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Crimes Ambientais: Proteção Jurídica e Responsabilização

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FACULDADE ANHANGUERA DE SÃO BERNARDO.
MAURO RODRIGUES DE OLIVEIRA.
CRIMES AMBIENTAIS
São Bernardo do Campo.
2019
MAURO RODRIGUES DE OLIVEIRA 
CRIMES AMBIENTAIS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Anhanguera – Kroton como requisito parcial para a obtenção do título de graduado Direito
Orientador: (Nome do Tutor)
São Bernardo do Campo.
2019
MAURO RODRIGUES DE OLIVEIRA 
CRIMES AMBIENTAIS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Anhanguera – Kroton como requisito parcial para a obtenção do título de graduado Direito
Orientador: (Nome do Tutor)
BANCA EXAMINADORA
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
São Bernardo, 22 de Maio de 2019
OLIVEIRA, Mauro. Crimes Ambientais: 2019. 29 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito) – Anhanguera, São Bernardo, 2019.
RESUMO
O meio ambiente é por deveras importante para a sobrevivência de toda e qualquer vida na terra, a espécie humana é totalmente dependente do meio ambiente para sua existência. Por meio dessa reflexão o trabalho elaborado tentou transmitir a importância da tutela jurídica desse instituto, pois é muito importante que o Direito proteja o meio ambiente para que dessa forma também possa proteger a vida. A Lei de crimes ambientais, promulgada em 1998, uma década depois da Constituição Federal, revela que esta conduta de proteção precisa ser respeitada, nesse ensejo foi pesquisado todo o papel dos órgãos fiscalizadores e de seus agentes afim de preservar, proteger e culpabilizar aqueles que decidiram não respeitar este bem maior.
Palavras-chave: Direito, ambiental, crime, meio ambiente, natureza
However, Environmental Crimes: 2019. 29 sheets. Course Completion Work (Graduation in Law) - Anhanguera, São Bernardo, 2019.
ABSTRACT
The environment is by far important for the survival of any and all life on earth, the human species is totally dependent on the environment for its existence. Through this reflection the elaborated work tried to convey the importance of the legal protection of this institute, because it is very important that the Law protects the environment so that it can also protect life. The Environmental Crimes Act, promulgated in 1998, a decade after the Federal Constitution, reveals that this protective conduct must be respected, in which the entire role of the enforcement agencies and their agents was investigated in order to preserve, protect and blame those who decided not to respect this greater good
Key-words: Law, environmental, crime, environment, nature 
Sumário
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................7
2 A PROTEÇÃO DA NATUREZA.........................................................................................9
2.1 O MEIO AMBIENTE E SUAS CLASSIFICAÇÕES....................................................................10 
2.1.1 Meio ambiente natural...............................................................................................10
2.1.2 Meio ambiente artificial..............................................................................................11
2.1.3 Meio ambiente cultural...............................................................................................11
2.1.4 Meio ambiente do trabalho.........................................................................................11
2.2 DIREITO AMBIENTAL E SEUS PRINCIPIOS...............................................................12
3 A RESPONSABILIZAÇÃO JURIDICA DOS CRIMES AMBIENTAIS.............................15
3.1 RESPONSABILIDADE CIVIL........................................................................................16
3.2 RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA...................................................................18
3.3 RESPONSABILIDADE PENAL.....................................................................................20
3.4 CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES AMBIENTAIS...........................................................21
4 LEI DE CRIMES AMBIENTAIS – 9.605/1998.................................................................23
4.1 CRIMES CONTRA A FLORA........................................................................................24
4.2 CRIMES CONTRA A FAUNA........................................................................................25
4.3 CRIMES DE POLUIÇÃO..............................................................................................25
4.4 CRIMES CONTRA O ORDENAMENTO URBANO......................................................25
CONCLUSÃO.....................................................................................................................27
REFERENCIAS..................................................................................................................28
1 INTRODUÇÃO
Empurrada pelos rápidos avanços tecnológicos, a sociedade atual se encontra num processo de intensa mudança. Mudança esta que inclui a maneira de pensar, as perspectivas, metas e objetivos das pessoas. Portanto, a nova maneira de encarar as questões ambientais está inserida no contexto histórico em que se vive.
Diante desta nova proposta de conscientização, a educação ambiental objetiva a formação de indivíduos capazes de compreender o mundo e agir nele de forma consciente, ou seja, uma sociedade socialmente responsável. Os empresários neste novo papel tornam-se cada vez mais aptos a compreender e participar das mudanças estruturais na relação de forças nas áreas ambiental, econômica e social, pois a demanda por produtos cultivados ou fabricados de forma ambientalmente compatíveis cresce mundialmente. 
