é uma técnica em que não há necessidade de trabalhar com números quilométricos. Os valores podem ser expressos em milhares de reais e os cálculos não são prejudicados. Exemplo: Se o total do Ativo for de R$12.925.485.374,50, pode-se transcrever R$12.925.485 e indicar no cabeçalho do demonstrativo que os valores estão em milhares de reais.
Para Blatt (2001), as análises vertical e horizontal constituem uma ferramenta útil para detectar tendências enquanto os índices financeiros são fáceis de computar, verificáveis e permitem comparações período a período, assim como da empresa com outras de seu porte e seguimento. 
Não podemos concluir esta unidade sem dominar essas três técnicas: análise horizontal, análise vertical e análise por índices ou coeficientes.
1.1.3. Técnicas de Análise
Segundo Gonçalves (1993, p.24), “Técnica é o conjunto de métodos organizados de forma sistematizada, desenvolvidos e postos em execução com o propósito de se alcançar determinado fim.” E, conforme Franco (1991, p.59), “Método é o modo de proceder, é a maneira de fazer as coisas.”
O uso de técnicas permite que o trabalho do analista possa seguir uma padrão a ser comparado com outros semelhantes sobre a mesma empresa ao longo de períodosdiferentes ou com outras comparáveis a ela. Embora não sejam regulamentadas em lei, as técnicas caminham no mesmo sentido e utilizam procedimentos organizados sistematicamente e que objetivam sempre extrair das Demonstrações Financeiras informações que contribuam para o processo de tomada de decisões como: concessão de crédito, compra de ações da empresa, ampliação das atividades, encerramento da produção de determinado produto etc.
Chegou o momento de conhecer melhor as técnicas! Vamos lá?
Conforme Matarazzo (2003), a Análise de Balanços surgiu e desenvolveu-se dentro do sistema bancário que foi até hoje o seu principal usuário.
Por volta de 1900, os balanços apresentavam dados que eram examinados apenas superficialmente, sem nenhuma técnica analítica. Uma das primeiras comparações foi a do Ativo Circulante (bens e direitos realizáveis até o fim do exercício social seguinte) com o Passivo Circulante (obrigações vencíveis até o fim do exercício social seguinte). 
Em 1919, Alexandre Wall, considerado o pai da Análise de Balanços, apresentou um modelo, através de índices, e demonstrou a necessidade de considerar outras relações, além de Ativo Circulante contra Passivo Circulante.
A Análise Horizontal surgiu em 1925, quando Stephen Gilman, realizando algumas críticas à análise de coeficientes, propôs que fosse substituída pela construção de índices encadeados que indicassem as variações havidas nos principais itens em relação a um ano-base. A partir de 1931, nos Estados Unidos, passou-se a elaborar e divulgar índices padrão para diversos seguimentos. Conforme Ribeiro (1997), a Análise por Quocientes é a técnica mais utilizada pelos especialistas em Análise de Balanços, porque oferece uma ampla visão da situação econômica e financeira da entidade. Para Ribeiro (1997, p. 132), “Quocientes são índices extraídos das demonstrações financeiras através de confrontos entre contas ou grupos de contas.” A seguir, veja o Quadro Resumo dos Índices:
	SÍMBOLO
	ÍNDICE
	FÓRMULA
	INDICA
	INTERPRETAÇÃO
	AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO EMPRESARIAL
	1. CT/PL
	Estrutura de Capital
· Participação de Capitais de Terceiros(Endividamento)
	Capitais de Terceiros X 100
Patrimônio Líquido
	Quando a empresa tomou de capitais de terceiros para cada $100 de capital próprio.
	Quanto menor, melhor.
	
	2. PC/CT
	· Composição de Endividamento
	Passivo Circulante X 100
Capitais de Terceiros
	Qual o percentual de obrigações a curto prazo em relação às obrigações totais.
	Quanto menor, melhor.
	
	3. AP/PL
	· Imobilização do Patrimônio Líquido
	Ativo Permanente X 100
Patrimônio Líquido
	Quantos reais a empresa aplicou no Ativo Permanente para cada $100 de Patrimônio Líquido.
	Quanto menor, melhor.
	
