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Administracao Publica Mocambicana Uetimane 2019

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ÁREA DE INVESTIGAÇÃO: CIÊNCIAS SOCIAIS – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Breves Considerações Sobre a Administração Pública Moçambicana
Maputo, Dezembro de 2019
Uetimane, Dino Bernardo[footnoteRef:1] [1: Licenciado em Administração Pública pelo Instituto Superior de Relações Internacionais actualmente Universidade Joaquim Chissano na Cidade de Maputo em 2016. Contacto. uetimanedino@gmail.com ] 
Resumo
A Administração Pública é uma actividade que é levada a cabo para garantir nos termos da lei a satisfação das necessidades colectivas de segurança, cultura, bem-estar económico e social. Assim, o presente trabalho tem por objectivo fazer uma análise da administração pública moçambicana onde vai se buscar estudar a evolução histórica da mesma desde o período colonial ate depois da independência nacional. Para além disso, este trabalho apresenta os princípios de organização e funcionamento que regem a Administração pública Moçambicana que tem evoluído de acordo com as reformas administrativas que tem sido feitas desde o período colonial até depois da independência. Importa salientar que estas reformas todas têm em vista a mudança do modelo de administração centralizado para o descentralizado. Sendo que depois da aprovação da constituição da república de 2004 que estabelece a Administração Pública estrutura-se com base no princípio de descentralização e desconcentração este processo de descentralização teve o seu aprofundamento o que implicou o estabelecimento de princípios que vão reger a organização e funcionamento dos órgãos, serviços e agentes da Administração Pública.
1. Introdução
O presente trabalho tem por objectivo fazer uma análise em torno da Administração Pública Moçambicana. Entretanto, não se pode falar da Administração Pública sem antes falar do que seja a Administração. No geral a administração é tida como o processo de planear, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objectivos organizacionais. Ou ainda, é a tarefa de gerir a aplicação de recursos (humanos, materiais e financeiros) para a satisfação das necessidades seja do indivíduo, grupo ou organização. Já Administração Pública é também o processo de planear, organizar, dirigir e controlar o uso dos recursos públicos com o intuito de satisfazer as necessidades colectivas ou seja alcançar o objectivo principal desta que é satisfazer a colectividade. Como pode-se perceber enquanto a Administração refere-se a gestão da aplicação dos recursos no sentido geral seja para satisfazer as necessidades de um indivíduo, um grupo de indivíduos ou alcançar as metas da organização. A administração pública é já no sentido restrito porque refere-se apenas aos recursos públicos e que não podem ser usados para satisfazer as necessidades de um indivíduo, ou um grupo restrito de indivíduos, mas sim a colectividade ou seja os recursos devem ser usados para satisfazer aquilo que é o interesse público. 
Neste contexto, Caetano (2007: 2), define Administração Pública sendo toda a actividade do Estado que tenha como fim não só a satisfação das necessidades económicas da colectividade, mas também todas as necessidades relativas à normalidade e progresso da vida social de um determinado Estado. Já Borges (s/d), refere que o que hoje entendemos como “Administração Pública”, consiste em um conjunto de agências e de servidores profissionais, mantidos com recursos públicos e encarregados da decisão e implementação das normas necessárias ao bem-estar social e das acções necessárias à gestão da coisa pública.
Tendo em atenção que a Administração Pública é considerada como sendo o conjunto de órgãos, serviços e agentes do Estado que trabalham em prol da satisfação dos interesses colectivos, o presente trabalho vai abordar acerca da história da administração pública moçambicana desde o período colonial ate os dias de hoje, os modelos de administração implementados, os princípios que regem a mesma, bem como os desafios que esta apresenta no contexto actual. 
2. História da Administração Publica Moçambicana
A história da administração pública moçambicana pode ser dividida em 5 momentos desde a chegada dos portugueses em Moçambique isto é, o período colonial até a independência nacional em 1975. Entretanto, a história da administração pública Moçambicana desde a independência nacional até os dias de hoje será desenvolvida com mais propriedade num outro momento sendo que aqui só vai-se fazer breves considerações. Assim, sendo de seguida é feita a abordagem sobre a administração pública colonial portuguesa em Moçambique onde vai-se tratar dos diversos períodos sendo o de Monarquia, da República e do Estado Novo, bem como Após a independência do País. 
2.1. Administração Pública Colonial Portuguesa em Moçambique
De acordo com Mendiate (2018), a administração colonial contou com dois pilares fundamentais, sendo o primeiro a estrutura colonial representada pelo Governador, Administrador e Chefe do Posto (cidadãos de origem portuguesa), e o segundo a estrutura tradicional representada pela figura do Régulo ou mesmo Regedor (moçambicano de gema). O segundo pilar era submisso em hierarquia ao primeiro mas, ao nível da base mantinha-se e impunha-se segundo os usos e costumes da região contando sobretudo com o braço estado – polícia, sipaio[footnoteRef:2], cabo de terra, chicote, palmatória e espingarda. Veja-se o seguinte trecho: [2: Sipaio (também designado por Cipais “Soldados”) eram soldados indianos que serviam no exército da companhia britânica das Índias Orientais, sob as ordens de oficiais britânicos. Portugal manteve os sipaios em quase todos territórios ultramarinos em Moçambique o termo designava uma força militar mais vocacionada para o policiamento local e rural, que era comandada por um oficial europeu. ] 
Segundo o artigo 96ᵒ. Da RAU, os regedores indígenas eram de sucessão hereditária, directa ou colateral, segundo os usos e costumes locais, retendo o Governo o direito de escolher entre os parentes mais próximos, quando o herdeiro não conviesse à administração. Não havendo herdeiros, seria investido quem fosse escolhido pela população e aceite pelo Governo.