Os consumidores tendem a dispensar produtos e serviços que agridem o meio ambiente, e que não atendam às exigências descritas nas leis e normas ambientais promulgadas em todos os países. A organização deve estabelecer e manter um procedimento para identificar e ter acesso à legislação e outros requisitos por ela apoiados, ou aplicáveis aos aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços. A disseminação rápida da informação e a vigilância cada vez maior de entidades civis, ONG’s e do próprio consumidor aumentam o nível de exigência em relação aos programas das empresas e a forma como eles são comunicados. A medida que a humanidade vai tomando consciência do seu papel social, muito tem se questionado acerca da Responsabilidade Social de algumas empresas, pois embora muitas organizações, em todo o mundo, consideram-se socialmente responsáveis o assunto responsabilidade social só ganhou maior destaque a partir dos anos 90, período em que ocorreu uma maior pressão da sociedade, dos meios de comunicação e de ONG’s sobre o mundo organizacional.
 A responsabilidade social vai além da expressão de compromisso com causas sociais incorporando-se no mundo corporativo como modelo de gestão. A gestão sócio ambiental é o caminho para as organizações que decidiram assumir responsabilidade social e adotar as melhores práticas para tornar mais sustentáveis seus processos produtivos
Nunca houve tanta agressão ao meio ambiente. São cada vez mais alarmantes o descaso e a falta de respeito com a natureza. Nos últimos anos vem se acompanhado situações preocupantes em virtude de uma enorme falta de respeito com o meio ambiente, com a vida e com a humanidade.
São inúmeras as denúncias através da mídia em que relatam casos absurdos de violência e agressão ao meio ambiente. São agressões motivadas por ganância visando lucros extremamente elevados. As empresas exploram os recursos naturais ignorando os direitos ambientais e ferindo a Constituição Federal que, estabelece a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
Contudo, sabe-se que Constituição Federal de 1988 trouxe um avanço extremamente importantepara as questões ambientais, além disso, a Carta Magna também assevera os deveres dos estados que devem ser implementados para a proteção do meio ambiente.
Para contextualizar todos estes embates entre o Direito Ambiental e o crime este trabalho terá por objetivo responder o seguinte problema. A ineficácia aplicação da Lei 9.605/1998. Como responsabilizar empresas privadas de maneira satisfatória em crimes ambientais? Além de determinar este objetivo, o trabalho tentará fazer a reflexão sobre os objetivos: O questionamento do Direito penal aos crimes ambientais, a obrigatoriedade da prevenção, a dispensa da punição e a herança dos impactos ambientais para as futuras gerações.
A metodologia utilizada para o desenvolvimento será a de revisão bibliográfica, buscando o aprofundamento do estudo em fontes jurídicas de doutrinadores consagrados, assim como pesquisas em julgados, jurisprudências, revistas cientificas e site de educação.
2 A PROTEÇÃO DA NATUREZA
Um dos maiores motivos de destruição da natureza não tem uma origem natural e sim provocações e agressões advindas das mãos do homem, estes que causam os mais diversos impactos ao ecossistema e a biodiversidade em face da devastação do meio ambiente.
O Direito Ambiental surge como uma forma de tutelar direitos ao meio ambiente, vinculado ao Direito Penal para contribuir com o controle de delitos e da degradação da natureza causados pelo homem, assim como o dever de preservar e conservar de maneira equilibrada o ecossistema.
Para iniciar o debate acerca do tema é importante conceituar o significado de Direito ambiental entre os mais renomados doutrinadores. Conforme FREITAS, Direito Ambiental é: “um conjunto de normas e institutos jurídicos pertencentes a vários ramos do direito reunidos por sua função instrumental para a disciplina do comportamento humano em relação ao seu meio ambiente”. (FREITAS, 2001, p.22). Já para FERNANDES NETO, o Direito Ambiental é: “o conjunto de normas e princípios editados objetivando a manutenção de um perfeito equilíbrio nas relações do homem como o meio ambiente”. (FERNANDES NETO 2009, p.55). Para tanto ainda é possível citar EDIS MILARÉ, que assim o define:
Direito do Ambiente é o complexo de princípios e normas coercitivas reguladoras das atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global, visando à sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações (MILARÉ, 2008, p.109) 
A Constituição Federal de 1988 se aproxima de maneira mais correta da definição aceita pelo Direito. Positivada na Lei de Crimes Ambientais de 1881, em seu artigo 3º; “É o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permitem, abrigam e regem a vida em todas as suas formas. ” (BRASIL, 1981).
Ainda sobre a importância dos conceitos MACHADO ensina:
Não se trata mais de construir um direito das águas, um direito da atmosfera, um direito do solo, um direito florestal, um direito da fauna ou direito da biodiversidade. O direito ambiental não ignora o que cada matéria tem de específico, mas busca interligar estes temas com a argamassa da identidade dos instrumentos jurídicos de prevenção e de reparação, de informação, de monitoramento e de participação. (MACHADO, 2012, p.103)
E BUGLIONE finaliza dentro “do conceito jurídico de meio ambiente deduz-se constituir um bem de massa que rompe com a ideia de apropriação individual e instaura a necessidade de limitação das condutas individuais que tendam ao dano ambiental. ” (BUGLIONE,2017, p.345).
Conceituado de forma geral como um bem comum do povo, o Direito Ambiental ainda é considerado algo novo, apesar de ter uma legislação própria desde 1981 e ser citado na Constituição Federal de 1988, porém caminha a passos largos, o que é um ótimo incentivo para quem pretende trabalhar em sua defesa. Não se pode mais falar em garantias fundamentais sem incluir o meio ambiente como detentor destes direitos.
