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Anemia Falciforme

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CONTENTS
1. Introdução ..................................................................... 3
2. Talassemias ................................................................12
Referências Bibliográficas ........................................22
3ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
1. INTRODUÇÃO
A hemoglobina é uma proteína que 
se localiza dentro da hemácia e que 
tem como função realizar o transpor-
te de oxigênio, ela é a responsável 
pela coloração avermelhada do san-
gue. Existem três tipos de hemoglo-
bina que são consideradas normais 
nos seres humanos. A hemoglobina 
A1(cerca de 97% da hemoglobina do 
adulto), hemoglobina A2 (2% da he-
moglobina do adulto) e hemoglobina 
F (hemoglobina fetal – presente nos 
primeiros meses de vida). O fenótipo 
AA da hemoglobina é considerado o 
normal para um adulto.
Hemoglobinopatias são alterações na 
estrutura da hemoglobina, geralmen-
te de característica hereditária. Essas 
alterações podem levar a hemoglobi-
nas SS, AS, SC, SD, entre outros.
O termo doença falciforme (DF) é usa-
do para definir as hemoglobinopatias, 
nas quais, o fenótipo predominante é 
o da Hb S, mesmo quando associa-
da a outra hemoglobina variante (Hb 
Var). Os tipos de DF mais frequentes 
são Hb SS, a HbS-betaTalassemia 
e as duplas heterozigoses Hb SC e 
Hb SD. Essas variações causadas 
por heterozigoses compostas podem 
apresentar quadros clínicos variados.
A doença tem origem no continen-
te africano e foi trazida às Américas 
em decorrência da imigração forçada 
dos escravos. No Brasil, o gene que 
determina a DF, pode ser encontra-
do em todo território nacional, sendo 
mais frequente na região nordeste, 
onde é maior a proporção de ante-
passados negros da população. Em 
decorrência desse histórico, a doença 
é predominante entre negros e par-
dos, mas também acomete brancos 
devido à miscigenação da população 
brasileira.
SAIBA MAIS
Pacientes com hemoglobina de fenótipo S apresentam menor susceptibilidade à malária por 
mecanismos ainda não elucidados. Alguns estudos indicam que o protozoário tem dificulda-
de de invadir a hemácia mutada.
Anemia Falciforme
A anemia falciforme é a doença here-
ditária monogênica mais comum do 
Brasil. A doença é causada por uma 
mutação que origina uma hemoglobi-
na anormal, denominada hemoglobi-
na S (HbS), ao invés da hemoglobina 
normal denominada hemoglobina A 
(HbA). Esta mutação leva à troca de 
um aminoácido na cadeia beta da he-
moglobina, o ácido glutâmico (hidrofíli-
co) por uma valina (hidrofóbica) na po-
sição 6. Esta modificação estrutural é 
4ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
responsável por profundas alterações 
nas propriedades físico-químicas da 
molécula da hemoglobina no estado 
desoxigenado. A substituição de um 
aminoácido hidrofílico por um hidro-
fóbico cria uma área que não intera-
ge com a água. Na tentativa de man-
ter a hidrofilia, a hemoglobina S forma 
agregados. Estas alterações levam ao 
evento conhecido como falcização, 
que é a mudança da alteração morfo-
lógica normal da hemácia para a forma 
de foice ou meia-lua, resultando em al-
terações da reologia dos glóbulos ver-
melhos e da membrana eritrocitária.
CONCEITO! Anemia falciforme é a 
hemoglobinopatia caracterizada pela 
substituição do aminoácido ácido glutâ-
mico pela valina na sexta posição da ca-
deia beta do DNA do gene hemoglobina 
(GAG →GTG).
Esses glóbulos vermelhos em forma 
de foice não circulam de forma ade-
quada na microcirculação, dificultan-
do a circulação sanguínea, provo-
cando em vaso-oclusão, ou seja, em 
obstrução do fluxo sanguíneo capi-
lar, e infarto na área afetada, conse-
quentemente esses eventos resultam 
em isquemia, dor, necrose e disfun-
ções,bem como danos permanentes 
aos tecidos e órgãos.Este mecanismo 
fisiopatológico acarreta graves mani-
festações clínicas. 
SE LIGA! Durante os 6 primeiros meses 
de vida, esses indivíduos geralmente 
não apresentam sintomas devido aos 
altos níveis de hemoglobina Fetal (HF).
