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Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Bioenergética Aplicada ao Exercício Físico Tipos de Exercício (Aeróbio, Anaeróbio, Intermitente) Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Jefferson Comin Jonco Aquino Júnior Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • O Exercício Físico Aeróbio; • O Exercício Físico Anaeróbio; • O Exercício Físico Intermitente. Fonte: iStock/Getty Im ages Objetivos • Explorar os diferentes tipos de exercícios físicos e as suas implicações práticas; • Conhecer as diferentes respostas biológicas do organismo aos diferentes tipos de exercícios; • Integrar o conhecimento acerca dos sistemas bioenergéticos e os diferentes tipos de exercícios físicos; • Estimular o pensamento crítico através de diferentes visões da literatura científica. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Tipos de Exercício (Aeróbio, Anaeróbio, Intermitente) UNIDADE Tipos de Exercício (aeróbio, anaeróbio, intermitente) Contextualização Os exercícios físicos são o mote principal de diferentes profissionais da saúde atu- antes no mercado de trabalho. Seja na academia, no clube ou até mesmo em clínicas de reabilitação e hospitais, compete a nós o cuidado e a prescrição que atendam às necessidades de cada aluno. Com indivíduos tão únicos e com objetivos tão particulares, é preciso que o profis- sional a frente desses processos conheça bem os diferentes tipos de exercícios para atendê-los com o que há de melhor e mais seguro. Esta unidade tratará do exercício físico em suas diferentes faces: aeróbia, anaeróbia e intermitente; detalhando suas particularidades e adaptações promovidas por cada uma delas. 6 7 O Exercício Físico Aeróbio Segundo a definição do American College of Sports Medicine – ACSM (2017) o exercício aeróbio pode ser compreendido como “qualquer atividade que utiliza grandes grupos musculares, pode ser mantida de forma contínua e é de natureza rítmica”. Com base nessa informação, é possível inferir que o exercício aeróbio tem como caracterís- tica uma alta demanda energética, que é suprida através da adenosina trifosfato (ATP), fornecida através do metabolismo de aminoácidos, carboidratos e ácidos graxos. Como exemplo, correr, caminhar, nadar, pedalar, dentre outros. Além da classificação com base na predominância energética, o exercício físico ae- róbio também é caracterizado pela prevalência do recrutamento das fibras do tipo I, também chamadas de fibras contração lenta. Ricas em mitocôndrias e com maior ca- pacidade oxidativa, esse tipo de fibra apresenta, de modo geral, maior vascularização e capacidade de geração de energia em forma de ATP. O impacto do exercício aeróbio Adaptações metabólicas Mitocôndrias O exercício aeróbio requer um maior aporte de oxigênio para a sua realização, fazen- do com que ocorra um incremento no número e no tamanho das mitocôndrias presentes nas células musculares subsarcolemais e interfibrilares. Adicionalmente, sob a perspecti- va funcional, esse ganho corresponde à maior capacidade de geração de ATP. Além do ganho mitocondrial, esse tipo de exercício é capaz de promover, dentro de um curto espaço de tempo (5-10 dias de treinamento), o aumento das enzimas do sistema aeróbio em aproximadamente duas vezes. Essa adaptação reflete na melhora da capacidade aeróbia durante o exercício prolongado sem o acúmulo de lactato sanguíneo (MCARDLE et al., 2016). O aumento da atividade mitocondrial reflete também na síntese de suas proteínas, que passam a ser duas vezes mais produzidas. Metabolismo de gorduras Como já estudado anteriormente, o exercício aeróbio influi diretamente na capacida- de oxidativa do metabolismo sobre os ácidos graxos. A lipólise grandemente aumentada pelo exercício e pode ser explicada por meio de quatro mecanismos: 1. Melhor fluxo sanguíneo muscular O aumento do débito cardíaco, que estudaremos à frente, leva ao aumento do fluxo sanguíneo e, como resultado, podemos observar o processo de angiogênese. 7 UNIDADE Tipos de Exercício (aeróbio, anaeróbio, intermitente) O exercício é um importante gatilho para o recrutamento de componentes do sistema imunológico. No contexto da angiogênese, destaca-se a expressão do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), que atua estimulando a proliferação de células endoteliais. A movimentação decorrente do exercício aeróbio faz com que vasos sofram estresse mecânico (shear stress) devido às mudanças no comprimento do sarcômero durante as fases de contração e relaxamento. Essa perturbação está relacionada à produção de óxido nítrico (NO), um importante agente vasodilatador, que influi diretamente na reper- fusão vascular. 2. Aumento na quantidade de enzimas para a mobilização e o metabolismo de gorduras A capacidade oxidativa do músculo esquelético está relacionada à atividade mitocon- drial e às suas enzimas. Em um estudo clássico, Fink e Pollock (1976) demonstraram que a atividade máxima da enzima succinato desidrogenase (SDH) presente no músculo gastrocnêmio de maratonistas de elite foi substancialmente maior quando comparada a de atletas de meia-distância e destreinados (21,6; 17,7 e 6,4 μmol/μg, respectivamen- te). Tal ganho está associado ao aumento de VO2 e à oxidação de lipídios, diminuição da glicogenólise, o aumento na capacidade de manter a produção de lactato em estado estável e aumento na capacidade de sustentar a produção de energia oxidativa (resistên- cia aeróbia). 