	4. AP/PL + ELP
	· Imobilização dos Recursos não Correntes
	 Ativo Permanente X 100
Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo
	Que percentual dos Recursos não Correntes (Patrimônio Líquido e Exigível a Longo Prazo) foi destinado ao Ativo Permanente.
	Quanto menor, melhor.
	
	5. LG
	Liquidez
· Liquidez Geral
	Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo
Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo
	Quando a empresa possui de Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo para cada $ 1 de dívida total.
	Quanto maior, melhor.
	
	6. LC
	· Liquidez Corrente
	Ativo Circulante
Passivo Circulante
	Quando a empresa possui de Ativo Circulante para cada $ 1 de Passivo Circulante.
	Quanto maior, melhor.
	
	7. LS
	· Liquidez Seca
	Disponível + Títulos a Receber + Outros
Ativo_de_Rápida_Conversabilidade
Passivo Circulante
	Quando a empresa possui de Ativo Líquido para cada $ 1 de Passivo Circulante.
	Quanto maior, melhor.
	
	8. V/AT
	Rentabilidade (ou Resultados)
· Giro do Ativo
	Vendas Líquidas
Ativo
	Quanto a empresa vendeu para cada $ 1 de investimento total.
	Quanto maior, melhor.
	
	9. LL/V
	· Margem Líquida
	 Lucro Líquido X 100
 Vendas Líquidas
	Quanto a empresa obtém de lucro para cada $ 100 vendidos.
	Quanto maior, melhor.
	
	10. LL/AT
	· Rentabilidade do Ativo
	 Lucro Líquido X 100
 Ativo
	Quanto a empresa obtém de lucro para cada $ 100 de investimento total.
	Quanto maior, melhor.
	
	11. LL/PL
	· Rentabilidade do Patrimônio Líquido
	 Lucro Líquido X 100
Patrimônio Líquido Médio
	Quanto a empresa obtém de lucro para cada $ 100 de capital próprio investido, em média, no exercício.
	Quanto maior, melhor.
	
Fonte: Matarazzo (2003, p. 152) 
Ribeiro (1997, p.173), afirma que:
A Análise Vertical, também denominada por alguns analistas Análise por Coeficientes, é aquela através da qual se compara cada um dos elementos do conjunto em relação ao total do conjunto. Ela evidencia a porcentagem de participação de cada elemento no conjunto.
Como dito anteriormente, não há uma regra determinando o modo de agir do analista no que diz respeito à Análise das Demonstrações Financeiras. Assim sendo, o objetivo de sua análise é que determinará sua ação. Se o propósito é estudar o Ativo, ao seu total atribui-se o percentual de 100 (%) e calcula-se a participação percentual de cada saldo das contas (Caixa, Clientes, Estoques etc.) e grupos de contas (Circulante, Imobilizado, Diferido etc.) em relação ao total do Ativo. 
Se a intenção é analisar a Demonstração do Resultado do Exercício, atribui-se o percentual de 100 (%) à Receita Líquida Operacional e calcula-se a participação percentual de cada um dos elementos da Demonstração (Deduções da Receita, Custos, Despesas Administrativas etc.) em relação à Receita Líquida.
“Veja, a seguir, o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício da Comercial São Paulo S.A., com os percentuais devidamente calculados para efeito de Análise Vertical. Veja como ficará o Balanço, padronizado com os cálculos para fins de análise vertical, da Comercial São Paulo S.A., referente ao exercício de x1:
	CONTAS
	Exercício de x1
	
	Valores absolutos
$
	Análise Vertical
%
	Ativo
	
	
	Ativo Circulante
	
	
	Financeiro
	
	
	· Disponibilidade
	60.000
	6,00
	· Investimentos- Temporários a Curto Prazo
	36.000
	3,60
	Soma
	96.000
	9,60
	Operacional
	
	
	· Contas a Receber de Clientes
	204.000
	20,40
	· Estoque
	300.000
	30,00
	· Outros Direitos de Curto Prazo
	___
	
