Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
0 1 SUMÁRIO 1. CONCEITOS.............................................................................................................02 2. ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES DO SOCORRISTA.............................03 3. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS BÁSICOS............................................................09 4. CINEMÁTICA DO TRAUMA……………………………………………………………13 5. SINAIS VITAIS……………………………………………………………………………18 6. ATENDIMENTO INICIAL………………………………………………………………….20 7. DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS………………………………………………….25 8. RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR………………………………………………29 9. FERIMENTOS……………………………………………………………………………...33 10. QUEIMADURAS………………………………………………………………………….39 11. ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS………………………………………46 12. EMERGÊNCIAS CLÍNICAS……………………………………………………………..48 13. EMERGÊNCIAS CLÍNICAS 2…………………………………………………………..53 14. TRAUMAS DE EXTREMIDADES/IMOBILIZAÇÕES...............................................56 15. ACIDENTE POR MATERIAL BIOLÓGICO.............................................................63 16. PARTO DE EMERGÊNCIA.....................................................................................68 17. TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO (TCE)....................................................70 18. TRAUMA RAQUI-MEDULAR (TRM).......................................................................70 19. REFERÊNCIAS…………………………………………………………………………..72 2 1. CONCEITOS Primeiros socorros: São os procedimentos prestados, inicialmente, àqueles que sofreram acidente ou doença, com a finalidade de evitar o agravamento do estado da vítima, até a chegada de ajuda especializada. Socorrista: É a pessoa tecnicamente capacitada para, com segurança, avaliar e identificar problemas que comprometam a vida. Cabe ao Socorrista prestar o adequado socorro pré-hospitalar e o transporte do paciente sem agravar as lesões já existentes. Atendimento pré-hospitalar: É considerado como nível pré-hospitalar móvel na área de urgência, o atendimento que procura chegar precocemente à vítima, após ter ocorrido um agravo à sua saúde (de natureza clínica, cirúrgica, traumática, inclusive as psiquiátricas), que possa levar ao sofrimento, a sequelas ou mesmo à morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento e/ou transporte adequado a um serviço de saúde devidamente hierarquizado e integrado ao Sistema Único de Saúde. Ocorrência: Evento causado pelo homem, de forma intencional ou acidental, por fenômenos naturais, ou patologias, que podem colocar em risco a integridade de pessoas ou bens e requer ação imediata de suporte básico de vida, a fim de proporcionar melhor qualidade de vida ou sobrevida aos pacientes, bem como evitar maiores danos à propriedade ou ao meio ambiente. Omissão de socorro:- Segundo o Artigo 135 do Código Penal, a omissão de socorro consiste em: “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, em desamparo ou em grave e iminente perigo; não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública”. Pena: detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa. Diz ainda aquele artigo, “A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e é triplicada, se resulta de morte”. Vale ressaltar que, o fato de chamar o socorro especializado, nos casos em que a pessoa não possui treinamento específico ou não se sente confiante para atuar, já descaracteriza a ocorrência de omissão de socorro. Crime de abandono: Artigo 133 do código penal brasileiro. “Abandonar pessoa que está sob o seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono.” 3 Pena: detenção, de seis meses a três anos. § 1º. Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: Reclusão, de um a cinco anos. §2º. Resulta-se morte: Reclusão, de quatro a doze anos. Direito da vítima: A vítima tem o direito de recusar o atendimento. No caso de adultos, esse direito existe quando estiver consciente e orientado; No caso de crianças, a recusa do atendimento pode ser feita pelo pai, pela mãe ou pelo responsável legal; Se a criança é retirada do local do acidente antes da chegada do socorro especializado, o prestador de socorro deverá se possível, arrolar testemunhas que comprovem o fato; O diálogo é imprescindível, é através dele que o socorrista poderá convencer a vítima e/ou parentes a aceitarem o socorro. 2. ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES DO SOCORRISTA Os principais atributos inerentes à função do Socorrista são: Ter conhecimento técnico e capacidade para oferecer o atendimento necessário; Ter capacidade de liderança para dar segurança e conforto ao paciente; Para ser um Socorrista é preciso aprender a lidar com o público. Pessoas que estão doentes ou feridas não se encontram em condições normais. Lidar com as pessoas é uma das mais exigentes tarefas do Socorrista. Quando estiver ajudando uma pessoa, você não deve dizer que ela está bem, se na verdade ela estiver doente ou ferida. Nem mesmo dizer que tudo está bem quando você percebeu que existe algo errado. Dizer para a pessoa não se preocupar. Quando uma emergência acontece, certamente, existe algo com que se preocupar. O socorrista deve ser honesto e autêntico, ser capaz de superar comportamentos grosseiros ou pedidos descabidos, supondo que estes pacientes estão agindo assim devido à doença ou ao ferimento presente. 4 No local da emergência, você deve ser um profissional altamente disciplinado: Observe a sua linguagem diante dos pacientes e do público. Não faça comentários sobre os pacientes ou sobre a gravidade do acidente. Concentre-se em auxiliar o paciente e evite distrações desnecessárias. Coisas simples como fumar um cigarro no local da emergência, mostra que você não é disciplinado e não pode ser um Socorrista. É essencial ao Socorrista ter discernimento quanto aos limites do que pode ser comunicado ao paciente. Avisar que a criança do paciente está morta ou um ente querido está seriamente ferido não ajudará em nada. Quando a assistência de emergência é prestada, o Socorrista deve ter maior sensibilidade sobre o que dizer ao paciente. Nessas situações, como uma tentativa de acalmar o paciente, o Socorrista pode avisar que outras pessoas estão cuidando de seus entes queridos. É importante lembrar que um paciente vivendo o stress da doença ou de um trauma pode não tolerar uma pressão adicional. Saiba mais sobre a ação do Socorrista. A comunicação com o paciente pode ser benéfica e contribuir para o seu relaxamento, desde que você seja honesto. Dizer ao paciente que você está treinado em primeiros socorros e que irá ajudá-lo, pode diminuir o medo e estabelecer vínculos de confiança. Avisar ao paciente que o Serviço de Emergência Médica (Corpo de Bombeiros Militar ou o SAMU) está a caminho pode ajudar a tranquilizá-lo. Aprender a controlar suas emoções, ser paciente com as ações anormais ou exageradas daqueles que estão sob situação de stress; Atuar como Socorrista exige que você controle os seus próprios sentimentos no local da emergência. Você aprenderá a envolver-se com a assistência aos pacientes enquanto, ao mesmo tempo, controla as suas próprias reações emocionais ao enfrentar uma situação de doença ou ferimentos graves. Os pacientes não necessitam unicamente de simpatia ou lágrimas, mas exigem um atendimento profissional. Prestar assistência como Socorrista requer que você admita que o local do acidente ou os tipos de emergência podem afetá-lo. Você deve conversar com outros trabalhadores do serviço de emergência ou especialistas do Serviço de Emergência Médica, para lidar com os seus problemas emocionais e o stress, ocasionados pelas situações de emergência. Você não precisa mudaro seu estilo de vida para ser um Socorrista. Entretanto, no momento em que você é requisitado para prestar assistência a uma pessoa, alguns aspectos relacionados à mudança de seu comportamento devem ser considerados. Sua atuação e aparência podem facilitar a obtenção da confiança do paciente. Tomar uma dose a menos de bebida alcoólica em uma festa, pode parecer 5 pouco importante, porém, o significado desta pequena ação é muito importante, para que o Socorrista preste uma assistência adequada nas situações de emergência. Para ser um Socorrista, você deve manter-se em boas condições de saúde. Se você tem limitações físicas, como dificuldade em agachar ou de respirar, o seu treinamento terá pouca utilidade, já que apresentará dificuldades de realizar o socorro. Podendo até eventualmente tornar-se outra vítima. As responsabilidades do Socorrista no local da ocorrência incluem o cumprimento das seguintes atividades: Utilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs); Controlar o local do acidente de modo a proteger a si mesmo, sua equipe, o paciente, e prevenir outros acidentes; Obter acesso seguro ao paciente e utilizar os equipamentos necessários para a situação; Identificar os problemas utilizando-se das informações obtidas no local e pela avaliação do paciente; Fazer o melhor possível para proporcionar uma assistência de acordo com seu treinamento; Decidir quando a situação exige a mobilização ou mudança da posição ou local do paciente. O procedimento deve ser realizado com técnicas que evitem ou minimizem os riscos de lesões adicionais; Solicitar, se necessário, auxílio de terceiros presentes no local da emergência e coordenar as atividades. Imperícia (Ignorância, inabilidade, inexperiência): Entende-se, no sentido jurídico, a falta de prática ou ausência de conhecimentos, que se mostram necessários para o exercício de uma profissão ou de uma arte qualquer. A imperícia, assim se revela na ignorância, como na inexperiência ou na inabilidade acerca de matéria, que deveria ser conhecida, para que se leve a bom termo ou se excute com eficiência o encargo ou serviço, que foi confiado a alguém. Evidencia-se, assim, no erro ou engano de execução de trabalho ou serviço, de cuja inabilidade se manifestou, ou daquele que se diz apto para um serviço e não o faz com a habilidade necessária, porque lhe falecem os conhecimentos necessários. A imperícia conduz o agente à culpa, responsabilizando-o, civil e criminalmente, pelos danos que sejam calculados por seu erro ou falta. Exemplo: é imperito, o Socorrista que utilizar o reanimador manual, sem executar corretamente, por ausência de prática, as técnicas de abertura das vias aéreas, durante a reanimação. 