Em geral, os pais são portadores as-
sintomáticos de um único gene afeta-
do (heterozigotos), produzindo HbA 
e HbS (AS), transmitindo cada um 
deles o gene alterado para a criança, 
que assim recebe o gene anormal em 
dose dupla (homozigoto SS). A de-
nominação “anemia falciforme” é re-
servada para a forma da doença que 
ocorre nesses homozigotos SS. As 
manifestações clínicas na HbSS são 
mais graves, porém o acompanha-
mento e terapêutica seguem a mes-
ma rotina dos pacientes com doença 
falciforme. 
SE LIGA! Traço falciforme não é doen-
ça! É uma mutação na hemoglobina que 
não traz consequências clínicas e, por-
tanto, não necessita de tratamento.
A frequência da DF depende da an-
cestralidade da população estudada. 
No Brasil, estudos apontam que a 
mortalidade da AF é de 78% até os 
29 anos de idade e, destes, 37,5% 
concentravam-se nos menores de 9 
anos → Elevada letalidade
O tratamento precoce comprovada-
mente aumenta a sobrevivência das 
5ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
crianças afetadas, melhorando a qua-
lidade de vida, que devem ser acom-
panhadas ao longo da vida em um 
centro de tratamento com uma equipe 
multiprofissional especializada, com 
avaliações clínicas periódicas e inter-
nações hospitalares quando situa-
ções de risco. Sem o acompanhamen-
to clínico especializado, os benefícios 
obtidos pelo tratamento precoce não 
serão consolidados. As complicações 
clínicas da doença têm níveis hierar-
quizados de complexidade, numa al-
ternância de períodos de bem estar 
ao de urgência e emergência.
Diagnóstico laboratorial da DF
Idealmente, para a triagem neona-
tal para HbS, também conhecida 
como “Teste do Pezinho”, a amostra 
de sangue deve ser colhida entre 48 
horas e sete dias após o nascimento, 
embora seja aceitável ate o 30º dia. 
As hemoglonopatias foram incluídas 
na triagem neonatal devido sua alta 
frequência na população brasileira. 
Apesar de existirem vários tipos de 
hemoglobinas anormais, geralmente 
apenas a HbS e HbC costumam ser 
pesquisadas na triagem.
As hemá-
cias do RN 
normal con-
tem Hb F e 
A – padrão 
FA. É impor-
tante lem-
brar que os RN com padrão FA podem 
não ser necessariamente normais do 
ponto de vista hematológico: eles não 
tem a DF, mas podem ter talassemia 
ou outros distúrbios da série vermelha.
O aconselhamento genético dos pa-
cientes diagnosticados com a do-
ença falciforme, bem como de seus 
familiares, faz parte do protocolo de 
acompanhamento dos pacientes com 
doença falciforme. O teste de triagem 
neonatal deverá ser sempre realizado, 
visando à adesão precoce da criança 
nos programas de atendimento aos 
pacientes.
O diagnóstico da doença falciforme 
consiste na detecção da hemoglobina 
(Hb) variante denominada hemoglo-
bina S (HbS), além das outras hemo-
globinas variantes ou de síntese que 
possam estar a ela associada. A ele-
troforese de hemoglobina é o exame 
de avaliação laboratorial de escolha 
para detecção de hemoglobinopatias, 
sendo importante à realização preco-
ce desse exame.
A eletroforese de hemoglobina é um 
teste fácil de ser realizado e que dis-
crimina o tipo de hemoglobina pre-
sente na amostra investigada. Esse 
exame deve 
ser sempre 
solicitado, e 
se não hou-
ver possi-
bilidade de 
encaminha-
6ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
mento imediato, deve-se armazenar 
a amostra de sangue. É importante 
lembrar que a realização de transfu-
são sanguínea prejudica a realização 
da eletroforese, que somente pode-
rá ser realizada cerca de três meses 
após, sendo assim, uma amostra de 
sangue deve ser coletada para eletro-
forese antes da transfusão em casos 
suspeitos.
Algumas análises laboratoriais devem 
estar associadas ao acompanhamen-
to de pacientes com hemoglobinopa-
tias, principalmente os portadores de 
doença falciforme. Desses exames, 
destaca-se a realização do hemogra-
ma, que será muito útil na avaliação 
do grau de anemia, sendo o eritrogra-
ma elemento importante para o se-
guimento do paciente.
A análise do eritrograma sempre de-
verá ser acompanhada pela avaliação 
morfológica das hemácias,analisan-
do-se a presença de alterações nas 
formas (poiquilocitose, com presen-
ça de hemácias em forma de foice 
ou drepanócitos em decorrência da 
HbS; hemácias em forma de alvo ou 
targetcells na presença da HbC e de 
talassemias); tamanho (anisocitose, 
hemácias de tamanhos diferentes, 
principalmente se existe o aumento 
de reticulócitos) e coloração (hipocro-
mia e policromasia em decorrência do 
aumento dos reticulócitos).
