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2 SUMÁRIO .......................................................................................................................... 1 1 EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO ESCOLAR .................................... 3 2 O DESPREPARO E O MEDO .................................................................... 6 3 A PRÁTICA ESCOLAR ............................................................................. 10 4 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL .................................................... 11 5 NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS ...................................... 14 6 A INTEGRAÇÃO DOS PORTADORES DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS NO SISTEMA ................................................................ 15 7 O MOVIMENTO INCLUSIVO .................................................................... 21 8 O AEE – ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO ................. 24 8.1 Como trabalhar em parceria com o AEE? .......................................... 26 8.2 Institucionalização do AEE no Projeto Político Pedagógico ............... 28 8.3 Professor do Atendimento Educacional Especializado – AEE ........... 29 8.4 Estudantes Público Alvo do AEE ........................................................ 30 8.5 Objetivos e Ações do Programa Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais ....................................................................................................... 31 8.6 Critérios para a Implantação das Salas de Recursos Multifuncionais 32 8.7 Adesão, Cadastro e Indicação das Escolas ....................................... 33 8.8 Funcionamento das Salas de Recursos Multifuncionais .................... 34 9 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 37 10 ARTIGO PARA REFLEXÃO .................................................................. 39 3 1 EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO ESCOLAR Fonte:cdn.doutissima.com.br A Constituição Federal, através do artigo 205, garante o direito à educação a todos os indivíduos. Quando a constituição se refere ao termo “todos os indivíduos”, subtende-se que não há distinção. No artigo 206 é ressaltada a igualdade de condições para acesso e permanência na escola. Observa-se então que, a constituição garante a todos o direito de a educação sem distinção de raça, sexo, cor, origem ou deficiência. Fica claro que não é permitido nenhum tipo de discriminação ou impedimento da matrícula do indivíduo com deficiência na rede regular de ensino. A Conferência Mundial em Educação Especial, organizada pelo governo da Espanha na cidade de Salamanca, em cooperação com a UNESCO, em 1994, ressalta que o direito de cada criança a educação é proclamado na Declaração Universal de Direitos Humanos e foi fortemente reafirmado pela Declaração Mundial Sobre Educação para Todos. Na Declaração de Salamanca ficou estabelecido que Toda criança tem direito fundamental a educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem” e “toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagens que são únicas. Qualquer pessoa portadora de deficiência tem o direito de expressar seus desejos com relação á sua educação, tanto quanto estes possam ser realizados. Pais possuem o direito inerente de serem consultados sobre a forma de educação mais apropriada às necessidades, circunstâncias e aspirações de suas crianças. (MEC/SEESP, 2006:33) 4 A inclusão requer mais que integração, mas respeito à individualidade de cada um, considerando as necessidades e desejos apresentados pelo indivíduo com deficiência e a opinião da família em relação ao sujeito incluído. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96), o Atendimento Educacional Especializado, Assegurado no artigo 58, § 1º e § 2º, ressalta que: 7§ 1º. Haverá, quando necessário, serviço de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela de Educação Especial. § 2º. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. (LDB 9.394/96). O artigo da LDB assegura o serviço de apoio especializado, ou atendimento educacional especializado, aos indivíduos com deficiência sempre que for necessário para atender as necessidades de cada aluno. Quando não for possível a integração do aluno nas classes comuns de ensino regular, poderá ocorrer o atendimento educacional através do serviço de apoio especializado. A lei Nº 10.845, de 5 de março de 2004, institui o programa de Complementação ao Atendimento Educacional Especializado às pessoas com Deficiência e ressalta no artigo 1º que: Fica instituído, no âmbito do Fundo Nacional de desenvolvimento da Educação – FND, programa de complementação ao Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de deficiências – PAED, em cumprimento do disposto no inciso III do artigo 208 da Constituição, com os seguintes objetivos: I – Garantir a universalização do atendimento especializado de educandos portadores de deficiência cuja situação não permita a integração em classes comuns de ensino regular; II – Garantir, progressivamente, a inserção dos educandos portadores de deficiência nas classes comuns de ensino regular. ” (MEC/SEESP, 2006: 190). 5 Fonte:clmais.com.br A lei citada destaca a necessidade de garantir às crianças com necessidades especiais nas escolas inclusivas, apoio e suporte extra que assegurem uma educação efetiva evitando-se o encaminhamento dessas crianças a escolas, classes ou seções permanentes de Educação Especial, salvo exceções, quando há incapacidade de o aluno frequentar a classe regular de ensino. Há estruturas de ação em Educação Especial, adotadas pela Conferência Mundial em Educação Especial, que se compõe de aspectos que visam à implementação de políticas, recomendações e ações governamentais que visão aspectos de melhoria para a Educação Especial, dentre eles estão incluídos os serviços externos de apoio à Educação Especial. De acordo com a LDB (artigo 58), existe a possibilidade do Atendimento Educacional Especializado, ocorrer fora do ambiente escolar, entretanto, o ensino regular não deve ser substituído, e sim, apoiado através de intervenções que visem o aprendizado e o desenvolvimento do aluno. A importância do apoio ou suporte ao professor que possui em sala de aula um aluno com deficiência é percebida através da dificuldade que o educador apresenta em alfabetizar esse aluno, visto que, normalmente as salas de aula do ensino regular público, onde a inclusão ocorre de forma mais efetiva, normalmente apresentam problemas de superlotação. Tal fato impossibilita o professor de desenvolver com este aluno, um trabalho mais específico que atenda suas reais necessidades. 6 Para crianças com necessidades educacionais especiais uma rede contínua de apoio deveria ser providenciada, com variação desde a ajuda mínima na classe regular até programas adicionais de apoio à aprendizagem dentro da escola e expandindo, conforme necessário, à provisão de assistência dada por professores especializados e pessoal de apoio externo. (MEC/SEESP, 2006:335) 2 O DESPREPARO E O MEDO O despreparo e o medo do desconhecido ainda pairam sobre as salas de aula frente à inclusão. Incluir um aluno na escola regular vai muito além de permitir a frequência e participação do mesmo nas aulas sem dá-lo condições para aprender. A inclusão requer participação ativa no processo de ensino e aprendizagem, socialização e vivência. Para que isto ocorra de forma efetiva é necessário que a escola se organize funcionalmente e estruturalmente para receber este aluno e incluí-lo. O currículo deve ser adaptado às necessidades dos alunos, promovendo oportunidades que se adéquem as habilidades e interesses diferenciado na intenção de promover a inclusão de todos. A Educação Especial deve fazer parte do cotidiano da escola, abrangendo a educação básica e o ensino superior, na intenção de garantir aos alunos que necessitem de apoio especializado e de intervenção pedagógica adequada, uma maior eficiência no processo de ensino e aprendizagem, dentro do contexto no qual está inserido. O movimento nacional para incluir todas as crianças na escola e o ideal de uma escola para todos vêm dando novo rumo às expectativas educacionais para os alunos com necessidades especiais. Esses movimentos evidenciam grande impulso desde a década de 90 no que se refere à colocação de alunos com deficiência na rede regular de ensino e têm avançado aceleradamente em alguns países desenvolvidos, constatando-se que a inclusão bem-sucedida desses educandos requer um sistema educacional diferente do atualmente disponível. 