3. Melhora da capacidade respiratória das mitocôndrias das células musculares Como já abordado anteriormente, o exercício aeróbio promove o aumento do núme- ro e do tamanho das mitocôndrias presentes nas células musculares, como consequência ocorre a melhora de sua função energética observada na forma da cadeia respiratória (ou cadeia transportadora de elétrons), cujo produto final é a síntese de ATP. 4. Menor liberação de catecolaminas para a mesma potência absoluta O exercício físico crônico, isto é, quando praticado regularmente, está associado à diminuição dos hormônios adrenalina e noradrenalina. Esses hormônios são sabidamen- te relacionados à regulação da resposta do organismo ao estresse, além da atividade motora, no controle da função cardíaca, na liberação de insulina e lipólise. Adaptações musculoesqueléticas O exercício físico não leva à alteração do perfil metabólico das fibras musculares em grau significativo. O que acontece é o aprimoramento do potencial aeróbio presente em todas as fibras. A hipertrofia seletiva acontece dependendo do tipo de estímulo e treinamento ao qual o indivíduo se submeterá. Nesse sentido, é esperado encontrar em atletas de mo- dalidades aeróbias altamente treinados, fibras de contração lenta maiores que as de contração rápida. 8 9 A mioglobina é uma proteína cuja função está relacionada ao transporte de oxigênio pre- sente no músculo. Em animais, a quantidade dessa proteína está relacionada ao nível de atividade física praticada. Como exemplo, é encontrado um alto nívelde mioglobina nos músculos das patas de cães caçadores, o contrário do que se observa em cães domésticos. No entanto, os mesmos achados foram encontrados nos seres humanos, o que sugere que, caso a atividade física influa de fato nas mioglobinas, qualquer efeito é negligenciável, isto é, não significativo (MCARDLE et al., 2016). Adaptações cardiovasculares Hipertrofia cardíaca funcional O esforço oriundo do exercício aeróbio a longo prazo é capaz de promover alte- rações no tamanho e na estrutura do coração. Uma dessas alterações é observada na forma do aumento da cavidade ventricular esquerda, a chamada hipertrofia excêntrica, e no espessamento moderado de suas paredes (hipertrofia concêntrica). Tais ganhos são refletidos no aumento do volume cardíaco. É importante salientar que esses ganhos representam a melhora da função cardíaca, diferente da hipertrofia ocasionada por certas patologias como a hipertensão, que com o tempo passa a apresentar distensão e menor funcionalidade. Volume plasmático Naturalmente, em resposta às demandas exigidas pelo exercício físico, o organismo passa a apresentar um incremento de 12-20% no volume plasmático. Tal aumento refle- te na melhora do VO2max, transporte de O2, volume sistólico de ejeção, volume diastólico terminal, reserva circulatória e melhor capacidade de regulação térmica (MCARDLE et al., 2016). Frequência cardíaca É comum observar em indivíduos treinados, praticantes de atividades aeróbias, me- nor frequência cardíaca em repouso e em exercício, o que chamamos de bradicardia. Tal fato é justificado pela diminuição do ritmo de acionamento intrínseco do nódulo sino- atrial, que atua como um marca-passo, graças ao seu próprio potencial de ação baseado em estímulos elétricos. Volume sistólico Como visto em tópicos anteriores, o exercício aeróbio promove uma série de mudan- ças no que tange ao sistema cardiovascular. Podemos elencar a bradicardia, que, como consequência, leva ao aumento do tempo de enchimento diastólico, além da melhora do aspecto funcional, com a diminuição da rigidez arterial e do músculo cardíaco, e à melhora da sua função contrátil. Tais alterações convergem para o aumento do volume de ejeção sistólica, isso é, o volume de sangue a ser bombeado pelo ventrículo esquerdo 9 UNIDADE Tipos de Exercício (aeróbio, anaeróbio, intermitente) para o restante do corpo. Essa medida está relacionada intimamente com o VO2max do indivíduo; quanto maior o seu volume sistólico, maior será o seu consumo de oxigênio. Débito cardíaco É uma das principais adaptações ocasionadas pelo exercício aeróbio, que representa ganho da função cardiovascular. O débito cardíaco pode ser compreendido como o pro- duto da multiplicação entre a frequência cardíaca e o volume sistólico. Como abordado anteriormente, o indivíduo bem condicionado apresentará maior volume sistólico e isso refletirá em maior débito cardíaco diante de um esforço máximo, o que demonstra um incremento na questão da funcionalidade. Além de promover o aumento da eficiência do trabalho cardíaco, o exercício aeróbio também influi positivamente nos mecanismos de recuperação do débito cardíaco e em suas variáveis (frequência cardíaca e volume sistólico), acontecendo de forma mais rápi- da em indivíduos treinados. Pressão arterial O exercício físico aeróbio é capaz de influir positivamente na pressão arterial, sendo