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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 2 SAÚDE DA MULHER.................................................................................. 5 3 ANATOMIA DO APARELHO GENITAL, URINÁRIO, MAMAS E DA PELE FEMININA ................................................................................................................. 12 3.1 Sistema urinário feminino ................................................................... 14 3.2 Mamas ................................................................................................ 19 3.3 Anatomia da pele ............................................................................... 21 3.4 Sistema linfático ................................................................................. 25 3.5 Componentes do Sistema Linfático .................................................... 27 4 INSUFICIÊNCIA VENO-LINFÁTICA, TROMBOSE VENOSA PROFUNDA.... .......................................................................................................... 30 5 DISFUNÇÕES DOS ORGÃOS PÉLVICOS E DO ASSOALHO PÉLVICO (PROLAPSO DE ORGÃOS PÉLVICOS, DOR PÉLVICA, INCONTINÊNCIA URINÁRIA E FECAL). ................................................................................................................. 32 6 CICLO GRAVÍDICOS- PUERPERAL: ASPECTOS FISIOLÓGICOS E DISFUNÇÕES MAIS RECORRENTES ..................................................................... 35 6.1 Alterações no sistema genital ............................................................. 36 6.2 Alterações no Sistema endócrino ....................................................... 37 6.3 Alterações no sistema tegumentar ..................................................... 39 6.4 Alterações no Sistema urinário ........................................................... 39 6.5 Alterações no Sistema musculoesquelético ....................................... 40 6.6 Alterações no Sistema respiratório ..................................................... 42 3 6.7 Alterações no Sistema nervoso central: aspectos psicoemocionais no ciclo gravídico-puerperal ........................................................................................ 42 7 PROGRAMAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER ............................ 43 7.1 Equipe de saúde da família ................................................................ 44 7.2 Qualidade da atenção à saúde da mulher .......................................... 45 7.3 Estratégia de saúde da família ........................................................... 46 8 PRINCIPAIS PROBLEMAS RELACIONADOS À SAÚDE DA MULHER .. 47 9 CONCLUSÃO ........................................................................................... 52 10 BIBLIOGRAFIAS ................................................................................... 53 11 BIBLIOGRAFIAS SUGERIDAS ............................................................. 58 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 SAÚDE DA MULHER Fonte: www.ufjf.br A assistência à saúde da mulher está organizada num programa do Ministério da Saúde, o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM). Este programa prevê a assistência à mulher de forma integrada, abordando-se as várias fases de sua vida, da adolescência à menopausa, incluindo a assistência ao pré- natal, parto e puerpério (ciclo gravídico-puerperal), planejamento familiar (ciclo reprodutivo), assistência clínico-ginecológica (prevenção e controle do câncer ginecológico e de mama e prevenção das DST) e climatério. O objetivo do programa é melhorar as condições de saúde da mulher e reduzir as taxas de morbidade e mortalidade maternas. Na maioria das sociedades, as relações de gênero são desiguais e se refletem nas leis, políticas, práticas sociais e pessoas (FONSECA, 2005 apud, COELHO, 2013). Na assistência clínico-ginecológica há especial preocupação com a prevenção do câncer de mama e do câncer cérvico-uterino. A ocorrência destes tipos de 6 neoplasias expressa a baixa cobertura dos exames preventivos e pouco investimento em atividades de educação em saúde. O câncer do colo do útero é uma doença possível de ser prevenida e curada. Entretanto, em nosso país representa a segunda causa de óbitos por neoplasia em mulheres, pois 70% dos casos diagnosticados já estão em fases avançadas. Ressalte- se, ainda, ser uma doença que incide mais em mulheres de baixo nível socioeconômico. Para reduzir a incidência e a mortalidade por câncer de colo do útero, o Ministério da Saúde desenvolveu o Programa Nacional de Controle de Câncer de Colo Uterino: o qual utiliza as estratégias de ações educativas e aumento da qualidade dos serviços prestados pelo sistema de saúde. Seu público-alvo são as mulheres entre 35 e 49 anos de idade, consideradas como a população de maior risco. As etapas do Programa de Prevenção de Câncer do Colo do Útero (PCCU) são: Recrutamento, consiste em um conjunto de ações educativas que visam aumentar o conhecimento da população-alvo sobre o câncer de colo do útero; Descrição detalhada das atribuições de cada profissional no controle e tratamento, bem como treinamento e reciclagem constantes dos profissionais; Coleta de material para o exame de Papanicolau (preventivo ou colpo citológico): consiste no preparo e orientação prévia da mulher, coleta do esfregaço, processamento e leitura do esfregaço no laboratório; Avaliação do resultado, tratamento e acompanhamento do tratamento do câncer de colo do útero, quando se fizer necessário. Este programa, como os demais, é operacionalizado pelas unidades básicas de saúde. O câncer de mama é um grave problema de saúde pública, responsável por significativo número de óbitos entre mulheres adultas. É, provavelmente, o câncer mais temido pelas mulheres, tanto por sua alta frequência como, sobretudo, pelo impacto psicológico que provoca, visto envolver negativamente as percepções da sexualidade e autoestima. 7 A principal e mais efetiva arma que contra ele dispomos é o seu diagnóstico precoce mediante realização do autoexame das mamas - procedimento que permite à mulher participar do controle de sua saúde, uma vez que possibilita a identificação precoce de quaisquer alterações das mamas. As questões referentes à saúde reprodutiva da mulher convergem para a abordagem sobre o exercício responsável do seu direito reprodutivo, como forma de vivenciar sua sexualidade e ter liberdade sobre a escolha de tornar-se mãe ou não. O Programa de Planejamento Familiar, do Ministério da Saúde,responsável pelo desenvolvimento das ações referentes ao ciclo reprodutivo, orienta-se especificamente por ações preventivas e educativas e pela garantia de acesso igualitário a informações, meios, métodos e técnicas disponíveis para a regulação da fecundidade, inclusive a esterilização voluntária - permitida tanto para homens como para mulheres com mais de 25 anos, ou pelo menos com dois filhos, ou quando há risco de vida à saúde da mulher ou do concepto. As ações básicas previstas neste Programa preconizam, ainda, que sejam repassadas informações sobre a anatomia e fisiologia do corpo feminino, métodos anticoncepcionais, seu funcionamento, vantagens e desvantagens – tudo isto realizado através de metodologia de práticas educativas e acesso a todos os métodos, para que a mulher possa fazer a opção que a ela melhor se adeque. Novos perfis com capacidade e habilidade profissionais para trabalho em equipe, compartilhamento de informações e valorização de aspectos como: escuta, acolhimento, vínculo e cuidado na perspectiva da integralidade (BRASIL, 2004 apud MERHY, 2010). A assistência à mulher durante as fases do ciclo gravídico-puerperal compreende todas as ações previstas no Programa de Assistência Pré-Natal, o qual deve ser estruturado com ações clínicas e educativas que visem garantir a saúde da mulher e de seu filho. Para operacionalizar essa assistência, há uma divisão pautada 8 nas fases do ciclo: pré-natal (gestação), parto e puerpério (período até 6 semanas após a gestação). O objetivo destas atividades relaciona-se à redução das complicações durante a gestação, que podem resultar em óbito materno e/ou fetal. No Brasil, os coeficientes de morte materna são considerados incompatíveis com o nível de desenvolvimento do país. Anualmente, cerca de 3.000 mulheres morrem em alguma fase do ciclo gravídico-puerperal, o que reflete desvalorização e desrespeito à vida, e baixa qualidade dos serviços de saúde. No puerpério, a mulher deve receber atendimento clínico e esclarecimentos sobre o retorno à vida sexual, planejamento familiar, incentivo ao aleitamento materno, práticas de puericultura e direitos previstos em lei para as mães que trabalham ou contribuem com a Previdência Social. Embora recente, as utilizações de estratégias voltadas para a assistência no puerpério devem ser rotineiramente implementadas, pois neste período há uma concentração de morbimortalidade para a mãe, expressa em distúrbios psíquicos, infecção vaginal, mastite e doenças circulatórias obstrutivas, entre outros sintomas. A assistência à saúde da mulher no climatério, visando promover uma vida digna nesta faixa etária, passou a ser uma necessidade devido ao aumento da expectativa de vida da população brasileira como um todo - para 75 anos de idade, em média. Esta fase do ciclo vital feminino indica que a mulher passou da fase reprodutiva, o que não significa o fim de sua sexualidade. É um período de transformações