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Benfeitorias e Pertenças no Direito Civil

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Aula17 - Luciano Masson - Das Benfeitorias e das Pertenças
Aula17 - Luciano Masson - Das Benfeitorias e das Pertenças
1. BENFEITORIAS
Nessa aula prosseguiremos nos estudos da parte geral do Direito Civil, falando, especificamente, sobre os bens. Vamos cuidar das benfeitorias e das pertenças, temas afetos a provas de concursos públicos, a começar pelas benfeitorias.
1.1. CONCEITO
As benfeitorias são acréscimos realizados em um bem móvel ou imóvel, que aumentam a sua utilidade e lhe causam um melhoramento. Embora sejam mais palpáveis as benfeitorias realizadas em bens imóveis, podemos citar como exemplo de uma benfeitoria em bem móvel o conserto de um veículo.
Esses acréscimos são decorrentes da atividade humana, portanto, de intervenção do proprietário, possuidor ou detentor do bem. O proprietário é aquele que detém o direito real de propriedade, ou seja, pode gozar, usar, reaver e dispor da coisa; o possuidor, por sua vez, é aquele que detém uma relação de fato com a coisa e dela usufrui como se proprietário fosse; já o detentor é aquele que detém o bem sob a sua custódia ou guarda, por conta de outrem, como o caseiro de uma chácara, por exemplo.
O artigo 97 do CC, dispõe, a contrário senso:
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
1.2. ESPÉCIES
Como muitos sabem, as benfeitorias podem ser classificadas em três espécies, nos termos do artigo 96 do CC:
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
Essa diferenciação é essencial à aplicação do artigo 1.219 e seguintes do Código Civil, que trazem o direito de retenção, dentre outros. Para compreendermos melhor, analisaremos uma a uma.
1. benfeitorias voluptuárias (de mero deleite ou recreio): são aquelas destinadas ao mero deleite e satisfação de quem as realiza, pelo que não acarretam em nenhuma melhoria à utilidade do bem. Repisa-se, essa espécie não aumenta o uso habitual do bem, ainda que o torne mais agradável ou seja de elevado valor, como a construção de uma cascata no imóvel.
2. benfeitorias úteis: são aquelas que facilitam ou aumentam o uso do bem. Por exemplo, o aumente da quantidade de quartos em um imóvel residencial ou comercial , EX ar condicionado em uma loja ,em ambiente tropical .
3. benfeitorias necessárias: são aquelas feitas para garantir o correto uso do bem, ou seja, a sua finalidade é a conservação ou preservação deste, como o conserto do telhado do imóvel.
Para identificação de cada espécie, é importante termos em mente o caso concreto, pois um mesmo acréscimo pode representar diferentes utilidades conforme o imóvel onde é realizado. Basta imaginarmos a construção de uma piscina para mero deleite do proprietário de um imóvel residencial, que configura uma benfeitoria voluptuária, versus a construção de uma piscina nova para um clube ou ginásio de esportes, que configura uma benfeitoria útil ou, até mesmo, necessária. Assim, a análise do bem também é relevante para identificarmos a espécie de benfeitoria em questão.
As benfeitorias divergem das acessões em razão do artigo 97 do CC. O referido artigo afasta a classificação como benfeitorias dos acréscimos que não sobrevenham de intervenção do proprietário, possuidor ou detentor e, como a acessão (ex.: aluvião ou avulsão) decorre de atividade natural, não se enquadra como tanto.
1.3. DA INDENIZAÇÃO PELAS BENFEITORIAS
O artigo 1.219 do CC cuida do direito de retenção, mas antes de partirmos para a sua leitura devemos ter clara a ideia de boa-fé. Podemos dizer que a boa-fé, no Código Civil, é um gênero dividido em duas espécies:
1. boa-fé objetiva: é decorrente do dever de lealdade e honestidade que permeiam os negócios jurídicos. Dela surgem os deveres anexos ou laterais nos contratos, como o dever de informação do vendedor para com o comprador. Vimos, quando estudamos a principiologia do Código Civil, que os seus três grandes princípios norteadores são a eticidade, a socialidade e a operabilidade. A boa-fé objetiva decorre do princípio da eticidade, dos deveres de ética.
