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FISIOPATO 14.05.2020 Aula 36 Aneurisma Definição: caracterizado por uma dilatação ou aumento do diâmetro anormal do vaso sanguíneo ou de uma parte do coração; pode ser congênito ou adquirido. Aneurisma Verdade - aumento acompanhada por todas as túnicas esteja dilatada; envolve uma parede arterial atenuada intacta ou a parede ventricular mais fina do coração. o Sacular o Fusiforme Aneurismas vasculares ateroscleróticos, sifilíticos e congênitos, bem como os aneurismas ventriculares que vêm após os infartos do miocárdio transmurais, são deste tipo. Aneurisma Pseudoaneurisma ou falso –ruptura das túnicas formando um hematoma com extravasamento do sangue que fica contido pelo tecido conjuntivo. É um defeito da parede vascular levando a um hematoma extravascular que se comunica livremente com o espaço intravascular (“hematoma pulsante”). Exemplos incluem uma ruptura ventricular depois de infarto do miocárdio e que é contida por uma aderência pericárdica, ou um vazamento na junção suturada de um enxerto vascular com uma artéria natural. Dissecção Arterial – defeito na superfície do vaso causando acúmulo na superfície, entre as túnicas intima e média. Se origina quando o sangue entra na própria parede arterial, como um hematoma dissecando entre suas camadas. As dissecções são frequentemente, mas nem sempre, aneurismáticas. Os aneurismas verdadeiros e falsos, bem como as dissecções, podem romper-se, muitas vezes com consequências catastróficas. Patogenia As artérias são tecidos que apresentam remodelação dinâmica e que mantêm sua integridade por síntese, degradação e reparo constantes dos danos aos constituintes de sua MEC. Os aneurismas podem ocorrer quando a estrutura ou a função do tecido conjuntivo no interior da parede vascular é comprometida. Embora citemos aqui exemplos de defeitos hereditários dos tecidos conjuntivos, o enfraquecimento das paredes dos vasos também é importante nas formas comuns esporádicas dos aneurismas. A estrutura ou a função do tecido conjuntivo é comprometido pelos seguintes fatores: o Síntese inadequado ou anormal do tecido conjuntivo TGF-𝛽 regula a proliferação de CML e síntese de matriz extracelular FISIOPATO 14.05.2020 Aula 36 Mutação receptores ou sub-regulação vias de sinalização = defeito na síntese de elastina e colágeno. Sendo as três principais síndromes: • Síndrome de Marfan – síntese defeituosa de febrilina = remoção anormal de TG- 𝛽 na parede da aorta resultando em dilatação devido a perda do tecido elástico. • Síndrome de Loeys-Dietz – mutação nos receptores de TGF- 𝛽 síntese defeituosa de elastina e colágeno I e II. • Síndrome de Ehlers-Danlos – defeito no colágeno tipo II resulta na formação de aneurismas FIGURA. Degeneração cística da média. A, Corte transversal da média da aorta de um paciente com síndrome de Marfan, mostrando acentuada fragmentação da elastina e formação de áreas desprovidas de elastina que se assemelham a espaços císticos (asteriscos). B, Média normal para comparação, mostrando o padrão regular em camadas do tecido elástico. Em A e B, a elastina se cora em negro. o Degradação excessiva do tecido conjuntivo Aumento da expressão de MMPs (metaloproteinases) ou diminuição dos TIMPs (bloqueia a ação da metaloproteinases) – fazendo o papel de degradar Macrófagos presentes na placa aterosclerótica expressão MMPs Estado inflamatório favorece a degradação da matriz extracelular Toda vez que há processo de reparo, precisa-se de metaloproteinase (enzima que degrada para favorecer o processo de cicatrização) para que haja a recuperação desse tecido. o Perda ou alteração fenotípica na síntese das células musculares lisas Aterosclerose – espessamento da íntima pode causar isquemia interna na média por aumento da distância da difusão de nutrientes. FISIOPATO 14.05.2020 Aula 36 Hipertensão arterial sistêmica – estreitamento luminal dos vasa vasorum da aorta promovendo isquemia externa na média. Podendo ocorrer uma hipotrofia dos músculos lisos dessa região, Isquemia = perda da CML alterações degenerativas” → fibrose, síntese deficiente da MEC e produção de proteoglicanos amorfos. Os dois transtornos mais importantes na predisposição aos aneurismas da aorta são a aterosclerose e a hipertensão; a aterosclerose é um fator maior nos aneurismas da aorta abdominal, enquanto a hipertensão é a afecção mais comumente associada aos aneurismas da aorta ascendente. Aneurisma pode ocorrer por: o Aterosclerose Aorta abdominal o hipertensão Aorta ascendente – recebe sangue diretamente do coração o defeitos congênitos Vaculite Trauma Infecção – denominado aneurisma micótico Aneurista