e ocorre entre os 40 e 65 anos. O climatério inicia-se gradualmente e está associado a uma série de alterações em decorrência da perda de atividade dos ovários, causando mudanças metabólicas (modificações das lipoproteínas), hormonais (queda progressiva dos níveis de estrogênio), genitais (ressecamento da mucosa vaginal) e psicológicas (depressão), por exemplo. Normalmente, não se faz necessário qualquer tratamento para a menopausa, mas sim acompanhamento às situações que possam oferecer algum risco à mulher 9 ou impliquem perda de sua autonomia e/ou comprometimento de sua integridade física (como a predisposição à osteoporose) e emocional (baixa autoestima, receio de “não ser mais mulher como era antes”). Como o climatério é um período de transição, é importante ressaltar a atenção que deve ser dada às questões reprodutivas pelo menos até um ano após a menopausa - pois uma gestação nessa fase se caracterizaria em risco de vida tanto para a gestante como para o concepto. Nesta faixa etária deve-se atentar para o aumento da ocorrência de DST/Aids. Por não mais se preocupar com a hipótese de uma possível gravidez, a mulher sente- se mais livre para os relacionamentos sexuais, ficando exposta a adquirir uma DST/Aids caso não adote comportamento seguro. Outro aspecto é o fato de a mulher viver um relacionamento duradouro e estável, o que a faz acreditar que não corre o risco de adoecer. Orientá-la nesta fase é sempre um desafio, pois suas opiniões já estão formadas, sendo mais difícil mudá-las. O projeto terapêutico construído coletivamente favorece o cuidado em saúde conforme as necessidades do usuário e os recursos disponíveis e ultrapassa a dimensão estritamente pedagógica (SLOMP JUNIOR, 2015, apud, TEIXEIRA, 2018). A assistência à mulher vítima de violência sexual tornou-se uma necessidade devido ao aumento, tanto nos espaços urbanos como nos rurais, da violência contra homens, mulheres e crianças. A segurança, assim como a saúde, é dever do Estado, mas há muitas barreiras para enfrentar tal problema, cujas causas residem principalmente nas condições de desigualdade social e falta dos recursos necessários para reduzir as desigualdades, e de investimentos na segurança propriamente dita. Dentre todas as formas, a violência contra a mulher, tanto física quanto sexual, vem se destacando. Muitas vezes, ocorre dentro de sua própria casa, realizada por alguém conhecido (pai, marido, irmão, namorado, etc.). 10 Ao ser procurado por uma mulher que sofreu violência, o profissional de saúde deve estar capacitado nos programas especiais de atenção, para garantir que o abuso por ela sofrido gere o mínimo de medo, culpa e baixa autoestima, seja nos aspectos físicos seja nos psicológicos. Além disso, o serviço de acompanhamento ginecológico e obstétrico das unidades de saúde deve estar estruturado para realizar as condutas e os encaminhamentos necessários. Durante o atendimento, é importante que os profissionais de saúde envolvidos sejam sensíveis às dificuldades que a mulher apresenta para relatar o acontecido, havendo inclusive recusa em ser assistida por profissionais do sexo masculino. Cabe neste momento reforçamos a necessidade de que seja prestado um atendimento humanizado, valorizando as questões subjetivas expressas pela mulher (sentimentos, medo, dúvidas, incertezas), procurando proporcionar-lhe algum conforto para que possa sentir-se menos constrangida diante de toda a situação em que está envolvida. A assistência a essa mulher compreende: Atendimento psicológico: a presença de um psicólogo acompanhando o atendimento prestado à vítima imediatamente após a agressão, ou durante algum período após, além de necessária é muito importante para garantir os resgates da identidade e dignidade da mulher, auxiliando-a na superação do sofrimento gerado; Prevenção das DST mais comuns: procurando garantir que a mulher não adquira algumas destas doenças, geralmente prescreve- se antibióticos de amplo espectro; Prevenção da hepatite B: deve ser oferecida vacinação contra a hepatite B, além da gamaglobulina hiperimune contra a hepatite B (HBIg); Prevenção da infecção pelo HIV: o médico deve prescrever os medicamentos antirretrovirais, desde que tomados num período curto (de 24 a 36 horas) após a exposição; Contracepção de emergência: recurso utilizado para evitar a ocorrência de uma gestação totalmente indesejada, decorrente de um ato de violência sexual. São 11 prescritos hormônios num prazo de até 72 horas após o ocorrido, para impedir a implantação, no endométrio, de um possível óvulo fecundado; Alívio da dor e tratamento das lesões: são indicados cremes ou pomadas para auxiliar na cicatrização das lesões, e cuidados para que a cliente se sinta menos desconfortável após a agressão. Às vezes, faz-se preciso realizar suturado períneo ou vulva, em decorrência da violência do ato sexual. Apoio laboratorial: é necessário que a vítima de violência sexual seja acompanhada para avaliação tanto das repercussões do ato sexual em seu corpo como da eficácia do tratamento instituído. Periodicamente, devem ser realizadas pesquisas do vírus da hepatite B e do HIV, e sorologia para sífilis; Exame de corpo delito: realizado por profissionais de saúde e por peritos policias, com coleta de sêmen e de outros materiais biológicos ou não, como cabelo, tecido de roupa e outros vestígios que possam viabilizar a identificação do agressor, quando este for desconhecido, constituindo-se em provas do crime. A violência física e sexual contra as mulheres resulta em expressivos custos econômicos e sociais, pode gerar graves consequências para a saúde mental e reprodutiva, assim como afetar também as crianças e o ambiente familiar. (WORLD, 2013 apud GARCIA, 2016). Apesar de todas as condutas implementadas, se a mulher vier a desenvolver alguma doença decorrente do ato sexual deve ter a garantia de que receberá tratamento. Questão fundamental é a gravidez indesejada decorrente de violência sexual. Este é um dos poucos casos em que a lei permite a interrupção da gravidez, mas é aconselhável que a mulher faça este procedimento com, no máximo, até 20 semanas de gestação; após este prazo pode vir a ter sérias complicações. Caso decida prosseguir com a gestação, a mulher deve ser encaminhada à assistência pré- natal. Se não quiser assumir a maternidade da criança, deve ser orientada quanto aos mecanismos disponíveis para o processo de adoção. 12 3 ANATOMIA DO APARELHO GENITAL, URINÁRIO, MAMAS E DA PELE FEMININA Fonte: www.brasilescola.uol.com.br Composta por três camadas, o assoalho pélvico é responsável por funções importantes, como: Sustentar os órgãos do assoalho pélvico e controlar funções importantes, como micção, evacuação ou a continência de urina e fezes. Camada muscular superior: É constituída pelos músculos levantadores do ânus e músculo coccígeo. Os músculos levantadores do ânus são divididos em: músculo pubovisceral, músculo pubococcígeo e músculo ileococcígeo. Eles se estendem do púbis ao cóccix e de uma parede lateral da pelve até a outra. Esse é o principal grupo muscular do assoalho pélvico e apresenta dupla função, sustentação dos órgãos pélvicos e deslocamento anterior ou posterior dos órgãos pélvicos, permitindo a abertura ou fechamento da uretra, vagina e ânus. O músculo pubo coccígeo é o principal vetor de força anterior do assoalho pélvico, responsável pelo fechamento da uretra, vagina e ânus e, portanto, parte essencial do mecanismo de 13 continência urinária e fecal. A extensão posterior dos levantadores do ânus é denominada platô dos levantadores fixa-se na parede posterior do reto, estendendo- se até o cóccix. A celularidade reduzida e um aumento nas fibras de colágeno têm sido observados nos tecidos conectivos pélvicos de 70% de mulheres com prolapso uterovaginal contrastando com 20% das mulheres normais (VOLKMER 2012 apud, PADILHA, 2018). Camada muscular média: composta pelo músculo longitudinal do ânus. Tem orientação vertical e sua contração origina o vetor de força inferior que contribui tanto para os mecanismos de continência (ao angular a uretra e o ânus quando contraído simultaneamente ao musculo pubococcígeo), quanto de micção/evacuação (contribui para a abertura do colo vesical quando do relaxamento do músculo pubo coccígeo). Camada muscular inferior: composta pelos músculos isquiocavernosos, bulbo cavernosos, transverso superficial e profundo do períneo e esfíncter anal externo, cuja função junto com a membrana perineal é ancorar lateralmente a uretra, a vagina e ânus em sua porção mais baixa, promovendo estabilidades a essas estruturas. A episiotomia, incisão realizada no períneo para facilitar o parto vaginal quando necessário e atualmente pouco utilizada, inclui os músculos bulbo cavernosos e transverso superficial do períneo, podendo estender-se até os levantadores do ânus. As cirurgias denominadas perineoplastias envolvem a reaproximação dos músculos bulbo cavernosos, transverso superficial do períneo e algumas fibras do esfíncter anal externo. Portanto, os músculos do assoalho pélvico têm importantes funções, contraem- se para manter a continência urinária e fecal e relaxam permitindo o esvaziamento intestinal e vesical. A reabilitação da musculatura do assoalho pélvico através de fisioterapia específica é parte essencial do tratamento dessas disfunções de assoalho pélvico. 