inclusive um importante recurso terapêutico para populações acometidas por determi- nadas patologias, como a própria hipertensão. Nesse sentido, o exercício aeróbio age na regulação das pressões sistólica e diastólica. O mecanismo por trás desse processo está associado à diminuição da atividade sim- pática do Sistema Nervoso concomitante à normalização dos vasos sanguíneos, o que leva a uma melhor perfusão periférica e acaba por reduzir a pressão arterial. Adicional- mente, o exercício aeróbio está relacionado às alterações na função renal, que, ao rea- lizar a secreção, reduz o volume líquido e elimina o sódio, reduzindo a pressão arterial. Adaptações pulmonares O exercício aeróbio promove um incremento na função respiratória, aumentando o volume corrente e diminuindo a sua frequência, o que impacta diretamente na capaci- dade de ventilação. Adicionalmente, o exercício aeróbio crônico é capaz de otimizar a função dos múscu- los inspiratórios, permitindo que o indivíduo suporte cargas maiores de treinamento sem que ocorra a fadiga, além de diminuir a produção da lactato pelos músculos inspiratórios durante o exercício prolongado de alta intensidade. Alterações na composição corporal Atualmente, a obesidade e o sobrepeso têm sido discutidos como uma epidemia em níveis globais, o que revela a urgência da tomada de medidas efetivas para alterar esse panorama. Sendo assim, o exercício físico aeróbio é proposto como uma importante ferramenta na redução da gordura corporal e na sua melhor distribuição, favorecendo a lipólise, como já abordado anteriormente. 10 11 Resposta imunológica O exercício físico é interpretado pelo sistema imunológico como uma perturbação da homeostase, que resulta em uma resposta, sendo essa influenciada por diversos fatores, como a intensidade e a duração do exercício, além das condições de saúde do indivíduo. Claramente, a presença de alguma patologia alterará o contexto da atuação do sistema imunológico (YUAN et al., 2018). De forma geral, o exercício físico agudo, realizado como uma sessão única, provoca o aumento da concentração de leucócitos na circulação. Esse fato é observado como parte da resposta inflamatória às lesões no tecido muscular, além da migração das células do tecido das células do tecido endotelial para o sangue, pelo processo de quimiotaxia, no qual células são recrutadas mediante a um estímulo químico. Os neutrófilos são células do sistema imunológico, classificadas como uma subpo- pulação de leucócitos. A sua atuação compreende fagocitar vírus e bactérias e realizar a chamada desgranulação desses corpos. Adicionalmente, os neutrófilos estão relacio- nados à expressão de citocinas, que atuam na modulação da resposta inflamatória, re- crutando outras células, tais como os macrófagos, as células dendríticas, a natural killer e linfócitos. Estudos apontam efeitos benéficos do exercício aeróbio em intensidade moderada (entre 50 a 65% do VO2máx) sobre o sistema imunológico, aumentando a expressão de importantes citocinas anti-inflamatórias como as interleucinas IL-10 e a IL-1RA. As in- terleucinas podem ser compreendidas como moléculas que intermedeiam a resposta pró ou anti-inflamatórias. Adicionalmente, o exercício nessas condições também é capaz de mobilizar as células do sistema imunológico, inclusive em condições patológicas como a asma e o câncer. Embora o exercício físico aeróbio moderado seja benéfico a indivíduos asmáticos, é impor- tante que o profissional seja bastante criterioso na prescrição e no acompanhamento. Para tal, recomenda-se seguir orientações e manter-se alinhado com os demais profissionais da saúde que acompanham o quem está praticando o exercício, a fim de evitar o broncoespasmo induzido por exercício. Em estudo de Pedersen et al. (2016), foi demonstrado em diferentes modelos expe- rimentais de câncer que animais ativos praticantes de atividade física aeróbia em roda apresentaram menor crescimento tumoral dada a mobilização de células natural killer (NK), mediante a epinefrina. A IL-6, liberada pelos músculos durante o exercício, atuaria na redistribuição e na infiltração dessas células no tumor. Adicionalmente, animais ativos apresentaram menor incidência de metástase pulmonar. 11 UNIDADE Tipos de Exercício (aeróbio, anaeróbio, intermitente) Figura 1 Fonte: Acervo do Conteudista Na Figura 1, podemos ver à direta, animais sedentários (CON) apresentaram tumores de maior volume, quando comparados aos animais que realizaram atividade física aeróbia (EX). Ao centro, temos um dotplot que indica que animaisdo grupo CON apresentaram aproximadamente 2x mais focos de metástase pulmonar do que os animais do grupo EX. À esquerda, as imagens representativas do gráfico, demonstrando a diferença da metásta- se nos pulmões entre os grupos CON e EX. Em oposição aos achados relacionados à intensidade moderada, o exercício aeróbio extenuante leva ao quadro de imunossupressão, no qual as respostas imunes do organis- mo são atenuadas, levando à exacerbação da resposta pró-inflamatória via citocinas e espécies reativas de oxigênio. Esse quadro acaba por gerar uma “janela de oportunidade”, aumentando o risco de infecções. Implicações para a