In Cabaço. Pag 75
Administrativamente a designação de Moçambique como parte de Império português variou atendendo os contextos históricos de cada época. No período da ocupação efectiva, finais do séc. XIX, olhando pela vanglória de ser detentor de um pedaço de terra em África o território moçambicano era chamado de Colónia de Moçambique; nos anos de 1907 são desenvolvidas reformas tendentes a uma descentralização da administração em relação as colónias o que leva a designação de Província de Moçambique até 1930. Com o nacionalismo económico de Salazar que tinha como fim último uma administração centralizada, adoptando uma política de portas fechadas, Moçambique volta a designação de Colónia de Moçambique, (MENDIATE, 2018).
Em virtude do Pan-Africanismo acompanhado pela pressão internacional sobretudo a ONU e ao nível de África com a proliferação na zona de movimentos nacionalistas, e como diz Mondlane (1976, p. 38)[footnoteRef:3] citado por Mendiate (2018), Portugal começou a sentir necessidade de defender a sua posição colonial e inicia negociações para ser admitido na ONU; mas, para tal teve de introduzir algumas alterações para modernizar a estrutura das suas colónias, eis que em 1951 transformou as colónias em Províncias Ultramarinas, tornando-as parte integrante de Portugal esperando evitar as decisões da ONU relativas aos territórios sem governo próprio. [3: MONDLANE, Eduardo. (1976), Lutar por Moçambique, 2ͣ Edição, Lisboa: Livraria Sá da Costa. ] 
Por outro lado, procurava suavizar o termo para designar suas pretensões e portanto, substitui o termo Colónia por Província passando Moçambique mais uma vez a designar-se de Província de Moçambique (Província Ultramarina). E vai se alterando por tabela o nome do Ministério que tutelava as colónias passando de: Ministério das colónias para Ministério do Ultramar e, consequentemente o Ministro deixa de ser Ministro das Colónias para designar-sepor Ministro do Ultramar, (MENDIATE, 2018).
2.1.1. Monarquia Portuguesa 
A história Administrativa e Politica de Moçambique durante o período colonial, é vista por Newitt (1997:344), como um diálogo entre tendências centralizadoras e descentralizadoras. Os acontecimentos da década de 1890 haviam dado origem a fortes exigências de descentralização administrativa e autonomia colonial e desenvolveu-se nas reformas de 1907.
Nestas reformas de acordo com Cabaço (2010, p.74), Aires de Ornelas, Ministro da Marinha e do Ultramar, inspirado por António Enes, faz publicar a Reforma Administrativa de Moçambique na qual se definiu a divisão administrativa do território e a orgânica do quadro dos funcionários administrativos.
A colónia era dirigida por um governador – geral e dividida em distritos em cada um dos quais a autoridade era delegada a um governador de distrito. Os distritos por sua vez, subdividiam-se em circunscrições que representavam a unidade principal da estrutura administrativa. Estas assumiam as designações de conselhos se na sua jurisdição vivessem mais de 2000 “civilizados” realizavam-se eleições entre os residentes para uma Câmara Municipal como a sede administrativa. O administrador era coadjuvado por um secretário que o substituía no seu impedimento. O administrador desempenhava as funções de governo e juiz. Depois vinha a figura do chefe do posto que prestava contas ao administrador, competia-lhe: decidir sobre as vidas das populações; administrava a justiça, cobrava impostos, controlava a movimentação das pessoas, procedia ao recenseamento da população, fiscalizava e orientava o trabalho dos régulos, assegurava a manutenção de infra-estruturas, garantia os serviços postais, supervisava os serviços de saúde de entre outros. Sempre acompanhado por um intérprete e um grupo de sipaios. A área de cada posto administrativo englobava regedorias ou regulados, sob a autoridade de um regedor, também designado por régulo, (CABAÇO, 2010, p.74-75).
A administração pública nesse período foi dominada por funcionários recrutados, pelo menos os mais categorizados, das forcas armadas como consequência de escassez de recursos humanos qualificado para a burocracia, (MENDIATE, 2018).
Neste período da monarquia portuguesa percebe-se que apesar de se tentar estabelecer uma administração pública descentralizada ao seu todo esta foi dominada por uma forte centralização, onde uma única pessoa possuía muitos poderes sobre a sua alçada exemplo concreto é do chefe do posto que tinha o poder de decidir sobre a vida das populações, administrar a justiça, os serviços da saúde, infra-estruturas, colectas de impostos, migração. E para além de se distribuir muitos poderes pela mesma pessoa não existia independência dos órgãos mais sim dependência entre estes como é o caso dos régulos que respondia ao chefe do posto, por sua vez este respondia ao administrador. 
2.1.2. República Portuguesa
De acordo com Mendiate (2018), em1910 foi deposta a Monarquia e instaurada a República. A alteração do regime político em Portugal influenciou na administração pública tanto na metrópole, como nas suas colónias.