	Soma
	504.000
	50,40
	TOTAL DO Ativo Circulante
	600.000
	60,00
	ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
	100.000
	10,00
	ATIVO PERMANENTE
	
	
	Investimentos
	90.000
	9,00
	Imobilizado
	195.000
	19,50
	Diferido
	15.000
	1,50
	TOTAL DO ATIVO PERMANENTE
	300.000
	30,00
	Total do Ativo
	1.000.000
	100,00
	Passivo
	
	
	Ativo Circulante
	
	
	Operacional
	
	
	· Contas a pagar
	60.000
	6,00
	· Outras obrigações de Curto Prazo
	130.000
	13,00
	Soma
	190.00
	19,00
	Financeiro
	
	
	· Empréstimos
	104.000
	10,40
	· Duplicatas Descontadas
	___
	
	Soma
	104.000
	10,40
	TOTAL DO Passivo Circulante
	294.000
	29,40
	PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
	200.000
	20,00
	EXIGÍVEL TOTAL
	494.000
	49,40
	PATRIMÔNIO LÍQUIDO
	
	
	Capital
	200.000
	20,00
	Reservas
	143.000
	14,30
	Lucros e prejuízos acumulados
	163.000
	16,30
	TOTAL DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
	506.000
	50,60
	Total do Passivo
	1.000.000
	100,00
Veja como ficará a Demonstração do Resultado do Exercício, padronizada com os cálculos efetuados para fins de análise vertical, da Comercial São Paulo S.A., referente ao exercício de x1:
	CONTAS
	Exercício de x1
	
	Valores absolutos
$
	Análise Vertical
%
	RECEITA LIQUIDA DE VENDAS
	1.071.225
	100,00
	(-) custos de mercadorias, produtos e serviços vendidos
	(450.000)
	42,00
	(=) LUCRO BRUTO
	621.225
	58,00
	(-) despesas operaci0nais
	___
	___
	· Despesas com vendas
	(144.450)
	13,48
	· Despesas gerais e administrativas
	(257.310)
	24,02
	· Outras despesas operacionais
	(9.000)
	0,84
	(+) OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS
	(18.085)
	1,68
	(=) RESULTADO OPERACIONAL (antes do Resultado Financeiro)
	228.550
	21,33
	(+) RECEITAS FINANCEIRAS
	36.000
	3,36
	(-) DESPESAS FINANCEIRAS
	(8.550)
	0,79
	(=) RESULTADO OPERACIONAL
	256.000
	23,89
	(+ OU -) RESULTADOS NÃO-OPERACIONAIS(26.000)
	2,42
	(=) RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS PROVISÕES
	230.000
	21,47
	(-) PROVISÕES
	(36.000)
	3,36
	(-) PARTICIPAÇÕES
	___
	___
	(=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
	194.000
	18,11
 Fonte: Ribeiro (1997, p. 174/5)
A Análise Horizontal, segundo Ribeiro (1997, p. 176), “também denominada por alguns analistas Análise por meio de números-índices, tem por finalidade evidenciar a evolução dos itens das demonstrações financeiras ao longo dos anos." Trata-se de uma análise visualizando a empresa num horizonte de 2, 3 ou mais anos (conforme a necessidade da análise). Se for analisar os períodos de 2005 e 2006, o analista atribui 100 (%) a cada uma das contas e grupos de contas do Ativo, Passivo e Demonstração do Resultado do Exercício relativos a 2005. Calculam-se, por meio de regra de três, os demais valores de 2006.
“Veja a Demonstração do Resultado do Exercício, padronizada para fins de análise, da Comercial São Paulo S.A., referente a três exercícios, e em seguida a tabela elaborada para efeito de Análise Horizontal:
Demonstração do Resultado do Exercício, padronizada,
da Comercial São Paulo S.A.
	contas
	EXERCÍCIO
X1
	EXERCÍCIO
X2
	EXERCÍCIO
X3
	RECEITA LIQUIDA DE VENDAS
	1.071.225
	1.408.625
	1.522.334
	(-) custos de mercadorias, produtos e serviços vendidos
	(450.000)
	(600.000)
	(640.000)
	(=) LUCRO BRUTO
	621.225
	808.625
	882.334
	(-) despesas operaci0nais
	___
	___
	___
	· Despesas com vendas
	(144.450)
	(166.700)
	(185.300)
	· Despesas gerais e administrativas
	(257.310)
	(286.550)
	(315.030)
	· Outras despesas operacionais
	(9.000)
	(12.000)
	(17.500)
	(+) OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS
	(18.085)
	(20.100)
	(13.200)
	(=) RESULTADO OPERACIONAL (antes do Resultado Financeiro)
	228.550
	363.475
	377.704
	(+) RECEITAS FINANCEIRAS
	36.000
	32.000
	8.900
	(-) DESPESAS FINANCEIRAS
	(8.550)
	(7.300)
	(44.000)
	(=) RESULTADO OPERACIONAL
	256.000
	388.175
	342.604
	(+ OU -) RESULTADOS NÃO-OPERACIONAIS
	(26.000)
	(27.500)
	(71.000)
	(=) RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS PROVISÕES
	230.000
	360.675
	271.604
	(-) PROVISÕES
	(36.000)
	(84.300)
	(89.600)
	(-) PARTICIPAÇÕES
	___
	___
	___
	(=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
	194.000
	276.375
	182.004
Mediante os dados da Demonstração do Resultado do Exercício da empresa Comercial São Paulo S.A., referentes aos exercícios de xl, x2 e x3, podemos elaborar uma tabela com os respectivos números-índices devidamente calculados, tendo por base o exercício de xl. Veja:
	contas
	EXERCÍCIO
X1
%
	EXERCÍCIO
X2
%
	EXERCÍCIO
X3
%
	RECEITA LIQUIDA DE VENDAS
	100,00
	130,49
	142,11
	(-) custos de mercadorias, produtos e serviços vendidos
	100,00
	133,33
	142,22
	(=) LUCRO BRUTO
	100,00
	130,16
	142,00
	(-) despesas operaci0nais
	