prescrição de exercícios aeróbios O ACSM preconiza em seu último guideline, lançado em 2017, que todo adulto saudável entre 18 e 65 anos de idade deve realizar atividade física aeróbica de intensi- dade moderada por no mínimo 30 min, 5 dias por semana, podendo combiná-las entre exercícios moderados e intensos. Para a montagem de um programa de exercícios aeróbios, é importante levar em consideração variáveis pertinentes ao treinamento e a fatores intrínsecos ao indivíduo. Ao que tange o treinamento, deve-se levar em conta a frequência, a intensidade e a du- ração, margeando os objetivos da modalidade praticada. As adaptações esperadas devem corresponder ao princípio da especificidade, isso é, não pode se esperar aumento significativo de força quando se estiver aplicando um programa de corrida, por exemplo. O Exercício Físico Anaeróbio O exercício anaeróbico tem sido definido pelo ACSM (2017) como “atividade física intensa de curta duração, alimentada pelas fontes de energia dentro dos músculos em contração e independente do uso de oxigênio inalado como fonte de energia”. 12 13 Esse tipo de exercício é caracterizado pela predominância do uso do metabolismo anaeróbio, sendo ele classificado em sistema anaeróbio alático (ATP-CP) – utilizado em atividades de curtíssima duração (de 2 a 20 segundos) e alta intensidade – e sistema ana- eróbio lático (glicogenólise) – necessário para atividades curtas (mais de 20 segundos) e alta intensidade. Como exemplo, utiliza-se o sistema anaeróbio alático em atividades explosivas como provas de 100 m rasos no atletismo, 25 m na natação, um saque em uma partida de vo- leibol. Já o sistema anaeróbio lático se faz presente em provas de corrida (400-800 m) e natação (100-200 m). O exercício anaeróbio também possui como característica a predominância da utili- zação das fibras tipo II, subclassificadas em IIx e IIa, também denominadas fibras de con- tração rápida. Possuem capacidade de rápida geração de energia e menor tolerância à fadiga. Não são altamente vascularizadas e nem possuem alto número de mitocôndrias, como as fibras do tipo I, abordadas anteriormente; no entanto, esse fato não implica em seu potencial energético, uma vez que o sistema anaeróbio não depende de mitocôn- drias para a geração de ATP, pois essa ocorre no sarcoplasma – o citoplasma da célula muscular (MCARDLE et al., 2016). O impacto do exercício físico anaeróbio Adaptações cardiorrespiratórias Assim como na prática aeróbica, o exercício anaeróbio promove diversas adapta- ções no organismo. Quanto ao âmbito de alterações cardiorrespiratórias, em estudo de Saif e Alsenany (2015), foi realizada uma abordagem comparativa entre exercícios aeróbicos e anaeróbicos em indivíduos obesos. Como resultado, observou-se que o exercício ae- róbico melhora a aptidão cardiorrespiratória em indivíduos obesos com menor carga cardíaca, evidenciada pelo baixo consumo de oxigênio pelo miocárdio; enquanto que o exercício anaeróbico aumenta o trabalho cardíaco, mas é de difícil manutenção por longos períodos. Com esse desfecho, é possível concluir que o exercício anaeróbio é capaz de promo- ver incrementos no sistema cardiorrespiratório. No entanto, a duração do mesmo há de ser menor, levando em conta o caráter breve e exaustivo da atividade e o perfil do praticante, bem como o seu nível de condicionamento e aptidão física. Sabidamente, exercícios anaeróbios como corrida de curta duração e alta inten- sidade promovem o aumento do VO2 além da resposta pró-inflamatória, originada por meio do aumento de prostanóides (agentes pró-inflamatórios de origem lipídica) e catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) que, além de atuarem na regulação da resposta do organismo ao estresse, também acabam por influenciar a atividade do sistema imunológico. 13 UNIDADE Tipos de Exercício (aeróbio, anaeróbio, intermitente) Resposta imunológica Se a literatura científica tem explorado vastamente a influência do exercício aeróbio sobre o sistema imunológico, o mesmo não é observado em relação ao exercício anae- róbio. Como visto anteriormente, exercícios aeróbios em alta intensidade podem levar o indivíduo a um quadro de imunossupressão, no qual ocorre a diminuição da resposta imunológica. Logo, podemos inferir que o mesmo é observado em exercícios anaeró- bios, dada a intensidade da prática, no entanto, essa é uma conclusão errônea. Em um estudo proposto por Wolach et al. (2000), foi avaliado o efeito do exercício anaeróbio e aeróbio em relação à função neutrofílica de mulheres judocas e sedentá- rias. Houve um decréscimo significativo na quimiotaxia de neutrófilos 24 horas após o exercício aeróbio, em ambos os grupos, mas não houve diferença sob o ponto de vista funcional dessas células ou na produção de espécies reativas de oxigênio, como o superóxido. Os autores também não observaram mudanças significativas na função neu- trofílica após a realização de exercícios anaeróbios nos grupos de mulheres praticantes de judô e sedentárias. O resultado desse estudo nos leva a refletir sobre a relação intensidade versus volume de exercício, sendo o último um dos fatores que explicam o fato de que somente mu- lheres submetidas