da Aorta Abdominal (AAA) aterosclerose mais frequente AORTA ABDOMINAL e ARTÉRIA ILÍACA, mas o ARCO AÓRTICO e a AORTA TORÁCICA DESCENDENTE também são acometidos. A placa aterosclerótica na íntima comprime a média subjacente e compromete a difusão de nutrientes e de resíduos da luz vascular para a parede arterial. A média, portanto, sofre degeneração e necrose, o que resulta em fraqueza da parede arterial e consequente diminuição da espessura. Os aneurismas da aorta abdominal ocorrem mais frequentemente em homens e em tabagistas e raramente de desenvolvem antes dos 50 anos de idade. A aterosclerose é a principal causa dos AAAs, mas outros fatores claramente contribuem, já que a incidência a 5% em homens com mais de 60 anos de idade, apesar de a aterosclerose abdominal ser quase universal nesta população. A maioria é assintomático, descobertos em exame físico como massa abdominal geralmente pulsante. Obstrução de um ramo de vasos da aorta – lesões isquêmicas dos tecidos irrigados. EMBOLIA PELO ATEROMA ou TROMBO MURAL. Compressão de estruturas adjacentes (ex.:uretee). O risco de ruptura é diretamente proporcional ao tamanho do aneurisma: o < 4cm - 0% ano o 4-5 cm - 1% ano o 5-6 cm - 11% ano o > 6 cm - 25% ano FISIOPATO 14.05.2020 Aula 36 o > 5 cm - TRATAMENTO AGRESSIVO. Taxa de mortalidade de 5% na cirurgia e 50% em aneurismas rotos Homens, fumante > 50 anos Esse tipo de aterosclerose ocorre devido a: o Inflamação – degradação excessiva de mec e produção de enzimas proteolíticas o Difusão Comprometida – a média sofre degeneração e necrose, ocasionando o enfraquecimento da parede arterial. Placas ateroscleróticas entre lúmen vascular e a parede arterial. As consequências clínicas do AAA incluem: © Ruptura na cavidade peritoneal ou nos tecidos retroperitoneais com hemorragia maciça potencialmente fatal. © Obstrução de um ramo, resultando em lesão isquêmica de tecidos distais, por exemplo, artérias ilíacas (perna), renais (rim), mesentéricas (trato gastrointestinal) ou vertebrais (medula espinal). © Embolia do ateroma ou de trombo mural. © Invasão de uma estrutura adjacente, por exemplo, compressão de um ureter ou erosão de vértebras. © Apresentação como massa abdominal (muitas vezes palpavelmente pulsátil) que simule um tumor. Morfologia Geralmente posicionados abaixo das artérias renais e acima da bifurcação da aorta, os AAAs podem ser saculares ou fusiformes. Tipicamente, a superfície da íntima do aneurisma mostra aterosclerose complicada intensa, com destruição e diminuição da espessura da média da aorta subjacente; o aneurisma frequentemente contém um trombo mural de pequena consistência, laminado e pouco organizado, que pode preencher uma parte do ou todo o segmento dilatado. Ocasionalmente, o aneurisma pode afetar as artérias renais e as mesentéricas superior ou inferior, seja produzindo pressão direta, seja estreitando ou ocluindo os óstios dos vasos com trombos murais. Não é infrequente que os AAAs sejam acompanhados por aneurismas menores das artérias ilíacas. Duas variantes merecem menção especial: © AAAs inflamatórios caracterizam-se por densa fibrose periaórtica, contendo abundante reação inflamatória linfoplasmocitária com muitos macrófagose, frequentemente, células gigantes. Sua causa é incerta. © AAAs micóticos são lesões que se infectaram pelo alojamento de microrganismos circulantes na parede, particularmente em bacteremia por uma gastroenterite primária por Salmonella. Em tais casos, a supuração destrói a média, potencializando a dilatação rápida e a ruptura. Aneurista da Aorta Torácica Associam-se principalmente hipertensão arterial sistêmica, embora sejam cada vez mais reconhecidas outras causas, como as síndromes de Marfan e de Loeys- Dietz. Independentemente da etiologia, eles dão origem a sinais e sintomas referíveis a: (1) invasão de estruturas do mediastino; (2) dificuldades respiratórios causadas por inasão dos pulmões e das vias aéreas; (3) dificuldade para deglutir pela compressão do esôfago; (4) tosse persistente por irritação dos nervos laríngeos recorrentes ou pressão sobre eles; (5) dor causada por erosão do osso; (6) doença cardíaca, pois o aneurisma aórtico leva à dilatação da valva aórtica, com insuficiência valvar ou estreitamento do miocárdio e (7) ruptura. A maioria dos pacientes com aneurisma sifilicos morre de insuficiência cardíaca induzida por incompetência da valva aórtica. FISIOPATO 14.05.2020 Aula 36 Dissecção Aórtica A dissecção de aorta acontece quando o SANGUE SEPARA OS PLANOS LAMINARES DA MÉDIA, formando um canal cheio de sangue dentro da parede aórtica; isso pode ser catastrófico se a dissecção então se romper através