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Poder Constituinte

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PODER CONSTITUINTE
1. Em que consiste o poder constituinte? 
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R: Trata-se do poder, força, autoridade política que está em condições de, numa determinada 
situação concreta, criar, garantir ou eliminar uma Constituição. (Canotilho) 
2. Em que consiste o denominado hiato constitucional? Também é chamado de ___________. 
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R: Trata-se do período compreendido entre a quebra do conteúdo da Constituição com a 
realidade social até a reconstitucionalização. 
Neste período, a Constituição perde seu valor perante a realidade. 
Também é chamado de revolução. 
3. Quais são os possíveis destinos do hiato constitucional? 
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R: Convocação de Assembleia Nacional Constituinte, mutação constitucional 
(modificando-se o sentido da Constituição), reforma constitucional ou o chamado hiato 
autoritário (persistência do hiato constitucional com textos ilegítimos; ex: AI-5). 
4. Como se divide e subdivide o poder constituinte originário? 
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R: 
 Originário Histórico 
 Revolucionário 
 
 Reformador 
PODER CONSTITUINTE Derivado Decorrente 
 Revisor 
 
 Difuso 
 Supranacional 
5. Em que consiste o poder constituinte originário? 
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R: Trata-se daquele que instaura uma nova ordem jurídico. 
6. Qual a diferença entre poder constituinte originário histórico e revolucionário? 
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R: 
Histórico: trata-se do primeiro poder constituinte originário, ou seja, aquele que inaugura o 
Estado. 
Revolucionário: todos os poderes constituintes originários posteriores ao histórico, ou seja, 
aqueles que rompem com ordem jurídica precedente. 
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7. Cite características do poder constituinte originário. 
R: 
• Inicial 
• Autônomo 
• Ilimitado juridicamente 
• Incondicionado e soberano na tomada de 
decisões 
• Poder de fato e poder político 
• Permanente

8. Porque o poder constituinte originário é permanente? 
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R: Porque não se esgota com a edição da nova Constituição, subsistindo ao longo do tempo e 
durante sua vigência. 
9. Existem limites ao poder constituinte originário? 
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R: 
Jusnaturalismo: sim — o direito natural. 
Positivismo (adotado pelo Brasil): não existem limites jurídicos. No entanto, Canotilho atenta 
para a necessidade de observância dos princípios de justiça, de direito internacional e de outros 
valores, espirituais, culturais, éticos e sociais. 
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10. Em que consistem o poder constituinte originário formal e material? 
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R: 
Formal: trata-se da formalização da Constituição enquanto complexo normativo. 
Material: trata-se do conteúdo da norma constitucional. 
11. Quais são as formas de expressão do poder constituinte originário? Quais Constituições 
brasileiras se expressaram em cada uma delas? 
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R: 
Outorga: trata-se da declaração unilateral do poder constituinte originário, autoproclamado 
por ente revolucionário. Constituições: 1824 (D. Pedro I), 1937 (Vargas), 1967 (Regime 
Militar), EC 01/69 (Regime Militar). 
Assembleia Nacional Constituinte / Convenção: nasce da deliberação da representação 
popular. Constituições: 1891 (Republicana); 1934; 1946; e 1988. 
12. Em que consiste o poder constituinte derivado? 
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R: Trata-se do poder jurídico de criação, alteração ou supressão de normas constitucionais 
conforme limites impostos pelo poder constituinte originário. 
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13. O que é o poder constituinte derivado reformador? Por qual instrumento se manifesta? 
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R: Trata-se de poder apto à modificação da Constituição. Através de emendas 
constitucionais. 
14. Em que consiste o poder constituinte derivado decorrente? Quais são suas modalidades? 
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R: Trata-se daquele voltado à estruturação da Constituição dos Estados-Membros. 
Poder constituinte derivado decorrente inicial: responsável pela elaboração da Constituição 
Estadual. 