2.1 O MEIO AMBIENTE E SUAS CLASSIFICAÇÕES
Por causa do amplo conceito de meio ambiente, houve a necessidade de classificação deste sistema para a certeira identificação da sua degradação. Desta forma ABELHA (2016) realiza esta classificação em; meio ambiente natural, artificial, cultural e do trabalho.
2.1.1 Meio ambiente natural
Constituído por toda a fauna e flora, é protegido pelo caput do artigo 225 da Constituição Federal de 1998, seguido pelos § 1º, I e VII desse mesmo artigo:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º “Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público”: I – “preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas”; VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade. (BRASIL, 1998)
2.1.2 Meio ambiente artificial
Constituído pelo espaço urbano consistente no conjunto de edificações e pelos equipamentos urbanos públicos. Está garantido pelo artigo 182, o inciso XX do artigo 21 e o inciso XXIII do artigo 5ª, todos da Constituição Federal de 1988:
Art. 182 – A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Art. 21 – “Compete à União”: XX – “instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos”; Art. 5 - XXIII – a propriedade atenderá a sua função social. (BRASIL, 1988)
2.1.3 Meio ambiente cultural
Constituído por todo e qualquer patrimônio artístico, arqueológico, paisagístico, turístico e histórico. Traduz toda a história de um povo, resume toda a sua cidadania e é garantido pelo artigo 216 e seus incisos, como princípios fundamentais da Constituição Federal de 1988:
Art 216 - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza matérias e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I – “as formas de expressão”; II – “os modos de criar, fazer e viver”; III – “as criações científicas, artísticas e tecnológicas”; IV – “as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados a manifestações artístico-culturais”; V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. (BRASIL, 1988)
2.1.4 Meio ambiente do trabalho
Constituído pelo local de laboração dos indivíduos, baseado na segurança e salubridade e principalmente na ausência de incolumidades físicas ou psicológicas, para todos os tipos de trabalhadores, tais como celetistas, servidores, autônomos etc. Este tópico é garantido pelo artigo 200, inciso VIII da Constituição Federal de 1988. “Art. 200 - Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho”. (BRASIL, 1988)
2.2 DIREITO AMBIENTAL E SEUS PRINCIPIOS
Assim como os demais ramos do direito brasileiro, o Direito Ambiental possui princípios norteadores específicos que buscam proteger a vida para a garantia plena das gerações presentes e futuras. Estes princípios não são unanimes, mas a doutrina majoritária costuma respeitar pelo menos alguns deles.
Princípio do desenvolvimento sustentável: O desenvolvimento sustentável surgiu oficialmente na segunda conferência mundial sobre desenvolvimento e meio ambiente, a ECO-92 e veio para suprir as necessidades de encontrar um meio para utilizar os recursos naturais sem prejudicar o meio ambiente e comprometer a cidadania das futurasgerações. Tutelado pelo artigo 225 da Constituição Federal que impõe a coletividade o dever de preservar e defender o meio ambiente.
Princípio da responsabilidade: Dispõe sobre o artigo 225, § 3º da Constituição Federal (BRASIL, 1988) e o artigo 14 da Lei 9.606/98 (BRASIL, 1998) dos crimes ambientais, responsabilizando de forma objetiva todo aquele que causar algum tipo de dano ambiental, pela Lei 6.938/81 respondendo também de maneira civil e penal.
Princípio da publicidade: Protegido pelo artigo 225 da Constituição Federal de 1998, este princípio indica que todos os estudos e relatórios referentes aos impactos ambientais devem ter caráter público, pois envolve um bem coletivo.
Princípio da participação: Dividido em dois patamares: informação e educação ambiental. Enquanto a informação passa pelo processo de obrigação do Estado em divulgar todas as atividades e empreendimentos que possam causar danos ao meio ambiente, a educação tem por interesse a sensibilização e consciência ecológica, objetivando mudanças na sociedade para reduzir os custos ambientais, à medida que a população compreende a importância de ser guardiã do meio ambiente. A educação ambiental compete ao Estado (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e também está prevista no artigo 225 da Constituição Federal de 1988.
Princípio da precaução: Reconhecido no ECO-92, como o princípio de número 15 e também chamado de princípio da cautela, é o responsável pelas não intervenções no meio ambiente de maneira irresponsável e sem estudo prévio sobre seus impactos. Tem como principal objetivo o de proteger amplamente o meio ambiente, salientando que; “em caso de danos graves e irreversíveis, a falta de uma certeza absoluta não deverá ser utilizada para postergar-se a adoção de medidas eficazes em função do custo para impedir a degradação do meio ambiente. ” (ECO, 1992)
Princípio da prevenção: Como o nome já explica, este princípio tem o objetivo de prevenir a degradação do meio ambiente. Evitar danos causados pela irresponsabilidade do homem e principalmente garantir a conservação da natureza para as futuras gerações.