14 Pelve Óssea: A pelve óssea consiste de dois grandes ossos, denominados ossos do quadril, que se fundem ao sacro, posteriormente e na linha mediana, anteriormente, ao nível da sínfise púbica. Cada grande osso é composto de unidades ósseas menores denominadas ílio, ísquio e púbis. Diafragma Pélvico: O assoalho pélvico é composto de camadas de músculo e fáscia que agem juntos para prover suporte para as vísceras pélvicas. 3.1 Sistema urinário feminino Fonte: www. sistemaurinarioereprodutor.com.br O aparelho urinário é constituído de dois rins, dois ureteres, uma bexiga e uma uretra. O rim é o responsável pela homeostase (equilíbrio do meio interno), filtrando o plasma e removendo as substâncias indesejáveis ingeridas pela pessoa ou produzidas pelo metabolismo corporal. Rins: são órgãos retroperitoneais que possuem a forma de um grão de feijão, tendo em sua concavidade o hilo, onde se encontram vasos, nervos e cálices renais, que vão formar a pelve renal, que nada mais é do que a parte superior do ureter. Cada 15 rim constitui-se de uma cápsula de tecido conjuntivo denso, de uma zona cortical e de uma zona medular. Eles apresentam diversas funções, dentre as quais se destacam as seguintes: regulação do equilíbrio hidroeletrolítico; regulação da osmolalidade e das concentrações de eletrólitos dos líquidos corporais; regulação da pressão arterial (excreção de sódio e de água, secreção de renina); regulação do equilíbrio ácido- básico(excreção de ácidos e regulação das reservas de tampões dos líquidos corporais); gliconeogênese: síntese de glicose a partir de aminoácidos e outros precursores durante o jejum prolongado; secreção, metabolismo e excreção de hormônios, secreção de eritropoietina (estimula a produção de eritrócitos), produção da forma ativa da vitamina D (1,25-diidroxivitamina D3 ou calciferol); excreção de produtos de degradação do metabolismo e de substâncias químicas estranhas( ureia, creatinina, ácido úrico, produtos finais da degradação da hemoglobina (bilirrubina), dentre outros). Realizar a estimativa da taxa de filtração glomerular é importante, uma vez que a determinação adequada dessa faixa e o acompanhamento do seu declínio podem permitir manobras terapêuticas preventivas mais precoces. ( STEVENS, 2010, apud, VASCONCELOS, 2018). Néfron: unidade morfofuncional dos rins. Cada rim possui aproximadamente um milhão de néfrons, que em associação formam o rim. Cada néfron é constituído pelas seguintes estruturas: Corpúsculo renal; Túbulo contornado ou contorcido proximal; Alça de Henle (parte delgada e parte espessa); Túbulo contornado ou contorcido distal. As duas porções da Alça de Henle, que são retilíneas, encontram- se na zona medular do rim. Já os corpúsculos renais e os túbulos de trajeto tortuoso (contorcidos proximal e distal) alojam-se no córtex (zona cortical). Corpúsculo renal: é formado pelo Glomérulo (tufo de capilares) e pela Cápsula de Bowman, que envolve o glomérulo. Cada corpúsculo renal possui dois polos: um vascular, em que penetra a arteríola aferente e sai à arteríola eferente; e 16 um urinário, em que nasce o túbulo contorcido proximal. Nos capilares glomerularesexistem células mesangiais. Células mesangiais: situam-se no meio dos tufos capilares glomerulares, dando-lhes sustentação. Produzem o mesângio, juntamente aos macrófagos e mastócitos, diminuindo a filtração glomerular. Cápsula de Bowman (ou glomerular) é constituída de dois folhetos: Parietal (externo): sendo formado por um epitélio simples pavimentoso, apoiado sobre uma membrana basal e numa delgada camada de fibras reticulares, e o Visceral (interno): acoplado aos capilares glomerulares, representado por um conjunto de Podócitos (células com prolongamentos), cujos prolongamentos secundários estão em contato direto com a membrana basal glomerular, e deixam entre si espaços chamados de fendas de filtração. Entre os dois folhetos há o espaço capsular, que recebe o Filtrado Glomerular. Túbulo Contorcido Proximal: tem sua parede composta por um epitélio cúbico simples, com células apresentando uma grande quantidade de microvilosidades. A membrana plasmática apresenta inúmeras interdigitações. O Túbulo Contorcido (ou contornado) proximal possui uma parte inicial tortuosa, próxima ao Corpúsculo Renal, e uma parte retilínea que penetra na camada medular por uma pequena extensão, e que continua com a Alça de Henle. Alça de Henle (partes delgada e espessa): as Alças de Henle têm o formato da letra U, ou seja, um ramo descendente e outro ascendente. Como já destacado, a Alça de Henle é a única parte do néfron encontrada na zona medular. Na maioria dos néfrons, os néfrons corticais, as Alças de Henle são curtas. Já os néfrons justamedulares, que são em menor número, possuem suas Alças de Henle longas. As mulheres que acabarão por desenvolver doença renal crônica vão sofrer modificações endócrinas, sendo frequente a interferência com a fisiologia das gónadas, iniciando-se na doença renal estádio cinco, sendo que a reversibilidade das alterações reprodutivas é limitada. (RATHI, 2012, apud, MELO 2018). 17 Túbulo Contorcido Distal: também é revestido por epitélio cúbico simples, mas diferentemente do túbulo contorcido proximal, possui a borda em escova, pois a parte apical das células do túbulo apresenta microvilos mais curtos e esparsos. Estes túbulos encostam-se ao corpúsculo renal do mesmo néfron, modificando a parede do túbulo neste ponto. As células tornam-se cilíndricas, altas, com núcleos alongados e próximos uns dos outros. Essa região denomina-se mácula densa, e aparece mais escura nos cortes corados, justamente por causa da proximidade dos núcleos das células. Ductos ou Tubos Coletores: não fazem parte da estrutura do néfron, elas recolhem o produto final do metabolismo de diversos néfrons. Saindo dos túbulos contorcidos distais, a urina vai para os ductos ou tubos coletores, que se unem na zona medular, formando tubos cada vez mais calibrosos e dirigindo-se para as papilas. Os tubos coletores mais delgados têm revestimento de epitélio cúbico. E, conforme se fundem e se aproximam das papilas, suas células vão se tornando mais altas, até virarem cilíndricas. Aparelho justaglomerular (JG): esse conjunto de alterações que ocorrem no túbulo contorcido distal (mácula densa) e na arteríola aferente (células justaglomerulares) constituem o JG. As células JG produzem a renina, que atua na elevação da Pressão Arterial e na secreção de aldosterona (um hormônio do córtex da glândula suprarrenal). A renina atua sobre o angiotensinogênio (proteína de 14 resíduos de aminoácidos produzida no fígado), retirando-lhe quatro resíduos, e produzindo, dessa forma, a angiotensina I, que é um decapeptídeo inativo. Quando passa pelos pulmões, a angiotensina I é convertida em angiotensina II, um octapeptídio altamente ativo, pela ação da ECA (enzima conversora de angiotensina). A angiotensina II é um vasoconstritor fundamental na regulação da pressão arterial. Possui uma ação direta no vaso, fazendo vasoconstrição, o que aumenta a resistência periférica e, consequentemente, eleva a pressão arterial. E também possui um efeito indireto, estimulando o aumento da secreção de aldosterona, que é o mais potente 18 mineralocorticoide conhecido, promovendo o aumento da reabsorção de sódio e água em nível dos túbulos distais, fazendo com que aumente a volemia e, dessa forma, eleve a pressão arterial. A estimativa da taxa de filtração glomerular é o melhor parâmetro para avaliar o desempenho renal em indivíduos normais ou pacientes com doença renal, pelo fato de representar a soma da taxa de filtração de todos os néfrons funcionantes. Os glomérulos filtram aproximadamente 180 litros de plasma por dia, correspondendo a 125 ml a cada minuto. (STEVENS, 2005, apud, VASCONCELOS, 2018). Ureter: é um órgão muscular que conduz a urina do rim até a bexiga. Assim como os rins, são em número de dois. Cada um mede aproximadamente 25 cm. O ureter atravessa obliquamente a parede da bexiga, de modo que se forme uma válvula que impede o refluxo da urina. O ureter é composto por três túnicas: Túnica Mucosa: epitélio estratificado de transição que se apresenta em constante descamação celular; apresenta também uma dilatação do lúmen (passagem do estado de vacuidade para plenitude) e evita a absorção de urina. Túnica Muscular: apresenta-se nos 2/3 superiores do ureter com as seguintes camadas: longitudinal interna e circular externa. Túnica Adventícia: constituída por tecido conjuntivo fibroelástico. Bexiga: é um órgão que recebe a urina formada pelos rins, armazenando-a por algum tempo e a conduzindo ao exterior à medida que aumenta a quantidade de urina dentro deste reservatório, o que faz com que se eleve a pressão endovesical (normalmente 10cm de água) e, por volta de 200 a 300 ml, desencadeie o reflexo da micção. Uretra: é um tubo fibromuscular que conduz a urina da bexiga para o exterior, durante o ato da micção. Nos homens, a uretra dá passagem ao esperma na ejaculação. Já nas mulheres, é um órgão exclusivo do sistema urinário. A uretra feminina possui de quatro a cinco cm de comprimento, revestidos por epitélio plano 19 estratificado, com áreas de epitélio pseudo-estratificado colunar. Possui um esfíncter de músculo estriado, o esfíncter externo da uretra, próximo à sua abertura no exterior. 