A República pretendia conceder mais autonomia às colónias e fortificar a autoridade administrativa dos governos coloniais. Um ano após instauração da Republica, em 1911, foi redigida uma constituição na qual o artigo 67ᵒ rezava o seguinte:
 “ Predominará, na administração das províncias ultramarinas, o sistema de descentralização, como leis especiais adequadas ao estado de civilização de cada uma delas”. 
No mesmo ano, 1911, foi criado em Lisboa o Conselho Colonial que mais tarde passou a chamar-se de Conselho Ultramarino eleito indirectamente por assembleias dos principais colonos nas províncias de ultramar com a missão de aconselhar o Ministro e servir de tribunal judicial ouvindo os recursos contra a administração (nota-se aqui, uma tentativa de diferenciar a administração da justiça). Em 1913 é elaborada a Lei Orgânica de Moçambique que procurava criar autonomia da Província em matéria de definição de políticas mas, não funcionou devido a eclosão da I Guerra Mundial no ano que se seguiu (NEWITT, 1997, p. 347)
A constituição saída no contexto dos ventos de mudanças do regime político português em 1910, dissocia oficialmente a Igreja do Estado e retira os subsídios às missões católicas e em 1914 é publicado um novo código de trabalho (NEWITT, 1997, p. 347).
A I Guerra Mundial ajudou Portugal a debelar alguns focos de resistência a ocupação colonial sobretudo na região norte de Moçambique por exemplo, os Macondes do planalto de Mavia, tendo ditado o controle de todo o território moçambicano e consequentemente na necessidade de Portugal tornar a sua administração mais eficaz. Eis que, em 1919 são elaborados e divulgados novos regulamentos sobre os prazos colocando-os sob alçada dos governadores distritais e acabaram com a autonomia administrativa das companhias (NEWITT, 1997, p. 347).
Em 1920 cria-se um novo regime colonial baseado na Carta Orgânica segundo a qual, o governo de Moçambique ficava separado de Lisboa sendo autónomo e dirigido por um alto-comissário com categoria de Ministro, “com poderes para controlar o seu próprio orçamento, contrair empréstimos e administrar o país independentemente de Lisboa”. Assim, Moçambique conheceria também uma Assembleia Legislativa constituída por funcionários. Com tudo isso pretendia-se fazer da colónia espécie de um estado unitário moderno baseado numa administração local e responsável, (NEWITT, 1997, p.347-348).
Há que referir que, todas as medidas divulgadas através de regimentos em relação a autonomia das colónias quer na Monarquia, quer na Republica foram de todo apenas vontades manifestas em teoria porque, na prática ou eram as companhias que detinham o monopólio de actuação nos territórios a elas concedidas ou eram os bancos (como é o caso do Banco Nacional do Ultramar), e o capital estrangeiro que controlava a economia nas zonas reservadas a administração directa do governo, (NEWITT, 1997, p.348).
Com a instauração da República para a administração das provinciais ultramarinas como é caso de Moçambique, Portugal tenta estabelecer um novo sistema de administração que da mais autonomia aos governos ultramarinos, o destaque neste período foi a tentativa de separar a justiça da administração geral, bem como a separação do Estado da Igreja. 
2.1.3. Estado Novo
Segundo Mendiate (2018), em 1926 um grupo de Generais portugueses liderou um golpe de estado que derrubou o governo que instituíra a primeira República em Portugal. Olhando para as dificuldades financeiras que o país enfrentava, convidou para o Governo o Professor de Economia da Universidade de Coimbra, António de Oliveira Salazar para ajudar na resolução em especial dos problemas das finanças de Portugal. Em 1930 Salazar ascende ao cargo de Primeiro-Ministro e com ajuda de Marcelo Caetano elabora uma nova constituição. 
No que tocava a administração em Moçambique diz Newitt (1997, p.391), que Salazar e Caetano olhavam como o símbolo de tudo o que existia de errado na primeira Republica: caos administrativo, falta de políticas económicas e financeiras coerentes, inflação e uma moeda sem valor, domínio estrangeiro, fraqueza e humilhação internacional. A visão de Salazar era de ter uma sociedade assente nos princípios católicos da autoridade e da família (tendências de voltar a unir o Estado a Igreja); da probidade financeira e da moeda forte; do progresso económico planeado alcançado sobretudo com os recursos internos; da neutralidade firme da independência nacional; e de uma missão civilizadora em África afirmada na sua forma clássica na nova Constituição aprovada para Moçambique em 1933. 
Por todos os aspectos constatados como maus na visão de Salazar, a sua resolução passava por operação de profundas reformas na administração do império português. Portanto, são avançados para o efeito, em 1930, dois principais instrumentos, o Acto Colonial e a Carta Orgânica (que tinham em essência o nacionalismo económico de Salazar),(NEWITT, 1997, p.391).
Hedges (1999, p.42), refere que os dois documentos marcaram o fim da autonomia formal da Província de Moçambique, que passou a designar-se de Colónia. Centralizaram-se os poderes legislativos e financeiros nas mãos do Ministro das Colónias.
Em 1933, foi publicada a Reforma administrativa do Ultramar (RAU), na qual se determinava que a administração local ficaria sujeita ao mandato efectivo de Lisboa. É introduzida pela primeira vez um regime de Inspecções administrativas com vista a verificar o nível de cumprimento dos regulamentos vigentes. Portanto, estava-se diante de uma administração centralizada quer em termos formais/teóricos, quer em termos práticos, (HEDGES, 1999, p.42). 