Princípio do usuário pagador: Significa que o usuário tem o dever de ressarcir o Estado pelo uso do meio ambiente e de recursos naturais, assim como a utilização de recursos advindos desta utilização a fim de evitar enriquecimentos ilícitos e ilegítimos de uma parte beneficiária, enquanto a população desprovida fica prejudicada.
Princípio do poluidor pagador: Assim como existe o dever de pagar pelos recursos utilizados na natureza, este princípio exemplifica sobre o dever de arcar também com os custos sobre a recuperação ambiental causada por estas extrações. O princípio do poluidor pagador pode ser utilizado de duas maneiras: repressivo ou preventivo. A maneira repressiva responsabiliza de maneira civil e objetiva o dano causado e estabelece como e quando indenizar, já a maneira preventiva objetiva na responsabilização de pessoas físicas ou jurídicas a arcar com as medidas necessárias para a adequação ou eliminação de qualquer tipo de resíduo que prejudique o meio ambiente.
A Declaração do ECO-92 descreve em seu princípio 16 a seguinte narrativa:
Tendo em vista que o poluidor deve arcar com os custos decorrentes da poluição, as autoridades devem procurar fomentar a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, levando na devida conta o interesse público, sem distorcer o comércio e os investimentos internacionais. (ECO,1992)
Princípio da ubiquidade: Destina-se a obrigatoriedade de consulta ambiental para criar ou desenvolver qualquer projeto que envolva o meio ambiente, principalmente sobre os impactos a médio e curto prazo. A Constituição Federal de 1998 tutela este princípio em seu artigo 170, assegurando o livre exercício de qualquer atividade econômica, independente de autorização de órgão competente, sempre observando limites em alguns princípios, quando estes versam sobre o meio ambiente seus produtos e serviços.
Princípio do direito humano fundamental: O mais importante de todos os princípios, esta resguardado pelo Caput do artigo 225 da Constituição Federal de 1998:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1998)
Este princípio tem como inspiração a Declaração de Estocolmo de 1972 que declara; “Os seres humanos constituem o centro das preocupações relacionadas com o desenvolvimento sustentável, tendo direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com o meio ambiente”. (ESTOCOLMO, 1972)
3 A RESPONSABILIZAÇÃO JURIDICA DOS CRIMES AMBIENTAIS
É uma grande necessidade da humanidade tutelar o meio ambiente para garantir a sustentabilidade do ser humano, tendo como justificativa a o bem que a humanidade tem de desfrutar dos recursos naturais como patrimônio cultural.
O artigo 225, § 3º da Constituição Federal de 1998 já ratificava que:
Art. 225:
[...]
§3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas e jurídicas, as sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. (BRASIL, 1988)
Neste sentido, SAMPAIO ressalva que:
[...] houve um reconhecimento internacional no sentido de que a responsabilização das pessoas que causam danos ou lesões ao meio ambiente é um dos mais importantes instrumentos de compatibilização das necessidades e atividades humanas com a manutenção eficaz do equilíbrio ecológico, a conservação da natureza e dos recursos naturais renováveis e não renováveis, bem como com a preservação da saúde das populações (SAMPAIO, 2004, P.683)
Seguindo este sentido MILARÉ ainda esclarece que “ a danosidade ambiental tem repercussão jurídica tripla, já que o poluidor, por um mesmo ato, pode ser responsabilizado, alternativa ou cumulativamente, na esfera penal, civil e administrativa (MILARÉ,2008, p.971)
Com a mesma propriedade, LEITE descreve as diferenças entre essas responsabilidades da seguinte forma:
As responsabilidades penal e civil, em geral, estão encaixadas na esfera do Poder Judiciário, porém com perspectivas distintas. Enquanto a penal visa a enquadrar a conduta do agente e sancioná-la, a civil procura o ressarcimento do prejuízo por parte de quem lhe deu causa. Já a responsabilidade administrativa, vinculada ao Poder Executivo em suas funções de realizar o poder de polícia, busca coibir e sancionar condutas e atividades quando em desacordo com as determinações legais (LEITE, 2012, p.25)
Importante salientar que a Lei de Crimes Ambientais, trouxe a figura da responsabilidade também da pessoa jurídica, até então previsto apenas para pessoas físicas, já a responsabilidade civil tem embasamento no artigo 14, §1º da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, finalizando pelas responsabilidades administrativas derivadas de condutas lesivas ao meio ambiente atuando na forma preventiva, repressiva e reparatória.
Assim, o citado dispositivo constitucional estabelece três tipos de responsabilidades por danos causados ao meio ambiente: A administrativa, a civil e a penal.
3.1 RESPONSABILIDADE CIVIL
A responsabilidade civil obriga o agente infrator a recuperar ou ressarcir os danos causados ao meio ambiente. MILARÉ entende que; “A responsabilidade civil pressupõe prejuízo a terceiro, ensejando pedido de reparação de dano, consistente na recomposição do status quo ante (repristinação = obrigação de fazer) ou em uma importância em dinheiro (indenização = obrigação de dar) ” (MILARÉ, 2008, p. 951).