3.2 Mamas Fonte: www. nomeiodaterra.com A glândula mamária, é um órgão par, que está situada na parede anterior do tórax (porção superior) e apoiada sobre o músculo peitoral maior (da segunda à sexta costela no plano vertical e do esterno a linha axilar anterior no plano horizontal). As mamas iniciam seu desenvolvimento na puberdade. É o responsável pela produção de leite para os bebês em seus primeiros meses de vida. Formada por tecido glandular e por tecido fibroso de conexão de seus lobos e por tecido gorduroso no intervalo entre os lobos. Cada mama apresenta uma aréola e uma papila e, sua região central. Na papila mamária ou mamilo, exteriorizam-se 15 a 20 orifícios ductais, que correspondem às vias de drenagem das unidades funcionantes, que são os lobos mamários. 20 O tamanho, o formato, os bicos e a aréola, bem como as glândulas Montgomery, diferem individualmente de uma mulher para outra. A forma da mama não é afetada pelo tipo básico do corpo de uma mulher. As mamas raramente são simétricas, mas, na maioria dos casos, a diferença é mínima. As mulheres mais jovens apresentam mamas com maior quantidade de tecido glandular, o que torna esses órgãos mais densos e firmes. Ao se aproximar da menopausa, o tecido mamário vai se atrofiando e sendo substituído progressivamente por tecido gorduroso, até se constituir, quase que exclusivamente, de gordura e resquícios de tecido glandular na fase pós-menopausa. Ela é irrigada pela artéria mamária interna e por ramos da artéria axilar. Da artéria mamária partem os ramos perfurantes que atravessam os quatroprimeiros espaços intercostais, em geral dois vasos por espaço, que atravessam o músculo peitoral, atingindo a face posterior da mama. Os ramos axilares da vascularização mamária são as artérias subescapular, a artéria torácica externa e a artéria acromiotorácica. A pele, a aréola, o tecido subcutâneo e o parênquima mamário são drenados por vasos linfáticos, que se dispõem da superfície para a profundidade, formando uma rede linfática que se comunica entre si. Grande parte da drenagem linfática da mama segue em direção aos linfonodos axilares que drenam a linfa proveniente da região centro lateral da mama, enquanto a região medial da mama drena para os linfonodos da cadeia mamária interna. A etiologia da desnutrição associada à DRC é multifatorial, sendo quase sempre associada à ingestão alimentar insuficiente e/ou, principalmente, ao hipercatabolismo, além das perdas de nutrientes durante o procedimento hemodialítico (OLIVEIRA, 2010, apud, SANTOS, 2019). Na infância, as meninas apresentam discreta elevação na região mamária, decorrente da presença de tecido mamário rudimentar. Na puberdade, a hipófise produz os hormônios folículo-estimulante e luteinizante, que controlam a produção hormonal de estrogênios pelos ovários. Na vida adulta, o estímulo cíclico de estrogênios e progesterona faz com que as mamas fiquem mais túrgidas no período 21 pré-menstrual, por retenção de líquido. A ação do hormônio progesterona, na segunda fase do ciclo, leva a uma retenção de líquidos no organismo, mais acentuadamente nas mamas, provocando nelas aumento de volume, endurecimento e dor. Após a menopausa, devido à carência hormonal, ocorre atrofia glandular e tendência à substituição do tecido parenquimatoso por gordura. O estrogênio fortalece a mama por meio de reservas de água e uma irrigação sanguínea maior, fazendo com que as glândulas mamárias inchem e multipliquem o número de suas células. Estas alterações são um preparo da gravidez e sua consequente produção de leite. Não havendo a fecundação, todos os inchaços e outras modificações regridem com o início da menstruação. 3.3 Anatomia da pele A pele é o maior órgão do corpo humano, recobrindo cerca de 7500 cm de um indivíduo adulto. Esse órgão protege nosso corpo contra atrito, patógenos, perda excessiva de água e atua em sua termorregulação. Além disso, contém receptores que permitem a percepção de dor, tato, temperatura e pressão. A pele apresenta uma estrutura com duas camadas distintas, a epiderme e derme. A epiderme é a camada mais externa, sendo formada por tecido epitelial. É formada por cinco camadas: estrato córneo, estrato lúcido, estrato granuloso, estrato espinhoso e estrato germinativo. Após a epiderme, encontramos a derme. Ela é formada por tecido conjuntivo e nela estão localizados os nervos, vasos sanguíneos e linfáticos, folículos pilosos e as glândulas sudoríparas. A derme também pode ser dividida em camadas: a camada papilar e a camada reticular. Abaixo da derme, encontramos o tecido subcutâneo, conhecido também como tecido adiposo subcutâneo. Esse tecido não faz parte da pele, mas representa a região de união da pele com outros órgãos. 22 Algumas estruturas são associadas à pele: pelos, unhas, glândulas sebáceas e sudoríparas. Os pelos são estruturas compostas por três partes: a cutícula (camada mais externa), o córtex (células alongadas com pigmentos) e a medula (apenas em pelos m ais grossos). Eles crescem em estruturas denominadas folículos pilosos. As unhas são compostas por células bastante compactadas e ricas em queratina dura. As glândulas sebáceas são responsáveis por liberar uma substância oleosa e geralmente estão localizadas nos folículos pilosos. As glândulas sudoríparas são glândulas tubulares que eliminam suor e estão localizadas em todo o corpo (exceto lábios e glande do pênis). A pele se divide em três camadas com funções distintas: epiderme (superficial) mais externa e principal barreira de defesa, derme (intermediária) com tecido vascularizado e hipoderme (mais profunda) constituída de tecido gorduroso (BORGES, 2010 apud, ARAÚJO, 2012) Epiderme: A epiderme é constituída por um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado (células escamosas em várias camadas). A célula principal é o queratinócitos (ou queratinócitos), que produz a queratina. A queratina é uma proteína resistente e impermeável responsável pela proteção. Existem também ninhos de melanócitos (produtores de melanina, um pigmento castanho que absorve os raios UV); e células imunitárias, principalmente células de Langherans, gigantes e com prolongamentos. A epiderme é dividida em cinco camadas: camada basal, camada espinhosa, camada granulosa, camada lúcida e camada córnea. A camada basal é a camada que entra em contato com a derme e contorna as papilas dérmicas; constituída por celular cúbicas ou prismáticas que se dividem por mitose. Algumas destas células diferenciam-se e passam para as camadas mais superficiais enquanto outras permanecem na camada basal e continuam a se dividir. É uma camada rica em células tronco e em células de Merkel, e pobre em queratina. 23 A camada espinhosa possui células cúbicas com expansões citoplasmáticas, com mais queratina que a camada basal. Nessa camada ocorre a renovação de queratinócitos e tem a presença de células de Langherans. A camada granulosa contém células achatadas, com grânulos de queratina, proeminentes e outros como substância extracelular e outras proteínas (colágenos). As células já apresentam núcleo. A camada lúcida é uma fina camada de células achatadas e hialinas. A camada córnea é a camada mais externa, constituída de célula s achatadas e mortas, citoplasma repleto de queratina e sem núcleo. Derme: A derme é um tecido conjuntivo que sustenta a epiderme. É constituído por elementos fibrilares, como o colágeno e a elastina e outros elementos da matriz extracelular, como proteínas estruturais, glicosaminoglicanas, íons e água de solvatação. Os fibroblastos são as células envolvidas com a produção dos componentes da matriz extracelular. A derme é a camada mais profunda composta por tecido conjuntivo denso irregular. Camada cutânea presente entre a epiderme e o tecido subcutâneo, ricamente constituída por fibras de colágeno e elastina. É capaz de promover a sustentação da epiderme e tem participação nos processos fisiológicos e patológicos do órgão cutâneo. (OLIVEIRA, 2011, apud, PEREIRA, 2019). A derme é subdividida em duas camadas: a camada papilar em contato com a epiderme, formada por tecido conjuntivo frouxo, e a camada reticular, constituída por tecido conjuntivo denso não modelado, onde predominam as fibras colagenosas. É na derme que se localizam os vasos sanguíneos que nutrem a epiderme, vasos linfáticos e também os nervos e os órgãos sensoriais a eles associados. Incluem vários tipos de sensores: os Corpúsculo de Vater-Pacini são sensores de adaptação rápida, detectam vibrações nas faixas de 30 - 80 0Hz; os Corpúsculo de Meissner com função de detecção de pressões de frequência diferente. Detectam vibrações entre 3 - 8H z; os Corpúsculo de Krause são sensíveis ao frio; os Órgão de Ruffini são sensíveis ao calor; as Célula de Merckel são sensíveis a tacto e pressão; o 24 Folículo Piloso com terminações nervosas associadas e a Terminação nervosa livre, com dendritos livres sensíveis à dor e a temperatura. A derme é um tecido conjuntivo frouxo ou adiposo que faz conexão entre a derme e a fáscia muscular. A camada de tecido adiposo é variável à pessoa e localização. Tem como função ser reservatório energético, isolante térmico, ela também modela superfície corporal, absorve choque e fixa os órgãos. A derme é dividia em três camadas: areolar, lâmina fibrosae lamelar. A areolar é superficial, contém adipócitos globulares, volumosos e numerosos, e delicados vasos; a lâmina fibrosa separa a camada areolar da lamelar; e a camada lamelar é mais profunda, e tem aumento da espessura com ganho de peso (hiperplasia). Os vasos sanguíneos da derme são responsáveis pela nutrição e oxigenação tanto das células dérmicas quanto das células epidérmicas. Quando a produção do calor é proporcional a perda, ocorre o equilíbrio, fazendo com que o indivíduo tenha um balanço térmico. Hipoderme: A hipoderme ou tecido celular subcutâneo é uma camada de tecido conjuntivo frouxo localizada abaixo da derme, a camada profunda da pele, unindo-a de maneira pouco firme aos órgãos adjacentes. A depender do estado nutricional e da região do corpo, a hipoderme pode conter uma quantidade variável de tecido adiposo. A hipoderme constitui órgão interior e não pode ser considerada parte da pele. Ela permite o deslizamento da pele e é o local de injeção subcutânea. O tecido subcutâneo consiste em faixas fibrosas de ancoragem da pele para o fáscia profunda, colágeno e elastina. Pode ter uma camada variável de tecido adiposo dependendo da região do corpo. Além da função de reservatório energético, a hipoderme apresenta a função de isolamento térmico, modelagem da superfície corporal, absorção de choques e preenchimento para a fixação de órgãos. Compõe-se por duas camadas: areolar (é mais superficial, ricamente irrigada e possui adipócitos globulares e volumosos) e lamelar (é mais profunda e é onde ocorre aumento de espessura no ganho de peso). 