ao exercício aeróbio de maior volume tenham apresentado queda na quimiotaxia de neutrófilos. Alterações vasculares A alta intensidade sob a qual o organismo é colocado em prova durante cer- tas práticas anaeróbias pode levar o aumento da isquemia e da reperfusão, sendo elas definidas como a redução temporária da chegada do aporte sanguíneo e o seu retorno respectivamente. Alterações musculares As adaptações ocasionadas pelo exercício anaeróbio podem variar quanto ao tipo de modalidade em questão. Em exercícios de resistência de força, são observados, em até 96 horas pós-sessão, lesões nas fibras musculares dada a mecânica, o aumento da isque- mia e reperfusão, maiores níveis de prostanóides, proteólise, inflamação e desbalanço na homeostase dos níveis de cálcio no organismo. Formação de espécies reativas de oxigênio Em detrimento da perturbação provocada pela alta intensidade em condições anae- róbias do exercício, é de se esperar a formação de espécies reativas no organismo em resposta ao estresse oxidativo, além de outros mecanismos como a inflamação e a redu- ção parcial de oxigênio nas mitocôndrias, a isquemia e a reperfusão. São de maior destaque as espécies reativas de oxigênio, que, mediante ao processo de redução, isso é, o recebimento de elétrons, tornam-se moléculas instáveis e altamente 14 15 reativas, sendo capazes de doar ou receber elétrons de outras moléculas, agindo como agentes oxidantes ou redutores. A produção de espécies reativas de oxigênio pode trazer consequências danosas ao indivíduo, uma vez que essa leva ao dano tecidual através da produção de compos- tos tóxicos e lesivos. Adicionalmente, espécies reativas de oxigênio ocasionam danos a proteínas e ao DNA de células, promovendo alterações que podem levar a mutações. Em últimas instâncias, células mutadas podem se proliferar resultando no desenvolvi- mento de diferentes tipos de câncer. As espécies reativas de oxigênio são continuamente formadas em pequenas quanti- dades pelos processos normais do metabolismo. Portanto, é de se esperar que as células possuam mecanismos para mitigar seus efeitos agressores. Nesse sentido, o exercícioregular é capaz de promover um incremento nos mecanismos de defesa do músculo esquelético, a fim de protegê-lo contra as lesões produzidas pelas espécies reativas de oxigênio. Powers e Howley (2009) propõem que o treinamento de alta intensidade é capaz de aumentar o sistema de defesa antioxidante extracelular, minimizando assim os impactos da geração das espécies reativas de oxigênio. Síntese de lactato É importante lembrar que o sistema anaeróbio lático tem como predominância ener- gética a glicogenólise, necessária para atividades curtas (mais de 20 segundos) e alta intensidade. A partir desse processo, ocorre a formação de ATP necessário para o de- sempenho físico e, como consequência, há a liberação de NAD+. Ao se encontrarem com pares de hidrogênio (H+) não oxidados, ou seja, que não perderam elétrons ao longo da reação e mantêm a sua carga negativa, ocorre a combinação temporária do NADH e o piruvato, que mediante à ação da enzima lactato desidrogenase, têm-se como produto a formação de lactato. Figura 2 – Representação esquemática da formação do lactato Fonte: McArdle; et al., 2016 15 UNIDADE Tipos de Exercício (aeróbio, anaeróbio, intermitente) Como verificado na Figura 2, em condições fisiológicas no músculo, o lactato é for- mado mediante à combinação temporária de hidrogênios oriundos de NADH com o piruvato. Essa reação acaba por liberar moléculas de NAD que retornam ao ciclo para captar outros hidrogênios gerados na glicólise. A formação do lactato acontece mesmo em situações de repouso e exercício mode- rado. No entanto, nesses casos, o ritmo de produção é próximo ao de remoção, não permitindo o seu acúmulo. Durante o exercício anaeróbio lático, ocorre a exacerbação da produção de lactato, em um ritmo maior do que a capacidade de removê-lo. Como consequência, observa-se a diminuição do pH, a chamada acidose. Durante a acidose, os íons H+ acumulados atuam na inibição da liberação de cálcio (Ca2+) – lembrando que ele é fundamental para diversas funções biológicas, como a con- dução nervosa, a transmissão neuromuscular, a contração muscular, a manutenção do tônus da musculatura lisa vascular, o controle das enzimas envolvidas no metabolismo hepático do glicogênio, dentre outros. Adicionalmente, os íons H+ levam à inibição da atividade dos motoneurônios, além de interferirem no tempo de transição do estado de ligação das chamadas pontes cruzadas, as quais compreendem filamentos de miosina em interação com a actina. Mediante aos efeitos ocasionados pelo acúmulo do lactato, é possível inferir que há uma relação inversa entre o seu acúmulo e o pH intracelular. O valor do pH diminui progressivamente com o aumento da duração do exercício intenso. Tal fato é refletido diretamente na qualidade da execução de movimentos do indivíduo, que passa a apre- sentar redução ou falha no desempenho e fadiga. Implicações para a prescrição de exercícios anaeróbios É comum que o exercício anaeróbio seja prescrito de acordo com uma porcentagem do consumo máximo de oxigênio (VO2max) ou da frequência