A anemia da DF é normocrômica e 
normocítica. A contagem de reticuló-
citos varia entre 3 e 25%. Na asso-
ciação entre S/PHHF não há hemóli-
se. A concentração basal de Hb, isso 
é, aquela determinada com a criança 
estável, varia entre 6 e 12 g/dL, sendo 
mais elevada nas crianças SC. Valo-
res de VCM e/ou HCM podem indi-
car associação com beta-talassemia 
ou co-herança de alfa-talassemia. É 
necessário que sempre se descarte 
a possibilidade de anemia ferropriva, 
por ser uma deficiência nutricional 
comum em pediatria.
A leucocitose é achado frequente, po-
dendo existir desvio para a esquerda, 
mesmo com paciente fora da crise. A 
contagem de plaquetas em geral está 
elevada, embora a plaquetopenia ba-
sal possa estar presente nos quadros 
de hiperesplenismo. A Hb F está pre-
sente no RN normal a termo em ní-
veis de 75 a 90%, geralmente atinge 
menos de 2% dos 6 aos 12 meses de 
idade. No pré-termo, dependendo da 
idade gestacional, ela pode represen-
tar 100%. Essas proporções são vali-
das também para crianças com DF, o 
que explica o aparecimento dos sin-
tomas por volta dos 6º mês de vida.
7ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
MAPA MENTAL – EXAMES LABORATORIAIS
Hemograma
Eletroforese de 
hemoglobia
Leucocitose com 
desvio à esquerda
Anemia
Poiquilocitose
Anisocitose
Hipocromia
Policromasia
Plaquetose ou 
plaquetopenia
Discrimina o tipo de 
hemoglobina
SE LIGA! A presença de hemácias “em 
foice” é achado clássico da doença fal-
ciforme.
Figura 1: Histologia da anemia falciforme. A seta apon-
ta hemácias falcizadas. Fonte: AnatPat - Unicamp
8ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
Manifestações clínicas
A crise álgica é a principal manifestação 
clínica do paciente com anemia falcifor-
me. As manifestações clínicas dos pa-
cientes falcêmicos devem-se principal-
mente a dois fatores: a oclusão vascular 
pelos glóbulos vermelhos seguida de 
infarto nos diversos tecidos e órgãos, e 
a hemólise crônica e seus mecanismos 
compensadores. Associados, esses 
eventos danificam progressivamente os 
diversos órgãos e podem alterar o cres-
cimento e provocar atraso puberal.
O fenômeno da vaso-oclusão também 
leva à destruição progressiva do baço e 
consequentemente à autoesplenecto-
mia, sendo responsável pela suscepti-
bilidade aumentada a infecções graves. 
Como há a possibilidade potencial de 
evolução com choque hipovolêmico, 
trata-se de uma emergência clínica.
O sequestro esplênico é a segunda 
causa de morte entre as crianças com 
AF, podendo ocorrer entre os 2 meses 
de idade até por volta dos 3 anos, e 
nos pacientes com doença falciforme, 
em idades maiores. Caracteriza-se por 
um quadro de instalação abrupta com 
palidez e aumento do volume do baço 
com dor abdominal, fraqueza súbita, 
podendo ser desencadeado com pro-
cessos infecciosos. Por isso os pais são 
ensinados a palpar o baço, para que 
possam identificar precocemente o se-
questro esplênico e procurar ajuda.
O termo Síndrome Torácica Aguda re-
flete a dificuldade na distinção entre in-
fecção pulmonar (bacteriana ou viral) de 
outras condições que podem ocorrer na 
doença falciforme, incluindo a embolia 
gordurosa ou infarto pulmonar por oclu-
são da microvasculatura ou tromboem-
bolismo, causando alterações inflama-
tórias no pulmão. A fisiopatogenia da 
STA é multifatorial, cujo resultado final é 
a trombose microvascular.
Os pacientes falcêmicos são sus-
ceptíveis às infecções sobretudo por 
germes encapsulados, uma vez que 
a função esplênica é perdida devido 
ao progressivo infarto no baço. Há 
elevado risco de sepse fulminante no 
paciente falcêmico já nos primeiros 
anos de vida, e embora diminua após 
os 5 anos, pacientes podem desen-
volver infecções graves mais tarde.
Outro fator importante na doença 
falciforme é que as infecções virais e 
bacterianas induzem ao aumento de 
fibrinogênio e estimulam a aderên-
cia da célula falciforme ao endotélio, 
o que promove a vasoconstricção e 
a hipóxia tecidual. Isto gera uma le-
são tecidual que agudamente pode 
apresentar-se como crises dolorosas, 
acidente vascular cerebral, síndrome 
torácica aguda.