Os acontecimentos que sucederam a II Guerra Mundial sobretudo a emergência de movimentos nacionalistas em Africa, como exemplificou Mondlane (1976, p.38) citado por Mendiate (2018), a explosão em 1961 da insurreição armada em Angola permitiu a alguns liberais do Governo português aumentar as sua influências e fazer passar as suas ideias reformistas que foram expressas na nova Lei Orgânica do Ultramar de 1963 e, já em 1961 ter-se-ia abolido o estatuto de indígena passando todos a estatuto de cidadão português (em teoria).
A nova Lei Orgânica do Ultramar de 1963 alargou (em teoria), a representatividade nas Províncias Ultramarinas; permitiu uma extensão do sistema municipal, em que os funcionários locais são eleitos pelos habitantes da zona. Abria também a possibilidade de participar nas eleições legislativas em Lisboa. Mas é preciso saber que havia uma cláusula que impedia a participação dessas eleições a população africana, (MENDIATE, 2018).
Com a revolução dos Cravos que culminou com o golpe de Estado a 25 de Abril de 1974 em Portugal, seguiu-se a um novo Governo comprometido com o restabelecimento de direitos, liberdades e garantias dos cidadãos na Constituição. Herdeira de uma guerra contra a FRELIMO assina a 7 de Setembro de 1974 um Acordo de Cessar-fogo em Lusaka e se cria um Governo de transição que preparava a transferência do poder político e com ele todas outras formas de poder ao povo moçambicano. E em 25 de Junho de 1975 Moçambique proclama a sua Independência (Total e Completa), e rompe com a administração portuguesa (MENDIATE, 2018).
Importa notar que Moçambique sob a égide da Administração colonial portuguesa passou por dois principais momentos sendo um da centralização administrativa com a Monarquia instalada e por fim da descentralização que começou a ser implementada com a instauração da república tendo se voltado ao sistema de centralização com a implementação do Estado Novo no Governo de Salazar. Assim, a história da evolução da Administração pública no período colonial é caracterizada pela descentralização e centralização do poder, sendo que a centralização foi o modelo mais adoptado até o alcance da independência de Moçambique. 
2.2. Administração Pública em Moçambique Após a Independência
O Estado moçambicano nasce da proclamação da independência em 25 de Junho de 1975 e, para melhor compreensão da sua evolução vale a pena dividir em três momentos designadamente: a Primeira Republica, a Segunda Republica e a Terceira Republica, (MENDIATE, 2018).
· A Primeira Republica, inaugura-se com a proclamação da independência em 1975 e é anunciada como Republica Popular de Moçambique pela Constituição de 1975 e vai até 1986 com a morte de Samora Machel.
Segundo Rocha (2001, p.81)[footnoteRef:4] citado por Mendiate (2018), a Constituição de 75 definia em princípios gerais a subordinação da política do Estado à FRELIMO e impunha o sistema de partido único. O terceiro Congresso da FRELIMO realizado em Fevereiro de 1977 definiu a linha Marxista – Leninista do Governo moçambicano e determinava que Moçambique seria um país Socialista. [4: ROCHA, Aurélio (2001), Moçambique Historia e Cultura, Moçambique: Textos Editores. 
] 
Na base disso cria-se um Aparelho de Estado centralmente planificado que sobrevivia a múltiplas adversidades desde os recursos materiais aos humanos. O que levou ao chamamento dos jovens ainda a frequentar a escola a integrar no aparelho de Estado, os chamados Jovens de 8 de Março, como também, a precipitação na formação de moçambicanos no exterior sobretudo nos países socialistas.
Na hierarquia governativa estava no topo o Presidente da Republica; ao nível central: os Ministros; ao nível da base: os Governadores Provinciais, os Administradores Distritais, os Chefes dos Postos Administrativos e Chefes das Localidades. 
A ideia do Homem novo levou a tendências de reestruturação social, Cabaço (2010, p.284), refere que esperava-se com essa ideia a desestruturação das principais referências tradicionais (ritos, símbolos, relações de parentesco, hierarquia linhageira, etc). Adicionados a outros factores estratégicos para a defesa da independência as autoridades tradicionais, os régulos, foram excluídos da administração pública. Este Governo era suportado por um Conselho de Ministros constituído por quinze ministérios e o presidente da República era o Chefe do Governo. Fizeram parte dessa República os seguintes ministérios: Ministério do Estado na Presidência; Ministério da Defesa Nacional; Ministério do Interior; Ministério do Desenvolvimento e Planificação Económica; Ministério dos Negócios Estrangeiros; Ministério da Justiça; Ministério da Informação; Ministério da Educação e Cultura; Ministério da Indústria e Comércio; Ministério da Agricultura; Ministério das Finanças; Ministério do Trabalho; Ministério dos Transportes e Comunicações; Ministério da Saúde e Ministério das Obras Públicas e Habitação.