6 Imprudência (Falta de atenção, imprevidência, descuido): Resulta da imprevisão do agente ou da pessoa, em relação às consequências e seu ato ou ação, quando devia e podia prevê-las. Mostra-se falta involuntária ocorrida na prática de ação, o que a distingue da negligência (omissão faltosa), que se evidencia, precisamente, na imprevisão ou imprevidência relativa à precaução que deverá ter na prática da mesma ação. Fundasse, pois, na desatenção culpável, em virtude da qual ocorreu um mal, que podia e deveria ser atendido ou previsto pelo imprudente. Em matéria penal, arguido também de culpado, é o imprudente responsabilizado pelo dano ocasionado à vítima, pesando sobre ele a imputação de um crime culposo. Exemplo: É imprudente o motorista que dirige um veículo de emergência excedendo o limite de velocidade permitido na via. Negligência (Desprezar, desatender, não cuidar): Exprime a desatenção, a falta de cuidado ou de precaução com que se executam certos atos, em virtude dos quais se manifestam resultados maus ou prejudicados, que não adviriam se mais atenciosamente ou com a devida precaução, aliás, ordenada pela prudência, fosse executada. A negligência, assim, evidencia-se pela falta decorrente de não se acompanhar o ato com a atenção que se deveria. Nesta razão, a negligência implica na omissão ou inobservância de dever que competia ao agente, objetivado nas precauções que lhe eram ordenadas ou aconselhadas pela prudência e vistas como necessárias, para evitar males não queridos ou evitáveis. Exemplo: É negligente o Socorrista que deixa de utilizar Equipamento de Proteção Individual (EPI), em um atendimento no qual seu uso seja necessário. Reconhecimento do local da ocorrência: O reconhecimento da situação é realizado pelo Socorrista no momento em que chega ao local da emergência. O reconhecimento é necessário para que o mesmo possa avaliar a situação inicial, decidir o que fazer e como fazer. Para o correto reconhecimento do local da ocorrência, devem ser observados: Avaliação do local: O Socorrista deverá avaliar o local da ocorrência, observando principalmente os seguintes aspectos: • A situação; 7 • Potencial de risco; • As medidas a serem adotadas. Informes do Socorrista após avaliar o local, o Socorrista deverão informar ao Corpo de Bombeiros Militar ou ao SAMU: • Local exato da ocorrência; • Tipo de ocorrência; • Riscos potenciais; • Número de vítimas e idade; • Gravidade das vítimas; • Necessidades de recursos adicionais; • Nome e telefone do solicitante do socorro adicional. Conforme a situação a ordem dos dados a serem informados é dinâmica, podendo ser alterada. O importante é reportá-los sempre e o mais breve possível, pois só assim o Socorrista terá o apoio necessário. Segurança do local: Consiste na adoção dos cuidados por parte do Socorrista para a manutenção da segurança no local de uma ocorrência, priorizando: • Estacionamento adequado da viatura de emergência; • Sinalização e isolamento do local; • Gerenciamento dos riscos. Estacionamento: O Socorrista/motorista deverá estacionar a viatura de socorro/carro particular 15 metros antes do local do acidente, utilizando-a como anteparo, a fim de proporcionar maior segurança à guarnição de serviço e às vítimas envolvidas, deixando assim, uma área denominada “zona de trabalho”. 8 Nas situações em que já houver uma viatura fazendo tal proteção, a viatura de socorro deverá ser colocada 15 metros à frente do acidente, mantendo o espaço da zona de trabalho. Sinalização: • Inicie a sinalização em um ponto em que os motoristas ainda não possam ver o acidente. Não adianta ver o acidente quando já não há tempo suficiente para parar ou diminuir a velocidade. No caso de vias de fluxo rápido, com veículos ou obstáculos na pista, é preciso alertar os motoristas antes que eles percebam o acidente. Assim, vai dar tempo para reduzir a velocidade, concentrar a atenção e desviar. A colocação dos cones de sinalização deverá obedecer a seguinte proporção: 1 metro para cada km/h da velocidade máxima permitida na via. Essa distância poderá ser medida por passos largos de um adulto, medida esta próxima a 1 metro. Exemplo: Se a velocidade máxima permitida na via for 40 Km/h, o primeiro deverá ser colocado a 40 metros antes do local exato do acidente, no caso de pista seca, sob chuva, neblima, ou mesmo durante a noite essa distância precisa ser duplicada, seguindo o exemplo anterior, a distância do primeiro cone deveria ser de 80 metros do acidente, lembrando que a sinalização deve ser feita nos dois sentidos da via. Os demais cones deverão ser distribuídos em direção ao local do acidente de sinalização. Após a sinalização, o Socorrista deverá se certificar que a sua visualização é ideal. 3. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS BÁSICOS Equipamento para Segurança no Local do Acidente 9 ● Equipamento de proteção individual – este conjunto de equipamentos destina-se a proteção do socorrista e da vítima, objetivando evitar a transmissão de doenças, seja pelo contatocom a pele ou através da contaminação das mucosas; materiais de uso obrigatório no atendimento no interior das viaturas de resgate: luvas descartáveis, máscara de proteção facial, óculos de proteção, aventais e capacetes (em locais de risco iminente de acidentes). ● Equipamento de segurança no local – este conjunto de equipamentos destina-se a garantir a segurança das equipes no local do acidente, bem como, das vítimas envolvidas e da população em geral; destacam-se entre esses materiais os cones de sinalização, lanternas, fitas para isolamento e extintores de incêndios. Equipamentos de Reanimação e Administração de Oxigênio ● Cânula orofaríngea ou Cânula de Guedel – equipamento destinado a garantir a permeabilidade das vias áreas em vítimas inconscientes devido à queda da língua contra as estruturas do palato, promovendo a passagem de ar através da orofaringe. Possui vários tamanhos. ● Reanimador ventilatório manual ou Ambu – equipamento destinado a estabelecer ventilação artificial manual. Composto de bolsa, válvula e máscara, garantindo assim eficiente insuflação de ar e maior concentração de oxigênio para a vítima. Equipamento disponível nos tamanhos adulto e infantil. 10 ● Equipamento de administração de oxigênio portátil – unidade portátil destinada a dar suporte de oxigênio a vítima acidentada no local da ocorrência inicial, com capacidade de 300 litros e fluxômetro a fim de dosar a administração de pelo menos 12 litros de oxigênio por minuto. Toda a ambulância possui uma segunda unidade fixa com capacidade de armazenamento maior, possibilitando a continuação da administração de oxigênio durante o deslocamento até o pronto socorro. ● Equipamento para aspiração – destinado à aspiração de secreções da cavidade oral, as quais obstruem a passagem de oxigênio sendo indispensável uma unidade portátil e uma unidade fixa na ambulância. ●Equipamentos de Imobilização e Fixação de Curativos ● Talas flexíveis e rígidas (madeira, papelão) – são equipamentos indispensáveis na imobilização de fraturas e luxações. ● Bandagens triangulares e ataduras de crepom – destinam-se à fixação de talas e curativos. ● Cintos de fixação – cintos flexíveis e resistentes que se destinam a prender a vítima junto à tábua de imobilização. ● Colete de imobilização dorsal (ked) - equipamento destinado à retirada de vítimas do interior de veículos que estiverem sentadas, objetivando a imobilização da coluna cervical, torácica e lombar superior. Sua fixação dá-se através de tirantes flexíveis fixos e móveis. 11 ● Colar cervical – equipamento destinado à imobilização da coluna cervical quanto a movimentos axiais, confeccionado em polietileno, dobrável e de vários tamanhos e modelos. ● Tabua de imobilização – equipamento destinado à imobilização da vítima deitada, de vários modelos e tamanhos, possuindo aberturas para fixação de cintos e imobilizadores de cabeça. ● Imobilizadores de cabeça – equipamento destinado à imobilização total da cabeça da vítima acidentada. Confeccionado em espuma revestida de um material impermeável e lavável. Materiais Utilizados em Curativos ● Gaze, ataduras de crepom, bandagem, fita adesiva – material indispensável na limpeza superficial de ferimentos e contenção de hemorragias em vítimas. Materiais de Uso Obstétrico ● Material de assistência ao parto – material esterilizado, normalmente colocado em pacotes hermeticamente fechados, contendo campos duplos e simples, clamps para laqueadura umbilical, lençóis e tesoura. 