25 Durante a diferenciação epidérmica, os queratinócitos sofrem modificações morfológicas e biológicas. A partir da camada basal, eles movem-se através das camadas espinhosa e granulosa e fixam-se na camada mais superficial (córnea), constituindo então 25 estruturas multilamelares de corneócitos anucleados, circundados por lipídeos extracelulares. (BORANIC, 1999, apud BOSNARDO, 2010) 3.4 Sistema linfático Fonte: anatomiadocorpo.com Sistema linfático, é um sistema vascular, constituído por capilares linfáticos, linfonodos, vasos coletores e troncos linfáticos, que servem como filtros do líquido coletado pelos vasos e por órgãos linfoides que incluem tonsilas, baço e o timo, encarregados de recolher, na intimidade dos tecidos, o líquido intersticial e reconduzi- lo ao sistema vascular sanguíneo. Uma de suas funções, é drenar o excesso de líquido intersticial, removendo as proteínas dos espaços intersticiais, a fim de devolvê-lo ao sangue e assim manter o equilíbrio do corpo. Outras funções do tecido linfático incluem: É um componente importante do sistema imunológico, pois colabora com glóbulos brancos para proteção contra bactérias e vírus invasores; impede que a linfa lance microrganismos na corrente sanguínea através da retenção de destruição destes dentro de seus linfonodos; 26 responsável pela remoção dos fluidos em excesso dos tecidos corporais; absorção dos ácidos graxos e transporte subsequente da gordura para o sistema circulatório, produção de células imunes (como linfócitos, monócitos e células produtoras de anticorpos conhecidas como plasmócitos) . Em resumo, onde existe circulação sanguínea há também circulação linfática, mas cada um desses sistemas conta com vasos próprios, dentre outras funções. O líquido purificado pelo sistema linfático é devolvido ao sangue. Cerca de 10% do plasma, a fração transparente do sangue, escapa dos vasos sanguíneos. Ele vai parar em meio às células, mas é captado depois pelos capilares, vasos fininhos que ficam em contato direto com o meio celular. Nesse líquido se encontram pedaços de vírus e bactérias e detritos do nosso metabolismo. O sistema linfático é considerado uma via alternativa que funciona em conjunto com o sistema circulatório que tem como função equilibrar os líquidos tissulares. Esse sistema não e nada fácil para ser estudado, pois são muito frágeis e com uma coloração esbranquiçada, devido a isso durante muitos e muitos anos não foi possível a visualização deste sistema. Para muitos estudiosos a linfa era chamada de sangue branco. O sistema linfático era como uma segunda via para os líquidos do espaço intersticial, para que pudessem fluir para o sangue, assim levando proteínas e grandes partículas para fora do espaço tecidual. (GUYTON, 1996 apud BORGES, 2006, p. 345). Os capilares se ligam a vasos linfáticos cada vez maiores e mais complexos, que percorrem o corpo carregando a linfa. É difícil identificá-los a olho nu porque, diferentemente do sangue, o líquido ali dentro é transparente. No percurso dessa rede, os vasos linfáticos encontram linfonodos, ou gânglios. Eles filtram a linfa, retirando componentes nocivos, e acionam células de defesa para combater vírus e bactérias. Também fazem parte do sistema estruturas maiores, como o baço, o timo e as amígdalas, importantes sobretudo na infância. Os vasos linfáticos desembocam no chamado ducto torácico, que vai do abdômen ao pescoço. É no final desse tubo que a linfa, já filtrada, volta ao sangue, precisamente no momento em que o ducto se conecta a duas veias, a subclávia e a jugular. https://saude.abril.com.br/tudo-sobre/virus https://saude.abril.com.br/tudo-sobre/bacterias https://saude.abril.com.br/bem-estar/pra-que-serve-o-baco/ https://saude.abril.com.br/medicina/o-que-e-o-timo/ 27 3.5 Componentes do Sistema Linfático www.tuasaude.com Linfonodos (gânglios linfáticos): Chamados de nódulos linfáticos, os linfonodos são pequenos órgãos (com até 2 cm) presentes no pescoço, no tórax, no abdômen, na axila e na virilha. Formados por tecido linfoide e distribuídos pelo corpo, os linfonodos são responsáveis por filtrarem a linfa antes dela retornar ao sangue, além de atuarem na defesa do organismo, impedindo a permanência de partículas estranhas no corpo. Quando o sistema linfático transporta até os linfonodos algum agente que é identificado como potencialmente nocivo para o organismo, como um vírus, uma bactéria e até algum tipo de medicação que tomamos, os linfócitos B começam a produzir anticorpos que, por sua vez, sinalizam às demais células imunológicas que é hora de entrar em ação. Essa mobilização, faz com que a concentração de linfa aumente dentro dos linfonodos, fazendo com que eles se tornem inchados e doloridos. Linfa: A linfa é um líquido transparente e alcalino semelhante ao sangue, que circula pelos vasos linfáticos, porém não possui hemácias e, por isso, apresenta um https://www.todamateria.com.br/linfonodos/ https://www.todamateria.com.br/sangue/ https://www.todamateria.com.br/linfa/ https://www.todamateria.com.br/hemacias/ 28 aspecto esbranquiçado e leitoso. Responsável pela eliminação das impurezas, que as células produzem durante o metabolismo. É produzida pelo intestino delgado e fígado, sendo transportada pelos vasos linfáticos num único sentido (unidirecional), filtrada pelos linfonodos e lançada no sangue. Propriedades da linfa: Possui gosto salgado. Coagula-se como o sangue: o fibrinogênio torna-se fibrina, a qual, disposta em rede, aprisiona os glóbulos. Mas a coagulação se dá lentamente, pela ausência de plaquetas. O sistema linfático é considerado uma via alternativa que funciona em conjunto com o sistema circulatório que tem como função equilibrar os líquidos tissulares. Esse sistema não e nada fácil para ser estudado, pois são muito frágeis e com uma coloração esbranquiçada, devido a isso durante muitos e muitos anos não foi possível a visualização deste sistema. Para muitos estudiosos a linfa era chamada de sangue branco. O sistema linfático era como uma segunda via para os líquidos do espaço intersticial, para que pudessem fluir para o sangue, assim levando proteínas e grandes partículas para forado espaço tecidual. (GUYTON, 1996 apud BORGES, 2006). Composição da linfa: Consiste a linfa, como o sangue, em um plasma líquido, tendo elementos sólidos em suspensão. São poucos os polinucleares, avultando os linfócitos, com o total de 8.000 glóbulos brancos por milímetro cúbico. A linfa que sai dos gânglios linfáticos é mais rica em linfócitos do que a que neles entra. Contém albumina, globulina e pouco fibrinogênio, além de ureia, açúcar, sais, etc. O anidrido carbônico é abundante, mais do que no sangue arterial, menos do que no sangue venoso. Vasos Linfáticos: Os vasos linfáticos são canais, distribuídos pelo organismo, os quais possuem válvulas que transportam a linfa na corrente sanguínea num único sentido, impedindo assim o refluxo. Atuam no sistema de defesa do organismo visto que retiram células mortas do organismo e transportam os linfócitos (glóbulos brancos) que combatem as infecções no organismo. Circulação linfática: Formada nos interstícios dos tecidos, pela cooperação destes e do sangue, a linfa, depois de ganhar as células, deve regressar à circulação sanguínea. Ela o faz por intermédio de vasos especiais, os vasos linfáticos, que https://www.todamateria.com.br/intestino-delgado/ https://www.todamateria.com.br/leucocitos/ https://www.todamateria.com.br/leucocitos/ 29 confluem, dos inúmeros órgãos, para dois troncos, o canal torácico, do lado esquerdo, a grande veia linfática, do lado direito. Por eles a linfa se lança nas veias subclávias, e deste modo retorna ao sangue. Baço: Maior dos órgão linfáticos, o baço é um órgão de ovalado, localizado abaixo do diafragma e atrás do estômago. Ele é responsável pela defesa do organismo, na medida em que suas funções são: produção de anticorpos (linfócitos T e B) e hemácias (hematopoiese), armazenamento de sangue e liberação de hormônios. Timo: órgão localizado na cavidade torácica, próximo do coração. Além de produzir as substâncias como a timosina e a timina, o timo produz anticorpos (linfócito T), atuando, dessa maneira, na defesa do organismo. Curioso notar que o timo é um órgão que ao longo da vida diminui de tamanho. Tonsilas Palatinas: Popularmente, esses dois órgãos localizados na garganta, são conhecidos como amídalas ou amígdalas palatinas responsáveis pela seleção dos microrganismos que penetram no corpo, principalmente pela boca. Nesse caso, auxiliam no processo de defesa do organismo visto que produzem linfócitos. Ductos Linfáticos: Ducto torácico: É o maior vaso linfático do corpo. Se origina no abdome e desemboca na veia subclávia esquerda na sua junção com a veia jugular interna esquerda. Se estende da segunda vértebra lombar para a base do pescoço. Começa por uma dilatação no abdome, a cisterna do quilo, entra no tórax, através do hiato aórtico do diafragma e sobe entre a aorta e a veia ázigos. Termina no ângulo entre a junção da veia subclávia esquerda e a veia jugular interna esquerda, conduzindo assim a maior parte da linfa para o sangue. Ducto linfático direito: Possui aproximadamente 4 cm de comprimento e desemboca na veia subclávia direita em sua junção com a veia jugular interna direita. Corre ao longo da borda medial do músculo escaleno anterior da base do pescoço e termina na junção da veia subclávia direita coma veia jugular interna direita. Conduz a linfa para o lado direito da cabeça, pescoço, lado direito do coração e da face diafragmática do fígado. https://www.todamateria.com.br/baco/ https://www.todamateria.com.br/hormonios/ https://www.todamateria.com.br/timo/ 30 Capilares linfáticos: Capilares linfáticos São os menores vasos condutores do sistema linfático e consistem de tubos de paredes finas formadas por uma única camada de células endoteliais superpostas. São os capilares linfáticos que dão origem aos vasos linfáticos. 