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1 E Q U I P A M E N T O S D E T R A N S P O R T E E S E U S E F E I T O S N O E S P A Ç O U R B A N O : A N Á L I S E S O C I O E S P A C I A L D O T E R M I N A L D O D E R G O E R O D O V I Á R I A D E C A M P I N A S PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS – PUC.GO ESCOLA DE ARTES E ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO ENSAIO CRÍTICO | 2019/2 EQUIPAMENTOS DE TRANSPORTE E SEUS EFEITOS NO ESPAÇO URBANO: ANÁLISE SOCIOESPACIAL DO TERMINAL DO DERGO E RODOVIÁRIA DE CAMPINAS ORIENTADORA: MIRACI KURAMOTO NUCADA ALUNO: MATHEUS S. NASCIMENTO SANTOSNASCIMENTO2@HOTMAIL.COM (62) 99109 1439 2 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS – PUC.GO ESCOLA DE ARTES E ARQUITETURA |CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO ENSAIO CRÍTICO 2019/2 TÍTULO DO TRABALHO: EQUIPAMENTOS DE TRANSPORTE E SEUS EFEITOS NO ESPAÇO URBANO: ANÁLISE SOCIOESPACIAL DO TERMINAL DO DERGO E RODOVIÁRIA DE CAMPINAS ORIENTADORA: MIRACI KURAMOTO NUCADA ALUNO: MATHEUS SANTOS NASCIMENTO 3 S 1. RESUMO....................................................................................................4 2. INTRODUÇÃO..........................................................................................5 3. RESENHA CRÍTICA: DESLOCAMENTOS, INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA, FORMA URBANA E ESTILOS DE VIDA...............8 4. ESTUDO DO LOCAL: GOIÁS COMO CENTRO RODOVIÁRIO BRASILEIRO.........................................................13 PRINCIPAIS VIAS DA REGIÃO OESTE...............................................................17 QUEM CHEGA A GOIÂNIA?.......................................................................18 DESLOCAMENTOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA: QUAIS SUAS CARACTERÍSTICAS?......21 LEVANTAMENTO DA ÁREA...................................................................................26 LOCALIZAÇÃO.....................................................................................27 USOS DO SOLO DA ÁREA..........................................................................28 ADENSAMENTO SEGUNDO PLANO DIRETOR.....................................................29 FLUXO E VIAS NA REGIÃO.........................................................................31 ESTIMATIVA DE ADENSAMENTO POPULACIONAL NOS BAIRROS ESTUDADOS..................32 ESTIMATIVA DE ADENSAMENTO DE EMPREGOS NOS BAIRROS ESTUDADOS....................34 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................35 6. BILIOGRAFIA...........................................................................................39 S U M Á R I O 1. R E S U M O 4 O trabalho aborda, através de estudos e levantamento de dados, a importância do terminal de transporte coletivo e sua inserção no contexto urbano, tendo como partido o Terminal do Dergo e Rodoviária de Campinas, localizados em Goiânia. O estudo faz uma análise crítica do texto “Deslocamentos, incorporação imobiliária, forma urbana e estilos de vida” de Flávio Villaça (2001) a fim de compreender os fluxos urbanos e como a especulação imobiliária, classes sociais e estilos de vida são potenciais influentes na forma da cidade, relacionando o assunto com o transporte público coletivo e endossando sua importância. O artigo usa principalmente de estudos do local, exemplos históricos da cidade e pesquisas, que fazem uma análise completa dos terminais urbanos estudados para justificar a necessidade do investimento no tipo de equipamento. Foi elaborado um reconhecimento macro, meso e micro sobre a área do Terminal do Dergo e Rodoviária de Campinas. Tal qual Goiás como centro rodoviário do Brasil e sua posição privilegiada de fácil acesso às demais regiões do território nacional. Fez-se o levantamento das características da Região Metropolitana de Goiânia, demonstrando o grande fluxos que a capital recebe e o perfil dos turistas e passageiros que, em sua maioria, chegam à cidade por ônibus interestaduais. Considerando dados e pesquisas elaboradas, o estudo é útil para entender a importância dos terminais urbanos a fim de compreender sua influência no local em que está inserido dentro do parâmetro em que a cidade de Goiânia se enquadra. PALAVRAS-CHAVE: Terminal de ônibus. Rodoviária. Centralidades. Espaço urbano. R E S U M O 2. I N T R O D U Ç Ã O 5 O objetivo desse trabalho é estudar a região do Terminal do Dergo e Rodoviária de Campinas, afim de analisar formas de melhorias e propostas de terminais, tendo em vista sua inserção no espaço urbano e seu desempenho como gerador e regenerador de centralidades metropolitanas. Durante a pesquisa, será elaborado o levantamento do local, considerando os usos do seu entorno, vias e fluxos de acessos, edifícios e pontos importantes do contexto urbano. Será analisado os usuários que utilizam o transporte coletivo da região buscando entender quais são as necessidades a serem atendidas. Buscará conhecer os elementos que envolvem o transporte coletivo urbano e intermunicipal para que isso subsidie projetos de terminais urbanos. Além disso, será estudado os aspectos conceituais e teóricos que envolvem o assunto. Trabalhar, estudar ou até mesmo passear. Utilizar transportes coletivos faz parte da rotina de muitas pessoas. Nisso, se encontra a necessidade de ter equipamentos de qualidade. Entretanto, a falta de segurança, as altas tarifas e a baixa qualidade dos terminais de ônibus têm causado um decrescimento considerável de usuários. Segundo dados do Sitpass, de 2008 até 2015, o sistema de transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia perdeu cerca de 30% dos passageiros. Ao analisar as condições dos terminais rodoviários, vários são os problemas encontrados: falta de organização, sujeira, degradação dos equipamentos e falta de conforto. Consequentemente, o número de automóveis nas cidades tem aumentado significativamente. Segundo pesquisa feita pelo jornalista Pedro Nunes, no jornal O Popular em 2018, a frota de carros particulares em Goiânia chegará a proporção de um veículo por I N T R O D U Ç Ã O 2. I N T R O D U Ç Ã O 6 habitante em 2022. Como em outras cidades do Brasil, o alto