	
	
	· Despesas com vendas
	100,00
	115,40
	128,27
	· Despesas gerais e administrativas
	100,00
	111,36
	122,43
	· Outras despesas operacionais
	100,00
	133,33
	194,44
	(+) OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS
	100,00
	111,14
	72,98
	(=) RESULTADO OPERACIONAL (antes do Resultado Financeiro)
	100,00
	159,03
	165,26
	(+) RECEITAS FINANCEIRAS
	100,00
	88,88
	24,72
	(-) DESPESAS FINANCEIRAS
	100,00
	85,38
	514,61
	(=) RESULTADO OPERACIONAL
	100,00
	151,63
	273,07
	(+ OU -) RESULTADOS NÃO-OPERACIONAIS
	100,00
	156,81
	118,08
	(=) RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS PROVISÕES
	100,00
	234,66
	248,88
	(-) PROVISÕES
	100,00
	(84.300)
	(89.600)
	(-) PARTICIPAÇÕES
	___
	___
	___
	(=) LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
	100,00
	142,46
	93,81
 Fonte: Ribeiro (1997, p. 174/5)
Observe na tabela apresentada acima que o exercício-base de xl teve, conforme explicamos, seus valores considerados iguais a 100, sendo que os valores dos demais exercícios foram calculados em relação a ele.
1.2. Ciclos de Atividade e Capital de Giro
Para Matarazzo (2003), uma das mais interessantes descobertas da Análise de Balanços é a de que através dos dados das demonstrações financeiras podem ser obtidas informações sobre os prazos médios de recebimento de títulos, de pagamento de compromissos e de giro dos estoques.
Os índices de prazos médios são indicadores que avaliam a dinâmica da empresa e sua eficiência para administrar as vendas. A conjugação dos três índices de prazos médios: prazo médio de recebimento de Contas a Receber, prazo médio de pagamento de Contas a Pagar e prazo médio de rotação dos estoques, leva à análise dos ciclos operacional e de caixa (ou financeiro). 
1.2.1. Ciclo Operacional
A dinâmica operacional de uma empresa promove ações contínuas. Em suas operações, a empresa compra, produz, estoca, vende, recebe e começa tudo outra vez de modo ininterrupto. O ciclo operacional representa o espaço de tempo que vai do instante em que a empresa compra matéria-prima (indústria) ou mercadorias (comércio) até a ocasião em que recebe o valor correspondente às vendas de produtos ou mercadorias. Esse período equivale, em média, ao tempo em que os recursos estão aplicados nas atividades operacionais (produzir, comprar) sem que ocorram os recebimentos.
Há um lapso entre o momento da compra, o tempo necessário à produção ou venda e a efetiva entrada do dinheiro na empresa. A eficiência está em conciliar os prazos de modo que a empresa mantenha o ciclo. Mais ainda, que os prazos obtidos junto aos fornecedores sejam superiores aos prazos concedidos aos clientes. O cálculo do ciclo operacional é feito somando-se Prazo Médio dos Estoques + Prazo Médio dos Recebimentos. Ou seja: 
CO = PME + PMR
Veja o exemplo:
Max Atacado Ltda. comercializa artigos para festas e efetua suas compras com um prazo de 30 dias para pagamento. Os produtos ficam em estoque por cerca de 20 dias. As vendas são realizadas com um prazo de 30 dias para recebimento. 
O ciclo operacional será de 50 dias considerando-se que:
· 20 dias de manutenção do produto em estoque (PME)
· 30 dias concedidos ao cliente (PMR)
CO = PME + PMR
CO = 20 + 30
 
