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Flexibilização de formalidades em testamento e direito real de habitação

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Aula8p2
	Resumo do julgado
Na elaboração de testamento particular, é possível sejam flexibilizadas as formalidades prescritas em lei na hipótese em que o documento foi assinado por testador e por testemunhas idôneas.
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1521371/MG, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 28/03/2017.
É possível flexibilizar as formalidades prescritas em lei no tocante ao testamento particular, de modo que a constatação de vício formal, por si só, não enseja a invalidação do ato, mormente quando demonstrada, por ocasião do ato, a capacidade mental do testador para livremente dispor de seus bens.
Nos termos do art. 1.879 do CC, permite-se seja confirmado, a critério do juiz, o testamento particular realizado de próprio punho pelo testador, sem a presença de testemunhas, quando há circunstância excepcional declarada na cédula.
As formalidades estabelecidas em lei para os testamentos possuem por finalidade precípua assegurar a higidez da manifestação de última vontade do testador e prevenir o testamento de posterior infirmação por terceiros. Assim, os requisitos formais, no caso dos testamentos, destinam-se a assegurar a veracidade e a espontaneidade das declarações de última vontade.
Todavia, se, por outro modo, for possível constatar, suficientemente, que a manifestação externada pelo testador deu-se de forma livre e consciente, correspondendo ao seu verdadeiro propósito, válido o testamento, encontrando-se, nessa hipótese, atendida a função dos requisitos formais, eventualmente inobservados (STJ. 3a Turma. REsp 1419726/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/12/2014).
Não existe art. 1790
	Resumo do julgado
Na falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge ou companheiro sobrevivente, não concorrendo com parentes colaterais do de cujus.
STJ. 3ª Turma. REsp 1357117-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/03/2018 (Info 622).
	Resumo do julgado
O reconhecimento do direito real de habitação, a que se refere o art. 1.831 do Código Civil, não pressupõe a inexistência de outros bens no patrimônio do cônjuge/companheiro sobrevivente. Em outras palavras, mesmo que o cônjuge ou companheiro sobrevivente possua outros bens, ele terá direito real de habitação.
Isso se justifica porque o objetivo da lei é permitir que o cônjuge/companheiro sobrevivente permaneça no mesmo imóvel familiar que residia ao tempo da morte como forma, não apenas de concretizar o direito constitucional à moradia, mas também por razões de ordem humanitária e social, já que não se pode negar a existência de vínculo afetivo e psicológico estabelecido pelos cônjuges/companheiros com o imóvel em que, no transcurso de sua convivência, constituíram não somente residência, mas um lar.
STJ. 3ª Turma. REsp 1582178-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 11/09/2018 (Info 633).
Resumo do julgado
Segundo decidiu o STJ, a viúva não pode opor o direito real de habitação aos irmãos de seu falecido cônjuge na hipótese em que eles forem, desde antes da abertura da sucessão, coproprietários do imóvel em que ela residia com o marido.
O direito real de habitação tem como essência a proteção do direito de moradia do cônjuge supérstite, dando aplicação ao princípio da solidariedade familiar. O legislador entendeu que os filhos devem, em nome da solidariedade familiar, garantir ao seu ascendente a manutenção do lar. Além disso, entendeu-se que, pela ordem natural da vida, os filhos provavelmente irão vier mais anos que o pai/mãe que terá o direito real de habitação. Assim, quando ele/ela morrer, os filhos poderão exercer, na sua plenitude, os poderes inerentes à propriedade que detêm.
Ocorre que, no caso em que o cônjuge sobrevivente residia em imóvel de copropriedade do cônjuge falecido com os irmãos, adquirida muito antes do óbito, deixa de ter razoabilidade toda a matriz sociológica e constitucional que justifica a concessão do direito real de habitação ao cônjuge sobrevivente, pois não há elos de solidariedade entre um cônjuge e os parentes do outro. Além do mais, se fosse admitido que a viúva continuasse a residir no imóvel estar-se-ia admitindo o direito real de habitação sobre imóvel de terceiros.
STJ. 3ª Turma. REsp 1184492-SE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 1º/4/2014 (Info 541).
	Resumo do julgado
É prescindível (dispensável) que o herdeiro necessário traga à colação o valor correspondente à ocupação e ao uso a título gratuito de imóvel que pertencia ao autor da herança.
Ex: Pedro possuía três filhos (Alberto, Rodrigo e Vanessa). Enquanto estava vivo, Pedro permitiu que sua filha ficasse morando, gratuitamente, em um apartamento que estava em seu nome. Pedro faleceu. Vanessa (herdeira necessária) não precisa trazer à colação o valor dos “alugueis” que ela deixou de pagar pelo fato de ter morado gratuitamente no imóvel.
O art. 2.002 do CC, ao tratar sobre a colação, fala em “doação”, o que não se confunde com comodato.
Da mesma forma, o empréstimo gratuito não pode ser considerado gasto, para os fins do art. 2.010 do CC, na medida em que o autor da herança nada despendeu em favor da herdeira a fim de justificar a necessidade de colação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1722691-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 12/03/2019 (Info 644).
