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Texto 16 Fichamento LOPES, LÍGIA

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Lopes, L. C. P. Visita domiciliar: a dimensão psicológica do espaço habitado in Ancona-Lopez, S., Psicodiagnóstico Interventivo: a evolução de uma prática. São Paulo: Cortez, 2013. Cap. VIII. p. 143-165 
	 
TEXTO 16
 
Nome: Juliano Calegari.
RA: D07FDH-8
Data: 27/04/2020
Lopes (2013) traz à vista a diversidade de aspectos que podem surgir na visita domiciliar, ressaltando que esta não é obrigatória, caso o paciente não aceite a proposta, compreende que a casa do paciente é parte constituinte dele, onde atribui-se significados, onde se interage com terceiros e com a própria residência. A autora reafirma a necessidade, e não obrigatoriedade, fazendo uma alusão com a técnica em outras áreas do conhecimento, como na medicina ou fisioterapia (2013, p. 144).
O objetivo da visita domiciliar é não apenas entrar em contato com as relações que a criança tem no dia a dia e com eventuais convidados, mas também compreender como se da essa relação, qual lugar essa criança representa no convívio familiar, e até a influencia do ambiente sobre o desenvolvimento dela ou sobre a relação com a demanda levada (2013, p. 147). A presença do terapeuta no espaço que a criança está inserida, permite verificar aspectos que antes eram ocultados, as vezes sem intenção, pelos pais e pela própria criança (2013, p. 149); em um de seus casos, a autora recebeu uma queixa de agressividade, e durante o atendimento com os pais e depois individualmente com a criança alguns possíveis influenciadores emergiram, então, com a visita domiciliar, ela percebe que alguns aspectos levantados da queixa dos pais e de sua história se faziam claramente presentes na residência (2013, p. 149-150); durante uma sessão, os pais comentaram que o filho não foi planejado, e que anteriormente nenhum deles tinha desejo de serem pais, e ainda que a chegada do filho interrompeu o desenvolvimento profissional deles; com a visita à residência, a autora observou e relacionou a interrupção do desenvolvimento profissional com o fato do quarto da criança ser dividido com o escritório e pertences profissionais dos pais.
O ambiente de convívio da família possui diversos significados para, cada integrante os significados são diferentes. O sujeito projeta sobre o ambiente o seu mundo interno, o que promove associações, oferecendo uma via de mão dupla entre mundo interno e externo, eu e mundo (2013, p. 161); o ambiente pode carregar recordações e experiências individuais ou coletivas. Pode-se, então, compreender que o ambiente, assim como aspectos de comunicação, relacionamentos e outros, é um grande influenciador na subjetividade do sujeito, sendo este capaz de atribuir significados ao espaço e também de receber estímulos influenciadores por aspectos atribuídos inconscientemente, dai a importância e relevância da visita do terapeuta ao domicilio, pois assim é possível inserir-se na realidade da criança de forma mais presente e real.
O objetivo do capítulo se refere a apresentar e esclarecer a colagem como forma de intervenção no psicodiagnóstico. Os autores apresentam ao leitor a oportunidade de compreender como que quando é mais indicado o uso deste tipo de intervenção, dando ênfase ao fato de que, quando utilizado em sessões posteriores, depois do contato com a criança, devemos nos atentar nas interpretações que fazemos dos aspectos a serem observados na intervenção, e também na qualidade e quantidade de opções recordadas pelos estagiários, para que estes não disponibilizem opções de recorte que são influenciadas pelo já experienciando durante sessões anteriores (p. 112).
Ferreira (et al p. 114 e 120) descreve também vários pontos a serem observados pelo psicólogo durante a aplicação da intervenção, e em seguida, cita alguns exemplos de casos. Um menino de 9 anos de idade, representou a si na cartolina com apenas duas imagens, deixando em evidencia um grande espaço sem uso na cartolina, evidenciando uma autoimagem empobrecida ou distorcida. Este caso de exemplo utilizado, cita um dos aspectos a serem analisados, o espaço em branco na cartolina em sua representação de “eu” e família, e abre caminho para que citemos outros derivados, como o tamanho das figuras escolhidas, podendo mostrar as figuras de maior autoridade ou afeto na família; a opção de, além da colagem, usar ferramentas disponíveis para desenho e escrita, ou até mesmo o não uso das colagens disponíveis, que pode significar que a criança está se opondo ao psicólogo (p. 124) ou resistência em realizar a tarefa pois esta pode representar experiências sensoriais primitivas(2013, p. 125, apud Oaklander, 1980, p. 131-136). Ouro aspecto de analise ressaltado pelos autores é a assinatura da criança em sua obra, o que costuma ser incomum, e quando acontece, significa que a criança é insegura e possui a necessidade de reafirmar sua identidade, ou que os pais não reconheçam sua obra no “jogo de adivinhação”, uma atividade proposta pelas crianças, que também possui caráter interventivo.