Geralmente os pacientes portadores 
da DF toleram bem a anemia crônica 
e precisam de transfusão sanguínea 
somente em condições clinicas espe-
ciais como: crise aplástica, sequestro 
esplênico, acidente vascular cerebral 
e síndrome torácica aguda.
9ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
MAPA MENTAL - FISIOPATOLOGIA
Hemólise
Atraso puberal
Icterícia
Hipertensão pulmonar
Insuficiência cardíaca 
em idosos
Vasoclusão
Sequestro esplênico
Trombo
Autoesplenectomia
Maior risco de infecção
Necrose
Infarto tecidual
Úlceras
Crise álgica
Disfunção do órgão 
afetado
10ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
Tratamento
Os pais devem ser orientados sobre 
a importância de manter a hidratação 
e a nutrição adequadas à criança e 
de reconhecer os níveis de hemoglo-
bina e sinais de palidez do paciente, 
como também sobre a prevenção das 
infecções através das vacinas e do 
uso da penicilina profilática. O acon-
selhamento genético deve ser ofere-
cido aos pais e outros familiares, caso 
desejarem.
SE LIGA! Devido ao risco das infecções, 
os episódios de febre exigem pronta in-
tervenção e devem ser encarados como 
situações de risco, sendo importante o 
encaminhamento ao hospital, principal-
mente quando acompanhado de: pa-
lidez, febre, presença de dor torácica, 
dispnéia, dor abdominal, cefaléia, náu-
seas ou vômitos, aumento do baço e/ou 
alterações do comportamento.
Os pacientes e seus familiares devem 
ser ensinados a reconhecer crises ál-
gica, assi como a origem e a inten-
sidade da dor, para que possam, no 
domicílio, proceder a uma hidratação 
adequada e fazer uso de analgésicos 
tão logo surjam as dores, e procurar 
tratamento hospitalar caso essas me-
didas simples sejam ineficazes.
A prática de exercícios pode ser en-
corajada, desde que sejam regulares, 
moderadas e o esforço progrida lenta-
mente. Os responsáveis e o paciente 
devem ser alertados sobre a neces-
sidade da hidratação, antes, durante 
e após as atividades físicas. Também 
devem ser lembrados que as varia-
ções de temperatura, como calor ou 
frio, podem desencadear crises.
Os níveis de hemoglobina devem ser 
solicitados e avaliados a cada consul-
ta, o paciente deve ter conhecimento 
dos seus valores médios de hemo-
globina, a fim de que sejam evitadas 
transfusões desnecessárias.
A criança com doença falciforme, 
além de receber todas as vacinas re-
comendadas no calendário de vaci-
nação, requer outras adicionais, como 
a vacina contra o pneumococo, me-
ningite e vírus influenza. As vacinas 
especiais são indicadas e realizadas 
nos Centros de Referência para Imu-
nobiológicos Especiais (CRIE). Em to-
das as consultas deve ser verificado, 
através da carteira de vacinação, se 
o esquema de vacinação está sendo 
realizado.
O uso de penicilina profilática via oral, 
administrada duas vezes ao dia, em 
crianças de 3 a 6 meses de idade, di-
minuiu em 84% a incidência de bac-
teremia por pneumococo. Na Bahia, 
tem sido empregada a penicilina V 
oral ou a penicilina G benzatina a 
cada 21 dias. 
11ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
Troca de um aminoácido 
na cadeia beta
Controle de cura trimestral, 
por meio do VDRL
ANEMIA 
FALCIFORME
Prevenção da Sífilis 
Congênita
Quadro clínico Diagnóstico
Um caso a cada 650 
nascidos-vivos
Tratamento 
Origem no continente 
africano
Fenótipo predominante 
Hb S
Promoção em saúde
Prática de sexo seguro
Vertical / congênita
Avaliações clínicas 
periódicas
Precoce aumenta a 
sobrevivência
Hemograma
Eletroforese de 
hemoglobinaTriagem neonatal para 
HbS / Teste do pezinho
Síndrome Torácica Aguda
Sequestro esplênico 
Uso de penicilina 
profilática
Autoesplenectomia
Vacinação
Pode estar associada a outra 
hemoglobina variante
Predominante entre 
negros e pardos
Mais frequente na 
região nordeste
Ácido glutâmico por uma 
valina na posição 6
Pais portadores 
assintomáticos Falcização
MAPA MENTAL ANEMIA FALCIFORME
12ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
2. TALASSEMIAS
Conhecidas como “Anemia do Mediter-
râneo”, a maioria dos casos inicialmente 
identificados ocorreu em famílias resi-
dentes próximo do Mar Mediterrâneo, 
em países como Itália, Grécia, Turquia e 
Líbano, e essa associação geográfica foi 
responsável pela sua nominação, onde, 
em grego, “thalassa” significa mar, e 
“aima”, doença do sangue.