número de veículos gera congestionamentos, poluição do ar, excesso de pessoas em áreas centrais e favorecimento da expansão horizontal. Aplicativos como Uber e 99pop também tem crescido progressivamente. Mais da metade dos usuários que possuem smartphones são usuárias desse tipo de serviço. Melhor custo-benefício, segurança e falta de qualidade dos equipamentos de transporte coletivo estão entre os motivos pelos quais os aplicativos de carona estão conquistando cada vez mais usuários. Por essa razão, a cidade contemporânea deve investir em transporte coletivo de qualidade, que barre o aumento de veículos individuais nas ruas e seja tão atraente quanto seus concorrentes. Equipamentos de transporte coletivo tem contribuições significativas no contexto urbano. Muitas foram as cidades que se iniciaram a partir de um terminal de ônibus ou uma estação de trem. Terminais urbanos como construção e local de passagem de veículos coletivos, tem forças de se encarregar de mudar seu entorno. Ao possibilitar enorme fluxo de pessoas e mercadorias, estimulam a instalação de comércios, negócios e residências em seu entorno. O Terminal do Dergo e a Rodoviária de Campinas, localizado na mesma região em Goiânia, é um exemplo disso. É fato a necessidade de reflexão de um projeto de qualidade para equipamentos de transportes coletivos. Um terminal de ônibus é um dos equipamentos mais utilizados no dia a dia da população. Por esse motivo, a qualidade dessas construções pode influenciar na vida dessa população. Equipamentos sem infraestrutura e organização espacial são causas de estressee cansaço. E, quando há um projeto mal definido, esses problemas são repassados para o entorno em que está inserido, transformando aquele ponto da cidade em um local tenso e congestionado. 2. I N T R O D U Ç Ã O 7 Nesse contexto, é essencial realizar uma análise aprofundada de como o espaço urbano pode reagir ao terminal inserido. Afinal, os estudos sociais, econômicos, de trafego e ambientais, devem fundamentar suas diretrizes e formas, para realizar projetos que revitalizam estes locais, atraindo novos investimentos, comércios e, principalmente, pessoas, transformando um local sem movimento, dinâmico novamente. O tema é rico pois além dos aspectos sociais e urbanísticos dos terminais de ônibus na cidade, ainda pode abordar questões como sustentabilidade, fluxos, revitalização urbana e o próprio projeto arquitetônico, proporcionando ao aluno, um amplo aprendizado. 3. R E S E N H A C R Í T I C A 8 As necessidades de deslocamento das pessoas podem estruturar o espaço urbano, esse é o conceito defendido por Flávio Villaça (2001). Para o autor a estruturação espacial é resultado de um conjunto de fatores condicionantes ao modo em que a população transita, entre eles as relações sociais, as necessidades de trabalho, os estilos de vida e traços da cultura. As necessidades e condições de locomoção confrontam com espaços construídos a partir de necessidades antigas, que já não são mais as mesmas das atuais. Esses empecilhos, segundo o autor, muitas vezes são maiores que os desafios topográficos. O mesmo pode ser considerado com a cidade de Goiânia. Quando construída, a cidade havia sido planejada para 50 mil habitantes. Hoje, a cidade conta com cerca de um milhão e meio pessoas (estimados pelo IBGE em 2018) e já passou por diversas alterações em sua área edificada. Vias tiveram de ser alargadas, prédios foram demolidos para construção de novas edificações, e setores foram totalmente desconfigurados de seus usos originais. Isso se deve pelo fato de que a população da década de 30 não é a mesma de hoje. As pessoas precisam se locomover cada vez mais rápido, cada vez mais longe, num fluxo cada vez maior. Foi assim que surgiu a necessidade do Eixo Anhanguera, das dezenas de terminais urbanos, do BRT norte-sul e do futuro – provável – VLT. Esses equipamentos, só foram e serão feitos, tendo como base as necessidades de deslocamento da população e, a partir disso, surgem as transformações no espaço urbano. R E S E N H A C R Í T I C A D E S L O C A M E N T O S , I N C O R P O R A Ç Ã O I M O B I L I Á R I A , F O R M A U R B A N A E E S T I L O S D E V I D A F L Á V I O V I L L A Ç A , 2 0 0 5 . 3. R E S E N H A C R Í T I C A 9 Quando VILLAÇA (2005) diz que o confronto das necessidades antigas versus as atuais são mais difíceis de resolver do que os desafios topográficos, ele faz menção a cidade antiga e a forma como ela atendia as necessidades de deslocamento de sua população não são suficientes para a cidade de hoje e, por isso, o desafio entender como se deve intervir nesse contexto urbano. O fato pode ser ainda mais aprofundado e justificado quando cidades como São Paulo, e até mesmo Goiânia, veem como soluções para seu problemático fluxo, o aterramento de rios e córregos para desafogar suas vias que não suportam mais a fluidez dos deslocamentos atuais dentro do seu perímetro urbano. As condições em que as cidades se encontram e as necessidades que elas precisam suprir reflete não só em sua estrutura física formal, mas também na vida da população. O autor ressalta que as situações de transporte podem demandar tempo e custos. Fatores como o tempo da viagem que o deslocamento necessita, o período de espera – no caso do transporte coletivo –, o meio modal utilizado para realizar a viagem, as distâncias entre um ponto e outro, influenciam nas condições e necessidades que esses deslocamentos demandam. VILLAÇA (2005) também faz adendo às classes sociais do organismo da cidade, que podem variar de acordo com o tipo. A classe mais rica é privilegiada pelo Estado, ao ter alto investimento em condições que favorecem o veículo individual, como baixo imposto e construção de vias expressas para carros. Enquanto classe inferiores, costumam morar longe do local de trabalho, sendo forçada a utilizar um transporte ruim e passar por condições de deslocamentos mais penosas. O autor ainda faz citação de David Harvey (1976), que diz: “os ricos podem comandar o espaço, enquanto os pobres são prisioneiros dele”. Dentro da cidade de Goiânia, não é diferente disso. É nítido a segregação entre mais ricos e mais pobres. Setores com pessoas de 3. R E S E