cardíaca máxima (FCmax). No entanto, essa forma de prescrição não coloca necessariamente os indivíduos em intensidades equivalentes. Além disso, alguns indivíduos podem estar acima e outros abaixo de limiares metabólicos, como o aeróbico e o anaeróbio em uma mesma porcen- tagem de VO2max ou FCmax. (MANN et al., 2013). Por essas razões, atualmente, preconiza-se que a intensidade do exercício seja pres- crita em relação à reserva de consumo de oxigênio (VO2R), reserva de frequência car- díaca (FCR) e os limiares anaeróbico e aeróbico, e não em relação ao VO2max ou FCmax. Porém, vale salientar que, para a mensuração de tais variáveis, é necessário avaliar a viabilidade e os custos de obtenção. Para alunos e atletas praticantes de exercícios anaeróbios láticos, é importante pen- sar em estratégias físicas e psicológicas que os possibilitem a ter melhor rendimento. Um dos elementos a serem aprimorados é a capacidade de remoção do lactato. McArdle et al. (2016) propõem que o atleta realize o exercício máximo por 1 minuto, seguido de repouso de 3 a 5 minutos e, então, o exercício máximo é realizado novamente por 1 minuto. Dessa forma, o indivíduo alcançaria níveis quase máximos de lactato, 16 17 promovendo assim uma adaptação. Adicionalmente, os autores sugerem também que o treinamento enfatize os grupos musculares específicos que necessitem de uma função anaeróbia aprimorada. Uma outra estratégia é a utilização de pausas ativas, uma vez que promovem uma re- moção mais rápida do lactato intramuscular, sangue e outros tecidos (GLADDEN, 2008). O registro do primeiro recorde nas provas dos 100 m rasos tem início com a fundação da Federação Internacional de Atletismo Amador (atual Associação Internacional de Fede- rações de Atletismo – IAAF, em inglês), no ano de 1912. Nesse ano, o americano Donald Lippincott realizou a prova em 10 segundos e 6 milésimos, sendo o primeiro recorde ofi- cialmente registrado pela entidade. Quase um século depois, Usain Bolt cravou um novo recorde mundial na mesma prova: a incrível marca de 9,58 segundos. Figura 3 – Gráfi co representativo da evolução das marcas e quebras de recordes desde a ofi cialização da prova dos 100 m junto à Associação Internacional de Federações de Atletismo Fonte: BBC Brasil, 2017 O Exercício Físico Intermitente Diferente do exercício contínuo, mais comumente prescrito, que envolve a manuten- ção de uma intensidade constante, o exercício físico intermitente proporciona a oscila- ção da intensidade, oferecendo uma ruptura com a regularidade muitas vezes monótona do treinamento contínuo, o que acaba sendo um atrativo para muitos praticantes, facili- tando a aderência ao programa de treinamento. Essa é uma das possíveis razões para o crescente número de alunos que buscam atividades como o treinamento intervalado de alta intensidade, conhecido popularmente como HIIT (do inglês, high intensity interval training); a modalidade foi elencada como a principal tendência fitness do ano de 2018 pela Worldwide Survey do ACSM. 17 UNIDADE Tipos de Exercício (aeróbio, anaeróbio, intermitente) Práticas que envolvem exercício físico intermitente ou intervalado, compreendem períodos alternados de maior e menor intensidades. Este fato reflete diretamente na utilização dos sistemas bioquímicos de geração de energia. Uma questão de nomenclatura... A ciência é um campo complexo e dinâmico, a qual envolve um verdadeiro esforço global para promover o progresso. Apesar do seu amplo espectro e das suas tentativas de se aproximar da sociedade, as principais publicações competem a revistas escritas em língua estrangeira, normalmente o inglês. Os termos HIIT, SIT E MCTI são formas de treinamento intervalado que permeiam diversos estudos a respeito do tema. Aqui discutiremos alguns deles, mas não sem antes nos familiarizarmos e compreendermos cada um. O mais famoso deles, e já apresentado o seu significado, é o HIIT. Ele consiste na realização de um esforço de alta intensidade, seguido de um breve período de atividade de menor dispêndio energético ou até mesmo repouso. Já o chamado SIT (do inglês, sprint intensity training) envolve estímulos mais breves, porém de máximo esforço (supramáximo), seguidos de um período maior de recuperação. Por fim, o MICT (moderate‐intensity continuous training) é definido como o clássico treinamento aeróbio contínuo, no qual não se apresentam alternâncias de intensidade e, consequentemente, nem variações no sistema energético utilizado durante o exercício. Figura 4 – Representação gráfi ca dos tipos de treinamento intervalados HIIT, SIT e MICT em relação ao tempo e à intensidade Fonte: Adaptado de Macinnis e Gibala (2017) Impacto do exercício físico intervalado Adaptações metabólicas Mitocôndrias As adaptações fisiológicas e os benefícios do treinamento intervalado estão intima- mente ligados à intensidade e duração dos intervalos de trabalho. Uma vez queo exer- cício intermitente promove uma alternância metabólica, é de se esperar que o indivíduo desenvolva adaptações de caráter anaeróbio e aeróbio. 