12 Equipamentos para Verificação de Sinais Vitais ● Esfigmomanômetro – equipamento destinado à aferição da pressão arterial. ● Estetoscópio - aparelho destinado a ausculta cardíaca e pulmonar. ● Oxímetro de pulso portátil - aparelho eletrônico destinado à medição da saturação periférica de oxigênio. ● Desfibriladores automáticos externos (DEA) – equipamento destinado à verificação de arritmias ventriculares (taquicardia e fibrilação), que se confirmadas através da obediência aos comandos emanados, resultará na aplicação de choques buscando a reversão do quadro apresentado. OBS: a Classificação do DEA, neste grupo deve-se ao mesmo atuar também como monitor cardíaco, identificando o padrão de atividade elétrica do coração, é um material de uso de pessoal treinado, mas não necessariamente de profissional de saúde, o que o diferencia do cardioversor. Macas e Acessórios 13 ● Maca – equipamento destinado ao transporte de vítima, sendo confeccionado em alumínio, com mecanismo de travamento, possibilitando que a maca aumente ou diminua a altura. ● Cobertor e manta aluminizada – material destinado ao conforto térmico. 4. CINEMÁTICA DO TRAUMA Trauma: É a lesão caracterizada por uma alteração estrutural ou fisiológica, resultante de exposição a uma energia (mecânica, térmica, elétrica). Cinemática do trauma: É o estudo do movimento de um corpo, que sofreu um impacto ou agressão, relacionando-o com suas prováveis avarias e lesões. “Saber onde procurar lesões e tão importante quanto saber o que fazer após encontrá- las.” Esta ciência é baseada em princípios fundamentais da física: - Primeira Lei de Newton -"Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em linha reta, a menos que seja obrigado a mudar seu estado por forças impressas a ele." - Princípio da Inércia. (Mesmo que um carro colida e pare, as pessoas no seu interior continuam em movimento até colidirem com o painel, direção, pararias etc.). Mas, por que este repentino início ou parada de movimento resulta em trauma ou lesões? Esta questão é respondida por um segundo princípio da Física: “A energia pode ser transformada de uma forma em outra em um sistema isolado, mas não pode ser criada ou destruída; a energia total do sistema sempre permanece constante”. Considerando-se o movimento de um carro como uma forma 14 de energia (energia cinética), quando o carro colide, esta forma de energia é transformada em outras (mecãnica, térmica, elétrica, química). Considerando que E = (m. V²)/2, sendo E = energia cinética (movimento) m = massa (peso) V = velocidade “Conclui-se que quanto maior a velocidade, maior a troca de energia resultando assim em maiores danos aos organismos envolvidos”. “Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.” Trauma Contuso X Penetrante Trauma Contuso “temporário”: trauma onde não há o rompimento da pele. Trauma Penetrante “permanente”: trauma que rompe a integridade da pele penetrante “permanente”, A evolução clínica de uma vítima de trauma divide-se em três fases: Pré-Colisão: tudo o que acontece antes da colisão bebidas, velocidade, drogas. Colisão: quando a transmissão de energia acontece entre eles. Pós-Colisão: informações conseguidas após a transmissão de energia (como ficou o carro, estado da vítima). São considerações importantes para o atendimento: A direção que ocorreu a variação de energia. A quantidade de energia transmitida. A forma como as forças afetaram o paciente. Acidente Automobilístico: Em um acidente automobilístico há uma desaceleração brusca, ocorrem três tipos de colisão: 15 Colisão da Máquina: o veículo colide com outro ou com um anteparo; Colisão do Corpo: o corpo mantém-se em movimento e colide com o anteparo do carro; Colisão dos Órgãos: na colisão os órgãos colidem-se contra as paredes do corpo. Formas de Colisão Colisão frontal: fratura de crânio, penetração óssea no cérebro, hemorragia intercraniana, fratura ou luxação de vértebras, além de lesões nos tecidos moles do pescoço, trauma na laringe, fratura de face, ruptura da aorta, pneumotórax, hemotórax, fratura nos arcos costais, fratura no esterno, hemorragianos órgãos abdominais ”rins, baço, pâncreas, fígado”, fratura de pelve, fratura de fêmur, joelho, tíbia e fíbula, fratura no tornozelo e pés. Colisão Traseira: rompimento da cervical, “efeito chicote – aceleração brusca”, fratura de face. Colisão Lateral: fratura de costelas, contusão pulmonar, tórax instável, ruptura do fígado ou baço, fratura no braço e ombro, lesões na coluna, fratura ou luxação do fêmur, joelho, fratura na cabeça, fratura na pelve. Capotamento: todos os tipos de ferimentos podem ser mencionados, além da probabilidade de fratura na coluna cervical, e se a vítima for lançada para fora do veículo aumenta o risco em seis vezes o seu valor. Acidente Motociclístico: Os acidentes de motocicleta são responsáveis por grande número de mortes todos os anos. O mecanismo de trauma é o mesmo da colisão de veículo e segue as leis da Física. O uso do capacete previne lesões de face e crânio. 16 Numa colisão frontal contra um objeto, a moto inclina-se para frente e o motociclista é jogado contra o guidão, esperando-se trauma de cabeça, tórax e abdômen. Caso pés e pernas permaneçam fixos no pedal e a coxa colida contra o guidão, pode ocorrer fratura bilateral de fêmur. Na colisão lateral do motociclista, geralmente há compressão de membros inferiores provocando fraturas de tíbia e fíbula. Nos casos de colisão com ejeção do motociclista, o ponto de impacto determina a lesão, irradiando-se a energia para o resto do corpo. Como nos automobilísticos, geralmente as lesões são muito graves nesse tipo de acidente. Atropelamento: Na abordagem de vítima de atropelamento, é importante conhecer sua idade, pois existem mecanismos distintos de trauma entre adultos e crianças. Quando o adulto percebe estar prestes a ser atropelado, ele se vira de costas para o veículo, na tentativa de se proteger; logo, as lesões se localizam nas regiões posterior e lateral do corpo. Por outro lado, as crianças encaram o veículo atropelador de frente. Existem três fases no atropelamento: ● Impacto inicial nas pernas, às vezes atingindo coxa e quadril; ● Tronco lançado contra o capô do veículo; ● Vítima caída no asfalto – geralmente o primeiro impacto é na cabeça, com possibilidade de trauma de coluna cervical. Quedas: A queda se caracteriza por uma desaceleração vertical rápida. No atendimento às vítimas de queda, o socorrista deve conhecer: ● Altura da queda; ● Tipo de superfície com que a vítima colidiu. Exemplos: gramado, concreto etc.; ● Parte do corpo que sofreu o primeiro impacto. Como a velocidade na queda aumenta com a altura, grandes alturas predispõem a lesões mais graves. Como 17 referência, considera-se grave a queda de altura três vezes maior que a altura da vítima. Chamamos de "síndrome de Don Juan" a queda de altura com aterrissagem pelos pés. Conforme a altura acontece fratura bilateral de calcâneos. Após os pés, as pernas são as próximas partes a absorver a energia - fratura de tornozelos, ossos longos e quadril. No terceiro momento, verificar fratura com compressão de coluna torácica e lombar. Se a vítima apoia as mãos na queda, espera-se fratura de punho. Assim, cabe- nos determinar a parte do corpo que sofreu o primeiro impacto e, consequentemente, deduzir as lesões relacionadas. Lesões por Explosão: A explosão tem três fases: ● Causada pela onda de pressão proveniente da explosão, atinge particularmente órgãos ocos ou contendo ar, como pulmões e aparelho gastrointestinal. Pode ocorrer sangramento pulmonar, pneumotórax, perfuração de órgãos do aparelho digestivo. A onda de pressão rompe a parede de pequenos vasos sanguíneos e também lesa o sistema nervoso central. A vítima morre sem que se observem lesões externas. O socorrista, sempre atento a essas possibilidades, pesquisa sinais de queimadura nas áreas descobertas do corpo. ● Em vítima atingida por estilhaços e outros materiais provenientes da explosão, é possível encontrar lace rações, fraturas, queimaduras e perfurações. ● Se a vítima é lançada contra um objeto, haverá lesões no ponto do impacto e a força da explosão se transfere a órgãos do corpo. Elas são aparentes e muito similares àquelas das vítimas ejetadas de veículos ou que sofrem queda de grandes alturas. 5. SINAIS VITAIS Os sinais vitais são: Pressão Sanguínea, Temperatura, frequência respiratória e pulso. 18 Nas variações dos sinais vitais, devemos considerar: Condições ambientais, tais como: temperatura e umidade do local; Condições pessoais: como exercício recente, tensão emocional, alimentação; Equipamentos apropriados e calibrados regularmente. Temperatura Dentro de limites determinados e de fatores conhecidos podemos aceitar como normais variações segundo: Idade -- Antes de um ano de idade, a temperatura normal é maior do que a do adulto. A partir de um ano de idade, a temperatura tende a alcançar níveis semelhantes aos dos adultos. A diferença já é notável após o 6º mês de idade (0,5 ºC), acentua-se a partir do 2º ano alcançando a diferença máxima após o 6º ano de idade (0,9 - 1,1 ºC). Ciclo circadiano -- Segundo o momento do dia, a temperatura pode variar sendo mais baixa na madrugada (3 horas) e no início da manhã. Pode ser máxima no final da tarde (17 horas) e no início da noite. Sexo. No sexo feminino a temperatura é mais elevada do que no masculino, e apresenta variações segundo a fase do ciclo menstrual. Atividade física e o meio ambiente -- A temperatura ambiental elevada e o ambiente pouco arejado, além de atividade física intensa, podem determinar elevação da temperatura corporal. Local de verificação da temperatura. -- Temperatura retal é a mais elevada, a bucal é intermediária e a axilar a mais baixa quando medida nas mesmas condições. A temperatura axilar normal é (36,5 ºC pela manhã a 37,2 ºC à tarde), sendo a temperatura bucal aproximadamente 0,5 ºC maior do que a axilar e a retal 0,8 a 1º C superior à axilar, podendo a temperatura retal atingir 37,8 ºC e mesmo 38,2 ºC. Pulso: É a onda provocada pela pressão do sangue contra a parede arterial em cada batimento cardíaco, sentida pelo toque com um impacto ou batida leve. ADULTO De 60 A 100 bpm. CRIANÇA De 80 A 120 bpm. BEBÊS De 100 A 160 bpm. Bradicardia: Frequência cardíaca abaixo do normal, abaixo de 60 bpm. Taquicardia: Frequência cardíaca acima do normal, acima de 100 bpm. 19 Taquisfigmia: É o aumento da frequência do pulso, acima do normal, é um pulso taquicárdico. Bradisfigmia: É a diminuição da frequência do pulso, abaixo do normal, é um pulso bradicárdico. Pulso Filiforme: Quando sentimos o pulso fino e fraco, geralmente da decorrência da diminuição do volume do sangue. Respiração: A avaliação da respiração inclui: frequência (movimentos respiratórios por minuto), caráter (superficial e profunda) e ritmo (regular ou irregular). ADULTO De 12 a 20 Movimentos Respiratórios por minuto; CRIANÇA De 20 a 30 Movimentos Respiratórios por minuto; BEBÊS De 30 a 60 Movimentos Respiratórios por minuto; Apnéia: Sem respiração. Bradipneia: Respiração lenta, regular (abaixo de 12 M. R.P.M.). Taquipnéia: Respiração rápida, regular (acima de 20 M.R.P.M.). Dispneia: Respiração difícil. Pressão Sanguínea: A pressão sanguínea ou Pressão arterial (PA) é uma função da força exercida pelo sangue contra as paredes da artéria. 