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Vertov: Um Olhar Sobre a Máquina

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Aeso Barros Melo
Cinema e audiovisual
História do Documentário - 2018.2
Prof.: Marcos Antônio N. dos Santos
Data: 29/10/2018
Cátia M de B Soares
Vertov: um olhar admirado de um homem sobre a máquina
"Eu sou um cine-olho. Eu sou um construtor. Eu te coloquei num espaço extraordinário que não existia 
até este momento. [...] Eu, cine-olho, crio um homem muito mais perfeito que aquele que criou Adão, crio 
milhares de homens diferentes segundo desenhos distintos e esquemas pré-estabelecidos. Eu sou o cine-
olho. Tomo os braços de um, mais fortes e hábeis, tomo as pernas de outro, melhor construídas e mais 
velozes, a cabeça de um terceiro, mais bonita e expressiva e, pela montagem, crio um homem novo, um 
homem perfeito."
Silencioso, mas musical. Rico em imagens da União Soviética sob os mais diversos 
ângulos, a obra de Vertov pretendia desvelar os segredos do cinema, da técnica e da linguagem 
cinematográfica. Filmado em 1929 nas cidades de Moscou, Vertov revolucionou a história do 
cinema documental. No filme “Um Homem com uma Câmera”, ele optou por usar uma 
linguagem cinematográfica livre. Longe dos aspectos cinematográficos da época: como o 
cinema ficcional, por exemplo. Um registro documental, com cortes abruptos e efeitos que 
reconstroem a realidade a partir da visão do cineasta. Entre as cenas cotidianas registradas, 
surgem cenas do processo de gravação. A câmera como personagem é tão presente que se revela 
na metáfora final do filme, em que o homem não está mais presente, mas a câmera atua como de 
uma forma completamente independente. 
Realizado sem roteiro e legendas, Vertov se dedicou à busca da possibilidade de transmitir ao 
espectador a variedade dos aspectos da vida. Dele podemos resumir suas principais construções 
teóricas em três noções diferentes e complementares:
1. A montagem de registros 
2. O cine-olho (kino-glaz): um meio de registrar a vida, o movimento, os sons e organizá-los 
através da montagem.
3. A vida de improviso: sem nenhum tipo de direção documental.
Um olhar admirado de um homem sobre a máquina que reflete a consciência das pessoas na 
época de industrialização. Revelando vários outros sinais do período: atletas de sapatos 
elegantes pedalando bicicletas ergométricas, telefonistas de uma central telefônica, bebês na 
maternidade. A atenção de Vertov para os detalhes e enquadramento, na busca perfeita pelo 
retrato do olho humano é tão interessante quanto suas experiências com a linguagem 
cinematográfica. E, no fim das contas, ele cria um homem novo, um homem perfeito.

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