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EXCELENTÍSMO(A) SENHOR(A) DESEMBARGADOR(A) PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ/CE. JOICE SILVA DOS SANTOS, brasileira, casada, advogada, inscrita nos quadros da OAB sob o nº xxxxx, com endereço profissional na Avenida Rio Araguaia, 1421, Edifício Oliveira, na cidade de Conceição do Agreste/CE ora IMPETRANTE, vem em favor de José Pereival da Silva, vulgo, Zé da Farmácia, ora PACIENTE, brasileiro, político, Presidente da Câmara dos Vereadores do Município de Conceição do Agreste, CE, com o RG n° xxxxx, inscrito no CPF n° xxx.xxx.xxx.-xx, nascido em xx/xx/xxxx, residente e domiciliado na rua xxxx, com fundamento nos artigos 647, 648, I, do CPP e artigo 5°, LXVIII, da CF/1988, vem perante Vossa Excelência IMPETRAR o presente: HABEAS CORPUS C/C PEDIDO LIMINAR, em face do ato praticado pelo MM Juiz de Direito da X° Vara Criminal da Comarca XXXX, haja vista não haver embasamento legal para a manutenção da sua prisão preventiva, pelos fatos e fundamentos abaixo aduzidos: I. DOS FATOS Como acima mencionando, o Paciente é Presidente da Câmera de Vereador do Município de Conceição do Agreste, localizado nesse estado. O Paciente é muito conhecido e respeitado na cidade e com enorme influência política na região. Ocorre que no dia 03/02/2018, o Delegado de Polícia Municipal, Dr. João Rajão, recebeu em seu gabinete o Sr. Paulo Matos, empresário, sócio de uma empresa que possuía interesse em participar da licitação realizada pela Câmara, do referido município. Todavia, naquele dia o Paulo relatou ao Sr. Delegado, que o Vereador João Santos, vulgo João do Açougue, que exercia a função de Presidente da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara de Vereadores do Município de Conceição de Agreste, junto aos Vereadores Fernando Caetano e Maria do Rosário, membros da comissão, haviam lhe exigido o pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais) em para pagamento para participar do procedimento licitatório, o qual fora agendado para o dia seguinte. Dr. Rajão, após ouvir o relato, orientou Paulo a sacar o dinheiro e entrega-lo aos vereadores no dia marcado para a sessão da licitação, visando prender todos os envolvidos em fragrante e delito. Assim, no dia combinado, os policiais apaisana, que aguardavam o deslinde criminoso, realizaram a prisão em flagrante dos vereadores João do Açougue, Fernando Caetano e Maria do Rosário, no momento em que estes conferiam o dinheiro o pago por Paulo. Mormente, até o momento não se relata em nenhum momento o nome do Paciente. No entanto, como o Paciente é um politico assíduo e participativos nas sessões em que sua Câmara realiza, estava assistindo a realização da licitação, com o objetivo de certificar que tudo estaria sendo realizado de maneira correta. Dessa forma, como estava presente no momento do fato ocorrido, mesmo sem ter ciência esquema, fora preso em flagrante, junto com os demais envolvidos. Posteriormente, todos foram apresentados a autoridade policial a qual lavrou respectivo auto de prisão em flagrante e delito na forma da legislação, pela prática do crime de corrupção passiva na forma do art. 317 do CP, bem como os encaminharam ao Juiz competente. A autoridade Judiciária devidamente sabedora dos fatos determinou para audiência de custódia dos presos pra o dia seguinte da prisão. Os réus foram Representados pelo Procurador da Câmara dos Vereadores que requereu a liberdade dos presos, com a decretação de medidas cautelares diversas da prisão. Entretanto, o MM. Juiz acatou o pedido do Ministério Público em conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva de todos os presos, nos termo do art. 310, II c/c art. 313, I, do CPP, para garantia da ordem pública, tendo em vista a gravidade dos fatos e a sua repercussão. II. DO DIREITO A decisão do MM. Juiz para a manutenção da prisão preventiva baseia- se no art. 312 do CPP, que aduz: Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. Se a prova da existência do crime é a demonstração inequívoca da ocorrência de um fato punível, não se poderia ter prendido o Paciente, eis que, em nenhum momento foi relatado a seu nome no esquema criminoso. O Paciente apenas estava assistindo a realização da licitação como qualquer outra pessoa e acabou sendo preso de forma ilegal e ainda sua prisão mantida da forma de prisão preventiva pelo Juiz da Vara Criminal. Fazendo uma breve análise da fundamentação que converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva, verifica-se que não há fundamentação valida ao caso prático do Paciente, nenhuma fundamentação para encarceramento do Paciente, apenas menção referente ao art. 312, I, do CPP, visando garantir a ordem pública e a repercussão do crime. Ora, se MM. Juiz queria garantia a ordem da sociedade deveria ter feito justiça, ou seja, com todo respeito, deveria desde já ter relaxado a prisão em flagrante, tendo em vista ser notória a sua ilegalidade. Em entendimento, o STJ afirma que o Juiz deve demonstrar cabalmente porque o indiciado deve ficar confinado e não apenas invocar o art. 312 do CPP: STJ: Prisão preventiva, onde o único motivo materialmente justificado repousava na ‘conveniência da instrução criminal’ (CPP, art. 312). Instrução terminada. Impossibilidade da manutenção da prisão cautelar, uma vez que os dois outros motivos (‘ordem pública’ e ‘aplicação da lei’) só foram invocados in abstracto. A Constituição Federal exige motivação por parte do juiz, para que o cidadão fique preso antes do trânsito em julgado de sua condenação. Não basta, assim, invocar-se formalmente, no decreto prisional, dispositivos ensejadores da prisão cautelar (CPP, art. 312). III. DO CABIMENTO DO HABEAS CORPUS O Habeas Corpus caracteriza-se por ser uma ação de impugnação autônoma, de natureza mandamental e de cognição sumária, também não submetida a prazos, destinada a garantir a proteção da liberdade de locomoção dos cidadãos, em casos de atos abusivos do Estado, encontrando amparo legal nos artigos 647 a 667 do CPP. O Código de Processo Penal, nos artigos, 647 e 648 apresentam as hipóteses do seu cabimento quando for verificada a coação ilegal: Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar. Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando não houver justa causa; Ainda, nossa Carta Magna é clara em seu art. 5° LIV, ao dispor que “ninguém será privado da sua liberdade ou dos seus bens sem o devido processo legal;”. Também dispõe no inciso LVII, “ninguém será considerado culpado antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Já nos termos do seu art. 5°, LXVIII, a Constituição Federal assim prevê: “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;”. Excelência! Pela primariedade do Paciente, sem antecedentes negativos, com residência fixa, sem quaisquer indícios de que o Paciente atrapalhará as investigações ou se locomoverá para local incerto e, portanto, sem justa causa para a manutenção da prisão preventiva, só podemos presumir que trata de coação ilegal. Todos os documentos serão juntados, conforme documentos anexados, bem como todo o procedimento que ensejou a prisão do Paciente. IV. DO PEDIDO LIMINAR EM SEDE DE HABEAS CORPUS A liminar é o meio usado para assegurar celeridade aos remédios constitucionais, evitando coação ilegal ou impedindo a ocorrência desta. O “fumus boni iuris” está presentena medida em que a existência de opções diversas da prisão preventiva pode ser aplicada a esse caso concreto. Presente também está o “periculum in mora”, onde certamente a manutenção da prisão preventiva além de perpetuar a coação ilegal trará enormes prejuízos ao Paciente, sejam eles de ordem moral ou psicológica. Os artigos 649 e 660 §2°, do CPP preconizam que o juiz ou Tribunal “fara passar imediatamente a ordem impetrada” ou “ordenará que cesse imediatamente o constrangimento”. Outrossim, estando o Paciente preso, o presente mandamus assume caráter cautelar exigindo uma rápida atuação do Poder Judiciário para que a liberdade ambulatória do indivíduo não seja afetada. V. DOS PEDIDOS Por todas as razões elencadas, o Paciente confia em que este Tribunal irá: a. conceda a LIMINAR, ante a existência de fumus boni iuris e periculum in mora, determinando a imediata liberdade do Paciente, com a imediata expedição de ALVARÁ DE SOLTURA em seu favor, aguardando em liberdade para que possa responder ulteriores termos do processo-crime; b. oficializar a autoridade coatora para prestar as informações de praxe; c. conhecer o pedido de HABEAS CORPUS, para conceder o pedido de julgado do feito, tornando definitivos os efeitos da liminar concedida. Termos em que pede deferimento. Conceição do Agreste/CE, xx de xxxx de 2018. Joice Silva dos Santos OAB/CE n° xxxxxx Rol de documentos: - Certidão de antecedentes criminais. - Comprovante de residência. - Comprovante de Trabalho - Auto de prisão em flagrante delito. - Ata de audiência de custódia.
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