7 Fonte:portal.mec.gov.br Implicam a inserção de todos, sem distinção de condições linguísticas, sensoriais, cognitivas, físicas, emocionais, étnicas, socioeconômicas ou outras e requer sistemas educacionais planejados e organizados que deem conta da diversidade dos alunos e ofereçam respostas adequadas às suas características e necessidades. A inclusão escolar constitui, portanto, uma proposta politicamente correta que representa valores simbólicos importantes, condizentes com a igualdade de direitos e de oportunidades educacionais para todos, em um ambiente educacional favorável. Impõe-se como uma perspectiva a ser pesquisada e experimentada na realidade brasileira, reconhecidamente ampla e diversificada. Ao pensar a implementação imediata do modelo de educação inclusiva nos sistemas educacionais de todo o país (nos estados e municípios), há que se contemplar alguns de seus pressupostos. Que professor o modelo inclusivista prevê? O professor especializado em todos os alunos, inclusive nos que apresentam deficiências? O plano teórico-ideológico da escola inclusiva requer a superação dos obstáculos impostos pelas limitações do sistema regular de ensino. Seu ideário defronta-se com dificuldades operacionais e pragmáticas reais e presentes, como recursos humanos, pedagógicos e físicos ainda não contemplados nesse Brasil afora, mesmo nos grandes centros. Essas condições, a serem plenamente conquistadas em 8 futuro remoto, supõe-se, são exequíveis na atualidade, em condições restritamente específicas de programas-modelos ou experimentais. O que se afigura de maneira mais expressiva ao se pensar na viabilidade do modelo de escola inclusiva para todo o país no momento, é a situação dos recursos humanos, especificamente dos professores das classes regulares, que precisam ser efetivamente capacitados para transformar sua prática educativa. A formação e a capacitação docente impõem-se como meta principal a ser alcançada na concretização do sistema educacional que inclua todos, verdadeiramente. É indiscutível a dificuldade de efetuar mudanças, ainda mais quando implicam novos desafios e inquestionáveis demandas socioculturais. O que se pretende, numa fase de transição onde os avanços são inquietamente almejados, é o enfrentamento desses desafios mantendo-se a continuidade entre as práticas passadas e os presentes, vislumbrando o porvir; é procurar manter o equilíbrio cuidadoso entre o que existe e as mudanças que se propõem. Observe-se a legislação atual. Quando se preconiza, para o aluno com necessidades especiais, o atendimento educacional especializado preferencialmente na rede regular de ensino, evidencia-se uma clara opção pela política de integração no texto da lei, não devendo a integração – seja como política ou como princípio norteador – ser penalizada em decorrência dos erros que têm sido identificados na sua operacionalização nas últimas décadas. O êxito da integração escolar depende, dentre outros fatores, da eficiência no atendimento à diversidade da população estudantil. Como atender a essa diversidade? Sem pretender respostas conclusivas, sugere-se estas, dentre outras medidas: elaborar propostas pedagógicas baseadas na interação com os alunos, desde a concepção dos objetivos; reconhecer todos os tipos de capacidades presentes na escola; sequenciar conteúdos e adequá-los aos diferentes ritmos de aprendizagem dos educandos; adotar metodologias diversas e motivadoras; avaliar os educandos numa abordagem processual e emancipadora, em função do seu progresso e do que poderá vir a conquistar. 9 Fonte: portals1.com.br Alguns educadores defendem que uma escola não precisa preparar-se para garantir a inclusão de alunos com necessidades especiais, mas tornar-se preparada como resultado do ingresso desses alunos. Indicam, portanto, a colocação imediata de todos na escola. Entendem que o processo de inclusão é gradual, interativo e culturalmente determinado, requerendo a participação do próprio aluno na construção do ambiente escolar que lhe seja favorável. Embora os sistemas educacionais tenham a intenção de realizar intervenções pedagógicas que propiciem às pessoas com necessidades especiais uma melhor educação, sabe-se que a própria sociedade ainda não alcançou níveis de integração que favoreçam essa expectativa. Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada, devendo firmar a convivência no contexto da diversidade humana, bem como aceitar e valorizar a contribuição de cada um conforme suas condições pessoais. A educação tem se destacado como um meio privilegiado de favorecer o processo de inclusão social dos cidadãos, tendo como mediadora uma escola realmente para todos, como instância sociocultural. 10 3 A PRÁTICA ESCOLAR A prática escolar tem evidenciado o que pesquisas científicas vêm comprovando: os sistemas educacionais experimentam dificuldades para integrar o aluno com necessidades especiais. Revelam os efeitos dificultadores de diversos fatores de natureza familiar, institucionais e socioculturais. A maioria dos sistemas educacionais ainda se baseiam na concepção médico- psicopedagógico quanto à identificação e ao atendimento de alunos com necessidades especiais. Focaliza a deficiência como condição individual e minimiza a importância do fator social na origem e manutenção do estigma que cerca essa população específica. Essa visão está na base de expectativas massificadas de desempenho escolar dos alunos, sem flexibilidade curricular que contemple as diferenças individuais. Outras análises levam à constatação de que a própria escola regular tem dificultado, para os alunos com necessidades especiais, as situações educacionais comuns propostas para os demais alunos. Direcionam a prática pedagógica para alternativas exclusivamente especializadas, ou seja, para alunos com necessidades especiais, a resposta educacional adequada consiste em serviços e recursos especializados. Tais circunstâncias apontam para a necessidade de uma escola transformada. Requerem a mudança de sua visão atual. A educação eficaz supõe um projeto pedagógico que enseje o acesso e a permanência – com êxito – do aluno no ambiente escolar; que assume a diversidade dos educandos, de modo a contemplar as suas necessidades e potencialidades. A forma convencional da prática pedagógica e do exercício da ação docente é questionada, requerendo-se o aprimoramento permanente do contexto educacional. Nessa perspectiva é que a escola virá a cumprir o seu papel, viabilizando as finalidades da educação. 11 Fonte:gestaoescolar.org.br Em uma dimensão globalizada da escola e no bojo do seu projeto pedagógico, a gestão escolar, os currículos, os conselhos escolares, a parceria com a comunidadeescolar e local, dentre outros, precisam ser revistos e redimensionados, para fazer frente ao contexto da educação para todos. A lei nº 9.394 – de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – respalda, enseja e oferece elementos para a transformação requerida pela escola de modo que atenda aos princípios democráticos que a orientam. 4 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL A Educação Especial tem sido atualmente definida no Brasil segundo uma perspectiva mais ampla, que ultrapassa a simples concepção de atendimentos especializados tal como vinha sendo a sua marca nos últimos tempos. Conforme define a nova LDB, trata-se de uma modalidade de educação escolar, voltada para a formação do indivíduo, com vistas ao exercício da cidadania. Como elemento integrante e indistinto do sistema educacional, realiza-se transversalmente, em todos os níveis de ensino, nas instituições escolares, cujo projeto, organização e prática pedagógica devem respeitar a diversidade dos alunos, a exigir diferenciações nos atos pedagógicos que contemplem as necessidades educacionais de todos. 12 Os serviços educacionais especiais, embora diferenciados, não podem desenvolver-se isoladamente, mas devem fazer parte de uma estratégia global de educação e visar suas finalidades gerais. Os Parâmetros Curriculares Nacionais preconizam a atenção à diversidade da comunidade escolar e baseiam-se no pressuposto de que a realização de adaptações curriculares pode atender a necessidades particulares de aprendizagem dos alunos. Consideram que a atenção à diversidade deve se concretizar em medidas que levam em conta não só as capacidades intelectuais e os conhecimentos dos alunos, mas, também, seus interesses e motivações. A atenção à diversidade está focalizada no direito de acesso à escola e visa à melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem para todos, irrestritamente, bem como as perspectivas de desenvolvimento e socialização. A escola, nessa perspectiva, busca consolidar o respeito às diferenças, conquanto não elogie a desigualdade. As diferenças vistas não como obstáculos para o cumprimento da ação educativa, mas, podendo e devendo ser fatores de enriquecimento. A diversidade existente na comunidade escolar contempla uma ampla dimensão de características. Necessidades educacionais podem ser identificadas em diversas situações representativas de dificuldades de aprendizagem, como decorrência de condições individuais, econômicas ou socioculturais dos alunos: • Crianças com condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais e sensoriais diferenciadas; • Crianças com deficiência e bem-dotadas; • Crianças trabalhadoras ou que vivem nas ruas; • Crianças de populações distantes ou nômades; • Crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais; • Crianças de grupos desfavorecidos ou marginalizados. A expressão necessidades educacionais especiais podem ser utilizadas para referir-se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de suas dificuldades para aprender. 