Para SAMPAIO o assunto reflete da seguinte maneira:
[...] Em outras palavras, significa a obrigação de responder pelas ações próprias (responsabilidade civil por ato próprio, subjetiva ou direta) ou dos outros (responsabilidade civil por ato de terceiro, objetiva ou indireta), quando estas resultem em dano, direto ou indireto, causado ao patrimônio material ou imaterialde terceiros, voluntariamente, por imprudência, por negligência, por imperícia ou, ainda, por falta de exação de dever funcional, e que deve ser pronta e integralmente ressarcido. (SAMPAIO, 2004, p. 670)
Para demonstrar a responsabilização civil existem duas teorias: a subjetiva, que é baseada na demonstração de culpa do infrator (negligencia, imprudência ou imperícia) além da conduta omissiva ou comissiva, para a objetiva não há necessidade de demonstração de culpa, e sim apenas a constatação da existência do ato, ou do dano assim como o nexo causal.
O Direito Ambiental carrega, como regra, a responsabilização objetiva, caracterizando que o poluidor será obrigado a indenizar ou reparar todos os danos causados, tanto ao meio ambiente, quando aos terceiros atingidos pelo ato. Para justificar a teoria adotada pelo ordenamento jurídico MILARÉ afirma que:
O legislador reconheceu a importância do bem ambiental ao buscar responsabilizar o agente por dano independentemente de culpa. Esclarece ainda que sem essa responsabilidade objetiva seria muito difícil comprovar a culpa do agente causador da poluição (MILARÉ, 2008, p.954)
Sobre a teoria subjetiva, MILARÉ afirma a responsabilidade justificando-se sobre a atividade normalmente desenvolvida sob a possibilidade de causar riscos e danos aos direitos de terceiros:
A responsabilidade civil baseada na teoria da culpa não era suficiente e adequada para proteger as vítimas do dano ambiental, apontando três fatores importantes, quais sejam: natureza difusa (pluralidade de vítimas dificultava a composição de danos), dificuldade de prova de culpa do agente poluidor (quase sempre sob o manto da legalidade do Poder Público que se reveste mediante licenças e autorizações) e, por fim, as excludentes de responsabilização (ex. caso fortuito e força maior). (MILARÉ,2008, p. 956)
A teoria do risco da atividade, explicada pela responsabilização objetiva traz as principais consequências para que se entenda quando existe o dever de indenizar: a) a inaplicação das causas de exclusão da responsabilidade civil; b) prescindibilidade de investigação da culpa; c) a irrelevância da ilicitude da atividade. O mesmo ensinamento esclarece que se houver mais de um infrator, todos serão responsabilizados solidariamente para ressarcir o dano causado.
LEITE, porém, faz ressalvas para que, “acionar o Estado, em caráter solidário com o terceiro degradador, pela omissão em fiscalizar e impedir a ocorrência de dano significaria transferir a vítima (a sociedade), a responsabilidade pela reparação com todos os ônus dela decorrentes” (LEITE, 2012, p.37)
Contrapondo os autores citados, MARTINS DA SILVA ensina que:
É evidente que o disposto no § 6º do art. 37 da Constituição aplica-se aos danos ambientais causados pelo Estado e as concessionárias de serviços públicos. Inclusive, não é demais consignar que eles são justamente os maiores degradadores do meio ambiente, seja por suas ações seja por omissões em fiscalizar as atividades potencialmente poluidoras. (MARTINS DA SILVA, 2004, p.700) 
Para tanto MILARÉ também ensina que; “ Assim, afastando-se da imposição legal de agir, ou agindo deficientemente, deve o Estado responder por sua incúria, negligência ou deficiência, que traduzem um ilícito ensejador do dano não evitado que, por direito, deveria sê-lo. (MILARÉ, 2008, p. 966)
Concluindo assim que a pessoa jurídica de direito público deve ser responsabilizada no âmbito civil pelos danos causados ao meio ambiente, sim. Tanto pela omissão na fiscalização ou pela liberação irregular de licenças.
3.2 RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
A responsabilidade administrativa nos crimes ambientais vem fundamentada no artigo 225, § 3º da Constituição Federal de 1988;
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. (BRASIL, 1988)
Na opinião de LEITE:
A responsabilidade administrativa resulta da infração das normas administrativas, sujeitando o infrator a uma sanção de natureza administrativa que pode ser: advertência, multa simples, multa diária, apreensão dos animais, produtos ou subprodutos da flora e fauna, destruição ou inutilização do produto, suspensão de venda e fabricação de produto, embargo de obra ou atividade, demolição de obra, suspensão parcial ou total de atividades, restritivas de direitos. (LEITE, 2012, p.45)
A responsabilidade administrativa também tem caráter penal, constituindo assim importantes instrumentos de repressão aos atos lesivos ao meio ambiente, o que é diferente na responsabilidade civil. Ainda dentro da narrativa de diferenciação das responsabilidades MILARÉ ainda destaca:
Em matéria de tutela ambiental, os ilícitos administrativos e criminais não dependem da configuração de prejuízo, podendo coibir condutas que apresentem mera potencialidade de dano ou mesmo de risco de agressão aos recursos ambientais. Assim, enquanto as sanções civis e penais são impostas somente pelo Poder Judiciário, as penalidades administrativas são impostas pelo Poder Executivo (órgão da Administração direta ou indireta). (MILARÉ, 2008, p. 882)
Dentro da Lei de Crimes ambientais as infrações contra o meio ambiente e penalidades administrativas estabelece competência federal para a apuração e desenvolvimento do processo.