CO = 50
Veremos na seqüência a capacidade da empresa para sustentar-se financeiramente após efetuar o pagamento da compra a prazo de mercadoria para revender até o momento em que recebe o crédito concedido quando da venda a prazo.
Ciclo de Caixa ou Ciclo Financeiro
O ciclo financeiro corresponde ao tempo médio entre o instante do pagamento aos fornecedores pela mercadoria ou matéria-prima comprada anteriormente e o momento em que se realiza o recebimento da venda a prazo. Esse período é financiado pela empresa. 
Segundo Blatt (2001, p.92):
Os prazos médios concedidos aos clientes, somados ao prazo médio de estocagem e diminuídos dos prazos médios obtidos junto aos fornecedores, mostram o ciclo financeiro da empresa, isto é, a defasagem de caixa. As Atividades que dependem de um ciclo financeiro elevado são as que têm maior dificuldade de se ajustarem em um período inflacionário.
Para o cálculo do Ciclo Financeiro, deduz-se do Ciclo Operacional o Prazo Médio de Pagamento de Compras. Então, aproveitando o exemplo de Max Atacado Ltda., teríamos:
CF = CO – PMPC
CF = 50 – 30
CF = 20
Esse é o período em que a empresa utiliza-se de recursos próprios ou de terceiros para financiar o ciclo operacional. Quanto maior for o ciclo financeiro, maior necessidade terá a empresa de recursos para financiar suas atividades. Dependendo da fonte de financiamentos de seus recursos, e dos respectivos ônus, poderá haver redução da rentabilidade e até comprometimento da sobrevivência da empresa.
No tópico seguinte, trataremos da reposição dos Estoques. De quanto em quanto tempo a empresa renova suas prateleiras. O controle sobre os prazos médios de giro dos estoques é fundamental, pois afeta o financeiro tanto pelas compras quanto pelas vendas. A empresa não pode manter estoques excessivos, mas também não pode perder a venda por não dispor do produto.
1.2.2. Rotação ou Giro dos Estoques
O Prazo Médio de Renovação de Estoques – PMRE –, conforme Matarazzo (2003), corresponde ao tempo médio de armazenamento das mercadorias (comércio) e de produção e estocagem (indústria).O indicador de prazo médio de estoque expressa a média de tempo em que os estoques permanecem na empresa antes de sua renovação (venda). Quanto menor é esse prazo melhor será para a empresa. 
Em alguns casos, como posto de gasolina, a margem líquida (o lucro líquido por litro) é extremamente pequena e o giro (volume) é o responsável pelo resultado positivo na atividade. Segundo Blatt (2001, p. 95), “um giro lento do estoque aperta o capital de giro e causa custos excessivos de carregamento; além do mais, afeta adversamente o lucro e o fluxo de caixa.”
A fórmula para determinar o prazo de rotação dos estoques irá utilizar dados do Balanço Patrimonial (Estoques) e da Demonstração do Resultado do Exercício (Custo das Mercadorias Vendidas - CMV). Temos: 
PMRE = Estoques / CMV x 360
Supondo Estoques de R$3.000 e Custo das Mercadorias Vendidas de R$24.000, teríamos:
PMRE = 3.000 / 24.000 X 360 = 45 dias 
Esse resultado representa de quantos em quantos dias se renovam as prateleiras.
Pode-se encontrar a mesma resposta em termos de rotação no ano.
PMRE = CMV / Estoques
24.000 / 3.000 = 8 
Esse resultado representa quantas vezes o estoque girou no ano.
Não há diferença na resposta. Se o estoque renova-se a cada 45 dias, então ele gira 8 vezes no ano. 