4 INSUFICIÊNCIA VENO-LINFÁTICA, TROMBOSE VENOSA PROFUNDA A insuficiência venosa linfática é caracterizada por alterações decorrentes da hipertensão venosa de longa duração, que ocorrem em pele e tecido celular subcutâneo por insuficiência valvular e/ou por obstrução venosa. A obstrução e/ou insuficiência valvular venosa leva ao aumento de pressão venosa em veias, vênulas e capilares venosos (por aumento da pressão hidrostática e da permeabilidade), distensão da parede capilar e aumento dos poros Inter endoteliais, causando acúmulo de proteínas de maior peso molecular no tecido e aumento da pressão osmótica tissular. O sistema linfático tem papel importante em qualquer tipo de edema periférico, havendo estreita relação anatômica entre veias e linfáticos superficiais. Na insuficiência venosa crônica, pode ocorrer insuficiência secundária da drenagem linfática, por sobrecarga volumétrica em linfáticos inicialmente normais, que multiplicam sua função para compensar o edema decorrente da estase venosa. No início do processo, há aumento do fluxo linfático para retirada do excesso de proteínas e fluido local. Quando a oferta excede a capacidade dos linfáticos, o aumento de proteínas de alto peso molecular e de líquido no tecido favorece os quadros de linfangites e erisipelas, que podem causar trombose dos canalículos linfáticos e consequente piora progressiva do edema e das demais complicações, como a lipodermatoesclerose e úlcera de estase. Quando o paciente apresenta linfedema 31 secundário à estase venosa crônica, considera-se que o paciente apresenta uma doença venolinfática. A Insuficiência Venosa Crônica (IVC) dos membros inferiores é a doença mais prevalente entre as doenças venosas, com prevalência em mulheres na população adulta. É definida como uma disfunção do sistema venoso que ocorre por hipertensão venosa, devido a refluxo venoso, obstrução do fluxo venoso ou pela associação destes dois fatores. O adequado funcionamento da bomba muscular da panturrilha auxilia na recuperação dos problemas venosos, portanto, sua restauração através de fisioterapia, ou mesmo o reconhecimento precoce do seu comprometimento, pode prevenir complicações, além de minimizar seus sinais e sintomas. As opções de tratamento para pacientes com complicações da IVC, como a úlcera, são limitadas. Muitas vezes é necessária uma recuperação física com fisioterapia após a intervenção cirúrgica. No entanto, muitos pacientes permanecem cronicamente debilitados como resultado dos sintomas da IVC. Meias elásticas compressoras adequadamente prescritas, uma das principais terapias utilizadas, continuam sendo importantes no tratamento de indivíduos com IVC severa. A ecografia vascular é a ferramenta mais útil para o diagnóstico de doenças venosas. Trata-se de um exame não invasivo, que permite avaliação anatômica e hemodinâmica do sistema venoso. (HAENEN, 1999, apud BARROS, 2019). A trombose venosa profunda é uma situação grave caracterizada pela formação de coágulos sanguíneos nas veias profundas das pernas que podem dificultar ou bloquear a passagem de sangue. O trombo pode ainda fluir pelo sangue e atingir outros órgãos importantes como o pulmão ou o coração causando graves consequências. Ela pode ser causada por vários fatores, sendo mais comum em idosos e em pessoas com problemas de circulação sanguínea. 32 Na maioria dos casos, os sintomas da trombose venosa profunda incluem inchaço da perna, vermelhidão e dor intensa, que vai piorando com o tempo. Por isso, sempre que surgirem estes sintomas e existir suspeita de trombose, deve-se ir ao hospital para fazer exames e confirmar o diagnóstico, iniciando o tratamento adequado. Quando a trombose venosa profunda não é tratada adequadamente há risco de embolia pulmonar, sendo esta uma das principais complicações da trombose venosa profunda. Os sinais e sintomas que podem indicar esse quadro são: falta de ar, respiração acelerada, dor no tórax que piora ao respirar,tosse sem causa aparente e com sangue. 5 DISFUNÇÕES DOS ORGÃOS PÉLVICOS E DO ASSOALHO PÉLVICO (PROLAPSO DE ORGÃOS PÉLVICOS, DOR PÉLVICA, INCONTINÊNCIA URINÁRIA E FECAL). Fonte: www.institutomariodeabreu.com.br/fisioterapiapelvica 33 O assoalho pélvico feminino é constituído pelos tecidos conjuntivo, ósseo e muscular, que atuam em conjunto para promover e manter a função fisiológica normal do reto, vagina, uretra e bexiga. As disfunções do assoalho pélvico acometem aproximadamente um terço da população feminina adulta ao longo da vida, sendo mais frequentes a incontinência urinária (IU). Muitas vezes estas alterações estão associadas, e sua prevalência aumenta com a idade e obesidade. A Incontinência urinaria consiste na presença de qualquer perda involuntária de urina. Sua severidade pode ser estimada pela quantidade de perdas, pela frequência e pelo impacto que ela causa na qualidade de vida do paciente. A incontinência urinaria, embora constituindo uma função natural simples, é, no entanto, uma matéria complexa. Quatro fatores principais contribuem para a continência. Para um funcionamento adequado deverá existir uma acomodação vesical ao enchimento normal, um esfíncter uretral eficiente, bem como um suporte uretral, pelo pavimento pélvico, também eficiente, e uma boa coaptação e selagem da mucosa uretral. Do exposto, resulta que há vários tipos de incontinência urinária: Incontinência urinaria de esforço: Ocorre perda involuntária de urina por esforço, exercício, espirro ou tosse, devido fraqueza muscular do esfíncter intrínseco uretral e de um defeito anatômico ou fraqueza no suporte uretral, conduzindo a uma insuficiente pressão de encerramento uretral durante o esforço físico. A incontinência urinária de esforço é de causa multifatorial, sendo que nas pesquisas ocorrem associações frequentes como: o tabagismo, as cirurgias ginecológicas, constipação, levantamento constante de peso, deficiência hormonal, fatores neurológicos, defeitos congênitos ou adquiridos (CARRARO,2007 apud BRANCALHAO, 2012). Incontinência urinária de urgência: Ocorre perda involuntária de urina acompanhada pela urgência miccional. O paciente sente um súbito e incontrolável desejo de urinar, como consequência da contração inapropriada do músculo detrusor 34 hiperativo durante a fase de enchimento. A bexiga hiperativa é caracterizada pelos sintomas de urgência miccional com ou sem incontinência urinária de urgência. Incontinência urinária mista: Ocorre perda involuntária de urina associada à urgência e também a esforço físico, exercícios, espirro ou tosse. Incontinência urinária postural: Ocorre perda involuntária de urina associada à alteração da posição corporal, por exemplo a passagem da posição de deitada ou sentada para a de pé. Enurese noturna: Perda involuntária de urina que ocorre durante a noite. Incontinência urinária contínua: Perda involuntária de urina contínua. Incontinência urinária insensível: Perda involuntária de urina que ocorre sem que a pessoa seja capaz de saber como. Insuficiência coital: Perda involuntária de urina durante o coito. Este sintoma ocorre durante a penetração ou durante o orgasmo. O tratamento para IU é inicialmente conservador, incluindo perda de peso (em mulheres obesas e com sobrepeso), retreinamento vesical e exercícios de Kegel. A cirurgia poderá ser indicada para pacientes que apresentem incontinência aos esforços após falha ao tratamento conservador. Já a incontinência fecal (IF) é definida pela perda da habilidade em controlar a saída de flatos, líquidos ou sólidos pelo ânus. Sua fisiopatologia consiste na perda da integridade sensorial e ação muscular, causados pela diminuição da sensibilidade, capacidade e/ou complacência retal, lesão anatômica muscular ou desnervação do assoalho pélvico. O tratamento conservador para IF compreende exercícios de Kegel, eletroestimulação e biofeedback. O reparo cirúrgico pode ser realizado através das técnicas de sobreposição de bordas ou plicatura muscular, sendo que ambas técnicas apresentam significativa frequência de incontinência após a cirurgia. O prolapso genital (PG) corresponde ao deslocamento caudal dos órgãos pélvicos (uretra, bexiga, útero, alças intestinais ou reto) através da vagina, podendo ocorrer em diversos graus. A distopia é consequência do rompimento do equilíbrio do 35 assoalho pélvico, determinado pelo enfraquecimento dos mecanismos de sustentação e suspensão das estruturas. O PG de parede anterior corresponde à descida da parede vaginal anterior relacionada a alterações na fáscia endopélvica e seus ligamentos. O PG de parede posterior, por sua vez, é o resultado do enfraquecimento da fáscia retovaginal e dos seus pontos de fixação às margens dos músculos elevadores do ânus. O tratamento das distopias genitais é geralmente cirúrgico. O prolapso apical está relacionado à falha na suspensão ligamentar do útero, ou cúpula vaginal (em pacientes histerectomizadas). A sacrocolpofixação e a fixação sacroespinhosa são as principais técnicas cirúrgicas para correção desta disfunção. 