2. boa-fé subjetiva: é o desconhecimento ou ignorância sobre uma determinada situação jurídica. Isto é, quem tem conhecimento do impedimento, foi notificado ou interpelado judicialmente, está de má-fé.
Diante do exposto, passamos ao artigo 1.219 do CC:
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
Os ensinamentos acima, conjugados com o dispositivo legal, nos permitem dizer que o possuidor de boa-fé, aquele que desconhece ou ignora o vício/impedimento ao execício da sua posse sobre o bem, tem direito a indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis feitas no imóvel. E, ainda, quando não indenizado, pode exercer o direito de retenção e, também, levantá-las, quando o puder sem detrimento (destruição ou deterioração) da coisa.
Em relação às benfeitorias voluptuárias, o possuidor de boa-fé pode levantá-las, ou seja, retirá-las, desde que não cause estrago a coisa. É o caso do sujeito que acrescentou ao imóvel uma estátua, esta pode ser retirada por ele, desde que não danifique o bem. O fundamento dessa previsão é a vedação ao enriquecimento ilícito do titular do direito relativo ao bem.
Para facilitar a visualização do possuidor de má-fé citamos o exemplo do locatário cujo contrato de locação foi encerrado. Este pode ser interpelado judicialmente para deixar o imóvel - medida dispensável, na medida em que está consciente da relação precária com bem de que é possuidor direito em razão do término do contrato. Assim, ele é um possuidor de má-fé porque tem conhecimento de que deve desocupar o imóvel - seja pelo término do contrato a prazo determinado ou pela notificação judicial.
O término do contrato, a notificação ou a interpelação judicial são mecanismos indispensáveis para conferir ao sujeito a condição de possuidor de boa ou de má-fé. Com efeito, essa condição determina quais serão as regras aplicáveis a cada um, regras distintas no que toca à indenização por benfeitorias.
Aos possuidores de má-fé aplicam-se as disposições do artigo 1.220 do CC:
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
Desse modo, ao possuidor de má-fé é assegurada, tão somente, a indenização pelas benfeitorias necessárias - aquelas que garantiam o uso do bem, como o conserto do telhado do bem imóvel ou o motor do veículo do bem móvel; sendo excluídos neste caso todos os direitos atribuídos ao possuidor de boa-fé. Trata-se de regra diametralmente oposta a do artigo 1.219 do CC.
ATENÇÃO: As benfeitorias necessárias devem ser indenizadas mesmo ao possuidor de má-fé porque elas são destinadas à conservação da coisa, evitando a sua perda ou deterioração (ex.: o conserto do telhado do bem imóvel ou o motor do veículo do bem móvel, que caso não sejam realizados impedem o uso da coisa). Mesmo o artigo 1.220 do CC tem como fundamento a vedação ao enriquecimento ilícito do titular do bem.
O Código Civil, ainda dentre as regras específicas para o possuidor de má-fé, avança dizendo que há a compensação das benfeitorias necessárias a que teria direito com os danos sofridos pelo reivindicante (artigo 1.221 do CC). Retomemos a hipótese do locatário, possuidor de má-fé de um bem imóvel, e suponhamos que ele tenha permanecido no bem 1 mês após findo o contrato de locação, quando realizou uma benfeitoria necessária. O reivindicante deverá abater das benfeitorias necessárias o valor do aluguel mensal, pois deixou de receber o valor do aluguel de terceiro - novo locatário.
Por último, conforme a dicção do artigo 1.222, do CC, o reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valoratual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual. Quanto ao possuidor de má-fé, isso significa dizer que o reivindicante pode optar entre o valor atual ou quanto custou a realização da benfeitoria necessária para fins de indenização.
Devemos estar muito atentos às regras abordadas, porque, embora simples, exigem a identificação da espécie de benfeitoria e a verificação da conduta do possuidor, como sendo de boa-fé ou má-fé. Neste aspecto, o enunciado das questões deve ser claro ao ilustrar situações como interpelação judicial, notificação - seja via eletrônica ou AR, vencimento do contrato no prazo, dentre outros indicativos da má-fé do possuidor.
2. DAS PERTENÇAS
As pertenças representam uma inovação do Código Civil de 2002, porque não estavam previstas no Código anterior, 1916. Para entendermos melhor esse instituto, devemos retomar as classificações dos bens, em especial o bem principal e o acessório.
