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LOGÍSTICA EMPRESARIAL LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO Luciana Bellini Rangel LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 1 Prezado aluno, Esta apostila é a versão estática, em formato .pdf, da disciplina online e contém todas as informações necessárias a quem deseja fazer uma leitura mais linear do conteúdo. Os termos e as expressões destacadas de laranja são definidos ao final da apostila em um conjunto organizado de texto denominado NOTAS. Nele, você encontrará explicações detalhadas, exemplos, biografias ou comentários a respeito de cada item. Além disso, há três caixas de destaque ao longo do conteúdo. A caixa de atenção é usada para enfatizar questões importantes e implica um momento de pausa para reflexão. Trata-se de pequenos trechos evidenciados devido a seu valor em relação à temática principal em discussão. A galeria de vídeos, por sua vez, aponta as produções audiovisuais que você deve assistir no ambiente online – aquelas que o ajudarão a refletir, de forma mais específica, sobre determinado conceito ou sobre algum tema abordado na disciplina. Se você quiser, poderá usar o QR Code para acessar essas produções audiovisuais, diretamente, a partir de seu dispositivo móvel. Por fim, na caixa de Aprenda mais, você encontrará indicações de materiais complementares – tais como obras renomadas da área de estudo, pesquisas, artigos, links etc. – para enriquecer seu conhecimento. Aliados ao conteúdo da disciplina, todos esses elementos foram planejados e organizados para tornar a aula mais interativa e servem de apoio a seu aprendizado! Bons estudos! LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 2 Lean logistics, log. varejo e neg. eletrônico - Apostila Apresentação A logística tem a função de disponibilizar bens e serviços no tempo certo, no lugar certo e em quantidades e qualidades que atendam às necessidades dos usuários, oferecendo competitividade nos custos e nos preços. Pode ser entendida como uma das mais antigas e inerentes atividades humanas, embora sua origem seja creditada aos processos militares. Há décadas, os processos logísticos são incorporados às atividades empresariais, hoje considerados estratégicos para criar e agregar valor ao cliente final. Esta disciplina demonstra a evolução do pensamento enxuto nas organizações, apresentando o papel da logística no varejo e nos serviços, além de descrever os conceitos básicos de e-commerce e e-business. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: • Apontar a evolução do pensamento enxuto nas organizações e sua relação com o e-commerce e e-business, no cenário competitivo na era do comércio eletrônico; • Descrever o pensamento e a logística enxuta; • Examinar o Modelo Toyota de Produção; • Discutir a logística contextualizada no varejo e nos serviços na cadeia logística; • Explicar o cenário competitivo na era do comércio eletrônico. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 3 Aula 1: Pensamento e logística enxuta Introdução No mundo competitivo e globalizado de hoje, as mudanças são necessárias para a sobrevivência de qualquer negócio. O desperdício, palavra que no português significa especificamente “qualquer atividade humana que absorve recursos, mas não cria valor”, não cabe mais nos processos produtivos. O pensamento enxuto, que é “uma forma de fazer cada vez mais com cada vez menos”, deve estar presente em todos os elos da cadeia logística. À luz do pensamento enxuto, as organizações promovem de forma contínua as mudanças em seus sistemas pela melhoria de seus processos, pela redução de seus custos e pela sincronia de suas operações. Isso gera maior produtividade, lucratividade e efetiva entrega de valor aos seus clientes. Objetivo: 1. Explicar o pensamento enxuto nas organizações; 2. Esclarecer a lean logistics – Logística enxuta. Conteúdo Pensamento enxuto nas organizações É necessário que o processo logístico comece pelo estudo, análise e compreensão do projeto ou do processo que precisa ser implantado e dos objetivos a serem atingidos, seguidos pelo planejamento e detalhamento das atividades tradicionais da logística, como: planejamento de demanda, inventário, suprimentos e de produção; manuseio de pedidos, ordens de produção e documentos de identificação; processos de importação, exportação e de armazenagem; planejamento da distribuição etc. As atividades logísticas podem ser classificadas em: LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 4 Atividades principais Transporte, gerenciamento de estoques, processamento de pedidos e definição dos níveis de serviço baseados nas reações dos clientes. Atividades secundárias Armazenagem, manuseio de materiais e embalagem de proteção, obtenção do necessário, programação de produção, manutenção de sistemas de informação, dando suporte às atividades principais. Estima-se que, em uma empresa industrial, os custos de produção girem em torno de 53% do total dos custos, enquanto os custos logísticos estão na ordem de 20%, ocupando o segundo lugar no ranking de todos os custos. Portanto, gerir esses custos é crucial para a operação, isto é, os custos da existência do estoque, da armazenagem, do processamento das encomendas, assim como os custos de transporte, precisam ser continuamente reavaliados visando a competitividade e sobrevivência da empresa. Da produção em massa ao pensamento enxuto Para se entender um pouco mais sobre o conceito do pensamento enxuto, é necessário rever um pouco de sua história. Observe a evolução desse da histórica que culminou nessa ideia: Produção Artesanal Anterior à produção em massa, a produção artesanal usava ferramentas simples, flexíveis e com custos altos, já que, sob encomenda, os produtos eram fabricados um a um, por uma força de trabalho altamente qualificada, em organizações administradas pelos próprios trabalhadores. O volume de produção era baixo, LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 5 implicando custos elevados e incapacidade de garantir a qualidade do produto. A Revolução Industrial trouxe uma nova configuração para o cenário empresarial. Produção em Massa Após a Primeira Guerra Mundial, a indústria, principalmente a automobilística, evoluiu da produção artesanal para a produção em massa, impulsionada por Henry Ford. Esse sistema foi caracterizado por: • Produção em escala de mercadorias padronizadas; • Consistente intercambialidade de peças de fácil ajuste entre elas; • Escassa variedade de produtos. Assim, Ford liderou, por muitos anos, o mercado automobilístico por dominar as seguintes técnicas da produção em massa: • Desenvolveu projetos inovadores, reduzindo o número de peças necessárias e garantindo vantagens em relação aos competidores; • Desenvolveu a linha de montagem, reduzindo o custo unitário de cada produto; • Dividiu as tarefas, na linha de produção; • Otimizou os processos com folgas; • Assegurou a produtividade com as seguintes medidas: suprimentos adicionais, mais trabalhadores e mais espaço fabril. O sucesso de Ford baseava-se, portanto, nos baixos preços, cabendo aos clientes repararem qualquer defeito que surgisse após a compra. Produção Enxuta Após a Segunda Guerra Mundial, as indústrias japonesas passaram por uma necessidade de reconstrução. Em 1955, nos Estados Unidos, a produção em massa, acrescida de técnicas gerenciais e de marketing, alcançou seus maiores índices de vendas. Tratava-se do amadurecimento do sistema. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 6 No entanto, naquele mesmo ano, devido às mudanças de demanda e à pequena variedade de produtos oferecidos, esse sistema entrou em crise, apresentando altosníveis de estoque. Essa mudança no padrão da demanda teve uma explicação: os clientes passaram a preferir a exclusividade, o conforto e o status que um veículo pode oferecer. Com o aumento da disponibilidade do dinheiro no mercado e com a diversificação da oferta, os consumidores passaram a preferir produtos diferenciados. Para saber mais sobre o desenvolvimento do modelo de produção enxuta, acesse o documento a01_t03.pdf. Atenção Durante muitos anos, desde a produção em massa, idealizada por Henry Ford, até o sistema de produção enxuta, desenvolvido pela indústria automobilística japonesa após a Segunda Guerra Mundial, o sistema produtivo vem se modernizando, de forma que muitos foram os estudos dedicados ao aperfeiçoamento dos processos em todos os elos da cadeia logística. Produção enxuta Difundido em todo o mundo, o sistema de produção enxuta mostrou a capacidade de melhorias constantes nas linhas de produção e em vários ambientes dentro das fábricas e empresas de diversos setores. Além disso, mostrou não só a capacidade de adaptação das empresas às mudanças ocorridas ao longo das décadas, mas, também, como algumas das fragilidades das organizações podem ser usadas para o próprio desenvolvimento e melhoramento do ambiente organizacional. Quando comparada à produção em massa, a produção enxuta sobressai nos seguintes aspectos: • Menos esforço dos operários; • Menor espaço da fábrica; LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 7 • Redução de investimento, de horas de planejamento e de desenvolvimento de novos produtos; • Menor demanda de estoques; • Produtos com menos defeitos, baixos custos e maior variedade para melhor atendimento aos clientes. Integrando toda a cadeia produtiva, desde o processo do fornecimento até o recebimento do produto final pelo cliente, esse sistema de produção trouxe impactos para todo o mundo, na medida em que ele, simultaneamente, não só garante o aumento da produção e a qualidade do produto, mas também mantém os custos em declínio. Como consiste em eliminar desperdícios, otimizar tempo, organizar e flexibilizar tarefas, dimensionar recursos e obter melhores resultados, o pensamento enxuto pode ser aplicado em todas as áreas dos negócios, abarcando, inclusive, a vida pessoal. Portanto é importante pensar nisso. A lean logistics – logística enxuta A logística integrada é constituída por três grupos de atividades, representando segmentos do processo: Logística de suprimentos Refere-se às atividades de adquirir e receber os materiais necessários às operações. Logística interna Refere-se às atividades de armazenar, manusear e transformar os materiais envolvidos na operação, exceto o ato de produzir. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 8 Logística de distribuição Refere-se às atividades que se iniciam na expedição até a entrega do produto ao cliente final. Quando esses três grupos de atividades estão operando de forma cooperativa, sincronizada, somando resultados e combatendo todo e qualquer desperdício de acordo com o princípio enxuto (lean), considera-se que a logística está integrada. A grande questão é como integrar o conceito do pensamento enxuto aos processos logísticos, já que o pensamento enxuto evoluiu, e sua aplicação na cadeia logística não se restringe a pontos específicos, como o estoque. Pensar essa cadeia como um todo e desenvolver soluções enxutas é o grande desafio da logística moderna. Uma das formas de integrar o conceito do pensamento enxuto aos processos logísticos é considerar a concepção de consumo enxuto, de Womack e Jones (2005) que, além de eliminar desperdício nos meio de produção, visa proporcionar aos clientes experiências únicas de consumo, mais eficientes e desprovidas de sacrifícios. O quadro abaixo elenca os objetivos do consumo enxuto, que podem ser aplicados ao conceito de logística enxuta. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 9 Embora os princípios descritos tenham sido enunciados pensando no consumidor, eles são perfeitamente aplicáveis para todo o tipo de cliente. Embasada nesses princípios, a logística enxuta aplica-se a todas as relações cliente/fornecedor, nos elos da cadeia logística. Trade-off estoques versus custos Representando uma armazenagem de mercadorias com previsão de uso futuro, o estoque tem como objetivo atender à demanda, assegurando disponibilidade de produtos. Como representa grande parcela dos custos totais da empresa, sua formação é onerosa, uma vez que a equação entre custo e disponibilidade representa um trade-off. O estoque tem por finalidade: • Melhorar o nível de serviço; • Incentivar economias na produção; • Permitir economia de escala nas compras e no transporte; • Agir como proteção contra aumentos de preço; • Proteger a empresa contra incertezas na demanda e no tempo de ressuprimento; • Servir como segurança contra contingências. No entanto, o estoque representa uma despesa. O estoque, que até então visto como motivo de orgulho, passa a ser considerado como custo. Com o propósito de se evitar o descontrole financeiro, é necessário que haja uma sincronização perfeita entre a demanda e a oferta de mercadorias, objetivando o equilíbrio e a manutenção dos níveis mínimos de estoque, sem que haja perda na qualidade nem aumento desnecessário nos custos. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 10 Atenção De acordo com Filho (2006), para uma melhor compreensão, estoque ou existência – em logística – “são designações usadas para definir as quantidades armazenadas ou em processo de produção de quaisquer recursos necessários para dar origem a um bem”. Conceitos da logística enxuta O conceito da lean nos processos logísticos, ou logística enxuta, parte de três princípios: Melhoria dos processos Redução dos estoques Sincronização dos processos Para uma empresa conseguir implementar os conceitos de lean em seus processos logísticos, devem ser atacadas essas três frentes, que não são mutuamente excludentes. Veremos, a seguir, cada uma delas. Melhoria dos processos Melhorar processos é mais do que necessário no atual cenário competitivo das organizações e envolve a transformação de um insumo em um produto final. Esse pensamento pode ser estendido também aos serviços. No desenvolvimento de um processo, sabendo-se que processo é a maneira de fazer algo, a matéria-prima é transformada, agregando-se a ela o valor que diferenciará um produto de outro ofertado no mercado. Em outras palavras, melhorar o processo nada mais é do que fazer mais com menos desperdício. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 11 Além de incluir a possibilidade de inovar ou thinking outside the box, no português, pensar fora da caixa, propõe soluções práticas, com criatividade e economia, que visam excelência e satisfação dos clientes. Um processo é a ordenação específica das atividades de trabalho no tempo e no espaço, com começo, meio e fim. Desse modo, um processo possui: • Inputs (entradas); • Processamento; • Outputs (saídas); • Tempo; • Espaço; • Ordenação; • Objetivos; • Valores. Todos os elementos que compõem o processo interligados logicamente resultará em uma estrutura para fornecer produtos ou serviços ao cliente, conforme exemplificado na figura abaixo. Sua compreensão é importante, porque é chave para o sucesso em qualquer negócio. Pode-se dizer que uma organização é tão efetiva quanto os seus processos, que são responsáveis pelo que será ofertado ao cliente. A troca de informação entre os clientes e os fornecedores, tanto os internos quanto os externos, é de extrema importância para a completa adequaçãoe funcionamento do sistema. O processo é o conjunto de recursos e atividades LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 12 inter-relacionadas ou interativas que transformam insumos (entradas) em serviços/produtos (saídas). Redução dos estoques Embora o estoque seja considerado como custo, sua redução pode gerar falta do produto. E o custo da falta geralmente é muito alto. O método do estoque mínimo tem o objetivo de reduzir os custos de manutenção de estoques, mas sem correr o risco de não se atender à demanda. Para atender ao objetivo de encontrar o ótimo nível de estoque de um determinado produto, é necessário calcular o ponto de reposição e controlar de forma efetiva os itens no estoque. A finalidade do ponto de reposição é iniciar o processo de ressuprimento com segurança suficiente para que não ocorra falta do material. Existem várias formas de se calcular o ponto de reposição e a mais usual é multiplicar a taxa de consumo pelo tempo de ressuprimento. Desse modo, para fins didáticos, será considerado o consumo previsto por semana: um determinado produto em estoque é X (quantidade consumida por semana); e o tempo de ressuprimento (tempo gasto desde que o pedido é feito ao fornecedor até a chegada do produto para a linha de montagem da produção) é Y (Tempo) semanas. Desse modo, o ponto de reposição será X * Y. PR = X * Y Onde: PR = Ponto de reposição; X = Consumo por semana; Y = Tempo do pedido desde a entrada no fornecedor até a entrega na linha de montagem em semanas. Considerando o conceito de ótimo nível de estoque de um determinado produto, existe o problema da diversificação dos itens de estoque e o ganho de escala. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 13 Normalmente, quando se compra em grandes quantidades, há uma negociação relativa aos descontos que varia desde volume de compras até custo de transporte. E você sabe como reduzir os estoques de forma a não gerar novos custos de pedidos? Mais uma vez, estamos diante do trade-off. Com o advento do pensamento enxuto na logística, outras soluções foram desenvolvidas, de modo que algumas empresas adaptaram seus sistemas de entrega pensando no atendimento da demanda de seus clientes através de soluções inteligentes, sortimento de produtos e personalização dos seus veículos. Vamos ver o exemplo do mercado de flores! No passado, os caminhões de flores eram padronizados, e as plantas, independentemente de seu tamanho, seguiam viagem em carrocerias abertas ou mesmo baús, sem muita proteção ou amarração, o que gerava grandes perdas durante o percurso. Para minimizar esse problema, recorria-se a duas soluções: • Vender caminhões completos com um único tipo de planta, aumentando o estoque de um único tipo de produto para o cliente final. E já estudamos que não é o modelo mais adequado para a competitividade de mercado; • Ofertar um diversificado mix de plantas, garantindo a entrega dos produtos no tempo certo, sem aumento de frete. Desse modo, surgiram os caminhões adaptados. No mercado de flores, as carrocerias passaram a dispor de grades e prateleiras para plantas pequenas e delicadas e áreas livres para plantas maiores. Uma forma de entregar valor, diversificar o mix do cliente final, reduzir estoques por tipo de planta e ainda economizar no custo do frete. Sincronia nos processos A sincronia dos processos garante o funcionamento de toda a engrenagem. A aplicação de algumas técnicas na produção japonesa permitiu: LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 14 • Reduzir estoques em todos os níveis; • Incrementar a capacidade disponível em grandes investimentos adicionais; • Diminuir tempos de fabricação; • Melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos fabricados. A sincronia