6. ATENDIMENTO INICIAL O objetivo do atendimento inicial à vítima de trauma é identificar rapidamente situações que coloquem a vida em risco e que demandem atenção imediata pela equipe de socorro. Deve ser rápido, organizado e eficiente de forma que permita decisões quanto ao atendimento e ao transporte adequados, assegurando à vítima maiores chances de sobrevida. O atendimento inicial à vítima de trauma se divide em três etapas sequenciais:20 1) Controle de cena; 2) Abordagem primária; 3) Abordagem secundária; Controle de Cena Segurança do Local: Antes de iniciar o atendimento propriamente dito, a equipe de socorro deve garantir sua própria condição de segurança, a das vítimas e a dos demais presentes. De nenhuma forma qualquer membro da equipe deve se expor a um risco com chance de se transformar em vítima, o que levaria a deslocar ou dividir recursos de salvamento disponíveis para aquela ocorrência. O socorrista deve atentar para: Óculos de proteção; Máscara facial; Luvas de procedimentos; Isolamento e controle de trânsito; Utilizando cordas ou fitas de isolamento; Sinalizando o trânsito para evitar acidente em cadeia; Desligar ao cabo da bateria do automóvel, bem como calçar as rodas. Mecanismo de Trauma: Enquanto se aproxima da cena do acidente, o socorrista examina o mecanismo de trauma, observando e colhendo informações pertinentes. Em uma colisão entre dois veículos, por exemplo, avaliar o tipo de colisão (frontal, lateral, traseira), veículos envolvidos, danos nos veículos, número de vítimas, posição dos veículos e das vítimas, etc. O Socorrista deve atentar para: Analisar o local do acidente; Identificar-se como socorrista; Afastar o risco da vítima ou a vítima do risco; Proteger a vítima de curiosos, impedindo que tentem movê-la de forma errada. Abordagem Primária Na abordagem primária, para facilitar a memorização, convencionou-se o “ABCD do trauma” para designar uma sequência fixa de passos, utilizando-se as primeiras letras das palavras (do inglês) que definem cada um dos passos: 1) Passo “A” (Airway) – Vias aéreas com controle cervical; 2) Passo “B” (Breathing) – Respiração (existente e qualidade); 3) Passo “C” (Circulation) – Circulação com controle de hemorragias; 4) Passo “D” (Disability) – Estado neurológico; 5) Passo “E” (Exposure) – Exposição da vítima (para abordagem secundária). _ 21 A. AIRWAY (Vias aéreas com controle cervical) Se, acalme-a e pergunte o que aconteceu com ela: “Eu sou (nome do socorrista); Aproximar-se da vítima pelo lado para o qual a face da mesma está volta, garantindo-lhe o controle cervical. Em seguida, observar se a vítima está consciente e respirando. Tocando o ombro da vítima do lado oposto ao da abordagem, apresente- se: “tenho treinamento em primeiros socorros, e estou aqui para te ajudar. O que aconteceu contigo?” Uma pessoa só consegue falar se tiver ar nos pulmões e se ele passar pelas cordas vocais. Portanto, se a vítima responder normalmente, é porque as vias aéreas estão permeáveis (passo "A" resolvido) e respiração espontânea (passo "B" resolvido). Seguir para o passo "C". Se a vítima não responder normalmente, examinar as vias aéreas. Desobstruir vias aéreas de sangue, vômito, corpos estranhos ou queda da língua, garantindo imobilização da coluna cervical. Para a manutenção da abertura das vias aéreas pode ser utilizada cânula orofaríngea ou nasofaríngea. Estando as vias aéreas desobstruídas, passar para o exame da respiração (passo "B"). Técnicas de abertura das vias aéreas Quando o tônus muscular é insuficiente, a língua e a epiglote podem obstruir a faringe. A língua é a causa mais frequente de obstrução das vias aéreas na vítima inconsciente. Se não houver evidência de trauma craniano nem cervical, o Socorrista deve utilizar a manobra de inclinação da cabeça- elevação do queixo para abrir as vias aéreas. Avaliação de vias aéreas. Socorrista verifica se há corpos estranhos na cavidade oral da vítima. As técnicas para abertura das vias aéreas são: Manobra de inclinação da cabeça – elevação do queixo – casos clínicos Esta manobra deve ser utilizada apenas em casos clínicos. 1) Coloque o paciente em decúbito dorsal e posicione-se ao seu lado, na altura dos ombros; 2) Coloque uma das mãos na testa do paciente e estenda sua cabeça para trás; 3) Coloque a ponta dos dedos, indicador e médio, da outra mão, apoiados na mandíbula para elevá-la até perceber uma resistência ao movimento. 22 Cabeça ou o pescoço Manobra de tração mandibular – caso de trauma Esta manobra deve ser utilizada apenas em casos de trauma. 1) Coloque o paciente em decúbito dorsal e posicione-se de joelhos acima da parte superior de sua cabeça; 2) Com os cotovelos na mesma superfície que o paciente ou apoiados nas coxas, segure os ângulos da mandíbula do paciente com os dedos, indicador e médio; 3) Com os dedos posicionados, empurre a mandíbula para cima, mantendo a cabeça estabilizada com a palma das mãos. Não eleve ou realize rotação da cabeça do paciente, pois a proposta desta manobra é manter a via aérea aberta sem mover a Utilize a manobra correta ao realizar uma abertura de vias aéreas - VA: • Em caso clínico - manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo • Em caso de trauma - manobra de tração mandibular B BREATHING (Respiração) Checar se a respiração está presente e efetiva (ver, ouvir e sentir). Se a respiração estiver ausente, iniciar respiração artificial (passo "B" resolvido temporariamente). Estando presente a respiração, analisar sua qualidade: Avaliação da respiração – ver, ouvir e sentir. Lenta ou rápida, superficial ou profunda, de ritmo regular ou irregular, silenciosa ou ruidosa. Se observar sinais de respiração difícil (rápida, profunda, ruidosa), reavaliar vias aéreas (passo "A") e solicitar a presença do médico no local. A necessidade de intervenção médica é muito provável. Se observar sinais que antecedam parada respiratória (respiração superficial, lenta ou irregular), ficar atento para iniciar respiração artificial. _ 23 C CIRCULATION (Circulação com controle de hemorragias) O objetivo principal do passo "C" é estimar as condições do sistema circulatório e controlar grandes hemorragias. Para tanto devem ser avaliados: pulso; perfusão periférica; coloração, temperatura e umidade da pele. Se o socorrista verificar hemorragia externa, deve utilizar métodos de controle. Observando sinais que sugerem hemorragia interna, deve agilizar o atendimento e transportar a vítima o mais brevemente possível ao hospital. _ D DISABILITY (Estado Neurológico) Tomadas as medidas possíveis para garantir o “ABC”, importa conhecer o estado neurológico da vítima (passo "D"), para melhor avaliar a gravidade e a estabilidade do quadro. O registro evolutivo do estado neurológico tem grande valor. A vítima que não apresente alterações neurológicas num dado momento, mas passe a apresentá-las progressivamente, seguramente está em situação mais grave que outra cujo exame inicial tenha mostrado algumas alterações que permaneçam estáveis no tempo. Na avaliação do estado neurológico o socorrista deve realizar a avaliação do nível de consciência e o exame das pupilas. Avaliação do Nível de Consciência A análise do nível de consciência é feita pelo método “AVDI”, de acordo com o nível de resposta que a vítima dá aos estímulos: ● A – Acordada com resposta adequada ao ambiente. ● V – Adormecida. Os olhos se abrem mediante estímulo verbal. Avaliação do nível de consciência – estímulo doloroso aplicado comprimindo-se a borda do músculo trapézio. 