N H A C R Í T I C A 10 classe mais alta, são altamente privilegiados, com altíssimos investimentos de equipamento público e infraestrutura urbana, sempre com forte propaganda da especulação imobiliária. Enquanto bairros mais afastados, encontram-se abandonados pelo poder público e a oferta de meios de transporte é sempre limitada e ultrapassada, se comparada à outras partes da cidade. Um exemplo recente que aconteceu em Goiânia, foi a implementação do citybus 2.0. O serviço, que funciona como um aplicativo de carona de micro-ônibus criado pela prefeitura, atende apenas a região central da cidade e regiões mais nobres. Entretanto, não é preciso fazer um estudo aprofundado para comprovar que as regiões mais necessitadas de investimento são as mais afastadas. Além de que, as pessoas que moram em regiões nobres e centrais somente utilizam do transporte individual, não tendo demanda para implantação do serviço do ônibus coletivo. Apesar de ser apenas o começo desse novo serviço, é comprovado mais uma vez que a classe alta ainda é a mais privilegiada. Ao observar as demais cidades do Brasil e do mundo, nota-se que as melhores condições de vida estão concentradas entre os que tem melhores condições financeiras. Quanto maior o preço do metro quadrado, melhor sua infraestrutura e suas condições de deslocamento. Entretanto, Villaça também cita um outro fato que influencia no valor, que são a busca e oferta da terra. Como dito anteriormente, um dos fatores que influenciam nas condições de deslocamento na cidade é o estilo de vida. O tempo todo somos bombardeados por propagandas e conteúdo que moldam nossas necessidades e criam no inconsciente os nossos desejos. Podemos ver isso em um dos exemplos que o autor trouxe: Rio de Janeiro e sua costa litorânea. A especulação imobiliária criou na população o desejo de possuir apartamento com vista para o mar e, com isso, a demanda se tornou extremamente alta. Entretanto a oferta não é capaz de atender, já que a costa é fisicamente limitada. Assim, o preço para morar no local é caro, sendo altamente especulado. A única 3. R E S E N H A C R Í T I C A 11 saída encontrada são as verticalizações, que se tornam cada vez mais comuns, surgindo a necessidade de métodos eficazes para locomoção e deslocamentos. Como não há mais local pra expandir, a alta classe carioca se concentra nessa área e acaba por se tornar uma área nobre densificada e concorrida da cidade. Entretanto, vemos que o estilo de vida no Rio de Janeiro não são os mesmos de todas as outras metrópoles. Ao observar cidades do interior do país, como Goiânia, vemos um estilo totalmente diferente. Quando a cidade não é litorânea, conforme VILLAÇA (2001), “as elites procuram sítios altos, mais saudáveis, com brisa e vista panorâmica, ou mais aprazíveis”. Tal citação pode ser claramente exemplificada pelos condomínios horizontais de Goiânia. Partes da cidade, como os jardins da região sudeste, são montanhosas, com vistas para grandes paisagens. A moradia na região tem acesso a um ambiente arborizado, com jardins bonitos, e sempre à uma distância que não seja tão longe do centro da cidade,nem tão perto de modo que o caos da metrópole não chegue até eles, preservando sempre a escala do automóvel. Observa-se que, pelo menos dentro da classe privilegiada, existe majoritariamente esses dois estilos de vida que são completamente diferentes. Enquanto no Rio de Janeiro, a classe alta está concentrada em apartamentos na costa litorânea, onde há alto fluxo de pessoas, comércio e turismo, cidades como Goiânia, encontram luxo em condomínios verticais afastadas de grandes centralidades, com baixa densidade e grandes terrenos. Segundo o autor, isso acontece porque quem define o meio de moradia é o próprio consumidor, e não a atuação do incorporador. Tanto é que existem centenas de imóveis de alto padrão que acabam não fazendo o mesmo sucesso de venda quanto como em outras áreas mais visadas. Entretanto, as grandes incorporações estão armadas de experiência e estudo do estilo de vida da população local e assim, acabam fomentando ainda mais os desejos 3. R E S E N H A C R Í T I C A 12 do consumidor, produzindo – quase que incessantemente – novos bairros e deixando outros para trás. Baseada nos desejos dessa classe e no estilo de vida consumista, as grandes incorporações acabam criando cidades inteiras, empreendimentos, comércios, shopping centers. Integrando enormes glebas sob um único comando. Esses condomínios acabam criando uma grande barreira nas cidades, causando problemas de segregação, alteração na paisagem, falta de acessibilidade. Com o estilo de vida que vemos na cidade de Goiânia, deve-se estar sempre em estado de preocupação. A cidade expande cada vez mais horizontalmente, e a especulação imobiliária é incentivada pelo poder público. Os deslocamentos estão cada vez mais longe, os gastos com infraestrutura são cada vez maiores e, na incapacidade de atender a todos, quem ganha com isso é quem tem prioridade no sistema: os mais ricos. Nisso, o contraste de classes é cada vez maior, e Goiânia tem aparecido como a cidade com maior índice de desigualdade do Brasil, e a décima no mundo, segundo relatório elaborado pela ONU divulgado em 2012. No papel do arquiteto e urbanista, é necessário que se tenha noção dessas diferenças sociais e que haja um forte combate a isso através de um planejamento urbano adequado. É preciso criar diretrizes com finalidades para conduzir a política pública a posicionamentos acertados afim de buscar o conceito de igualdade dentro das cidades. 