13 Fonte:observatoriodorecife.org.br Está associada, portanto, a dificuldades de aprendizagem, não necessariamente vinculada a deficiências. O termo surgiu para evitar os efeitos negativos de expressões utilizadas no contexto educacional – deficientes, excepcionais, subnormais, superdotados, infradotados, incapacitados etc. – para referir-se aos alunos com altas habilidades/superdotação, aos portadores de deficiências cognitivas, físicas, psíquicas e sensoriais. Tem o propósito de deslocar o foco do aluno e direcioná-lo para as respostas educacionais que eles requerem, evitando enfatizar os seus atributos ou condições pessoais que podem interferir na sua aprendizagem e escolarização. É uma forma de reconhecer que muitos alunos, sejam ou não portadores de deficiências ou de superdotação, apresentam necessidades educacionais que passam a ser especiais quando exigem respostas específicas adequadas. O que se pretende resgatar com essa expressão é o seu caráter de funcionalidade, ou seja, o que qualquer aluno pode requerer do sistema educativo quando frequenta a escola. Isso requer uma análise que busque verificar o que ocorre quando se transforma as necessidades especiais de uma criança numa criança com necessidades especiais. Com frequência, necessitar de atenção especial na escola pode repercutir no risco de tornar-se um portador de necessidades especiais. Não se trata de mero jogo de palavras ou de conceitos. 14 5 NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS Falar em necessidades educacionais especiais, portanto, deixa de ser pensar nas dificuldades específicas dos alunos e passa a significar o que a escola pode fazer para dar respostas às suas necessidades, de um modo geral, bem como aos que apresentam necessidades específicas muito diferentes dos demais. Considera os alunos, de um modo geral, como passíveis de necessitar, mesmo que temporariamente, de atenção específica e poder requerer um tratamento diversificado dentro do mesmo currículo. Não se nega o risco da discriminação, do preconceito e dos efeitos adversos que podem decorrer dessa atenção especial. Em situação extrema, a diferença pode conduzir à exclusão. Por culpa da diversidade ou de nossa dificuldade em lidar com ela? Nesse contexto, a ajuda pedagógica e os serviços educacionais, mesmo os especializados – quando necessários – não devem restringir ou prejudicar os trabalhos que os alunos com necessidades especiais compartilham na sala de aula com os demais colegas. Respeitar a atenção à diversidade e manter a ação pedagógica “normal” parece ser um desafio presente na integração dos alunos com maiores ou menos acentuadas dificuldades para aprender. Embora as necessidades especiais na escola sejam amplas e diversificadas, a atual Política Nacional de Educação Especial aponta para uma definição de prioridades no que se refere ao atendimento especializado a ser oferecido na escola para quem dele necessitar. Nessa perspectiva, define como aluno portador de necessidades especiais aquele que “... por apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, requer recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas. ” A classificação desses alunos, para efeito de prioridade no atendimento educacional especializado (preferencialmente na rede regular de ensino), consta da referida Política e dá ênfase a: • portadores de deficiência mental, visual, auditiva, física e múltipla; • portadores de condutas típicas (problemas de conduta); • portadores de Superdotação. 15 Fonte:s2.glbimg.com A educação especial pode ser oferecida em instituições públicas ou particulares. As políticas recentes de educação especial têm indicado as seguintes situações para a organização do atendimento: • Integração plena na rede regular de ensino, com ou sem apoio em sala de recursos. • Classe especial em escola regular. Pelas dificuldades de integração dos alunos em salas de ensino regular, algumas escolas optam pela organização de salas de aula exclusivas ao atendimento de alunos com necessidades especiais. • Escola especializada, destinada a atender os casos em que a educação integrada não se apresenta como viável, seja pelas condições do aluno, seja pelas do sistema de ensino. 6 A INTEGRAÇÃO DOS PORTADORES DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS NO SISTEMA A integração dos portadores de necessidades educativas especiais no sistema de ensino regular é uma diretriz constitucional (art. 208, III), fazendo parte da política governamental há pelo menos uma década. 16 Fonte:fireflyfriends.com Mas, apesar desse relativamente longo período, tal diretriz ainda não produziu a mudança necessária na realidade escolar, de sorte que todas as crianças,jovens e adultos com necessidades especiais sejam atendidos em escolas regulares, sempre que for recomendado pela avaliação e suas condições pessoais. A concepção da política de integração da educação especial na rede regular de ensino abrange duas vertentes fundamentais: O âmbito social, a partir do reconhecimento das crianças, jovens e adultos especiais como cidadãos e de seu direito de estarem integrados à sociedade o mais plenamente possível; O âmbito educacional, tanto nos aspectos administrativos (adequação do espaço escolar, de seus equipamentos e materiais pedagógicos) quanto na qualificação dos professores e demais profissionais envolvidos. O ambiente escolar como um todo deve ser sensibilizado para uma perfeita integração. Propõe-se uma escola integradora, inclusiva, aberta à diversidade dos alunos, no que a participação da comunidade é fator essencial. Entre outras características dessa política, são importantes a flexibilidade e a diversidade, quer porque o aspecto das necessidades especiais é variado, quer porque as realidades são bastante diversificadas no país. Quanto às escolas especiais, a política de inclusão as reorienta para prestarem apoio aos programas de integração. 17 Enquanto modalidade de ensino, a educação especial deve seguir os mesmos requisitos curriculares dos respectivos níveis de ensino aos quais está associada. No entanto, de modo a considerar as especificidades dessa modalidade de ensino e auxiliar no processo de adaptação à nova política de integração, os sistemas de ensino contam atualmente com o documento Adaptações curriculares. Esse documento define estratégias para a educação de alunos com necessidades educativas especiais e orienta os sistemas de ensino para o processo de construção da educação na diversidade. Os currículos devem ter uma base nacional comum, conforme determinam os arts. 26 e 27 da LDBEN, a ser suplementada e complementada por uma parte diversificada, exigida, inclusive, pelas características dos alunos. Em casos muito singulares, em que o educando com graves comprometimentos mentais e/ou múltiplos não puder beneficiar-se de um currículo que inclua formalmente a base nacional comum, deverá ser proposto um currículo especial para atender suas necessidades, com características amplas apresentadas pelo aluno. O currículo especial – tanto na educação infantil como nas séries iniciais do ensino fundamental – distingue-se pelo caráter funcional e pragmático das atividades previstas. Alunos com grave deficiência mental ou múltipla têm, na grande maioria das vezes, um longo percurso educacional sem apresentar resultados de escolarização previstos no Inciso I do art. 32 da LDBEN: «o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo». Nesse caso, e esgotadas todas as possibilidades apontadas no art. 24 da LDBEN, deve ser dada, a esses alunos, uma certificação de conclusão de escolaridade, denominada «terminalidade específica». Terminalidade específica, portanto, é «uma certificação de conclusão de escolaridade, com histórico escolar que apresenta, de forma descritiva, as habilidades atingidas pelos educandos cujas necessidades especiais, oriundas de grave deficiência mental ou múltipla, não lhes permitem atingir o nível de conhecimento exigido para a conclusão do ensino fundamental, respeitada a legislação existente, esgotadas as possibilidades 18 pontuadas no art. 24 da Lei n.º 9.394/96 e de acordo com o regimento e a proposta pedagógica da escola». Fonte:nutrifilhos.com A referida certificação de escolaridade deve possibilitar novas alternativas educacionais, tais como o encaminhamento para cursos de educação de jovens e adultos e de preparação para o trabalho, cursos profissionalizantes e encaminhamento para o mercado de trabalho competitivo ou não. A educação especial para o trabalho é uma alternativa que visa à integração do aluno com deficiência na vida em sociedade, a partir de ofertas de formação profissional. Efetiva-se por meio de adequação dos programas de preparação para o trabalho, de educação profissional, de forma a viabilizar o acesso das pessoas com necessidades educacionais especiais em cursos de nível básico, técnico e tecnológico, possibilitando o acesso ao mercado formal ou informal. As adequações efetivam-se por meio de: • Adaptação dos recursos instrucionais: material pedagógico, equipamento, currículo e outros. • Capacitação de recursos humanos: professores, instrutores e profissionais especializados. • Eliminação de barreiras arquitetônicas. 19 A educação especial para o trabalho pode ser realizada em escolas especiais, governamentais ou não, em oficinas pré-profissionais ou oficinas profissionalizantes (de forma protegida ou não), em escolas profissionais do sistema S (SESI, SENAI, SENAC, etc.), em escolas agro técnicas e técnicas federais ou em centros federais de educação tecnológica e em outras congêneres. Os arts. 3º e 4º do Decreto n.