18 19 Em relação às adaptações aeróbias, o exercício intermitente pode levar à biogênese de novas mitocôndrias, como demonstrado em estudo de MacInnis et al. (2016), no qual foi demonstrado o aumento de 25 a 35% do conteúdo mitocondrial após 6 a 7 sessões de HIIT ou SIT. Resposta hormonal O modelo HIIT de treinamento também é capaz de influir sobre a resposta endócrina de hormônios esteroides como a testosterona. Em estudo de Herbert et al. (2017), foi investiga- do os efeitos de um programa de seis semanas de HIIT de baixo volume em atletas do sexo masculino de categorias master (60 ± 5 anos). Dezessete sujeitos que atendiam aos critérios do estudo, realizaram nove sessões de HIIT durante seis semanas. Cada sessão consistia em executar seis sprints de 30 segundos a 40% do pico de potência, intercalados com 3 min de recuperação ativa. Os picos de potência absoluto (799 ± 205 W e 865 ± 211 W) e relativo (10,2 ± 2,0 W / kg e 11,0 ± 2,2 W / kg) aumentaram do pré para o pós-HIIT, respectiva- mente (P <0,001, Cohen’s d = 0,32 0,38). Nenhuma mudança significativa foi observada para a testosterona total (15,2 ± 4,2 nmol/L para 16,4 ± 3,3 nmol/L (P = 0,061, Cohen’s d = 0,32)), no entanto, foi observado um ligeiro aumento na testosterona livre após o treina- mento HIIT (pré 7,0 ± 1,2 ng/dL e após 7,5 ± 1,1 ng/dL) (P = 0,050, Cohen d = 0,40). O estudo conclui que o HIIT é capaz de influir positivamente em atletas masters, aumentando o pico de potência e aumentando a testosterona livre. Além de atuarem em hormônios esteroides, os exercícios físicos intervalados como o HIIT podem também influir positivamente na melhora da sensibilidade ao hormônio da insulina, na tolerância à glicose e no perfil lipídico Adaptações cardiorrespiratórias e vasculares Estudos demonstram que o HIIT pode melhorar o VO2max, a capacidade oxidativa dos músculos, o conteúdo de glicogênio muscular em repouso, o tamponamento iônico H+ e o tempo até atingir a exaustão (LAURSEN; JENKINS, 2002). Em uma meta-análise, Batacan e seus colaboradores (2016) abordaram os efeitos cardiometabólicos em adultos praticantes de HIIT. Para tal, foi realizada uma pesquisa sistemática no PubMed, que resultou em sessenta e cinco estudos de intervenção, publi- cados até outubro de 2015. Como resultado, o estudo demonstrou que a o treinamento HIIT de curta duração (<12 semanas) melhorou significativamente o consumo máximo de oxigênio (VO2máx; SMD 0,74, IC 95% 0,36 a 1,12; p <0,001), a pressão arterial diastólica (PAD; SMD -0,52, IC 95% - 0,89 a −0,16; p <0,01) e glicemia de jejum (SMD −0,35; IC95% −0,62 a −0,09; p <0,01) em populações com sobrepeso/obesidade. Em treinamentos de longo prazo, o HIIT (≥12 semanas) melhorou significativa- mente a circunferência da cintura (SMD -0,20, 95% CI -0,38 a -0,01; p <0,05), a porcentagem de gordura corporal (SMD -0,40, IC 95% -0,74 para - 0,06; p <0,05), VO2max (SMD 1,20, IC 95% 0,57 a 1,83; p <0,001), a frequência cardíaca em repouso (SMD −0,33, IC 95% −0,56 a −0,09; p <0,01) e a pressão arterial sistólica (SMD −0,35; 19 UNIDADE Tipos de Exercício (aeróbio, anaeróbio, intermitente) IC 95% −0,60 a −0,09; p <0,01) e PAD (SMD −0,38; IC95% −0,65 a −0,10; p <0,01) em populações com sobrepeso/obesidade. No estudo de Batacan e seus colaboradores (2016), o HIIT não demonstrou nenhum efeito sobre a insulina, perfil lipídico, proteína C reativa ou interleucina 6 em populações com sobrepeso/obesidade. No entanto, treinamentos de HIIT de curta ou o de longa duração podem aumentar o VO2max e melhorar alguns fatores de risco cardiometabólico em indivíduos com sobrepeso/obesidade. Sobre beneficiar parâmetros vasculares como a função endotelial, a redução da rigidez arterial e a melhoria da pressão arterial, que favorecem a reperfusão, o exercício inter- valado também se mostra eficiente (RAMOS et al., 2015). Em meta-análise, os autores utilizaram três importantes bases de dados eletrônicas (PubMed, Embase e MEDLINE) e pesquisaram estudos randomizados comparando o efeito de pelo menos 2 semanas de HIIT e MICT na função vascular, até o período de maio de 2014. Os protocolos do HIIT envolveram predominantemente exercícios aeróbicos em alta intensidade, intercalados com períodos de recuperação ativa ou passiva. Como resultado, o HIIT mostrou mais eficiência na melhora da função vascular da artéria braquial do que o treinamento MICT. Uma das possibilidades é a sua capacidade de influenciar positivamente a capacidade cardiorrespiratória, bem como atenuar os fatores de risco tradicionais para doença cardiovascular, como o estresse oxidativo, a inflamação e a resistência à insulina. Alterações na composição corporal Uma das grandes razões para a alta procura do HIIT é a suposta superioridade que a modalidade oferece em relação à perda de peso. Keating e colaboradores (2017) publi- caram uma meta-análise que compreendeu os artigos científicos dos principais bancos, publicados até 31 de agosto de 2016. Tais artigos deveriam abranger estudos com in- tervenções de treinamento com duração mínima de 4 semanas nas modalidades HIIT, SIT ou MICT. Dos 6.074 estudos selecionados, 31 se encaixaram nos critérios de inclusão pré- -estabelecidos. Como resultado, não foram identificadas diferenças entre as modalidades HIIT, SIT e MICT em relação à gordura corporal, avaliada em percentual de gordura corporal total (%), e massa gorda (kg). Análises comparando MICT com protocolos HIIT e SIT de menor duração e/ou gasto energético demonstram que nessas condições o trei- namento MICT tende a apresentar maior redução de gordura corporal total (p = 0,09). A meta-análise concluiu que os treinamentos de HIIT e SIT demonstram benefícios semelhantes ao de MICT para a redução da gordura corporal, embora o último não apresente a maneira mais eficiente em relação ao tempo. No entanto, nenhuma das modalidades de treinamento, seja o HIIT, o SIT ou o MICT, produziram reduções clini- camente significativas na gordura corporal a curto prazo, revelando a importância do treinamento a longo prazo para a promoção de adaptações. 