A seguir, um Gráfico mostrando o Ciclo Operacional e o Ciclo Financeiro. Acredito que será um grande desfecho para este assunto. Os dados para a construção do gráfico são: a empresa compra mercadorias para pagar com 28 dias; o estoque permanece nas prateleiras por 67 dias, quando é vendido concedendo-se um prazo de 53 dias. 
PMP = Prazo Médio de Pagamento
PME = 
Prazo Médio de Estoque
PMR = 
Prazo Médio de Recebimento
Ciclo Operacional = 
PME + PMR
67 + 53
120
Ciclo Financeiro = 
CO - PMP
120 – 28
92
Dominar os conceitos e as técnicas do Ciclo Operacional, do Ciclo Financeiro e de Rotação dos Estoques é extremamente importante para administrar as finanças da empresa, mas indiscutivelmente é necessário saber qual é o custo e quanto de capital é necessário para gerir o negócio. É o que veremos a seguir.
1.3. Custo de Capital e Capital de Giro
Para Ching, Marques e Prado (2003), o termo capital possui vários signficados no mundo empresarial. No presente contexto, ele corresponde às duas fontes de financiamento do Ativo: capitais próprios e capitais de terceiros. Não há Ativo se não houver recursos para financiá-lo, sejam eles obtidos junto aos acionistas (capitais próprios), por meio de empréstimo contraído junto a instituições financeiras ou emissão de debêntures (capitais de terceiros). 
Precisamos de intimidade com alguns conceitos relacionados aos custos de capitais e, em seguida, tomaremos contato com termos essenciais como: custo de capitais de terceiros e custo de capitais próprios. 
1.3.1. Conceitos Básicos
O custo de capitais de terceiros (ou de empréstimos), segundo Ching, Marques e Prado (2003), é calculado com base na média ponderada das taxas de juros dos empréstimos constantes do Balanço Patrimonial da empresa. Uma vez que os juros são dedutíveis para fins de Imposto de Renda e Contribuição Social, o custo do empréstimo deve ser considerado líquido dos efeitos desses impostos.
Por exemplo, uma Cia. emite debêntures no valor de R$10.000 ao custo de 20%. A rigor, teríamos 20% de 10.000.000 = 2.000. Supondo Imposto de Renda e Contribuição Social de 34%, o custo de capital líquido seria de R$1.320, ou seja, 2.000 – 680 (34% de 2.000). 
Debêntures são títulos emitidos por sociedades anônimas de capital aberto como forma de captar recursos. Quem compra uma debênture empresta dinheiro à empresa que se compromete a pagar a longo prazo remunerando com juros, correção monetária, eventuais participações nos lucros da sociedade durante o período de empréstimo e, às vezes, possibilidade de conversão dos valores a receber em ações da emissora das debêntures.
O custo do capital próprio, conforme Martins e Assaf Neto (1996), é definido pelo retorno requerido por seus acionistas ao investirem seus recursos no empreendimento. Assim, a remuneração mínima exigida pelos acionistas constitui-se, em última análise, no custo do capital próprio da empresa. 
Para Ching, Marques e Prado (2003, p. 238), “a principal sistemática para o cálculo do custo de capital das ações ordinárias é o modelo de precificação dos ativos financeiros.” O capital asset pricing model-CAPM, Desenvolvido por William Sharpe, segundo Ching, Marques e Prado (2003) é a abordagem mais conhecida para estimar o custo do capital próprio e seu princípio é que a taxa de rendimento requerida de um investimento é igual ao retorno do investimento livre de risco acrescido de um prêmio pelo risco.