dos processos visa dispor a quantidade necessária de itens, no momento exato, já que, para não haver rupturas no processo, necessita-se de insumos que atendam às demandas imediatas da linha de produção. De acordo com a filosofia japonesa, em cada etapa do processo, produz-se somente o necessário para a fase posterior, na quantidade e no momento exato da demanda. Para que isso aconteça de forma contínua, há uma necessidade obrigatória da sincronia dos processos. Abrangendo desde os processos internos da indústria até o fluxo de informação com fornecedores e clientes, integrando toda a cadeia logística, essa sincronia nos processos objetiva: • Flexibilizar a linha de produção da empresa; • Produzir somente o necessário e na quantidade requerida; • Diminuir tanto o lead time (tempo de resposta/espera) na concepção de novos produtos; • Diminuir o lead time (tempo de resposta/espera) de produção; • Melhorar o atendimento ao cliente; • Diminuir perdas. Com essas etapas cumpridas, é possível obter maior retorno nos investimentos e ocorre automaticamente a redução de estoques, de produtos acabados e de matérias-primas, além da redução dos custos de fabricação e de armazenamento. Somando-se a isso, os colaboradores são envolvidos no processo pela satisfação no trabalho, pela melhoria da autoestima e pelo desenvolvimento do espírito de equipe. Enfim, trata-se do que os japoneses chamam de Kaizen: uma contínua busca pela melhoria da qualidade e da produtividade. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 15 Atividade proposta Vamos fazer uma atividade! No passado, a logística era conhecida como o transporte e a armazenagem de produtos e estava associada às operações militares em que os comandantes precisavam ter sob suas ordens uma equipe que assegurasse a disponibilidade, na hora certa, de equipamentos, alimentos, munição e socorro médico nos campos de batalha. Na antiga Grécia, os militares com o título de Logistikas eram os responsáveis por garantir os recursos e suprimentos para a guerra. Segundo definição do Council of Logistics Management (1991), logística refere- se ao processo de planejamento, implantação e controle eficaz do fluxo e da armazenagem de mercadorias, serviços e informações relacionadas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender as necessidades dos clientes. Ampliando o conceito e seus próprios objetivos, a logística é responsável por assegurar a disponibilidade do produto certo, na quantidade certa, em condições adequadas, no local certo, no momento certo, com o preço certo e para o cliente certo. Com a aplicação dos conceitos lean aos serviços logísticos, criou-se a logística enxuta. Na mesma linha de pensamento, se todos os departamentos da empresa conhecem as atividades logísticas envolvidas e necessárias para o sucesso da operação e estiverem trabalhando de forma cooperativa na aplicação dos conceitos lean, podemos conceituar que está ocorrendo a integração da empresa na logística. Nesse contexto, liste os benefícios da integração na logística. Chave de resposta • Cooperação genuína entre todas as partes da cadeia logística, compartilhando informações e recursos, combatendo todo e qualquer desperdício; LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 16 • Custos diminuídos, devido a previsões mais exatas, estoques menores, menos expedição, economia de escala e eliminação das atividades que não criam valor; • Melhoria no desempenho, maior produtividade e prioridades racionais; • Melhoria no fluxo de produtos, com movimentos mais rápidos e confiáveis; • Maior flexibilidade e rapidez de reação às condições de mudança; • Procedimentos padronizados, tornando-se rotina e bem praticados, com menor duplicidade de esforço e planejamento; • Qualidade de confiança e menos inspeções, com programas de Gestão de Qualidade integrados. Cabe ao gestor conhecer e extrair o pleno potencial do Sistema utilizado, visando perpetuarde forma lucrativa a instituição no mercado. Podemos afirmar que o uso adequado das funcionalidades da solução de gestão, ferramentas valiosas para gerenciar o que, quando e quanto comprar ou produzir considerando a capacidade atual e planejando a capacidade futura, ainda é a melhor estratégia para atingir o objetivo citado acima. Além disso, é imprescindível o suporte administrativo e financeiro fornecido pelo sistema de gestão como forma de controlar e conferir os resultados em processo. Referências WOMACK, J. P.; FERRO, J. R. A. Mentalidade Enxuta nas Empresas – elimine desperdício e crie riqueza. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. HAMPSON, I. Lean production and the Toyota Production. Economic and Industrial Democracy, 1999. Exercícios de fixação Questão 1 Um dos exemplos recentes de produto inovador citado por Kay e Lewenstein (2013) foi a Proteína de soja da Solae. Um produto barato ofertado nas favelas da Índia para combater a desnutrição. Desenvolvido para a população de baixa LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 17 renda, com foco apenas no produto e não nas preferências e hábitos de compra do consumidor. A proteína da soja da Solae, simplesmente não vendeu. O consumidor não comprou o produto mesmo sendo de alto teor de nutrição e com preço baixo. a) Ao desenvolver o produto, a indústria Solae não levou em consideração as preferências e os hábitos de consumo de seus possíveis clientes. b) Os consumidores preferem produtos caros. c) Ao desenvolver o produto, a indústria Solae identificou a necessidade dos seus consumidores e ofertou um produto totalmente adaptado aos seus hábitos de consumo. d) Todo lançamento de produtos deve ter o foco único e exclusivo na produção. e) Não houve falha no desenvolvimento do produto, mas na distribuição do mesmo. Se o produto fosse ofertado para a classe média ele teria boa aceitação. Questão 2 O sistema de produção enxuta, difundido em todo o mundo, mostrou a capacidade de melhorias constantes nas linhas de produção e em vários ambientes dentro das fábricas e empresas de diversos setores. Assinale a alternativa falsa. a) Mostrou também a capacidade de adaptação das empresas às mudanças ocorridas ao longo das décadas. b) Mostrou a fragilidade de algumas organizações que precisam ser usadas para o próprio desenvolvimento e melhoramento do ambiente organizacional. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 18 c) Este sistema de produção trouxe impactos para todo o mundo, pois integra toda cadeia produtiva desde o processo do fornecimento até o recebimento do produto final pelo cliente. d) Ele consegue aumentar a produção e a qualidade, ao mesmo tempo em que mantém os custos em declínio. e) O Sistema de produção enxuta tem a produção em massa como premissa para a sua implantação. Questão 3 A produção enxuta, quando comparada à produção em massa, utiliza: a) Menos esforço dos operários. b) Menor espaço da fábrica. c) Menor investimento. d) Redução das horas de planejamento e desenvolvimento de novos produtos. e) Exige maiores quantidade de estoque. Questão 4 Após a segunda guerra mundial, houve uma reconstrução das indústrias japonesas. E em 1955, a produção em massa, acrescida de técnicas gerenciais e de marketing, alcançou seus maiores índices de vendas, era o amadurecimento do sistema. Em relação à afirmativa anterior, marque a opção correta. a) No mesmo ano, o sistema de produção em massa apresentando altos níveis de estoque devido às necessidades da demanda e à grande LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 19 variedade de produtos oferecidos, necessitando de reformulação no processo produtivo. b) No mesmo ano, o sistema de produção em massa superou as expectativas de eficiência, apresentando altos níveis de estoque, possibilitando o atendimento imediato à demanda dos clientes. c) No mesmo ano, o sistema de produção em massa entrou em desenvolvimento, apresentando altos níveis de estoque devido às mudanças de demanda e a pequena variedade de produtos oferecidos, necessitando de reformulação no processo produtivo. d) No mesmo ano, o sistema de produção em massa entrou em crise, apresentando altos níveis de estoque devido às mudanças de demanda e a grande variedade de produtos oferecidos, necessitando de desenvolvimento no processo produtivo. e) No mesmo ano, o sistema de produção em massa entrou em crise, apresentando altos níveis de estoque devido às mudanças de demanda e a pequena variedade de produtos oferecidos, necessitando de reformulação no processo produtivo. Questão 5 O valor é subjetivo e só pode ser especificado pelo cliente final. Marque a opção errada. a) O valor só é significativo quando especificado em termos de um produto específico (um bem, um serviço ou, em muitas situações, ambos simultaneamente) que atenda às necessidades do cliente a um preço específico em um momento específico. b) O valor é criado pelo produtor, mas especificado pelo cliente. c) O valor é de difícil entendimento. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 20 d) Muitas empresas desenvolvem produtos que visam excelência, utilizam das melhores práticas para a criação de suas ofertas, lançam seus produtos ou serviços inovadores no mercado e de forma surpreendente não obitem êxito. e) Valor é o que se paga por um produto ou serviço. Questão 6 O conceito da lean nos processos logísticos, ou logística enxuta, parte de três conceitos: a) Melhoria dos processos, aumento dos estoques, processos independentes. b) Melhoria dos processos, redução dos estoques, sincronização dos processos. c) Melhoria dos processos, aumento dos estoques, sincronização dos processos. d) Melhoria dos processos, redução dos estoques, processos sintonizados. e) Produção em massa, melhoria dos processos, processos sintonizados Questão 7 O consumo previsto dos televisores que estão no seu estoque, por semana, é de 100 unidades. O tempo de ressuprimento (tempo gasto desde que o pedido, por exemplo, das peças que serão utilizadas na fabricação dos televisores, é feito ao fornecedor até a chegada do produto para a linha de montagem e sua produção) é de duas semanas. Assinale a alternativa que define o ponto de reposição dos televisores. a) 100 unidades. b) 150 unidades. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 21 c) 200 unidades. d) 300 unidades. e) 350 unidades. Questão 8 O estoque representa uma armazenagem de mercadorias com previsão de uso futuro. Tem, como objetivo, atender a demanda, assegurando-lhe a disponibilidade de produtos. Assinale a alternativa falsa. a) A formação do estoque é onerosa, uma vez que representa uma grande parcela dos custos totais da empresa. b) Estamos diante de um trade-off (trocas determinadas por escolhas, nem sempre haverá a relação ganha-ganha, nos trade-off há uma relação perde-ganha). c) Por um lado, o estoque tem por finalidade melhorar o nível de serviço, incentivar economias na produção, permitir economia de escala nas compras e no transporte. d) O estoque age como proteção contra aumentos de preço, para proteger a empresa contra incertezas na demanda e no tempo de ressuprimento e serve como segurança contra contingências. e) O estoque não representa custos. Questão 9 Melhorar processos é algo mais do que necessário no atual cenário competitivo das organizações. Assinale a opção incorreta. a) Processos são maneiras de fazer alguma coisa. b) Envolve a transformação de um insumo em um produto final. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 22 c) O mesmo pensamento com relação aos processos produtivospode ser estendido aos serviços. d) No desenvolvimento de um processo a matéria-prima é transformada e a ela agregado o valor. e) Melhorar o processo nada mais é que fazer mais com desperdício. Inclui a possibilidade de inovar. Propor soluções práticas, com criatividade e altos custos. Questão 10 De acordo com a filosofia japonesa, em cada etapa do processo, produzem-se somente os produtos necessários para a fase posterior, na quantidade e no momento exato em que são demandadas. Para que isso aconteça de forma contínua há uma necessidade obrigatória da sincronia dos processos. a) Essa sincronia abrange dos processos internos da indústria até o fluxo de informação com os fornecedores e clientes. Integrando toda a cadeia logística. b) A sincronia nos processos objetiva flexibilizar a linha de produção da empresa, produzir somente os produtos necessários e nas quantidades requeridas. c) A sincronia nos processos visa diminuir o “lead time”, tempo de resposta/espera na concepção de novos produtos. d) “Lead time”, tempo de resposta/espera de produção, visa melhorar o atendimento ao cliente, diminuir a perda, assim obtendo maiores retornos nos investimentos. e) Com a sincronia dos processos automaticamente se tem redução de estoques em processo, de produtos acabados e de matérias-primas. Há ainda um aumento dos custos de fabricação e de armazenamento. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 23 Aula 2: Modelo Toyota de Produção Introdução A competitividade de uma empresa advém de sua habilidade de desenvolver competências únicas e essenciais, que permitam gerar produtos inesperados. Direcionado à produção contrapedido e com estoque zero, capaz de satisfazer a demanda por entregas rápidas, o Sistema Toyota de Produção busca o envolvimento dos funcionários e parceiros através do respeito, do desenvolvimento e da superação dos desafios. Sua implementação nos processos produtivos parte da filosofia do pensamento de longo prazo, eliminando perdas, com eficiência nas soluções de problemas, no processo e na produção. Partindo do princípio de que a Toyota Motors levou mais de vinte anos para desenvolver totalmente seu sistema de produção, outras companhias necessitarão de, no mínimo, dez anos para obter resultados satisfatórios ao copiá-lo. Diante dessa eficiência, esta aula tem por finalidade apresentar o Sistema Toyota de Produção, sua evolução e atualidades, bem como as etapas para a sua implantação. Objetivo: 1. Examinar o Sistema Toyota de Produção, sua evolução e atualidades; 2. Descrever as etapas para a implantação do Sistema Toyota de Produção. Conteúdo O Sistema Toyota de produção, sua evolução e atualidades O Sistema Toyota de Produção, também denominado produção flexível, teve sua origem a partir do momento em que a produção em massa não poderia ser implantada com bons resultados no Japão. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 24 ESTADOS UNIDOS Em 1950, Eiji Toyoda, o grande percussor do desenvolvimento do pensamento enxuto, viajou para os Estados Unidos, ficou três meses estudando os processos produtivos da Ford e, após essa temporada de estudo nas indústrias automobilísticas de Detroit (EUA), percebeu que a produção em massa não seria o mais adequado à realidade japonesa da época. As condições japonesas não eram as mesmas que as dos Estados Unidos, uma vez que, no período pós-guerra, os recursos eram escassos, e a Toyota passava por greves relacionadas à força de trabalho. Além de estudar a planta da Ford, Eiji Toyoda estudou o trabalho relativo à garantia da qualidade, da Deming, fundamentais ao desenvolvimento do Sistema Toyota de Produção. JAPÃO Como era grande a necessidade de um sistema evitando altos custos e garantindo menor rigidez na linha de produção, a partir de 1950, surgiu no Japão uma nova indústria automobilística que não era uma cópia da produção em massa, mas desenvolvia uma maneira nova de se produzir: a produção enxuta. Entre 1950 e 1975, Eiji Toyoda desenvolveu o Sistema Toyota de Produção, que se espalhou até o Ocidente, adquirindo outros nomes. Deve-se ressaltar que, até 1970, a Toyota não tinha um nome específico para sua estratégia de produção. Enfim, considerado o sistema mais eficiente de produção, o Sistema Toyota de Produção elevou a Toyota à maior empresa automobilística já conhecida até hoje. Princípio da minimização dos custos O primeiro conceito desenvolvido como base para o gerenciamento da produção no Sistema Toyota de Produção é o princípio da minimização dos custos, que vê a origem dos lucros por uma perspectiva totalmente diferente, ao invés de aderir à fórmula fácil: LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 25 Custo + Lucro = Preço de Venda Os produtores devem deixar que o mercado determine o preço, empregando a fórmula: Preço de Venda – Custo = Lucro Com essa abordagem, a única maneira de aumentar os lucros é por meio da redução dos custos. Esse é o fundamento sobre o qual todos os outros princípios se desenvolvem. Considerado, por muito tempo, um mal necessário, o estoque não recebeu a necessária atenção por parte da gerência de produção. Depois de questionado e considerado desperdício, o estoque foi sendo eliminado, surgindo o conceito Just in Time. Atenção Até chegar à sua atual condição, o Sistema Toyota de Produção evoluiu com repetidas tentativas e erros. Você observará os princípios básicos a partir dos quais esse sistema foi erguido: • Filosofia; • Metodologia; • Perspectivas. Produção contrapedido No passado, os sistemas de produção em grandes lotes geravam enormes estoques de produtos acabados, de modo que dúvidas em relação a essa prática levaram ao desenvolvimento da produção contrapedido como a melhor maneira de atender à demanda. Para atingir a produção contrapedido são necessárias duas medidas: LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 26 • Produção em lotes pequenos; • Ciclo de produção reduzido. As demandas da produção contrapedido geraram soluções para diversos problemas, entre as quais as operações de fluxo. Uma vez implementadas na linha de montagem, outra questão veio à tona: por que não usar essa técnica também nos processos iniciais? Desde então, o conceito de operações de fluxo foi aplicado com sucesso na usinagem, na prensagem, entre outros processos. Operações de fluxo integradas Àquela altura, no Sistema Toyota de Produção, ficou claro que as operações de fluxo seriam ainda mais efetivas se os processos iniciais fossem conectados diretamente à linha de montagem, e o próprio sistema evoluiu em direção às operações de fluxo totalmente integradas. Os tempos de trocas reduzidos são um pré-requisito indispensável para esse tipo de produção. O setup facilita resposta rápida a mudanças na demanda, com tempos reduzidos podendo ser automáticos ou utilizando métodos sem toques. Vejamos cada uma delas: Automáticos Empregam métodos de mínimos múltiplos comuns, isto é, a base do equipamento será dimensionada para trocas seguindo uma lógica matemática de combinação, o que permite a troca direta dos equipamentos sobre uma base única de transformação. Métodos sem toques Com base no provérbio japonês de que “a maneira mais fácil de mudar alguma coisa é não mudar absolutamente nada”, os métodos sem toques partem desse LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 27 princípio que descreve como melhorar os tempos de troca cuja base é supor que as trocas são evitáveis. O desenvolvimento de maneiras de produzir peças múltiplas sem efetuar trocas resulta em