Estudamos uma regra segundo a qual o bem acessório segue o mesmo destino do bem principal, pelo princípio da gravitação jurídica. Isso ocorre mesmo diante do silêncio do contrato ou da ausência de avença, o que pode ser ilustrado pela compra e venda de um veículo com toca fitas. Nesse caso, se o contrato é silente, o toca fitas é acessório, portanto, seguirá a destinação do principal, estando previsto de forma implícita no contrato. princípio de gravitação jurídica, 
Na pertença, temos bens destinados ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outros bens, sendo certo que, a estes não se aplica a regra regida pelo princípio da gravitação jurídica. Ou seja, no silêncio, um contrato envolvendo estes bens não incluirá a pertença.
No silencio do contrato 
ATENÇÃO: Com a pertença não há uma relação de principal e acessório. Ela serve ao uso, ao serviço, ao aformosamento de outro bem, mas a ela não se aplica o princípio da gravitação jurídica. Portanto, para que esteja incluída no negócio jurídico deve haver menção expressa.
2.1. CONCEITO
O artigo 93 do CC traz o conceito de forma clara:
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Dois grandes exemplos que nos permitem identificar esse instituto são, a uma, o trator em relação ao bem imóvel rural e, a duas, o ar-condicionado em relação ao apartamento. O STJ decidiu que o ar-condicionado é uma pertença, pelo que se o contrato de compra e venda do imóvel se mantiver silente quanto a sua existência, ele não estará incluso no negócio. Enfim, tanto o trator, quanto o ar-condicionado, estão afetador por forma duradoura ao serviço ou ornamentação de outro bem.
Por sua vez, o artigo 94 do CC, reforçando o afastamento da gravitação jurídica, dispõe:
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
Não há, assim, relação de principal e acessório, com exceção das três hipóteses elencadas na letra da lei.
Sobre o tema merece destaque o Enunciado 535 do CJF:
Enunciado 535, CJF: Para a existência da pertença, o art. 93 do Código Civil não exige elemento subjetivo como requisito para o ato de destinação.
Finalmente, devemos pontuar a diferença entre pertença e parte integrante. De acordo com a professora Maria Helena Diniz, partes integrantes "são acessórios que, unidos ao principal, forma com ele um todo, sendo desprovidas de existência material própria, embora mantenham sua identidade". Por exemplo, a lâmpada de um lustre.
Já a diferença da pertença para os frutos e para a acessão é descrita com maestria pelo professor José Fernando Simão. Frutos são aqueles bens acessórios produzidos periodicamente pela coisa, cuja percepção e consumo não alteram a substância da coisa principal frugívoro. São frutos aqueles produzidos pela força orgânica (ex.: bezerro, carneiro, maçã, laranja); industriais os produzidos pela arte humana (ex.: tecido produzido pelo tear) e civis aqueles produzidos pela coisa em razão de cessão remunerada da posse (ex.: rendimentos, juros, aluguel).
As acessões, a seu turno, podem ser acréscimos naturais (sem intervenção do homem), como o aluvião e a avulsão, ou mesmo artificiais, como as plantações e as construções novas que aderem ao bem principal onde nada existia anteriormente. Repisa-se, a pertença não adere ao bem principal, não se aplicando a ela a gravitação jurídica.
Para concluirmos, vamos resolver a questão abaixo:
2013 - FGV - ÓRGÃO - TJ-AM - JUIZ
As pertenças, de acordo com o Código Civil, são definidas como:
a) os bens públicos que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
b) os bens de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor
c) os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
d) os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais.
e) os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação
COMENTÁRIO DA QUESTÃO
Para resolução dessa questão a banca exigia do candidato o conhecimento do artigo 93 do Código Civil.
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta, pois traz a descrição das benfeitorias voluptuárias.
C) Alternativa CORRETA, nos termos do artigo 93 do CC.
D) Alternativa incorreta, pois traz a ideia de parte integrante, que, como vimos, não se confunde com a pertença.
E) Alternativa incorreta, pois traz a descrição dos bens consumíveis.
1
Exemplo clássico do professor Carlo Roberto Gonçalves.
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Direito Civil
Aula18 - Luciano Masson - Dos Bens Públicos, da Usucapião de Bens Públicos
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