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Dolo no Negócio Jurídico
Carlos Eduardo Carvalho e Ferreira
RESUMO
O presente estudo, far-se-á abordagem de um tema de extrema importância, que, junto com o erro, com a lesão, com a coação e com o estado de necessidade, formam o que conhecemos por vícios ou defeitos do negócio jurídico ou, em melhores palavras, vícios de vontade ou de consentimento capazes de gerar a invalidade de qualquer ato memorado quando, in concreto, presente um desses fatores viciantes que, de fato, maculam um dos requisitos da validade do negócio, qual seja, a vontade livre que, embora não prevista manifestadamente no art. 104 do atual códex, se faz presente anexada aos incisos I e II do aludido dispositivo, que requer, para a efetiva validade do ato, partes plenamente capazes e a devida licitude, possibilidade, e determinabilidade do objeto, respectivamente.
PALAVRAS-CHAVE: Dolo. Vícios. Códex. Validade. Negócio. Jurídico.
Dolo in the Legal Business
ABSTRACT: The present study will deal with an extremely important issue, which, together with error, injury, coercion and the state of necessity, form what we know from defects or defects in the legal transaction or , in the best of words, vices of will or consent capable of generating the invalidity of any memorable act when, in particular, there is one of these addictive factors that, in fact, tarnish one of the requirements of the validity of the business, namely, free will which, although not explicitly foreseen in art. 104 of the current codex, is attached to items I and II of the aforementioned provision, which requires, for the effective validity of the act, fully capable parties and due legality, possibility, and determinability of the object, respectively.
KEYWORDS: Dolo. Addictions. Codex. Shelf life. Business. Legal.
1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS	
A boa-fé permeia todo o sistema jurídico sendo princípio basilar do atual Código Civil, o qual passou a cominar de nulidade os negócios jurídicos simulados, antes apenas passíveis de anulação. Assim sendo, a simulação passa a ter regime jurídico diferencia do, possibilitando às próprias partes envolvidas arguirem tal nulidade e, por consequência, haver a responsabilização civil da parte pela quebra o princípio da boa-fé, o qual é resguardando pelo Direito nas relações jurídicas dissimuladas, ou seja, aquelas encobertas pelo negócio jurídico simulado nulo. Podemos rapidamente conceituar o negócio jurídico como o poder de auto regulação dos interesses que contem a enunciação de um preceito, independentemente do querer interno (Maria Helena Diniz p .277)
2 – CONCEITO
Dolo, etimologicamente do latim dólos, que quer dizer logro ou ardil, para o âmbito civilista, é um meio pelo qual se induz, por viés de intenção maliciosa, outrem a praticar ato que lhe seja prejudicial, tendo por primaz característica, atribuição à prática abusiva que, em tese, viola o princípio da boa-fé. Conforme leciona o professor Carlos Roberto Gonçalves,
Dolo é o artifício ou expediente astucioso empregado para induzir alguém à prática de um ato que o prejudique e aproveite ao autor do dolo ou a terceiro. Consiste em sugestões ou manobras maliciosamente levadas a efeito por uma das partes a fim de conseguir da outra uma emissão de vontade que lhe traga proveito ou a terceiro. (GONÇALVES, 2016, p. 562)
A título de exemplo, ilustre-se um negociante que, ao vender seu apartamento, desincumbe-se dolosamente de informar ao futuro comprador a respeito da existência de defeitos no encanamento da residência, vendendo o imóvel a um valor mercadológico como se estivesse em perfeitas condições, induzindo o adquirente, por hora, a celebrar o negócio jurídico eivado de dolo, e, em certos termos, de erro/ignorância. Verifica-se no presente exemplo a incidência do dolo negativo, o qual se analisará mais a diante.
Conforme ensina GAGLIANO (et. Al, 2017, p. 139) “[...] costuma-se afirmar que o dolo é o erro provocado por terceiro, e não pelo próprio sujeito enganado”, logo que, no erro, a pessoa é quem, a priori, engana-se sozinha, enquanto no dolo, induz-se outrem a errar com intenções puramente maliciosas, utilizando-se de preceitos arrimados em má-fé. Outro exemplo prático traz o referido professor ao dizer que “o sujeito que aliena a caneta de cobre, afirmando tratar-se de ouro, atua com dolo, e o negócio poderá ser anulado” (id. ibid., p. 140).
Conforme preleciona o art. 145 do atual código privado, ipsis litteris, “são os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa”. Excelente explicação do pretexto normativo se tira da obra de TARTUCE (2017, p. 177), aduzindo que, esse dolo, causa do negócio jurídico, é conceituado como dolo essencial, substancial ou principal (dolus causam). Em casos tais, uma das partes do negócio utiliza artifícios maliciosos, para levar a outra a praticar um ato que não praticaria normalmente, visando a obter vantagem, geralmente com vistas ao enriquecimento sem causa.