Poder constituinte derivado decorrente de revisão estadual: responsável pela modificação da 
Constituição Estadual. 
15. O poder constituinte relativo à criação da Constituição Estadual não é originário? 
Porque? 
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R: Não. Porque decorre de ordem jurídica prévia, estabelecida pela Constituição Federal, 
segundo a qual, em seu art. 25, prevê o poder de auto-organização dos Estados, observados 
os princípios dela. 
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16. E quais são estes princípios, a serem observados pelo poder constituinte derivado 
decorrente? 
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R: 
• Princípios sensíveis: FDAPA (forma republicana, sistema representativo e regime 
democrático; direitos da pessoa humana; autonomia municipal; prestação de contas da 
Administração; aplicação do mínimo exigido em impostos estaduais - saúde e ensino). 
Representam a essência da auto-organização dos Estados, e são enumerados. 
• Princípios extensíveis: são aqueles originariamente voltados à União, mas extensíveis aos 
Estados. Ex: normas sobre organização, composição e fiscalização do TCU. 
• Princípios estabelecidos / organizatórios: são aqueles consagrados por toda a Constituição. 
Subdividem-se em: 1. Vedatórios: proíbem os Estados de certos atos (ex: negar fé a 
documentos públicos ou criar distinções ou preferências entre brasileiros); 2. Mandatórios: 
normas preestabelecidas que deverão ser observadas (ex: princípios da Administração 
Pública; normas relativas a servidores). 
17. A Lei Orgânica do Distrito Federal tem natureza constitucional local? Em qual situação 
o STF enfrentou a questão? 
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R: Sim, de acordo com o STF, tratando-se de manifestação do poder constituinte derivado 
decorrente, admitindo, deste modo, controle concentrado de constitucionalidade de lei ou 
ato normativo distrital que a viole, perante o TJDFT. 
18. As leis orgânicas municipais são promulgadas em exercício do poder constituinte 
derivado decorrente? 
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R: Não, de acordo com a doutrina, uma vez que o Município se sujeita a dois graus de 
subordinação jurídica — Constituição Estadual e Federal. Somente pode ser considerado 
poder derivado decorrente aquele que provém diretamente da Constituição Federal. 
19. Os Territórios Federais são manifestação do poder constituinte derivado decorrente? 
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R: Não. Os Territórios integram a União e têm natureza jurídica de autarquia federal. 
Resumindo: poder constituinte derivado decorrente — SÓ ESTADOS. 
20. Em que consiste o poder constituinte derivado revisor? 
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R: Trata-se da determinação do art 3º do ADCT, prevendo revisão constitucional após 5 anos 
contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do 
Congresso Nacional, em sessão unicameral. 
21. O poder constituinte derivado revisor, já exaurido, tinha limites? 
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R: Sim. De acordo com o Regimento do Congresso Nacional, foram vedadas apresentação de 
propostas revisionais que: 
• violassem cláusulas pétreas (art. 60, §4º); 
• substituíssem integralmente a Constituição; 
• dissessem respeito a mais de um dispositivo, salvo modificações correlatas; 
• contrariassem a forma republicana e o sistema presidencialista de governo. 
(Interessante. Ao poder constituinte derivado reformador, é permitido a alteração da forma 
republicana e o sistema presidencialista. No extinto poder constituinte derivado revisor, não) 
22. Em que consiste o chamado poder constituinte difuso? Qual autor é responsável pelo 
termo?————————————————————————————————————————— 
R: Trata-se do processo informal de mudança da Constituição, alterando-se seu sentido 
interpretativo através da mutação constitucional, e não seu texto, que permanece intacto e 
se mantém na sua literalidade. 
A expressão foi consagrada pelo jurista francês Georges Burdeau. 