sistemas flexíveis e munidos de múltiplos recursos que não exigirão troca. Se as trocas de ferramentas ou matrizesforem realmente inevitáveis, os esforços devem ser voltados para desenvolver trocas automáticas com botões simples, facilmente acionáveis. Estoques zero e continuidade no fluxo Criada por quebras e defeitos, a instabilidade da produção gera a necessidade de estoques, de modo que, em um sistema de estoques zero, é de absoluta propriedade a eliminação desses fatores. Dessa forma, deve ser adotada uma política firme de interromper uma linha ou máquina, sempre que surja uma situação anormal. Para isso, são empregados sistemas de controle visuais como forma de transmitir, prontamente e de maneira facilmente compreensível, informações acerca de irregularidades. A fusão do balanceamento com a produção com estoques zero tornou-se um grande desafio no desenvolvimento do Sistema Toyota de Produção. Na produção com estoques zero, a ênfase na eliminação de estoques significa que as flutuações de carga têm impacto imediato no chão de fábrica, tornando- se frequentes a espera e os tempos de operação mais extensos. O uso de balanceamento e produção mista resolve a aparente contradição entre estoques zero e continuidade no fluxo da linha de produção. Operações de fluxo totalmente integradas foram alcançadas pela expansão do seu conceito, sendo superadas as tradicionais barreiras criadas pela divisão do trabalho em plantas e seções. Redução dos custos de mão de obra A redução dos custos de mão de obra transformou-se em outro foco na luta contra a perda. Foram implantadas algumas formas para minimizar o esforço do trabalhador no desempenho da sua tarefa como: LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 28 Melhorias nos movimentos de trabalho humanos Transferência dos movimentos humanos para as máquinas O passo seguinte foi passar as funções manuais de fixação, remoção e acionamento de chaves às máquinas. Apesar disso, ainda eram necessários operadores próximos às máquinas, demandando a automação: transferência das funções mentais humanas às máquinas. Nesse caso, as máquinas eram equipadas com dispositivos que não só detectavam situações anormais, mas também paravam a máquina, sempre que ocorriam irregularidades. Essa forma sistematizada de automação é chamada de pré-automação e representa uma evolução da mecanização rumo à automação. Operações As operações foram sendo aperfeiçoadas gradualmente, com operações-padrão determinadas a cada etapa. Ao mesmo tempo em que os desvios de um padrão específico eram verificados para manter o nível das operações, as operações- padrão eram impressas como roteiros de operações-padrão para que todos as vissem. Essa medida facilitou a melhoria contínua e acelerou ainda mais o desenvolvimento do sistema. O sistema básico de produção tomou forma, criando-se, por fim, para manter o nível de desenvolvimento e sustentar o funcionamento da produção como um todo, o Kanban: trata-se de um conceito relacionado à utilização de cartões para indicar o andamento dos fluxos de produção em empresas de fabricação em série. Nesses cartões são colocadas indicações sobre uma determinada tarefa: “para executar”, “em andamento” ou “finalizado”. A utilização de um sistema kanban permite um controle detalhado da produção com informações sobre quando, quanto e o que produzir. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 29 O sistema kanban tem o efeito de, gradualmente, aumentar a precisão de um sistema produtivo já que o ajuste do número de kanban eleva o nível do próprio sistema de produção. O Sistema Toyota de Produção tem como principais características: O princípio da minimização de custos. Melhor resposta à demanda por meio da produção contrapedido. Redução do custo de mão de obra. Uso de máquinas que sejam independentes dos trabalhadores. Acompanhando a construção desse sistema revolucionário de produção, o desenvolvimento do sistema kanban proporciona uma técnica de controle simples, poderosa e altamente flexível. Investigando as origens da produção convencional e derrubando crenças comumente aceitas, a Toyota transformou um sistema de produção tradicionalmente passivo e conciliatório e construiu um novo sistema calcado em conceitos jamais anteriormente utilizados. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 30 Inovação e melhoria contínua Investindo sempre na inovação, a montadora japonesa Toyota terá lançado, em abril de 2015, no Japão, o primeiro sedan movido a células de combustível de hidrogênio ao custo de sete milhões de ienes (70 mil dólares). O automóvel, que posteriormente será lançado nos Estados Unidos e na Europa por um preço ainda não definido, receberá subsídios públicos no Japão para estimular a compra por particulares, instituições e empresas. "Os veículos deste tipo não emitem dióxido de carbono (CO2)", como informou o diretor-geral adjunto da Toyota, Mitsuhisa Kato: "O hidrogênio é uma fonte alternativa especialmente promissora porque pode ser produzido a partir de várias energias primárias, incluindo a energia solar e a eólica". O veículo, que ainda está em fase de desenvolvimento, pode circular 700 quilômetros com apenas uma carga completa de hidrogênio, e sua venda ocorrerá em locais que tenham postos de recarga, principalmente na região de Tóquio, até serem construídos cem postos em todo o país. Etapas para a implantação do Sistema Toyota de Produção Implantar o Sistema Toyota de Produção não é uma tarefa simples e, para que esse trabalho seja realizado de forma efetiva, é preciso compreender os princípios nos quais esse sistema está embasado. Além disso, é importante empreender sua implantação somente após um claro entendimento de como as técnicas individuais se encaixam no quadro geral. Se o Sistema Toyota de Produção for adotado sem que esses preceitos sejam seguidos, não só os resultados ficarão aquém das expectativas, mas também os efeitos colaterais poderão induzir a equívocos nos processos de produção, gerando consequências indesejáveis. As etapas para a implantação do Sistema Toyota de Produção partem da preparação do terreno, seguindo as melhorias de todo o sistema de produção. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 31 O Sistema Toyota de Produção tem como meta efetuar entregas no momento exato, com o propósito de eliminar estoques. Esse objetivo está diretamente relacionado aos prazos de entregas e ciclos de produção. Para melhor apurar as necessidades dos clientes com vista às suas demandas, a pesquisa de mercado é uma forma de tornar as previsões mais precisas. Para atender seus objetivos, a empresa pode solicitar análises dos clientes, visando encomendas iguais às anteriores com base na expectativa de vida dos itens adquiridos no passado. Pode, também, analisar a tendência de mercado para desenvolver previsões futuras. Essas ações têm como finalidade identificar os eventos que antecedem a demanda real como uma forma de munir o fornecedor de informações para assim gerenciar o prazo de entrega. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 32 Preparação do terreno O Sistema Toyota de Produção faz do princípio de minimização dos custos a linha diretriz do seu estilo gerencial. Partindo da premissa que quem define o preço é o cliente final, a empresa só obterá maiores lucros se reduzir seus custos por meio da eliminação das perdas. A eliminação total das perdas requer uma revolução na forma de pensar o negócio. Na busca desse objetivo, o Sistema Toyota de Produção rejeita as ideias convencionais a respeito da produção baseada em projeções realizadas em grandes lotes, em favor da produção contrapedido e executada com lotes pequenos. Além do mais, exige uma rígida fidelidade ao princípio do estoque zero. Para a adoção do Sistema Toyota de Produção,todos os colaboradores da empresa, dos altos executivos ao trabalhador do chão de fábrica, deverão estar cientes de alguns objetivos, entre eles: • O entendimento sobre a importância dos processos e operações enxutos; • A eliminação de estoques ou de superprodução, entendendo-se por superprodução produzir muitas mercadorias. Processos e operações enxutos Requerendo maior programação e priorizando a produção de mercadorias antes do tempo, o Sistema Toyota de Produção é revolucionário já que se volta às várias causas subjacentes à necessidade de estoque. Se, anteriormente, as quebras de máquinas e os defeitos nos produtos eram vistos como incertezas, justificando excessiva produção de mercadorias para supri-las, com o pensamento Toyota, procedeu-se a uma contínua procura das causas das falhas e das incertezas do processo, no sentido de eliminá-las. No esforço de cortar custos de maneira geral, o Sistema Toyota de Produção leva a cabo reduções profundas no força de trabalho, promovendo o avanço na direção da automação. Além disso, persegue essa meta sem necessariamente LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 33 elevar as taxas de operações das máquinas. As operações simultâneas de máquinas são usadas com o objetivo de equilibrar a linha e reduzir o tempo total da produção. Com relação às quebras e defeitos, é necessária a tomada de medidas fundamentais, com o propósito de prevenir a reincidência do fato. Para se conseguir isso é de extrema importância o comprometimento da alta gerência em parar máquinas e linhas de produção caso seja necessário. Melhoria do sistema de produção O conhecimento dos conceitos subjacentes às técnicas do Sistema Toyota de Produção é crucial para o sucesso na sua implantação. Um desses conceitos é o estoque zero, meta fundamental desse sistema. Nas condições reais de trabalho, o estoque: Proporciona um amortecimento entre oferta e demanda. Protege a empresa contra eventuais falhas do processo produtivo. Protege a empresa de outras irregularidades relativas às programações e prazos de entrega. Uma mudança abrupta para a produção com estoques zero iria, provavelmente, resultar em grande transtorno no chão de fábrica. Não é o fato de simplesmente reduzir estoques, mas de evoluir os processos produtivos para minimizar a necessidade de estoques além dos níveis de segurança. Assim, em um processo de implementação do Sistema Toyota de Produção, é sensato usar o estoque de amortecimento durante os estágios iniciais dessa transição. Para isso, é importante: projetar uma quantidade razoável de estoques, guardá-los como amortecimento e, sem depender desse estoque, realizar um teste de produção. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 34 Além disso, é preciso trabalhar a produção de tal forma que, diariamente, todas as peças oriundas de fornecedores ou de processos sejam supridas em pequenos lotes e encaminhadas diretamente à linha de montagem. Atenção Esse processo requer a seguinte disciplina: “tomar emprestado” itens do estoque de amortecimento somente quando ocorrerem defeitos ou quebras no equipamento e repor no dia seguinte as quantidades emprestadas. Com o método de projeção de estoque, sabe-se exatamente quanto será necessário para servir como amortecimento nos níveis correntes de controle. Desse modo, os processos estarão seguros, já que existirá um estoque de proteção contra problemas imprevistos. Outro aspecto a ser ressaltado é que segurar os estoques em níveis baixos acelera as melhorias, uma vez que revela problemas anteriormente ocultos à sombra de estoques elevados. Para adotar o Sistema Toyota de Produção, um passo intermediário ideal é o estoque de amortecimento. A mudança da produção convencional para o Sistema Toyota de Produção deve ser feita de forma suave a fim de evitar os efeitos colaterais. Eliminação de superprodução Outra meta do Sistema Toyota de Produção é eliminar a superprodução e atingir a produção contrapedido. Para isso se faz necessária a produção em pequenos lotes, mas a troca de ferramentas e matrizes pode elevar o tempo de setup na linha de produção. O primeiro passo para a transformação dos setups é fazer a equipe acreditar que essa transformação é viável. Transformar a forma de pensar o desenvolvimento e a diversidade dos produtos é condição básica para o sucesso na redução dos tempos de troca de ferramentas e matrizes. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 35 Reduzir os ciclos de produção garante uma entrega rápida, o que é essencial ao Sistema Toyota de Produção, fazendo-se necessária, para isso, a equalização total da linha e a sincronização das operações de fluxo de peças unitárias para cada processo. O Sistema Toyota de Produção é direcionado à produção contrapedido e com estoque zero, capaz de satisfazer a demanda por entregas rápidas. Sua implantação deve ser realizada de forma contínua e programada a fim de evitar efeitos colaterais. A implementação desse sistema nos processos produtivos segue um caminho: Parte de uma filosofia do pensamento de longo prazo. Continua pela eliminação de perdas. Busca o envolvimento dos funcionários e parceiros através do respeito, desenvolvimento e superação dos desafios. Tudo isso se traduz na solução de problemas no processo e na produção. A aprendizagem organizacional é contínua pela incorporação da cultura japonesa do kaizen: “Hoje melhor do que ontem e pior do que amanhã”. Ou seja, o kaizen se traduz em melhoria contínua. Para os japoneses, cada dia que nasce, traz consigo a possibilidade real do aprimoramento. A figura a seguir explica de forma visual as etapas de implantação do Sistema Toyota de Produção. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 36 Princípios do Sistema Toyota de Produção Baseando suas decisões administrativas em uma filosofia de longo prazo como condição básica, mesmo em detrimento de metas financeiras de curto prazo, o Sistema Toyota de Produção tem como premissas: • Criar fluxos de processo para revelar problemas; • Utilizar sistemas de produção que evitam a superprodução; • Nivelar a carga de trabalho; • Cessar a linha quando há problemas de qualidade; • Padronizar tarefas para melhorar de forma contínua o trabalho; • Usar controle visual para que os problemas não passem despercebidos; • Usar tecnologias confiáveis e testadas. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 37 Com relação aos funcionários e parceiros, há a necessidade do desenvolvimento dos líderes quanto à filosofia geral do sistema, respeitando, desenvolvendo e desafiando pessoas, equipes e fornecedores. Por fim, no que se refere às soluções de problemas, o Sistema Toyota de Produção promove a aprendizagem organizacional de forma contínua através do conceito do kaizen. Somando-se a isso, não só promove o ver por si mesmo para compreender a situação e tomar decisões lentamente, por meio de consenso, mas também considera todas as opções e implementa a solução com rapidez, evitando reincidência de erros. Atividade proposta Vamos fazer uma atividade? A Toyota pode ter iniciado sua atividade de fabricante de automóveis como um seguidor, mas agora é um inovador. Em 1936, a Toyota admitiu ter baseado o design de seu primeiro carro no marco da Chrysler, o Airflow, e o motor, no Chevrolet 1933. Em 2000, quando lançou o primeiro automóvel híbrido elétrico- gasolina, o Prius, a Toyota foi a líder. Em 2002, quando a segunda geração do Prius chegou aos showrooms, as concessionárias receberam 10 mil pedidos antes mesmo que o carro estivesse disponível para venda; a GM anunciou, em seguida, que lançaria seus modelos híbridos no mercado. Uma grande razão por trás do sucesso daToyota é seu processo de fabricação. A combinação da Toyota de rapidez e flexibilidade é de classe mundial. Suas fábricas podem produzir oito modelos diferentes ao mesmo tempo, o que proporciona para a Toyota um grande aumento na produtividade e na resposta do mercado. A Toyota está de olho no topo. Leia no documento a02_t16.pdf mais detalhes sobre as estratégias da Toyota. Depois da leitura do texto, discuta as seguintes questões: • Quais são os fatores-chave para o sucesso da Toyota? • Em que pontos a Toyota está vulnerável? • Com o que deveria tomar cuidado? LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 38 Aprenda Mais Para saber mais sobre os assuntos estudados nesta aula, leia: • O sistema Toyota de Produção: Além da Produção em Grande Escala, de Taiichi Ohno; • Automação industrial e Sistemas de Produção, de Mikell P Groover; • O pensamento Toyota – Princípios de gestão para um crescimento duradouro, Shatoshi Hino. Referências SHINGO, Shigeo. O sistema Toyota de Produção do ponto de vista da Engenharia da Produção. Tradução Eduardo Schaan. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 1996. Exercícios de fixação Questão 1 São componentes do Sistema Toyota de Produção, exceto: a) Princípio da minimização dos custos. b) Utilização da ferramenta do 5s. c) Utilização da ferramenta <em>Kanban</em>. d) Aplicação dos conceitos de <em>Just in Time</em>. e) Principio da redução dos tempos de <em>setup</em>. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 39 Questão 2 O termo Kanban significa: a) Troca b) Melhoria c) Cartão d) Processo e) Fluxo Questão 3 O Sistema Toyota de Produção apresenta como características principais: a) O princípio da minimização de custos. b) Uma melhor resposta à demanda por meio da produção contrapedido. c) Aceita o desafio da redução do custo de mão de obra. d) Prioriza a segurança da produção por meio de níveis adequados de estoques. e) Reconhece vantagens de usar máquinas que sejam independentes dos trabalhadores. Questão 4 Assinale a alternativa incorreta. Setup é uma palavra usada na língua inglesa que, em português, pode significar configuração, instalação, organização ou rotulagem. a) O setup não é essencial para a produção em pequenos lotes. b) Os setups são efetivos porque facilitam a resposta rápida a mudanças na demanda. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 40 c) Os tempos de setups sempre precisarão ser reduzidos. d) Os setups podem ser automáticos ou se utilizar de métodos sem toques. e) Os automáticos empregam métodos de mínimos multiplos comum, uma lógica matemática de combinação. Questão 5 O Sistema Toyota de Produção apresenta como características principais o princípio da minimização de custos, melhor resposta à demanda por meio da produção contrapedido, aceita o desafio da redução do custo de mão de obra e reconhece vantagens de usar máquinas que sejam independentes dos trabalhadores. Leia as afirmativas a seguir e marque a opção correta: A) Acompanhando a construção desse sistema revolucionário de produção, o desenvolvimento do sistema Kanban proporciona uma técnica de controle simples, poderosa e altamente flexível. B) A Toyota transformou um sistema de produção tradicionalmente passivo e conciliatório, investigando as origens da produção convencional e derrubando crenças comumente aceitas para construir um novo sistema calcado em conceitos que jamais haviam sido antes utilizados. a) Ambas as afirmativas são corretas. b) Ambas as afirmativas são falsas. c) Apenas a afirmativa I é correta. d) Apenas a alternativa II é correta. e) A afirmativa I é correta e a II é falsa. Questão 6 Nos processos produtivos, o Sistema Toyota de Produção postula, exceto: LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 41 a) Criar fluxos de processo para trazer os problemas à tona. b) Utilizar sistemas de produção que evitam a superprodução. c) Nivelar a carga de trabalho e parar a linha quando houver problemas de qualidade. d) Padronizar tarefas para melhorar de forma contínua o trabalho. e) Evitar o controle visual para que os problemas passem despercebidos. Questão 7 O conhecimento dos conceitos por trás das Técnicas do Sistema Toyota de Produção é crucial para o sucesso na sua implantação. Uma meta fundamental desse sistema é o estoque zero. Leia as afirmativas a seguir e marque a opção correta: • Nas condições de trabalho reais, o estoque proporciona um amortecimento entre oferta e demanda, protege a empresa contra eventuais falhas do processo produtivo e outras irregularidades relativas as programações e prazos de entrega. • Uma mudança abrupta para a produção com estoques zero iria, provavelmente, resultar em grande confusão no chão-de-fábrica. • Não é o fato de reduzir os estoques simplesmente, e sim evoluir os processos produtivos para minimizar a necessidade de estoques além nos níveis de sergurança. a) As três alternativas são verdadeiras. b) Apenas as alternativas I e III são verdadeiras. c) Apenas as alternativas I e II são verdadeiras. d) Apenas as alternativas II e III são verdadeiras. e) As três alternativas são falsas. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 42 Questão 8 O Sistema Toyota de Produção é direcionado para a produção contrapedido. Com relação ao termo contrapedido é correto afirmar que: a) Contrapedido quer dizer que só se produz o que já está previsto para a venda. b) A implementação de técnicas como esta exige altos níveis de estoques. c) Uma condição para a boa funcionalidade da produção contrapedido é a implantação do 5S na linha de produção. d) Modelos contrapedidos na linha de produção real não dão certo. e) Modelos contrapedidos são de fácil aplicação e devem ser aplicados de forma rápida na linha de produção. Questão 9 A palavra Kaizen significa: a) Melhoria programada. b) Melhoria contínua. c) Melhoria planejada. d) Melhoria operacional. e) Melhoria técnica. Questão 10 Para que o Sistema Toyota de Produção seja implantado de forma efetiva há a necessidade de, exceto: a) Com relação aos funcionários e parceiros há a necessidade do desenvolvimento dos líderes com relação à filosofia geral do sistema, LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 43 respeitar, desenvolver e desafiar pessoas e equipes. Respeitar, desfiar e auxiliar os fornecedores. b) Há a necessidade de reduzir os ciclos de produção, garantindo uma entrega rápida, o que é essencial ao Sistema Toyota de Produção, para isso se faz necessário a equalização total da linha e a sincronização das operações de fluxo de peças unitárias para cada processso. c) É necessário usar o estoque de amortecimento durante estágios iniciais da transição de modelos produtivos convencionais para o modelo Toyota de Produção. d) É necessário o investimento em sistemas que auxiliem o controle de produção como o <em>Warehouse Management System</em> (WMS). e) É necessário promover a aprendizagem organizacional de forma contínua através do conceito do Kaizen. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 44 Aula 3: Logística contextualizada no varejo Introdução A globalização e os novos cenários competitivos obrigam as empresas a buscar estruturas logísticas cada vez mais flexíveis e que possuam habilidades para responder, de forma rápida, às novas necessidades das demandas geradas pelo consumo. Responder a essas novas demandas de forma solitária, principalmente com relação aos processos logísticos, é custoso e ineficiente. A partir dessa compreensão,muitas empresas priorizaram o estudo dos conceitos da cadeia logística, seus elos e otimizações. Hoje, percebem-se no mercado empresas que ofertam serviços logísticos nos vários elos da cadeia, criando as configurações de rede. Com esses novos serviços logísticos sendo ofertados, são viabilizadas no varejo novas configurações de negócios e modelos até bem pouco tempo inexistentes. Nesta aula, contextualizaremos o estudo da logística no varejo e nos serviços que permeiam toda a cadeia logística. Objetivo: 1. Examinar a logística contextualizada no varejo; 2. Descrever os serviços na cadeia logística. Conteúdo A Logística contextualizada no varejo Um bom produto e um preço adequado não são suficientes para assegurar vendas. É necessária a existência de uma maneira eficiente, como sistemas de distribuição, para conduzir os produtos até os compradores finais, proporcionando-lhes utilidade de tempo e lugar. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 45 Com a expansão do comércio eletrônico, a estrutura desses sistemas de distribuição, tradicionalmente simples e compostos por indústrias, atacadistas, varejistas, até a entrega ao consumidor final, está passando por profundas alterações. A história da troca de mercadorias começa após a autossuficiência: antigamente, as famílias produziam e fabricavam aquilo de que necessitavam para o seu consumo, de maneira que, com o tempo, foram surgindo as especializações e os excedentes de produção. Cada família especializava-se na produção de determinados produtos, gerando excedente, que eram trocados por produtos fabricados por outras famílias. Começaram, assim, a comercialização e a formação dos mercados. Seguindo com a história, surgiram a moeda e os primeiros intermediários como facilitadores das trocas. Caso não houvesse os intermediários para efetivar e facilitar as trocas, as transações seriam mais numerosas e de difícil realização. Por exemplo, apenas para garantir o arroz, o feijão, a carne, o pão e o leite, necessários à alimentação diária de sua família, um único indivíduo teria que realizar transações comerciais com cinco pessoas. Imagine essa situação no mercado contemporâneo, face à diversidade de tipos e produtos ofertados. Além de proporcionar benefícios de distribuição, de tempo e de utilidade de lugar, a participação do intermediário no processo de troca representa vantagens na redução do número de transações realizadas. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 46 Distribuição A distribuição engloba todo o fluxo das mercadorias, desde os produtores até os consumidores finais, e envolve basicamente duas áreas de decisões: Distribuição física Na distribuição física, são consideradas as decisões de transportes, armazenagens e distribuição, podendo-se dizer que são as decisões logísticas que envolvem o produto. Canais de distribuição Na determinação dos canais de distribuição, consideram-se as decisões referentes aos caminhos que os produtos devem seguir até chegar ao consumidor final. A figura a seguir apresenta as formas tradicionais de distribuição de produtos, que utilizam os canais de distribuição. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 47 A disponibilidade do produto, em resposta a uma necessidade dos clientes, é fator estratégico aos negócios do varejo. Ao se desenvolverem negócios varejistas, devem ser considerados: Custos com manutenção de estoques Movimentação e manuseio de materiais Armazenagem e transporte de mercadorias A administração varejista, como a de qualquer outro empreendimento, é de extrema importância, por isso administrá-la corretamente é uma necessidade inerente, como em qualquer negócio, exigindo flexibilidade e habilidade por parte dos gestores. Como atividade comercial responsável por providenciar mercadorias e serviços desejáveis pelos consumidores, o varejo se diferencia de outras modalidades de negócios pelo contato direto com esses consumidores. Para saber mais sobre sistema de distribuição e evolução do varejo, acesse o documento a03_t03.pdf. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 48 Classificação do varejo Hoje, o varejo pode ser classificado de várias maneiras, merecendo destaque a classificação realizada por Theodore N. Beckman: Lojas de departamentos Manuseando variados itens de mercadorias, como acessórios femininos, masculinos, infantis, domésticos, entre outros, as lojas de departamentos são várias em uma só, com diferentes especialidades sob o mesmo teto. A venda e a compra são departamentalizadas. Lojas independentes Com apenas um estabelecimento, geralmente especializadas, as lojas independentes constituem a grande maioria do comércio varejista, caracterizando-se pela simplicidade administrativa e pelo atendimento personalizado aos clientes, oferecendo artigos para presentes, móveis, floriculturas, entre outros. Lojas em cadeia As lojas em cadeia são definidas como um conjunto de lojas que operam no mesmo tipo de negócios conjuntamente com uma administração central. A vantagem desse tipo de estabelecimento é a economia em escala para compras de maiores quantidades. Cooperativas As cooperativas são agrupamentos de varejistas independentes, de forma que, embora cada um opere sua loja, certas decisões como compra e promoções são LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 49 tomadas em conjunto. A vantagem dessa formação é que possibilita aos independentes gozarem certos benefícios dos varejistas em cadeia, como preços reduzidos por compra em quantidades, status do cliente de maior porte e, consequentemente, maior atenção dos fornecedores. Lojas