24 ● D – Com os olhos fechados que só se abrem mediante estímulo doloroso. ● I – Não reage a qualquer estímulo. Exame das Pupilas Em condições normais as pupilas reagem à luz, aumentando ou diminuindo seu diâmetro conforme a intensidade da iluminação do ambiente. O aumento do diâmetro, ou midríase, ocorre na presença de pouca luz, enquanto a diminuição, ou miose, ocorre em presença de luz intensa. Quanto à simetria, as pupilas são classificadas em isocóricas (pupilas normais ou simétricas), que possuem diâmetros iguais, e anisocóricas (pupilas anormais ou assimétricas), de diâmetros desiguais. O socorrista deve avaliaras pupilas da vítima em relação ao tamanho, simetria e reação à luz. Pupilas anisocóricas sugerem traumatismo ocular ou cranioencefálico. Neste caso a midríase em uma das pupilas pode ser consequência da compressão do nervo oculomotor no nível do tronco encefálico, sugerindo um quadro de gravidade. Pupilas normais se contraem quando submetidas à luz, diminuindo seu diâmetro. Se a pupila permanece dilatada quando submetida à luz, encontra-se em midríase paralítica, normalmente observada em pessoas inconscientes ou em óbito. Pupilas contraídas (miose) em presença de pouca luz podem indicar intoxicação por drogas ou doença do sistema nervoso central. Se houver depressão do nível de consciência e anisocoria, ficar alerta, pois existe o risco de parada respiratória. Manter-se atento para o “ABC”. Abordagem Secundária E EXPOSURE (Exposição da Vítima) Finalmente, no passo "E", expor a vítima, à procura de lesões. Entretanto, em nível pré-hospitalar, as roupas da vítima só serão removidas para expor lesões sugeridas por suas queixas ou reveladas pelo exame segmentar, respeitando seu pudor no ambiente público. Só iniciar a abordagem secundária depois de completada a abordagem primária. Examinar todos os segmentos do corpo, sempre na mesma ordem (exame segmentar): Pupilas de tamanhos desiguais (anisocóricas) – olho direito apresentando midríase e esquerdo miose. Avaliação das pupilas quanto à reação à luz. 25 Crânio, face, pescoço, tórax, abdômen, quadril, membros inferiores, membros superiores e dorso. Nesta fase, realizar: ● Inspeção: cor da pele, sudorese, simetria, alinhamento, deformidade e ferimento; ● Palpação: deformidade, crepitação, rigidez, flacidez, temperatura e sudorese; Durante todo o exame segmentar, manter-se atento a sinais de dor ou a modificações das condições constatadas na abordagem primária da vítima. 7. DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS Obstrução de Vias Aéreas Entende-se por obstrução de vias aéreas toda situação que impeça total ou parcialmente o trânsito do ar ambiente até os alvéolos pulmonares. A restauração e manutenção da permeabilidade das vias aéreas nas vítimas de trauma são essenciais e devem ser feitas de maneira rápida e prioritária. A vítima de trauma pode ter as vias aéreas comprometidas direta ou indiretamente por mecanismos distintos, sendo os principais os enumerados a seguir: - Inconsciência: A causa mais frequente de obstrução de vias aéreas em vítimas de trauma é a inconsciência, provocando o relaxamento da língua que se projeta contra a orofaringe (fundo da garganta) da vítima em decúbito dorsal, impedindo a passagem de ar das vias aéreas superiores para as inferiores. - Trauma Direto Sobre Vias Aéreas. - Queimaduras em Vias Aéreas: Queimaduras em vias aéreas podem produzir inflamação e edema de glote e de vias aéreas inferiores. - Corpo Estranho em Vias Aéreas: Fragmentos de próteses dentárias, alimentos, balas, chicletes e pequenos objetos podem causar obstrução de vias aéreas em diferentes níveis. Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho (OVACE) Causa Em Adultos: Embora a perda de consciência seja a causa mais frequente de obstrução de vias aéreas, a obstrução por corpos estranhos pode ser causa de perda de consciência e parada cardiopulmonar. A eventualidade de corpos estranhos obstruírem vias aéreas em pessoas conscientes ocorre mais frequentemente durante as refeições, sendo a carne a causa mais comum. A obstrução de vias aéreas pelo conteúdo regurgitado do estômago pode ocorrer durante a parada cardiopulmonar ou nas manobras de reanimação cardiopulmonar. 26 Em Crianças: Em crianças a principal causa de obstrução de vias aéreas é a aspiração de leite regurgitado ou de pequenos objetos. Outras causas frequentes são alimentos (balas, chicletes, etc.) e causas infecciosas (epiglotite). Reconhecimento Em Vítima Consciente: A obstrução total das vias aéreas é reconhecida quando a vítima está se alimentando ou acabou de comer e, repentinamente, fica incapaz de falar ou tossir. Pode demonstrar sinais de asfixia, agarrando o pescoço, apresentando cianose e esforço respiratório exagerado. O movimento de ar pode estar ausente ou não ser detectável. A pronta ação é urgente, preferencialmente enquanto a vítima ainda está consciente. Em pouco tempo o oxigênio disponível nos pulmões será utilizado e, como a obstrução de vias aéreas impede a renovação de ar, ocorrerá a perda de consciência e, rapidamente, a morte. Em Vítima Inconsciente: Quando um adulto for encontrado inconsciente por causa desconhecida, suspeitar de parada cardiopulmonar por infarto, acidente vascular ou hipóxia secundária à obstrução de via aérea. Ele será avaliado pensando- se em parada cardiopulmonar, deixando para fazer o manejo de desobstrução de vias aéreas apenas se o fato se evidenciar. Tratando-se de criança, devemos suspeitar imediatamente de OVACE. Desobstrução de Vias Aéreas Os métodos de desobstrução de vias aéreas dividem-se em dois tipos, conforme a natureza da obstrução: obstrução por líquido (rolamento de 90º e aspiração) ou obstrução por sólido (remoção manual e manobras de desobstrução). Obstrução por Líquido A) Rolamento de 90º: Esta manobra consiste em lateralizar a vítima em monobloco, trazendo-a do decúbito dorsal para o lateral, com o intuito de remover secreções e sangue das vias aéreas superiores. Estando a vítima na cena do acidente, ainda sem intervenção do socorrista, ou seja, sem qualquer imobilização (colar cervical e tábua), havendo a necessidade da manobra, esta deverá ser realizada com controle cervical manual. Estando a vítima já imobilizada em tábua, proceder a manobra mediante a lateralização da própria tábua. B) Aspiração: A aspiração de secreções e sangue pode ser realizada ainda na cena do acidente, mediante uso de aspiradores portáteis, ou no interior da ambulância, pelo uso de aspiradores fixos. Aplicar a sucção por períodos de no máximo 05 segundos de cada vez, alternando-a com o suporte ventilatório. 27 (Obstrução por Sólido A) Remoção Manual: Durante a avaliação das vias aéreas, o socorrista pode visualizar corpos estranhos, passíveis de remoção digital. Somente remover o material que cause obstrução se for visível. Rolamento de 90º com um socorrista. Manobra de emergência para remoção de líquidos de vias aéreas. Avaliação de vias aéreas. Socorrista verifica se há corpos estranhos na cavidade oral da vítima. A técnica de remoção manual consiste em abrir a boca da vítima utilizando a manobra de tração da mandíbula ou a de elevação do mento (abordadas à frente) e retirar o corpo estranho com o indicador “em gancho”, deslocar e retirar o corpo estranho. Estando o corpo estranho mais aprofundado, existe a alternativa de utilizar os dedos indicador e médio “em pinça”. Em recém-nato e lactente, utilizar o dedo mínimo em virtude das dimensões reduzidas das vias aéreas. Somente tentar a remoção se o corpo estranho estiver visível. C) Manobras de desobstrução de vias aéreas em adultos: São manobras realizadas manualmente para desobstruir vias aéreas de sólidos que lhe ficarem entalados. Compressão Abdominal Também chamada manobra de Heimlich, consiste numa série de quatro compressões sobre a região superior do abdômen, entre o processo xifóide e a cicatriz umbilical. ● Vítima em pé ou sentada: 1) Posicionar-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do abdômen; 2) Segurar o punho da sua outra mão e aplicar compressão contra o abdômen, entre o apêndice xifóide e a cicatriz umbilical no sentido superior (tórax), por quatro vezes; 3) Estando a vítima em pé, ampliar sua base de sustentação, afastando as pernas, e posicionar uma entre as pernas da vítima, para evitar-lhe a queda caso fique inconsciente. 28 D) Manobras de Desobstrução de Vias Aéreas em Crianças: A remoção manualde material que provoque obstrução sem ser visualizado não é recomendada. Para crianças maiores de um ano, aplicar a manobra de Heimlich, de forma semelhante à do adulto; nos lactentes, uma combinação de palmada nas costas (face da criança voltada para baixo) e compressões torácicas (face voltada para cima), sempre apoiando a vítima no seu antebraço; mantenha-o com a cabeça mais baixa que o tronco, próximo a seu corpo. ● Técnica: 1) Utilizar a região hipotenar das mãos para aplicar até 05 palmadas no dorso do lactente (entre as escápulas); 2) Virar o lactente segurando firmemente entre suas mãos e braços (em bloco); 3) Aplicar 05 compressões torácicas, como na técnica de reanimação cardiopulmonar (comprima o tórax com 02 dedos sobre o esterno, logo abaixo da linha mamilar). Os passos da manobra de Heimlich para crianças maiores e os da combinação de palmada nas costas com compressões torácicas para lactentes devem ser repetidos até que o corpo estranho seja expelido ou a vítima fique inconsciente. Neste caso, proceder as manobras de abertura de vias aéreas, repetir os passos de desobstrução iniciar manobras de RCP. Desobstrução de VA de lactente – 05 palmadas no dorso, entre as escápulas. Desobstrução de VA de lactente – 05 compressões torácicas. 8. RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR É o conjunto de manobras realizadas para estabelecer a ventilação pulmonar e a circulação sanguínea, tais como, respiração artificial e massagem cardíaca externa, manobras essas utilizadas nas vítimas em parada cardiopulmonar (morte clínica). A tabela abaixo mostra a evolução da morte clínica até a morte biológica e os vários cenários possíveis após a RCP, segundo o tempo decorrido entre a parada circulatória e a restauração do fluxo sanguíneo espontâneo. 