º 2.208/97 contemplam a inclusão de alunos em cursos de educação profissional de nível básico, independentemente de escolaridade prévia, além dos cursos de nível técnico e tecnológico. Assim, alunos com necessidades especiais também podem, com essa condição, beneficiar-se desses cursos, qualificando-se para o exercício de funções demandadas pelo mundo do trabalho. A educação para o trabalho oferecida aos alunos com necessidades especiais que não apresentarem condições de se integrar aos cursos profissionalizantes acima mencionados deve ser realizada em oficinas profissionalizantes protegidas, com vista à inserção não-competitiva no mundo do trabalho. Sendo a educação especial uma modalidade de ensino que perpassa os diversos níveis de ensino, o nível de formação exigido equivale aos requisitos para atuação nos respectivos níveis de ensino aos quais está associada. Sendo assim, para atuação na educação infantil e no primeiro segmento do ensino fundamental, exige-se formação mínima em nível médio, na modalidade Normal. Para atuação no segundo segmento do ensino fundamental e no ensino médio, exige-se formação em nível superior. A partir de 2007, a formação mínima exigida para atuação nos respectivos níveis de ensino e, portanto, na modalidade de educação especial será a licenciatura plena, obtida em nível superior. O Ministério da Educação, através da Secretaria de Educação Especial, também desenvolve o Programa Nacional de Capacitação de Recursos Humanos, dirigido aos profissionais que atuam no ensino regular. 20 Fonte:celsoantunes.com.br O Programa prevê atendimento gradual dos municípios brasileiros, utilizando- se de recursos da educação à distância, de modo a possibilitar maior oferta de atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais. O conhecimento da realidade da educação especial no país é ainda bastante precário, porque não se dispõe de estatísticas completas nem sobre o número de pessoas com necessidades especiais nem sobre o atendimento. Somente a partir do ano 2000, o Censo Demográfico passou a oferecer dados mais precisos, permitindo análises mais profundas da realidade. A Organização Mundial de Saúde estima que em torno de 10% da população de um país têm necessidades especiais de diversas ordens: visuais, auditivas, físicas, mentais, múltiplas, distúrbios de conduta e, também, superdotação ou altas habilidades. Se essa estimativa se aplicar ao Brasil, estima-se a existência de cerca de 15 milhões de pessoas nessa condição. A informação mais recente de que se dispõe, em âmbito nacional, foi obtida pelo Censo Demográfico de 1991, que investigou a existência de pessoas portadoras de cegueira, surdez, paralisia, falta de membros ou parte deles e deficiência mental, em uma amostracom aproximadamente 10% dos domicílios do país. Apuradas as respostas, a parcela de pessoas portadoras de deficiência foi calculada em 1,5% da população brasileira, bem inferior, portanto, às estimativas dos organismos internacionais de saúde. 21 De qualquer forma, o atendimento nos estabelecimentos escolares mostra-se muito inferior ao necessário. Em 1999, havia cerca de 311 mil alunos matriculados, distribuídos da seguinte forma: 53,8% deficientes mentais; 12,6% com deficiências múltiplas; 12,6% com deficiência auditiva; 4,9% com deficiência física; 4,6% com deficiência visual; 2,7% com problemas de condutas típicas. Apenas 0,4% com altas habilidades/superdotados e 8,5% com outro tipo de deficiência. 7 O MOVIMENTO INCLUSIVO Assim como o movimento inclusivo exige mudanças estruturais para as escolas comuns e especiais, ele também propõe que haja uma articulação entre os diferentes profissionais envolvidos neste processo. O diálogo entre diversos profissionais é necessário para o aprofundamento e melhor desempenho, seja do aluno, do professor ou do especialista. No entanto, o diálogo só acontece quando as partes que se respeitam mutuamente e não assumem uma posição de superioridade de conhecimento e de dominação sobre o outro. Desta forma, para que cada espaço se organize e cumpra com o que se propõe, sem ocupar ou se sobrepor ao trabalho do outro, faz-se necessário destacar: • Escola (sala comum): Espaço educacional responsável pela saída da vida particular e Familiar para o domínio público tem função social reguladora e formativa para os alunos. A escola cabe ensinar a compartilhar o saber, introduzir o aluno no mundo social, cultural e cientifico, ou seja, cabe a escola socializar o saber universal. 22 Fonte:tatianebaptista.blogspot.com.br • Atendimento Educacional Especializado: Tem por objetivo ampliar o ponto de partida e de chegada do aluno em relação ao seu conhecimento. Não se atém a solucionar os obstáculos da deficiência, mas criar outras formas de interação, de acessar o conhecimento particular e pessoal. É de caráter educacional, mas ao contrário da escola que trabalha o saber universal, o AEE trabalha com o saber particular do aluno, aquilo que traz de casa, de suas convicções visando propiciar uma relação com o saber diferente do que possui ampliar sua autonomia pessoal, garantir outras formas de acesso ao conhecimento (como por exemplo, através do BRAILLE, LIBRAS, uso de tecnologia, uso de diferentes estratégias de pensamento, etc.) • Atendimento Clínico: Preocupam-se com os sintomas específicos, as patologias apresentadas em cada área, que são trabalhados de maneira a superar ou reabilitar o indivíduo nas manifestações que ocorrem. Exemplo: o fonoaudiólogo trabalhará com a dificuldade de linguagem expressiva ou receptiva, melhorando a condição da pessoa neste aspecto, o fisioterapeuta buscará, por exemplo, melhorar os movimentos perdidos, etc. Sabemos que a pessoa é um ser indivisível, em que cada uma de suas partes interage com a outra, influenciando e determinando a condição do seu funcionamento e crescimento como pessoa. Como exemplo, podemos citar o atendimento educacional especializado, que na construção do conhecimento toca em questões subjetivas para o aluno, o que 23 fatalmente acarretará consequências no seu desenvolvimento global e consequentemente na resposta ao atendimento clínico. Se uma instituição especializada mantém o atendimento educacional e clínico, esses especialistas devem interagir, embora cada um mantenha os limites de suas especificidades. E mesmo naquelas escolas especiais e comuns que não têm o propósito de desenvolver o atendimento clínico, o diálogo com os especialistas é fundamental. E que esta interação não se estabeleça para encerrar as possibilidades do aluno em um diagnóstico que contempla apenas as deficiências, mas para descobrir saídas conjuntas de atuação em cada caso. Todos esses três saberes: o clínico, o escolar e o especializado devem fazer suas diferentes ações convergir para um mesmo objetivo, o desenvolvimento das pessoas com deficiência. O atendimento educacional especializado foi criado para dar um suporte para os alunos deficientes para facilitar o acesso ao currículo. De acordo com o Decreto nº 6571, de 17 de setembro de 2008: Art. 1o A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma deste Decreto, com a finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular. § 1º Considera-se atendimento educacional especializado o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular. § 2o O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas. 24 Fonte: celsoantunes.com.br 8 O AEE – ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO O AEE é um serviço da Educação Especial que identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas. Ele deve ser articulado com a proposta da escola regular, embora suas atividades se diferenciem das realizadas em salas de aula de ensino comum. (MEC, 2009). Deve ser realizado no período inverso ao da classe frequentada pelo aluno e preferencialmente, na própria escola. Há ainda a possibilidade de esse atendimento acontecer em uma escola próxima. Nas escolas de ensino regular o AEE deve acontecer em salas de recursos multifuncionais que é um espaço organizado com materiais didáticos, pedagógicos, equipamentos e profissionais com formação para o atendimento às necessidades educacionais especiais, projetadas para oferecer suporte necessário a estes alunos, favorecendo seu acesso ao conhecimento. (MEC, 2007). O atendimento educacional especializado é muito importante para os avanços na aprendizagem do aluno com deficiências na sala de ensino regular. 