4. E S T U D O D O L O C A L | GOIÁS COM CENTRO DO BRASIL 13 Ao analisar os estilos de vida durante o tempo, vemos que existe um forte contraste de costumes. Alguns são meramente culturais e outros tem sua origem baseadas em investimentos, diretrizes políticas e avanço tecnológico e industrial. Existem diversas formas de deslocamentos espaciais, e como dito por VILLAÇA (2001), essas formas podem influenciar no modo como as cidades são construídas e traçadas. Antigamente, antes do uso dos carros, o meio de deslocamento utilizado dentro das cidades eram as carroças. Nisso, as distâncias eram pequenas, as ruas, ainda sem asfalto, eram estreitas e muitas coisas podiam ser feitas a pé. Distâncias maiores, entre uma cidade e outra, eram normalmente feitas por trens e, em alguns casos, rios serviam de vias para fluxo de barcos. Com o crescimento do carro a gasolina no século XX, as cidades sofreram mais alterações. As ruas ficaram cada vez mais largas, podia-se E S T U D O D O L O C A L G O I Á S C O M O C E N T R O R O D O V I Á R I O D O B R A S I L 4. E S T U D O D O L O C A L | GOIÁS COM CENTRO DO BRASIL 14 chegar cada vez mais longe, e com isso a expansão territorial não era mais um problema de deslocamento. Em países industrializados, com grande espaço territorial, começam a surgir as rodovias para atender esse novo estilo de vida. Países em escala continental, como o Brasil, acabam apostando no investimento e tal estilo começa a se tornar o principal meio de viagem da população. Com cerca de 1,8 milhões de quilômetros, as rodovias brasileiras têm extrema importância no cenário econômico do país, sendo o maior sistema utilizado para locomoção. O grande boom das rodovias no Brasil chegou com o forte investimento do presidente Juscelino Kubitscheck, que trouxe em seu governo grandes fábricas automobilísticas, e construindo diversas longas estradas enquanto paralisou investimento para ferrovias. Junto a isso, o transporte rodoviário de passageiros se tornou o principal meio de condução utilizado pela população. O baixo valor das passagens – comparadas às aéreas –, a grande abrangência da malha viária e o forte investimento em rodovias, consolidou o transporte rodoviário interestadual como o principal meio de deslocamento e hoje é uma das atividades mais importante na construção econômica e social do país. Goiás é o estado mais privilegiado em sua localização no contexto nacional. Sua posição central facilita o acesso para qualquer região do Brasil. Não atoa que funciona como um grande centro de logística e locação estratégica para diversas industrias. Segundo dados do Instituo Mauro Borges em Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB), o estado possui uma malha viária de 28 mil quilômetros de rodovias. Suas principais rodovias federais são a BR-153, que faz ligação norte-sul do país e a BR- Fonte: PLANO DE DESENVOLVIMENTO URBANO INTEGRADO (2017). 4. E S T U D O D O L O C A L | GOIÁS COM CENTRO DO BRASIL 15 060 que liga Mato Grosso do Sul e Região Oeste do país a Brasília e, por conseguinte, liga Goiânia ao Nordeste. A infraestrutura das redes viárias que atendem o estado possibilita o acesso para qualquer estado do Brasil. Isso possibilita a quem estiver no estado possa ir para outros estados sem realizar percursos muito longos, com isso a passagem de ônibus interestaduais mantém um preço baixo, tornando a escolha do modal, algo viável para quem for utilizar transporte rodoviário. Além disso, o estado funciona como um ponto de passagem para quem cruza o país. Com isso, as instalações de terminais rodoviários em Goiânia, capital de Goiás, acabam privilegiadas pela centralidade nacional. O ponto modal se torna um forte imã de pessoas, e com isso pode se transformar em um local para investimentos rentáveis pelo enorme fluxo de pessoas e carga que passam pelos terminais goianos. Tendo em vista a Região Metropolitana de Goiânia, o Anel Viário tem um dos papéis mais importantes no fluxo de deslocamentos da capital. Ele funciona como um meio para conectar as demais regiões do país sem a necessidade de passar pelo centro de Goiânia. Apesar de ainda não estar completa, a sua importância para economia é alta, pois ajuda na rapidez de circulação do transporte de carga e conexão às principais vias da RMG e todas rodovias federais. Outra via economicamente importante para a RMG é a BR-153. A rodovia é rota de integração com a Região Norte e Sul do país, fazendo com que os imóveis do seu entorno sejam valorizados. O Terminal Rodoviário de Campinas, localizado na cidade de Goiânia, unido com o Terminal do Dergo, tem a possibilidade de se integrar com a rede de transporte coletivo da cidade expandindo ainda mais a acessibilidade de quem chega à Goiânia. Os dois terminais unidos, junto com a possível instalação da linha de VLT pode causar um efeito ainda maior no entorno em que está instalado, proporcionando a 4. E S T U D O D O L O C A L | GOIÁS COM CENTRO DO BRASIL 16 revitalização da área. Tal assunto será debatido no decorrer deste trabalho. Como visto acima, Goiânia e seus terminais se conectam a todas as regiões do país. Tendo isso em vista, pode-se concluir que os ônibus utilizam de outras vias para locomover ao destino, podendo passar até mesmo pela parte central da cidadecausando problemas de trânsito. Entretanto, com a conclusão do Anel Viário, será possível desviar do trânsito central. Baseado na localização que o Terminal Rodoviário de Campinas se encontra – região oeste em relação ao centro de Goiânia –, foram separadas as principais vias que os ônibus interestaduais utilizam para acesso. Fonte: PLANO DE DESENVOLVIMENTO URBANO INTEGRADO (2017). 4. E S T U D O D O L O C A L | GOIÁS COM CENTRO DO BRASIL 17 As principais vias da região oeste são: GO-070 - Corta cidades como Goianira, Inhumas, Itauçu, Itaberaí, Cidade de Goiás, Itapirapuã, Jussara, Aparecida do Rio Claro e termina na cidade de Aragarças, no Rio Araguaia. GO-060 - É duplicada de Goiânia até a cidade de Trindade, o restante da rodovia é pista única, passando pelas seguintes cidades: Santa Bárbara de Goiás, Nazário, Turvânia, Firminópolis, São Luís de Montes Belos, Israelândia, Iporá e Arenópolis, até chegar em Piranhas, seu ponto final. BR-060 - Seu ponto inicial fica na cidade de Brasília (DF), e o final, em Bela Vista (MS), na fronteira com o Paraguai. Algumas cidades importantes estão: Anápolis, Rio Verde, Jataí, Campo Grande e Bela Vista. GO-040 - Corta cidades como Aragoiânia, Aloana, Oloana, Cromínia, Pontalina, Aloândia e Bom Jesus de Goiás. Goiânia possui dois terminais rodoviários e um aeroporto. A maior parte das pessoas que chegam na cidade, chegam através de ônibus. Seu maior terminal rodoviário está localizado no Setor Central. Desenhado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, a rodoviária hoje funciona como shopping e