29 A viabilidade do cérebro é que define a vida humana. Na ausência de intervenção terapêutica, a morte clínica é rapidamente seguida de lesão biológica tecidual irreversível. Essa sequência é um processo que se estende de 5 a 20 minutos no cérebro, de 20 a 30 minutos no coração e por horas na pele. Para alguns pacientes com parada cardiopulmonar e com funções neurológica e cardiorrespiratórias previamente preservadas, a utilização rápida das técnicas de RCP, seguidas de cuidados médicos definitivos, pode ser salvadora. Parada Respiratória: A parada respiratória evolui em alguns minutos para uma parada cardiopulmonar e apesar de ser a menor causa de paradas, possui resultados positivos quando aplicado RCP logo no início da parada, principalmente em obstrução de vias aéreas ou afogamento. São causas de parada respiratória por ordem de incidência: ● Doenças do pulmão; ● Trauma; ● Obstrução de Vias Aéreas por inconsciência ou Corpo Estranho; ● Acidente Cardiovascular (AVC); ● Overdose por drogas; ● Afogamento; ● Inalação de fumaça; ● Epiglotite e laringite; ● Choque elétrico; Parada Cardíaca, Doenças cardíacas: são a principal causa de morte em todo o mundo e em cerca de 60% destas mortes ocorre uma Parada Cardíaca Súbita (PCS). A parada cardíaca súbita corresponde a 80% das paradas cardiopulmonares. Estas paradas cardíacas súbitas têm como principal causa o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e durante o infarto a grande maioria das vítimas apresenta algum tipo de fibrilação ventricular (FV) durante a parada. Nenhum tipo de RCP consegue reverter este quadro, mas garante a oxigenação dos tecidos até a chegada de um desfibrilador. Um RCP aplicado com alta qualidade pode dobrar ou triplicar as taxas de sobrevivência de PCS. Outras causas de Parada Cardíaca são: ● Trauma direto no coração; 30 ● Uso de Drogas. Sinais de Parada Cardiopulmonar São três os sinais que demonstram que uma vítima está em parada cardiopulmonar: ● Inconsciência sem resposta a estímulo; ● Ausência de movimentos respiratórios, ou respiração agônica; ● Ausência de Pulso. Procedimentos para Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) Ressuscitação cardiopulmonar é o conjunto de manobras realizadas para restabelecer a ventilação pulmonar e a circulação sanguínea, tais como, respiração artificial e massagem cardíaca externa, manobras essas utilizadas nas vítimas em parada cardiopulmonar. RCP em Adultos Caso o socorrista esteja sozinho no local da ocorrência o acionamento ao SME - Sistema Médico de Emergência, para a aplicação do desfibrilador, é prioritário para então na sequência iniciar o RCP. A exceção fica para os casos de parada respiratória (OVACE, afogamento, etc.) em que o emprego imediato de manobras de ressuscitação tem prioridade sobre o acionamento do SME. O socorrista se estiver sozinho deve então executar o RCP por pelos menos 2 (dois) minutos antes de acionar o SME. Constatada PCR o socorrista deve iniciar as manobras de ressuscitação. Segundo a American Heart Association, em vigor no ano de 2010, o protocolo de RCP para socorristas treinados e proficientes: Vítimas adultas: - Certifique-se que a vítima esta em local adequado para realização das manobras: decúbito dorsal (de costas no solo), em superfície, seca, rígida e plana. - Posicione-se próximo ao lado da vítima de joelhos; - Exponha o tórax da vítima, localize o esterno, e posicione o calcanhar de uma de suas mãos sobre ele. - Entrelace uma mão sobre a outra de forma a manter apenas o calcanhar da Mão em contato com a vítima. - Mantenha os braços firmes e perpendiculares ao corpo da vítima, sem flexioná-los durantes as manobras. Estas deverão ser executadas numa frequência de 30 compressões para 2 ventilações durante 2 minutos. 31 - O tórax da vítima deverá ser comprimido em 5 cm. Permitindo o retorno completo do tórax durante as compressões. - A velocidade das compressões deve ser de 100/min. - Durante a ventilação mantenha a via aérea aberta e ventile com a bolsa de ressuscitação manual (AMBU) por 1 segundo. Observando a expansão torácica. - Após realização do primeiro ciclo de ressuscitação, 2 minutos, o socorrista deve reavaliar respiração e pulso da vitima, no tempo máximo de 10 segundos. - Não deverá ser interrompida a ressuscitação por mais que 10 segundos. - Caso o socorrista esteja acompanhado por outro socorrista este deverá alternar com o primeiro as manobras a fim de garantir a eficiência da ressuscitação. - No caso de não possuir a bolsa de reanimação manual, ou o socorrista não for proficiente, ou seja, não esteja apto para realização das manobras, deverá ser feita apenas as compressões torácicas, na frequência de 100/min, durante 2 minutos. Vítimas Crianças: - Certifique-se que a vítima esta em local adequado para realização das manobras: decúbito dorsal (de costas no solo), em superfície, seca, rígida e plana. - Posicione-se próximo ao lado da vitima de joelhos. - Exponha o tórax da vítima, localize o esterno, e posicione o calcanhar de uma de suas mãos sobre ele. - Mantenha os braços firmes e perpendiculares ao corpo da vítima, sem flexioná-lo durantes as manobras. Estas deverão ser executadas numa frequência de 30 compressões para 2 ventilações durante 2 minutos. - O tórax da vítima deverá ser comprimido em 5 cm. Ou no mínimo 4 cm de seu diâmetro. Permitindo o retorno completo do tórax durante as compressões - A velocidade das compressões deve ser de 100/min. - Durante a ventilação mantenha a via aérea aberta e ventile com a bolsa de ressuscitação manual (AMBU) por 1 segundo. Observando a expansão torácica. - Após realização dos primeiros ciclos de ressuscitação, 2 minutos, o socorrista deve reavaliar respiração e pulso da vítima, no tempo máximo de 10 segundos. - Não deverá ser interrompida a ressuscitação por mais que 10 segundos. - Caso o socorrista esteja acompanhado por outro socorrista este deverá alternar com o primeiro as manobras a fim de garantir a eficiência da ressuscitação. - Nocaso de não possuir a bolsa de reanimação manual, ou o socorrista não for proficiente, ou seja, não esteja apto para realização das manobras, deverá ser feita apenas as compressões torácicas, na frequência de 100/min, durante 2 minutos. 32 Vítima Bebê: - Certifique-se que a vítima está em local adequado para realização das manobras: decúbito dorsal (de costas no solo), em superfície, seca, rígida e plana. - Posicione-se próximo ao lado da vítima de joelhos. - Exponha o tórax da vítima, localize o esterno, e posicione os dedos polegares, tendo o devido cuidado para não apertar o tórax do bebê ou os dedos indicadores e médios sobre o esterno. - Mantenha os dedos indicadores e médios firmes e perpendiculares ao corpo da vítima. As compressões deverão ser executadas numa frequência de 30 compressões para 2 ventilações durante 2 minutos. - O tórax da vítima devera ser comprimido em 4 cm. Ou no mínimo 1/3 de seu diâmetro. Permitindo o retorno completo do tórax durante as compressões. - A velocidade das compressões deve ser de 100/min. - Durante a ventilação mantenha a via aérea aberta e ventile com a bolsa de ressuscitação manual (AMBU) por 1 segundo. Observando a expansão torácica. - Após realização dos primeiros ciclos de ressuscitação, 2 minutos, o socorrista deve reavaliar respiração e pulso da vítima, no tempo máximo de 10 segundos. - Não deverá ser interrompida a ressuscitação por mais que 10 segundos. - Caso o socorrista esteja acompanhado por outro socorrista este deverá alternar com o primeiro as manobras a fim de garantir a eficiência da ressuscitação. - No caso de não possuir a bolsa de reanimação manual, ou o socorrista não for proficiente, ou seja, não esteja apto para realização das manobras, deverá ser feita apenas as compressões torácicas, na frequência de 100/min, durante 2 minutos. 9. FERIMENTOS Qualquer rompimento anormal da pele ou superfície do corpo é chamado de ferimento. A maioria dessas lesões compromete os tecidos moles, a pele e os músculos. As feridas podem ser abertas ou fechadas. A ferida aberta é aquela na qual existe uma perda de continuidade da superfície cutânea. Na ferida fechada, a lesão do tecido mole ocorre abaixo da pele, porém não existe perda da continuidade na superfície. Todos os ferimentos logo que ocorrem, causam dor, produzem sangramentos e podem causar infecções. 33 As roupas sobre um ferimento deverão ser sempre removidas para que o socorrista possa melhor visualizar a área lesada. Remova-as com um mínimo de movimento. É melhor cortá-las do que tentar retirá-las inteiras, porque a mobilização poderá ser muito dolorosa e causar lesão e contaminação dos tecidos. O socorrista não deverá tocar no ferimento, caso a ferida estiver suja, ou ainda, se for provocada por um objeto sujo, deverá ser limpa com o uso de água e sabão. Diminua a probabilidade de contaminação de uma ferida, utilizando materiais limpos e esterilizados para fazer o curativo inicial. Todos os ferimentos devem ser cobertos por uma compressa (curativo universal), preparada com um pedaço de pano bem limpo ou gaze esterilizada. Esta compressa dever ser posicionada sobre a ferida e fixada firmemente com uma atadura ou bandagem. No socorro pré-hospitalar é indicado o uso de bandagens triangulares que podem ser confeccionadas em diversos tamanhos, no entanto, recomenda-se o uso de bandagens com base de no mínimo 1 metro de comprimento. Confeccionada em algodão cru com costura dupla nos acabamentos, a bandagem é largamente utilizada na proteção de ferimentos, quer na posição aberta (estendida) ou dobrada, proporcionando uma técnica de socorro rápido e seguro. Antes de utilizar a bandagem, o socorrista deverá proteger o ferimento com compressas limpas e de tamanho adequado. Deixe sempre as extremidades descobertas para observar a circulação e evite o uso de bandagens muito apertadas que dificultam a circulação sanguínea, ou ainda, as muito frouxas, pois