· A Segunda República é inaugurada com o Presidente Joaquim Alberto Chissano, vai até 1992, ano da assinatura dos Acordos de Paz de Roma. A Republica foi marcada pela alteração da Constituição em 1990 que, operou profundas mundanas na administração pública. A passagem do sistema socialista para o capitalista arrastava consigo a saída do mono partidarismo para multipartidarismo. Nascia assim, um Estado de Direito assente na divisão tripartida de poderes (Executivo, Legislativo e Judicial), cria condições para a transformação, em 1995, da Assembleia Popular para Assembleia da Republica como também o princípio da descentralização que através de Leis avulso, em 1998 manifestou-se nas autarquias locais (vulgos Municípios).
· A Terceira Republica começa em 1994 com a realização das primeiras Eleições Gerais através de voto directo e secreto. Destacaram-se como avanços na administração a existência de três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário com os seus respectivos presidentes; a nova Constituição de 2004 que aprofundou a descentralização e desconcentração do poder tendo ditado por via de Leis avulso a alteração dos Conselhos Executivos para Governos Distritais em tabela as secretarias Distritais e a figura do Secretario Permanente; criação de novos Distritos e reconhecimento das Autoridades Tradicionais; actualização do Regulamento do Estatuto do Funcionário e Agente do Estado; informatização do património do Estado, implementação do E-Sistaf e E-folio; de entre outras reformas no sector público.
Assim, administração pública desde o regime colonial até agora tem passado por diversas reformas que tem em vista melhorar aquilo que é a prestação dos serviços públicos aos cidadãos, bem como acompanhar aquilo que é o desenvolvimento que tem se verificado ao longo de anos. Actualmente a administração pública Moçambicana tem como fundamento a Constituição da República que estabelece os princípios que regem a mesma e é sustentada por diversa legislação avulsa que estabelece outros princípios que devem nortear a acção dos servidores públicos no desempenho da sua tarefa. Portanto, de seguida são apresentados os princípios que regem a Administração Pública moçambicana. 
3. Princípios que regem a Administração Pública Moçambicana
A Constituição da República de Moçambique (CRM, 2004), estabelece no seu artigo 249 que a Administração Pública serve o interesse público e na sua actuaçãorespeita os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos. Os órgãos da Administração Pública obedecem à Constituição e à lei e actuam com respeito pelos princípios da igualdade, da imparcialidade, da ética e da justiça.
Por seu turno o número 1 do artigo 250 da CRM, acrescenta que a Administração Pública estrutura-se com base no princípio de descentralização e desconcentração, promovendo a modernização e a eficiência dos seus serviços sem prejuízo da unidade de acção e dos poderes de direcção do Governo.
Do acima exposto percebe-se que a constituição estabelece como princípios que devem reger a Administração Pública o da prossecução do interesse público, da legalidade, da igualdade, imparcialidade, ética, justiça e de descentralização e desconcentração. Estes podem ser considerados os princípios constitucionais. 
Entretanto, para além dos princípios estabelecidos na Constituição da República tem-se outros que regem a organização e funcionamento da Administração Pública Moçambicana estabelecidos na diversa legislação avulsa existente como é o caso do Decreto no 30/2001, de 15 de Outubro[footnoteRef:5], Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro[footnoteRef:6] e na Lei no 14/2011, de 10 de Agosto[footnoteRef:7]. [5: Decreto que aprova as normas de funcionamento dos serviços da Administração Pública.] [6: Lei de Base da Organização e Funcionamento da Administração Pública.] [7: Lei que regula a formação da vontade da Administração Pública, estabelece as normas de defesa e interesse dos particulares, ou seja lei do procedimento administrativo de Moçambique. ] 
3.1. Princípios de Organização 
Como princípios de organização da Administração Pública Moçambicana tem-se os seguintes:
a. Desconcentração – Este princípio determina a transferência originária ou delegação de poderes, dos órgãos superiores da hierarquia da Administração Pública para os ‘órgãos locais do Estado ou para funcionários e agentes subordinados. A delegação de poderes deve resultar expressamente da lei (artigo 5 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro e no 1, do artigo 250 da CRM).
b. Descentralização - É o processo de criação pelo Estado de pessoas colectivas públicas menores. A Descentralização implica que a prossecução do interesse geral possa ser encarregue a outras pessoas colectivas públicas diferentes do Estado-Administração (no 1, do artigo 250 da CRM e artigo 6 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro).
c. Desburocratização e simplificação de procedimentos – Estes princípios determinam a adopção de modelos organizacionais que permitam a articulação da Administração Pública, nomeadamente através do estabelecimento da estrutura integrada, a atribuição de competências aos órgãos, funcionários e agentes subordinados, a criação de balcões únicos de atendimento e outras formas de articulação orgânica (no 2, do artigo 250 da CRM e artigo 7 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro).
d. Unidade de acção e poderes de direcção do Governo - Este princípio assenta nos pressupostos de poder de direcção dos órgãos do Governo, coordenação e articulação dos órgãos da Administração Pública, solidariedade governamental, controlo e fiscalização do Governo (no 1, do artigo 250 da CRM e artigo 8 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro).
e. Coordenação e articulação dos órgãos da Administração Pública - A coordenação administrativa, exercida em todos os níveis da Administração, implica que a organização da Administração Pública seja orientada de modo a permitir a planificação articulada. E essa articulação e coordenação é feita através do programa quinquenal do Governo, plano económico e social, orçamento do Estado, outras políticas públicas, planos estratégicos, planos de actividades, balcões de atendimento único e outros instrumentos de planificação ou de coordenação (artigo 9 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro).