LEITE adverte que qualquer autoridade ambiental tem o dever de seguir com a apuração do crime assim que tiver conhecimento, correndo o risco de ser penalizado sob pena de corresponsabilidade:
Tal omissão poderá acarretar ao servidor outra tríplice responsabilidade, de ordem pessoal, traduzida em sanções administrativas (poderá responder pelas sanções previstas no Estatuto do Servidor), cíveis (poderá responder solidariamente com o infrator ambiental e por improbidade administrativa – art. 11, II, da Lei n. 8.429/92) e penais (poderá responder pelos arts. 66, I, do Decreto n. 3.688/41 e 68 da Lei n.9.605/98). (LEITE, 2012, p. 85)
As aplicações das penalidades administrativas configuram as mais importantes expressões do poder de polícia do agente público. Sobre a natureza jurídica tais responsabilidades, tanto administrativa como penal exige de princípio a ocorrência do fato, como conduta de omissão ou comissão para que se ocorra a pratica da infração.
MILARÉ esclarece que:
Sendo assim, a responsabilidade administrativa ambiental caracteriza-se por constituir um sistema híbrido entre a responsabilidade civil objetiva e a responsabilidade penal subjetiva: de um lado, de acordo com a definição de infração inscrita no art. 70 da Lei 9.605/1998, a responsabilidade administrativa prescinde de culpa31, de outro, porém, ao contrário da esfera civil, não dispensa a ilicitude da conduta para que ela seja tida como infracional, além de caracterizar-se pela pessoalidade, decorrente de sua índole repressiva. Por isso, se a responsabilidade civil ambiental, sob a modalidade do risco integral, jamais admite a incidência das chamadas excludentes, a responsabilidade administrativa, em certos casos, pode ser elidida com base na alegação de força maior, caso fortuito ou fato de terceiro. Já na responsabilidade penal, a pessoa nunca pode ser punida uma vez caracterizada a presença de uma daquelas situações. (MILARÉ, 2008, p. 885)
Todavia, vale destacar que a tutela jurídica, quando se trata dos crimes ambientais não está apenas vinculado ao interesse público, mas também aos interesses difusos. 
3.3 RESPONSABILIDADE PENAL
O princípio da legalidade constitucional, descrita no artigo 5º, XXXIX, da CF/88 destaca que “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” (BRASIL, 1988), para os crimes ambientais a responsabilidade penal também está garantida,assim como as já citadas no artigo 225 §3º da Carta Magna e na Lei dos Crimes Ambientais.
No entanto, é importante salientar que estas imposições penais contra o meio ambiente só devem ser aplicadas depois uma detalhada análise sobre tais necessidades, pois espera-se que as esferas administrativas e civis sejam pensadas em primeiro momento.
Nesse sentido LEITE ensina que; “a necessidade da tutela penal na proteção dos bens relevantes pauta-se pelos princípios da subsidiariedade e da fragmentariedade, uma vez que esses bens são anteriormente tutelados por outros ramos do Direito” (LEITE, 2012, p.96)
Já MILARÉ justifica que:
A imposição das sanções penais justifica- se em razão de que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um dos direitos fundamentais da pessoa humana e, como tal, deve ser aplicado em extrema ratio e em última ratio, na medida em que somente nos casos em que as agressões aos valores fundamentais da sociedade alcancem o ponto do intolerável ou sejam objeto de intensa reprovação do corpo social (MILARÉ 2008, P. 985)
A responsabilidade penal da pessoa jurídica só foi esclarecida na Lei de Crimes Ambientais, pois na Carta Constitucional o tema era descrito de maneira muito superficial. A referida lei define as penalidades de pessoa física e pessoas jurídicas de maneira separada e destacando que uma não exclui a outra.
Finaliza assim LEITE quando esclarece que; “o objetivo da tutela penal em matéria ambiental, é a proteção do meio ambiente em as suas formas, inibindo as ações humanas lesivas a este ou à proteção jurídica de interesses relevantes da sociedade” (LEITE, 2012, p.85).