Colação abrange doações (e não comodato)
Percebe-se que o pai tinha feito um comodato com a filha.
O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis (art. 579 do CC).
Ocorre que a colação não abrange os valores “economizados” pelo herdeiro beneficiário do comodato. O Código Civil não prevê isso.
A colação restringe-se aos bens doados a herdeiros e não a uso e ocupação a título de empréstimo gratuito (comodato).
Deixou ela morar la empréstimo gratuito comodato 
Resumo do julgado
A reserva da quarta parte da herança, prevista no art. 1.832 do Código Civil, não se aplica à hipótese de concorrência sucessória híbrida.
Concorrência sucessória híbrida ocorre quando o cônjuge/companheiro estiver concorrendo com descendentes comuns e com descendentes exclusivos do falecido. Ex: José faleceu e deixou como herdeiros Paula (cônjuge) e 5 filhos, sendo 3 filhos também de Paula e 2 de um outro casamento anterior de José. Paula e cada um dos demais herdeiros receberá 1/6 da herança.
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.
Assim, essa reserva de um quarto da herança, prevista no art. 1.832 do CC, não se aplica em caso de concorrência sucessória híbrida. A reserva de, no mínimo, 1/4 da herança em favor do consorte do falecido ocorrerá apenas quando concorra com seus próprios descendentes (e eles superem o número de 3).
STJ. 3ª Turma. REsp 1617650-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 11/06/2019 (Info 651).
	Resumo do julgado
Em execução de dívida divisível do autor da herança ajuizada após a partilha, cada herdeiro beneficiado pela sucessão responde na proporção da parte que lhes coube na herança.
Ex: João faleceu e deixou como únicos herdeiros seus cinco filhos. O patrimônio deixado por João foi equivalente a R$ 1 milhão, tendo cada filho herdado a quota parte de 20% desse valor. Depois de ter sido feito o inventário e a partilha dos bens, apareceu Mário cobrando uma dívida de R$ 500 mil da qual João era devedor. Mário terá que ingressar com a execução contra os cinco herdeiros e cada um responderia por 20% da dívida (proporcional à parte que coube a cada um). Logo, como a dívida total é R$ 500 mil, cada herdeiro somente poderia ser condenado a pagar, no máximo, R$ 100 mil.
STJ. 4ª Turma. REsp 1367942-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/5/2015 (Info 563).
Obs.: Obrigação solidária?
Obs2.: Obrigação indivisível?
Indivisível paga integralidade de bem não tem possibilidade de fracionar 
Perspectiva com credor o devedor deve integralidade da divida 
Temos chamada refração de credito 
Não tenho comofracionar pagar metade 
Regra geral não se tem forma prescrita 
Resumo do julgado
A lavratura de escritura pública é essencial à validade do ato praticado por viúva consistente na cessão gratuita, em favor dos herdeiros do falecido, de sua meação sobre imóvel inventariado cujo valor supere trinta salários mínimos, sendo insuficiente, para tanto, a redução a termo do ato nos autos do inventário.
STJ. 3ª Turma. REsp 1196992-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 6/8/2013 (Info 529).
Percebe-se que o ato de disposição patrimonial pretendido por Maria, ou seja, a cessão gratuita da sua meação em favor dos herdeiros, configura uma verdadeira doação, inclusive para fins tributários (STJ Ag 1165370, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 18.09.2009).
Em regra, a doação pode ser feita por escritura pública ou por instrumento particular (art. 541 do CC). Na hipótese em tela, deverá ser realizada por escritura pública em razão do direito real doado ser superior a 30 salários mínimos, conforme determina o art. 108 do CC.
Resumo do julgado
O art. 377 do CC-1916 previa que o filho adotivo, nessa situação, não tinha direito à sucessão hereditária. Essa regra vigorou e foi válida até a promulgação da CF/88, quando, então, não foi recepcionada pelo art. 227, § 6º.
Se a morte ocorreu antes da CF/88, o juiz, ao analisar se a pessoa tem ou não capacidade para suceder (ser herdeiro), deverá levar em consideração o art. 377 do CC-1916, não podendo ser aplicado retroativamente o disposto no art. 227, § 6º, da CF/88 para considerar o art. 377 inválido.
STF. Plenário. AR 1811/PB, rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 3/4/2014 (Info 741).
Resumo do julgado
O espólio de João tem legitimidade para pleitear judicialmente o valor da indenização do seguro?
SIM. O espólio possui legitimidade para ajuizar ação de cobrança de indenização securitária decorrente de invalidez permanente ocorrida antes da morte do segurado. Isso porque o direito à indenização de seguro por invalidez é meramente patrimonial, ou seja, submete-se à sucessão aberta com a morte do segurado, mesmo sem ação ajuizada pelo de cujus.
Assim, o espólio é parte legítima para a causa, pois possui legitimidade para as ações relativas a direitos e interesses do de cujus.
Ademais, não só os bens, mas também os direitos de natureza patrimonial titularizados pelo de cujus integram a herança e, assim, serão pelo espólio representados em juízo.
STJ. 3ª Turma. REsp 1335407-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 8/5/2014 (Info 542).
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Na elaboração de testamento particular, é possível sejam flexibilizadas as formalidades 
prescritas em lei na hipótese em que o documento foi assinado por testador e por 
testemunhas idônea
s.
 