f. Fiscalização e supervisão através de órgãos administrativos - Este princípio baseia-se no controlo hierárquico, na tutela administrativa e financeira, nas inspecções, auditorias e na prestação de contas (artigo 10 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro).
g. Supervisão da Administração Pública pelos cidadãos - Este princípio estabelece a participação individual ou colectiva dos cidadãos que é exercida nos processos de planeamento, acompanhamento, monitoramento e avaliação das acções de gestão pública e na execução das políticas e programas públicos, visando o aperfeiçoamento da gestão pública, à legalidade, transparência, efectividade das políticas públicas e à eficiência administrativa (no1 do artigo 11 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro).
h. Modernização, eficiência e eficácia - Este princípio estabelece que a administração pública moderniza os serviços, tendo em conta os avanços da ci6encia e tecnologia, a evolução económica, social e cultural do país. A eficiência da administração pública impõe que os órgãos e serviços se organizem e actuem de modo economicamente mais vantajoso para a Administração, mas sem prejuízo da satisfação do interesse geral. A eficácia da Administração Pública pressupõe o esforço para a consecução dos resultados ou programas estabelecidos (no 1, do artigo 250 da CRM e artigo 12 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro).
i. Aproximação da Administração Pública ao cidadão - Este princípio implica que a Administração Pública organiza-se de modo a que os órgãos e serviços públicos estejam ao dispor do cidadão a partir da unidade territorial mais periférica, sem prejuízo de abaixo desta serem granizadas outras formas de prestação de serviço. Implica a criação de órgãos, serviços ou procedimentos que permitem a articulação e interacção directa entre a Administração e o cidadão, permitindo a sua auscultação, a canalização de petições, queixas, reclamações ou sugestões (no 2, do artigo 250 da CRM e artigo 13 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro).
j. Participação do cidadão na gestão da Administração Pública - Este princípio impõe que aos órgãos colegiais da Administração Pública promovem a integração da sociedade civil interessada na sua composição (no 1 do artigo 14 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro).
k. Continuidade do serviço público - A organização da Administração Pública deve garantir, através dos seus órgãos, funcionários e demais agentes que o serviço público não seja interrompido em virtude da indisponibilidade de quem tenha o dever legal de o prestar (artigo 15 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro).
l. Estrutura hierárquica - Este princípio estabelece que os órgãos e serviços da Administração Pública estruturam-se na base da hierarquia administrativa que compreende os poderes de autoridade e de direcção dos superiores hierárquicos sobre os ‘órgãos, funcionários e demais agentes subalternos (artigo 16 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro).
m. Responsabilidade pessoal - Este princípio estabelece que os titulares dos órgãos da Administração Pública, os seus funcionários e demais agentes respondem civil, criminal, disciplinar e financeiramente pelos actos e omissões ilegais que pratiquem no exercício das suas funções, sem prejuízo da responsabilidade solidária do Estado, nos termos da Constituição e demais legislação aplicável (no 1 do artigo 5 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro).
3.2. Princípios de Funcionamento 
São princípios de funcionamento da Administração Pública Moçambicana os seguintes:
a. Princípio de Legalidade - Este princípio estabelece que a Administração Pública deve actuar em obediência à lei e ao direito, dentro dos limites e fins dos poderes que lhe estejam atribuídos por lei. Os poderes da Administração Pública não devem ser usados para a prossecução de fins diferentes dos atribuídos por lei. Os actos administrativos praticados em estado de necessidade, sem observância das regras estabelecidas pela presente Lei, são válidos, desde que os seus resultados não pudessem ter sido alcançados de outro modo (artigo 4, do decreto no 30/2001, de 15 de Outubro e da Lei no 14/2011, de 10 de Agosto, artigo 19 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro, bem como o no 2 do artigo 249 da CRM);
b. Princípio da prossecução do interesse público e protecçãodos direitos e interesses dos cidadãos - Este princípio estabelece que a Administração Pública prossegue o interesse público sem prejuízo e interesse dos administrados protegidos por lei (artigo 5, do decreto no 30/2001, de 15 de Outubro e da Lei no 14/2011, de 10 de Agosto, artigo 20 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro, bem como o no 1 do artigo 249 da CRM).