3.4 CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES AMBIENTAIS
Para a classificação dos crimes ambientais e em quais das esferas deve existir a responsabilização do agente infrator, LEITE destaca uma lista que conceitua os tipos de crimes possíveis para esta análise:
Crime Comum“ – são crimes praticados por qualquer pessoa. Como por exemplo, o previsto no artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais;
“Crime Próprio“ – é aquele praticado por pessoa certa, determinada, pessoa que esteja investida em cargo, função ou emprego público. Exemplo: delitos praticados por funcionário público;
“Crime de Mão Própria“ – este somente poderá ser praticado pela própria pessoa. Podemos citar como exemplo, o delito previsto no artigo 66 da Lei de Crimes Ambientais;
“Crime de Dano“ – neste caso, é necessário que a lesão se efetive a um bem jurídico tutelado pela lei penal. Por exemplo: o delito previsto no artigo 66 da Lei de Crimes Ambientais;
“Crime de Perigo“ – este se consuma com a mera possibilidade de ocorrência do dano. É a exposição de um bem jurídico a perigo de dano. Como exemplo: o crime previsto no artigo 54 da Lei de Crimes Ambientais;
“Crime Material“ – Se consuma, com o resultado efetivo, ou seja, com a produção do resultado. Por exemplo: o previsto no artigo 39 da Lei de Crimes Ambientais;
“Crime Formal“ – neste caso, não se exige um resultado, sendo possível mesmo assim a sua ocorrência. Por exemplo: o delito previsto no artigo 51 da Lei de Crimes Ambientais;
“Crime de Mera Conduta“ – é aquele crime em que o legislador descreve somente a conduta inicial sem a exigência de um resultado. Como por exemplo: o delito previsto no artigo 52 da Lei de Crimes Ambientais;
“Crime Comissivo“ – é aquele praticado por conduta ativa. Por exemplo: cortar árvores em florestas de preservação permanente, art.39 da Lei de Crimes Ambientais;
“Crime Omissivo“ – neste caso o agente pratica o crime por omissão.
Exemplo: o delito previsto no artigo 66 da Lei de Crimes Ambientais;
“Crime Omissivo Próprio“ – é aquele em que o agente não tem o dever jurídico de agir, não respondendo pelo resultado. Responde sim pela conduta omissiva, tão somente. Por exemplo: o delito previsto no artigo 2º da Lei de Crimes Ambientais;
“Crime Comissivo Impróprio ou Comissivo por Omissão“ – é aquele em que o agente tem o dever jurídico de evitar o resultado e não o faz, exemplo: artigo 48 da Lei de Crimes Ambientais;
“Crime Instantâneo“ – é aquele cuja consumação se dá no momento de sua prática. Por exemplo: o delito previsto no artigo 62, I, da Lei de Crimes Ambientais;
“Crime Permanente“ – sua consumação se prolonga no tempo. Por exemplo: o delito previsto no artigo 38 da Lei de Crimes Ambientais. (LEITE, 2012, p. 101)
Estes conceitos são aceitos pela doutrina majoritária e entendida como base disciplinar para a divisão de responsabilização e interesse em penalizar os infratores nos atos omissivos ou comissivos, além dos identificados como imprudência, imperícia ou negligência dos atores infracionais. 
4 LEI DE CRIMES AMBIENTAIS – 9.605/1998
Antes do Decreto de Lei nº 9.605/1998 que estabeleceu os crimes contra o meio ambiente, esta matéria estava espalhada dentro do ordenamento jurídico em diversas outras leis e códigos, entre eles o Código Penal e a própria Constituição Federal, resultando assim numa grande dificuldade de se discutir a matéria. Mesmo havendo um número grande legislações que definiam as contravenções penais não existia definição objetiva que caracterizasse crime para aqueles agentes que agredissem o meio ambiente.
Neste sentido COPOLA, conceitua crime ambiental da seguinte forma:
[...] um fato típico e antijurídico que cause danos ao meio ambiente. Ou, em outros termos, crime ambiental é toda conduta prevista como ato ilícito, e que provoca resultado danoso previsto na lei dos crimes ambientais ou outra norma esparsa sim, porque a existência do crime, o ato típico deve ser, também, antijurídico (COPOLA, 2008, p.23)
MACHADO revela como conceito que; “a nova lei trata especialmente de crimes contra o meio ambiente e de infrações administrativas ambientais, além de dispor sobre processo penal e cooperação internacional para a preservação do meio ambiente” (MACHADO, 2012, p. 700). Porém, PRADO entende que; “a Lei de Crimes Ambientais é uma lei de natureza híbrida, em que se misturam temas diferentes, tais como, matéria penal, administrativa e internacional, resultando em avanços poucos significativos” (PRADO, 2009, p. 141) e finaliza com a crítica de que a lei tem um caráter totalmente criminalizador; “haja vista que tipifica como crime uma grande quantidade de comportamentos que, a seu ver, deveriam ser meramente infrações administrativas ou, quando muito, contravenções penais, destoando, portanto, com os princípios penais da intervenção mínima e da insignificância” (PRADO, 2009, p.142). O autor identifica que a lei prevê muitos conceitos indeterminados, de maneira ampla e frustrada mente técnica, normas penais em branco, cláusulas valorativas, como por exemplo, o excesso de autoridade dada aos agentes competentes. 
Nesse contexto compreende-se que a lei foi relapsa em criar tipos penais mais abrangentes, pois teoricamente foi criada apenas para restringir ou sistematizar normas já existentes criminalizando o que antes era contravenção penal e sem nenhum interesse educacional. Ou até mesmo de proteção de outros bens jurídicos.