25 Fonte:vilavelha.es.gov.br Os professores destas salas devem atuar de forma colaborativa com o professor da classe comum para a definição de estratégias pedagógicas que favoreçam o acesso ao aluno ao currículo e a sua interação no grupo, entre outras ações que promovam a educação inclusiva. Quanto mais o AEE acontecer nas escolas regulares nas que os alunos com deficiências estejam matriculados mais trará benefícios para esses, o que contribuirá para a inclusão, evitando atos discriminatórios. O objetivo do AEE é Complementar ou suplementar a formação do estudante por meio da disponibilização de serviços, recursos de acessibilidade e estratégias que eliminem as barreiras para sua plena participação na sociedade e desenvolvimento de sua aprendizagem. É um serviço da Educação Especial. Ele não realiza aulas, mas atendimentos planejados, orientados e avaliados por um professor de Educação Especial. O AEE se difere do Apoio Pedagógico. Seus conteúdos são: Educação Cognitiva, Comunicação Suplementar e/ou Alternativa, Língua Brasileira de Sinais/Libras, ensino da Língua Portuguesa escrita aos alunos com perda auditiva, orientação e mobilidade, Braille, diferentes Tecnologias Assistivas etc. O Atendimento Educacional Especializado/AEE atua como um complemento e/ou suplemento durante o processo de formação acadêmica de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades e 26 superdotação. Ele deve ser realizadonas Salas de Recursos Multifuncionais das escolas comuns podendo também ser oferecido por instituições especializadas. Seu objetivo é criar condições para que o aluno acesse os conhecimentos, conteúdos e informações que são compartilhados e produzidos nas salas do ensino comum. Ao AEE não cabe o ensino de conteúdos escolares. Um aluno com deficiência pode se beneficiar das atividades realizadas nos Grupos de Apoio Pedagógico de uma escola e do Atendimento Educacional Especializado/AEE. Os serviços que a ele serão oferecidos devem ser definidos durante a realização de um estudo de caso. O mais importante é que não criemos espaços separados apenas para pessoas com deficiência, a fim de que conteúdos escolares sejam ensinados. Tampouco descaracterizemos o Atendimento Educacional Especializado/AEE ministrando aulas e trabalhando com conteúdo de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências e outras disciplinas curriculares. Gestores, professores, familiares e diferentes profissionais devem conhecer os propósitos do AEE para que possam identificá-los e adequá-los sempre que necessário. 8.1 Como trabalhar em parceria com o AEE? Para fazer a inclusão de alunos com deficiência, conte com um parceiro importante: o educador responsável pelo atendimento educacional especializado (AEE) Os alunos com deficiência têm muito a ganhar com a parceria entre professor da sala regular e o docente responsável pelo atendimento educacional especializado (AEE). Este profissional trabalha nas salas de recurso, ambientes adaptados para receber estudantes com uma ou mais deficiências durante o contra turno. O objetivo do AEE é preparar os alunos para desenvolver habilidades e utilizar instrumentos de apoio que facilitem seu desenvolvimento. 27 Fonte: 3.bp.blogspot.com Por exemplo: crianças surdas estudam o alfabeto em Libras com o professor do atendimento educacional especializado para aproveitar melhor o intérprete em sala; cegos aprendem o braile; deficientes intelectuais usam jogos pedagógicos complementares ao aprendizado; quem tem paralisia cerebral descobre como usar pranchetas com figuras para se comunicar etc. O AEE não pode ser confundido com aulas de reforço ou recuperação paralela. Ele serve para ajudar o aluno a adquirir habilidades que são essenciais para garantir o bom desempenho nas aulas regulares. Para firmar uma boa parceria com o profissional do AEE é preciso fazer um planejamento conjunto para cada aluno, discriminando quais as atividades serão desenvolvidas e o tempo estimado. A partir deste momento, e ao longo de todo o ano letivo, o contato entre os educadores é permanente. Se você trabalha na sala regular e percebe que há pouca ou nenhuma evolução, deve informar quem está na sala de recursos, para que o plano seja modificado. Outra atitude fundamental é transmitir o conteúdo das aulas regulares com antecedência. Se a sua escola não possui uma sala de recursos, converse com a coordenação e a direção. A solicitação deve ser feita via Secretaria de Educação ao Ministério da Educação, que mantém o Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais. http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=826&catid=192%3Aseesp-esducacao-especial&id=14187%3Aprograma-de-implantacao-de-salas-de-recursos-multifuncionais-2008&option=com_content&view=article http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=826&catid=192%3Aseesp-esducacao-especial&id=14187%3Aprograma-de-implantacao-de-salas-de-recursos-multifuncionais-2008&option=com_content&view=article 28 8.2 Institucionalização do AEE no Projeto Político Pedagógico Conforme dispõe a Resolução CNE/CEB nº 4/2009, art. 10º, o Projeto Político Pedagógico - PPP da escola de ensino regular deve institucionalizar a oferta do AEE, prevendo na sua organização: I - Sala de recursos multifuncionais: espaço físico, mobiliários, materiais didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade e equipamentos específicos; II - Matrícula no AEE de estudantes matriculados no ensino regular da própria escola ou de outra escola; III - Cronograma de atendimento aos estudantes; IV - Plano do AEE: identificação das necessidades educacionais específicas dos estudantes, definição dos recursos necessários e das atividades a serem desenvolvidas; V - Professores para o exercício do AEE; VI - Outros profissionais da educação: tradutor intérprete de Língua Brasileira de Sinais, guia-intérprete e outros que atuem no apoio, principalmente nas atividades de alimentação, higiene e locomoção; VII - Redes de apoio no âmbito da atuação profissional, da formação, do desenvolvimento da pesquisa, do acesso a recursos, serviços e equipamentos, entre outros que maximizem o AEE. Para fins de planejamento, acompanhamento e avaliação dos recursos e estratégias pedagógicas e de acessibilidade, utilizadas no processo de escolarização, a escola institui a oferta do atendimento educacional especializado, contemplando na elaboração do PPP (Anexo I), aspectos do seu funcionamento, tais como: • Carga horária para os estudantes do AEE, individual ou em pequenos grupos, de acordo com as necessidades educacionais específicas; • Espaço físico com condições de acessibilidade e materiais pedagógicos para as atividades do AEE; 29 Fonte:1.bp.blogspot.com • Professores com formação para atuação nas salas de recursos multifuncionais; • Profissionais de apoio às atividades da vida diária e para a acessibilidade nas comunicações e informações, quando necessário; • Articulação entre os professores da educação especial e do ensino regular e a formação continuada de toda a equipe escolar; • Participação das famílias e interface com os demais serviços públicos de saúde, assistência, entre outros necessários; • Oferta de vagas no AEE para estudantes matriculados no ensino regular da própria escola e de outras escolas da rede pública, conforme demanda; • Registro anual no Censo Escolar MEC/INEP das matrículas no AEE. 8.3 Professor do Atendimento Educacional Especializado – AEE Conforme Resolução CNE/CEB n.4/2009, art. 12, para atuar no atendimento educacional especializado, o professor deve ter formação inicial que o habilite para exercício da docência e formação continuada na educação especial. O professor do AEE tem como função realizar esse atendimento de forma complementar ou suplementar à escolarização, considerando as habilidades e as 30 necessidades educacionais específicas dos estudantes público alvo da educação especial. As atribuições do professor de AEE contemplam: • Elaboração, execução e avaliação do plano de AEE do estudante; • Definição do cronograma e das atividades do atendimento do estudante; • Organização de estratégias pedagógicas e identificação e produção de recursos acessíveis; • Ensino e desenvolvimento das atividades próprias do AEE, tais como: Libras, Braille, orientação e mobilidade, Língua Portuguesa para alunos surdos; informática acessível; Comunicação Alternativa e Aumentativa - CAA, atividades de desenvolvimento das habilidades mentais superiores e atividades de enriquecimento curricular; • Acompanhamento da funcionalidade e usabilidade dos recursos de tecnologia assistiva na sala de aula comum e demais ambientes escolares; • Articulação com os professores das classes comuns, nas diferentes etapas e modalidades de ensino; • Orientação aos professores do ensino regular e às famílias sobre a aplicabilidade e funcionalidade dos recursos utilizados pelo estudante; • Interface com as áreas da saúde, assistência, trabalho e outras. 8.4 Estudantes Público Alvo do AEE A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem como objetivos, a oferta do atendimento educacional especializado, a formação dos professores, a participação da família e da comunidade e a articulação intersetorialdas políticas públicas, para a garantia do acesso dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, no ensino regular. Os estudantes público-alvo do AEE são definidos da seguinte forma: 31 Fonte:cidade24.com.br • Estudantes com deficiência - aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, mental ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem ter obstruída sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade; • Estudantes com transtornos globais do desenvolvimento - aqueles que apresentam quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação e/ou estereotipias motoras. Fazem parte dessa definição estudantes com autismo infantil, síndrome de Asperger, síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância; • Estudantes com altas habilidades ou superdotação - aqueles que apresentam potencial elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotora, artes e criatividade. 