6 CICLO GRAVÍDICOS- PUERPERAL: ASPECTOS FISIOLÓGICOS E DISFUNÇÕES MAIS RECORRENTES Fonte: www.babypilates.com.br Após a relação sexual, os espermatozoides que foram depositados na vagina são transportados através do útero para as tubas uterinas, em cuja região ampolar 36 ocorre a fecundação, quando o espermatozoide encontra o óvulo maduro. Após três dias de fertilização o ovo é transportado da trompa para a cavidade uterina, por meio de movimentos peristálticos, já tendo sofrido várias divisões celulares. Somente após quatro ou cinco dias este ovo se implanta no endométrio, o que significa que sua implantação ocorre quase sempre no sétimo ou oitavo dia após a fecundação. Qualquer alteração nesse processo pode acarretar o quadro conhecido como gravidez tubária. Os hormônios progesterona e estrogênio, junto aos outros hormônios secretados pela hipófise, pela tireoide, pela suprarrenal e por outras glândulas, têm um papel importante nas modificações e nas adaptações do corpo materno, bem como na promoção do desenvolvimento fetal. O espaçamento menor das consultas no 46 último trimestre visa à avaliação do risco perinatal e das intercorrências clínico-obstétricas mais comuns nesse trimestre, como trabalho de parto prematuro, pré-eclâmpsia e eclampsia, amniorrexe prematura e óbito fetal (BRASIL, 2005, apud, COELHO, 2013) Provavelmente, em nenhuma outra fase do ciclo vital exista maior mudança no funcionamento e na forma do corpo humano em tão curto espaço de tempo. Muitas dessas mudanças iniciam-se desde o momento da nidação e se estendem por todo o período gestacional até o término da lactação, podendo permanecer mais tempo ainda na memória celular e na sobrevivência e sustentabilidade do planeta, como hoje o conhecemos. 6.1 Alterações no sistema genital Todo o sistema genital passa por modificações bioquímicas, funcionais e anatômicas, observadas logo após a fecundação, as quais permanecerão durante toda a gestação. Essas alterações estão associadas e integradas a vários outros sistemas com o início da gravidez. O diagnóstico de gestação pode ser realizado por meio de sinais presuntivos como intuição, náusea, vômito, aumento da frequência 37 urinária. A amenorreia é o sinal principal, mas outros sintomas também ocorrem, como congestão e hiperestesia mamária (mastalgia), vascularização mais evidente na mama (rede venosa de Haller), hiperpigmentação da aréola primitiva com halo mais claro ao seu redor (sinal de Hunter). Podem ser observadas alterações cutâneas, como hipertrofia das glândulas sebáceas na aréola secundária (tubérculos de Montgomery) e pigmentação da linha alba, chamada linea nigra. Acolher significarespeitar a autonomia e o protagonismo das mulheres, valorizando a corresponsabilidade, a construção de vínculos solidários e a participação coletiva, tanto no processo de atenção como na gestão (BRASIL, 2008, apud, COELHO, 2013). O colo fica mais macio e vascularizado, mas permanece firme até o início do parto. A parte inferior do útero, região que se forma entre o corpo e o colo, torna-se funcionalmente contrátil e participará do mecanismo de dilatação do colo. No útero aparecem modificações como hipertrofia e dilatação, demandando um aumento da vascularização pela necessidade de maior perfusão sanguínea, enquanto na placenta, devido ao aumento progressivo, há um incremento correlato do fluxo sanguíneo uteroplacentário conforme a evolução da gestação, o que exige, também, aumento do número de vasos sanguíneos. 6.2 Alterações no Sistema endócrino Um dos aspectos mais importantes da vida intrauterina é o intercâmbio eficaz entre os produtos nutritivos e metabólicos do feto e da mãe. É fundamental ver o processo como constituído de um compartimento placentário desprovido de certas atividades esteroidogênicas, que utiliza o compartimento materno como fonte de substâncias básicas para a produção de esteroides. Estrogênio: Os precursores dos estrogênios são androgênios de 19 carbonos. No início da gestação, são derivados da corrente sanguínea materna. Em torno da 20ª 38 semana, cerca de 90% da produção passa para glândula suprarrenal fetal. O estrogênio tem como função a retenção hídrica que pode associar-se a ação compensatória de retenção de sódio e ativação do sistema reninaangiotensina- aldosterona; aumento da camada intermediária da mucosa vaginal, glicogênio e flora de Doederlein; flexibilidade das articulações pélvicas; homeostase do cálcio no sistema musculoesquelético, juntamente com a prolactina, sua ação nos duetos mamários prepara a lactação. Relaxina: É um hormônio peptídico produzido pelo corpo lúteo gravídico, somente observado em mulheres grávidas. Sua concentração aumenta durante o primeiro trimestre e declina no segundo. A função que exerce na gravidez não é bem conhecida. Em estudos com animais, observou-se que ele dispersa as fibras de colágeno do colo uterino, inibe contrações uterinas e relaxa a sínfise púbica e a articulação sacra. Lactogênio placentário humano (HPL): Polipeptídio secretado pelo sinciciotrofoblasto. O nível de HPL na circulação materna correlaciona-se com o peso fetal e placentário até as últimas quatros semanas da gestação. O HPL é elevado com a hipoglicemia, mas diminui com a hiperglicemia. O papel metabólico é mobilizar lipídios sob a forma de ácidos graxos livres. Na segunda metade da gravidez, as concentrações de HPL aumentam. Para melhorar a assistência à gestante e recém-nascido, deve-se planejar ações considerando a identificação de fatores de risco relacionados com a mortalidade materna e neonatal, pois tal situação é um importante indicador que reflete as condições socioeconômicas, reprodutivas e, principalmente, as relacionadas à assistência pré-natal, ao parto e aos recém-nascidos. (KASSARA, 2013 apud SANTOS, 2016). Gonadotrofina coriônica humana (HCG): Glicoproteína. A sobrevivência do corpo lúteo é totalmente dependente do HCG. Este é secretado pelo sinciciotrofoblasto, atingindo pico máximo de 50.000 a 100.000 mUI/rnf, com 10 semanas de gestação. As provas para gravidez na urina e no sangue materno tornam- 39 se positivas a partir da quinta a sexta semana de gestação, sendo que as provas imunológicas para betarreceptores são as mais confiáveis. Progesterona: A contribuição fetal da progesterona é desprezível, dependendo da cooperação placentária materna. A progesterona é produzida pelo corpo lúteo até cerca de 10 semanas de gestação. Entorno da 12ª semana, a placenta torna-se a principal fonte de progesterona, utilizando o colesterol materno como fonte primária. A progesterona tem papel importante na implantação da gravidez e serve de substrato principal para a produção de glico e mineralocorticoides pela glândula suprarrenal fetal. Tem como ações a redução da tonicidade da musculatura lisa em órgãos matemos levando a alterações no estômago, no cólon, na bexiga, nos ureteres e nos vasos sanguíneos; aumento de temperatura e gordura corpóreas; na mama, associa-se às células alveolar e glandular, que produzem leite; estimula o centro respiratório, aumentando a frequência e amplitude respiratória. 6.3 Alterações no sistema tegumentar Devido ao aumento de estrogênios, podem ocorrer modificações na vascularização, como eritema palmar e telangiectasia. O estímulo do hormônio melanocítico e da progesterona pode alterar a pigmentação, sobretudo na região dos mamilos, das axilas, do períneo e da linha nigra. 6.4 Alterações no Sistema urinário Há aumento do tamanho e do peso dos rins. Cerca de 80% das mulheres apresentam dilatação dos ureteres e das pelves renais, sendo mais observada à direita, o que se acredita estar associado à dextrorrotação do útero gravídico. A musculatura dos canais urinários é discretamente hipotônica. 