Figura 2: Hemácias em alvo. Fonte: Atlas de Histologia 
- UFG
As talassemias constituem um grupo 
de doenças hereditárias que se ca-
racterizam pela produção inadequa-
da de uma ou mais cadeias de globi-
nas formadoras de Hb. Ao contrário 
de outras hemoglobinopatias, nas 
talassemias as cadeias de globinas 
são estruturalmente normais e suas 
manifestações clinicas e laborato-
riais são decorrentes do desequilíbrio 
na produção quantitativa dessas ca-
deias, tendo como maior consequên-
cia a eritropoiese ineficaz. 
 
Apresentam uma enorme variedade 
de manifestações clínicas e laborato-
riais, de acordo com a cadeia afeta-
da e com o grau de desequilíbrio na 
produção quantitativa. São classifi-
cadas, de acordo com a cadeia poli-
peptídica afetada; as mais frequentes 
são as talassemias do tipo alfa e do 
tipo beta. Também são descritas as 
talassemias do tipo delta-beta, delta 
e gama-delta-beta, porém são muito 
raros. Heterozigotos são geralmen-
te assintomáticos; os portadores de 
mais de um gene anormal apresen-
tam manifestações clínicas variáveis.
CONCEITO! Na talassemia alfa ocorre 
produção inadequada de cadeias alfa, 
enquanto na talassemia beta ocorre 
produção inadequada de cadeias beta.
Os genes que controlam a produção 
das cadeias de globina estão localiza-
dos no gene 16 (cadeia alfa) e gene 
11 (cadeia beta, delta e gama). As 
talassemias são causadas por altera-
ções nesses genes, que variam des-
de uma total deleção ou rearranjos do 
locus até mutações pontuais que pre-
judicam a transcrição, processamento 
ou tradução da globina do RNA men-
sageiro.
O desequilíbrio na produção das ca-
deias alfa e beta impede a formação 
do tetrâmero alfa-2/beta-2, o que 
13ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
resulta na redução da quantidade 
de Hb. A síntese desbalanceada de 
uma dessas cadeias provoca ainda 
um excesso da cadeia que continua 
a ser produzida em quantidade nor-
mal, formando precipitados ou inclu-
sões intraeritrocitárias. Esses precipi-
tados na hemácia lesam a membrana 
e provocam destruição prematura. A 
quantidade e o tipo desses precipita-
dos determinam a gravidade da ta-
lassemia. 
SE LIGA!A medula óssea das pesso-
as com talassemia produz as hemácias 
menores e com menos hemoglobina, o 
que causa anemia hemolítica e hipo-
cromia.
A Organização Mundial da Saúde es-
tima que cerca de 60.000 crianças 
gravemente afetadas pela talassemia 
nascem a cada ano. No Brasil, con-
forme dados da Associação Brasileira 
de Talassemia (Abrasta), existem 543 
pessoas cadastradas com Talassemia 
Beta: 310 Maior e 243 Intermediária, 
com destaque para a Região Sudeste, 
especialmente o estado de São Paulo, 
que lidera o número de casos. Na Re-
gião Nordeste, o estado de Pernam-
buco possui o maior número de pes-
soas com Talassemia Intermediária. 
Estima-se que existam no Brasil cerca 
de 1.000 pessoas com as formas gra-
ves de Talassemias. No Sul e Sudeste 
1 a 6% dos indivíduos euro descen-
dentes têm o gene da talassemia.
Alfa-talassemia
Indivíduos com alfa-talassemia apre-
sentam deficiência em um ou mais 
genes de globina alfa. A intensidade 
da deficiência de produção determina 
a classificação em 4 formas clinicas:
• Portador silencioso → ocorre 
perda de função em apenas um 
dos 4 genes da alfa globina. O de-
sequilíbrio alfa/beta do portador si-
lencioso é mínimo e não provoca 
alterações clinicas ou laborato-
riais, exceto discreta diminuição 
no VCM em alguns casos. A con-
dição é reconhecida geralmente só 
na vida adulta quando o portador 
torna-se progenitor de uma crian-
ça com doença de HbH ou traço 
de alfa-talassemia.