23. Em que consiste o chamado poder constituinte supranacional? 
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R: Trata-se de conceito que busca estabelecer a interação da Constituição com ordenamentos 
jurídicos internacionais, estabelecendo uma Constituição supranacional legítima, através do 
transconstitucionalismo. Renova a ideia de soberania e redefine a norma jurídica 
fundamental como parâmetro de validade. 
Autores utilizam a União Europeia como tendente à Constituição supranacional. 
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24. Qual a consequência jurídica, em relação às normas infraconstitucionais editadas 
anteriormente à vigência da Constituição que com elas sejam incompatíveis? 
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R: Dá-se o fenômeno da não recepção — consistente em revogação, e não nulidade. 
(Daí porque, como sabemos, não ser possível ADI contra lei ou ato normativo “não 
recepcionado” — mas sim ADPF) 
25. Quais são os requisitos para a recepção de uma lei anterior à Constituição? 
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R: 
• estar em vigor no momento do advento da nova Constituição; 
• não ter sido declarada inconstitucional sob égide do regime anterior; 
• ter compatibilidade formal e material perante a Constituição sob cuja regência foi editada; 
• ter compatibilidade somente material com a nova Constituição, sendo desnecessária a 
compatibilidade formal. 
26. O Código Tributário Nacional, aprovado como lei ordinária, foi recepcionado pela 
Constituição, que passou a prever a necessidade de lei complementar às normas gerais de 
direito tributário? 
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R: Sim, pois, conforme vimos, é desnecessário a compatibilidade formal com a nova 
Constituição. 
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27. Em que consiste o princípio da contemporaneidade? 
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R: Trata-se diretriz segundo a qual a compatibilização de uma lei ou ato normativo com a 
Constituição deve ser verificada no momento de sua edição, com a ordem vigente, sendo 
vedada a ideia de constitucionalidade ou inconstitucionalidade superveniente. 
28. Em que consiste o fenômeno da desconstitucionalização? Ocorre no Brasil? 
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R: Trata-se da hipótese em que normas da Constituição anterior sejam recepcionadas pela 
nova ordem com o “status” de norma infraconstitucional. É necessário que a nova 
Constituição preveja a recepção de maneira expressa, o que não ocorreu com a Carta de 
1988. 
No entanto, o art. 147 da Constituição do Estado de São Paulo previu, de forma expressa, 
que se considerem vigentes, “com o caráter de lei ordinária, os artigos da Constituição 
promulgada em 9 de julho de 1947 que não contrariem esta Constituição”. 
29. Em que consiste o fenômeno da recepção material de normas constitucionais? Ocorre 
no Brasil? 
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R: Trata-se da hipótese em que normas da Constituição anterior sejam recepcionadas pela 
nova ordem com “status” constitucional. É necessário, assim como na desconstituciona-
lização, que haja expressa previsão. —> 
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Este fenômeno ocorreu com a Constituição de 1988, uma vez que o ADCT estabeleceu que as 
disposições da Constituição de 1967 relativas ao sistema tributário nacional se mantivessem 
mesmo com o advento da nova Carta, por prazo certo (até após 4 meses da promulgação). 
30. Quais são os possíveis graus de retroatividade da norma constitucional? Explique-os. 
Qual o grau das normas do poder constituinte originário? 
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R: 
Máxima: ataca fatos jurídicos consumados, até mesmo coisa julgada. 
Média: ataca atos jurídicos anteriores, mas que pendam efeitos (ex: taxa de juros). 
Mínima: somente se aplica a fatos que venham a acontecer após a sua promulgação. 
De acordo com o STF, as normas constitucionais, como regra, têm retroatividade mínima. 
31. A retroatividade média e máxima são possíveis? Exemplifique. 
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R: Sim, desde que haja expressa previsão pelo poder constituinte originário. 
No Brasil, teve previsão no art. 51 do ADCT, ao qual estabeleceu que seriam revistos pelo 
Congresso Nacional doações, vendas e concessões de terras públicas com área superior a 
três mil hectares, realizadas no período de 1962 a 1987.
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