Para tanto MILARÉ ensina:
Alguns desses vícios são produtos de excisões promovidas por pressões dos diversos lobbies interessados, que, segundo os noticiários, desempenharam importante papel nos vetos presidenciais. Outros parecem resultar de concessões a uma visão equivocada do verdadeiro interesse social onde se insere a preservação da qualidade ambiental e dos recursos ambientais. Vários, enfim, decorrem da prodigalidade do legislador “no emprego de conceitos amplos e indeterminados – permeados, em grande parte, por impropriedades linguísticas, técnicas e lógicas -, o que contrasta com o imperativo inafastável de clareza, precisão e certeza na descrição das condutas típicas. (MILARÉ, 2008, p.1005)
A Lei de Crimes Ambientais contém 82 artigos, com o principal objetivo de tutelar o meio ambiente. Divide-se principalmente em: crimes contra a flora, crimes contra a fauna, crime de poluição, crimes contra a administração ambiental e crimes contra o ordenamento jurídico que será estudado nos tópicos seguintes.
4.1 CRIMESCONTRA A FLORA
MILARÉ conceitua flora como “conjunto de plantas de uma determinada região ou período listadas por especiais e consideradas como um todo” (MILARÉ, 2008, p.1004). A fundamentação constitucional para a proteção deste ambiente é encontrada no artigo 225, inciso VII da Constituição Federal:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (BRASIL, 1998)
No que se refere às leis vagas e a pequena proteção PRADO compreende que no que; “aduz que a proteção da flora, além de prever a proteção das unidades de conservação, abrange também a diversidade biológica existente nas matas, nas florestas, nos rios, nos mares e no ar” (PRADO, 2009, p. 149).
4.2 CRIMES CONTRA A FAUNA
Os crimes contra a fauna estão previstos no artigo 225, § 1º inciso VII da Constituição Federal de 1988; Art. 225 “[...] § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: [...]VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade” (BRASIL, 1988).
Contudo, MILARÉ ensina que, apesar do conceito de animais silvestres, não significa que animais que não pertençam à fauna silvestre estejam desprotegidos pela lei, pois o artigo 32 prevê crime de abuso e maus-tratos aos animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. (2008, p.1003)
4.3 CRIMES DE POLUIÇÃO
Os crimes de poluição estão dispostos entre os artigos 54 a 61 tipificando as condutas criminosas de quem polui o meio ambiente. Na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente o conceito de poluição é imposto no artigo 3º:
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: [...];
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. (BRASIL, 1981)
MILARÉ ensina que o conceito de poluição é extremamente aberto, mas pode ser compreendido por toda a atmosfera hídrica e sonora, solo, eletromagnética e etc. (MILARÉ, 2008)
4.4 CRIMES CONTRA O ORDENAMENTO URBANO
Narrados entre os artigos 64 e 65 da Lei de Crimes Ambientais, tipifica as condutas criminosas praticadas pelo bem público, também são referenciados pelo artigo 216, incisos I a V, § 1º da Constituição Federal:
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação (BRASIL 1988)
LEITE, ressalta que antes da Lei n. 9.605/1998, a proteção do patrimônio cultural era aplicada nos artigos. 163, III, 165 e 166 do Código Penal, no capítulo de delito de dano. Hodiernamente, os artigos. 165 e 166 encontram-se revogados. (LEITE, 2012, p. 214)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho exposto teve como objetivo estudar, analisar e narrar sobre os crimes ambientais e sobre os importantes passos avançados pelo Brasil na preservação do meio ambiente. É salutar compreender a necessidade de preservação deste bem maior, pois a todas as vidas terrestres dependem dele, principalmente a vida humana.
A Lei de crimes ambientais é um marco importante, foi por deveras gratificante realizar esta pesquisa, tendo em vista o aprendizado com todos os conceitos doutrinários citados e abordados ao longo deste trabalho de pesquisa. Compreender a criminalização e punição dos agentes infratores para além do pagamento de multas e até mesmo do encarceramento, mas principalmente da educação ambiental, pois a repressão da tutela de urgência nessa criminalização também pode salvar vidas.
O mundo vem crescendo de maneira desproporcional, e sem muito cuidado com as gerações futuras. Os acidentes ambientais no Brasil também vêm se tornando algo, infelizmente, rotineiro. O que tornou este estudo denso e preocupante ao mesmo tempo, porém na esperança de que dias melhores virão e que o país se torne cada vez mais consciente das causas ambientais.
REFERENCIAS
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. Lei Federal n. 11.105, Diário Oficial [da] União, Brasília, 24 mar 2005. Dispõe sobre normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividade que envolvam organismos geneticamente modificados e seus derivados. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11105.htm>. Acesso em: 12 abr 2019.
 
. Lei Federal n. 9.605, Diário Oficial [da] União, Brasília, 12 fev 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Vade Mecum. São Paulo: RT, 2019.
 
. Lei Federal n. 6.938, Diário Oficial [da] União, Brasília 31 ago 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Vade Mecum. São Paulo: RT, 2019.
BUGLIONE, Samantha. O desafio de tutelar o meio ambiente. Revista de direito ambiental. São Paulo, ano 12, n. 120, jan. /mar. 2017.
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MACHADO, Paulo Afonso Leme. Direito ambiental brasileiro. São Paulo: Malheiros. 2012. 
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SAMPAIO, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. São Paulo: Malheiros, 2004.
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