8.5 Objetivos e Ações do Programa Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais O Programa Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais, instituído pelo MEC/SECADI por meio da Portaria Ministerial nº 13/2007, integra o Plano de 32 Desenvolvimento da Educação – PDE e o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver sem Limite. No contexto da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, o Programa objetiva: • Apoiar a organização da educação especial na perspectiva da educação inclusiva; • Assegurar o pleno acesso dos estudantes público alvo da educação especial no ensino regular em igualdade de condições com os demais estudantes; • Disponibilizar recursos pedagógicos e de acessibilidade às escolas regulares da rede pública de ensino; • Promover o desenvolvimento profissional e a participação da comunidade escolar. Para atingir tais objetivos, o MEC/SECADI realiza as seguintes ações: • Aquisição dos recursos que compõem as salas; • Informação sobre a disponibilização das salas e critérios adotados; • Monitoramento da entrega e instalação dos itens às escolas; • Orientação aos sistemas de ensino para a organização e oferta do AEE; • Cadastro das escolas com sala de recursos multifuncionais implantadas; • Promoção da formação continuada de professores para atuação no AEE; • Publicação dos termos de Doação; • Atualização das salas de recursos multifuncionais implantadas pelo Programa; • Apoio financeiro, por meio do PDDE Escola Acessível, para adequação arquitetônica, tendo em vista a promoção de acessibilidade nas escolas, com salas implantadas. 8.6 Critérios para a Implantação das Salas de Recursos Multifuncionais Aos gestores dos sistemas de ensino cabe definir quanto à implantação das salas de recursos multifuncionais, o planejamento da oferta do AEE e a indicação das escolas a serem contempladas, conforme as demandas da rede, atendendo os seguintes critérios do Programa: 33 Fonte: agencia.sorocaba.sp.gov.br • A secretaria de educação a qual se vincula a escola deve ter elaborado o Plano de Ações Articuladas – PAR, registrando as demandas do sistema de ensino com base no diagnóstico da realidade educacional; • A escola indicada deve ser da rede pública de ensino regular, conforme registro no Censo Escolar MEC/INEP (escola comum); • A escola indicada deve ter matrícula de estudante(s) público alvo da educação especial em classe comum, registrada(s) no Censo Escolar MEC/INEP; • A escola de ensino regular deve ter matrícula de estudante(s) cego(s) em classe comum, registrada(s) no Censo Escolar MEC/INEP, para receber equipamentos específicos para atendimento educacional especializado a tais estudantes; • A escola deve disponibilizar espaço físico para a instalação dos equipamentos e mobiliários e o sistema de ensino deve disponibilizar professor para atuação no AEE. 8.7 Adesão, Cadastro e Indicação das Escolas A Secretaria de Educação efetua a adesão, o cadastro e a indicação das escolas a serem contempladas pelo Programa, por meio do Sistema de Gestão Tecnológica do Ministério da Educação – SIGETEC, conforme orientações disponíveis no Anexo II. 34 Ao aderir ao Programa, as secretarias de educação devem: • Informar às escolas sobre a adesão ao Programa Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais; • Monitorar a entrega e instalação dos recursos nas escolas; • Orientar as escolas, quanto à implantação das salas de recursos multifuncionais e à institucionalização da oferta do AEE no PPP; • Acompanhar a organização e oferta do atendimento educacional especializado pela escola; • Validar as informações de matrícula dos estudantes público alvo da educação especial, junto ao Censo Escolar MEC/INEP; • Promover a assistência técnica, a manutenção e a segurança dos recursos disponibilizados; • Apoiar a participação dos professores nos cursos de formação continuada para o AEE; • Regularizar o patrimônio, após a publicação do termo de Doação pelo MEC/SECADI. 8.8 Funcionamento das Salas de Recursos Multifuncionais As salas de recursos multifuncionais devem manter seu efetivo funcionamento, com oferta do atendimento educacional especializado – AEE, aos estudantes público alvo da educação especial, matriculados em classes comuns do ensino regular, devidamente registrados no Censo Escolar MEC/INEP. Com base nos dados do Censo Escolar, o MEC/SECADI faz o planejamento de expansão do Programa, bem como de novas ações a serem disponibilizadas às escolas com salas de recursos multifuncionais, em efetivo funcionamento, tais como: • Atualização das salas de recursos multifuncionais implantadas em escolas, que continuam apresentando matrículas de estudantes público alvo da educação especial; 35 Fonte: oregionalpr.com.br • Apoio Complementar do Programa Escola Acessível e do Programa de Formação Continuada de Professores na Educação Especial. • Visita Técnica para verificação do funcionamento da sala de recursos multifuncionais, realizada por técnico do MEC/SECADI. • Informativos: encaminhamento da Revista Inclusão e outras publicações pedagógicas do MEC/SECADI. As informações sobre o funcionamento das salas de recursos multifuncionais e suas respectivas escolas são imprescindíveis para fins da efetivação dos procedimentos de doação dos recursos, para o recebimento de outras ações de apoio complementar às escolas contempladas pelo Programa, bem como para a realização dos procedimentos de avaliação. Essas informações devem ser enviadas ao MEC/SECADI, por meio de ofício do Secretário de Educação, comunicando sobre: • Mudança de endereço ou de denominação da escola, informando os dados novos; • Troca da sala para outra escola da rede de ensino, devidamente justificada e de acordo com os critérios do Programa; • Destruição dos recursos por calamidade pública, com documento declaratório e relação dos itens danificados em anexo; 36 • Eventual furto de algum de seus itens, com Boletim de Ocorrência (BO) em anexo. Todas as salas de recursos multifuncionais deverão manter atualizado seu registro de funcionamento no Censo Escolar, bem como preencher formulários enviados pelo MEC/SECADI para atualização de cadastro, que se faz necessário para: • Envio de materiais pedagógicos para formação continuada dos professores do AEE e demais correspondências do Programa; • Informações relativas à realização de cursos de formação docente; • Estabelecimento de redes de colaboração entre professores e escolas com salas de recursos multifuncionais; • Acompanhamento e avaliação do Programa; •Recebimento de itens relativos à atualização das salas; • Participação em programas e ações de apoio complementar. Outras informações sobre o Programa Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais poderão ser obtidas pelo e-mail srm@mec.gov.br. mailto:srm@mec.gov.br 37 9 BIBLIOGRAFIA BRASIL, Presidência da República. Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Diário Oficial da união, 11 de agosto de 1971. CARVALHO, R. E. Temas em educação especial. Rio de Janeiro: WVA, 1998. CARVALHO, R. A nova LDB e a Educação Especial. Rio de Janeiro: WVA, 1997. CORREIA, Luís de Miranda. Alunos com Necessidades Educativas Especiais nas classes regulares: Porto Editora, 1997. CUNHA, B. Classes de Educação Especial para Deficiente Mental? São Paulo: IPUSP, 1989. (Dissertação de Mestrado). EDLER-CARVALHO, R. Avaliação e atendimento em educação especial. Temas em educação especial. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, v. 02, 1993, p. 65-74. FERREIRA, J. R. A construção escolar da deficiência mental. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas/SP, 1989. ________. Notas sobre a evolução dos serviços de educação especial no Brasil. Revista Brasileira de Educação Especial. V. 01, 1992. p. 101-107. JANNUZZI, G. A luta pela educação do deficiente mental no Brasil. Campinas/SP: Editores Associados, 1992. KIRK, S. A.; GALLAGHER, J. J. 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Rio de Janeiro: Vozes, 1998. 39 10 ARTIGO PARA REFLEXÃO DISPONÍVEL EM: http://elianepedagogia2012.blogspot.com.br/ AUTORA: CAMILA MARTINS VIANA SOARES DATA DE ACESSO: 10/05/2016 A CRIANÇA PORTADORA DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS E A SUA INCLUSÃO NA ESCOLA REGULAR CAMILA MARTINS VIANA SOARES RESUMO Este trabalho aborda o tema portadores de necessidades educacionais especiais e como a escola regular está recebendo estes alunos. Organizou-se o trabalho de modo a fornecer subsídios para que os professores possam compreender quanto é importante considerar a individualidade do educando, atendendo às suas necessidades. A educação é um direito de todos, mas sabe-se que ainda são muitas as pessoas que não têm acesso à escola por apresentar alguma deficiência e, muitas vezes por imposição da própria família, ficam segregadas, fora do âmbito escolar. Muitas vezes espera-se que o aluno se adapte à escola, sem que a escola tenha condições físicas de receber este aluno e oferecer-lhe condições de permanecer e aprender na escola. Incluir é muito mais que receber apenas o aluno no espaço escolar, é também favorecer o seu aprendizado, respeitá-lo como sujeito ímpar, oferecer situações favoráveis à sua aprendizagem, sem deixar que, por apresentar alguma necessidade educacional especial, o aluno deixe de desfrutar de todos os momentos que propiciem o seu pleno desenvolvimento. Espera-se que o trabalho forneça informações acerca do que é inclusão e de como a escola poderá se tornar verdadeiramente inclusiva. Palavras-chave: Inclusão. Educação. Família. 