apresenta problemas de acessos e usos, não sendo mais capaz de atender a demanda de pessoas que chegam até a cidade. Entretanto, ainda é o maior ponto de chegada à capital goiana. A Rodoviária de Campinas dista 7km a oeste do Terminal Rodoviário de Goiânia, a conexão entre eles demora cerca de 15 minutos. Na região nordeste da cidade, se localiza o Aeroporto Santa Genoveva com capacidade de movimentação de cerca de 6 milhões de pessoas por ano. Dista 14 km do Terminal Rodoviário de Campinas, 4. E S T U D O D O L O C A L | GOIÁS COM CENTRO DO BRASIL 18 sendo possível chegar ao aeroporto em 22 minutos. Havendo a integração do Terminal Rodoviário de Campinas com o Terminal Rodoviário de Goiânia e o Aeroporto Rodoviário, através do transporte coletivo, pode possibilitar deslocamentos para as demais regiões que o terminal estudado não atende. QUEM CHEGA A GOIÂNIA? Segundo pesquisa realizada pelo Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável da prefeitura de Goiânia em 2012, realizadas afim de obter dados da demanda turística para a cidade de Goiânia, as áreas predominantes de quem chega à capital do estado de Goiás é Turismo, Negócios e Eventos. Segundo as análises, de 2008 a 2010 o número de turismo tem chegado a 5% ao ano, em média. Essa porcentagem mostra que Goiânia está acima do crescimento médio do País, que é 3,1% ao ano. Ainda segundo o estudo, a maior parte das pessoas vem do próprio interior do estado de Goiás, seguido de São Paulo capital, interior de São Fonte: imagem tratada pelo autor com base no Google Earth (2019). 4. E S T U D O D O L O C A L | GOIÁS COM CENTRO DO BRASIL 19 Paulo e Mato Grosso. Brasília aparece em quinto lugar, empatado com Tocantins. Baseado nessas informações, é possível ter como conclusão que a região que mais contribui com passageiros e turismo de Goiânia se origina das regiões sudeste e oeste do Brasil. Sobre o meio de transporte utilizado para chegar em Goiânia, o gráfico abaixo mostra a predominância do uso de ônibus. Visto que a cidade de Goiânia está localizada em uma região estratégica do país, o dado justifica a temática e o local. 4. E S T U D O D O L O C A L | GOIÁS COM CENTRO DO BRASIL 20 Segundo pesquisa realizada pelo Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável da prefeitura de Goiânia em 2012, a motivação da viagem do turista que visita Goiânia é fortemente orientada para o turismo de negócios, representando 34% do total de turistas pesquisados. No entanto, a visita a parentes e amigos também atrai grande parte (24%) desses visitantes. Outra motivação relevante para 16% dos entrevistados é a participação em Convenções e Congressos. Uma motivação importante que também merece destaque é do turismo de saúde com 12% dos entrevistados. A infraestrutura oferecida pela cidade, com uma rede transporte completa, com espaços de convívio e estadia, e uma localização privilegiada da cidade no Centro-Oeste do País, explica a relevância destas motivações. 3. E S T U D O D O L O C A L | DESLOCAMENTOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA: QUASE SUAS CARACTERÍSTICAS? 21 A despolarização e diversificação de empregos é algo positivo para a Região Metropolitana. Quando isso ocorre, nota-se o desafogamento de fluxos na região central e economia de custos com infraestrutura que são repassados para o desenvolvimento de outras áreas – isso quando advém de uma política que favorece a cidade sustentável. O mapa acima, elaborado pela RMTC em 2012, mostra os municípios de origem dos fluxos de passageiros por terminais. O Terminal E S T U D O D O L O C A L D E S L O C A M E N T O S D A R E G I Ã O M E T R O P O L I T A N A D E G O I Â N I A : Q U A I S S U A S C A R A C T E R Í S T I C A S ? Fonte: Adaptado de REDE METROPOLITANA DE TRANSPORTE COLETIVO (2013). FLUXOS DE METROPOLITANOS DA REDE DE TRANSPORTE COLETIVO 3. E S T U D O D O L O C A L | DESLOCAMENTOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA: QUASE SUAS CARACTERÍSTICAS? 22 do Dergo (2) recebe fluxo direto de Santo Antônio de Goiás, Guapó e Nova Veneza. Indiretamente, o Terminal do Dergo ainda recebe fluxo de Brazabrantes, Goianira, Trindade e Abadia de Goiânia. Essas cidades são integradas à Goiânia através do Terminal Padre Pelágio, e conectadas ao Terminal Dergo pelo Eixo Anhanguera. O Dergo também tem uma linha direta com o Terminal Bandeiras, que recebe fluxo de Abadia de Goiás. Dessa forma, pode-se considerar que os deslocamentos realizados pelo transporte público coletivo da região oeste da RMG até o Terminal do Dergo são caracterizados da seguinte forma (por ordem de tempo): FLUXO DIRETO (tempo gasto): • Santo Antônio de Goiás (55 min.); • Nova Veneza (1h12min.); • Guapó (1h26min.). FLUXO INDIRETO (tempo gasto): • Trindade (1h17min. até T. Padre Pelágio + 8 min. até T. Dergo); • Abadia de Goiás (1h9min. até T. Bandeiras + 21min. até T. Dergo); FLUXO DIRETO FLUXO INDIRETO MAPA DAS CIDADES ATENDIDAS PELO TERMINAL 3. E S T U D O D O L O C A L | DESLOCAMENTOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA: QUASE SUAS CARACTERÍSTICAS? 23 • Goianira (1h26min. até T. Padre Pelágio + 8 min. até T. Dergo); • Brazabrantes (1h30min. até T. Padre Pelágio + 8 min. até T. Dergo). Em estudo elaborado pelo Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDI) de 2017, com base nos dados do IBGE de 2016, foi possível obter a quantidade de pessoas que se deslocam do município de residência por motivo de trabalho e/ou estudo na RMG. Com as informações extraídas desse trabalho, foi possível obter o fluxo diário que essas cidades emitem. Como feito anteriormente, separado em fluxo direto e indireto que acessam o Terminal do Dergo, foi possível quantificar as pessoas que chegam a Goiânia em cada grupo. Do grupo de cidades com acesso direto ao T. Dergo, 3.571 pessoas se deslocam de suas cidades para estudar ou trabalhar em Goiânia. Já do grupo com fluxo indireto ao terminal, o número é ainda maior: 30.032 saem dessas cidades. Deve-se lembrar que o estudo considerou apenas deslocamentos, não QUANTIDADE DE DESLOCAMENTOS NA RMG 3. E S T U D O D O L O C A L | DESLOCAMENTOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA:QUASE SUAS CARACTERÍSTICAS? 