40 A área do trígono pode estar estirada e ocasionar incompetência das válvulas ureterovesicais (refluxo). Esses fatores associados são responsáveis pelo maior armazenamento e pela estagnação da urina, predispondo ao surgimento de infecção urinária. A bexiga é progressivamente elevada pelo útero aumentado nos dois últimos trimestres da gravidez, tornando-se um órgão intra-abdominal, pressionado para cima. As consequências são o ângulo uretrovesical alterado e a pressão intra-abdominal elevada. O útero gravídico no início do primeiro trimestre, em continuidade com a bexiga, e a presença do polo cefálico no terceiro trimestre associam-se a desejo miccional e incontinência característicos. O fluxo plasmático renal e a taxa de filtração glomerular aumentam, a concentração de ureia e creatinina diminuem ligeiramente, e a glicose filtrada aumenta (glicosúria fisiológica ou renal). A gravidez é um período em que ocorrem alterações profundas no que respeita ao estilo de vida, provocando mudanças não apenas na vida pessoal, mas também na vida do casal e de toda a família. É também uma fase de preparação física e psicológica, para o nascimento e para a parentalidade. (MENDES, 2009 apud, COUTINHO, 2014) 6.5 Alterações no Sistema musculoesquelético A prática obstétrica atual tem desenvolvido uma ação conjunta com a fisioterapia na prevenção das alterações danosas à saúde, bem como o saneamento dos problemas que surgem durante a gestação. A postura da gestante é influenciada pela modificação no centro de gravidade, com uma tendência para o deslocamento para frente, devido ao crescimento uterino abdominal e ao aumento ponderal das mamas. Para compensar, o corpo projeta-se para trás (lordose), amplia-se o polígono de sustentação, os pés se distanciam e as espáduas se dirigem para trás. A porção cervical da coluna se condensa e se alinha para frente. No cotidiano da gestante trabalhadora, essas modificações têm aumentado a fragilidade da musculatura compensatória das regiões lombossacra e cervical. As alterações podem dificultar o 41 desempenho profissional e a vida cotidiana com o surgimento de lombalgias e cervicalgias frequentes. Algumas adaptações osteoarticulares: Lordose lombar e marcha anserina (alteração do centro de gravidade em razão do peso adicional da gravidez, do aumento uterino e do aumento das mamas); Compressões radiculares e lombalgia (alterações posturais alteram o eixo da coluna vertebral); Fadiga muscular, dores lombares e dormência dos membros superiores; Melhor motilidade das articulações pélvicas pela embebição gravidica, principalmente as sacroilíacas, sacrococcígenas e pubianas. As maiores flexibilidadese extensibilidades das articulações são mediadas pela ação dos hormônios (estrogênio, progesterona, cortisol, relaxina), bem como a maior retenção de água, com ocorrência em 50% das gestações de edema de membros inferiores, pés e tornozelos. Quando associado a pressão de terminações nervosas, ocorrem nos braços e nas mãos fraquezas e parestesias (síndrome do canal cárpico). A maior flexibilidade das articulações nas regiões sacroilíaca e sínfise púbica está bem evidenciada a partir do terceiro trimestre, levando ao aumento da capacidade pélvica. Uma maior expansão na região da sínfise pubiana e sacra! no período do parto pode persistir até 6 meses após e depende da substituição contínua do colágeno. A distância entre os dois músculos retos abdominais pode aumentar com a gravidez e modificar a projeção da linha nigra no abdome. A ação dos hormônios da gravidez e a dieta são fundamentais para a supressão dos níveis de cálcio circulante, tendo em vista que a dieta de até dois gramas diários não é suficiente para a manutenção da matriz óssea e do tecido conjuntivo. Além disso, o feto consome cálcio de forma progressiva durante toda a gestação para a formação de sua estrutura óssea. 42 6.6 Alterações no Sistema respiratório Basicamente, em razão do estímulo da progesterona sobre o centro respiratório, a frequência e a amplitude das incursões respiratórias aumentam. As modificações pulmonares anatômicas e fisiológicas nas gestantes conduzem a um aumento da capacidade inspiratória à custa de um decréscimo do volume residual funcional, como necessidade crescente para facilitar o maior transporte de oxigênio para a unidade feto placentária. Sendo a gravidez uma época de profundas alterações físicas e psicológicas na vida da mulher, pode e deve ser também uma oportunidade para a adoção de estilos de vida mais saudáveis. (LIN, 2009, apud COUTINHO 2014) Adaptações respiratórias: Caixa torácica aumenta de diâmetro (2,0 cm); Diafragma eleva (4,0 cm), Expiração mais demorada (i pa02 no sangue materno, J, paC02 no sangue materno); Dispneia fisiológica (t volume-corrente, t capacidade inspiratória, alcalose respiratória, J, capacidade residual funcional e pulmonar); Vias respiratórias superiores (congestão nasal, edema de mucosa, vasodilatação, aumento de secreções, coriza, rinite, epistaxe, sinusite). Próximo ao termo, ele pode deslocar o diafragma para cima em torno de quatro cm, atuando com maior intensidade em gravidez gemelar. Como compensação, há aumento no diâmetro transverso do tórax e retificação do ângulo subcostalAlterações no Sistema nervoso central: aspectos psicoemocionais no ciclo gravídico-puerperal Muitas vezes, é difícil determinar a linha divisória da normalidade dos sintomas e sinais que aparecem envolvendo os aspectos psicoemocionais, o sistema nervoso central e a saúde mental, durante o pré-natal, parto e pós-parto. O trabalho em equipe qualificado e em rede com medidas preventivas e terapêuticas na atenção das necessidades primárias, secundárias e terciárias é essencial para avaliar e diagnosticar os aspectos psicoemocionais da saúde mental, das alterações do sistema nervoso central e dos distúrbios psiquiátricos. 43 7 PROGRAMAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER Fonte: www.rio.rj.gov.br As equipes básicas devem ser compostas (pelo menos), por um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde. Quando ampliada, conta ainda com um dentista, um auxiliar de consultório dentário, um técnico em higiene dental e um fisioterapeuta. O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) é hoje considerado parte da Saúde da Família. Nos municípios onde há somente o PACS, este pode ser considerado um programa de transição para a Saúde da Família. No PACS, as ações dos agentes comunitários de saúde são acompanhadas e orientadas por um enfermeiro/supervisor lotado em uma unidade básica de saúde. Os agentes comunitários de saúde podem ser encontrados em duas situações distintas em relação à rede do SUS: ligados a uma unidade básica de saúde ainda não organizada na lógica da Saúde da Família; e ligados a uma unidade básica de Saúde da Família como membro da equipe multiprofissional. 44 7.1 Equipe de saúde da família O trabalho de equipes da Saúde da Família é o elemento-chave para a busca permanente de comunicação e troca de experiências e conhecimentos entre os integrantes da equipe e desses com o saber popular do Agente Comunitário de Saúde. Cada equipe se responsabiliza pelo acompanhamento de cerca de 3 mil a 4 mil e 500 pessoas ou de mil famílias de uma determinada área, e estas passam a ter corresponsabilidade no cuidado à saúde. O enfermeiro dentro da Estratégia Saúde da Família (ESF), assume um papel gerencial, propondo e delegando tarefas. Assim, ele deve impulsionar o trabalho em equipe, gerenciando a assistência do serviço de saúde, coordenando e administrando os funcionários. O enfermeiro gerente precisa desenvolver liderança, saber trabalhar em equipe, ter estratégias voltadas para a administração e compreender sua equipe, com o objetivo de ser um coordenador voltado para a humanização e realizando ações de forma ética, digna e segura (OLIVEIRA, 2012, apud MERCÊS, 2018). A atuação das equipes ocorre principalmente nas unidades básicas de saúde, nas residências e na mobilização da comunidade. Por ter território definido, com uma população delimitada, sob a sua responsabilidade; pode intervir sobre os fatores de risco aos quais a comunidade está exposta; deve prestar assistência integral, permanente e de qualidade; realizar atividades de educação e promoção da saúde; estabelece vínculos de compromisso e de corresponsabilidade com a população; estimula a organização das comunidades para exercer o controle social das ações e serviços de saúde; utiliza sistemas de informação para o monitoramento e a tomada de decisões; atua de forma intersetorial, por meio de parcerias estabelecidas com diferentes segmentos sociais e institucionais, de forma a intervir em situações que transcendem a especificidade do setor saúde e que têm efeitos determinantes sobre as condições de vida e saúde dos indivíduos-famílias-comunidade. 45 7.2 Qualidade da atenção à saúde da mulher A estruturação e organização da rede de saúde nos três níveis de saúde, assim como as ações comunitárias e de prevenção primária são tão importantes quanto o grau de qualidade que ela pode oferecer. Desta qualidade depende o impacto desejado para controle dos problemas identificados, assim como a satisfação e o empoderamento do paciente. Para conceituação da qualidade do atendimento integral à saúde da mulher pode-se levar em conta, pelo menos, os seguintes elementos: Acesso da população aos serviços de saúde nos três níveis de assistência; Acolhimento humanitário em todos os níveis da assistência, buscando-se a orientação das pacientes sobre os problemas apresentados e possíveis soluções, assegurando-lhes a participação nos processos de decisão em todos os momentos do atendimento e tratamentos necessários; definição da estrutura e organização da rede assistencial, incluindo a formalização dos sistemas de referência e contra referência que possibilitem a continuidade das ações, a melhoria do grau de resolubilidade dos problemas e o acompanhamento a clientela pelos profissionais de saúde da rede integrada; Disponibilidade de recursos tecnológicos e uso apropriado de acordo com os critérios de evidência científica e segurança da clientela; Capacitação técnica dos profissionais e funcionários envolvidos nas ações componentes dos programas de saúde reprodutiva para uso da tecnologia disponível, acolhimento humanizado e práticas educativas voltadas a comunidade; Disponibilidade de insumos, equipamentos