c. Princípio da Justiça e Imparcialidade - Estes princípios estabelecem que no exercício da sua actividade, a Administração Pública deve tratar de forma justa e imparcial todos os que com ela entrem em relações jurídicas administrativas. A imparcialidade impõe que os titulares e os membros dos órgãos da Administração Pública se abstenham de praticar, ordenar ou participar na prática de actos ou contratos administrativos, designadamente de tomar decisões que visem interesse próprio, do seu conjugue ou de quem viva em união de facto, parente ou afim, bem como de outras entidades com as quais possa ter conflitos de interesse, nos termos da lei (artigo 6, do decreto no 30/2001, de 15 de Outubro e artigo 7, da Lei no 14/2011, de 10 de Agosto, artigo 12 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro, bem como o no 2 do artigo 249 da CRM);
d. Princípio da Transparência da Administração Pública - O princípio da transparência implica a publicidade da actividade administrativa. Os actos administrativos dos órgãos e de instituições da Administração Pública, nomeadamente os regulamentos, normas e regras processuais, são publicados de tal modo que as pessoas singulares e colectivas possam saber antecipadamente, as condições jurídicas em que poderão realizar os seus interesses e exercer os seus direitos. Os órgãos da Administração Pública estão sujeitos a fiscalização e auditoria periódicas pelas entidades competentes (artigo 7, do decreto no 30/2001, de 15 de Outubro, artigo 15 da Lei no 14/2011, de 10 de Agosto e artigo 29 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro);
e. Princípio da Colaboração da Administração com os Particulares Este princípio impõe que no desempenho das suas funções, os órgãos e instituições da Administração Publica colaboram com os particulares, devendo designadamente: i)Prestar as informações orais ou escritas, bem como os esclarecimentos que os particulares lhes solicitem; ii) Apoiar e estimular as iniciativas dos particulares, receber as suas informações e considerar as suas sugestões. A Administração Pública é responsável pelas informações prestadas por escrito aos particulares, ainda que não obrigatórias, (artigo 8, do decreto no 30/2001, de 15 de Outubro, artigo 9 da Lei no 14/2011, de 10 de Agosto e artigo 24 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro);
f. Princípio da Participação dos Particulares - Este princípio impõe que a Administração Pública deve promover a participação e defesa dos interesses dos administrados, na formação das decisões que lhes disserem respeito, (artigo 9, do decreto no 30/2001, de 15 de Outubro, artigo 10 da Lei no 14/2011, de 10 de Agosto e artigo 25 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro);
g. Princípio da Decisão - Este princípio impõe que não é legítimo, aos órgãos da Administração Pública, manterem-se pura e simplesmente silenciosos perante as questões que lhes sejam postas pelos particulares. Eles têm, pelo contrário, o dever de decidir sobre quaisquer assuntos que lhes sejam apresentados, quer se trate de matérias que digam directamente respeito aos que se lhes dirigem, quer de petições, queixas ou reclamações em defesa da Constituição, das leis ou do interesse geral (artigo 10, do decreto no 30/2001, de 15 de Outubro, artigo 11 da Lei no 14/2011, de 10 de Agosto e artigo 26 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro);
h. Princípio da Celeridade do Procedimento Administrativo - Este princípio impõe que o procedimento administrativo deve ser célere, de modo a assegurar a economia e a eficácia das decisões (artigo 11, do decreto no 30/2001, de 15 de Outubro);
i. Princípio da Fundamentação dos Actos Administrativos - De acordo com este princípio a Administração Pública deve fundamentar os seus actos administrativos que impliquem designadamente o indeferimento do pedido ou a revogação, alteração ou suspensão de outros actos administrativos anteriores (artigo 12, do decreto no 30/2001, de 15 de Outubro, artigo 14 da Lei no 14/2011, de 10 de Agosto e artigo 28 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro);
j. Princípio da Responsabilidade da Administração Pública - De acordo com este princípio a Administração Pública responde pela conduta dos agentes dos seus órgãos e instituições de que resultem danos a terceiros, nos mesmos termos da responsabilidade civil do Estado, sem prejuízo do seu direito de regresso conforme as disposições do código civil (artigo 13, do decreto no 30/2001, de 15 de Outubro e da Lei no 14/2011, de 10 de Agosto, bem como o artigo 27 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro);
k. Princípio da Igualdade e da Proporcionalidade Estes princípios estabelecem que nas suas relações com os particulares, a Administração Pública não deve privilegiar, beneficiar, prejudicar, privar, de qualquer direito ou isentar de qualquer dever jurídico o administrado por motivo de ascendência, sexo, cor, raça, origem étnica, lugar de nascimento, estado civil, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica ou condição social. As decisões administrativas que atinjam direitos ou interesses legítimos dos particulares têm de ser adequadas e proporcionadas aos seus objectivos, não causando mais prejuízos àqueles do que os necessários para alcançar estas finalidades e respeitando um equilíbrio na justa medida entre os meios utilizados e os fins a alcançar através deles (artigo 14, do decreto no 30/2001, de 15 de Outubro e artigo 6 da Lei no 14/2011, de 10 de Agosto, artigo 21 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro, bem como o no 2 do artigo 249 da CRM);
l. Princípio da Boa-Fé Este princípio estabelece que no desempenho da actividade administrativa, e em todas as suas formas e fases a Administração Pública e os administrados devem actuar e relacionar -se de acordo com as regras de boa-fé. Para o efeito, deve ponderar-se os valores fundamentais do direito, relevantes em face das situações consideradas e, em termos especiais, a confiança suscitada na contraparte pela actuação em causa e o objectivo a alcançar com a actuação realizada (artigo 6 da Lei no 14/2011, de 10 de Agosto e artigo 23 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro);
m. Princípio da Gratuitidade Este princípio estabelece que o procedimento administrativo é gratuito, excepto nos casos em que leis especiais imponham o pagamento de taxas, emolumentos ou despesas efectuadas pela Administração. Nas situações de comprovada insuficiência económica, a Administração isenta o interessado do pagamento das taxas, emolumentos ou dos custos referidos no número anterior. A insuficiência económica pode ser provada por qualquer meio idóneo, designadamente, o atestado da situação económica emitido pelo órgão da administração competente. A documentação a que se refere o número anterior deve mencionar expressamente que se destina a instruir um pedido de isenção de taxas, emolumentos ou custos administrativos, (artigo 16 da Lei no 14/2011, de 10 de Agosto e artigo 30 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro);
n. Princípio de Acesso à Justiça e ao Direito - Segundo este princípio, aos administrados é garantido o acesso à justiça contenciosa administrativa, para a obtenção da fiscalização judicial dos actos da Administração Pública, bem como para a tutela dos seus direitos ou interesses legítimos, nos termos da legislação do processo administrativo contencioso, (artigo 17 da Lei no 14/2011, de 10 de Agosto e artigo 31 da Lei no7/2012, de 8 de Fevereiro).