da adventícia e causar hemorragia nos espaços adjacentes. Contrastando com os aneurismas ateroscleróticos e sifilíticos, a dissecção aórtica pode ou não se associar à dilatação aórtica. Consequentemente, deve ser evitado o termo mais antigo aneurisma dissecante”. A dissecção aórtica ocorre principalmente em dois grupos: (1) homens com 40 a 60 anos com antecedente de hipertensão (mais de 90% dos casos de dissecção); e (2) pacientes mais jovens com anormalidades sistêmicas ou localizadas do tecido conjuntivo, afetando a aorta (p. ex., síndrome de Marfan. As dissecções também podem ser iatrogênicas (p. ex., complicando canulações arteriais durante cateterização diagnóstica ou cirurgia cardiopul- monar). Raramente, por razões desconhecidas, a dissecção da aorta ou de outros ramos, incluindo as artérias coronárias, ocorre durante a gravidez ou depois dela. A dissecção é incomum na presença de aterosclerose substancial ou outra causa de cicatriz da média, como a sífilis, presumivelmente porque a fibrose da média inibe a propagação do hematoma dissecante. Patogenia. A hipertensão é um fator de risco importante na dissecção aórtica. A aorta de pacientes hipertensos tem hipertrofia da média dos vasa vasorum associada a alterações degenerativas na média da aorta e à perda variável de células musculares lisas da média, sugerindo que a lesão mecânica relacionada com a pressão e/ou a lesão isquêmica (causada por diminuição do fluxo através dos vasa vasorum) sejam contribuintes. Um número consideravelmente menor de dissecções está relacionado com transtornos hereditários ou adquiridos do tecido conjuntivo, causando MEC vascular anormal (p. ex., síndrome de Marfan, síndrome de Ehlers-Danlos, deficiência de vitamina C, defeitos metabólicos do cobre). No entanto, a lesão reconhecível da média parece não ser pré-requisito para dissecção nem garantia de que a dissecção seja iminente. Independentemente da etiologia subjacente causadora de fraqueza da média, não se conhece, na maioria dos casos, o desencadeante para a laceração da íntima e hemorragia aórtica intramural inicial não é conhecido na maioria dos casos. No entanto, ocorrida a laceração, o fluxo sanguíneo sob a pressão sistêmica opera através do meio, estimulando a progressão do hematoma da média. Consequentemente, a terapia agressiva para redução da pressão pode ter efeito em limitar uma dissecção em evolução. Em alguns casos, a ruptura de vasos penetrantes dos vasa vasorum pode dar origem a um hematoma intramural sem laceração da íntima. Morfologia. FISIOPATO 14.05.2020 Aula 36 Na maioria dos casos, não se identifica patologia causal subjacente específica na parede aórtica. A lesão preexistente mais frequente histologicamente detectável é a degeneração cística da média; a inflamação está caracteristicamente ausente. No entanto, podem ocorrer dissecções na situação de degeneração trivial da média e é incerta a relação das alterações estruturais com a patogenia da dissecção. Uma dissecção aórtica geralmente se inicia com uma laceração da íntima. Na maioria das dissecções espontaneas, a laceração é encontrada na aorta ascendente, geralmente a 10 cm da valva aórtica. Tais lacerações são tipicamente transversas ou oblíquas e têm 1 a 5 cm de comprimento, com bordas agudas e serrilhadas. A dissecção pode estender-se ao longo da aorta, retrogradamente em direção ao coração, bem como distalmente, algumas vezes entrando nas artérias ilíaca e femoral. O hematoma dissecante se propaga, caracteristicamente, ao longo dos planos laminares da aorta, geralmente entre os terços médio e externo. Ele frequentemente se rompe através da adventícia, causando hemorragia maciça (p. ex., na cavidade torácica ou abdominal) ou tamponamento cardíaco (hemorragia no saco pericárdico). Em alguns casos (afortunados), o hematoma dissecante reentra na luz da aorta por meio de uma segunda laceração distal na íntima, criando um novo canal vascular e formando uma “aorta de dois canos”, havendo um falso. Isto evita uma hemorragia extra-aórtica fatal. No decorrer do tempo, os falsos canais podem ser endotelizados e se tornar dissecções crônicas. Aspectos Clínicos © As lesões proximais (chamadas de dissecções tipo A) mais comuns (e perigosas) envolvem a aorta ascendente e descendente ou apenas a aorta ascendente (tipos I e II da classificação DeBakey). © Lesões distais não envolvendo a parte ascendente e geralmente começando distalmente à artéria subclávia (chamadas de dissecções do tipo B ou DeBakey tipo III). Dissecção é uma separação das camadas, no aneurisma e no pseudoaneurisma podem ocorrer também.
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