Esse modelo será mais profundamente estudado na Disciplina Gestão Financeira.
Vimos que o capital, seja de terceiros ou dos próprios acionistas, tem o seu custo. Afinal, ninguém se propõe a financiar as atividades de uma empresa sem nenhuma remuneração e ela representa o custo para que a Entidade possa dispor dos recursos. Mas qual é a necessidade de capital de uma organização? Veremos no próximo tópico.
1.3.2. Necessidades de Capital de Giro
Toda organização necessita de recursos para desenvolver suas operações. Nomalmente, o capital próprio (oriundo dos acionistas) não é suficiente para as demandas da empresa. Para Blatt (2001, p.116), “O total de capital necessário para que a empresa gire sua atividade é denominado Necessidade de Capital de Giro (NCG) ou Investimento Operacional em Giro.” Matarazzo (2003) diverge de Blatt na conceituação acima e para ele a NCG é exatamente aquilo que o financiamento operacional não cobre e a correta denominação deve ser Financiamento Não Operacional para Giro. Matarazzo (2003) apresenta uma fórmula para cálculo da NCG, a qual endossamos e reproduzimos a seguir:
NCG = ACO – PCO
Onde:
NCG = Necessida de Capital de Giro 
ACO = Ativo Circulante Operacional e 
PCO = Passivo Circulante Operacional 
Incluem-se no Ativo Circulante Operacional as aplicações que resultam das atividades de compra, produção, estocagem e venda (Mercadoria, Matéria-Prima, Estoque, Duplicatas a Receber, etc.) e no Passivo Circulante Operacional as obrigações decorrentes dessas operações (Fornecedores e outros correlatos). Matarazzo (2003) demonstra as três situações possíveis em relação às necessidade de capital de giro da empresa:
a)
ACO > PCO 
É a situação normal na maioria das empresas. Há uma NCG e cabe à empresa buscar os recursos.
b)
ACO = PCO
A empresa não tem necessidade de financiamento para o giro. 
c)
ACO < PCO
A empresa encontra-se com mais financiamentos do que investimentos operacionais. Sobram recursos das atividades operacionais que poderão ser direcionados para aplicações no mercado financeiro ou em imobilizações. 
A necessidade de capital decorre da combinação entre o Ativo Circulante Operacional e o Passivo Circulante operacional. Quando esses dois componentes são iguais, ela não precisa de financiamento para seu giro. Quando o Ativo Circulante Operacional supera o Passivo Circulante Operacional, a empresa precisa buscar capitais no mercado e quando o Ativo Circulante Operacional é menor do que o Passivo Circulante Operacional, indica que sobram recursos que a empresa deve promover sua aplicação.
A seguir, veremos alguns passos essenciais para o sucesso do Planejamento Financeiro.
1.4. Planejamento Financeiro
Conforme Ching, Marques e Prado (2003, p 190), “Planejar significa decidir antecipadamente. Implica optar por uma alternativa de ação em detrimento de outras disponíveis. Decidir antecipadamente consiste em ter opções de escolha e assim controlar os possíveis resultados.”
Para Groppelli & Nikbakht (1998, p.364), “Planejamento Financeiro é o processo de estimar a quantia necessária de financiamento para continuar as operações de uma companhia e de decidir quando e como a necessidade de fundos seria financiada.” 
Veremos, a seguir, que o planejamento financeiro reveste-se de suma importância na medida em que

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