40 INTRODUÇÃO Quando se fala em inclusão, há de se esperar que o termo aconteça de modo a tornar a vida das pessoas cada vez mais com qualidade. O trabalho tem como tema: Portadores de Necessidades Especiais e sua inclusão na escolar regular e, para tanto, buscará trazer subsídios que auxiliem os educadores no atendimento aos alunos portadores de necessidades educativas especiais. Sua relevância consiste no fato de que, a partir das considerações aqui expostas, pode-se refletir acerca do que é a inclusão e de como se deve incluir para que o portador de necessidades educativas especiais tenha uma vida digna e com qualidade. A criança que nasce com alguma deficiência ou que a adquire no decorrer da sua vida tem no seu cotidiano uma série de dificuldades. São muitos obstáculos e muitos desafios a serem alcançados. Não é apenas a deficiência apresentada que torna o aprendizado, às vezes, difícil, mas também e, principalmente, a atitude da sociedade em relação às suas dificuldades. Nesse sentido, sofre a criança, diante de todos esses preconceitos e sofre a família, que geralmente não encontra muito apoio nas instituições por onde passa. Os objetivos do trabalho consistem em buscar subsídios para os educadores que atuam com alunos portadores de necessidades especiais além de mostrar como, de fato, a inclusão acontece no cotidiano brasileiro. Também e buscará apresentar as principais maneiras de atuação dos professores diante de alunos portadores de necessidades especiais. O trabalho buscará responder aos seguintes questionamentos: como incluir um aluno portador de necessidades educativas especiais na escola regular? As escolas possuem estrutura física para atender a estes alunos? Através da inclusão os alunos portadores de necessidades educativas especiais têm todo o desenvolvimento de que necessitam? Que atendimentos e orientações são destinados aos pais desses alunos? A escola é uma instituição aberta a todos, é um direito de todos adentrar na escola e nela permanecer, tendo a sua individualidade respeitada. Portanto, este ambiente deverá estar preparado para atender a todos os alunos, independente das suas dificuldades. O espaço escolar deve ser adequado para os portadores de necessidades educativas especiais e nãos os estudantes que têm que adequar-se ao espaço escolar. 41 O trabalho foi realizado através da pesquisa bibliográfica. Foram pesquisados sites, revistas, livros e periódicos que tratam sobre a inclusão e sobre o atendimento dentro das escolas aos portadores de necessidades educativas especiais. Em seguida fez-se a seleção daqueles que são de interesse para o trabalho. Dividiu-se o trabalho em três capítulos. O primeiro capítulo trata sobre a inclusão do aluno portador de necessidades educativas especiais na escola regular, ressaltando como estão estruturadas as escolas que recebem estes alunos. A segunda parte do trabalho ressaltará a importância que é dada ao tema inclusão dentro das instituições escolares, bem como ao que dizem as leis sobre o tema em questão. A terceira e última parte do trabalho trata sobre a parceria que deve ser estabelecida entre a escola e a família, ressaltando-se a importância do atendimento que se destina à família do aluno portador de necessidades educativas especiais. CAPITULO 1 – A INCLUSÃO DO ALUNO PORTADOR DE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS A inclusão Gonçalves (2005) cita que no Brasil há 24 milhões de pessoas que apresentam algum tipo de deficiência e que isso deve ser tratado como uma questão social de interesse de todos. Nos diversos períodos da história da humanidade, a deficiência era vista de diferentes maneiras. Na Idade Média, por exemplo, a deficiência era entendida como uma degeneração humana, sendo que as pessoas portadoras de deficiência eram abandonadas, mortas ou ficavam sujeitas a crenças ligadas ao sobrenatural. Havia, nessa época, para aqueles que apresentavam deficiências a marginalização social, a segregação, o asilamento e o prognóstico da incurabilidade.Era comum que muitos portadores de necessidades educativas especiais sofrerem diversos tipos de humilhação. Foi somente a partir do século XX que a sociedade passou a compreender o conceito de diversidade, defendo o direito de singularidade de cada indivíduo. Segundo Cavalcante (2005) na maior parte das escolas brasileiras a inclusão das crianças portadoras de necessidades educativas especiais não acontece da maneira que deveria realmente acontecer. A referida autora cita que talvez por falta de informação ou até mesmo pela omissão de muitos pais, dos educadores e do poder 42 público, muitas são as crianças que ainda vivem isoladas em instituições especializadas, privadas de convier com as demais crianças em uma escola regular. Pois, a partir da convivência das crianças portadoras de necessidades educativas especiais dentro de uma escola regular, haverá muitas possibilidades de desenvolverem plenamente as suas potencialidades, além de quê, as demais crianças aprenderão a conviver com um colega que necessita de seu apoio e da sua compreensão. Haverá nisso uma troca que favorecerá o aprendizado de todos. Como cita: O motivo principal de elas estarem na escola é que lá vão encontrar um espaço genuinamente democrático, onde partilham o conhecimento e a experiência com o diferente, tenha ele a estatura, a cor, os cabelos, o corpo e o pensamento que tiver. Por isso quem vive a inclusão sabe que está participando de algo revolucionário. (CAVALCANTE, 2005, p. 40) Também Mantoan (2003) cita que as escolas de qualidade são espaços educativos de construção de personalidades humanas autônomas e críticas. Segundo a autora, nessas escolas os alunos aprendem a valorizar a diferença a partir da convivência com seus pares. Nessas escolas as aulas são ministradas embasadas em relações de afetividade. Uma escola que funciona dessa maneira estará aberta às diferenças e os educadores são capazes de ensinar a turma toda sem discriminação. 0.2 Cuidados diferentes para cada deficiência 1- Quando a escola recebe um aluno portador de necessidades educativas especiais, deve estar preparada para atender às suas necessidades. Algumas orientações são norteadoras para que a atuação vá de encontro ao que cada sujeito necessita. Quando a escola recebe um aluno que apresente deficiência auditiva, se faz necessário que na escola exista um professor ou um monitor que seja especializado na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Pois para que a comunicação com a criança aconteça é importante que o professor da sala e as demais crianças aprendam a comunicar-se através da Língua Brasileira de Sinais. No caso de alunos que utilizam aparelho auditivo, o professor da sala deverá obter junto à família da criança o funcionamento e a potência do aparelho utilizado. Para que o aprendizado aconteça mais sistematicamente, o professor também poderá fazer uso de representações gráficas. Outro fator importante se refere à comunicação 43 direta com o aluno, pois todos devem falar sempre de frente para ele, o que facilita a compreensão da situação comunicativa. Quando o aluno atendido apresentar dificuldades visuais existem determinados materiais que devem ser usados para que as situações de aprendizagem sejam realmente significativas para ele: o uso de regletes (uma espécie de régua para escrever em braile). Se faz importante que o professor saiba como se dá o uso desse material, que seja capacitado para este fim. Algumas orientações que devem ser passadas para o aluno no que diz respeito à locomoção, comunicação e acessibilidade. É necessário, por exemplo, colocar cercados no chão, abaixo dos extintores de incêndio e também deve ser instalado corrimões nas escadas, caso existam escadas na escola. Também é importante que não se modifique a disposição dos móveis e utensílios da sala, pois o aluno aprende a posição em que se encontram e usa essa orientação para locomover-se na sala de aula. Quando a escola recebe um aluno portador de deficiência física os espaços das escolas devem ser adequados as suas necessidades e não o contrário. Não é o aluno que deve adaptar-se à escola, mas sim a escola que deve ser adaptada para atende às necessidades do educando. A adaptação do espaço físico deve conter: rampas de acesso, barras de apoio e portas largas, móveis adequados para tender as necessidades do aluno. No caso de alunos que fazem uso de cadeiras de rodas, deve-se atentar para que a posição seja mudada constantemente evitando desconforto e cansaço para o aluno. Se faz importante questionar aos pais do aluno se existem posições adequadas para ficar e o professor deve certificar no decorrer das aulas se esta posição está correta. Nos casos em que a escola recebe alunos portadores de deficiência mental deve possuir uma equipe que possa realizar um acompanhamento individual e contínuo. Sabe-se que, geralmente os deficientes mentais têm dificuldades para operar ideias abstratas. O professor deverá receber todo o apoio dos profissionais especializados para que possa oferecer ao aluno condições de aprendizagem adequadas às suas necessidades, de modo que o mesmo tenha todas as suas potencialidades desenvolvidas. Existem algumas posturas que devem ser adotadas pelos educadores para favorecer o aprendizado e crescimento do aluno, tais como: posicionar o aluno já nas 44 primeiras fileiras de modo que possa está a todo instante está sempre atento a ele; estimular o aluno a desenvolver habilidades interpessoais e ensiná-lo a pedir instruções e solicitar ajuda; trata-lo de acordo com a faixa etária, somente deverá adaptar os conteúdos curriculares se receber orientações de uma equipe de apoio multiprofissional; avalie a criança sempre com base no seu crescimento individual e respeitando o que ela é capaz de fazer até aquele momento, sem jamais comparar o seu desenvolvimento com o dos