24 considerando qual modal são utilizados. Entretanto, o terminal atende também os moradores de Goiânia, sendo o número total de usuários ainda maior. A cidade de Goiânia recebe cerca de 176.112 pessoas vindas de outros municípios por motivo de trabalho e/ou estudo. O número representa 86,63% de toda a população da RMG que se desloca frequentemente por esse motivo. Os mapas 1 e 2 foram uma esquematização elaborada pelo PDI, tendo como base os dados de fluxos entre cidades da Região Metropolitana de Goiânia. Para elaboração das análises, o estudo de fluxos feito pelo PDI sobre a RMG foi dividida em quatro regiões: Norte, Sul, Leste e Oeste. Para o presente trabalho, foi levado em consideração a Região Norte e Oeste. Os mapas mostram que a região oeste da cidade tem mais interação com a capital do que com suas cidades vizinhas. Mostram também FLUXOS DE DESLOCAMENTOS NA RMG - NORTE FLUXOS DE DESLOCAMENTOS NA RMG - OESTE 3. E S T U D O D O L O C A L | DESLOCAMENTOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA: QUASE SUAS CARACTERÍSTICAS? 25 que a parte mais ao norte, tem baixo deslocamentos, entretanto deve- se considerar que as cidades possuem população baixa. Visto que Goiânia é um forte receptor de pessoas da Região Metropolitana e do Estado, assim como também de algumas regiões do Brasil, nota-se que tal fator influencia enormemente sua economia. E o principal equipamento que é capaz de manter isso são os terminais urbanos. Através deles é possível alcançar qualquer escala nacional sem precisar de grandes investimentos, existindo ainda um grande potencial para interação física, social e econômica, entre os seus usuários. 3. E S T U D O D O L O C A L | LEVANTAMENTO DA ÁREA 26 A área definida para estudo está localizada na divisa do Setor Rodoviário com o Setor Aeroviário, na cidade de Goiânia (capital do estado de Goiás, localizada na Região Centro Oeste do Brasil). Goiânia é limitada ao norte pelos municípios de Inhumas, Santo Antônio de Goiás, Nerópolis e Goianápolis; ao sul, pelo de Aparecida de Goiânia; a leste, pelo de Senador Canedo; e a oeste, pelos de Trindade, Abadia de Goiás e Aragoiânia. O local de estudo está localizado na Região de Campinas na divisa dos Bairros Rodoviário e Aeroviário. E S T U D O D O L O C A L L E V A N T A M E N T O D A Á R E A Localização área de estudo. Fonte: imagem tratada pelo autor com base no Google MyMaps (2019). 3. E S T U D O D O L O C A L | LEVANTAMENTO DA ÁREA 3. E S T U D O D O L O C A L | LEVANTAMENTO DA ÁREA 27 LOCALIZAÇÃO Em pesquisa realizada pelo IBGE no censo 2010, a população do Bairro Aeroviário era de 2.863 pessoas. Baseado na taxa de crescimento populacional de Goiânia, a estimativa para o ano de 2019 é 3.335. O bairro é caracterizado pelo Parque Campininha das Flores, seu principal cartão postal, cuja inauguração se deu no final do ano de 2011. Pela proximidade com Campinas, Aeroviário é um bairro predominantemente comercial. Suas vias se ligam à Avenida 24 de Outubro, e conta com comércio diversificado, de várias áreas. 3. E S T U D O D O L O C A L | LEVANTAMENTO DA ÁREA 3. E S T U D O D O L O C A L | LEVANTAMENTO DA ÁREA 28 O bairro Rodoviário recebeu este nome por estar próximo do primeiro terminal rodoviário da cidade, presente em Campinas, cuja localização, mais tarde, foi transferida para a região entre os bairros Centro e Norte Ferroviário. Outros pontos de referência presentes no bairro, como o Departamento de Estradas e Rodagens (DERGO) e a Paróquia São Cristóvão, contribuíram para sua expansão e crescimento populacional. Segundo dados IBGE, divulgados pela prefeitura, no Censo 2010 a população do Rodoviário era de 3.504 pessoas. Atualmente, estima-se que possua 4.082 habitantes. USOS DO SOLO DA ÁREA A localização com acesso fácil às principais regiões da cidade é um dos privilégios do bairro. Além disso, conta com uma ampla rede de serviços, com escolas, shoppings, lojas, supermercados, equipamentos públicos e outras conveniências que atraem pessoas de outras partes da cidade. A região ainda possui quatro vias comerciais que acentuam a quantidade de equipamentos e comércios: Avenida Castelo Branco, Avenida Anhanguera, Avenida 24 de Outubro e Rua 13. Essas vias possuem alto fluxo de pessoas e possuem variedades de usos. Pontos importantes do entorno. Fonte: imagem tratada pelo autor com base no Google Earth (2019). 3. E S T U D O D O L O C A L | LEVANTAMENTO DA ÁREA 29 Na área próxima aos terminais, nota-se a forte presença de uso comercial de grande porte em galpões. A área ainda possui escolas, igrejas e alguns equipamentos públicos como o DER-GO e a Secretaria de Segurança Pública. Também há a concentração de comércios na Avenida Castelo Branco e Avenida 24 de Outubro. Existem poucos edifícios em altura, apesar da área inteira estar dentro da área adensável proposta pelo Plano Diretor, a região se caracteriza pela horizontalidade. O uso misto é defendido por diversos teóricos dentro da Arquitetura e Urbanismo. Quando se une comércios e serviços com habitação, a região tende a ser mais viva, as ruas possuem maior movimento, não só em horários comerciais, como também aos fins de semana e períodos Fonte: imagem tratada pelo autor com base no Google Earth (2019). 3. E S T U D O D O L O C A L | LEVANTAMENTO DA ÁREA 30 noturnos. Além disso, é necessário que exista uma diversificação comercial do local, pois assim, além de atrais mais tipos de pessoas, quem mora no local não têm necessidade de realizar deslocamentos para regiões mais afastadas da cidade. É também um meio de diminuir deslocamentos por facilitar a moradia próximo a possíveis locais de trabalho. A região estudada, do Terminal do Dergo e Rodoviária de Campinas, possui poucas habitações. O bairro é bastante caracterizado por comércios específicos, como lojas automobilísticas, oficinas e afins. Na área encontra-se também muitos galpões industriais, na sua maior parte vazios. Essa caracterização favorece o esvaziamento da região, tornando o espaço perigoso durante o dia inteiro, já que raramente passam pessoas a pé por ali. Isso, torna o entorno dos terminais abandonadas, com alto índice de roubos e prostituição. ADENSAMENTO SEGUNDO O PLANO DIRETOR O espaço