• Traço alfa-talassemia → ocorre 
mais frequentemente deleção ou 
disfunção de 2 dos 4 locus gênicos 
produtores de globina alfa. Essa 
forma de talassemia caracteriza-se 
por anemia discreta com acentu-
ada microcitose e hipocromia, 
mesmo no período neonatal. No 
RN o diagnostico é facilitado pelo 
aumento de HbBart’s (Hb formada 
só de globinas gama). Após o perí-
odo neonatal, o diagnóstico é feito 
por exclusão de anemia ferropriva 
e traço de beta-talassemia.
• Doença da Hb H → ocorre quando 
apenas 1 dos 4 locus apresenta ativi-
dade normal. A causa mais frequente 
14ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
é a deleção dos outros 3locus, mas 
pode ser também secundária a outra 
mutação. O desequilíbrio da cadeia 
alfa/beta provoca a formação de te-
trâmeros que se precipitam provo-
cando a hemólise da Hb. A anemia 
é moderada, com microcitose, hi-
pocromia e evidente fragmentação 
das hemácias. É importante lembrar 
que se houver deficiência de ferro 
concomitante, pode haver redução 
de Hb H. É raro acometer indivíduos 
da etnia negra. Na triagem neonatal, 
a eletroforese de Hb pode mostrar a 
presença de HbBart’s. Geralmente 
não precisam de hemotransfusões, 
mas quando se há anemia grave ou 
esplenomegalia importante, deve se 
pensar nessa opção.
• Hidropsia fetal com hemoglo-
bina Bart’s → Nesta condição 
todos os 4locus para produção 
de cadeias alfa são disfuncionais, 
ocorrendo ausência total da sínte-
se dessas cadeias. Os fetos atin-
gidos podem nascer prematuros, 
natimortos ou morrer rapidamente 
após o nascimento devido à afini-
dade exagerada que a Hb de Bart’s 
e HbH tem pelo O2, causando gra-
ve hipóxia tecidual. Caracteriza-se 
por anemia grave com hepato-
esplenomegalia. Ocorre edema 
generalizado por ICC e hipoalbu-
nemiaintraulterina. Na eletrofore-
se de Hb nota-se Hb de Bart’s. In-
compatível com a vida.
Figura 3: Representação esquemática das alfa-talassemias. Fonte: The New England Journal of Medicine, 2014.
15ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
• Costuma ser único, 
• Indolor 
• Bordas endurecidas 
• Fundo liso
• 1 cm de diametro
Portador silencioso
ALFA- 
TALASSEMIA
Doença da Hb H 
Traço alfa-talassemia Hidropsia fetal com hemoglobina Bart’s
Anemia moderada
Apenas 1 dos 4 locus 
apresenta atividade normal
Hemoglobina de Bart’s
Evidente fragmentação 
das hemácias
Microcitose
Hipocromia
Os 4 locus para produção de 
cadeias alfa são disfuncionais
Grave hipóxia tecidual
Incompatível com a vida
Destruição intramedular
Instabilidade para 
formar tetrâmeros
Excesso de cadeias Beta
Hemoglobina de Bart’s
Anemia discreta 
Deleção ou disfunção de 
2 dos 4 locus
Hipocromia
Acentuada 
microcitose
Cancro duro 
Lesão rica em bactérias
Geralmente até três 
semanas
MAPA MENTAL ALFA-TALASSEMIA
16ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
EXAME ACHADOS
Hemograma
Anemia com hipocromia 
e microcitose.
Eletroforese de HB
Identifica o tipo de Hb 
(Hb de Barts, HbH e Hb 
variantes)
As manifestações clínicas dependem 
do tipo de alfa-talassemia, mas pode 
haver: anemia de intensidade variá-
vel, microcítica; atraso do desenvol-
vimento somático e sexual devido à 
anemia, alterações metabólicas e ex-
cesso de ferro, que gera hipóxia nos 
tecidos; hiperplasia da medula óssea, 
com consequente expansão óssea; 
alterações ósseas, dentárias, faciais 
e articulares;hepatoesplenomegalia; 
excesso de ferro; alterações endócri-
nas como diabetes e hipoparatireoi-
dismo; alterações cardíacas devido 
à anemia e o excesso de ferro;Alte-
rações hepáticas pela sobrecarga de 
ferro; hepatites.
Beta-talassemia
As diferentes mutações que acome-tem a beta-talassemia resultam em 
uma variedade de síndromes clínicas:
• Talassemia menor → ocorre mu-
tação de um gene beta. Traço-
-talassemico ou beta-talassemia 
heterozigótica. Hipocromia, mi-
crocitose e anemia leve.
