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Trabalho - A3 - Acórdão TJRJ

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Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro 
Vigésima Câmara Cível 
 
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Secretaria da Vigésima Câmara Cível 
Rua Dom Manuel, 37, 2º andar – Sala 234 – Lâmina III 
Centro – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20010-090 
Tel.: + 55 21 3133-6603 – E-mail: 20cciv@tjrj.jus.br – PROT. 3944 (BJ) 
 
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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0003891-63.2019.8.19.0000 
Ação Originária nº 0136633-20.2017.8.19.0001 
45ª Vara Cível da Comarca da Capital 
AGRAVANTE: BAR KOSMOS DE IPANEMA LTDA-ME 
AGRAVADO: BRADESCO SAÚDE S/A 
RELATORA: DES. MÔNICA SARDAS 
 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL 
CIVIL. EXECUÇÃO DE TÍTULO 
EXTRAJUDICIAL. EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE. COGNIÇÃO RESTRITA À 
MATÉRIA SUSCETÍVEL DE OFÍCIO E ÀS 
NULIDADES DEMONSTRÁVEIS DE PLANO. 
PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS DO STJ 
E DESTA E. CORTE. INADEQUAÇÃO DA VIA 
ELEITA. EXECUTADO QUE UTILIZA A 
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE COMO 
SUBSTITUTO DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO. 
MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA. 
REJEIÇÃO DA EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE. 
1. Exceção de Pré-executividade que possui 
cognição restrita, somente sendo admissível 
quando se cuida de nulidades evidentes, por si 
mesmas, demonstráveis de plano, sem 
necessidade de quaisquer dilações probatórias. 
2. Hipótese em que o executado claramente utiliza a 
exceção de pré-executividade como substituto 
dos Embargos à Execução. 
3. Mantida a decisão que rejeitou a exceção de pré-
executividade, vez que a tese apresentada 
depende de dilação probatória. 
NEGATIVA DE PROVIMENTO AO RECURSO. 
 
 
 
 
 
 
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Vistos, relatados e discutidos estes autos do AGRAVO 
DE INSTRUMENTO Nº 0003891-63.2019.8.19.0000, em que é 
AGRAVANTE: BAR KOSMOS DE IPANEMA LTDA-ME e 
AGRAVADO: BRADESCO SAÚDE S/A 
 
ACORDAM, os Desembargadores que integram a 
Vigésima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de 
Janeiro por unanimidade em negar provimento ao recurso, 
nos termos do voto da Desembargadora Relatora. 
 
_________________________ 
DES. MÔNICA SARDAS 
RELATORA 
 
 
 
 
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 VOTO 
 
A hipótese é de agravo de instrumento interposto por 
BAR KOSMOS DE IPANEMA LTDA-ME, em face da decisão proferida 
pelo juízo da 45ª Vara Cível da Comarca da Capital, que rejeitou a 
exceção de pré-executividade oposta pelo agravante, nos 
seguintes termos: 
 
 
Opôs a executada exceção de pré-executividade alegando 
que o Exequente, agindo de má-fé, busca compelir o 
executado ao pagamento de valor indevido, uma vez que 
os valores cobrados seriam referentes a mensalidades 
cobradas após o cancelamento do plano. 
 
Considerando, que a presente exceção não versa sobre 
matéria de ordem pública, não estão presentes os 
requisitos necessários à sua apreciação. Eventual defesa 
do executado deve vir pela via adequada. 
 
Sendo assim, rejeito a presente exceção de pré-
executividade.” 
 
 
 
Pretende a agravante a concessão do efeito suspensivo 
e, no mérito, a reforma da decisão, para declarar a Nulidade da 
Execução por Título Executivo Extrajudicial, e determinar a 
liberação dos valores bloqueados. 
 
Efeito suspensivo indeferido às fls. 15/17. 
 
Informações prestadas às fls. 33. 
 
Contrarrazões pelo desprovimento do agravo. 
 
 
É O RELATÓRIO. 
 
 
 
 
 
 
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O recurso foi interposto tempestivamente e seguiu 
regularidade formal e está com o devido preparo. Há legitimidade 
e interesse recursal. Presentes os requisitos de admissibilidade, 
deve o recurso ser conhecido. 
 
A par das controvérsias existentes, tem prevalecido na 
jurisprudência pátria o entendimento segundo o qual a exceção de 
pré-executividade é instituto de natureza jurídica de defesa do 
executado no processo executivo, com fundamento legal nos 
princípios constitucionais do devido processo legal, da ampla 
defesa e do contraditório. 
 
Vê-se, pois, que a forma de defesa utilizada pelo 
agravado tem cognição restrita, somente sendo admissível quando 
se cuida de nulidades evidentes, por si mesmas, 
demonstráveis de plano, sem necessidade de quaisquer 
dilações probatórias. 
 
Insta salientar que a exceção de pré-executividade 
não tem o escopo de substituir os embargos do devedor, 
nem fornecer expediente temerário, uma vez que não se pode 
conceber a discussão de matérias de mérito ou que demandem 
produção de provas em sede de outra ação que não os embargos à 
execução, mas apontar os vícios que afastam eventual pretensão. 
 
