Buscar

PRATICA PENAL - CASO 09 - HABEAS CORPUS

Prévia do material em texto

CASO CONCRETO 9 – INGRID PEREIRA DO NASCIMENTO - 201602567859
EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX VARA CRIMINAL DA COMARCA DA CAPITAL
ADVOGADO, nacionalidade, estado civil, advogado regularmente inscrito na OAB/UF sob o nº xxx, com escritório profissional no endereço xxxx, vem à presença de Vossa Excelência, em favor do paciente SARAJANE, nacionalidade, estado civil, profissão, identidade, CPF, residente e domiciliado no endereço xxx,, com fundamento no art. 5º, LXVIII da CF c/c com os arts. 647 e 648 do CPP, impetrar
HABEAS CORPUS PREVENTIVO COM MEDIDA LIMINAR
Contra ato ilegal praticado pelo Delegado de Polícia Titular de Delegacia pela autoria coatora o Juiz da xxx Vara Criminal da Comarca da Capital do Estado, pelos fatos e fundamentos a seguir:
I. DOS FATOS
No último dia xxx, o Sr. Xxx, Delegado de Polícia, ora autoridade coatora xxx, em entrevista à rádio local, determinou, aos seus agentes, a prisão de todas as meretrizes que circulam na Capital, pois os bons costumes deveriam ser restabelecidos.
		Após ouvir a notícia, a paciente, que garante o seu sustento por meio de encontros amorosos, suspendeu o exercício da prática, pois passou a temer a ação da polícia, que vem, de fato, cumprindo a determinação da autoridade policial.
II. DOS FUNDAMENTOS
A conduta da autoridade coatora é ilegal, pois é fato notório a atipicidade da prática de prostituição.
Como não há crime, inexiste também a possibilidade de prisão em flagrante pelo delegado, sendo essa a única possibilidade de prisão a ser feita.
Em suma, em decisão inédita, o Superior Tribunal de Justiça, por meio da 6ª Turma, no dia 17 de maio próximo passado, no HC 211.888/TO, cujo relator foi o ministro Rogério Schietti Cruz, em votação unânime, considerou ato lícito a prostituição. Aliás, foi a mesma posição do juiz de primeiro grau e do Tribunal de Justiça do Tocantins. Inconformado, o Ministério Público entrou com recurso especial, que foi rejeitado e declarada extinta a punibilidade da paciente, por habeas corpus de ofício.
A autoridade coatora ignora todos os preceitos legais e vale-se meramente de valores pessoas na tentativa de “restabelecer os bons costumes na cidade”, abusando da autoridade a ele designada.
		Determinar a prisão é totalmente ilegal. O STJ entende que, a autoridade policial poderá fiscalizar o exercício da prostituição. Tal ato não ameaça a liberdade de locomoção, contrário do que o Delegado determinou. In verbis:
“HABEAS CORPUS PREVENTIVO. SALVO CONDUTO PARA RESGUARDAR O DIREITO DE PRATICAR O TROTTOIR. ILEGALIDADE NÃO DEMONSTRADA. 1. A mera tentativa da autoridade policial de fiscalizar o exercício da prostituição não consubstancia ameaça à liberdade de locomoção. 2. Recurso ordinário em habeas corpus improvido.” (STJ – RHC 11447/SP, Relator Min PAULO GALLOTTI, Data de Julgamento: 15/06/2004, 6ª Turma).
Diante do exposto, com fulcro no art. 648, incisos I e III, resta evidente a coação ilegal praticada pela autoridade coatora ao decretar sem nenhuma competência e sem justa causa, a prisão à aqueles que desempenham a prostituição e necessitam deste meio para sobreviver.
III. DO PEDIDO DE TUTELA
Presentes os requisitos que autorizam a concessão da liminar, o fumus boni juris se caracteriza pela existência de norma processual que limita, para fins de decreto prisional, o débito alimentar em três meses e ainda, por ter a paciente justificado a sua impossibilidade de adimplir com a obrigação por motivo de desemprego, sendo certo que o decreto prisional causará violação ao seu direito de locomoção.
IV. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, vem requerer:
a) A concessão da medida liminar para sustar o decreto prisional, determinando o recolhimento do mandado de prisão expedido;
b) A notificação da autoridade coatora para prestar informações;
c) A concessão do Habeas Corpus preventivo com a consequente expedição do alvará de salvo conduto.
V. DAS PROVAS
O presente remédio constitucional encontra-se devidamente instruído com a prova pré-constituída comprobatória da iminência do ato a ser atacado preventivamente.
Termos em que,
Pede deferimento.
Local, xx de xxxx de xxx.
ADVOGADO
OAB/UF XXXX

Continue navegando