20 21 Implicações para a prescrição de exercícios intermitentes É importante que o profissional se baseie na literatura científica para a prescrição de treinamentos de modo geral. A sensação midiática que o HIIT gerou propiciou que diver- sas pessoas passassem a propalar inverdades a cerca do assunto, muitas delas baseadas somente no conhecimento advindo do senso comum, isso é, de “achismos”. O Pubmed é um importante banco de dados repleto de publicações em língua in- glesa, basta procurar pelas palavras-chaves desejadas. Em português, o banco de dados Scielo também pode fornecer bons artigos. Figura 5 – Gráfi co representativo do aumento da estatura de indivíduos do gênero masculino com base no ano de nascimento ao longo do tempo em diferentes países Fonte: Adaptado de ourworldindata.org No gráfico apresentado na Figura 5, podemos acompanhar o aumento gradativo da média da estatura de indivíduos de diferentes nacionalidades ao longo do tempo. O avanço histórico de 1912 para os dias de hoje permitiu o desenvolvimento de no- vas tecnologias em diferentes âmbitos. A ciência do treinamento, bem como a utilização de recursos eletrônicos e prescrições personalizadas permitiram que atletas superassem marcas e recordes em feitos incríveis. A favor dos fatos, homens e mulheres nos dias atuais contam com a vantagem evolutiva de serem mais altos do que os seus antepassa- dos, graças à influência de fatores genéticos e ambientais. Tal ganho favorece à prática de inúmeros esportes, como o atletismo, o basquete, a natação, dentre outros. 21 UNIDADE Tipos de Exercício (aeróbio, anaeróbio, intermitente) Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Filmes Raça (2016)Para conhecer os métodos de treinamento utilizados no passado e ver as superações de um atleta dentro e fora das pistas de atletismo, assista ao filme Raça (2016). Visite Museu de Anatomia Humana Alfonso Bovero Em São Paulo (SP), é possível conhecer o corpo humano em seus mais diversos detalhes, incluindo o tecido muscular, no Museu de Anatomia Humana Alfonso Bovero. http://museu.icb.usp.br Livros Periodização: teoria e metodologia do treinamento Para saber mais sobre a montagem de programas de treinamento e as suas implicações, leia Periodização: teoria e metodologia do treinamento, publicado pela primeira vez no ano de 1999. O autor do livro, o romeno Tudor O. Bompa, é considerado o “pai” da periodização nos esportes. Leitura ACSM Ao lidar com populações que necessitam de maiores cuidados por conta de apresentarem certas patologias, a prescrição de exercícios deve ser bastante cautelosa. Para saber mais, acesse as publicações do ACSM: https://bit.ly/2ohjMt4 22 23 Referências AL SAIF, Amer; ALSENANY, Samira. Aerobic and anaerobic exercise training in obese adults. Journal of Physical Therapy Science, v. 27, n. 6, p. 1697- 1700, Jun 2015. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/ PMC4499963/>. Acesso em: 29 nov. 2018. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM). Benefits and Risks Associated with Physical Activity. ACSM’s Guidelines for Exercise Testing and Prescription. 10. ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2017. p. 2-18. BATACAN, Romeo Jr et al. Effects of high-intensity interval training on cardiometabolic health: a systematic review and meta-analysis of intervention studies. 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Physiological adaptations to interval training and the role of exercise intensity. The Journal of Physiology, v. 595, 23 UNIDADE Tipos de Exercício (aeróbio, anaeróbio, intermitente) n. 9, p. 2915-2930, May 2017. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/ pubmed/27748956>. Acesso em: 29 nov. 2018. MANN, Theresa; LAMBERTS, Robert P.; LAMBERT, Mike Ian. Methods of prescribing relative exercise intensity: physiological and practical considerations. Sports Medicine, v. 43, n. 7, p. 613-625, Jun 2013. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm. nih.gov/pubmed/23620244>. Acesso em: 29 nov. 2018. MCARDLE, William D.; KATCH, Frank I.; KATCH, Victor L. Fisiologia do Exercí- cio. Nutrição, Energia e Desempenho Humano. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. cap. 21, p. 465-505. PEDERSEN, Line et al. Voluntary Running Suppresses Tumor Growth through Epinephrine- and IL-6-Dependent NK Cell Mobilization and Redistribution. Cell Metabolism, v. 23, n. 3, p. 554-562, Mar 2016. 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