O STJ firmou entendimento de que o cabimento 
da exceção de pré-executividade depende do 
preenchimento de requisito de ordem material (a matéria 
ser suscetível de ser conhecida de ofício) e de requisito de 
ordem formal (ausência de necessidade de dilação 
probatória): 
 
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL 
NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. 
 
 
 
 
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PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. EXCEÇÃO DE 
PRÉ-EXECUTIVIDADE. NECESSIDADE DE DILAÇÃO 
PROBATÓRIA FIRMADA PELA ORIGEM. NÃO CABIMENTO 
DA EXCEÇÃO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. 
1. Embargos de declaração que não se enquadram em 
nenhuma das hipóteses previstas no art. 535 do CPC, 
podendo ser recebidos como agravo regimental, em 
prestigio ao princípio da fungibilidade recursal. 
2. Só é cabível exceção de pré-executividade quando 
atendidos simultaneamente dois requisitos, um de ordem 
material e outro de ordem formal: a) que a matéria 
invocada seja suscetível de conhecimento de ofício pelo 
juiz; e b) que a decisão possa ser tomada sem 
necessidade de dilação probatória. 
3. Na espécie, o Tribunal de origem expressou 
entendimento de que "a apreciação da lide posta a 
desate, neste momento, deve se cingir à análise da 
pertinência subjetiva da demanda, relegando-se a 
apuração da existência de responsabilidade a eventuais 
embargos à execução, por se tratar de matéria fática de 
fundo, sujeita à instrução probatória". 
4. A revisão do entendimento referido exige o reexame do 
acervo fático-probatório do processado, o que é inviável 
na via do recurso especial, nos termos da Súmula 7/STJ. 
5. Embargos de declaração recebidos como agravo 
regimental, ao qual se nega provimento. (EDcl no AgRg 
no RECURSO ESPECIAL Nº 1.217.385 - SP 
(2010/0193585-7) MINISTRO BENEDITO GONÇALVES 
Julgamento: 16/04/2013 PRIMEIRA TURMA) 
 
 
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO 
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS RECEBIDOS 
COMO AGRAVO REGIMENTAL.APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO 
DA FUNGIBILIDADE. INCIDENTE DE EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE. NÃO CABIMENTO. NECESSIDADE DE 
DILAÇÃO PROBATÓRIA. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO AO 
FUNDAMENTO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. 
ARGUMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. 
DECISÃO QUE SE MANTÉM POR SEUS PRÓPRIOS 
FUNDAMENTOS. RECURSO MANIFESTAMENTE 
INFUNDADO. MULTA. ART. 557, § 2º, DO CPC. 
CABIMENTO. 
1. Em face do princípio da fungibilidade recursal, recebo 
os presentes embargos como agravo regimental dado seu 
caráter manifestamente infringente. 
 
 
 
 
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2. A pacífica jurisprudência do STJ consigna o cabimento 
do incidente de exceção de pré-executividade para 
arguição de vícios em ação de execução, cuja análise 
possa ser realizada de ofício pelo juiz e prescinda de 
dilação probatória. Precedentes. 
3. O Tribunal de origem dispôs, no acórdão recorrido, que 
a discussões pretendidas - suspensão da execução, não 
cabimento da multa do artigo 475-J do CPC ou a 
concessão da assistência judiciária - por meio de exceção, 
na espécie, reclamavam dilação probatória para a solução 
das controvérsias, não se enquadrando, portanto, nos 
requisitos exigidos para o acolhimento do incidente de 
pré-executividade. 
3. Em sua petição recursal, o recorrente discorreu tese 
não impugnativa de tal fundamentação, o que configura 
argumentação deficiente a atrair o teor da Súmula 
284/STF. 
4. Agravo regimental não provido, com aplicação de 
multa. (EDcl no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 
269.481 - SP (2012/0261175-2) MINISTRO LUIS FELIPE 
SALOMÃO Julgamento: 12/04/2013 QUARTA TURMA) 
 
 
Assim, cuidando-se de hipótese excepcional de defesa, 
sem a realização de penhora e oferecimento de embargos, as 
alegações devem ser comprovadas de plano, sem necessidade de 
dilação probatória. 
 
Não foi o que ocorreu na hipótese dos autos, em que o 
executado claramente utiliza a exceção de pré-executividade como 
substituto dos Embargos à Execução. 
 
O título que se baseou a execução se refere a crédito 
decorrente de contrato de seguro saúde, com previsão específica 
nos arts. 27 do Decreto-Lei 73/66, 5º do Decreto 61.589/67 e 
783, VII do CPC. 
 
As alegações do agravante, no sentido de que o 
contrato firmado entre as partes já havia sido cancelado quando 
foram emitidos os boletos demandam instrução probatória 
 
 
 
 
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incompatível com a exceção de pré-executividade, 
notadamente porque a exequente, ora agravada, insurge-se 
quanto à validade do documento de fls. 164 dos autos principais 
como forma de extinção do contrato. 
 
Desta forma, correta a decisão que rejeitou a exceção 
de pré-executividade, destacando que eventual defesa do 
executado deve vir pela via adequada. 
 
POR TAIS FUNDAMENTOS, voto no sentido de negar 
provimento ao recurso. 
 
Rio de Janeiro, 08 de maio de 2019. 
 
 
_________________ 
DES. MÔNICA SARDAS 
RELATORA 
		2019-05-09T17:44:01-0300
	GAB. DES(A). MONICA SARDAS

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