• Talassemia intermediária → 
ocorre mutação de 2 genes beta 
(uma leve e uma grave; duas leves; 
uma leve com associação a alfa-
-talassemia). Desde anemia leve 
até necessidade de transfusão 
sanguínea.
• Talassemia maior → mutação de 
2 genes beta ( 1/3: homozigose 
beta 0 – não produz globinas beta; 
2/3 homozigose beta + ou beta+/
beta 0 – diminuição da produção de 
globinas beta). Beta talassemiaho-
mozigotica ou anemia de Cooley. 
Doença grave, promovendo ane-
mia hipocrômica, dependente de 
transfusão sanguínea desde os 
primeiros dias de vida.
17ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
Talassemia menor
BETA-
TALASSEMIA
Talassemia Maior
Excesso de cadeias alfa Talassemia intermediaria 
Destruição intramedular
Instabilidade para formar 
tetrâmeros
Hipocromia, microcitose e 
anemia leve.
Traço-talassemico ou beta-
talassemia heterozigótica
Mutação de um gene beta
Mutação de 2 genes beta
Doença grave
Beta talassemia homozigotica 
ou anemia de Cooley
Dependente de 
transfusão sanguínea
Anemia hipocrômica
Beta+/beta 0
2/3 homozigose beta +
1/3: homozigose beta 0
Anemia variada
Mutação de 2 genes beta Duas leves
Uma leve e uma grave
Uma leve com associação 
a alfa-talassemia
MAPA MENTAL 3 - BETA-TALASSEMIA
18ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
O excesso de cadeias alfa produzidas 
na beta-talassemia precipita-se nos 
precursores eritrocitários da medula 
óssea devido a instabilidade para for-
mar tetrâmeros e ocorre grave injúria 
celular com intensa destruição intra-
medular dos percursores da série ver-
melhas. Dessa forma, a eritropoiese é 
ineficaz e ocorre a hemólise.
A anemia grave e a produção de he-
mácias ricas em HbF causa hipóxia 
grave e estimula a produção de eritro-
poietina, com expansão da eritropoie-
se inadequada as custas do aumento 
do baço, fígado e medula óssea (re-
sultando em deformidades ósseas). A 
anemia também leva ao aumento da 
absorção do ferro com consequente 
sobrecarga de ferro.
A manifestação clínica da talassemia 
maior costuma ocorrer no 1º ano de 
vida, com falha de crescimento, fra-
queza, adinamia, palidez e espleno-
megalia. O tratamento com transfu-
sões periódicas de concentrado de 
hemácia torna o desenvolvimento 
normal, necessitando também te-
rapia quelante de Ferro. Pacientes 
sem essa terapia adequada apre-
sentam complicações de sobrecarga 
de Ferro em torno de 10 a 12 anos. 
Sem as transformações adequadas 
o paciente com talassemia maior 
tem crescimento e desenvolvimento 
comprometidos, deformidade óssea, 
esplenomegalia progressiva, hipe-
resplenismo, osteoporose, úlceras de 
pernas e na puberdade também de-
senvolvem complicações relaciona-
das à sobrecarga de Ferro porque a 
absorção intestinal do ferro é aumen-
tada para tentar compensar a produ-
ção inadequada de hemácias.
Na talassemia intermediária os sin-
tomas são mais tardios, anemia mais 
leve e geralmente não necessita ou 
necessita ocasionalmente de transfu-
são.A forma mais grave manifesta-se 
entre 2 a 6 anos de idade e apesar 
de sobreviver bemsem transfusões, 
tem crescimento e desenvolvimen-
to comprometidos.Nessa forma mais 
grave de talassemia intermediária o 
paciente pode apresentar as mesmas 
alterações de um paciente com talas-
semia maior sem transfusão, além de 
trombos, litíase biliar e hematopoie-
seextramedular. 
Quanto ao traço talassemico ou ta-
lassemia menor é caracterizado por 
anemia leve e a maioria dos pacientes 
é assintomático.
Diagnóstico das Talassemias
O diagnóstico laboratorial das talas-
semias é feito por hemograma e ele-
troforese de hemoglobina. Também é 
possível estudar a mutação genética 
específica. O diagnóstico de talasse-
mia beta menor não é possível de ser 
feito pela triagem neonatal, enquanto 
na talassemia alfa encontra-se a he-
moglobina Bart’s (só é detectada no 
recém-nascido) na triagem neonatal. 
Apesar de não ser doente, a pessoa 
19ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
com talassemia menor ou traço al-
fa-talassemia deve ser identificada, 
para orientação familiar e para esta-
belecer o diagnóstico diferencial en-
tre anemia ferropriva.