demais colegas da sala. O professor deve estar atento às necessidades de cada aluno, para que a partir dessa observação possa auxiliá-lo nas dificuldades que o mesmo apresenta. É importante afirmar que nem sempre quando um aluno vai mal e toda a sala tem um desenvolvimento satisfatório, esse aluno apresenta algum tipo de deficiência. Deve- se considerar que, muitas vezes a forma como é ministrada a aula atinge determinados alunos, mas não foi a forma correta para atender a necessidade de aprendizagem de outro. Daí a importância do olhar sempre atento do professor. CAPITULO 2 - A ESCOLA E A INCLUSÃO Camargo (2005) define que para que todas as necessidades dos alunos portadores de necessidades educativas especiais sejam verdadeiramente atendidas se faz necessário que os professores e todos os outros profissionais saibam como atuar de modo a atender estas necessidades. Não se pode falar de inclusão quando dentro da instituição escolar a equipe não tem o devido preparo para atender aos alunos. Muitas vezes é fundamental a atuação de uma equipe multidisciplinar. Também Baptista e Rosa (2002) tratam sobre o tema inclusão, afirmando quão importante é a integração da pessoa portadora de necessidades educativas especiais. Os autores citam que na Itália, país em que há um alto índice de inclusão existem alguns critérios nas escolas para que a inclusão seja realmente eficaz para o aluno. Como citam os autores mencionados: A limitação numérica de 20 alunos para as classes que possuem alunos com necessidades educativas. A presença de, no máximo, dois alunos com necessidades educativas especiais em uma sala. A presença de um professor de apoio para atuar junto à classe, como suporte de todos os envolvidos (professor e alunos). (BAPTISTA E BOSA, 2002, P. 131) 45 Outra autora que trata sobre os portadores de necessidades educativas especiais Maria Tereza Mantoan (2003) que diz ser a inclusão uma das melhores maneiraspara que as escolas revejam diversos fatores dentro do seu quadro. O aluno portador de necessidades educativas especiais não pode ser tratado como um sujeito que não tem habilidades a serem desenvolvidas. Deve-se acreditar e investir no seu potencial. A escola inclusiva oferece a todos as mesmas oportunidades. Mantoan (2005) em entrevista concedida à Revista Pátio (2005, p. 24-26), quando questionada sobre o que é inclusão diz que: É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo dizer que estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus ou até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir com o outro. Cada aluno que a escola recebe deve ser visto dentro da sua singularidade, independente das necessidades que este apresenta, ele é um ser único e que tem direito à educação de qualidade. O espaço escolar deve ser organizado de modo a tornar a educação acessível a todos os alunos. A LDB nº 9394/96 tem um capítulo destinado à Educação Especial e, em seu artigo 58 diz que a Educação Especial é uma modalidade destinada aos portadores de necessidades educativas especiais e que deve ser ofertada, de preferência na escola regular e, se necessário, os serviços especializados atuarão juntamente com a escolar regular em que o aluno está matriculado. Mesmo com as leis diversas que buscam assegurar aos portadores de necessidades educativas especiais todos os seus direitos, é importante que cada cidadão procure compreender o quanto é importante que a sociedade esteja pronta a oferecer a todos boas condições de acesso e permanência na escola, no mercado de trabalho e no meio social em geral. 2.1. Os direitos dos portadores de necessidades educativas especiais Em dezembro de 1982 foi aprovado na Assembleia Geral das Nações Unidas o Programa de Ação Mundial para pessoas com deficiência. A principal finalidade 46 desse programa é servir de base para todos os países interessados em lutar para defender os direitos das pessoas portadores de deficiência, de forma que as mesmas tenham os seus direitos garantidos. Outro marco importante aconteceu em 1990, em Jomtien, na Tailândia, foi aprovada a Declaração Mundial sobre Educação para todos. Esta declaração serve de referência para governos, organizações internacionais, ONGs e todos que estão interessados e envolvidos na meta de Educação para todos. No ano de 1994 foi elaborada pela Unesco e pelo governo da Espanha a Declaração de Salamanca de Princípios, Política e Prática para as Necessidades Educativas Especiais. Consta nessa declaração o princípio de integração e preocupação em garantir escola para todos. Como se afirmar, a Declaração de Salamanca: Proporcionou uma oportunidade única de colocação da Educação Especial dentro da estrutura de “Educação para todos” firmada em 1990. Ela promoveu uma plataforma que afirma o princípio e a discussão da prática de garantia de inclusão das crianças com necessidades educativas especiais. (UNESCO, 1994, p. 15) A Declaração de Salamanca cita ainda quão importante é que os governos executem ações que acolham todas as crianças na escola, independentemente de condições físicas, sociais, intelectuais, emocionais e linguísticas. A inclusão, como consequência de um ensino de qualidade para todos os alunos, provoca e exige da escola brasileira novos posicionamentos e é um motivo a mais para que o ensino se modernize e para que os professores aperfeiçoem as suas práticas. É uma inovação que implica num esforço de atualização e reestruturação das condições atuais da maioria de nossas escolas de nível básico. O motivo que sustenta a luta pela inclusão como uma nova perspectiva para as pessoas com deficiência é, sem dúvida, a qualidade de ensino nas escolas públicas e privadas, de modo que se tornem aptas para responder às necessidades de cada um de seus alunos, de acordo com suas especificidades, sem cair nas teias da educação especial e suas modalidades de exclusão. O sucesso da inclusão de alunos portadores de necessidades especiais com na escola regular decorre, portanto, das possibilidades de se conseguir progressos significativos desses alunos na escolaridade, por meio da adequação das práticas pedagógicas à diversidade dos aprendizes. E só se consegue atingir esse sucesso, 47 quando a escola regular assume que as dificuldades de alguns alunos não são apenas deles, mas resultam em grande parte do modo como o ensino é ministrado, a aprendizagem é concebida e avaliada. Priorizar a qualidade do ensino regular é, pois, um desafio que precisa ser assumido por todos os educadores. É um compromisso inadiável das escolas, pois a educação básica é um dos fatores do desenvolvimento econômico e social. Trata-se de uma tarefa possível de ser realizada, mas é impossível de se efetivar por meio dos modelos tradicionais de organização do sistema escolar. É de suma importância que o aluno portador de alguma necessidade educacional especial seja visto como um sujeito eficiente, capaz, produtivo e principalmente um ser que tem aptidão para aprender a aprender. Esse aluno deve receber todo o apoio para que se desenvolva em toda a sua potencialidade. Todos têm direitos à educação, isso é um direito que é assegurado por lei e que precisa ser cumprido para que se garanta a todos o seu pleno desenvolvimento e o pleno exercício de sua cidadania. Independentemente de qualquer necessidade, transtorno ou distúrbio que apresente todo e qualquer aluno merece ser tratado em condições de igualdade com os demais, não se pode de forma alguma excluir o aluno das situações vivenciadas na escola. O que se pode é criar condições que assegurem a todos as melhores formas de aprender e de atender as suas necessidades. Na luta por uma educação que respeite a individualidade de cada sujeito pode entrar todo e qualquer cidadão que esteja comprometido com o crescimento e desenvolvimento da sociedade. A LDB 9394/96 em seu artigo 59 prescreve que é de responsabilidade dos sistemas de ensino assegurar aos educandos com necessidades especiais a sua efetiva integração na vida no meio social, inclusive criando condições de inserção no mercado de trabalho para aqueles que possuem condições de exercer uma profissão. Mesmo tendo garantido por lei o seu acesso e permanência na escola, sabe- se que o aluno portador de necessidades educativas especiais ainda não tem todos os seus direitos garantidos, uma vez que, a Educação Especial ainda é mal interpretada e questionada. O que pode ser considerado como favorável é que, cada vez mais cresce o reconhecimento por parte da sociedade e dos responsáveis pelas políticas públicas a necessidade de atender a todos, sem discriminação. 48 O que faz uma escola ser realmente inclusiva, inclui, acima de tudo, o seu projeto pedagógico. Pois de acordo com MANTOAN (2005) quando se trata de inclusão é importante considerar que não se trata apenas de se colocar dentro da escola rampas e banheiros adaptados, mas sim uma a modificação nas práticas pedagógicas, com atividades e programas diversificados afim de atender as potencialidades de cada sujeito envolvido no processo de ensino-aprendizagem. Todos têm o direito a aprender e isso deve ser visto dentro da capacidade que cada sujeito apresenta, cada um têm as suas condições e isso deve sempre ser levado em consideração pela equipe escolar. Ao educador que atua com alunos que apresentam alguma deficiência é de responsabilidade está sempre atento às reais necessidades e
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