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1521371/MG, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 28/03/2017.
 
É possível flexibilizar as formal
idades prescritas em lei no tocante ao testamento particular, de 
modo que a constatação de vício formal, por si só, não enseja a invalidação do ato, mormente 
quando demonstrada, por ocasião do ato, 
a capacidade mental do testador para livremente 
dispor de seus bens.
 
Nos termos do art. 1.879 do CC, permite
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se seja confirmado, a critério do juiz, o testamento 
particular realizad
o de próprio punho pelo testador, sem a presença de testemunhas, quando 
há circunstância excepcional declarada na cédula.
 
As formalidades estabelecidas em lei para os testamentos possuem por 
finalidade precípua 
assegurar a higidez da manifestação de última vontade do testador e prevenir o testamento de 
posterior infirmação por terceiros. Assim, os requisitos formais, no caso dos testamentos, 
destinam
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se a assegurar a veracidade e a espontaneid
ade das declarações de última vontade.
 
Todavia, se, por outro modo, 
for possível constatar, suficientemente, que a manifestaçã
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externada pelo testador deu
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se de forma livre e consciente, correspondendo ao seu 
verdadeiro propósito, válido o testamento, encontrando
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se, nessa hipótese, atendida a 
função dos requisitos formais, eventualmente inobservados
 
(STJ. 3a Turma. REsp 
1419726/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/12/2014).
 
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Na falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge ou 
companheiro sobrevivente, não concorrendo com parentes colaterais do de cujus.
 
STJ. 3ª Turma. REsp 1357117
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MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/03/2018 
(Info 622).
 
 
Resumo do julgado
 
O reconhecimento do direito real de habitação, a que se refere o art. 1.831 do Código Civil, 
não pressupõe a inexistência de outros bens no patrimônio do cônjuge/companheiro 
sobrevivente. Em outras palavras, mesmo que o cônjuge ou companheiro sobreviv
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possua outros bens, ele terá direito real de habitação.
 
Isso se justifica porque o objetivo da lei é permitir que o 
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permaneça no mesmo imóvel familiar que residia ao tempo da morte como forma, não 
apenas de concretizar o direito constitucional à moradia, mas também por razões de ordem 
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 Resumo do julgado 
Na elaboração de testamento particular, é possível sejam flexibilizadas as formalidades 
prescritas em lei na hipótese em que o documento foi assinado por testador e por 
testemunhas idôneas. 
STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1521371/MG, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 28/03/2017. 
É possível flexibilizar as formalidades prescritas em lei no tocante ao testamento particular, de 
modo que a constatação de vício formal, por si só, não enseja a invalidação do ato, mormente 
quando demonstrada, por ocasião do ato, a capacidade mental do testador para livremente 
dispor de seus bens. 
Nos termos do art. 1.879 do CC, permite-se seja confirmado, a critério do juiz, o testamento 
particular realizado de próprio punho pelo testador, sem a presença de testemunhas, quando 
há circunstância excepcional declarada na cédula. 
As formalidades estabelecidas em lei para os testamentos possuem por finalidade precípua 
assegurar a higidez da manifestação de última vontade do testador e prevenir o testamento de 
posterior infirmação por terceiros. Assim, os requisitos formais, no caso dos testamentos, 
destinam-se a assegurar a veracidade e a espontaneidade das declarações de última vontade. 
Todavia, se, por outro modo, for possível constatar, suficientemente, que a manifestação 
externada pelo testador deu-se de forma livre e consciente, correspondendo ao seu 
verdadeiro propósito, válido o testamento, encontrando-se, nessa hipótese, atendida a 
função dos requisitos formais, eventualmente inobservados (STJ. 3a Turma. REsp 
1419726/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/12/2014). 
Não existe art. 1790 
 
 Resumo do julgado 
Na falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge ou 
companheiro sobrevivente, não concorrendo com parentes colaterais do de cujus. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1357117-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/03/2018 
(Info 622). 
 Resumo do julgado 
O reconhecimento do direito real de habitação, a que se refere o art. 1.831 do Código Civil, 
não pressupõe a inexistência de outros bens no patrimônio do cônjuge/companheiro 
sobrevivente. Em outras palavras, mesmo que o cônjuge ou companheiro sobrevivente 
possua outros bens, ele terá direito real de habitação. 
Isso se justifica porque o objetivo da lei é permitir que o cônjuge/companheiro sobrevivente 
permaneça no mesmo imóvel familiar que residia ao tempo da morte como forma, não 
apenas de concretizar o direito constitucional à moradia, mas também por razões de ordem

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