Terapia transfusional
Os objetivos da terapia transfusio-
nalsão a correção da anemia, a su-
pressão da eritropoese e a inibição 
da absorção do ferro gastrointestinal, 
permitindo assim o crescimento e o 
desenvolvimento normais. Deve se 
iniciar após a confirmação do diag-
nóstico de talassemia maior tanto por 
parâmetros clínicos quanto por labo-
ratoriais e deverá ser realizado por 
hematologista ou terapeuta. 
A transfusão regular se iniciará, em 
geral, nos primeiros dois anos de vida 
nas formas talassêmicas genotípicas 
mais graves. Nas formas mais leves, 
as transfusões podem ocorrer de for-
ma esporádica nas primeiras décadas 
de vida e depois podem evoluir para 
um regime regular de transfusão, 
dependendo da queda de Hb ou de 
complicações clínicas que possam se 
desenvolver.
A Hb pré-transfusional deve ser man-
tida entre 9,5 a 10 g/dL. O paciente 
deve fazer a fenotipagem eritrocitária 
e o sangue transfundido deverá ser 
fenotipado e totalmente compatível. 
As transfusões acontecem em inter-
valos de duas a cinco semanas con-
forme as necessidades individuais de 
cada indivíduo.
SAIBA MAIS
O antígeno leucocitário humano (HLA) é um sistema que apresenta anticorpos para o sistema 
imune adaptativo. Qualquer célula que tenha um HLA que não é próprio do paciente é iden-
tificado e rejeitado pelo sistema imune. Quando um paciente passa por diversas transfusões 
sanguíneas, ele tem risco de aloimunização. A aloimunização é a formação de anticorpos 
contra HLA que não é próprio. Para pacientes que precisam de múltiplas transfusões ao longo 
da vida, o ideal é a doação de sangue fenotipado, que permite que o sangue do doador seja 
o mais compatível possível ao do receptor, diminuindo o risco de reações transfusionais por 
aloimunização.
SE LIGA! As pessoas com talassemia 
major não sobrevivem à idade adulta se 
não iniciarem regime de transfusão de 
hemácias. No entanto, a politransfusão 
sem a devida quelação de ferro também 
leva à morte devido ao depósito deste 
mineral em órgãos vitais.
O aumento da sobrevida das pesso-
as com talassemia maior teve grande 
influência com o advento dos quelan-
tes de ferro e da ressonância nucle-
ar magnética (RNM) por T2* (para a 
adequada avaliação da sobrecarga 
de ferro cardíaca e hepática). 
20ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
Pacientes dependentes de transfu-
sões recebem excesso de Ferro men-
salmente, assim os sinais de sobre-
carga de ferro podem ser vistos após 
10 a 20 transfusões. A sobrecarga 
de ferro tem impacto negativo sobre 
a morbidade e a mortalidade dos pa-
cientes com talassemia maior, uma 
vez que os principais órgãos acome-
tidos são coração, fígado e glândulas 
endócrinas, portanto eles devem ser 
avaliados quanto à carga de Ferro 
corporal para que a terapia quelante 
de Ferro seja instituída no momento 
certo e minimizando os riscos de ex-
cesso de Ferro.
O transplante de células-tronco he-
matopoiéticas (TCTH) é uma opção 
terapêutica capaz de curar as pesso-
as com talassemia. A cura da talasse-
mia maior com transplante alogênico 
de medula óssea é uma alternativa 
no manejo conservador de terapia 
transfusional e Terapia quelante. Atu-
almente a sobrevida livre de doen-
ça em 6 anos varia de 80% a 86%. 
Os excelentes resultados sugerem 
que o transplante deve ser oferecido 
para qualquer paciente com doador 
compatível aparentado, no entanto, 
apresenta riscos inerentes ao proce-
dimento que devem ser ponderados 
com o pacientee seus familiares.
Terapias experimentais como induto-
res de síntese de HbF e Terapia gêni-
ca estão em estudo.
21ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
Transplante alogênico de medula óssea Quelação de ferroObjetivos
• Correção da anemia
• Supressãoda eritropoese 
• Inibição da absorção do ferro 
gastrointestinal
• Cura da talassemia maior
• Riscos inerentes ao procedimento
• Depósito deste mineral em órgãos vitais
• Coração, fígado e glândulas endócrinas
• Corrige a sobrecarga de ferro
Hb pré-transfusional entre 9,5 a 10 g/dL Sangue transfundido totalmente compatível
Deve se iniciar após a 
confirmação do diagnóstico
MAPA MENTAL TERAPIA TRANSFUSIONAL
22ANEMIA FALCIFORME E TALASSEMIA
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