especializadas As lojas especializadas são formadas mais frequentemente por varejistas do tipo independente que oferecem aos consumidores uma linha única de produtos, ou produtos semelhantes, para o mesmo fim, como artigos esportivos, eletrodomésticos, joias. Em geral, têm um bom sortimento e apresentam vários estilos e opções de tamanho. Supermercados Os supermercados surgiram nos Estados Unidos, na década de 1930, e no Brasil, a partir da década de 1950. Ampliaram-se para o formato de hipermercados, em uma mistura dos conceitos de supermercados e lojas de descontos. Varejo não lojista Com várias formas de vender produtos e serviços diretamente aos consumidores, por meio de catálogos, revistas, telemarketing, canais de comunicação, pessoais, porta a porta, o varejo não lojista cresceu nos últimos vinte anos. Com o surgimento da internet, ocorreu um crescimento do comércio eletrônico, com a criação de home pages, sites, e-mail e redes sociais, por meio dos quais os varejistas, comunicando-se diretamente com os clientes, ofertam produtos e serviços. Atacadista LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 50 Distinguindo-se por não vender ao consumidor final e por comercializar produtos em maior quantidade que o varejo, o atacadista é um tipo de intermediário que geralmente compra direto do fabricante e vende a um intermediário varejista ou um usuário industrial. Configurações de distribuição Em alguns momentos, as configurações da distribuição podem gerar conflitos de canal. Quando, por exemplo, várias empresas atuam na transferência do fluxo de mercadorias que do fabricante ao consumidor final, surgem alguns conflitos de objetivos. O fabricante pode desejar que o atacadista venda preferencialmente seus produtos ou que os varejistas os exponham em locais privilegiados. Por outro lado, enquanto o atacadista pode preferir comercializar produtos que lhe deem maior retorno, os varejistas podem exigir entregas com menores prazos e produtos de qualidade superior. Nos canais dedistribuição, surgem lideranças de algumas empresas que passam a dominar o cenário de distribuição, determinando regras em muitos casos. Essa liderança pode ter, na sua origem, um varejista que será seguido por varejistas menores, ou mesmo por fabricantes. O conhecimento de lideranças no canal é importante para os intermediários ou fabricantes, já que qualquer inovação mercadológica será dirigida a esses líderes principais, para obtenção de melhores resultados e cooperação dos demais membros do canal. Novas formas de distribuição estão surgindo no mercado, e isso obriga os empresários a investigar suas diferentes modalidades. A distribuição direta, principalmente pela utilização do intermediário virtual, cresce a cada dia, apontando uma tendência de que, no futuro, grande parte da distribuição será LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 51 realizada por essa modalidade. Várias empresas nacionais já aderiram e outras estão aderindo às vendas pela internet como forma de distribuir seus produtos. Conceito de Logística A logística, de forma geral, é definida como a área da gestão responsável por prover recursos, equipamentos e informações para a execução de todas as atividades operativas de uma empresa. De forma específica ela é o conjunto de atividades baseadas na eficiente movimentação de produtos acabados da linha de produção ao cliente final, incluindo, em alguns casos, a movimentação de matérias-primas do fornecedor ao início do processo produtivo. Essas atividades incluem transporte, armazenamento, administração de materiais, embalagens protetoras, controle de inventário, previsão de vendas e serviços a clientes. A figura a seguir sintetiza o conceito da logística: do ponto de vista do consumo, a logística é a parte do gerenciamento da cadeia de abastecimento que planeja, implementa e controla o fluxo e o armazenamento eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semiacabados e produtos acabados, bem como as informações relativas aos mesmos, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 52 Atenção A história moderna da logística divide a evolução dos conceitos logísticos em cinco Eras ou etapas principais: • Era “do campo ao mercado”, com início na virada do século XX; • Era “funções segmentadas”, que se estendeu de 1940 a 1960; • Era “funções integradas”, de 1960 a 1970; • Era “foco no cliente”, de 1970 a 1980; • Era “ênfase estratégica”, de 1980 até o presente. A quinta Era, também denominada “a logística como elemento diferenciador”, identifica os processos logísticos como sendo a última fronteira empresarial em que se podem explorar novas vantagens competitivas. Serviços na cadeia logística Observe a cadeia logística. Conforme é demonstrado na figura abaixo, ela abrange: O grupo de fornecedores supre as necessidades de uma empresa na criação e no desenvolvimento dos seus produtos. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 53 Pode-se entender esse aspecto como uma forma de colaboração entre fornecedores e consumidores para a criação de valor. Em contrapartida, a cadeia logística não está limitada ao fluxo de produtos ou informações no sentido Fornecedor → Cliente. Existe também um fluxo de informação, de reclamações e de produtos, entre outros, no sentido Cliente → Fornecedor. Existem, por fim, empresas na cadeia logística que desempenham funções diferentes, sendo umas produtoras, distribuidoras ou revendedoras, e outras individuais ou clientes (consumidores finais de um determinado produto). Gestão da cadeia de fornecimento Entregando aos clientes os produtos onde e quando eles desejam, os distribuidores protegem os produtores das flutuações da procura com o armazenamento de estoques. Enquanto os distribuidores são, particularmente, uma organização que controla estoques, que compra de produtores e depois vende aos consumidores, os clientes ou consumidores são organizações que compram ou usam um produto. Devido à acelerada evolução do mercado, hoje em dia, as configurações da cadeia logística não são mais lineares, pelo contrário, as configurações apresentam-se em rede com interligações de elementos cada vez mais complexas. A rede logística é composta de: LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 54 Fornecedores Armazéns Centros de distribuição Pontos de venda Atenção O cuidadoso gerenciamento da cadeia de fornecimento pode garantir ou impulsionar o faturamento e melhorar a percepção da empresa pelo consumidor. A eficiente implantação dos canais de distribuição em novos mercados importantes é fundamental para aumentar as vendas. Se a empresa fica atenta à fusão das cadeias de fornecimento, colhe os melhores resultados. Em muitos mercados, essa cadeia acaba sendo subestimada ou até mesmo menosprezada no início do planejamento. As matérias-primas, os estoques em processo e os produtos acabados fluem entre os componentes da rede. Envolvendo considerações de trade-offs, a melhor configuração da rede logística é aquela que promove o menor custo logístico total (incluindo custos de produção, estocagem, manuseio e custos fixos de armazenagem, custos de compra e transportes) sujeito ao nível de serviço e ao cliente desejado. Um aumento do número de armazéns, por exemplo, leva geralmente a: • Um aumento do nível de serviço, pela maior proximidade com o consumidor; • Um aumento dos custos de estocagem, pois o estoque fica duplicado em mais pontos; • Um aumento dos custos fixos de estocagem e de manuseio; LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 55 • Uma redução dos custos de entrega – outbound (consumidor mais próximo do depósito); • Um aumento dos custos de fornecimento para o depósito – inbound (maiores distâncias entre fornecedores, fábricas e depósitos). Atenção O projeto da rede logística pode determinar: • Número de armazéns; • Localização de cada armazém; • Tamanho de cada armazém; • Os canais de distribuição; • O tipo de produto que cada consumidor receberá de cada armazém, e que cada armazém receberá de cada fábrica; • Melhor modal para cada transporte a ser realizado; • A entrega (rotas, frequências). Canal logístico Constituído por vários elementos que formam a cadeia de distribuição, o canal logístico compreende o caminho percorrido pelo produto, desde sua origem e manufatura, até o varejista, sendo definido em função da estratégia competitiva adotada pela empresa. LEAN LOGISTICS, LOG. VAREJO E NEG. ELETRÔNICO 56 Nesse ponto, define-se a forma como será realizada a distribuição física dos produtos, o canal logístico e a topologia da rede logística. O canal logístico é de difícil alteração, mantendo-se fixo por longos períodos, uma vez que envolve outras empresas, agentes e acordos comerciais muitas vezes irrevogáveis no curto prazo. As decisões estratégicas envolvidas na definição do canal logístico são relativas à política de atendimento aos clientes, podendo ter como base a resposta rápida, ou a antecipação de demanda. Dois tipos de políticas de atendimento aos clientes exigem procedimentos diferentes: Políticas com posicionamento de respostas rápidas Valorizam os estoques mais centralizados, utilizam formas de transporte premium, (diferenciado, expresso) e sofrem uma pequena dependência de previsões de vendas. Políticas orientadas pela antecipação à demanda Exigem estoques descentralizados e utilização de transporte consolidado, sendo altamente sensíveis às previsões de demanda. Amplitude do canal logístico A amplitude
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