soltam. Não devemos remover corpos estranhos (facas, lascas de madeira, pedaços de vidro ou ferragens) que estejam fixados em ferimentos. As tentativas de remoção do corpo estranho (objeto cravado) podem causar hemorragia grave ou lesar ainda mais nervos e músculos próximos a ele. Controle as hemorragias por compressão e use curativos volumosos para estabilizar o objeto encravado. Aplique ataduras ao redor do objeto, a fim de estabilizá-lo e manter a compressão, enquanto a vítima é transportada para o hospital, onde o objeto será removido. Se o ferimento provocar uma ferida aberta no tórax da vítima (ferida aspirante) e, for possível perceber o ar entrando e saindo pelo orifício, o socorrista deverá imediatamente providenciar seu tamponamento, para tal, deverá usar simplesmente a mão (protegida por uma luva descartável) sobre a ferida ou fazer um curativo oclusivo com material plástico ou papel alumínio (curativo de três pontas). Após fechar o ferimento no tórax, conduza a vítima com urgência para um hospital. Se o ferimento for na região abdominal da vítima e houver a saída de órgãos (evisceração abdominal), o socorrista deverá cobrir as vísceras com um curativo úmido e não tentar recolocá-las para dentro do abdome. Fixe o curativo com 34 esparadrapo ou uma atadura não muito apertada. Em seguida, transporte a vítima para um hospital. Não dê alimentos ou líquidos para o vitimado. Em alguns casos, partes do corpo da vítima poderão ser parcialmente ou completamente amputadas. Às vezes, é possível, por meio de técnicas microcirúrgicas, o reimplante de partes amputadas. Quanto mais cedo à vítima, junto com sua parte amputada, chegar ao hospital, melhor. Conduza a parte amputada protegida dentro de um saco plástico com gelo moído. O frio ajudará a preservar o membro. Não deixe a parte amputada entrar em contato direto com o gelo. Não lave a parte amputada e não ponha algodão em nenhuma superfície em carne viva. Em casos de esmagamento (normalmente encontrados nos acidentes de trânsito, acidentes de trabalho, desabamentos e colapsos estruturais), se a vítima ficar presa por qualquer período de tempo, duas complicações muito sérias poderão ocorrer. Primeiro, a compressão prolongada poderá causar grandes danos nos tecidos (especialmente nos músculos). Logo que essa pressão deixa de ser exercida, a vítima poderá desenvolver um estado de choque, à medida que o fluido dos tecidos vá penetrando na área lesada. Em segundo lugar, as substâncias tóxicas que se acumularam nos músculos são liberadas e entram na circulação, podendo causar um colapso nos rins (processo grave que poderá ser fatal). O tratamento merecido por uma vítima com parte do corpo esmagado é o seguinte: 1. Evite puxar a vítima tentando liberá-la. Solicite socorro especializado para proceder ao resgate (emergência fone 193); 2. Controle qualquer sangramento externo; 3. Imobilize qualquer suspeita de fratura; Trate o estado de choque e promova suporte emocional à vítima; 4. Conduza a vítima com urgência para um hospital. CORPOS ESTRANHOS A penetração de corpos estranhos no corpo humano é um tipo de acidente muito comum e pode ocorrer nas circunstâncias mais inesperadas. Vários tipos de objetos estranhos ao nosso corpo podem penetrar acidentalmente nos olhos, ouvidos, nariz e garganta. São pequenas partículas, de variada origem e constituição física que, muitas vezes, apesar de aparentemente inofensivas devido ao tamanho, podem 35 causar danos físicos e desconforto sério. É importante o rápido reconhecimento do corpo estranho que tenha penetrado no corpo (Quadro X). Em todos os casos de atendimento é preciso agir com precisão, manter a calma e tranquilizar o acidentado. O conhecimento e a serenidade sobre o que está fazendo são fundamentais para o trabalho de primeiros socorros. Quadro X - Tiposde corpos estranhos Olhos Os olhos são os órgãos que estão mais em contato com o trabalho e, portanto, mais susceptíveis de receber corpos estranhos. Qualquer corpo estranho que penetre ou respingue nos olhos de uma pessoa constitui um acidente doloroso, e muitas vezes, consequências desastrosas. A atividade de quem for prestar os primeiros socorros na remoção de corpos estranhos dos olhos de um acidentado deve-se limitar exclusivamente às manobras que serão explicadas a frente. O uso de instrumentos como agulhas, pinças, ou outros semelhantes só podem se utilizados por profissional de saúde. Todo cuidado é pouco nas manobras de remoção de corpos estranhos dos olhos. Qualquer atendimento mal feito ou descuidado pode provocar lesões perigosas na córnea, conjuntiva e esclerótica. Primeiros Socorros A primeira coisa a ser feita ao se atender um acidentado que reclame de corpo estranho no olho é procurar reconhecer o objeto e localizá-lo visualmente. Em seguida, pede-se à vítima que feche e abra os olhos repetidamente para permitir que 36 as lágrimas lavem os olhos e, possivelmente, removam o corpo estranho. Muitas vezes a natureza e o local de alojamento do corpo estranho não permitem o lacrimejar, pois pode provocar dor intensa e até mesmo lesão de córnea, nestes casos não se deve insistir para a vítima pestanejar. Se for possível, lave o olho com água corrente. Se o corpo estranho não sair, o olho afetado deve ser coberto com curativo oclusivo e a vítima encaminhada para atendimento especializado. Muitas vezes o corpo estranho está localizado na superfície do olho, especialmente na córnea e na conjuntiva palpebral superior. O corpo estranho localizado na córnea não deverá ser retirado. O procedimento a ser adotado é o seguinte: · Manter o acidentado calmo e tranquilo. Manter-se calmo. · Não retirar qualquer objeto que esteja na córnea. · Não tocar no olho do acidentado nem deixar que ela o faça. · Não tocar no objeto. · Encaminhar o acidentado para atendimento especializado, se possível com uma compressa de gaze, lenço ou pano limpo cobrindo o olho afetado sem comprimir, fixando sem apertar. O próprio acidentado poderá ir segurando a compressa Se o corpo estranho não estiver na córnea, ele pode ser procurado na pálpebra inferior. Se estiver lá, pode-se removê-lo com cuidado, procedendo da seguinte maneira: · Lavar bem as mãos com água e sabão. · Tentar primeiramente remover o objeto com as lágrimas, conforme instruído anteriormente. · Se não sair, podem-se usar hastes flexíveis com ponta de algodão ou a ponta limpa de um lenço retorcido. · Enquanto puxa-se a pálpebra para baixo, retira-se o objeto cuidadosamente. Se o objeto estiver na pálpebra superior será necessário fazer a eversão da pálpebra para localizá-lo e removê-lo, com explicado a seguir: · Levantar a pálpebra superior, dobrando-a sobre um cotonete ou palito de fósforo. · Quando o objeto aparecer, removê-lo com o auxílio de outro cotonete ou ponta de tecido ou de lenço limpo, retorcido. · Se houver risco de lesão ou dor excessiva, suspender a manobra e encaminhar para socorro especializado. · Ao encaminhar o acidentado para atendimento especializado, deve- se cobrir o olho afetado com gaze ou pano limpo. Qualquer líquido que atingir o olho deve ser removido imediatamente. O olho deve ser lavado em água corrente de uma pia, ou no jato de água corrente feito com a mão espalmada sob a torneira. Em muitos laboratórios existe o chuveiro lava-olhos 37 para onde o acidentado deverá ser levado, sempre que possível. Uma alternativa para estas opções é fazer com que o acidentado mantenha o rosto, com o olho afetado, debaixo d'água, mandando-o abrir e fechar repetidamente o olho. Qualquer procedimento de lavagem de olhos para retirada de líquido estranho deverá ser feito no mínimo por 15 minutos. Não se pode perder tempo procurando saber que tipo de líquido caiu no olho do acidentado. Providenciar a lavagem imediatamente. Após a lavagem, com o olho coberto por gaze, o acidentado deve ser encaminhado para socorro especializado. A falta de atendimento e posterior tratamento adequado nos casos de corpos estranhos oculares podem, em determinadas circunstâncias, causar graves problemas aos olhos. Estes problemas podem ir desde dificuldades óticas corrigíveis com lentes, até a perda da visão ou mesmo do próprio olho. Um corpo estranho no olho, além de conduzir microrganismos, pode causar abrasão na superfície da córnea que pode vir a infeccionar e causar desde uma úlcera da córnea até panoftalmite (inflamação do olho); muitas vezes uma vítima reclama da presença de um corpo estranho no olho, que não é encontrado. O corpo estranho pode já ter saído, mas causou abrasão da córnea. O encaminhamento ao médico para prova de fluoresceína deve ser imediato nestes casos. Ouvidos Corpos estranhos podem penetrar acidentalmente também nos ouvidos, especialmente na área correspondente ao conduto auditivo externo. Estes acidentes são mais comuns com crianças. Insetos, sementes, grãos de cereais e pequenas pedras podem se alojar no ouvido externo. Muitas vezes, cerume endurecido é confundido com um corpo estranho. Ele causa perturbação na função auditiva e desconforto. Devemos determinar com a maior precisão possível a natureza do corpo estranho. Todos os procedimentos de manipulação de corpo estranho no ouvido devem ser realizados com extrema cautela. Erros de conduta e falta de habilidade na realização de primeiros socorros podem ocasionar danos irreversíveis à membrana timpânica com consequente prejuízo da audição, temporário ou permanente. Não usar qualquer instrumento na tentativa de remover corpo estranho do ouvido. Não se usam pinças, tesouras, palitos, grampos, agulhas, alfinetes. O uso de instrumentos É atribuição particular de pessoal especializado. A improvisação geralmente resulta em desastres