2 – Espécies de dolo 
2.1.1- Principal e acidental
A classificação em dolo principal (dolus causam dans contractui) ou em dolo acidental (dolus incidens) é das mais importantes, por essa razão consta do próprio art. 145 supracitado.
- Dolo principal – somente esse, como causa que determina a declaração de vontade, traz o óbice de viciar o negócio jurídico. Obtempera GONÇALVES (ibid., p. 564): “configura-se quando o negócio é realizado somente porque houve induzimento malicioso de uma das partes. Não fosse o convencimento astucioso e a manobra insidiosa, a avença não se teria concretizado”.
- Dolo acidental – essa espécie de dolo está mais abarcada pela responsabilidade civil propriamente dita, uma vez que, tal categoria não é causa determinante do negócio, não gerando qualquer nulidade para este. Ao máximo, o que pode acontecer, é a parte prejudicada vir a pedir a devida satisfação/indenização por perdas e danos. Conforme o art. 146 do Código Civil, “o dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo”, TARTUCE (2017, p. 177) define o dolo acidental “como sendo aquele que não é causa do ato (dolus incidens) ”. 
2.1.2 - Bom e mau
- Dolo bom (dolus bonus) – essa espécie de dolo, diz respeito a uma conduta excepcional que, em casos estritos, podem ser toleradas por não possuírem qualquer gravidade ou intuito de enganar outrem com finalidades maldosas.
O negócio acometido por dolo bom não é sequer anulável.
- Dolo mau (dolus malus) – dolo mal, por sua vez, conforme o próprio nome esclarece, é revestida de maldade, de gravidade, onde se tem a real intenção de ludibriar/enganar alguém. Quando o dolo tem intenção puramente maliciosa, acaba por viciar o consentimento, quando então, se pode falar em nulidade relativa do negócio jurídico assim celebrado, ou até mesmo, na obrigação de indenizar por perdas e danos.
2.1.3 - Positivo ou negativo
Tal classificação é simples, logo que, ou a conduta geradora do dolo vem de uma ação – dolo positivo ou comissivo – ou de uma omissão – dolo negativo ou omissivo –, sendo esse último também conhecido por omissão dolosa.
Como se pode ver, as duas formas de dolo expostas nesse item, violam gravemente o princípio da boa-fé objetiva consagrado pelos arts. 113, 187 e 422 do código.
2.1.4 - Unilateral ou bilateral
Normalmente, o dolo parte de apenas uma pessoa, sendo, via de regra, unilateral. Nesse tipo de dolo, há de se falar em anulabilidade do negócio jurídico, que pode, eventualmente, ser pleiteada pelo prejudicado, além de reclamar perdas e danos.
O dolo bilateral, por sua vez, ou também dolo de ambas as partes, consta do art. 150 do atual código civil, o dispositivo diz que se ambas as partes envolvidas no negócio jurídico agirem com dolo, nenhumas delas pode alega-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.
2.1.5 - Da própria parte ou por viés do representante
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveitoque teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.
Classificação da representação
Legal – quando a própria lei determina os poderes ao representante e, via de regra, quem o será.
Convencional – aquela feita por viés de procuração.
Judicial – determinação e atribuição de poderes por viés de provimento jurisdicional.
O representante age sempre em nome do representado, não adquirindo quaisquer direitos ou deveres em nome próprio. Por essa razão, o negócio jurídico realizado pelo representante que age com dolo, seja ele legal ou convencional, será sempre passível de anulação e o representante que age com dolo será sempre responsável pela reparação das perdas e danos que causar.
2.1.6 - Do outro contratante ou de terceiro
O dolo, em relação ao prejudicado, pode vir do outro contratante, envolvido diretamente no negócio, ou de terceiros, externo ao ato.
Diz o art.148 do código civil,
 “Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou”.
3 - Considerações finais
Como vimos no decorrer do presente trabalho, o dolo é uma conduta que viola o princípio da boa-fé objetiva, do dever de lealdade e probidade na celebração e na constituição do pacta sunt servanda (os contratos assinados devem ser cumpridos).
Ademais, vemos a princípio da boa-fé, consoante citado, sendo cada vez mais preservado em detrimento do princípio pacta sunt servanda, tema esse bastante controverso, logo que, em prol de sua conservação, interligada com a função social dos contratos, deve-se optar pelo posterior equilíbrio em via da revisão contratual ao invés de tão somente buscar-se o direito de ação anulatória, tese essa que é bastante sustentada ao se analisar, principalmente, a teoria da imprevisão, a qual há de se concordar plenamente.
REFERÊNCIAS
· GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de direito civil, volume único. São Paulo: Saraiva, 2017.
· GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil, v. 1: esquematizado: parte geral: obrigações e contratos. Coordenador Pedro Lenza. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
· TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil, volume único. 7. Ed. Rev., atual. E ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017.
· DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 1: teoria geral do direito civil. 29. Ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
1 Acadêmico do 3° semestre do Curso de Direito da Faculdade ICEC-MT; Email: carloseduardocrvlh@gmail.com

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