em que os terminais estão implementados é uma região de muito potencial. O Bairro Aeroviário e parte do Rodoviário estão dentro da Área Adensável do Plano Diretor e a região abre possibilidades para grande especulação imobiliária. Quando acontece o aumento populacional do setor, há a necessidade de equipamentos que, além de suprir a necessidade, sejam de qualidade e aptidão. Além disso, passam por ali três eixos de desenvolvimento que impulsionam os 3. E S T U D O D O L O C A L | LEVANTAMENTO DA ÁREA 31 usos e vivências na região. Todos esses fatores influenciam essa área a se tornar uma centralidade forte na cidade de Goiânia, se revitalizada. FLUXOS E VIAS DA REGIÃO Outro ponto de atração de caráter metropolitano é o Shopping Cerrado, situado na área delimitada pelas avenidas Anhanguera, Industrial, 24 de Outubro e Tirol. Este empreendimento compreende ainda a futura construção de um hipermercado em área situada no lado oposto da Av. Anhanguera. O fato de ter um Shopping localizado na região, é um fator para o aumento de fluxo de carros. Isso faz com que tenha uma atenção para o aumento de veículos quando o setor começar a se adensar. Ruas como a Avenida 24 de Outubro, Rua 13, Avenida Anhanguera e Avenida Castelo Branco, deverão estar preparadas para o crescimento dos setores. É válido lembrarque a região possui dois córregos que funcionam como limites topográficos que possivelmente teriam segurado o comércio da região de Campinas. 3. E S T U D O D O L O C A L | LEVANTAMENTO DA ÁREA 32 MAPA DE ADENSAMENTO POPULACIONAL NOS BAIRROS ESTUDADOS 3. E S T U D O D O L O C A L | LEVANTAMENTO DA ÁREA 33 Segundo análise da demanda e projeções populacionais, a RMTC elaborou estudos e mapas tendo como base a metodologia do Plano Diretor de Transporte Coletivo Urbano da Grande Goiânia de 2007, suas diretrizes e propostas de adensamento e as tendências recentes de crescimento urbano, como os investimentos do setor imobiliário e as infraestruturas implantadas. Com relação a densidade, o estudo mostra que a área entorno Terminal Dergo e Rodoviária de Campinas tende a aumentar sua densidade, passando da média de 15 a 30 hab/ha (Bairro Rodoviário) e 30 a 45 hab/ha (Bairro Aeroviário) para 75 a 100 hab/ha (Bairro Rodoviário) e mais de 125 hab/ha (Bairro Aeroviário). O alto número pode ser explicado pelo fato de a área estar dentro da nova Área Adensável do Plano Diretor. Esses dados mostram que a região será uma das áreas mais adensadas da cidade. O mapa abaixo faz a relação dos locais com maiores taxas de crescimento e mostra o grande impulsionamento que a região receberá, tendo crescimento maior que 200% e se destacando das outras regiões da cidade. 3. E S T U D O D O L O C A L | LEVANTAMENTO DA ÁREA 34 ESTIMATIVA DE ADENSAMENTO DE EMPREGOS NOS BAIRROS ESTUDADOS A RGM terá um aumento de 68% de empregos no período de 2010 à 2040, passando de 733 mil postos de trabalho em 2010 para 1,23 milhão em 2040. Ainda segundo o estudo, é esperado que haja um aumento significativo de atividades econômicas nas regiões oeste e sudoeste - áreas que são atendidas pelo terminal estudado. Na parte sentido Trindade, haverá crescimento das áreas já consolidadas. O município passará de 27 mil para 64 mil, mais que dobrando o número de empregos. Ainda próximo a região do Terminal, encontram-se pontos economicamente importantes como a Avenida 24 de outubro, Avenida Castelo Branco e o Shopping do Cerrado, gerando uma série de empregos diretos e indiretos. Esses atrativos causarão grande aumento de fluxos e carecerão de infraestruturas capazes de suprir tais necessidades. 4. C O S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S 35 O desenvolvimento do presente estudo proporcionou reflexões sobre os impactos sociais e urbanísticos causados pelas implantações de terminais de ônibus na cidade. Através de pesquisas e dados levantados, foram abordados assuntos dentro da temática proporcionando um amplo conteúdo debatido. A elaboração do artigo foi de alta importância pois verificou a relevância que o equipamento de transporte coletivo possui. Equipamento na qual que está frequentemente presente em grande parte da rotina diária dos indivíduos que fazem parte do organismo da cidade. A reflexão sobre o tema torna claro o entendimento da influência que um terminal de ônibus pode causar em seu entorno e os benefícios que um bom projeto pode trazer a cidade. Dentro da temática, foi explorado questões teóricas e conceituais sobre o assunto. Foi feito uma análise do texto “Deslocamentos, incorporação imobiliária, forma urbana e estilos de vida” de Flávio Villaça (2001). Para o autor a organização e composição da cidade é influenciada pela soma de condições impostas pelo estilo, costumes e hábitos utilizados pela população ao se locomover, dos quais podem ser citados as relações sociais, as necessidades de trabalho, os estilos de vida e traços da cultura. Como visto nos dados levantados, a cidade de Goiânia possui um alto uso do transporte coletivo no qual o ônibus é o mais utilizado para chegar a cidade e até mesmo se locomover por ela. Entretanto foi visto que a demanda pelo tipo de transporte tem caído nos últimos anos e o surgimento de outras alternativas vem ganhado força. O número de veículos particulares tem sido cada vez C O N S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S 4. C O S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S 36 mais alto. Encontra-se nisso a mudança de estilo da população, e se baseado nas ideias defendidas por Villaça (2005), essas mudanças acarretará também na transformação do espaço em se vive. Não obstante a isso, as mudanças ocasionadas poderão surgir efeitos negativos – e não é preciso esperar um futuro muito distante para vivenciar isso. As vias se encontram cada vez mais congestionadas, poluição do ar, expansão horizontal desnecessária, são alguns dos problemas atuais que a grande mudança de estilo vem causando. Para que o quadro seja revertido, é necessário o forte investimento no transporte coletivo. É notório e justificável o desencanto por parte da população aos terminais de ônibus atualmente. Os equipamentos não se encontram em bom estado e o maior desafio é tornar