Pode-se perceber que o método interventivo da colagem tem fácil aceitação por parte dos pacientes, independente de sua faixa etária e/ou condição socioeconômica, devido a se referir a uma atividade já conhecida pela maioria, uma vez que esse método é muito empregado pela pedagogia em sala de aula. A psicologia compreende a colagem como tendo caráter projetivo, pois a técnica possibilita que o sujeito expresse seu mundo interno, mesmo que de forma inconsciente, permite expor seus medos, angústias e outros que atrapalham seu desenvolvimento em vários aspectos, a abre a possibilidade para a compreensão de aspectos subjetivos e até da relação familiar.
A autora trata da infância, da importância da criatividade e da fantasia nesta fase, e relaciona esses aspectos ao cuidado entre adulto/criança. Com a inserção da fantasia no acompanhamento psicológico, a criança projeta no brincar os seus sentimentos, e com o tempo relaciona essa projeção com a sua realidade, elas reconhecem os limites, pois experimentam as possibilidades (2000, p. 77). 
Tratando do cuidado em seu sentido de evitar o que atrapalha (2000, p. 80), o adulto se vê constantemente sendo chamado para a criança, em relação ao que ainda não é, ao que estar por vir, logo, ele vê a criança como uma obrigação; tenta prever as atitudes e comportamentos da criança, alertando sobre perigos e respostas a comportamentos que acham que a criança vai executar, assim, o adulto se torna uma espécie de condutor do desenvolvimento, e talvez até da personalidade, da criança. Todas suas ações tem efeito sobre a criança, o cuidado exagerado, que priva a criança do que pode dar errado (comportamentos e respostas desses que não afetem a integridade física, emocional ou psicológica da criança de forma agravada), pode gerar consequências no futuro do seu desenvolvimento, e essa linha do cuidado e cuidado exagerado é muito tênue. “Quando antecipa experiências ainda não descobertas, o adulto está ‘representando’ a criança na escolha destas experiências”(CYTRYNOWICZ, 2000, P. 81).
Segundo a autora, a representação não é algo natural nem obrigatória, mas sim uma possibilidade que deriva de caso para caso, e também da compreensão do caso, e a partir daí deve-se julgar quando é necessária a representação do adulto sobre o comportamento ou ação da criança. A autora exemplifica ainda alguns tipos de cuidado, dos quais podemos citar aqui: o cuidado autoritário, que impõe regras sem levar em consideração a realidade e subjetividade da criança com relação ao comportamento desejado; o cuidado que mima, que poupa de decepções e dificulta o desenvolvimento da criança; o cuidado que estimula, que provoca descobertas, que permite criar e desenvolver possibilidades fantasiosas, fazendo com que a criança possa experienciar diferentes possibilidades da realidade em que se insere; e o cuidado paciente, que se da de forma parecida ao cuidado que estimula, mas se mantém neutro, deixando que a criança tenha seu tempo para experimentar novas possibilidades, sem interferência para a criação desses possibilidadespor parte do adulto.(2000, p. 83). Dito isso, podemos dizer que quando o adulto se isenta, permitindo tudo, deixando tudo nas mãos da criança, esta perde a possibilidade de um apoio, perde seu instrumento basal, fica sem referencias, perdidas, sem saber o podem ou não, até que influencias externas lhes deem de forma significativamente mais bruta. A falta de expressão de sentimentos do adulto também afeta a criança, pois ela percebe o desconforto e confusão no que se trata dessa demonstração, e passa a se sentir da mesma forma com relação a si, sem a capacidade de demonstrar e exteriorizar suas alegrias, frustrações, medos e incômodos, tornando, no futuro, as relações pessoais muito mais complicadas.
Como resultado da compreensão das palavras de Cytrynowicz, podemos destacar a importância da avaliação da necessidade de representação que o adulto exerce sobre a criança, a análise aprofundada que essa representação pode causar na vida dela, e a compreensão de que, mesmo que pareça ao adulto que aquela frustração a ser experienciada pela criança pode ser demais para ela, nem sempre será verdade, pois as experiências de cada individuo são diferentes, e a compreensão dessas experiências também; para uma mesma experiência, diferentes observadores tiram diferentes conclusões.

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