irreversíveis. Devido à sua posição totalmente exposta, o ouvido externo está frequentemente sujeito a lesões como contusões, cortes, feridas, queimaduras por calor e por frio. A contusão do pavilhão auricular geralmente provoca 38 hemorragia subcutânea e subpericondral. O hematoma, ou otohematoma, que resulta desta hemorragia tem a aparência de um inchaço rígido que compromete toda a orelha, exceto o lóbulo. Devem-se aplicar compressas com bandagens e encaminhar para atendimento especializado. Primeiros Socorros O acidentado com objeto estranho no ouvido deve ser deitado de lado com o ouvido afetado para cima. Se o objeto for visível, pode-se tentar retirá-lo delicadamente para não forçá-lo mais para dentro, com as pontas dos dedos. Se o objeto não sair ou houver risco de penetrar mais, deve-se procurar socorro especializado. É comum insetos vivos alojarem-se no ouvido. Nestes casos uma manobra que tem dado resultado é acender uma lanterna em ambiente escuro, bem próximo ao ouvido. A atração da luz trará o inseto para fora. Nariz Corpos estranhos no nariz também ocorrem com mais frequência em crianças; geralmente causam dor, crises de espirro e coriza. Podem resultar em irritação se não forem removidos imediatamente. Insetos podem se alojar nas narinas de crianças e adultos, indiferentemente. Não usar instrumentos como pinça tesoura, grampo ou similar. A conduta correta é comprimir com o dedo a narina não obstruída e pedir o acidentado para assoar, sem forçar, pela narina obstruída. Normalmente este procedimento ajuda a expelir o corpo estranho. Se o corpo estranho não puder sair com facilidade, devemos procurar auxílio médico imediatamente. Manter a vítima calma, cuidando para que não inale o corpo estranho. Não permitir que a vítima assoe com violência. A vítima deverá aspirar calmamente pela boca, enquanto se aplicam as manobras para expelir o corpo estranho. 10. QUEIMADURASQueimadura é toda lesão provocada pelo contato direto com alguma fonte de calor ou frio, produtos químicos, corrente elétrica, radiação, ou mesmo alguns animais e plantas (como larvas, água-viva, urtiga), entre outros. Se a queimadura atingir 10% do corpo de uma criança ela corre sério risco. Já em adultos, o risco existe se a área atingida for superior a 15%. Tipos de queimaduras: 39 - Queimaduras térmicas: são provocadas por fontes de calor como o fogo, líquidos ferventes, vapores, objetos quentes e excesso de exposição ao sol; - Queimaduras químicas: são provocadas por substância química em contato com a pele ou mesmo através das roupas; - Queimaduras por eletricidade: são provocadas por descargas elétricas. Graus de queimadura As queimaduras são classificadas de acordo com a sua profundidade e tamanho, sendo geralmente mensuradas pelo percentual da superfície corporal acometida. Classicamente as queimaduras são classificadas em 1º, 2º e 3º graus, de acordo com a camada de pele acometida. Queimaduras de primeiro grau: também chamada de queimadura superficial, são aquelas que envolvem apenas a epiderme, a camada mais superficial da pele. Os sintomas da queimadura de primeiro grau são intensa dor e vermelhidão local, mas com palidez na pele quando se toca. A lesão da queimadura de 1º grau é seca e não produz bolhas. Geralmente melhoram após 3 a 6 dias, podendo descamar e não deixam sequelas. Queimaduras de 2º grau: atualmente é dividida em 2º grau superficial e 2º grau profundo. A queimadura de 2º grau superficial é aquela que envolve a epiderme e a porção mais superficial da derme. Os sintomas são os mesmos da queimadura de 1º grau incluindo ainda o aparecimento de bolhas e uma aparência úmida da lesão. A cura é mais demorada podendo levar até 3 semanas; não costuma deixar cicatriz mas o local da lesão pode ser mais claro. As queimaduras de 2º grau profundas são aquelas que acometem toda a derme, sendo semelhantes às queimaduras de 3º grau. Como há risco de destruição das terminações nervosas da pele, este tipo de queimadura, que é bem mais grave, pode até ser menos doloroso que as queimaduras mais superficiais. As glândulas sudoríparas e os folículos capilares também podem ser destruídos, fazendo com a pele fique seca e perca seus pelos. A cicatrização demora mais que 3 semanas e costuma deixas cicatrizes. Queimaduras de 3º grau: são as queimaduras profundas que acometem toda a derme e atingem tecidos subcutâneos, com destruição total de nervos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e capilares sanguíneos, podendo inclusive atingir músculos e estruturas ósseas. São lesões esbranquiçadas/acinzentadas, secas, 40 indolores e deformantes que não curam sem apoio cirúrgico, necessitando de enxertos. Extensão da queimadura Além da profundidade da queimadura, também é importante a extensão da lesão. Todo paciente com lesões de 2º ou 3º grau devem ser avaliados em relação ao percentual da área corporal atingida, de acordo com o diagrama exposto ao lado. Quanto maior a extensão das queimaduras, maiores os riscos de complicações e morte. O diagrama não tem valor para queimaduras de 1º grau ou queimaduras solares. Não é preciso entrar em pânico se após um dia de sol você ficar com mais de 50% do corpo queimado. Se as queimaduras não acometem uma região inteira do corpo, um modo simples de calcular a extensão da lesão é usar a área de uma palma da mão como equivalente a 1% da superfície corporal. A classificação de gravidade é feita da seguinte modo: http://3.bp.blogspot.com/_pMxMXFn7L-4/TOh2CJOmIsI/AAAAAAAARF4/-ok1NmwRlyA/s1600/queimaduras.jpg 41 a) Queimadura leve: - Menos de 10% da superfície corporal de um adulto com queimaduras de 2º grau; - Menos de 5% da superfície corporal de uma criança ou idoso com queimaduras de 2º grau; - Menos de 2% da superfície corporal com queimaduras de 3º grau. b) Queimadura moderada: - 10 a 20% da superfície corporal de um adulto com queimaduras de 2º grau; - 5 to 10% da superfície corporal de uma criança ou idoso com queimaduras de 2º grau; - 2 a 5% da superfície corporal com queimaduras de 3º grau; - Suspeita de queimaduras do trato respiratório por inalação de ar quente; - Queimaduras leves em pacientes com doenças que predisponham infecções como imunossupressão, diabetes ou anemia falciforme; - Queimaduras em formato circunferencial, tipo pulseira, colar ou bracelete. c) Queimadura grave: - Mais de 20% da superfície corporal de um adulto com queimaduras de 2º grau; - Mais de 10% da superfície corporal de uma criança ou idoso com queimaduras de 2º grau; - Mais de 5% da superfície corporal com queimaduras de 3º grau; - Queimaduras elétricas por alta voltagem; - Queimaduras comprovadas do trato respiratório por inalação de ar quente; - Queimaduras significativas na face, olhos, orelhas, genitália ou articulações; - Outras graves lesões associadas a queimadura, como fraturas e traumas. d) Complicações das grandes queimaduras; A pele é o maior órgão do nosso corpo, serve de barreira contra a invasão de germes do exterior e contra a perda de calor e líquidos, sendo essencial para o controle da temperatura corporal. Qualquer paciente com critérios para queimaduras moderadas ou graves deve ser internado para receber tratamento imediato, pois há sério risco de complicações. O primeiro problema das queimaduras é a quebra da barreira de proteção contra germes do ambiente, favorecendo a infecção das feridas por bactérias da pele e o desenvolvimento da sepse. Outra complicação é a grande perda de líquidos dos tecidos queimados. Quando a queimadura é extensa, a saída de água dos vasos é tão intensa que o 42 paciente pode entrar em choque circulatório. A insuficiência renal aguda também é uma complicação grave nos grandes queimados, assim como a hipotermia por incapacidade do corpo em reter calor devido a grandes áreas de pele queimada. Quando a área do tórax e do pescoço são acometidas por queimaduras mais profundas, a cicatrização torna a pele muito rígida e retraída, o que pode atrapalhar os movimentos da respiração. Neste caso é necessária a escarotomia, uma incisão cirúrgica da pele de modo a impedir a que a falta de elasticidade da mesma cause compressão das estruturas internas. Como as mãos são áreas de intensa articulação e movimento, cicatrizações de queimaduras podem ser muito limitantes. Por isso, este tipo de queimadura deve sempre ser avaliado por um médico. Queimaduras circunferenciais são perigosas, pois há risco de compressão de estruturas internadas devido ao inchaço que qualquer queimadura provoca. Nos membros podem comprimir nervos e vasos. No pescoço podem comprimir as vias aéreas. Outra grave complicação é a queimadura por inalação de ar quente que pode impedir o paciente de conseguir respirar adequadamente, seja por lesão direta dos pulmões ou por edema e obstrução das vias aéreas. Quando as lesões são de 3º grau a pele não é capaz de se curar sozinha, sendo necessária a implantação de enxertos de pele para que o interior do organismo não fique exposto ao meio externo. Também é essencial a vacinação contra o tétano. Definição de queimadura leve (queimadura simples) A maioria das pessoas pensa que uma queimadura leve (ou queimadura simples) é algo como aquelas pequenas queimaduras que ocorrem ao se encostar em uma panela quente ou após um dia de sol sem protetor solar. Na verdade, consideramos queimaduras leves aquelas que não cursam com risco de morte nem causam alterações metabólicas no organismo que necessitem de tratamento intra- hospitalar. Dentro deste conceito podem estar incluídas queimaduras profundas e com risco de cicatrização deformante, daquelas que o senso comum nunca chamaria de queimadura simples. A classificação
Compartilhar