Entretanto, para além dos princípios acima arrolados a Administração Pública Moçambicana conta com diversa legislação que estabelece as diversas normas que os servidores públicos devem cumprir no desempenho das suas funções como é o caso da Lei no 16/2012, de 14 de Agosto, Lei de Probidade Pública que estabelece os princípios éticos e deontológicos, bem comoResolução no 15/2018, de 24 de Maio que aprova o código de Conduta dos Funcionários e Agentes do Estado para citar alguns. É no âmbito destas normas que a Administração Pública Moçambicana tem evoluído nos últimos anos com vista a alcançar o seu objectivo principal que é a de satisfazer as necessidades colectivas ou seja prosseguir o interesse colectivo ou público.
4. Considerações Finais
A administração pública moçambicana tem suas raízes no período colonial aquando da dominação portuguesa em que esta buscou administrar Moçambique como uma província de Portugal. Durante o período de denominação colonial portuguesa Moçambique passou por uma administração monarca em que regista-se tendências centralizadoras e descentralizadoras de administração todavia a centralização do poder foi mais evidente. Passado o período da monarquia institui-se a república que vai conceder mais autonomia as colónias e fortificar a autoridades administrativas dos governos colónias no âmbito da tendência descentralizadora, neste período regista-se a tentativa de diferenciar a administração da justiça o que não acontecia na monarquia, para além disso neste período da república tem-se a dissociação da igreja do Estado. Contudo, com o Golpe de Estado que derrubou o governo que instituirá a primeira república em Portugal e tem-se o Estado Novo volta-se a centralização onde os poderes legislativos e financeiros ficam nas mãos dos ministros das colónias e as províncias ultramarinas voltam a ficar sujeitas ao mandato efectivo de Lisboa. Já com a proclamação da independência em 1975 o Governo rompe com administração portuguesa e começa uma nova forma de administração que no inicio não fugiu muito da administração portuguesa pois possuía um aparelho de Estado centralmente planificado ou seja continuo a centralização de poder com o modelo socialista. Com a aprovação da nova constituição em 1992 tem-se profundas mudanças na administração pública Moçambicana onde se passa do socialismo para o capitalismo e nasce o Estado de Direito assente na divisão e/ou separação de poder e com inicio do processo de descentralização com a criação das autarquias locais. Já em 2004, com a introdução da nova constituição continuam as mudanças na administração pública com o aprofundamento da descentralização e desconcentração de poder que são estabelecidos como princípios constitucionais que devem reger a administração pública moçambicana. Entretanto, com o desenvolvimento da Administração Pública ao longo deste período até hoje diversa legislação foi aprovada com normas para regerem a administração pública tendo sido estabelecidos princípios de organização e funcionamento que são encontrados seja na constituição assim, como na demais legislação avulsa. O destaque vai para os princípios de legalidade, igualdade, justiça, prossecução do interesse público e ética. 
5. Referências Bibliográficas 
Amaral, Diogo Freitas do (2006), Curso de Direito Administrativo Vol., I, 3a Edição, (2a Reimpressão da Edição de Novembro de 2006), Coimbra: Livraria Almedina. 
Borges, Carlos Henrique Leite (s/d), Administração Pública: Conceitos. Curso de Administração. Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC. 
Cabaço, José Luís. (2010) Moçambique Identidades, Colonialismo e Libertação. Maputo: Marimbique. 
Hedges, David (1999), História de Moçambique: Moçambique no Auge do Colonialismo, 1930-1961, Vl 2, 2 ͣ Edição, Maputo: Livraria Universitária. 
Mendiate, Bruno Domingos (2018), Evolução Histórica da Administração Pública Moçambicana. Publicado em WEBARTIGOS. Disponível em: https://www.webartigos.com/artigos/evolucao-historica-da-administracao-publica-mocambicana/159534. Consultado em 8 de Junho de 2019.
Newitt, Malyn (1997), História de Moçambique,. Portugal: Publicação Europa – América. 
Legislação
Governo de Moçambique (2004), Constituição da República de Moçambique. Maputo: Imprensa Nacional de Moçambique.
Boletim da República (2001), Decreto no 30/2001 de 15 de Outubro, Aprova as Normas de Funcionamento dos Serviços da Administração Pública, Número 41. I Série. Maputo: Imprensa Nacional de Moçambique.
Boletim da República (2011), Lei nº 14/2011, de 10 de Agosto, Regula a Formação da Vontade da Administração Pública e Estabelece as Normas de Defesa dos Direitos e Interesses dos Particulares. Número 32. I Série. Maputo: Imprensa Nacional de Moçambique. 
Boletim da República (2012), Lei no 7/2012, de 8 de Fevereiro, Estabelece as bases gerais da organização e funcionamento da Administração Pública. Número 6. I Série. Maputo: Imprensa Nacional de Moçambique. 
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