estes equipamentos atrativos novamente. Apesar disso, é possível provar que os terminais urbanos ainda possuem grande força. Para atestar a afirmação, foi definido a realização de levantamentos que examinassem o Terminal do Dergo e Rodoviária de Campinas a fim de considerar e analisar quais eram seus pontos fortes. Além disso, realizou- se a investigação da macrorregião a fim de buscar conhecer e justificar os investimentos no tipo de transporte coletivo. Na pesquisa sobre Goiás como centro rodoviário do Brasil, foi observado que o estado é o mais privilegiado em sua localização no contexto nacional. A sua posição permite acesso a qualquer região do país por meio das diversas rodovias que se encontram em seu território. Isso faz com que o transporte coletivo rodoviário seja altamente valorizado e a relevância do Terminal Rodoviário de Campinas seja reconhecida. Tendo em vista a região metropolitana de Goiânia, foi levantado como funcionam os fluxos da capital, e afirmado mais uma vez que o ônibus é o principal meio utilizado e o que mais deve receber investimentos. Nessa parte da pesquisa, foi apontado as principais áreas 4. C O S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S 37 que o Terminal do Dergo atende, as distâncias percorridas e a estimativa de fluxos. No estudo da área lindeira aos terminais, foi levantado aspectos da sua localização no contexto da cidade, os usos do solo da área, adensamento segundo o plano diretor, fluxo e vias na região e estimativa de adensamento populacional e de empregos nos bairros em que o terminal é locado. Nota-se que o entorno possui comércios de caráter locais e regionais, como o Shopping Cerrado. Foi possível observar que a região tem fácil acesso para rodovias da parte oeste da cidade, entretanto sua localização está situada em cruzamento que torna acesso fácil ao sentido norte-sul (Rua 13 e Avenida Castelo Branco) e leste-oeste (Avenida Anhanguera). E por estar localizado em uma região de adensamento, estima-se que os setores em que os terminais estão inseridos, terão a maior taxa de crescimento da cidade nos próximos 30 anos, o que torna necessário a requalificação dos terminais estudados. Os dados levantados durante a pesquisa, proporcionou resultados que fazem jus a ideia aqui defendida. A requalificação, ou até mesmo a reconstrução de um terminal urbano no local estudado tem forte potencial para atrair novos investimentos para região e se tornar um ponto de acupuntura urbana, ocasionando melhoria em seu entorno. Dado que a forma urbana decorre do estilo de vida da população (VILLAÇA, 2001), se faz necessário que os terminais sejam atrativos novamente, ressignificando sua imagem, para que o hábito da utilização do transporte público se faça crescente novamente, contribuindo de forma benéfica para cidade, tanto no contexto econômico e comercial,quanto no âmbito social e ambiental. Investir nesses equipamentos é um ato que torna os terminais urbanos um dos principais modelos de geração e regeneração do espaço. 4. C O S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S 38 Dado a importância do assunto, encontra-se o desafio de dar continuidade ao estudo do tema. Seria de grande contribuição a elaboração dos futuros efeitos causados pela implantação de um novo equipamento urbano na região. Com base nos estudos realizados, existe uma valorização dos imóveis e do espaço urbano, entretanto cabe a reflexão de como a implantação de um novo terminal refletiria na qualidade de vida dos usuários, moradores e comerciantes ali localizados. Se executado o que este presente trabalho propõe, seria relevante a investigação de como os negócios ali existentes se beneficiariam em termos de crescimento econômico. Pois, como visto em Villaça (2001), o equipamento urbano de tal porte está ligado diretamente a tais eventos. O desafio seria como comprovar estes efeitos pós implantação do novo terminal, tal como neste artigo foi estudado. Além disso, em uma futura pesquisa, poderia se levantar em que situação se encontrava a área estudada e quais efeitos foram provocados pela após a construção do atual Terminal do Dergo e Rodoviária de Campinas. E compara-los com os eventos acima mencionados, mensurando a magnitude ou a diferença entre os mesmos. Deve-se esclarecer que a análise dessas modificações nos atuais terminais não foi efetivada pois não fazia parte dos estudos necessários para a presente pesquisa, já que o projeto para este artigo se limitava ao estudo das condições atuais e a relação com um possível projeto de um novo equipamento urbano para substituir os atuais. Finalizando, cabe mencionar que a pesquisa pode contribuir com o conhecimento urbano ao oferecer uma nova leitura e uma análise inédita daquela região, colaborando com a elaboração de informações, mapas e dados atualizados que servirão de importante base para outros pesquisadores. 5. B I B L I O G R A F I A 39 Estações Intermodais. Disponível em: http://www.archdaily.com.br/br/search/projects/text/terminal/categories/esta cao-intermodal. > Acessado em 08/09/2019. OLAVO, Jorge. Investir no transporte coletivo é estratégia contra engarrafamentos. Gazeta do Povo. 2018. Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/especialpatrocinado/metrocard/investir- no-transporte-coletivo-e-estrategia-contra- engarrafamentosdlidnitvffm171fyeiy9ojqre/> Acesso em 05/09/2019. KNEIB, Erika Cristine. Centralidades urbanas e sistemas de transporte público em Goiânia, Goiás. 2015. 12 f. Curso de Programa de Pós-graduação Projeto e Cidade, Universidade Federal de Goiás - UFG, Goiânia, 2015. INSTITUTO DE PESQUISAS RODOVIÁRIAS - IPR (ORG.). Manual de Implantação de Terminais Rodoviários de Passageiros. 1986. Disponível em: <http://ipr.dnit.gov.br/normas-e-manuais/manuais/documentos/manual-de- implantacao-de-terminais-rodoviarios-de-passageiros.pdf/view>. Acesso em: 13 ago. 2019. GIMENES, Lourenço Urbano; MEYER, Regina Maria Prosperi. Estação intermodal como gerador e regenerador de centralidades metropolitanas: uma análise do potencial da Estação da Luz em São Paulo. 2005.Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. VILLAÇA, Flávio. 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